Livros de Alice Bailey
Um Tratado Sobre Magia Branca
REGRA TRÊS |
Luz da Alma e Luz do Corpo |
Princípios e Personalidades |
REGRA TRÊS
A energia circula. O ponto de luz, o produto dos labores dos quatro, aumenta e cresce. As miríades se reúnem em torno do seu calor irradiante até que sua luz decresça. Seu fogo amortece. Então soará o segundo som.
LUZ DA ALMA E LUZ DO CORPO
Nestas Regras de Magia estão representadas as leis do trabalho criativo e os meios pelos quais o homem pode atuar como uma alma encarnada. Elas não lidam primariamente com as regras que governam o desenvolvimento do homem. Incidentalmente, é lógico, muito se pode aprender nesta conexão, pois o homem cresce através do trabalho criativo e da compreensão, mas este não é o objetivo básico do ensinamento.
Através da síntese gradualmente crescente do processo de meditação desenvolvido pela alma, em seu próprio plano e o do aspirante, o homem manifesta (no cérebro físico) um ponto de luz que tem sido ocultamente aceso no plano da mente. A luz sempre significa duas coisas, energia e sua manifestação na forma de alguma espécie, pois luz e matéria são termos sinônimos. O pensamento do homem e a ideia da alma encontram um ponto de relação e o germe de um pensamento-forma veio à existência. Este pensamento-forma, quando completo, incorporará tanto do grande plano (no qual a Hierarquia está trabalhando) quanto o homem possa visualizar, alcançar e incorporar no plano mental. Isto, nos estágios primitivos da aspiração de um homem em seus primeiros passos no Caminho do Discipulado e nas duas primeiras iniciações, é coberto pela palavra "Serviço". Ele agarra, primeiramente às cegas, a ideia da unidade da Vida e sua manifestação como a Fraternidade existente entre todas as formas daquela Vida divina. Este ideal subjetivo gradualmente conduz a uma apreciação da maneira pela qual esta relação essencial pode se produzida praticamente. Pode-se ver como se busca a expressão disso nos grandes esforços humanitários, nas organizações para o alívio do sofrimento humano e animal, nos amplos esforços mundiais para o melhoramento das relações internas das nações, religiões e grupos.
Um número significativo de seres humanos conseguiu agora contato com o plano hierárquico, de modo que se pode seguramente concluir que o cérebro coletivo da família humana (aquela entidade a que nós chamamos o quarto Reino da Natureza) é suscetível à visão e modelou sua forma iluminada no plano mental. Posteriormente, o pensamento do serviço e do ser tornar-se-á inadequado e uma forma mais apropriada de expressão será encontrada, mas isto basta por enquanto.
Este pensamento-forma criado pelo aspirante é trazido à existência pelas energias focalizadas da alma e as das forças reorientadas da personalidade. Isto é representado como cobrindo três estágios.
1. O período em que o aspirante luta para alcançar aquela quietude interior e atenção dirigida que o capacitará a ouvir a Voz do Silêncio. Aquela voz expressa para ele, através do símbolo e da experiência da vida interpretada, os propósitos e planos com os quais ele pode cooperar. De acordo com este estágio de seu desenvolvimento aqueles planos expressarão:
a) Ou os planos já materializados, tomando a forma grupal no plano físico, com os quais ele pode cooperar e em cujo interesse ele pode fazer mergulhar o seu próprio.
b) Ou o plano, ou fração de um plano, que é seu privilégio individual trazer à manifestação e, assim, provocar a materialização como uma atividade grupal no plano físico. A função de alguns aspirantes é ajudar e auxiliar aqueles grupos que já estão em atividade funcional. A função de outros é trazer à existência aquelas formas de atividade que estão, até então, no plano subjetivo. Somente aqueles aspirantes que estão livres de ambição pessoal podem verdadeiramente cooperar neste segundo aspecto do trabalho. Por isso, "Mata a ambição".
2. O período em que ele se habitua à clara audição e correta interpretação da voz interna da alma e medita refletidamente sobre a mensagem recebida. Durante este período "a Energia circula". Uma constante resposta rítmica à energia de pensamento da alma se estabelece, e, falando de maneira figurada, há um firme fluxo de força entre aquele centro de energia a que nós chamamos alma em seu próprio plano e aquele centro de força que é um ser humano. A energia viaja pelo "fio" a que nós chamamos sutratma e cria uma resposta vibratória entre o cérebro e a alma.
Um interessante ângulo de informação poderia aqui ser dado, uma vez que é meu intento, nestas instruções, estabelecer as analogias entre os diferentes aspectos da divindade, como elas se expressam no homem ou no macrocosmo, no Homem Celestial.
A antiga ioga dos dias de Atlântida (que chegou até nós nos ensinamentos necessariamente fragmentados da ioga dos centros) traz até nós a informação de que o reflexo do sutratma no organismo humano se chama medula e se expressa em três canais nervosos. Estes três são chamados ida, pingala e o canal central, o sushumna. Quando as forças positiva e negativa do corpo, que se expressam através das rotas nervosas de ida e pingala, se equilibram, as forças podem ascender e descer através do canal central para o cérebro, passando através dos centros para o alto da coluna vertebral, sem obstáculos. Quando este é o caso, nós temos perfeita expressão da alma no homem físico.
Esta é, na realidade, uma correspondência com o sutratma quando este liga o homem físico e a alma, pois o sutratma, por sua vez, expressa a energia positiva do espírito, a energia negativa da matéria e a energia equilibrada da alma - a conquista do equilíbrio, sendo o atual objetivo da humanidade. Durante o período das posteriores iniciações, o uso positivo da energia espiritual substitui o uso equilibrado da força da alma, mas esse é um estágio posterior com o qual o aspirante não precisa por enquanto preocupar-se. Que ele encontre o "Nobre Caminho do Meio" entre os pares de opostos e, incidentalmente, verificará que as forças que ele usa no plano físico empregarão o canal central nervoso, coluna vertebral acima. Isto ocorrerá à medida que a transmissão da luz e da verdade ao cérebro físico, através do canal central do sutratma conector, realmente funcionar bem, de maneira bastante útil. Aquelas ideias e conceitos (falando simbolicamente) que chegam através do canal negativo sutrátmico são bem intencionadas, mas não têm força e se exaurem na insignificância. São emocionalmente coloridos e se ressentem da forma organizada que a mente pura pode dar. Aqueles que chegam pelo canal oposto (falando em sentido figurado) produzem uma concreção muito rápida e são motivados pela ambição pessoal de uma mentalidade dominante. A mente é sempre egoísta, buscadora do ego e expressa aquela ambição pessoal que traz, dentro de si, o germe de sua própria destruição.
Quando, todavia, o sushumna sutrátmico, o canal central nervoso e sua energia, é empregado, a alma, como um criador magnético inteligente, transmite suas energias. Os planos podem então amadurecer de acordo com o propósito divino e prosseguir em suas atividades construtoras "na luz". O ponto de contato egoico e lunar emite sempre o ponto de luz, como vimos de nossas Regras para a Magia e aquilo tem seu foco no ponto, no sutratma, que tem sua correspondência na luz, na cabeça do aspirante.
3. O período em que ele pronuncia a Palavra Sagrada e - misturando-a com a voz do Ego ou Alma - põe em movimento matéria mental para a construção de seu pensamento- forma. É o homem no plano físico que agora pronuncia a Palavra e ele o faz de quatro maneiras:
a) Ele se torna a palavra encamada e tenta "ser o que ele é".
b) Ele pronuncia a Palavra dentro de si mesmo, procurando fazê-lo como a alma. Ele se visualiza como a alma exalando energia por intermédio daquela Palavra, através do sistema inteiro que sua alma anima - seus instrumentos mental, emocional, vital e físico.
c) Ele pronuncia a palavra literalmente no plano físico, assim afetando os três graus da matéria em seu ambiente. Todo o tempo em que ele está assim ocupado, ele está "mantendo a mente firme na luz" e está mantendo sua consciência de maneira imóvel no plano da alma.
d) Ele também desenvolve (e este é o estágio mais difícil) uma atividade paralela de uma firme visualização do pensamento-forma através da qual ele espera expressar o aspecto do plano com que ele pode entrar em contato e que ele espera trazer à existência - atma -, através de sua própria vida e em seu próprio ambiente.
Isto somente é verdadeiramente possível quando uma firme relação se tenha estabelecido entre a alma e o cérebro. O processo envolve a capacidade do cérebro em registrar o que a alma está visualizando e daquilo que está ganhando consciência no Reino da Alma. Envolve também uma atividade paralela na mente, pois o aspirante precisa interpretar a visão e utilizar a faculdade inteligente concreta para a sábia adaptação do tempo e da forma à verdadeira expressão daquilo que foi aprendido. Isto não é de modo algum fácil de fazer, mas o aspirante finalmente tem de aprender a se expressar em plena consciência em mais do que uma maneira e isso simultaneamente. Ele começa a aprender uma tríplice atividade deste modo. Isto o Velho Comentário expressa assim:
O Globo Solar brilha em radiante esplendor. A mente iluminada reflete a glória solar. O globo solar ergue-se do centro até o pino e é transformado num radiante sol de luz. Quando estes três sóis ficam um, Brahma surge. Nasce um mundo iluminado.
Isto literalmente significa que quando a alma (simbolizada como o Globo Solar), a mente e a luz na cabeça formam uma unidade, o poder criador do Anjo solar pode expressar-se nos três mundos e pode construir uma forma através da qual sua energia pode ativamente expressar-se. O globo lunar é uma maneira simbólica de expressar o plexo solar que finalmente deve fazer duas coisas:
1. Misturar e fundir as energias dos dois centros de força
inferiores, e
2. Erguer estas energias fundidas e, assim, fundindo-se com as energias dos
outros centros - e mais elevados - alcançar a cabeça.
Tudo o acima exposto engloba um ensinamento e uma teoria. Isto tem que ser modelado na experimentação prática e pela experiência e atividade consciente do aspirante.
Gostaria também de assinalar a natureza do serviço que a humanidade como um todo está prestando no plano geral da evolução. A regra sob nossa consideração não se aplica somente ao homem isolado, mas à atividade predestinada do quarto Reino da Natureza. Através desta meditação, disciplina e serviço, o homem é estimulado na direção da luz radiante, iluminando os três mundos, aquele ponto de luz que tremeluziu na existência, ao tempo de sua individualização em épocas passadas. Isto encontra seu reflexo na luz, na cabeça. Assim uma relação se estabelece, que permite não só a sincronização vibratória, como uma irradiação e descarga de força magnética, permitindo o seu reconhecimento nos três mundos do imediato meio ambiente do homem.
Assim é com o reino humano. À medida que sua iluminação cresce, à proporção que sua luz se torna mais potente, seu efeito sobre os reinos subumanos é análogo ao da alma individual, seu reflexo, sobre o homem em encarnação física. Eu digo análogo como uma força causal, embora não na correspondência dos efeitos. Notem esta diferença. A humanidade é macrocósmica em relação aos estados subumanos de consciência e isto H.P.B. bem assinalou. O efeito sobre esses estados menores e mais materiais é basicamente de quatro aspectos:
1. O estímulo do aspecto espiritual, expressando-se como a alma em todas as formas, tal como a forma de um mineral, de uma flor, ou de um animal. O aspecto positivo de energia em todas estas formas fortalecer-ser-á, produzindo irradiação, por exemplo, de maneira crescente no reino mineral. Nisso está um indício sobre a natureza do processo que porá termo à existência de nosso próprio planeta e, finalmente, de nosso sistema solar. No reino vegetal, o efeito será a demonstração de aumentada beleza e diversidade e a evolução de novas espécies com um objetivo impossível de explicar aos ainda não iniciados. A produção de formas nutritivas que servirão às necessidades dos devas e anjos menores será um dos resultados.
No reino animal, o efeito será a eliminação da dor e do sofrimento e uma volta às condições ideais do Jardim do Éden. Quando o homem funciona como uma alma, ele cura; ele estimula e vitaliza; ele transmite as forças espirituais do universo e todas as emanações maléficas e todas as forças destruidoras encontram no reino humano uma barreira. O mal e seus efeitos são grandemente dependentes da humanidade para um canal funcionante. A função da humanidade é transmitir e manipular a força. Isto, nos estágios mais primitivos e ignorantes, é feito destruidoramente e com resultados perniciosos. Mais tarde, ao agir sob a influência da alma, a força é correta e sabiamente manipulada e o bem finalmente vence. Verdadeiro é o dito, "a criação inteira sofre até agora as dores do parto, esperando pela manifestação dos filhos de Deus".
2. A iluminação. A humanidade é a condutora da luz planetária, transmitindo a luz do conhecimento, da sabedoria e da compreensão e isto no sentido esotérico. Estes três aspectos da luz conduzem três aspectos da energia de alma para alma em todas as formas, por intermédio da anima mundi, a alma do mundo. Falando fisicamente, isto pode ser entendido se pudermos apreciar a diferença entre nossa iluminação planetária hoje e a de quinhentos anos atrás - nossas cidades brilhantemente acesas, nossos distritos rurais brilhando através da noite com suas iluminadas ruas e lares; nossas aerovias, delineadas com seus holofotes e campos de globos brilhantes; nossos oceanos, pontilhados de navios iluminados e, crescentemente, nossas aeronaves acesas serão vistas, dardejando através dos céus.
Estes são o resultado da crescente iluminação do homem. Seu aspecto-conhecimento da luz trouxe-o à existência. Quem dirá que acontecerá quando o aspecto sabedoria predominar? Quando estes estiverem fundidos pela compreensão, a alma exercerá o controle nos três mundos e em todos os reinos da natureza.
3. A transmissão de energia. A pista para o significado disto pode ser alcançada como um conceito, embora por enquanto falho de compreensão, na percepção de que o reino humano atua sobre os três reinos subumanos e os afeta. O Triângulo espiritual que se derrama e o Triângulo material que se eleva se encontram, ponto a ponto, na humanidade quando se consegue achar o ponto de equilíbrio. Na consecução e espiritualização do homem está a esperança do mundo. A própria humanidade é o Salvador do mundo, do qual todos os Salvadores do mundo têm sido apenas o símbolo e a garantia.
4. A mistura da evolução angélica, ou dévica com a humana. Isto é um mistério que será solucionado quando o homem chegar à consciência de seu próprio Anjo solar, somente para descobrir que aquela também nada mais é do que uma forma de vida que, tendo servido ao seu objetivo, deve ser abandonada. A evolução angelical, ou dévica, é uma das grandes linhas de força, contida na divina expressão e os Anjos solares, os Agnishvattas de A Doutrina Secreta e de Um Tratado sobre o Fogo Cósmico pertencem - em seu aspecto forma - a esta linha.
Assim a humanidade serve e no desenvolvimento de uma aptidão consciente para o serviço, no crescimento de uma compreensão consciente da parte individual a ser desempenhada na elaboração do plano e no tornar a personalidade sujeita à alma, virá o firme progresso da humanidade na direção de seu objetivo de serviço mundial.
Posso falar uma palavra aqui, de modo a fazer esta consumação um objetivo
prático em sua vida? Condições magnéticas perniciosas como o resultado da
errada manipulação, pelo homem, da força, são as causas do mal no mundo que
nos cerca, incluindo os três reinos subumanos. Como podemos nós, como
indivíduos, mudar isto? Pelo desenvolvimento, em nós mesmos, por este
ângulo. Estudem a própria conduta, palavras e pensamentos diários, de modo a
torná-los absolutamente inofensivos. Ponham-se a erigir pensamentos, sobre si
mesmos e os demais, que sejam construtivos e positivos e, daí, inofensivos em
seus efeitos. Estudem o próprio efeito emocional sobre os outros de modo que,
por nenhuma depressão, por nenhuma reação emocional, por nenhum estado de
ânimo, seja possível ferir seu semelhante. Lembrem-se nesta conexão de que a
violenta aspiração espiritual e entusiasmo, mal colocados ou mal dirigidos,
podem muito facilmente prejudicar um semelhante, portanto, observem não
somente suas tendências erradas, como o uso de suas virtudes.
Se a inofensividade for a nota-chave de sua vida, você fará mais na
produção de corretas condições harmoniosas em sua personalidade, do que
qualquer quantidade de disciplina no curso de outras linhas. A purgação
drástica trazida pela tentativa de ser inofensivo, levará longe em eliminar
errados estados de consciência. Fique atento, pois, e conserve esta ideia nas
suas revisões dos fatos de cada dia.
Eu gostaria de animar cada um que ler estas páginas, a fazer um pronto começo na vida espiritual. Dir-lhe-ia, esqueça todas as conquistas do passado, conscientize-se do fervor e concentre-se no Plano.
A essa altura, algum progresso certamente terá sido feito na conscientização do grupo e algum ganho terá sido alcançado na redução de interesse pelo ego separado. Mais fé na Lei do Bem que guia toda a criação até a perfeição última terá sido visualizada, sem dúvida, e, através desta visão terá vindo a capacidade de afastar os próprios olhos dos problemas da experiência individual e focalizá-los na elaboração do propósito para o todo. Este é o objetivo e a meta. Amplitude de visão, inclusividade de compreensão e um horizonte alargado são as condições essenciais preliminares para todo trabalho sob a orientação da hierarquia de adeptos; a estabilização da consciência na vida una e o reconhecimento da unidade básica de toda criação têm de ser, de algum modo, desenvolvidos antes que qualquer um mereça receber certos conhecimentos e Palavras de Poder e a manipulação daquelas forças que trazem a realidade subjetiva à manifestação externa.
Por isso, eu digo a vocês desta vez, eu - um discípulo e trabalhador mais velho e talvez mais experimentado na grande vinha do Senhor - pratico a inofensividade com gosto e compreensão, pois ela é (se verdadeiramente praticada) o destruidor de toda limitação. A agressividade é baseada no egoísmo e numa atitude egocêntrica. E a demonstração das forças concentradas para o reforço do ego, o engrandecimento do ego e gratificação do ego. A inofensividade é a expressão da vida do homem que se compreende como estando em toda parte, que vive conscientemente como uma alma, cuja natureza é amor, cujo método é a inclusividade e para quem todas as formas de vida são semelhantes naquilo que velam e ocultam a luz e são apenas exteriorizações do Ser Infinito uno. Esta conscientização, permitam-me lembrar, demonstrar-se-á numa verdadeira compreensão da necessidade de um irmão, divorciada do sentimento e de conveniências. Conduzirá àquele silêncio da língua que se desenvolve pela não-referência do ego separado. Produzirá aquela resposta instantânea à verdadeira necessidade que caracteriza os Grandes Seres que (passando sob a aparência externa) vêm a causa interna que produz as condições observadas na vida externa e, assim, daquele ponto de vista da sabedoria, verdadeira ajuda e orientação podem ser dadas. A inofensividade traz para a vida cautela no julgamento, reticência no falar, habilidade em refrear uma ação impulsiva e a demonstração de um espírito não-crítico. Assim, livre trânsito pode ser dado às forças do verdadeiro amor e àquelas energias espirituais que parecem vitalizar a personalidade, conduzindo consequentemente à ação correta.
Que a inofensividade, por isso, seja a nota-chave de sua vida.
Uma revisão, à noite, deveria ser desenvolvida inteiramente segundo esta linha; divida o trabalho de revisão em três partes e considere:
1. Inofensividade no pensamento. Isto resultará primariamente no controle do que se fala.
2. Inofensividade na reação emocional. Isto resultará em ser um canal para o aspecto amor da alma.
3. Inofensividade no agir Isto produzirá equilíbrio, habilidade na ação e a liberação da vontade criadora.
Estas três abordagens do assunto devem ser estudadas sob o ponto de vista de seus efeitos sobre o próprio ser e desenvolvimento e de seu efeito sobre aqueles com quem se entra em contato e o ambiente em que se vive.
Permitam-me aqui interpolar a observação de que eu faço sugestões baseado na experiência no trabalho ocultista. Não há obrigação em obedecer. Nós procuramos treinar servidores inteligentes da raça e estes se desenvolvem pelo esforço autoimpulsionado, pela liberdade na ação e discriminação no método e não por cega obediência, aquiescência negativa e acompanhamento sem contestação. Que isto não seja esquecido. Se qualquer comando puder jamais emanar do grupo subjetivo de instrutores dos quais eu sou um humilde membro, que seja para seguir os ditados de sua própria alma e os estímulos do ser superior de cada um.
Antes de prosseguirmos em uma análise desta Regra e da anterior, pois as Regras II e III são as duas metades de um todo, gostaria de recordar que, nas séries de meditações sobre estas antigas fórmulas, estamos ocupados com o trabalho mágico do aspirante, como um colaborador nas iniciativas da Grande Loja Branca. Estamos lidando com os métodos da magia branca. Permitam-se recordar, também, que o trabalho mágico de nossa Hierarquia planetária consiste em cuidar da psique no mundo das formas, de modo que a flor da alma que desabrocha possa ser nutrida e estimulada em tal sabedoria que a glória irradiante, a força magnética e (por fim) a energia espiritual possam ser demonstradas por intermédio da forma. Assim o poder dos três Raios da Manifestação divina pode ser visto.
Primeiro Raio | Energia Espiritual |
Segundo Raio | Força Magnética |
Terceiro Raio | Glória Radiante |
Estes raios igualmente encontram seus reflexos microcósmicos na aura do homem aperfeiçoado.
Primeiro Raio | Monádico | Energia Espiritual | Centro da Garganta |
Segundo Raio | Egoico | Força Magnética | Centro do Coração |
Terceiro Raio | Personalidade | Glória Radiante | Plexo Solar |
Vocês indagam, por que eu não digo o centro da garganta? Porque os centros abaixo do diafragma simbolizam, primariamente, o ego pessoal inferior e no seu centro sintetizador, o plexo solar, expressam a força magnética do aspecto matéria no homem. O centro da garganta é movimentado numa crescente atividade criadora, à medida que a personalidade vibra para a alma.
Consideremos agora as palavras no fim da regra anterior:
"A luz inferior é lançada para o alto e a luz maior ilumina os três; o trabalho dos quatro prossegue."
Que é a luz inferior? O estudante deve lembrar-se de que, para os fins presentes, ele tem três corpos de luz a considerar:
Há o corpo radiante da própria alma, achado em seu próprio plano e chamado, frequentemente, o Karana Sarira ou corpo causal.
Há o corpo vital ou etérico, o veículo de prana que é o corpo de luz dourada, ou antes, o veículo colorido pela chama.
Há o corpo da "luz escura", que é a maneira oculta de se referir à luz escondida do corpo físico e à luz latente no próprio átomo.
Estes três tipos de energia são citados no Velho Comentário sob os seguintes termos simbólicos:
"Quando a luz radiante do Anjo Solar se funde com a luz dourada do intermediário cósmico, ela desperta das trevas a bruxuleante luz de anu, o ponto."
O "intermediário cósmico" é o termo dado ao corpo etérico, que é parte e parcela do éter universal. É através do corpo etérico que fluem todas as energias, sejam as emanadas da alma, ou do Sol, ou de um planeta. Ao longo daquelas linhas vivas de essência ardente, passam todos os contatos que não emanam especificamente do mundo tangível.
A luz escura dos finos átomos dos quais o corpo físico é construído responde ao estímulo que desce da alma ao seu veículo e, quando o homem está sob o controle da alma, a luz acaba por emanar e brilhar através do corpo. Isto se mostra como a irradiação emanada dos corpos dos adeptos e dos santos, dando o efeito de luz viva e brilhante.
Quando a luz radiante da alma se funde com a luz magnética do corpo vital, ela estimula os átomos do corpo físico a tal ponto que, cada átomo se torna, por sua vez, um fino centro de irradiação. Isto somente se torna possível quando a cabeça, o coração, o plexo solar e o centro na base da coluna se acham conectados numa forma especial, que é um dos segredos da primeira iniciação. Quando estes quatro se acham em plena cooperação "a base do triângulo" como se diz simbolicamente, está preparada para o trabalho mágico, em outras palavras - eles podem ser enumerados da maneira seguinte:
a) A forma física material com seu centro na base da coluna
b) O corpo vital trabalhando através do centro do coração, onde o princípio da vida tem sua sede. As atividades do corpo que são devidas a este estímulo são desenvolvidas através da circulação do sangue.
c) O corpo emocional, trabalhando através do centro do plexo solar.
d) O centro da cabeça, o agente direto da alma e seu intérprete, a mente. Estes quatro estão em completo acordo e alinhamento.
Quando este é o caso, o trabalho de iniciação com seus interlúdios de ativo discipulado se torna possível. Antes deste momento o trabalho não pode prosseguir. Este é prefigurado no aspirante quando é prenunciadora da etapa posterior de iniciação.
Nesta etapa, a luz da alma penetra na região da glândula pineal; lá ela produz uma irradiação dos éteres da cabeça, dos ares vitais; isto produz um estímulo nos átomos do cérebro de modo que sua luz se misture e funda com as outras duas, a luz etérica e a luz da alma e é, então, produzido aquele radiante sol interno do qual o aspirante se torna consciente em sua experiência cerebral física. Frequentemente, os estudantes falam de uma luz difusa ou brilho, esta é a luz dos átomos do plano físico dos quais o cérebro é composto; mais tarde, podem falar de ver o que parece ser como um sol na cabeça. Este é o contato da luz etérica, mais a luz atômica física. Posteriormente, eles se tornam conscientes de uma luz elétrica intensamente brilhante; esta é a luz da alma, mais a etérica e a atômica. Quando aquilo se vê, eles frequentemente se tornam conscientes de um centro escuro dentro do sol radiante. Esta é a entrada para o Caminho revelado pelo "brilho da luz sobre a porta."
Os estudantes devem lembrar que é possível se ter alcançado um alto estágio de consciência espiritual sem ver nada desta irradiação cerebral. Ela está contida na natureza do fenômeno e é grandemente determinada pelo calibre do corpo físico, pelo carma e realizações espirituais passados e pela habilidade do aspirante em atrair "poder do alto" e conservar aquela energia firme no centro cerebral, enquanto ele próprio, na meditação, se destaca do aspecto-forma e pode olhar serenamente para ela.
Quando isto se tiver realizado (e não é um objetivo a ser perseguido, mas é simplesmente uma indicação a ser registrada na consciência e depois apagada) o consequente estímulo produz uma reação do corpo físico. O poder magnético da luz na cabeça e a força radiante da alma produzem estímulo. Os centros começam a vibrar e sua vibração desperta os átomos do corpo material até que, finalmente, os poderes da vibração do corpo etérico, agitam até o centro mais baixo, alinhando-o com o mais alto. Assim os fogos do corpo (a totalidade da energia dos átomos) são impulsionados a uma atividade aumentada até o momento em que há uma ascensão daquela energia ardente ao longo da coluna. Isto é concretizado pelo magnético controle da alma, sediada "no trono entre as sobrancelhas."
Aqui entra em ação um dos meios da ioga, abstração ou retirada. Onde as três luzes se fundem, onde os centros são despertados e os átomos estão também em vibração, torna-se possível ao homem centralizar todos os três na cabeça, voluntariamente. Então, pela ação da vontade e o conhecimento de certas palavras de Poder, ele pode entrar em samadhi e ser retirado de seu corpo, levando a luz consigo: Desta maneira a luz maior (os três fundidos e misturados) ilumina os três mundos do empenho humano e "a luz é lançada para o alto" e ilumina todas as esferas da experiência consciente e inconsciente do homem. Nos escritos ocultos dos Mestres fala-se sobre isto nestas palavras:
"Então o Touro de Deus leva a luz em sua fronte e seu olho transmite a irradiação; Sua cabeça, com força magnética, assemelha-se ao sol brilhante e do lótus da cabeça, surge o caminho de luz. Ele entra no Ser Maior, produzindo um fogo vivo. O Touro de Deus vê o Anjo Solar e sabe que aquele Anjo é a luz onde ele caminha."
Então o trabalho dos quatro prossegue. Os quatro se unem. O Anjo Solar é identificado com seu instrumento; a vida dos envoltórios é subordinada à vida da divindade interna; a luz dos envoltórios se funde com a luz da alma. A cabeça, o coração e a base da coluna são geometricamente alinhados e certos desenvolvimentos se tornam então possíveis.
Nestas duas regras, a base do trabalho mágico da alma foi estabelecida. Relacionemos, para maior clareza, os passos delineados:
1. O Anjo Solar começa o trabalho de iniciação da Personalidade.
2. Ele retira suas forças das iniciativas da alma no Reino espiritual e centra sua atenção no trabalho a ser feito.
3. Ele entra em profunda meditação.
4. A relação magnética com o instrumento nos três mundos é instituída.
5. instrumento, homem, responde e também entra em meditação.
6. trabalho prossegue em estágios ordenados e com atividade cíclica.
7. A luz da alma é lançada para baixo.
8. A luz do corpo vital e da forma física é sincronizada com a da cabeça.
9. Os centros entram em atividade.
10. A luz da alma e os dois outros aspectos da luz são tão intensos que agora toda a vida nos três mundos é iluminada.
11. O alinhamento se produz, o trabalho do discipulado e da iniciação se torna possível e prossegue de acordo com a Lei da Existência.
PRINCÍPIOS E PERSONALIDADES
Há, todavia, um ponto que merece consideração e que poderia ser tocado sob a forma de uma pergunta. O estudante poderia bem inquirir sobre o assunto da maneira seguinte:
"Algumas pessoas abordam o problema da Existência através de uma apreciação mental; outras, através da compreensão do coração; algumas são motivadas através da cabeça e outras, através do coração; algumas fazem coisas ou evitam fazê-las porque sabem, mais do que sentem; algumas reagem ao seu ambiente mentalmente, em vez de emocionalmente.
"O ponto onde procurar iluminação é se o caminho para alguns não é servir porque eles conhecem mais do que amam a Deus, Que, afinal de contas, é apenas seu ser mais íntimo. Não é este o caminho do ocultista e dos sábios, em vez do caminho do místico e do santo? Quando tudo é dito e feito, não é uma questão, primariamente, do raio em que se está e do Mestre sob quem se serve no próprio aprendizado? Não é o verdadeiro conhecimento uma espécie de amor intelectual? Se um poeta pode compor uma ode à beleza intelectual, por que não podemos nós expressar apreciação por uma unidade que é concebida a partir da cabeça, em lugar do coração? Os corações estão suficientemente bem em seus caminhos, mas não são adequados ao áspero uso do mundo.
"Pode alguém fazer algo mais do que aceitar sua presente limitação, enquanto procura tal transcendência como a que é sua pela Divina lei da evolução? Não haverá (por comparação) tal coisa como um complexo de inferioridade espiritual da parte dos que são sensíveis (e talvez supersensíveis) no fato de que, enquanto suas vidas intelectuais estão cheias de interesse, não foi possível fazer o deserto de seus corações florir tal como a rosa?
"Em outras palavras, considerando que alguém sirva em sua aceitação da Fraternidade na Presença do Pai, que diferença faz se o postulado fundamental é para ele um assunto da cabeça em vez do coração?"
Eu responderia a tal questionário da seguinte maneira:
Não é uma questão de raio ou mesmo da distinção básica entre o ocultista e o místico. No indivíduo completo, tanto a cabeça quanto o coração precisam funcionar com igual força. No tempo e no espaço, todavia, e durante o processo de evolução, os indivíduos se distinguem por uma predominante tendência em qualquer vida; é somente porque não vemos o quadro todo, que nós traçamos estas separações temporárias. Numa vida, um homem pode ser predominantemente mental e para ele o caminho do Amor de Deus seria inadequado. O Amor de Deus enche amplamente seu coração e, em grau considerável, sua aproximação oculta se baseia na percepção mística de vidas passadas. Para ele, o problema é conhecer Deus, com o propósito de interpretar aquele conhecimento em amor a tudo. O amor responsável, demonstrado no dever ao grupo e à família é, por isso, para ele a linha de menor resistência. O amor Universal, irradiando-se para toda a natureza e todas as formas de vida, seguir-se-á a um mais desenvolvido conhecimento de Deus, mas isto será parte de seu desenvolvimento em outra existência.
Os estudantes da natureza humana (e isto todos os aspirantes deviam ser) fariam bem em ter presente na mente que há diferenças temporárias. As pessoas diferem em:
a) Raio (o que afeta predominantemente o magnetismo da vida).
b) Aproximação à verdade, quer o poder condutor mais forte seja o caminho oculto, quer seja o místico.
c) Polarização, decidindo o propósito emocional, mental ou físico, de uma vida.
d) Status na evolução, conduzindo às diversidades observadas entre os homens.
e) Signo astrológico, determinando a tendência de qualquer vida particular.
f) Raça, submetendo a personalidade ao peculiar pensamento-forma racial.
O sub-raio onde um homem se encontra, aquele raio menor que varia de encarnação a encarnação, dá-lhe grandemente sua tonalidade para esta vida. É sua pista secundária. Não se esqueçam, o raio primário da Mônada continua-se através do eon. Não muda. Ele é um dos três raios primários que, finalmente, sintetizam os filhos dos homens. O raio do ego varia de ronda para ronda e, nas almas mais evoluídas, de raça para raça, e compreende um dos cinco raios de nossa presente evolução. É o raio predominante em relação ao qual vibra o corpo causal de um homem. Ele pode corresponder ao raio da mônada, ou pode ser uma das cores complementares à primária. O raio da personalidade varia de vida para vida, até que tenha percorrido toda a gama dos sete sub-raios do raio Monádico.
Por isso, ao lidar com as pessoas cujas mônadas estão num raio semelhante ou complementar, verão que elas se aproximam com uma simpatia recíproca. Precisamos lembrar, todavia, que a evolução precisa estar muito avançada para o raio da mônada influir extensamente. Assim, na maioria dos casos, não estão nesta categoria.
Com os homens medianamente avançados, que estão lutando para se aproximarem do ideal, a semelhança do raio egoico produzirá compreensão mútua e a amizade seguir-se-á. É fácil para duas pessoas no mesmo raio egoico compreenderem o ponto de vista recíproco e elas se tornam grandes amigas, com inabalável fé uma na outra, pois cada uma reconhece a outra agindo como se ela própria estivesse agindo.
Mas quando (acrescentando à similaridade egoica do raio) se tem o mesmo raio da personalidade, então se tem uma daquelas raras coisas, uma perfeita amizade, um casamento bem sucedido, um inquebrantável elo entre dois. Isto é raro, na verdade.
Quando se trata de duas pessoas no mesmo raio da personalidade, mas com o raio egoico dessemelhante, é possível haver aquelas amizades breves e repentinas e afinidades, que são tão efêmeras quanto uma borboleta. É preciso ter estas coisas presentes na mente e com seu reconhecimento vem a habilidade em ser adaptável. A clareza de visão traz como resultado uma atitude circunspecta.
Outra causa de diferença pode ser devida à polarização dos corpos. A não ser que também isto seja identificado ao lidar com as pessoas, seguir-ser-á uma falta de compreensão. Quando se usa o termo "um homem polarizado em seu corpo astral" - realmente se pensa num homem cujo ego trabalha principalmente através daquele veículo. A polaridade indica a clareza do canal. Permitam-me ilustrar. O ego do homem comum tem seu habitat no terceiro subplano do plano mental. Se um homem tiver um veículo astral grandemente composto da matéria do terceiro subplano astral e um veículo mental na maior parte no quinto subplano, o ego centralizará seu esforço no corpo astral. Se ele tiver um corpo mental com matéria do quarto subplano e um corpo astral do quinto subplano, a polarização será mental.
Quando se fala do ego mais ou menos controlando um homem, realmente se pensa que ele empregou em seus corpos matérias dos subplanos superiores.
Somente quando o homem tiver quase completamente eliminado a matéria do sétimo, sexto e quinto subplanos de seus veículos o ego controlará com interesse. Quando ele tiver empregado certa proporção do quarto subplano, o ego estenderá seu controle; quando houver uma certa proporção do terceiro subplano, então o homem está no Caminho; quando a matéria do segundo subplano predomina, então ele é iniciado e quando ele tem matéria somente da substância atômica, ele se torna um Mestre. Portanto, o subplano em que um homem está é de importância e o reconhecimento de sua polarização elucida a vida.
A terceira coisa que é preciso lembrar é que mesmo quando estes dois são admitidos, a idade da experiência da alma frequentemente provoca falte de compreensão. Os dois pontos acima não nos levam muito longe, pois a capacidade de sentir o raio de um homem ainda não é para a raça atual. Uma suposição aproximada e o uso da intuição é tudo que é possível por agora. Os poucos evoluídos não podem compreender completamente os muitos evoluídos e, num grau menor, o ego avançado não compreende um iniciado. O maior pode entender o menor, mas o inverso não é o caso.
Relativamente à ação daqueles cujo ponto de realização transcende de muito o de vocês, posso apenas pedir lhes para fazer três coisas:
a) Não julgar. A visão deles é maior. Não se esqueçam de que uma das maiores qualidades que já terão alcançado os membros da Loja é sua capacidade de visualizar a destruição da forma como não importante. Eles se ocupam é com a vida em evolução.
b) Entendam que todos os acontecimentos são provocados pelos Irmãos com um sábio propósito em vista. Iniciados de graus inferiores, se bem que agentes absolutamente livres, enquadram-se nos planos de seus superiores assim como vocês fazem em seu caminho inferior. Eles têm suas lições para aprender e a regra do aprendizado é que toda experiência tenha que ser comprada. A apreensão vem da punição que segue um ato mal interpretado. Seus superiores estão atentos para transmutar para o bem, situações geradas pelos erros dos que estão em situação inferior no ponto de desenvolvimento.
c) Lembrem-se também de que a Lei da Reencarnação conserva oculto o segredo da presente crise. Grupos de egos chegam juntos para esgotarem certo carma com que se envolveram em dias passados. Os homens erraram pesadamente no passado. A punição e a transmutação são a tarefa natural. A violência e a crueldade no passado colherão seu pesado carma, mas está nas mãos de todos vocês agora transmutar os velhos enganos.
Tenham também em mente que os princípios são eternos, as personalidades temporais. Os princípios devem ser encarados à luz da eternidade; as personalidades, do ponto de vista do tempo. O problema é que, em muitas situações, dois princípios estão envolvidos, um dos quais é secundário. A dificuldade jaz no fato de que (sendo ambos princípios) estão ambos certos. É uma regra para uma orientação segura, lembrar sempre que usualmente os princípios básicos (para sua sábia compreensão e adequada utilização) apelam para o uso da intuição, enquanto que os princípios secundários são mais puramente mentais. Os métodos, portanto, diferem necessariamente. Ao nos atermos aos princípios básicos, os métodos mais prudentes são o silêncio e uma confiança alegre em que a Lei opera, o evitar toda a intromissão da personalidade exceto os comentários amorosos e sábios e uma determinação em ver tudo à luz da eternidade e não do tempo, acoplados com um esforço constante em seguir a lei do amor e ver somente o divino nos seus irmãos, mesmo se num campo oposto.
Nos princípios secundários, que todas as forças opositoras estão presentemente enfatizando, o uso da mente inferior envolve o perigo da crítica, o emprego de métodos sancionados pelo tempo nos três mundos - métodos envolvendo o ataque pessoal, a invectiva e o uso de força segundo linhas destruidoras e um espírito contrário à lei do plano da unidade. O termo "forças de oposição" é usado corretamente se você o utilizar somente num sentido científico e significa o polo contrastante que conduz ao equilíbrio. Lembrem- se, portanto, de que os grupos em oposição podem ser muito sinceros, mas a mente concreta age neles como uma barreira ao livre desempenho da visão superior. Sua sinceridade é grande, mas seu ponto de realização, segundo algumas linhas, é menos do que o daqueles que aderem aos princípios básicos, vistos à luz da intuição.
Um princípio é aquilo que incorpora algum aspecto da verdade no qual se baseia este nosso sistema; é a filtragem até a consciência do homem, de um pouco da ideia na qual nosso Logos baseia tudo que Ele faz. A base de toda ação Logoica é o amor em ação e a ideia fundamental sobre a qual Ele baseia a ação conectada com a Hierarquia humana, é o poder do amor em impulsionar para diante - chamem-no evolução, se preferirem, chamem- no impulso inerente, se acharem melhor, mas é o amor provocando a movimentação e o impulso para diante até a plena realização, a condução de um e de todos para uma expressão seguinte. Daí, este princípio deveria fundamentar toda atividade e o governo das organizações menores, se fundamentado no amor conduzindo à atividade, deveria levar à busca do divino em todos os seus membros, levando-os igualmente à máxima expressão e, assim, tendendo à mais adequada plenitude e ao mais satisfatório esforço.
Um princípio, quando realmente fundamental, apela imediatamente para a intuição e provoca uma imediata reação de aprovação do Ser superior do homem. Não apela - ou o faz pouco - para a personalidade. Incorpora um conceito do ego em sua relação com outros. Um princípio é aquilo que governa sempre a ação do ego em seu próprio plano e é somente quando ficamos mais e mais sob a direção daquele ego que nossa personalidade concebe e responde a tais ideias. Este é um ponto a ser conservado na mente em todos os contatos com os outros e deveria modificar julgamentos. Alcançar um princípio de maneira justa marca um ponto na evolução.
Um princípio é aquilo que anima uma afirmação que diz respeito ao maior bem do maior número. Que um homem devesse amar a sua mulher é uma afirmação de um princípio governando a personalidade, mas ele precisa mais tarde ser transmutado num princípio maior de que um homem deve amar aos seus semelhantes. Os princípios são de três espécies e o superior deve ser alcançado através do inferior:
a) Princípios governando o ser pessoal inferior, lidando com as ações ou vida daquele ser inferior: Incorporam o terceiro aspecto ou o aspecto da atividade da manifestação logoica e formam a base do progresso posterior. Controlam o homem durante seu estado pouco evoluído e durante seu período em que não pensa e poderia ser mais facilmente compreendido se eu dissesse que eles são incorporados nas regras comumente aceitas da vida decente. Não matarás, não roubarás têm a ver com a vida ativa de um homem, com a formação de um caráter.
b) Princípios governando o Ser superior e lidando com o aspecto amor ou sabedoria. É com estes que nós estamos agora ocupados e metade das perturbações, no mundo atual, surge do fato de que estes princípios superiores, tendo a ver com o amor ou sabedoria em toda sua plenitude, somente agora estão começando a ser apreendidos pela massa da humanidade. Do rápido reconhecimento de sua autenticidade e da tentativa de torná-los fatos, sem previamente ajustar o meio ambiente a estes ideais, resultam os frequentes choques e lutas entre os que sofrem a atuação dos princípios governando a personalidade e os que governam o Ser superior. Até que uma parte maior da raça seja governada pela consciência da alma, esta guerra será inevitável e não pode ser evitada. Quando o plano emocional for dominado pelo intuitivo, então virá a compreensão universal.
O homem aprende o primeiro conjunto de princípios através da rapina e do subsequente desastre que resulta de tal tipo de conquista. Ele roubou, ele sofreu a penalidade e não roubou mais. O princípio lhe foi introduzido pela dor e ele aprendeu que somente aquilo que lhe pertencia por direito e não pela violência poderia ser apreciado. O mundo está aprendendo esta lição em grupos, agora, pois, à medida que seus revolucionários se apoderam e conservam indevidamente, descobrem que a propriedade roubada não os satisfaz, mas traz aborrecimentos. Assim, com o tempo eles aprendem os princípios.
O segundo conjunto de princípios é aprendido através da renúncia e do serviço. Um homem (tendo aprendido os primeiros princípios) se afasta das coisas da personalidade e no serviço aprende a força do amor em seu significado oculto. Ele dá e consequentemente recebe; ele vive a vida da renúncia e a riqueza dos céus se derrama sobre ele; ele dá tudo e fica cheio até a saciedade; nada pede para si e é o homem mais rico na terra.
Os primeiros princípios dizem respeito à unidade diferenciada e à evolução através da heterogeneidade. Os princípios tais como os que a raça está aprendendo agora dizem respeito aos grupos; a pergunta não é - "Que será melhor para o homem?", mas "Que será melhor para os muitos?" e somente aqueles que podem pensar com a visão dos muitos como um, podem estabelecer satisfatoriamente estes princípios. Eles são os mais importantes, pois são os princípios básicos deste sistema de amor O problema hoje é que os homens estão confusos. Certos primeiros princípios, os fundamentos da atividade inferior, estão agora incorporados e inerentes e uns poucos dos princípios superiores egoicos ou do amor se estão filtrando através de seus cérebros confusos, provocando um aparente momentâneo choque de ideias. Por isso, eles dizem como Pilatos: "Que é a verdade?" Se simplesmente se lembrarem que os princípios superiores lidam com o bem do grupo e os inferiores com o bem do indivíduo, pode ser que tudo se esclareça. A atividade inferior da vida pessoal, não importando quanto ela seja boa ou valiosa, deve finalmente ser transcendida pela superior vida de amor que procura o bem do grupo e não o da unidade.
Tudo que tende à síntese e divina expressão nas coleções de unidades se está aproximando do ideal e dos princípios superiores. Pode ser de alguma utilidade elaborar estas ideias. Vocês têm uma ilustração do que eu digo no fato de que muitas das lutas que surgem nas organizações são baseadas no fato de que algumas pessoas de valor seguem personalidades, sacrificando-se por um princípio, sim, mas um princípio governando a vida da personalidade. Outras, percebendo tenuemente alguma coisa superior e procurando o bem dos grupos e não o de uma pessoa, tropeçam num princípio superior e, assim o fazendo, introduzem a força do ego. Estão trabalhando pelos outros e ajudando seu grupo. Quando os egos e personalidades se chocam, a vitória do superior é certa; o princípio inferior deve dar passagem ao superior. Uma pessoa está concentrada no que lhe parece de suma importância, o cumprimento do desejo da Vida pessoal e (neste período) fica somente secundariamente interessada no bem dos muitos, embora possa ter momentos em que pensa ser esta sua primeira intenção. Outra, pouco se importa com o que possa acontecer ao eu pessoal e está somente interessada na ajuda aos muitos. A disputa se reduz, para usar uma expressão adequada, à questão do motivo egoísta ou não-egoísta e, como se sabe, os motivos variam com a velocidade do tempo e o homem se aproxima da meta do caminho probatório.
c) Princípios ainda mais elevados são aqueles abrangidos pelo Espírito e somente são prontamente compreendidos pela consciência monádica. Somente quando o homem transcende sua vida pessoal ativa e substitui pela vida do amor ou sabedoria tal como conduzida pelo ego, pode ele começar a compreender o objetivo daquela vida de amor e conhecê-la como poder demonstrado. Assim como a personalidade lida com os princípios que governam a vida de atividade do ser inferior e o ego trabalha com a lei do amor tal como demonstrada no trabalho grupal, ou o amor se mostrando na síntese dos muitos nos poucos, também a Mônada lida com a vida ativa do amor cujo poder é demonstrado na síntese dos poucos em um.
Um lida com a vida do homem no plano físico, ou nos três mundos, o segundo com sua vida em níveis causais e o último com sua vida após a conquista do objetivo do atual empenho humano. Um lida com unidades, outro com grupos e o último com a unidade. Um lida com a diferenciação no seu ponto mais diversificado, o segundo com os muitos transformados nos grupos egoicos, enquanto que o terceiro vê a diferenciação transformada de volta nos sete, o que marca a unidade para a hierarquia humana.
Todos estes fatores e muitos outros produzem diferenças entre os seres humanos e ao se dimensionar a si mesmo, o homem deve tê-los em consideração.
Dever-se-á, por isso, ter presente que um discípulo de qualquer dos Mestres terá seu especial equipamento e suas vantagens e deficiências individuais. Ele pode, todavia, estar seguro de que, até que o caminho do Conhecimento tenha sido aduzido ao caminho do Amor, ele jamais poderá alcançar as iniciações maiores, pois estas se produzem nos níveis superiores do plano mental. Até que o caminho de luz esteja unido ao caminho da vida, a grande transição do quarto para o quinto reino não pode ser concretizada. Certas expansões de consciência são possíveis; iniciações nos planos astral e mental inferior podem ser alcançadas; parte da visão pode ser vista, a sensação da Presença sentida; o Amado pode ser alcançado pelo amor e a graça e a alegria deste contato podem levar consigo sua alegria que permanece, mas aquela percepção clara que nasce da experiência vivida no Monte da Iluminação é uma coisa diferente da alegria experimentada no Monte da Bem-Aventurança. O Coração conduz, numa delas, a Cabeça conduz na outra.
Para responder categoricamente: O caminho de conhecimento é o do ocultista e do sábio; o do amor é o caminho do místico e do santo. O contato com a cabeça ou com o coração não depende do raio, pois ambos os caminhos precisam ser conhecidos; o místico precisa tornar-se o ocultista; o ocultista branco tem sido o místico santificado. O verdadeiro conhecimento é amor inteligente, pois ele é a fusão do intelecto com a devoção. A unidade é sentida no coração; sua aplicação inteligente à vida tem sido desenvolvida através do conhecimento.
É de fundamental valor reconhecer a tendência do propósito da vida e saber se o método da cabeça ou o do coração é o objetivo de qualquer vida específica. Uma delicada discriminação espiritual é necessária aqui, contudo, para que a ilusão não desvie para o caminho da inércia. Meditem sobre estas palavras com cuidado e vejam que a questão esteja baseada num verdadeiro fundamento e não se desenvolva a partir de um complexo de inferioridade, a consideração da iniciativa de um irmão e uma consequente tendência ciumenta, ou de uma plácida complacência que nega a atividade.
Como uma regra geral para o aspirante comum ao discipulado, pode-se seguramente admitir que o passado viu muita aplicação do caminho do coração e que nesta encarnação o desenvolvimento mental é de fundamental importância.
Uma antiga Escritura diz:
"Não procure, Oh duas vezes abençoado Uno, atingir a essência espiritual antes que a mente absorva. Não é assim que se procura a sabedoria. Somente àquele que tem a mente na rédea e vê o mundo como num espelho podem ser confiados seguramente os sentidos internos. Somente aquele que sabe que os cinco sentidos são uma ilusão e que nada permanece, salvo os dois seguintes, pode ser admitido no segredo do Cruciforme transposto.
"O caminho que é trilhado pelo Servidor é o caminho do fogo que passa através do seu coração e conduz à cabeça. Não é no caminho do prazer nem no caminho da dor, que a liberação pode ser alcançada nem que a sabedoria chega. É pela transcendência dos dois, pela fusão da dor com o prazer que aquele objetivo é alcançado, aquele objetivo que fica radiante, como um ponto de luz visto na escuridão de uma noite de inverno. Aquele ponto de luz pode trazer à mente o pequenino candeeiro em algum escuro sótão, mas - à medida que o caminho que conduz àquela luz é percorrido através da fusão dos pares de opostos - aquele pequeno ponto, frio bruxuleante, cresce com firme irradiação até a quente luz de alguma lâmpada ardente que vem à mente do que vagueia pelo caminho.
"Adiante, Oh! Peregrino, com firme perseverança. Não há um candeeiro nem uma lâmpada terrestre alimentada com óleo. A radiação cresce sempre, até o caminho terminar num fulgor de glória e o errante dentro da noite se torna o filho do sol e penetra os portais daquele radiante orbe".