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Livros de Alice Bailey

Um Tratado Sobre Magia Branca


REGRA ONZE
Análise das Três Frases
Salvação de Nossos Pensamentos-Forma
Salvação da Morte

 REGRA ONZE

Três coisas o que trabalha com a lei deve cumprir agora. Primeiro, assegurar-se da fórmula que confinará as vidas na parede envolvente; depois, pronunciar as palavras que lhe dirão o que fazer e aonde levar aquilo que tiver sido feito; finalmente, pronunciar a frase mística que salvá-lo-á de seu trabalho.

ANÁLISE DAS TRÊS FRASES

Esta regra é, como sabem, a última das que governam o trabalho no plano astral e a tarefa mágica de motivar aqueles pensamentos-forma que deverão ser a expressão de algum tipo de energia. Nós consideramos as várias energias com as quais os homens trabalham e o poder que um homem pode manejar através da construção de pensamentos- forma. Vimos também como um homem pode manipular os vários graus da matéria até que a ideia incorporada se tenha revestido com a matéria mental e com a matéria astral. É por isso uma entidade vital, na iminência de se materializar no plano físico. Nada, deve-se registrar, pode agora impedir sua emergência na objetividade, exceto o ato expresso da vontade de seu criador, pois a forma, sendo vitalizada por aquele criador, está sujeita sempre à sua vontade, até que ele tenha rompido sua conexão com ela pela missão da "frase mística". Vamos admitir que a emergência na existência afetiva seja a decisão e que o trabalho criativo seja levado adiante.

Anotar-se-á aqui que este trabalho é consciente ou é inconsciente. Na construção inconsciente dos pensamentos-forma tal como é o caso com o ser humano comum, muitos nunca produzem o efeito desejado no plano físico e fracassam no seu objetivo. Enquanto, todavia, um homem for animado pelo egoísmo e pelo ódio, esta é uma coisa benéfica. Afortunadamente para a raça humana, poucas pessoas por enquanto trabalham na matéria mental. A maioria delas trabalha com a matéria astral ou do desejo e estas formas são fluídicas e cambiantes e somente são poderosas através da faculdade da persistência. Há uma base ocultista para a firmação de que se alguém desejar uma coisa por um período de tempo suficientemente longo esse alguém possui-la-á. Tal é a lei que governa a volta à encarnação do ser humano comum. Faltando a unidirecionalidade da matéria do plano mental tal como ela é influenciada por uma mente concentrada, essas formas de desejo deixam de causar o dano que de outro modo seriam capazes. Seu efeito é sentido grandemente pelo criador dessa formas kama-manásicas e não por aquelas pessoas que as cercam. No momento que o fator mente penetre e se torne dominante, então um homem se torna perigoso ou útil, conforme seja o caso - perigoso não somente para si mesmo, mas para aqueles em torno dele, ou útil na elaboração do plano de evolução. Ele pode então criar pensamentos-forma, capazes de produzir resultados que se manifestam exteriormente e efeitos tangíveis. Obtendo a aspiração, todavia, e impulso espiritual, um homem pode tornar-se um verdadeiro ocultista e produzir resultados organizados e organismo funcionantes no plano físico. Eu uso a palavra "organismo" deliberadamente, pois ela servirá para traduzir a ideia de que qualquer pensarnento-forma é considerado por nós como uma entidade subjetiva e existente, revestida de matéria mais sutil e capaz de se manifestar. Isto é algumas vezes chamado popularmente de "a elaboração de uma ideia", ou "a concretização de um projeto"; outras vezes é chamado de uma "descoberta", ou uma "invenção", ou algo daquela natureza. Todo o tempo, sem ter disso consciência, o homem está falando em termos ocultistas e evidenciando uma apreciação interna dos métodos pelos quais tudo que tenha sido pensado (por Deus ou pelo homem) vem à existência.

A ideia ou pensamento corporificado (a primeira sendo potencialmente muito mais potente do que o último) abriu seu caminho até chegar à iminência da manifestação física. Seu criador, que, no caso de um "mago branco" não é uma pessoa emocionalmente centrada, a estará trazendo conscientemente para a etapa em que seu propósito e plano internos poderão ser demonstrados. Ele sustenta o pensamento-forma em sua consciência e lhe dá a forma e energia através do poder de seu próprio foco mental uni-direcionado.

Na regra que está sendo considerada é-nos dito que o aspirante tem três coisas a fazer:

1 - Assegurar a fórmula que cristalizará a forma que ele tiver construído, precisamente da mesma maneira que nós vemos os arquitetos e construtores de pontes reduzindo a forma desejada a uma fórmula matemática.

2 - Pronunciar certas palavras que darão vitalidade à forma e assim levarem-na até o plano físico.

3 - Emitir a frase que destacará o pensamento-forma de sua própria aura e assim poupar a drenagem de suas energias.

Notar-se-á que a fórmula tem relação com o pensamento-forma, as palavras de poder com o objetivo para o qual a forma foi construída e a frase mística diz respeito à ruptura do elo magnético que liga o criador e sua criação. Um, portanto, concerne à forma, outro à alma encarnada na forma (cuja característica mais baixa é o desejo, o reflexo do amor) e o último aspecto vida com o qual o criador dotou a criação. Nós consequentemente nos deparamos novamente com as eternas triplicidades do espírito, alma e corpo. Dever-se-ia lembrar que as Regras para a Magia, compreendidas pelo verdadeiro esoterista, são tão verdadeiras para universo criado, um sistema solar ou um planeta, como são verdadeiras para as frágeis criações do pensamento de um chela ou aspirante.

A primeira reação do estudante comum ao ler o acima é pensar imediatamente da natureza corporal já que ela expressa algum tipo de energia. Assim a dualidade é a coisa notada e aquela que emprega a coisa está presente em sua mente. Entretanto, uma das principais necessidades ante os aspirantes ao ocultismo neste momento é a tentativa de pensar em termos da Realidade una que é a própria Energia e nada mais. Por o vale à pena dar ênfase em nossas discussões deste assunto abstruso, sujeito ao fato de que espírito e energia são termos sinônimos e intercambiáveis. Somente na conscientização disso nós poderemos chegar à reconciliação da ciência e da religião e a uma verdadeira compreensão do mundo dos fenômenos ativos pelos quais nós estamos cercados e nos quais nos movemos.

Os termos orgânico e inorgânico são grandemente responsáveis por muita dessa confusão e a aguda diferenciação existente nas mentes de muitas pessoas entre corpo e espírito, entre vida e forma, tem conduzido uma recusa em admitir a identidade essencial na natureza desses dois. O mundo no qual vivemos é considerado pela maioria como realmente sólido e tangível, embora com algum poder misterioso permanecendo oculto dentro dele, que produz movimento, atividade e mudanças. Isto é, naturalmente, um modo de colocar o assunto cruamente, mas basta para resumir atitude não inteligente.

O cientista ortodoxo está em grande parte ocupado com estruturas, relacionamentos, com a composição da forma e com a atividade produzida pelas partes componentes da forma e suas inter-relações e dependências. Os elementos e substâncias químicas e as funções e partes que desempenham e suas inter-relações mútuas ao comporem todas as formas em todos os reinos da natureza, são o assunto de sua investigação. A natureza do átomo, da molécula e da célula, suas funções, as qualidades de suas manifestações de força e os tipos variáveis de atividade, a solução do problema quanto ao caráter e natureza das energias - focalizadas ou localizadas nas diferentes formas do mundo natural ou material - demandam a consideração das mentes mais capazes no mundo do pensamento. Entretanto as perguntas - Que é Vida? Que é Energia? Ou Qual é o processo de Tornar-se e a natureza do Ser? permanecem sem resposta. O problema quanto ao por que e para onde é considerado infrutífero e especulativo, quase insolúvel.

Entretanto, para a razão pura e através do funcionamento correto da intuição, estes problemas podem ser resolvidos e estas perguntas respondidas. Sua solução é uma das revelações comuns e conquistas da iniciação. Os únicos verdadeiros biólogos são os iniciados nos mistérios, pois eles têm uma compreensão da vida e de seu propósito e são tão identificados com o princípio da vida, que eles pensam e falam em termos de energia e seus efeitos, e todas as suas atividades em conexão com o trabalho da Hierarquia planetária são baseadas em umas poucas fórmulas fundamentais, que dizem respeito á vida quando esta se faz sentir através de suas três diferenciações ou aspectos: - energia, força, matéria.

Deve-se registrar aqui que somente quando um homem compreende a si mesmo pode ele chegar a uma compreensão daquilo que é a soma total que nós chamamos Deus. Isto é um truísmo e um lugar-comum ocultista, mas quando trabalhado leva a uma revelação que torna o atual "Deus Desconhecido" uma Realidade reconhecida. Deixem-me ilustrar:

O homem sabe de si mesmo que é um ser vivo e chama de morte àquele misterioso processo no qual aquela coisa, que ele comumente designa como o sopro de vida, é retirada. Nesta retirada, a forma se desintegra. A força vitalizadora de coesão se vai e isto produz aquela separação em seus elementos essenciais, daquilo que até então tinha sido considerado como o corpo.

Este princípio de vida, este essencial básico do ser e este misterioso fator fugaz são a correspondência, no homem, daquilo que nós chamamos o espírito, ou vida, no macrocosmo. Assim como a vida no homem conserva unida, anima, vitaliza e põe em atividade a forma e assim faz dele um ser vivo, também a vida de Deus - como o Cristão a chama - realiza o mesmo propósito no universo e produz aquele conjunto coerente, vivo, vital que nós chamamos um sistema solar.

Este princípio de vida no homem manifesta-se de uma tríplice maneira:

1 - Como uma vontade dirigida, propósito, incentivo básico. Esta é a energia dinâmica que põe o ser em funcionamento, o traz à existência, estabelece os termos de sua vida, leva-o através dos anos, longos ou breves, e abstrai-se ao fim de seu ciclo vital. Este é o espírito no homem, manifestando-se como a vontade de viver, de ser, de agir, de prosseguir, de evoluir. Em seu aspecto mais baixo isto trabalha através do corpo ou natureza mental e em conexão com o físico denso faz-se sentir através do cérebro.

2 - Como a força da coesão. É aquela qualidade essencial significativa que torna cada homem diferente, que produz aquela complexa manifestação de humores, desejos, qualidades, complexos, inibições, sentimentos e características que produzem a psicologia especial de um homem. Este é o resultado do intercâmbio entre o espírito ou aspecto energia, e a matéria ou natureza corporal, Este é o homem subjetivo distinto, sua coloração, ou nota individual; é isto que estabelece o ritmo de atividade vibratória de seu corpo, produz seu particular tipo de forma, é responsável pela condição e natureza de seus órgãos, suas glândulas e seu aspecto exterior. Esta é a alma e - em seu aspecto mais baixo - ela trabalha através da natureza emocional ou astral e em conexão com o físico denso, através do coração.

3 - Como a atividade dos átomos e células dos quais o corpo físico é composto. É a soma total daquelas pequeninas vidas das quais os órgãos humanos, compreendendo o homem inteiro, são compostos. Estes têm uma Vida sua própria e uma consciência que é estritamente individual e identificada. Este aspecto do princípio vital trabalha através do corpo etérico ou vital e em conexão com o mecanismo sólido da forma tangível através do baço.

Não é possível, evidentemente, dar as palavras e frases mântricas que são mencionadas na Regra XI. Elas seriam profundamente incompreensíveis para todos, exceto o iniciado, e por isso não precisam ocupar nossa atenção. Deve-se acrescentar que muito destas Instruções está adiante do pensamento moderno e tanto estas Instruções como o Tratado sobre o Fogo Cósmico somente serão plenamente compreendidos lá pelo fim deste século.

Consideremos esta regra frase por frase, e chegaremos a uma das mais fáceis interpretações para o aspirante comum. Todas essas regras podem ser lidas do ponto de vista do homem inteligente e pouco significarão; podem ser lidas do ponto de vista do aspirante e elas transmitirão certas ideias práticas que são suscetíveis de aplicação diária e podem ser modeladas no cadinho da experiência da vida. Elas alcançarão significado à medida que o aspirante aprenda a manipular energias, a trabalhar na matéria mental e a cooperar criativamente com o Propósito subjacente ao plano evolutivo. Do ângulo da visão do discípulo, estas regras trazem certas instruções potentes e conduzi-lo-ão a uma compreensão do processo do trabalho criativo da natureza, que está necessariamente vedada à mente do aspirante. Quanto à compreensão do iniciado, estas palavras transmitem instruções definidas que somente sua iluminada intuição poderá corretamente interpretar. Com os graus mais elevados de inteligências não nos precisamos preocupar. Nós consideraremos esta Regra, portanto, tão somente do ângulo de visão do aspirante comum, deixando outras interpretações àqueles indivíduos que tenham o equipamento interno que os capacite a compreender.

I - Assegurar a fórmula que confinará as vidas dentro da parede envolvente.

Todas as formas na natureza, como nós bem sabemos, são feitas de miríades de pequenas vidas, mantendo certa medida de consciência, de ritmo e de coesão de acordo com a força da Lei da Atração utilizada pelo construtor da forma. Isto é verdade tanto para o Macrocosmo como para o infinito mundo de vidas microcósmicas, que são contidas no todo maior. Sistemas solares em embrião, vindos à existência sob o impulso do pensamento divino, são primeiro fluídicos e nebulosos, traçam um contorno e são mantidos unidos tenuemente pelo núcleo central de energia - outra maneira de expressar a ideia corporificada. À medida que o tempo passa, eles passam a outras condições, tomam forma mais definida, entram em especiais relações com formas aliadas e vizinhas e se ajustam a variadas relações de uma natureza interna com aquelas formas, o que não fora possível na etapa anterior. Finalmente nós encontramos um sistema solar tal como o nosso e miríades de outros - um sistema solar funcionando com um Sol com seus planetas que giram e se revolvem, preservando suas diferente órbitas, conservando suas posições relativas e estabelecidas, ativas como organismos independentes e interdependentes, e, entretanto apresentando, ao olho do astrônomo, uma coerência, uma unidade e uma estrutura que é única em cada caso e, entretanto, que funciona sob a lei cósmica. Ele se dimensiona num vasto propósito, concebido e firmemente sustentado na Mente Universal, a qual, por sua vez, é um aspecto daquela entidade consciente do grupo e autoconsciente que é a autora do seu ser e o criador de sua forma.

A Esta Vida Inteligente una pode-se atribuir a criação, em sua meditação e consequentemente em sua mente refletora, daquilo a que nós chamamos um pensamento- forma. Este pensamento-forma tem quatro características principais:

1 - Ele é trazido à existência através do uso consciente da Lei da Atração.

2 - Ele é formado de um número infinito de entidades vivas que são atraídas pela mente do Criador divino e assim entram em relação uma com a outra.

3 - A forma é a exteriorização de algo que seu Criador:

a) Visualizou.
b) Construiu inteligentemente e "coloriu" ou "qualificou", de modo a ir ao encontro do propósito para o qual foi destinado.
c) Vitalizou, pela potência de seu desejo e a força de seu pensamento vivo.
d) Conservou com a forma enquanto necessário para realizar seu trabalho específico.
e) Conectou a si mesmo por um fio magnético - o fio de seu propósito vivo e a força de sua vontade dominante.

4 - Este propósito interno, que se revestiu de substância mental, astral e vital, é potente no plano físico na medida em que:

a) Permanece conscientemente no pensamento do seu Criador.
b) "Mantém sua distância" ocultamente do seu Criador. Muitos pensamentos-forma permanecem fúteis por estarem "muito perto" de seu Criador.
c) Pode ser dirigido para qualquer direção desejada e, sob a lei da menor resistência, pode encontrar seu próprio lugar, assim desempenhando sua função desejada e conduzindo o propósito para o qual foi criado.

A "fórmula", portanto pode ser considerada como a ideia emanando do Pensador divino; poderia ser definida como o propósito dinâmico, a "coisa" como o Pensador a vê e exterioriza em sua mente e a visualiza como a portadora de seu propósito. Os cálculos matemáticos que a construção de uma ponte envolve, tais como qualquer um dos grandes lances que assinalam a conquista humana, conduzem a nada, no caso do não iniciado, mas para aqueles que conhecem e compreendem, eles são a própria ponte, reduzida aos seus termos essenciais. Eles são a ponte em latência, e, nestas fórmulas matemáticas, estão ocultos o propósito, a qualidade e a forma da estrutura completa e sua utilidade final. Assim se passa com os conceitos e as ideias que dão nascimento a um pensamento-forma. Estas fórmulas ocultas existem no plano arquetípico que (para o aspirante) é o plano da intuição, embora na realidade seja um estado de consciência muito mais elevado ainda. Estas fórmulas são subjacentes a um mundo de formas e precisam ser contatadas por aqueles que estiverem devidamente equipados para trabalhar sob o Grande Arquiteto do Universo. Há, simbolicamente falando, três grandes livros de fórmulas. Anotem as palavras "simbolicamente falando" e não as esqueçam. Há primeiro o Livro da Vida, lido e finalmente dominado pelos iniciados de todos os graus. Há o Livro da Sabedoria Divina, lido pelos aspirantes de todos os graus, algumas vezes chamado o Livro da Experiência Conhecedora, e há o Livro das Formas, que é leitura compulsória para todos em quem a inteligência está despertando para a atividade funcionante. É com o Livro das Formas que nós estamos agora ocupados.

Patanjali fala num lugar da "nuvem de chuva das coisas cognoscíveis" da qual a alma está conscientemente atenta. O aspirante cansado da eterna ronda de seus próprios fúteis e pouco importantes pensamentos, procura tocar os bordos desta "nuvem de chuva" e assim precipita sobre a terra alguns dos pensamentos de Deus. Ele procura trabalhar de modo que possa promover a manifestação das ideias do Criador. Para fazer isto ele tem de cumprir certas exigências iniciais, que poderiam ser brevemente assim expostas:

1 - Conhecer o verdadeiro significado da meditação.

2 - Alinhar com facilidade a alma, a mente e o cérebro.

3 - Contemplar, ou funcionar como a alma em seu próprio plano. Torna-se então possível para a alma atuar como o intermediário entre o plano das ideias divinas e o plano mental. Veem como este assunto da participação no processo criativo divino funciona como o objetivo de todo trabalho meditativo verdadeiro?

4 - Registrar a ideia, recebida pela alma intuitivamente, e reconhecer a forma que ela deveria tomar. Estas últimas sete palavras são de vital importância.

5 - Reduzir a vaga e nebulosa ideia até seus essenciais, abandonando todas as imaginações vagas e formulações da mente inferior, equipando-se assim para pular rapidamente para a atividade e através da firmeza na contemplação, receber acuradamente a visão da estrutura interior ou o esqueleto subjetivo, se assim posso chamá-lo, da forma que deve vir a ser.

6 - Isto, tal como registrado conscientemente pela alma na mente, é de igual modo registrado conscientemente pela mente, conservado firme na luz e poderia ser considerado como a redução da fórmula ao anteprojeto. Não é a fórmula mesma, mas o processo secundário. De acordo com a força, a simplicidade e a clareza da corporificação da fórmula numa estrutura simples bosquejada, assim será a construção finalmente fornecida e a consequente forma que confinará na periferia da própria forma exterior as vidas usadas na sua construção.

Isto, na realidade, se assemelha à etapa da concepção. Latente no germe (o resultado da inter-relação macho-fêmea) estão todas as potências e capacidades do produto acabado. Latentes dentro da ideia que foi materialmente concebida, mas que foi inspirada pelo aspecto Espírito, permanecem ocultas as potências dos pensamentos-forma acabados. O aspecto matéria, representado pela mente, foi fecundado pelo aspecto Espírito e a triplicidade finalmente será completada pela forma criada. Mas nas etapas iniciais há somente a "fórmula" - a ideia concebida, o conceito latente, embora dinâmico. Ele é potente bastante para atrair para si os elementos essenciais para o crescimento e a forma; contudo, quem dirá se ele virá a ser um aborto, um produto medíocre e frágil, ou uma criação de real beleza e valor?

Toda ideia exteriorizada é, por isso, possuída, de forma, animada pelo desejo e criada pelo poder da mente. O plano do desejo é aquele sobre o qual a mente impõe suas concepções para produzir a "ideia encarnada", para revestir a ideia com a forma. É,portanto um terreno de gestação. A mente previamente foi o recipiente da ideia arquetípica, tal como alcançada e visualizada pela alma. Por sua vez a alma é o recipiente da fórmula tal como esta lhe é apresentada no mundo das ideias. Vocês têm assim a "ideia apresentada", a "ideia percebida", a "ideia formulada" e a ideia trabalhando para se manifestar.

Convém ter em mente que os fatores seguintes governam a emergência da ideia saindo da Mente Universal para o mundo das formas tangíveis. Estas são:

1 - As energias emanando do plano arquetípico. Este plano é o foco atenção do mais elevado grupo de Inteligências em nosso planeta. Suas consciências podem responder e ser inclusivas a esta esfera de atividade na qual a Mente de Deus se expressa, livre das limitações do que compreendemos como forma. Elas são as guardiãs da fórmula; elas são os matemáticos que preparam os anteprojetos do grande Plano; elas calculam os efeitos das forças com as quais o trabalho é levado adiante e as energias que precisam ser manipuladas; elas têm em conta os esforços e pressões os quais as formas precisam sujeitar-se sob o impacto da força da vida; elas lidam com os impulsos cíclicos aos quais o processo evolutivo deve responder; elas se ocupam com a relação entre o aspecto forma e a pulsão da vida.

2 - O estado intuicional de percepção. Neste nível de consciência, nós encontramos os Mestres da Sabedoria desenvolvendo o Seu trabalho nesta esfera de influência que Eles trabalham com a maior comodidade e facilidade, tanto quanto faz o homem normalmente inteligente no plano físico. Suas mentes estão constantemente em contato com as mentes arquetípicas, que são as guardiãs das fórmulas e Elas - tomando os anteprojetos (Eu falo novamente de maneira simbólica) lidam com as especificações, procuram aquelas adequadas para o controle do trabalho e reúnem o pessoal necessário. Entre Seus discípulos Eles procuram até encontrar aquele melhor ajustado para ser o ponto focal de informação no plano físico, ou o grupo mais elegível para trazer à manifestação a desejada parte do Plano. Eles trabalham com aqueles assim escolhidos, impressionando em suas mentes aquela eterna triplicidade da ideia-qualidade-forma até que os detalhes comecem a emergir e o trabalho do que é literalmente uma "precipitação" possa prosseguir.

3 - A atividade do estado mental de consciência. É no plano mental que muito deste trabalho é necessariamente feito e aqui há razão suficiente para o desenvolvimento, por parte do aspirante, de um intelecto treinado. A "nuvem de chuva das coisas cognoscíveis" precipita-se primeiro de tudo sobre o plano mental e uma posterior precipitação ocorre quando os discípulos e aspirantes são os recipientes. Estes últimos, por sua vez, procuram impressionar e guiar os trabalhadores menores e aspirantes, os quais, carmicamente ou por escolha, estão dentro de seu raio de influência Assim a "ideia" apresentada é captada por muitas mentes e o aspecto fórmula do grande trabalho terá desempenhado sua parte.

Ver-se-á como este trabalho é consequentemente e essencialmente um trabalho grupal e por isso só verdadeiramente possível para aqueles que tenham de algum modo dominado o processo da meditação e podem "manter a mente firme na luz". Esta luz na realidade se derrama da Mente Universal e é de variadas espécies e foi (esotericamente falando) gerada num prévio sistema solar e deve ser usada e desenvolvida neste.

Nas palavras "a luz da intuição" nós trouxemos para as nossas mentes aquele tipo de energia que incorpora o propósito, a vontade de Deus, o Plano, como nós o consideramos. Nas palavras "a luz da alma", nós temos uma expressão que resume o propósito, o plano, a vontade daquelas entidades que, encarnadas na forma humana e às vezes funcionando fora do corpo, têm a responsabilidade de materializar os conceitos divinos nos quatro reinos da natureza. O reino humano é, por excelência, o meio de expressão para a Mente Universal e, quando os filhos de Deus em forma humana estiverem aperfeiçoados, os problemas do mundo natural serão resolvidos em grande parte. Os filhos de Deus plenamente conscientes, conscientes de si mesmos enquanto na forma humana (e eles por enquanto são poucos), constituem literalmente o cérebro da vida planetária.

Há uma significação verdadeiramente ocultista nas palavras "Lançar a luz" sobre um problema, uma condição ou uma situação. Em seu significado essencial a expressão conota a revelação da ideia apresentada, do princípio que existe sob a manifestação exterior. É o reconhecimento da realidade interna e espiritual que produz a forma visível e exterior. Esta é a nota-chave de todo trabalho no simbolismo. O trabalho de estabelecer as fórmulas, de traçar as cartas ou planos subjetivos da impressão intuitiva e da intensa atividade no plano mental é o trabalho único da Hierarquia planetária organizada. A segunda fase do trabalho é desenvolvida por aqueles trabalhadores que, cooperando conscientemente com a Hierarquia, demonstram a realidade daquele trabalho nos três mundos da evolução humana. Eles trazem o germe da ideia e o conceito embrionário para uma existência exterior e completada, através do processo do pensamento correto, do despertar do desejo e do estabelecimento de correta opinião pública. Eles assim realizam a necessária atividade física.

Aspirantes, líderes de grupos e pensadores em todas as partes do globo podem ser aproveitados para este trabalho, contanto que suas mentes sejam abertas e focalizadas. De acordo com a simplicidade de sua aproximação à verdade, de acordo com a clareza de seu pensamento, de acordo com sua influência grupal e estado de conscientização inclusiva e de acordo também com seu poder para um esforço longamente sustentado, assim será a aproximação da forma exterior à ideia interna e a realidade subjetiva espiritual.

O ponto que Eu procuro estabelecer é que o leitor comum dessas Instruções nada tem a ver com as fórmulas. Elas são alcançadas e compreendidas pelos grandes Conhecedores Que estão por trás do processo evolutivo e são responsáveis por sua atividade funcional. A Hierarquia dos Mestres, dos iniciados maiores e discípulos está progredindo firmemente com aquele trabalho, mas depende, sob a lei, daqueles no plano físico que deverão produzir as formas exteriores. Se estes falharem em responder, haverá um atraso ou construção errada; se cometerem erros, haverá perda de tempo e de energia e, novamente, atraso; se perderem interesse e pararem de trabalhar, ou ficarem primeiramente interessados em seus próprios afazeres e personalidades, o Plano terá que esperar e a energia que de outra maneira estaria disponível para a solução dos problemas humanos e a orientação da humanidade, terá que encontrar sua saída em outras direções. Nunca há coisa alguma estática no processo criativo; a energia que flui na pulsação da Vida una e sua atividade rítmica e cíclica - nunca terminando e nunca descansando - precisa ser utilizada em algum lugar e precisa encontrar seu caminho em alguma direção, muitas vezes (quando o homem fracassa em seu dever) com catastróficos resultados. O problema dos cataclismos; a causa, por exemplo, do perigo firmemente crescente dos insetos, achar-se-á relacionada com o influxo de energia não usada e não aceita que é capaz de uma direção certa, de um propósito correto e do adiantamento do Plano, se os aspirantes e discípulos do mundo ombrearem suas responsabilidades grupais, submergirem suas personalidades e alcançarem a verdadeira realização. A humanidade precisa ser mais diligente e mais inteligente na elaboração de seu verdadeiro destino e obrigações cármicas. Quando os homens estiverem universalmente em contato com os custódios do plano e suas mentes e cérebros estiverem iluminados pela luz da intuição, da alma e da mente universal, quando eles puderem treinar-se a responder inteligentemente aos impulsos periódicos que ciclicamente emanam do lado interno da vida, então haverá um firme ajustamento entre a vida e a forma e uma rápida melhoria das condições mundiais. É um interessante ponto para ter em mente que o primeiro efeito da resposta dos mais avançados dos filhos dos homens às fórmulas tais como traduzidas e transmitidas pelos Conhecedores, será o estabelecimento de corretas relações entre os quatro reinos da natureza, corretas relações entre unidades e grupos na família humana. Um passo nesta direção está sendo dado. As relações entre as quatro esferas de atividade que nós chamamos humana, animal, vegetal e mineral estão agora mal ajustadas porque a energia da matéria é basicamente o fator governante. No reino humano, a atuação desta energia se demonstra pelo que nós chamamos egoísmo. No reino animal, ela se demonstra pelo que chamamos crueldade, embora, onde não exista o senso da responsabilidade e somente se encontre a temporária e instintiva responsabilidade, não haja crítica a ser feita. No reino vegetal este mal- ajustamento se expressa durante este período de mal uso, como doença.

Será que isto surpreende vocês? A doença tem suas raízes fundamentalmente nos desajustamentos e na força erroneamente dirigida no reino vegetal; isto afeta os reinos animal e mineral e subsequentemente o humano. A demonstração disto está muito à frente, mas quanto esta condição for compreendida, será naquele reino da natureza que a atenção dos investigadores precisará ser focalizada e a erradicação da doença finalmente encontrará solução.

II - Pronunciar as palavras que lhes dirão quê fazer e para onde levar aquilo que tiver sido feito.

Tenhamos presente em conexão com esta Regra que ela somente é potente na medida em que o "trabalhador com a Lei" esteja em contato com a realidade interna dentro de si mesmo, com a alma. É essencial que através dele, em plena consciência, a alma esteja funcionando. É a alma que pronuncia as palavras, é a alma que emite a frase mística, mas é a alma como controlador ou dirigente do mecanismo, da aparelhagem-forma. Este controle somente é possível onde há alinhamento do cérebro, mente e alma. Novamente, é necessário lembrar que esta Regra, sendo a expressão do trabalho criador, aplica-se a todo o processo criativo, quer macrocósmico, quer microcósmico, quer estejamos lidando com Deus como o criador do sistema solar, com a alma como o criador do mecanismo humano, quer com o homem quando ele tenta dominar a técnica do trabalho mágico e assim se tornar um criador das formas em sua própria pequena esfera. Todos têm que alcançar o verdadeiro significado da Regra, pois Deus trabalha sob a Lei do Seu Ser e esta Lei demonstra-se-nos como as leis da natureza.

As ideias de atividade ordenada e de um objetivo consciente e definido estão reunidas na frase que nós estamos considerando. O construtor de qualquer forma é antes de tudo um controlador de vidas e o árbitro dos destinos de certas entidades. Neste pensamento nós temos lançada luz sobre o problema do livre-arbítrio e sobre a Lei de Causa e Efeito. Não deve ser esquecido, todavia, que o mistério das causas jaz oculto nos universos passados - todos, em seu dia, as "formas habitadas por Deus". Para nós não pode haver tal coisa como a causa pura, mas somente a produção de efeitos maiores. Assim como para nós tal realidade como a razão pura é totalmente incompreensível e inatingível, assim também sucede com a causa pura. Estes fatores precedem nosso sistema solar e por isso a especulação sobre eles permanece sem êxito, exceto na medida em que ela tenda a desenvolver a aparelhagem mental. Este sistema solar é um sistema de efeitos, os quais por sua vez geram causas. Somente na família humana e somente entre aqueles seres humanos que estão conscientemente usando o poder da mente estão quaisquer causas de qualquer espécie sendo geradas. Todas as causas, sendo iniciadas por uma mente de alguma espécie, funcionando conscientemente e pensando claramente, pressupõem um Pensador; esta é profundamente a posição das ciências ocultas. Nosso sistema solar é um pensamento- forma, tendo existência real enquanto o pensamento persistir. Tudo que é, forma parte da corrente de ideias emanando do Pensador divino. Todos os pensamentos são parte de uma corrente divina. A massa do povo não pensa e, portanto não gera causas que devam, no devido tempo, produzir seu efeito.

Vocês perguntam: onde está a verdade da afirmação feita em muitos livros ocultistas modernos, de que a direção da vida ou ciclo de vidas indica necessariamente o futuro, e que as causas iniciadas em uma se apresentam como efeitos em outra? Onde as vidas são predominantemente emocionais e fisicamente orientadas, não é uma vida em particular que estabelece o ritmo, mas sim é o grupo de vidas, simultaneamente interagindo uma na outra, que predispõe o futuro segundo certas linhas. Isto é eternamente verdadeiro de todos os seres humanos num certo nível de desenvolvimento consciente, onde eles são arrastados pelas ideias da massa, modelados sem pensar pela tradição e opinião pública; são francamente imersos nos interesses egoístas e não estão "sustentando" as condições, eles próprios, mas estão sendo arrastados para frente pela maré da evolução. É uma forma de atividade grupal (grupos governados pela vibração das formas físicas e astrais) que produz as características e tendências que causam a situação e as circunstâncias ambientais. Nesta conscientização está oculto o segredo do carma e das condições raciais e nacionais. Nestes grupos está imerso o homem que sente e age de maneira comum e fora desta imersão ele deve encontrar seu caminho através da descoberta e do uso de sua mente. O instinto precisa dar lugar ao intelecto. Por ciclos de vidas, grupos de almas encarnam-se através da atração das formas materiais, em direção às quais são arrastados. Estas energias atrativas foram anteriormente utilizadas pela alma - sendo finalmente eliminadas e desintegradas. É a potência da forma que no primeiro caso leva a alma a se encarnar, pois na primeira metade do processo evolutivo a matéria - altamente organizada num prévio sistema solar - é o fator dominante. Mais tarde, nós sabemos, o espírito sobe aos ombros da matéria. O Intercâmbio maciço entre espírito e matéria é agora tão potente que uma das maiores experiências que uma alma vive é a conquista da etapa na qual a atração da matéria começa a se diluir e a alma aprende a se libertar Esta é a experiência pela qual a humanidade está agora passando - nova mente uma atividade grupal numa volta mais alta da espiral.

Grandes generalizações são de fato mais seguras do que as detalhadas e muitas vezes errôneas informações sobre as regras que governam a tomada e abandono da forma, achadas frequentemente em nossa pueril literatura, mas mesmo estas generalizações deveriam ser consideradas com muita reserva. Tudo que se pode afirmar é que, sob a Lei de Causa e Efeito, o espírito e a matéria se fundiram e os mundos foram feitos. Governadas pela mesma lei, as formas foram criadas e se tornaram expressões materiais da pulsão da vida. Elas foram levadas e retiradas da manifestação, de acordo com um batimento cíclico rítmico, iniciado em sistemas solares ainda mais anteriores do que aquele que imediatamente precedeu o nosso. Grupos de formas apareceram e desapareceram e foram governados quase inteiramente por sua coesão e vibração grupais. Assim a vida progrediu através dos reinos elementais ou involutivos, através dos três reinos inferiores na natureza e até o reino humano.

Nas etapas humanas inferiores e na etapa do animal homem, a mesma atividade grupal reina, somente (como nos reinos involutivos) tornando-se grupos cada vez menores à medida que as unidades individuais conquistam - uma a uma - a condição de indivíduos verdadeiramente autoconscientes e começam a trabalhar como almas. Então elas não só se tornam criadoras, com o poder de se manterem isoladas, com a faculdade de pensar claramente e visualizar acuradamente, mas demonstram também que elas são as possuidoras da arte criativa ou da faculdade da imaginação criativa. Elas passam através de vida após vida de autossuficiência na qual a personalidade é desenvolvida e usada; depois começam a encontrar seu grupo subjetivo que finalmente tomará o lugar dos grupos materiais externos em sua consciência. Assim elas recuperam novamente a existência grupal, somente desta vez em plena consciência e controle.

No grupo ao qual se acham subjetivamente afiliadas, serão encontrados aqueles que trabalharam com elas no anterior estágio da massa, de modo que eles trabalham em íntima associação com aqueles que estiveram o mais perto deles e que estiveram ligados a eles no grande ciclo da vida.

Há certos nomes dados a essas etapas nos arquivos ocultistas, que são sugestivos e esclarecedores; são, naturalmente, simbólicos. Poderia ser interessante se Eu desse algumas dessas antigas exclamações críticas que conduzem três pontos de informações, ou sejam o nome da etapa, sua cor esotérica e seu símbolo. Gostaria de salientar, no entanto, que essas informações intrigantes que às vezes transmito e que alguns dos alunos parecem considerar de importância vital são de muito menos importância do que a injunção de viver gentilmente, falar palavras de gentileza e de sabedoria, e pratique o esquecimento de si mesmo. Os dados ocultos são lidos e anotados, as instruções familiares são ignoradas e esquecidas. Nós, que trabalhamos com aspirantes, sorrimos frequentemente da tolice e da falta de julgamento evidenciadas por aqueles a quem ensinamos. Digam a um estudante: pratique com firmeza a lei da bondade-amorosa e ele dirá que de fato tentará fazê-lo, mas dentro de si mesmo a própria familiaridade da injunção é tida como insípida e considerada, quando muito, uma infantilidade necessária. Digam ao estudante: dar-lhe-ei algumas frases ocultistas ou alguns pontos de informação relativa aos Grandes Seres e com agudeza, com excitação e com evidente satisfação própria e com uma curiosidade satisfeita, ele se prepara para a importante revelação. Entretanto, a injunção anterior é a condutora da informação ocultista e indica uma lei que - se corretamente seguida - leva ao desligamento e à libertação. A última diz respeito aos fenômenos e o conhecimento dela não leva o cansado peregrino aos portões do paraíso. Alguns de vocês precisam deste lembrete.

Aquelas etapas que precedem à humana são omitidas, já que nenhum dos que lerem estas palavras possui o equipamento para compreender seu sentido interno. Nós começaremos, portanto, com as etapas no reino humano.

Etapa I

A vida subiu a longa escadaria através do uso diário da forma. Através dos três inferiores, com lento progresso, o longo caminho foi trilhado. Outra porta está agora aberta. As palavras ecoam: "Entrai no caminho do verdadeiro desejo".

A vida, que somente se conhece como forma, envolve-se num vívido vermelho, o vermelho do desejo conhecido, e, através do vermelho todas as formas esperadas se aproximam, são tomadas e conservadas, usadas e abandonadas, até que o vermelho se mude para o rosa e o rosa para o mais claro rosa e este para o branco. Adiante floresce então a pura rosa branca da vida.

A pequenina rosa da vida viva é vista em botão; não ainda a flor em plena floração.

Etapa II

O quadro muda de forma. Outra voz, vinda de muito perto, emite urna outra frase. A vida continua seu caminho. "Entrai no campo onde as crianças brincam e juntai-vos ao seu jogo". Despertada para o jogo da vida, a alma ultrapassa o portão.

O campo é verde e em sua vastidão as muitas formas da Vida una que se move, divertem-se; elas dançam a dança da vida, as muitas formas modeladas que Deus toma. A alma entra no campo de jogos do Senhor e brinca até que ela vê a estrela com cinco brilhantes pontas e diz, "Minha Estrela".

A estrela é apenas um ponto de luz, não ainda um radiante sol.

Etapa III

O caminho do desejo vermelho fracassa. Ele perde seu atrativo. O campo de jogos dos filhos de Deus já não apetece. A voz que por duas vezes soou de fora do mundo da forma soa agora dentro do coração. O desafio chega: "Prova teu próprio valor. Toma para ti mesmo a bola laranja do teu propósito centralizado". Com capacidade para responder à palavra que soou, a alma vivente, imersa na forma, emerge das muitas formas e abre seu caminho para adiante. O caminho do destruidor chega, o construtor e novamente o demolidor das formas. As formas quebradas não conservam o poder de satisfazer. A própria forma da alma é agora o grande desejo, e assim chega a entrada do campo de jogos da mente.

Mas nestes sonhos e fantasias, às vezes uma visão chega - uma visão de uma flor de lótus dobrada, pétalas fechadas, firmemente selada, ainda sem perfume, mas banhada em fria luz azul.

Laranja e azul em algum mais distante tempo fundir-se-ão, mas em data ainda distante. Sua fusão banha o botão na luz e causará a futura abertura. Que a luz brilhe.

Etapa IV

Em direção à escuridão a vida prossegue. Uma voz diferente parece soar. "Entra na caverna e procura a ti mesmo; caminha na escuridão e em tua cabeça conduz uma lâmpada acesa". A caverna está escura e abandonada; fria ela é e um lugar de muitos sons e vozes. A voz dos muitos filhos de Deus, deixados brincando nos campos de jogos do Senhor, apelam para a luz. A caverna é comprida e estreita. O ar está cheio de névoa. O som da água corrente encontra-se com o som forte do vento e frequente ribombar do trovão.

Muito distante, fraca e vagamente vista, aparece uma abertura oval, sua cor azul. Estendida através deste espaço de azul, uma cruz rósea é vista, e no centro da cruz, onde os quatro braços se encontram, uma rosa. Sobre o braço superior, um vibrante diamante brilha dentro de uma estrela de cinco pontas.

A alma vivente dirige-se para a cruz que barra seu caminho para a vida, revelada e conhecida.

A cruz ainda não foi escalada e por isso deixada para trás. Mas a alma vivente segue adiante, os olhos fixos na cruz, os ouvidos abertos aos lamentos de todas as suas almas irmãs.

Etapa V

Fora, na radiante vida e luz! A caverna é deixada para trás; a cruz é posta abaixo; o caminho está livre. A palavra soa clara dentro da cabeça e não no coração. "Entra novamente no campo de jogos do Senhor e desta vez conduz os jogos." O caminho para o segundo terço das escadas permanece barrado, isto pela própria ação da alma. Não mais o desejo vermelho governa toda a vida, mas agora a clara chama azul queima firmemente. Sobre o degrau inferior do caminho barrado ela se volta e desce as escadas para o campo de jogos encontrando conchas mortas construídas numa etapa anterior, pisando sobre formas abandonadas e destruídas e sustentando as mãos serviçais. Sobre seu ombro se assenta a pomba da paz; sobre seus pés as sandálias do mensageiro.

Ainda não a extrema glória da vida radiante! Ainda não a entrada na paz eterna! Mas ainda o trabalho e ainda a elevação dos pequeninos.

Aqui em forma simbólica nós temos quadros da vida e do progresso humanos, da vida na forma e do crescimento através do processo construtivo que caracterizam o trabalho criativo. É somente uma grosseira tradução de algumas frases mântricas e de alguns símbolos básicos e não deve de nenhum modo ser consideradas como nada mais do que indicadores de um processo velado e encoberto de modo que somente aqueles que sabem possam compreender. Os esoteristas compreenderão que estas cinco etapas cobrem o período de vida de toda forma, não importando se o criador é cósmico, planetário ou humano.

Toda forma é constituída por uma centelha impulsionadora de vida, emanada de um criador e crescendo etapa por etapa sob a lei do crescimento - um aspecto da lei da atração, que é a lei da vida. Esta lei coopera com a Lei de Causa e Efeito a qual, como sabemos, é a lei que governa a matéria. A causa, atração ou desejo, crescimento e efeito - estas quatro palavras governam a construção de qualquer pensamento-forma. Quando este último é uma entidade completa, é um efeito construído por acréscimo sob o poder de uma causa organizada.

A raça evoluiu agora até um ponto em que nós pensamos dos efeitos inicialmente em termos de qualidade em vez de em termos de matéria. Um pensamento-forma existe para nós para produzir um efeito. Temos sentido que a razão de ser de todas as formas é expressar alguma qualidade subjetiva que nos dará a chave para o propósito de seu criador. Ponderem sobre estas palavras. Daí, encontrarmos nesta Regra XI que o propósito da palavra pronunciada é dizer às vidas que constituem as formas "que fazer e para onde carregar aquilo que tiver sido feito". Assim nós achamos a ideia do propósito, atividade e objetivo.

Nada preciso acrescentar à vasta literatura que surgiu nem dar ênfase ao significado do propósito em conexão com tal pensamento-forma como um sistema solar, um planeta, um reino da natureza ou um ser humano. Em alguns aspectos esta triplicidade subjetiva do propósito, atividade e objetivo é bem conhecida e em outros ela é de uma natureza excessivamente alta e inescrutável para lidarmos com ela nestas Instruções e nos perdermos nos reinos da especulação. Com o objetivo, a religião por muito tempo procurou lidar; com o aspecto vontade, o cientista está agora tentando lidar; e com a Vontade de Deus os mais avançados pensadores e filósofos estão constantemente especulando. Somente quando o homem se submete à disciplina de sua própria vontade espiritual e controla a atividade das vidas dentro de sua natureza-forma e assim orienta-se para o objetivo à media que este progressivamente impressiona sua visão, chegará ele à verdadeira compreensão do plano, que constitui a Vontade de Deus na medida em que os seres humanos são capazes de alcançá-la.

Mas com os pensamentos-forma que ele está começando a criar ao aprender diariamente a pensar; nós podemos nos ocupar, pois isso é a primeira lição a ser logo aprendida no trabalho mágico. O criador na matéria mental tem que:

a) Aprender a construir inteligentemente.
b) Dar o impulso, através do falar correto, que animará aquilo que ele terá construído e assim capacitar o pensamento-forma a conduzir a ideia pretendida.
c) Emitir seu pensamento-forma corretamente orientado para seu objetivo e tão corretamente dirigido que ele alcance o objetivo e cumpra o propósito daquele que o enviou.

A necessidade de pensar claramente e da eliminação dos pensamentos ociosos, destruidores e negativos se torna crescentemente aparente à medida que o aspirante progride em seu caminho. À medida que o poder da mente aumenta e que o ser humano diferencia seu pensamento crescentemente do pensamento da massa, ele inevitavelmente constrói substância de pensamento na forma. Primeiro é automático e inconsciente. Ele não pode impedir que assim seja e, felizmente para a raça, as formas construídas são tão débeis que são grandemente inócuas, ou tão em linha com o pensamento da massa que são desprezíveis em seu efeito. Mas à medida que o homem aumenta seu poder, e sua capacidade para ferir ou ajudar aumenta, e a menos que ele aprenda a construir corretamente e motivar corretamente aquilo que ele construiu, ele tornar-se-á uma agência destruidora e um centro de força prejudicial - destruindo e, ferindo não somente a si mesmo, como logo veremos, e mais igualmente ferindo e prejudicando aos que vibrarem em sua nota.

Tudo isso estabelecido, vocês poderiam justamente indagar: haverá algumas simples regras que o iniciante sério e sincero possa aplicar a esta ciência da construção e que sejam tão claras e concisas que produzam o necessário efeito? Há, e Eu as exporei simplesmente, de modo que o iniciante, se as seguir, escapará aos perigos da magia negra e aprenderá a construir de maneira alinhada com o plano. Se seguir as regras que darei, ele evitará o intrincado problema que terá cegamente elaborado e que de fato fechará a luz do dia, escurecerá seu mundo e aprisioná-lo-á numa parede de formas que são para ele sua própria e peculiar grande ilusão.

Estas regras poderão parecer muito simples para o aspirante erudito mas para aqueles que desejam tornar-se como criancinhas elas serão consideradas um guia seguro para a verdade e finalmente torná-los-ão capazes de passar nas provas para o adeptado. Algumas estão ocultas em termos simbólicos, outras são necessariamente cegas, e ainda outras expressam a verdade tal como ela é.

1 - Visualiza o mundo do pensamento e separa o falso do verdadeiro.

2 - Aprende o significado da ilusão, e em meio a ela localiza o fio dourado da verdade.

3 - Controla o corpo da emoção, pois as ondas que se elevam nos tempestuosos mares da vida engolfam o nadador, encobrem o sol e tornam fúteis todos os planos.

4 - Descobre que tens uma mente e aprende seu uso dual.

5 - Concentra-te no princípio do pensamento e torna-te o mestre do teu mundo mental.

6 - Aprende que o pensador e seu pensamento e aquilo que é o meio do pensamento são diversos em sua natureza, conquanto unos na realidade última.

7 - Age como o pensador e aprende que não é correto prostituir o teu pensamento no uso vil do desejo separativo.

8 - A energia do pensamento é para o bem de todos e para o desenvolvimento do Plano de Deus. Não a uses, portanto, para os teus fins egoístas.

9 - Antes que um pensamento-forma seja construído por ti, visualiza o seu propósito, assegura-te do objetivo e verifica o motivo.

10 - Para ti, o aspirante no caminho da vida, o caminho da construção consciente ainda não é a meta. O trabalho de limpar a atmosfera do pensamento, de cerrar firmemente as portas do pensamento ao ódio e à dor, ao medo e ciúmes e baixo desejo, deve anteceder ao trabalho consciente da construção. Observa a tua aura, oh viajante no caminho.

11 - Observa atentamente os portões do pensamento. Vigia o desejo. Elimina todo medo, todo ódio, toda cobiça. Fica atento e olha para o alto.

12 - Porque tua vida está predominantemente centrada no plano da vida concreta, tuas palavras indicarão teu pensamento. A estes presta toda atenção.

13 - O falar é de tríplice espécie. As palavras vãs produzirão, cada uma o seu efeito. Se boas e compreensivas, nada precisa ser feito. Se de outro modo, não se poderá retardar por muito tempo que se pague o preço.

As palavras egoístas, emitidas com forte intento, constroem uma parede de separação. Leva-se muito tempo para quebrar aquela parede e assim libertar o propósito egoísta armazenado. Observa o teu motivo e procura usar aquelas palavras que fundam tua pequenina vida com o grande propósito da vontade de Deus.

A palavra de ódio, a fala cruel que arruína aqueles que sentem sua pronúncia, a maledicência venenosa, levada adiante porque dá sensação - estas palavras matam os vibrantes impulsos da alma, cortam pela raiz a vida e assim trazem a morte.

Se faladas à luz do dia, justa retribuição lhes será dada; quando faladas e então registradas como mentiras, fortalecem aquele mundo ilusório no qual o orador vive e retarda sua libertação.

Se pronunciadas com intenção de ferir, de destruir e matar, elas retornam para aquele que as enviou e a ele destruirão e matarão.

14 - O pensamento vão, o pensamento egoísta, o cruel pensamento odioso, se transformados em palavra, produzem uma prisão, envenenam todas as fontes de vida, levam à enfermidade e causam desastre e atraso. Portanto, sê doce e bondoso na medida da tua capacidade. Mantém o silêncio e a luz penetrará.

15 - Não fales de ti. Não lamentes o teu destino. Os pensamentos do ego e de teu destino inferior impedem a voz interna de tua própria alma de sensibilizar teu ouvido. Fala da alma; amplia o plano; esquece-te de ti mesmo construindo para o mundo. Assim é a lei da forma neutralizada. Assim pode a lei do amor penetrar naquele mundo.

Estas simples regras estabelecerão corretas fundações para o desenvolvimento do trabalho mágico e tornarão o corpo mental tão claro e tão poderoso que o motivo correto controlará e o verdadeiro trabalho na construção será possível.

Muito do significado desta regra terá que permanecer teórico e ser considerado como um desafio até um tempo tal em que o verdadeiro trabalho mágico da construção do pensamento-forma se torne universalmente possível. A fórmula, como vimos, permanecerá desconhecida para todos salvo os membros da Hierarquia de Adeptos por muitas eras vindouras. As palavras direcionais são passíveis de confirmação, mas somente àqueles que estiverem trabalhando conscientemente sob a orientação de suas próprias almas e que, através do controle mental praticando a meditação profunda, puderem manipular a matéria do pensamento e se tornaram "criadores conscientes". Estes podem pronunciar as palavras impulsionadoras que trazem à existência aquelas novas formas e organismos, aquelas expressões de ideias e aquelas organizações que vivem seu ciclo de vida e servem ao seu propósito e assim chegam devidamente ao seu fim previsto e oportuno. Estes criadores são os líderes e organizadores, os instrutores e os guias em todas as fases da vida humana. Seu som se propaga para todos os países e sua nota é internacionalmente reconhecida. Centenas de tais nomes são facilmente lembrados e se projetam espontaneamente na mente. Eles vivem na memória da multidão e aquilo que vive é o som de sua realização, seja ela boa ou má.

Mas na frase que devemos considerar nós encontramos uma função universal, muito embora ela seja levada adiante, na maior parte das vezes, inconscientemente. As palavras com as quais teremos de lidar são as seguintes:

III - Finalmente, emitir a frase mística que o salvará de seu trabalho.

Portanto, parece que no fim do trabalho mágico de criação, uma frase precisará ser enunciada que efetue uma salvação e produza uma libertação de uma espécie dual - uma libertação do agente criador da forma que ele criou e a emancipação daquela forma do controle daquele que a trouxe à existência.

É óbvio que já a natureza da fala em relação com as ideias incorporadas está de algum modo sendo compreendida. Estudem o método da fala que é agora o principal fator empregado para "lançar uma ideia". Notem como todas as invenções (que não são nem mais nem menos do que conceitos incorporados) vêm à existência exotérica no plano físico através do poder da palavra falada e considerem também com cuidado o significado oculto subjacente a todas as conferências, todos os encontros, todas as consultas e todas as discussões que se ocupam com o lançamento de alguma ideia ou conjunto de ideias sobre o mar da necessidade pública. Não será possível que, sob os modos de ação empregados pelas agências de anúncios e do constante treinamento dado aos vendedores no uso da palavra falada como um meio de aproximação ao público com o objetivo de vender uma ideia, nós venhamos a encontrar as primeiras indicações forçadas das emanações daquelas frases místicas que trarão à existência a criação da alma em todos os campos das iniciativas criadoras?

O treino da opinião pública, a utilização de slogans, a tendência para incorporar os conceitos em frases adequadas são parte da crescente conscientização quanto ao trabalho mágico. Todos estes meios são empregados cegamente e sem verdadeira conscientização; eles constituem uma parte das atividades emergentes de uma humanidade que está na iminência do verdadeiro trabalho criativo, os princípios do qual não são ainda compreendidos nem aplicados cientificamente. Mas eles de fato apontam o caminho e sob a simplificação que marca o retorno à síntese, nós teremos a cessação da fala e a utilização de formas mais simples. Sob a pressão evolutiva, nós tivemos o Som criador, a Palavra, a Fala. Esta última, por sua vez, diferenciou-se em palavras, frases, locuções, parágrafos, livros, até que agora nós temos a era em que esta diferenciação chegou ao seu máximo, e nós temos discursos a todas as horas do dia e da noite; temos o uso da plataforma pública para alcançar o ouvido do público; do rádio, para alcançar todas as classes e raças da humanidade num esforço para modelar a opinião pública e introduzir certas ideias e conceitos na consciência do público. Temos a publicação de livros literalmente aos milhões, todos desempenhando o seu papel na mesma grande obra, e temos ao mesmo tempo ambos os métodos de comunicação sendo prostituídos para os fins egoístas e propósitos ambiciosos daqueles que falam e escrevem. Entretanto, há uns poucos verdadeiros criadores que estão tentando fazer ouvir o seu som, estão pronunciando aquelas palavras místicas que capacitarão a humanidade para ver a visão. Assim serão finalmente dispersas as nuvens de pensamentos-forma que atualmente encobrem a clara luz de Deus.

O assunto é muito vasto para que Eu o esgote neste Tratado. Eu apenas procuro fazer sugestões que levem até a ideia do leitor inteligente alguma ideia do enorme progresso que foi feito no trabalho mágico. Desta maneira ele será capaz de prosseguir com otimismo sabendo que até agora tudo foi bom na medida em que o homem progrediu no conhecimento. Do presente burburinho de discursos e de palavras, de conferência e de livros, uns poucos claros conceitos seguramente emergirão que encontrarão um eco nos corações dos homens. Assim também os homens serão conduzidos para a nova era, na qual "o falar cessará e os livros de nada valerão" pois as linhas da comunicação subjetiva estarão abertas. Os homens reconhecerão que o ruído atua como um obstáculo à comunicação telepática. A palavra escrita não será tampouco necessária, pois os homens usarão símbolos de luz e cor para suplementar através do olho o que o ouvido subjetivo tiver registrado. Mas ainda não é chegado esse dia, muito embora o rádio e a televisão sejam os primeiros passos na direção certa.

Pondo a verdade tão simplesmente quanto possível nós poderíamos afirmar que através da complexidade do muito falar e publicar livros, as ideias estão agora podendo tomar forma e assim percorrer o seu ciclo de atividade. Mas este método é tão insatisfatório no campo do conhecimento quanto é o antigo candeeiro a óleo no campo da iluminação. A luz elétrica superou-o e algum dia a verdadeira comunicação telepática e a visão tomarão o lugar da fala e dos escritos.

Transportando os mesmos conceitos para o campo do verdadeiro trabalho esotérico nós temos o trabalhador na matéria mental construindo seu pensamento-forma e "confirmando as vidas" que expressam e respondem à sua ideia dentro de um "círculo-não-se-passa". Este último persiste por tanto tempo quanto a atenção de sua mente e daí sua energia animada estar dirigida para ela. Este trabalhador pronunciará as palavras que capacitarão o seu pensamento-forma a realizar sua obra, cumprir a missão para a qual foi construído e realizar o propósito para o qual foi criado. Tudo que foi elaborado até então em conexão com as palavras usadas no trabalho criador é a palavra sagrada sétupla, AUM. Esta quando corretamente usada pela alma no plano mental, vitaliza e impulsiona todos os pensamentos-forma, e assim produz uma tarefa bem sucedida. É interessante registrar que nos dias de Atlântida, a palavra usada era TAU, enunciada explosivamente e tão forçadamente que os pensamentos-forma assim energizados e impulsionados agiam inevitavelmente como um boomerang e voltavam para aquele que os enviava. Esta palavra TAU é igualmente, em sua forma simbólica, o símbolo da reencarnação. É o desejo pela forma que produz o uso da forma e causa um renascimento cíclico e constante na forma. Foi o uso constante do TAU igualmente, que provocou a inundação final que varreu a antiga civilização de Atlântida. Os poucos que usavam o AUM naqueles dias não eram bastante potentes para expelir a força do desejo. Os corpos mentais da raça não podiam responder aquele mais novo som criador. A humanidade era ainda inteiramente dominada pela saudade e pelo desejo a tal ponto que o desejo unido pelas possessões e pelo gozo da forma lançou os homens esotericamente "nas águas". O desejo pela forma ainda força sobre a humanidade o constante processo do renascimento, até que o tempo em que a influência do TAU se esgote e o som AUM possa dominar. A influência daquele TAU está, todavia, enfraquecendo e a do AUM aumentando em potência, até que se torne o fator dominante. A este último som a palavra da Alma deverá finalmente suceder, até que o AUM por sua vez seja inteiramente superado.

O som de muitas águas (que é a maneira simbólica de expressar a influência do TAU) cessará e o tempo virá, como nos é assegurado na Bíblia Cristã, em que "não haverá mais mar". Então o som do AUM que é simbolicamente referido como o "rugir de um fogo abrasador" e que é o som do plano mental, tomará seu lugar. A palavra da alma não pode ser dada exceto no lugar secreto da iniciação. Ela tem sua própria e peculiar vibração e nota, mas esta não pode ser transmitida, senão quando o AUM for usado com correção. Assim como o TAU, transportando a nota do desejo e a necessidade de ter e de ser, foi mal usado e levou a um desastre suas civilizações, também AUM pode ser mal usado e levar suas civilizações para o fogo. Esta é a verdade que realmente está por trás do mal compreendido ensinamento cristão relativo ao fogo do inferno e ao lago de fogo. Eles retratam simbolicamente o final da era quando as civilizações do plano mental chegarão a um final cataclísmico, no que se refere ao aspecto forma, assim como as civilizações anteriores foram consumidas pela água.

Uma pista aqui darei, a qual é frequentemente desprezada. No plano mental não existe o tempo; portanto, a equação do tempo não entra na ideia de uma consumação final pelo fogo. Não há fixação da época para um desastre ou para uma catástrofe. O pleno efeito terá lugar no reino da mente e será que não se poderá dizer que mesmo agora o fogo da ansiedade, da angústia, da preocupação e do medo está consumindo nossos pensamentos e ocupando nossa atenção mental? Seu trabalho é purificar e limpar, portanto, deixem que o AUM faça seu trabalho e todos vocês que puderem, empreguem- no com frequência e com pensamento correto de modo que a purificação do mundo possa prosseguir em bom ritmo. Muito do que impede o caminho para a emergência de novas ideias, das novas formas arquetípicas, precisa ser queimado e consumido. Estas finalmente dominarão a nova era e tornarão possível à palavra da alma soar e ser ouvida exotericamente.

Avalio que seja difícil compreender o que expus aqui, mas os parágrafos acima ditados previnem contra o descuido e dão muita instrução para o sério pesquisador da luz.

Há dois aspectos desta frase que nós estamos considerando, com os quais me ocuparei sumariamente. Há muitos que Eu poderia tomar, mas dois serão suficientes para fornecer sugestões práticas e indicar ideias que os aspirantes em toda parte fariam bem em adotar. O pensamento da salvação do efeito das ideias incorporadas à forma deve ser considerado, e Eu gostaria também de cobrir a ideia de "uma salvação de" sob dois títulos. O aspirante tem que ser salvo dos pensamentos-forma construídos diariamente durante sua vida mental e uma alma em encarnação tem também que ser salva das aderências à forma que durante épocas cresceram e se fortaleceram, ao que nós chamamos de morte. Dividiremos, portanto, nosso assunto tal como se segue:

I - Salvação do poder exercido pelos pensamentos-forma que nós mesmos criamos.

II - Salvação do poder do corpo tríplice que a alma construiu, através da libertação mágica chamada morte.

É com a última que desejo primeiramente lidar, mas certas coisas precisam ser ditas relativamente ao poder dos pensamentos-forma, relacionadas com seu perigo e o modo pelo qual podem ser tornados inócuos.

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SALVAÇÃO DE NOSSOS PENSAMENTOS-FORMA

Falo agora aos aspirantes que, através da concentração e da meditação, estão ganhando poder no pensamento. Falo aos pensadores do mundo que, através de sua aplicação uni-direcionada e devoção aos negócios, à ciência, à religião ou aos variados modos da atividade humana, orientaram a mente (não as emoções, mas a mentalidade) para alguma linha de constante ação que é necessariamente uma parte da atividade divina, no sentido amplo.

Está certo aqui, no uso do pensamento, que a diferença entre a magia negra e a branca possa ser vista. O egoísmo, a grosseria, o ódio e a crueldade caracterizam o trabalhador na substância mental cujos motivos estão, por muitas vidas, centrados em torno de seu próprio engrandecimento, focalizados em sua aquisição pessoal de posses e dirigidos inteiramente para a conquista de seu próprio prazer e satisfação, pouco importando o que isto possa custar aos demais. Tais homens são felizmente poucos, mas o caminho para tal ponto de vista é fácil de alcançar e muitos precisam guardar-se para que não trilhem impensadamente o caminho para a materialidade.

Um crescimento gradual e firme na consciência e responsabilidade do grupo, uma submissão dos desejos do eu pessoal e a manifestação de um espírito amoroso caracterizam aqueles que estão orientados para o lado da vida do todo divino. Pode-se dizer que os seres humanos caem em três grupos principais:

1 - A vasta maioria, que não é nem boa nem má, mas que simplesmente não pensa, inteiramente submersa na maré evolutiva, no trabalho de desenvolver uma verdadeira consciência de si mesma e o necessário equipamento.

2 - Um número pequeno, muito pequeno, que está trabalhando definida e conscientemente no lado da materialidade ou (se preferirem que assim me expressem) do lado do mal. Eles são poderosos no plano físico, mas seu poder é temporal e não eterno. A lei do universo, que é a lei do amor, está eternamente contra eles, e fora do mal aparente surgirá o bem.

3 - Um considerável número, que são os pioneiros no reino da alma, que são os expoentes das ideias da nova era e os guardiães daquele aspecto da Sabedoria Eterna que será proximamente revelado à humanidade. Este grupo é constituído dos homens e mulheres inteligentes e altruístas em todo campo do esforço humano, dos aspirantes e discípulos, dos iniciados que emitem a nota para os vários grupos e tipos e da própria Hierarquia Oculta. A influência deste grupo de místicos e conhecedores é extraordinariamente grande e a oportunidade para trabalhar em cooperação com ele neste tempo é mais fácil de alcançar do que em qualquer outra época na história da raça.

O primeiro grupo não pensa; os outros dois grupos estão começando a pensar e a empregar as leis do pensamento. É com o uso do pensamento pelo aspirante que Eu procuro lidar. Encontrar-se-á muito sobre o pensamento em Um Tratado sobre o Fogo Cósmico, mas Eu pretendo dar algumas ideias práticas e sugestões que ajudarão ao aspirante médio a trabalhar como devido.

Lembremos antes de tudo que nenhum aspirante, não importa quão sincero e devotado, está livre de falhas. Estivesse ele livre, e seria um adepto. Todos os aspirantes ainda são egoístas, ainda inclinados à irritabilidade e às manifestações de gênio, ainda sujeitos à depressão e até às vezes ao ódio. Muitas vezes aquelas manifestações do gênio e do ódio podem ser consequência do que nós chamamos justas causas. A injustiça da parte dos outros, a crueldade para com os seres humanos e os animais e os ódios e vícios de seus semelhantes despertam neles reações correspondentes e provocam neles muito sofrimento e atraso. Uma coisa precisa ser sempre lembrada. Se um aspirante despertar o ódio num companheiro, se despertar suas manifestações de gênio e se deparar com o desgosto e o antagonismo, é porque ele próprio não está inteiramente inofensivo; há ainda nele sementes do distúrbio, porque é uma lei na natureza que nós recebemos o que damos e produzimos reações conforme nossa atividade, seja ela física, emocional ou mental.

Há certos tipos de homens que não ficam sob esta categoria. Quando um homem tiver alcançado uma etapa de alta iniciação, o caso é diferente. As ideias cujas sementes ele procura espalhar, o trabalho que ele é fortalecido a realizar, a iniciativa pioneira que ele se esforça por levar adiante, podem - e muitas vezes conseguem - despertar naqueles que não sentem a beleza de sua causa e a correção da verdade que enuncia, um ódio e uma fúria que o perturbam muito e pelos quais ele não é pessoalmente responsável. Este antagonismo vem dos reacionários e dos devotos da raça e dever-se-ia lembrar que é grandemente impessoal mesmo que focalizado nele como o representante de uma ideia. Mas com estas elevadas almas Eu não lido e sim com os estudantes da sabedoria Eterna estão aprendendo não somente que eles raramente pensam, mas que quando eles o fazem estão muitas vezes errando, pois eles são forçados à atividade do pensamento por reações que têm sede em sua natureza inferir e estão baseadas no egoísmo e na falta do amor.

Há três lições que todo aspirante precisa aprender:

Primeira, que todo pensamento-forma que ele constrói é construído sob o impulso de alguma emoção ou de algum desejo; em casos mais raros pode ser construído na luz da iluminação e incluir, por isso, alguma intuição. Mas com a maioria, o impulso motivador que põe em atividade a matéria mental é emocional, ou um potente desejo, seja bom ou mal, egoísta ou altruísta.

Segunda, deve-se ter em mente que o pensamento-forma assim construído, ou permanecerá em sua própria aura, ou encontrará seu caminho para um objetivo palpável. No primeiro caso, ele fará parte de uma densa parede de tais pensamentos-forma que o cercam inteiramente ou constituem sua aura mental, e crescerá em força à medida que ele lhe dê atenção, até que se torne tão grande que ele fechará a realidade do estudante, ou será tão dinâmico e potente que fá-lo-á vítima do que construiu. O pensamento-forma será mais poderoso do que seu criador, de maneira que este se torna obsedado por suas próprias ideias e conduzido por sua própria criação. No segundo caso, seu pensamento- forma encontrará o caminho para a aura mental de um outro ser humano ou para algum grupo. Vocês têm aqui as sementes do trabalho mágico maléfico e a imposição de uma mente poderosa sobre uma mais fraca. Se ele encontrar o caminho para algum grupo, análogas formas impulsivas (encontradas na aura do grupo) unir-se-ão a ele, tendo a mesma medida ou onda vibratória. Então a mesma coisa ocorrerá na aura do grupo, tal como ocorreu no circulo-não-se-passa individual - o grupo terá em torno de si uma parede inibitória de pensamentos-forma ou será obsedado por alguma ideia. Aqui nós temos a chave para todo sectarismo, para todo fanatismo e para algumas formas de insanidade, tanto grupal como individual.

Terceira, o criador do pensamento-forma (neste caso um aspirante) permanece responsável. A forma permanece ligada a ele por seu propósito vivo e, portanto o carma dos resultados, e o trabalho final da destruição daquilo que ele terá construído deve ser seu. Isto é verdadeiro para cada ideia incorporada, a boa tanto quanto a má. O criador de todas elas é responsável pelo trabalho de sua criação. O Mestre Jesus, por exemplo, ainda tem que lidar com os pensamentos-forma que nós chamamos de Igreja Cristã e tem muito que fazer. O Cristo e o Buda ainda têm algum trabalho consumidor para desenvolver, embora não tanto com as formas que incorporam seus princípios enunciados como com as almas que evoluíram através da aplicação daqueles princípios.

Com o aspirante, todavia, que está ainda aprendendo a pensar, o problema é diferente. Ele ainda está inclinado a usar a matéria do pensamento para incorporar sua apreensão errônea das ideias reais. Ele está ainda apto a expressar seus gostos e desgostos através do poder do pensamento; ele ainda está inclinado a usar a matéria mental para possibilitar seus desejos da personalidade. A isto todo aspirante sincero tem de testemunhar.

Sente-se muita preocupação entre muitos de vocês quanto á guarda dos pensamentos e à proteção das ideias formuladas. Alguns pensamentos são ideias, revestidas na matéria mental e guardam seu habitat no plano da matéria mental. Tais são as concepções abstratas e os fatos raramente percebidos da vida interna mística ou ocultista que passam através da mente do pensador. Eles não são tão difíceis de guardar, pois suas vibrações são tão altas e leves que poucas pessoas têm o poder de revesti-los adequadamente na matéria mental e aqueles poucos são tão raros que o risco de tais conceitos serem promulgados de maneira imprudente não é muito grande.

Então há as comunicações envolvidas no ensinamento ocultista. O círculo daqueles que os alcançam está de certo modo se alargando e esses pensamentos-forma frequentemente tomam, para si próprios, matéria astral do desejo, no coração do estudante, para verificar, corroborar e compartilhar com o grupo cujo conhecimento é tão vital quanto o seu. Algumas vezes isto é possível, e outras vezes não. Se proibido, qual é o método de proteção então? Grandemente uma recusa em permitir que a matéria do plano astral adira ao pensamento-forma mental. Combater a questão no nível do desejo e impedir que aquele tipo de matéria seja formulado. Onde não existe o desejo de falar e onde a aspiração é impedir a reunião do material em torno do núcleo, outro pensamento-forma é construído, que intervém e protege.

Ainda outro tipo de pensamento-forma surge, - o mais prevalente e o que causa a maior perturbação. São estes os fatos da informação, do material detalhado, das notícias (se assim preferirem chamá-las) a base do que pode degenerar em mexericos, que concernem ou ao seu trabalho, administrativo ou de outro tipo, e das que dizem respeito a outras pessoas. Como vocês impedirão sua mente de transmitir para outros fatos como estes? Eles são fatos que têm sua origem na ocorrência do plano físico e nisto está a dificuldade. Os fatos internos da vida oculta e aqueles que se originam no plano mental não são tão difíceis de ocultar. Eles não chegam ao seu caminho senão quando as vibrações que você emite estejam sintonizadas suficientemente para eles, e, como uma regra, quando assim é, um caráter de suficiente estabilidade e sabedoria acompanha pari passu. Mas não é assim com um fato no plano físico. Que deve ser feito? Os outros pensamentos descem do alto; estes últimos tentam elevar-se do plano físico e crescem em vitalidade pelo conhecimento dos muitos, frequentemente dos muitos imprudentes. Uma espécie começa nebulosamente no plano mental e somente o tipo superior da mente pode formulá-la e revesti-la de matéria com precisão geométrica, e tal mente habitualmente tem a sabedoria que recusa revesti-la na matéria do plano astral. Não é assim com o fato do plano físico. Ele é uma entidade vital, envolvida em material do plano astral e do plano mental quando você o encontra e com ele entra em contato pela primeira vez. Você irá vitalizá-lo, ou contê-lo? Contenha-o por um impulso e onda de amor pela parte implicada, que envolva o pensamento-forma e o envie de volta para o emissor, levado nas asas de uma onda de matéria do plano astral, forte bastante para movimentar-se em todas as direções, talvez desintegrar-se, mas quase certamente devolvê-lo inofensivamente a quem o enviou. Talvez seja uma má informação, uma mentira ou quem sabe um mexerico. Desvitalize-o pelo amor, faça-o em pedaços pelo poder de um contra-pensamento-forma de paz e harmonia.

Ou outra vez, pode ser verdadeiro, alguma ocorrência ou ação má ou triste de algum irmão equivocado. Que deve então ser feito? A verdade não pode ser desvitalizada ou desintegrada. A lei da Absorção ajudá-los-á aqui. Em seu coração vocês absorverão o pensamento-forma que encontrarem e lá transmutá-lo-ão pela alquimia do amor. Permitam que Eu seja prático e ilustre, pois o assunto é de importância.

Algum irmão chega a vocês e lhes conta um fato sobre outro Irmão - um fato envolvendo o que o mundo chamaria de malfeito da parte daquele irmão. Vocês que sabem muito mais do que o homem comum da rua, compreenderão que aquilo que é chamado malfeito pode ser apenas o cumprimento do carma, ou ter sua base num bom motivo construído erradamente. Não acrescentem nada à conversa, não levem adiante a informação, deste modo, no que a vocês concerne, o pensamento-forma, construído em torno do fato, terá alcançado o que vocês chamam um beco sem saída.

Que farão então? Construam uma corrente contrária de pensamentos que (numa onda de amor) vocês enviarão ao seu aparentemente errante irmão: pensamentos de bondosa assistência, de coragem e aspiração e de uma sábia aplicação das lições a serem aprendidas do fato que ele realizou. Não usem a força, pois os pensadores fortes não devem influenciar indevidamente outras mentes, mas enviar uma suave corrente de sábio amor transmutador. Nós temos aqui três métodos, nenhum estritamente oculto, pois serão fornecidos, ao alcance de muitos.

1 - O pensamento-forma mantido em níveis mentais, isto é, a inibição da matéria do plano astral.
2 - O pensamento-forma rompido e desintegrado por uma corrente de força-amor bem-dirigida.
3 - A absorção do pensamento-forma e a formulação de um contra-pensamento de amorosa sabedoria.

Inibição - Desintegração - Absorção

Há três principais penalidades que se ligam ao uso errado da substância do pensamento e delas o aspirante deve aprender a livrar-se, e a evitar suas atividades; finalmente isto tornará o processo da salvação desnecessário.

1 - Um potente pensamento-forma poderá agir como um boomerang. Ele pode voltar, carregado com acelerada velocidade, àquele que o enviou para sua missão. Um forte ódio, revestido de matéria mental, pode voltar para seu criador carregado com a energia da pessoa odiada e pode daí trabalhar devastadoramente na vida do aspirante. Não odeiem, pois o ódio volta sempre para sua origem. Há uma profundidade de verdade no antigo aforismo: "As maldições, como as galinhas, vêm para casa dormir".

Um potente desejo pela aquisição material finalmente voltará trazendo, inevitavelmente aquilo que tenha sido desejado, somente para achar, na maioria dos casos, que o aspirante não mais tem o desejo veemente de posse, mas a considera como um incubo, ou, nesse meio tempo, já possui mais do que necessita e está saciado e não sabe o que fazer com tudo o que ganhou.

Um potente pensamento-forma incorporando uma aspiração pela iluminação espiritual ou pelo reconhecimento pelo Mestre pode trazer tal fluxo de luz que chegue a cegar o aspirante e torná-lo consequentemente o possuidor de uma riqueza de energia espiritual para a qual não se acha preparado e que ele não pode usar. Novamente, ele pode atrair para o aspirante um pensamento-forma de um dos Grandes e assim impulsioná-lo mais fundo para o mundo da ilusão e do astralismo. Daí a necessidade da humildade, de um anseio em servir e de um resultante autoesquecimento, se alguém pretender construir verdadeira e corretamente. Tal é a Lei.

2 - Um pensamento-forma pode também agir como um agente venenoso e envenenar todas as fontes da vida. Pode não ser potente bastante para se projetar para fora da aura do seu criador (muito poucos pensamentos-forma o são), e encontrar seu objetivo em uma outra aura para ali reunir força e assim voltar de lá de onde veio, mas ele pode ter uma vitalidade própria que pode devastar a vida do aspirante. Um violento desgosto, um aborrecimento corrosivo, um ciúme, uma constante ansiedade e a saudade por alguma coisa ou por alguém podem agir tão potentemente quanto um irritante quanto um irritante ou veneno que inutilize a vida inteira e o serviço é tornado fútil. A vida inteira é amargada e desvitalizada pelo aborrecimento, ódio ou desejo corporificados. Todos os relacionamentos com outras pessoas se tornam igualmente fúteis ou mesmo definidamente daninhos, pois o estudante aborrecido ou suspeito estraga o círculo familiar ou seu grupo de amigos por sua atitude interior envenenada, governada por uma ideia. Sua relação com sua própria alma e a força do contato com o mundo de ideias espirituais ficam paralisadas, pois ele não pode prosseguir e é contido pelo veneno em seu sistema mental. Sua visão se torna distorcida, sua natureza corroída e todos os seus relacionamentos bloqueados pelos pensamentos cansativos, irritantes, a que ele mesmo deu forma e que têm uma vida tão poderosa que podem envenená-lo. Ele não se pode livrar sozinho deles, pouco importando quão arduamente o tente ou quão claramente veja (teoricamente) a causa de sua perturbação. Esta é uma das formas mais comuns de dificuldades, pois ela tem sua base na vida pessoal egoísta e é muitas vezes tão fluídica que parece desafiar a ação direta.

3 - O terceiro perigo contra o qual o aspirante precisa guardar-se é o de se tornar obsedado por suas próprias ideias corporificadas, sejam elas temporariamente certas ou basicamente errôneas. Não se esqueçam de que todas as ideias certas são temporárias em natureza e deverão finalmente tomar seu lugar como acertos parciais e dar lugar à verdade maior. Um homem pode ter alcançado alguns dos princípios menores da Sabedoria Eterna tão claramente e ficar tão convencido de sua correção que o todo maior é esquecido e ele constrói um pensamento-forma sobre a verdade parcial que ele viu, a qual pode provar ser uma limitação e mantê-lo um prisioneiro e impedi-lo de progredir. Ele fica tão certo de sua possessão da verdade que não consegue ver a verdade de ninguém mais. Ele pode estar tão convencido da realidade de seu próprio conceito corporificado do que a verdade possa ser, que esquece suas próprias limitações cerebrais e que a verdade chegou a ele através de sua própria alma e é consequentemente colorida pelo seu raio, sendo subsequentemente construída na forma por sua mente separativa pessoal. Ele vive apenas para aquela pequena verdade; não pode ver nenhuma outra; ele força seu pensamento-forma sobre outras pessoas; ele se torna o obsedado fanático e assim mentalmente desequilibrado, mesmo que o mundo o considere são.

Como um homem guardar-se-á desses perigos? Como ele construirá corretamente? Como preservará aquele equilíbrio que o capacitará de ver verdadeiramente, julgar corretamente e assim preservar seu contato mental com sua alma e com as almas de seus semelhantes?

Primeiro e acima de tudo pela constante prática da Inofensividade. Isto envolve a inofensividade no falar e também no pensamento e consequentemente na ação. É uma inofensividade positiva, envolvendo constante atividade e vigilância; não é uma tolerância fluídica e negativa.

Em segundo lugar, por uma guarda diária das portas do pensamento e uma supervisão da vida do pensamento. Certas linhas de pensamento, não serão permitidas; certos velhos hábitos de pensar serão expelidos pela instituição de pensamento construtivo criador; certas ideias preconcebidas (registrem o valor esotérico desta frase) serão relegadas para a retaguarda de modo que os novos horizontes sejam visualizados e as novas ideias possam entrar. Isto incluirá uma vigilância diária, horária, mas somente quando os velhos hábitos tiverem sido superados é que o novo ritmo será estabelecido. Então o aspirante descobrirá que a mente está tão focalizada nas novas ideias espirituais que os velhos pensamentos-forma não conseguirão reter a atenção. Eles morrerão de inanição. Há encorajamento neste pensamento. O trabalho dos primeiros três anos será o mais árduo. Depois disso a mente reclamará pelas ideias e não pelos pensamentos-forma.

Em terceiro lugar, recusando viver no mundo dos próprios pensamentos e penetrando no mundo das ideias e da corrente dos pensamentos humanos. O mundo das ideias é o mundo da alma e da mente superior. A corrente dos pensamentos humanos e das opiniões é aquela da consciência pública e da mente inferior. O aspirante precisa funcionar livre em ambos os mundos. Observem isto cuidadosamente. O pensamento não é que ele deva funcionar livremente, o que envolve mais a ideia da facilidade, mas que ele deva funcionar como um agente livre em ambos os mundos. Através da constante meditação diária ele faz o primeiro. Através da ampla leitura e acolhedor interesse e compreensão ele realiza o segundo.

Em quarto lugar, ele precisa aprender a libertar-se de suas próprias criações do pensamento e deixá-las livres para realizar o propósito para o qual ele inteligentemente as criou. Este quarto processo se divide em duas partes:

1 - Pelo uso de uma frase mística ele rompe o elo que mantém uma ideia corporificada em sua aura de pensamento.

2 - Libertando sua mente da ideia, uma vez ele a tenha enviado para sua missão, ele aprende a lição do Bhagavad Gita e "trabalha sem apego".

Estes dois pontos variarão de acordo com o crescimento e status do aspirante. Cada um tem, por si mesmo, de formular sua própria "frase de separação" e cada um tem que, por si mesmo, sozinho e sem ajuda, aprender a se desligar dos três mundos em que ele trabalha, em seu esforço para impulsionar sua ideia do trabalho a ser feito. Ele tem que ensinar a si próprio retirar sua atenção do pensamento-forma que construiu, onde aquela ideia está corporificada, sabendo que assim como ele vive como uma alma e a energia espiritual se derrama através dele, também seu pensamento-forma expressará a ideia espiritual e realizará sua obra. Ele é mantido unido pela vida da alma e não pelo desejo da personalidade. Os resultados tangíveis são sempre dependentes da força do impulso espiritual animando sua ideia, qual está corporificada em seu pensamento-forma. Sua obra está no mundo de ideias e não nos efeitos físicos. Automaticamente os aspectos físicos responderão ao impulso espiritual.

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SALVAÇÃO DA MORTE

Chegamos agora à segunda fase do nosso estudo das palavras finais da Regra XI. Lidamos com a salvação dos perigos incidentes à criação dos pensamentos-forma por um ser humano que aprendeu, ou está aprendendo, a criar no plano mental. Muito poderia ter sido dito do ponto de vista da incapacidade da maioria dos estudantes para pensar com clareza. O pensador claro envolve a capacidade de se dissociar, temporariamente pelo menos, de todas as reações e atividades de uma natureza emocional. Enquanto o corpo astral estiver numa movimentação incessante e seus estados de ânimo e sentimentos, seus desejos e emoções forem poderosos bastante para atrair a atenção, os processos de pensamentos positivos puros não serão possíveis. Até que venha o tempo em que haja uma apreciação mais geral do valor da concentração e da meditação, e até que a natureza da mente e suas modificações sejam mais universalmente compreendidas, qualquer ulterior instrução sobre o assunto seria fútil.

Nestas instruções procurei dar uma indicação dos primeiros passos na psicologia esotérica e lidamos basicamente com a natureza e modo de treinamento do corpo astral. Mais tarde neste século, a psicologia da mente, sua natureza e modificações poderão ser manejadas com mais detalhes. Mas ainda não é chegado o tempo.

Nosso assunto agora é a salvação da natureza corporal através do processo da morte.

Duas coisas precisam ser mantidas na mente ao procurarmos estudar os meios desta salvação:

Primeiro, por natureza corporal eu penso na personalidade integrada, ou no equipamento humano do corpo físico, veículo vital ou etérico, a substância (ou modo de ser) da natureza do desejo, e a matéria mental. Estas constituem os invólucros ou formas exteriores da alma encarnada. O aspecto consciência é algumas vezes focalizado numa e algumas vezes na outra, ou se identifica com a forma ou com a alma. O homem comum trabalha com facilidade e autoconsciência nos corpos físico e astral. O homem inteligente e altamente evoluído acrescentou a estes dois o controle consciente de seu equipamento mental, embora somente em alguns de seus aspectos, tais como a faculdade de memorizar e analisar. Ele também, em alguns casos, foi bem sucedido na unificação desses três numa personalidade funcionando conscientemente. O aspirante começa a compreender algo do princípio da vida que anima a personalidade, ao passo que o discípulo já utiliza todos os três, porque ele coordenou ou alinhou a alma, a mente e o cérebro e está, portanto começando a trabalhar com seus aspectos do equipamento subjetivo, ou de energia.

Em segundo lugar, esta salvação é alcançada através de uma compreensão correta da experiência mística à qual chamamos de morte. Este deve ser nosso tema e o assunto é tão imenso que Eu posso somente indicar algumas linhas segundo as quais o aspirante pode pensar e colocar certas premissas que ele poderá mais tarde elaborar. Nós nos limitaremos também, inicialmente, à morte do corpo físico.

Vamos, antes de mais nada definir este misterioso processo ao qual todas as formas estão sujeitas e que é frequentemente somente o temido fim - temido porque não é compreendido. A mente do homem é tão pouco desenvolvida que o medo do desconhecido, o terror do não familiar e o apego à forma criaram uma situação onde uma das mais benéficas ocorrências no ciclo de vida de um Filho de Deus encarnado é considerada como algo a ser evitado e adiado por tanto tempo quanto possível.

A morte, se pudéssemos conscientizá-la, é uma de nossas atividades mais praticadas. Nós temos morrido muitas vezes e morreremos muitas outras vezes. A morte é essencialmente um assunto de consciência. Nós estamos conscientes num momento no plano físico e num instante depois nos retiramos para outro plano e ficamos ativamente conscientes lá. Na medida em que nossa consciência estiver identificada com o aspecto forma, a morte conservará para nós o seu antigo terror. Tão logo nós nos conheçamos como almas e descubramos que somos capazes de focalizar nossa consciência ou sentido de consciência em qualquer forma ou em qualquer plano voluntariamente, ou em qualquer direção dentro da forma de Deus, nós não mais conheceremos a morte.

A morte, para o homem comum, é o cataclísmico fim, envolvendo o término de todas as relações humanas, a cessação de toda a atividade física, a ruptura de todos os sinais de amor e de afeição e a passagem (não desejada e sob protesto) para o desconhecido e o temido. Ela é análoga ao deixar-se um aposento iluminado e aquecido, amigo e familiar, onde nossos bem-amados estão reunidos, e sair para a noite fria e escura, sozinho e tomado pelo terror, esperando pelo melhor e sem a certeza de coisa alguma.

Mas as pessoas conseguem esquecer que toda noite, nas horas do sono, nós morremos para o plano físico e estamos vivos e ativos nos demais. Esquecem que já alcançaram a facilidade em deixar o corpo físico; porque não podem por enquanto trazer de volta para a consciência do cérebro físico a lembrança daquela saída e do subsequente intervalo de vida ativa, não conseguem relacionar a morte com o sono. A morte, afinal de contas, é somente um intervalo mais longo na vida do funcionamento do plano físico; a pessoa terá apenas "saído" por um período mais longo. Mas o processo do sono diário e o processo da morte ocasional são idênticos, com a única diferença que, no sono, o fio magnético, ou corrente de energia pelo qual a força da vida circula, é preservado intacto e constitui o caminho de volta para o corpo. Na morte, este fio de vida se parte ou rompe. Quando isto acontece, a entidade consciente não pode voltar ao corpo físico denso e aquele corpo, por falta de princípio de coesão, então se desintegra.

Deve-se lembrar que o propósito e a vontade da alma, a determinação espiritual de ser e fazer, utiliza o fio da alma, o sutratma, a corrente de vida, como seu meio de expressão na forma. Esta corrente de vida se diferencia em duas correntes ou dois fios quando alcança o corpo e "ancora", se assim posso expressá-lo, em duas localizações naquele corpo. Isto é simbólico das diferenciações de Atma, ou Espírito, em seus dois reflexos, alma e corpo. A alma, ou aspecto consciência, aquele que torna um ser humano uma entidade pensante, racional, é "ancorada" por um aspecto deste fio da alma num "assento" no cérebro, encontrado na região da glândula pineal. O outro aspecto da vida que anima todo átomo do corpo e que constitui o princípio da coesão ou da integração, encontra seu caminho no coração e é focalizado ou "ancorado" ali. Desses dois pontos, o homem espiritual procura controlar o mecanismo. Assim se torna possível funcionar no plano físico e a existência objetiva se torna um modo temporário de expressão. A alma, assentada no cérebro, torna o homem uma entidade racional inteligente, autoconsciente e autodiretora; ele fica consciente numa gradação variável, do modo no qual vive, de acordo com o ponto de evolução e consequente desenvolvimento do mecanismo. Aquele mecanismo é tríplice em expressão. Há antes de tudo os nadis e os sete centros de força; depois o sistema nervoso em suas três divisões: cérebro-espinhal, autônomo e periférico; e então há o sistema endócrino, que poderia ser considerado como o aspecto mais denso ou exteriorização dos outros dois.

A alma, assentada no coração, é o princípio vital, o princípio da autodeterminação, o núcleo central da energia positiva através da qual os átomos do corpo são conservados em seu lugar certo e subordinados à "vontade-de-ser" da alma. Este princípio da vida utiliza a corrente sanguínea como seu modo de expressão e como sua agência controladora e através da íntima relação do sistema endócrino com a corrente sanguínea, nós temos os dois aspectos da atividade da alma reunidos para fazer do homem uma entidade viva, consciente e funcionante, governado pela alma e expressando o propósito da alma em todas as atividades da vida diária.

A morte, portanto, é literalmente a retirada destas duas correntes de energia do coração e da cabeça, produzindo, consequentemente, a completa perda de consciência e a desintegração do corpo. A morte difere do sono nisso que ambas as correntes de energia são retiradas. No sono somente o fio da energia, que está assentado no cérebro é retirado e quando isto acontece o homem se torna inconsciente. Por isto nós queremos dizer que sua consciência ou senso de percepção está localizado em alguma parte. Sua atenção não mais está dirigida para as coisas tangíveis e físicas mas está voltada para um outro mundo de existência e se torna centrada num outro equipamento ou mecanismo. Na morte, ambos os fios são retirados ou unificados no fio da vida. A vitalidade cessa de penetrar através da corrente sanguínea e o coração para de funcionar assim como o cérebro para de registrar e assim se instala o silêncio. A casa fica vazia. A atividade cessa, exceto aquela interessante e imediata atividade que é a prerrogativa da própria matéria e que se expressa no processo da decomposição. De certos aspectos, por conseguinte, aquele processo indica a unidade do homem com tudo que é material; ela demonstra que ele é parte da própria natureza e por natureza nós queremos dizer o corpo da vida una em quem "nós vivemos, nos movemos e temos nossa existência". Naquelas três palavras - viver, mover-se e existência - nós temos a história inteira.

Existência é percepção, autoconsciência e autoexpressão e disto a cabeça e o cérebro do homem são os símbolos exotéricos.

Viver é energia, desejo na forma, coesão e adesão a uma ideia e disto o coração e o sangue são os símbolos exotéricos.

Mover-se indica a integração e resposta da entidade existente, consciente, viva, a uma atividade universal e disto o estômago, o pâncreas e o fígado são os símbolos.

É interessante, embora acidental em nosso assunto, ter em mente que nos casos de imbecilidade e idiotia e naquela etapa da velhice que nós chamamos de degeneração senil, o fio que está assentado no cérebro é retirado, ao passo que o que leva o impulso ou necessidade de vida ainda está aplicado ao coração. Há vida, mas não inteligente percepção; há movimento, mas não direção inteligente; no caso da senilidade, quando tiver havido um equipamento de alto grau utilizado na vida, pode haver a aparência de um funcionamento inteligente, mas isso é uma ilusão devida ao velho hábito e a um ritmo antigo estabelecido, mas não a um propósito coerente coordenado.

Deve-se observar também que a morte é, portanto, adotada sob a direção do ego, pouco importando quão inconsciente um ser humano possa estar daquela direção. O processo se opera automaticamente com a maioria, pois quando a alma retira sua atenção a inevitável reação no plano físico é a morte, seja pela abstração dos fios duais da vida e da energia da razão, seja pela abstração do fio de energia que é qualificado pela mentalidade, deixando a corrente da vida ainda funcionando através do coração mas sem consciência inteligente. A alma está voltada para algum outro lugar e ocupada com seu próprio plano e seus próprios assuntos.

No caso dos seres humanos altamente evoluídos nós muitas vezes encontramos um sentido de previsão quanto ao período da morte; isto é o resultado do contato e consciência egoicos dos desejos do ego. Envolve algumas vezes um conhecimento do próprio dia da morte, acompanhado de uma preservação da determinação-própria até o momento final da retirada. No caso de iniciados há muito mais do que isto. Há uma compreensão inteligente das leis da abstração e isto capacita aquele que está fazendo a transição a retirar-se conscientemente e em plena vigília consciente do corpo físico e assim funcionar no plano astral. Isto envolve a preservação da continuidade de consciência de modo que nenhum hiato ocorra entre o senso da consciência do plano físico e aquele do estado de após a morte. O homem se reconhece como sendo como era antes, embora sem um equipamento pelo qual possa entrar em contato com o plano físico. Ele se mantém consciente dos estados de ânimo e dos pensamentos daqueles que ele ama, embora não possa perceber nem contatar o veículo físico denso. Ele pode comunicar-se com eles no plano astral ou, telepaticamente, através da mente, se estiverem em relação recíproca, mas a comunicação que envolve o uso dos cinco sentidos físicos da percepção está necessariamente fora do seu alcance. É útil lembrar, todavia, que astral e mentalmente o intercâmbio pode ser mais íntimo e mais sensível do que jamais antes, pois ele está livre da desvantagem do corpo físico. Duas coisas, todavia, militam contra este intercâmbio: uma é o sofrimento e violenta perturbação emocional daqueles deixados atrás e, no caso do ser humano comum, a outra é a própria ignorância e confusão do homem quando ele se depara com o que são para ele novas condições, embora elas sejam realmente condições velhas, se ele pudesse dar-se conta disso. Uma vez que os homens tenham perdido o medo da morte e estabelecido uma compreensão do mundo de após-morte que não seja baseada na alucinação nem na histeria nem nas conclusões (muitas vezes não inteligentes) do médium comum, que fala sob o controle do seu próprio pensamento-forma (construído por si e pelo círculo de assistentes), nós teremos o processo da morte propriamente controlado. A condição daqueles deixados atrás será cuidadosamente apreciada de modo a não haver nenhuma perda de relação e nenhum falso gasto de energia.

Há uma grande diferença agora entre o método científico de trazer as pessoas à encarnação e a maneira perfeitamente cega e muitas vezes atemorizada e certamente ignorante pela qual nós as expelimos da encarnação. Eu procuro hoje abrir a porta do ocidente para um método mais novo e mais científico de manipular o processo de morrer e procurarei ser perfeitamente claro. O que tenho a dizer não despreza, de nenhum modo, a moderna ciência médica com seus paliativos e competência. Tudo que defendo é uma sã abordagem da morte; tudo que procuro fazer é uma sugestão que quando a dor tenha passado e sobrevindo a fraqueza, a pessoa que está morrendo tenha permissão para se preparar, mesmo se aparentemente inconsciente, para a grande transição. Não esqueçam que é preciso força e uma forte sustentação no equipamento nervoso para produzir dor. Será impossível conceber-se um tempo em que o ato de morrer seja um triunfante final da vida? Será impossível visualizar o tempo em que as horas gastas no leito de morte possam ser apenas um glorioso prelúdio para uma saída consciente? Quanto o fato de o homem dever livrar-se da desvantagem do invólucro físico possa ser para si e para os que o cercam a alegre e por muito tempo esperada consumação? Não poderão vocês visualizar o tempo em que em vez de lágrimas e medo e a recusa de aceitar o inevitável, a pessoa que está por morrer e seus amigos combinassem mutuamente a hora e que nada, a não ser a felicidade, caracterizasse a passagem? Que nas mentes daqueles deixados para trás o pensamento da tristeza não entre e que os leitos mortuários venham a ser considerados como ocasiões mais felizes do que os nascimentos e casamentos? Digo-lhes que antes que se passe muito tempo isto tornar-se-á assim para os inteligentes da raça, e, pouco a pouco, para todos os demais.

Vocês dizem que por enquanto somente há crenças relativas à imortalidade e nenhuma evidência segura. Na acumulação do testemunho, nas certezas internas do coração humano, no fato da crença na persistência eterna como uma ideia nas mentes dos homens, existe segura indicação. Mas a indicação dará lugar à convicção e ao conhecimento antes que outro século se tenha passado, pois um acontecimento ocorrerá e uma revelação será dada à raça que transformará a esperança em certeza e a crença em conhecimento. No meio tempo, que uma nova atitude ante a morte seja cultivada e uma nova ciência da morte seja inaugurada. Que ela deixe de ser a única coisa que nós não podemos controlar e que inevitavelmente derrotar-nos-á e comecemos a controlar nossa passagem para o outro lado e a compreender algo da técnica da transição.

Antes que Eu me aprofunde em maiores detalhes neste assunto gostaria de fazer referência à "trama no cérebro", que está intacta na maioria, mas é não existente para o vidente iluminado.

No corpo humano, como sabem, nós temos um corpo vital subjacente, interpenetrante, que é a contraparte do físico, que é maior do que o físico e ao qual nós chamamos o corpo ou duplo etérico. É um corpo de energia composto de centros de força e nadis ou condutores de força. Estes são subjacentes ou a contraparte do sistema nervoso - os nervos e os gânglios nervosos. Em dois lugares no corpo vital humano há orifícios de saída para a força da vida. Uma abertura está no plexo solar e a outra está no cérebro, no alto da cabeça. Protegendo ambas está uma trama densamente tecida de matéria etérica, composta de fios entrelaçados de energia vital.

Durante o processo da morte, a pressão da energia vital chocando-se conta a trama produz finalmente uma perfuração ou abertura. Por esta, a força vital se derrama à medida que a potência da influência abstrativa alma aumenta. No caso dos animais, de crianças e de homens e mulheres que estão inteiramente polarizados nos corpos físico e astral, a porta de saída é o plexo solar e é aquela trama que é perfurada, assim permitindo a saída. No caso dos tipos mentais, das unidades humanas mais evoluídas, é a trama do alto da cabeça na região da fontanela que é rompida, assim novamente permitindo a saída do ser racional pensante.

Nos sensitivos e no caso dos médiuns e videntes inferiores (pessoas clarividentes e clariaudientes) a trama do plexo solar é permanentemente rompida desde cedo na vida e facilmente por isso elas entram e saem do corpo, enquanto em transe, como se chama, e funcionando no plano astral. Mas para estes tipos não há continuidade de consciência e não parece haver relação entre a sua existência no plano físico e os acontecimentos que eles relatam enquanto no transe e dos quais eles habitualmente permanecem totalmente inconscientes no estado vigil. Toda a performance está abaixo do diafragma e se relaciona basicamente com a Vida sensorial animal. No caso da clarividência consciente e no trabalho dos sensitivos e videntes superiores não há transe, nem obsessão, nem mediunidade. É a trama no cérebro que é perfurada e a abertura naquela região permite o influxo da luz, da informação e da inspiração; ela confere também o poder de passar para o estado de Samadhi, que é a correspondência espiritual para a condição de transe da natureza animal.

No processo da morte estas são, portanto, as duas principais saídas: o plexo solar para o ser humano polarizado astralmente e focalizado no plano físico e, por conseguinte, da vasta maioria, e o centro da cabeça para o ser humano polarizado mentalmente e orientado espiritualmente. Este é o primeiro e mais importante fato a se ter presente e ver-se-á facilmente como a inclinação de uma tendência da vida e o foco da atenção da vida determinam o modo de saída na morte. Pode-se também ver que um esforço para controlar a vida astral e a natureza emocional e para se orientar para o mundo mental e para as coisas espirituais tem um importante feito nos aspectos fenomênicos do processo da morte.

Se o estudante estiver pensando claramente, tornar-se-lhe-á aparente que uma saída diz respeito ao homem espiritual e altamente evoluído, ao passo que a outra diz respeito ao ser humano de grau inferior que mal ultrapassou o estágio animal. Que dizer, então, do homem comum? Uma terceira saída está agora em uso temporário; bem abaixo da ponta do coração se encontra outra trama etérica cobrindo um orifício de saída. Nós temos, por conseguinte, a seguinte situação:

1 - A saída na cabeça, usada pelo homem do tipo intelectual, pelos discípulos e iniciados do mundo.

2 - A saída no coração, usada pelo homem (ou mulher) bondoso, bem intencionado, que é um bom cidadão, um amigo inteligente e um trabalhador filantrópico.

3 - A saída na região do plexo solar, usada pelo homem emocional, não inteligente, que não pensa e por aqueles cuja natureza animal é forte.

Este é o primeiro ponto da nova informação que lentamente tornar-se-á conhecimento comum no Ocidente durante o próximo século. Muito dele já é conhecido pelos pensadores no Oriente e está na natureza de um primeiro passo na direção de uma compreensão racional do processo da morte.

O segundo ponto a ser alcançado é que pode haver uma técnica de morrer e um treino dado durante a vida que conduzirá à utilização daquela técnica.

No que se refere ao treino ao qual um homem pode submeter-se darei algumas deixas que conduzirão a um novo significado à grande parte da obra que está agora sendo realizada por todos os aspirantes. O Irmãos Mais Velhos da raça que guiaram a humanidade através de longo séculos, estão agora ocupados preparando pessoas para o próximo grande passo a ser dado. Este passo trará uma continuidade de consciência que afastará todo temor da morte e ligará os planos físico e astral em tal íntima relação que na realidade constituirão um só plano. Assim como uma união tem que ser alcançada entre os vários aspectos do homem, também uma similar unificação tem que ter lugar na conexão com os vários aspectos da vida planetária. Os planos têm que ser sintonizados da mesma forma que a alma e o corpo. Isto já foi em grande parte realizado entre o plano etérico e o plano físico denso. Agora está sendo rapidamente levado à frente entre o físico e o astral.

No trabalho que está sendo feito pelos pesquisadores em todos os departamentos do pensamento e da vida humana, esta união está se processando e no treino agora sugerido aos aspirantes sérios e sinceros, há outros objetivos além de simplesmente produzir o alinhamento da alma e do corpo. Todavia, não é posta ênfase neles, devido à tendência do homem de enfatizar indevidamente os objetivos errados. Poder-se-ia indagar se seria possível dar um simples conjunto de regras que pudessem ser seguidas agora por todos os que procuram estabelecer tal ritmo, que a própria vida não fosse somente organizada e construtiva, mas quando o momento de abandonar o invólucro externo chegasse, que não houvesse nenhum problema nem dificuldade. Dar-lhes-ei, portanto, quatro regras simples que se ligam com muito do que todos os estudantes estão fazendo agora:

1 - Aprendam a se manterem focalizados na cabeça através da atualização e meditação e através da firme prática da concentração; desenvolvam a capacidade de viver crescentemente como o rei sentado no trono entre as sobrancelhas. Esta é uma regra que pode ser aplicada aos assuntos da vida cotidiana.

2 - Aprendam a prestar um serviço do coração e não uma insistência emocional na atividade dirigida à manipulação dos assuntos alheios. Isto envolve, anteriormente a tal atividade, a resposta a duas perguntas: - Estarei prestando este serviço a um indivíduo como um indivíduo ou o estarei prestando como um membro de um grupo para um grupo? Será meu motivo um impulso egoico, ou estarei sendo conduzido pela emoção, pela ambição de brilhar e pelo amor a ser amado ou admirado? Estas duas atividades resultarão na focalização das energias vitais acima do diafragma e assim negarão o poder atrativo do plexo solar. Daí, aquele centro tornar-se-á crescentemente inativo e não haverá tanto perigo em perfurar a trama naquela localização.

3 - Aprendam, ao irem dormir, a retirar a consciência para a cabeça. Isto deveria ser praticado como um exercício definido ao adormecerem. Não se deveria permitir ser arrastado ao sono, mas tentar preservar a consciência intacta até que haja uma passagem consciente para o plano astral. O relaxamento, a cuidadosa atenção e uma direção firme para o alto, para o centro na cabeça devem ser tentados, pois até que o aspirante tenha aprendido a ficar firmemente consciente de todos os processos em marcha ao adormecer e a preservar ao mesmo tempo sua positividade, há perigo neste trabalho. Os primeiros passos devem ser dados com inteligência e repetidos por muitos anos até que a facilidade no trabalho da abstração seja realizado.

4 - Registrem e observem todos os fenômenos relacionados com o processo da retirada, quer sejam seguidos no trabalho da meditação, quer ao adormecer, Ver-se-á, por exemplo, que muitas pessoas despertam com um começo quase doloroso, assim que caíram adormecidos. Isto é devido ao fato de saírem de consciência através de uma trama que não esteja adequadamente clara e através de um orifício parcialmente fechado. Outros podem ouvir um ruído bastante alto na região da cabeça. Isto é causado pelos ares vitais na cabeça, dos quais não estamos habitualmente conscientes e é produzido por uma sensibilidade interna da aura que cria a consciência dos sons sempre presentes, mas não habitualmente registrados. Outros verão luz ao adormecerem, ou nuvens coloridas, ou bandeiras e faixas de cor violeta, todos os quais sendo fenômenos etérico Estes fenômenos, que não são de real importância, estão relacionados com o corpo vital, com emanações prânicas e com a trama de luz.

O desempenho desta prática e o acompanhamento destas quatro regras por um período de anos farão muito para facilitar a técnica do leito de morte, pois o homem que tiver aprendido a manipular seu corpo ao adormecer, terá uma vantagem sobre o homem que nunca tenha prestado qualquer atenção ao processo.

Com relação à técnica de morrer, somente me é possível por agora fazer uma ou duas sugestões. Não lido aqui com a atitude dos observadores em expectativa, lido somente com aqueles pontos que tornarão mais fácil a passagem da alma que parte.

Primeiro, que se faça silêncio no aposento. Este é frequentemente o caso, naturalmente. Deve-se lembrar que a pessoa que está morrendo pode estar habitualmente inconsciente. Esta inconsciência é aparente mas não real. Em novecentos casos dentre mil a consciência cerebral está ali, com uma plena consciência dos acontecimentos, mas há uma completa paralisia da vontade para expressar e completa incapacidade para gerar a energia que indicará vitalidade. Quando o silencio e a compreensão reinarem no aposento do doente, a alma que parte pode apossar-se de seu instrumento com clareza até o último minuto e pode fazer a preparação devida,

Mais tarde, quando mais se conhecer a respeito da cor, somente as luzes alaranjadas serão permitidas no aposento do doente que está por morrer e estas somente serão instaladas com a devida cerimônia quando não houver, com certeza, nenhuma possibilidade de recuperação. A cor laranja ajuda a focalizar na cabeça, assim como o vermelho estimula o plexo solar e o verde tem efeito definido sobre o coração e as correntes da vida.

Certos tipos de música serão usados quando mais a respeito do som for compreendido, mas não há nenhuma música, por enquanto que facilite o trabalho da alma em abstrair-se do corpo, embora certas notas de órgão sejam eficientes. No exato momento da morte, se soar a própria nota da pessoa, ela coordenará as duas correntes de energia e finalmente romperá o fio da vida, mas o conhecimento disto é muito perigoso para transmitir por enquanto e somente mais tarde poderá ser dado. Eu indicaria o futuro e as linhas segundo as quais o estudo ocultista futuro correrá.

Constatar-se-á também que a pressão sobre certos centros nervosos e sobre certas artérias facilitarão o trabalho. (Esta ciência do morrer é mantida sob custódia, como muitos estudantes sabem, no Tibet). A pressão sobre a veia jugular e sobre certos grandes nervos na região da cabeça e sobre um particular ponto no bulbo mostrar-se-ão úteis e eficientes. Uma definida ciência da morte será inevitavelmente elaborada mais tarde, somente quando o fato da alma for reconhecido e sua relação com o corpo tiver sido cientificamente demonstrada.

Frases mântricas serão também empregadas e claramente elaboradas na consciência da pessoa agonizante por aqueles à sua volta, ou empregadas deliberada e mentalmente pela própria. O Cristo demonstrou seu uso quando exclamou alto, "Pai, em Tuas mãos entrego meu espírito". E nós temos outro exemplo nas palavras, "Senhor, agora deixa Teu servo partir em paz". O firme uso da Palavra Sagrada entoada a meia-voz ou num tom especial (ao qual o agonizante responderá, como se verificará) poderá mais tarde constituir também uma parte do ritual de transição acompanhando pelo ungir com óleo, tal como preservado na Igreja Católica. A extrema unção tem uma base científica, ocultista. O alto da cabeça do homem que morre também deveria ser colocado simbolicamente na direção do Oriente e os pés e as mãos deveriam estar cruzados. Somente o sândalo deveria ser queimado na sala e nenhum incenso de nenhuma outra espécie permitido, pois o sândalo é o incenso do primeiro raio, ou destruidor, e a alma está no processo de destruir sua habitação.

Isto é tudo que posso no momento comunicar sobre o tema da morte para a apreciação do público em geral. Mas conjuro todos vocês a levarem o estudo da morte e de sua técnica tão longe quanto possível e a prosseguirem na investigação ocultista deste assunto.

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