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Livros de Alice Bailey

Um Tratado Sobre Magia Branca


REGRA QUINZE
O Sentido Esotérico
A Negação da Grande Ilusão
Um Chamado ao Serviço
Os Grupos da Nova Era e o Treinamento

 REGRA QUINZE

Os fogos se aproximam da sombra, contudo, não a queimam. A bainha de fogo está completa. Que o mago entoe as palavras que misturam o fogo e a água.

O SENTIDO ESOTÉRICO

Chegamos agora à consideração da última regra de magia. Ao lançarmos retrospectivamente nossas mentes para esta longa série de instruções, certas linhas básicas de ensinamento se destacam com excepcional clareza, deixando na sombra linhas de instrução menores. Os estudantes fariam bem em lembrar que na leitura de qualquer manual básico (e este é assim considerado) um procedimento definido deveria ser adotado. O estudante deve primeiro de tudo ler o manual como um todo, para alcançar seus pontos fundamentais, suas linhas principais de ensinamento e as três ou quatro proposições sobre as quais sua estrutura inteira se fundamenta. Tendo alcançado estas, ele pode então começar a lidar com aqueles pontos subsidiários que servem para elucidar e esclarecer os principais essenciais, e a isolá-los. Depois disso, ele pode com êxito lidar com os detalhes. Os estudantes portanto acharão interessante rever estas instruções e recolher delas os pontos mais importantes; então podem prosseguir e preencher as instruções secundárias e finalmente organizar os dados detalhados sob os vários títulos que tiverem surgido. Isto, ao ser completado, constitui uma sinopse do livro e se terá firmemente fixado, o conhecimento nele contido, na memória do estudante.

Um dos principais ensinamentos que pode ser visto muito claramente em todas as instruções de caráter verdadeiramente esotérico diz respeito à atitude do estudante do oculto. Supõe-se que ele esteja lidando com coisas subjetivas e esotéricas; ele pretende tornar-se um trabalhador na magia branca. Como tal, ele deve assumir e sustentar de maneira consistente a posição do Observador, destacado do mecanismo da observação e do contato; ele deve reconhecer-se essencialmente como uma entidade espiritual, diferente em natureza, objetivos e métodos de trabalho, dos corpos que ele considera prudente ocupar e empregar temporariamente. Ele deve conscientizar sua unidade e linhas de contato com todos os similares cooperadores e assim chegar a uma lúcida consciência de sua posição na Hierarquia espiritual dos Seres. Tanta desinformação tem sido divulgada e tanta ênfase tem sido imprudentemente posta sobre o status e a posição na assim chamada hierarquia de almas, que os discípulos lúcidos e equilibrados agora procuram voltar seus pensamentos para outros pontos e eliminar tanto quanto possível todo pensamento de graus e esferas de atividade. É possível, no oscilar do pêndulo, oscilar demais na direção oposta e não considerar estas etapas de atividade. Todavia, não me interpretem mal; não sugiro que uma tentativa seja feita para situar as pessoas e decidir onde elas devam se colocar na escala evolutiva. Isto foi feito da maneira mais tola no passado, com muita desonra para o assunto; a tal ponto que, nas mentes das pessoas, o assunto inteiro caiu no descrédito Se estas etapas forem consideradas de maneira sadia pelo que elas são estados de consciência expandida, e graus de responsabilidade - então o perigo da reação da personalidade aos termos "discípulo aceito, iniciado, adepto, mestre" seria desprezível e muito aborrecimento seria eliminado. Deve-se sempre lembrar que o status individual é rigidamente mantido para si mesmo e o ponto de evolução (que pode ser fielmente reconhecido como estando adiante daquele do cidadão comum) demonstrar- se-á por uma vida de serviço ativo altruísta e pela manifestação de uma visão iluminada que está adiante da ideia racial.

Na reunião, no mundo atual, do novo Grupo de Servidores do Mundo, uma real cautela deve ser preservada. Cada servidor é responsável por si mesmo e seu serviço e por nenhum mais. É prudente medir e se aproximar do status evolutivo, não em função de reivindicações feitas, mas em função do trabalho realizado e do amor e sabedoria demonstrados. O julgamento deve ser baseado num evidenciado conhecimento do plano à proporção que ele se demonstra na sábia formulação do passo seguinte para a raça humana; num sentido esotérico manifestado, e numa influência ou num poder áurico que seja amplo, construtivo e inclusivo.

Vocês me pedem para definir mais claramente o que penso pelas palavras "sentido esotérico". Penso essencialmente no poder de viver e de agir subjetivamente, de possuir um constante contato interno com a alma e com o mundo no qual ela se acha e isto deve realizar-se subjetivamente através do amor, demonstrado ativamente; através da sabedoria, firmemente derramada; e através daquela capacidade de incluir-se e de se identificar com tudo que respira e sente, que é a característica predominante de todos os verdadeiramente funcionantes filhos da Deus. Penso, portanto, numa atitude de mente conservada internamente, que possa orientar-se voluntariamente em qualquer direção. Ela pode governar e controlar a sensibilidade emocional, não somente do próprio discípulo, mas de todos com quem ele possa estar em contato. Pela força de seu pensamento silencioso, ele pode trazer luz e paz a todos. Através daquele poder mental, ele pode sintonizar o mundo do pensamento e o reino das ideias e pode discriminar entre elas e escolher aqueles elementos mentais e aqueles conceitos que o capacitem, como um servidor sob o plano, a influenciar seu meio ambiente e revestir os novos ideais naquela matéria de pensamento que os tornem mais facilmente reconhecidos no mundo do pensamento e da vida comuns do dia a dia. Esta atitude de mente capacitará o discípulo também a orientar-se para o mundo das almas e naquele elevado lugar de inspiração e de luz, descobrir seus cooperadores, comunicar-se com ele se - na união com eles - colaborar na realização das intenções divinas.

Este sentido esotérico é a principal necessidade do aspirante neste tempo da história mundial. Enquanto os aspirantes não o conseguirem de alguma forma alcançar e não o puderem usar, nunca poderão participar do Novo Grupo; nunca poderão trabalhar como magos brancos e estas Instruções permanecerão para eles teóricas e principalmente intelectuais, em vez de serem práticas e eficientes.

Para cultivar este sentido esotérico interno, a meditação é necessária, e meditação contínua, nas primeiras etapas do desenvolvimento. Mas à medida que o tempo passa e um homem cresce espiritualmente, esta meditação diária seguramente cederá lugar a uma orientação espiritual firme e então a meditação como agora compreendida e necessária não mais será exigida. O desapego entre um homem e suas formas utilizáveis será tão completo, que ele viverá sempre no "assento do Observador", e daquele ponto e atitude dirigirá as atividades da mente e das emoções e das energias que tornam possível e útil a expressão física.

A primeira etapa neste desenvolvimento e cultura do sentido esotérico consiste na sustentação de atitude de constante observação desapegada.

O novo Grupo de Servidores do Mundo poderia bem ser considerado em suas fileiras externas como um corpo treinado de observadores organizados. Eu distribuiria o grupo em três divisões e faço assim para que aqueles aspirantes e chelas em todo o mundo possam ser guiados em seu conhecimento quanto a onde poderão estar individualmente e possam, com sinceridade e verdade, começar a trabalhar com inteligência. Podem ser assim ajudados a se situarem.

Primeiro, há os Observadores Organizados. Estes aspirantes estão aprendendo a fazer duas coisas. Estão aprendendo a praticar aquele desapego que os capacitará a viver como almas no mundo dos assuntos mundiais e a compreender o real significado das palavras: trabalhar sem apego. São também, secundariamente, aqueles estudantes dos assuntos mundiais em algum dos sete departamentos antes referidos quando eu trouxe o novo grupo à atenção do mundo. Eles estão estudando os sinais dos tempos. Investigam o grande drama da história para descobrir sua linha principal e assim expressar para o mundo acadêmico comum e aos pensadores da raça o que veem e compreendem.

Percorrendo toda a história humana está um fio triplo e no intercâmbio destes três fios se encontra a história da evolução. Um fio guia os pensamentos do homem ao lidar com o desenvolvimento do aspecto forma, com as tendências raciais e mostra quão sem desvio as formas das raças, dos países e da fauna e flora de nossa vida planetária acompanharam as necessidades dos lentamente emergentes filhos de Deus. O segundo fio leva-nos a uma compreensão do crescimento da consciência e indica a emergência da etapa instintiva para a da consciência intelectual e daí para aquela iluminação intuicional que é o presente objetivo da consciência.

O terceiro fio diz respeito ao próprio Plano e aqui nós entramos no reino do verdadeiramente desconhecido. Que é o plano e qual a meta, por enquanto totalmente não-conscientizado exceto pelo mais elevado adepto e pelos mais exaltados dos filhos de Deus. Até que a mente iluminada e o poder da resposta intuitiva se tenham desenvolvido na família humana, não será possível para nós alcançarmos os conceitos básico que devem ser encontrados na Própria mente de Deus. Até que o mais alto ponto do Monte da Iniciação tenha sido escalado, não é possível visualizar a Terra Prometida como ela é. Até que as limitações - as necessárias limitações - dos três mundos tenham sido superadas e o homem possa funcionar como uma alma livre no reino espiritual, aquilo que jaz além daquele reino deve permanecer oculto ao homem tanto quanto, condição humana de ser e de consciência permanece um livro selado para o animal. Esta é uma lição necessária e salutar que todos os discípulo devem aprender.

Mas os observadores dos tempos e das estações podem fazer rápido progresso no crescimento intuitivo se perseverarem em sua meditação, treinarem seus intelectos e se esforçarem sempre em pensar em termo de universais. Que olhem para o retrospecto histórico como parte da preparação emergente que inaugurará o futuro. Que eles cobrem a si mesmos ao reconhecerem o fato de que o reino das almas está firmemente se tornando um fenômeno do plano físico (estarei dizendo um paradoxo?) e será finalmente conhecido como um reino da natureza e assim considerado pelos cientistas antes que dois séculos tenham transcorrido. Estes "Observadores Organizados" formam o círculo externo do novo grupo e sua nota-chave é a síntese, a eliminação dos não-essenciais e a organização do conhecimento humano. Trabalhando nos muitos campos da consciência humana, distinguem-se por um espírito não sectário e por uma capacidade em lidar com essenciais fundamentais e por ligar variados departamentos da investigação humana em um todo organizado e unificado.

Segundo, o grupo seguinte no Novo Grupo de Servidores do Mundo é aquele dos comunicadores telepáticos. São em número muito menor e se distinguem por sua relativamente íntima relação recíproca. São primariamente um grupo de ligação ou uma ponte. São selecionados do círculo mais exotérico dos observadores organizados, mas têm um objetivo mais amplo de serviço do que os demais, pois trabalham de um modo verdadeiramente mais esotérico. Estão em contacto uns com os outros e com os observadores organizados, mas estão igualmente em contacto com o grupo de homens e mulheres que estão no próprio centro ou coração do grupo mundial. Seu trabalho tem três aspectos e é muito difícil. Firmemente eles têm que cultivar aquele desapego que caracteriza a alma que conhece a si própria. Firmemente eles recebem o conhecimento e a informação cumulados pelos observadores organizados e adaptam-nos às necessidades do mundo e distribuem o ensinamento. Eles trabalham efetivamente mas sempre por detrás da cena e embora possam ser reconhecidos no mundo nesta etapa preliminar do trabalho do novo grupo e embora possam assim ser reconhecidos como instrutores, escritores e cooperadores, mais tarde recuarão mais e mais para a retaguarda e trabalharão através do círculo externo. Inspirá-los-ão e depositarão crescente responsabilidade sobre seus ombros; alimentarão o crescimento do intercâmbio telepático no mundo e assim tecerão aqueles cabos que finalmente ligarão o atual vazio entre o visto e o não visto e assim farão o novo mundo possível- um mundo no qual a morte tal como a conhecemos será abolida e uma continuidade de consciência universal treinada estabelecer-se-á. É por isso que e tem dado ênfase, no treinamento dos membros deste grupo no novo grupo, à sensibilidade telepática. Os membros deste segundo círculo de cooperadores são ensinados a desenvolver a sensibilidade em três direções: aos pensamentos dos homens fisicamente encarnados; às mentes daqueles que já se foram e que ainda estão nos corpos mentais e em terceiro lugar ao grupo de Seres espirituais que permanecem como guardiães do processo evolutivo e através de cujas mãos os três fios de vida em desenvolvimento passam firmemente.

Sua tarefa é extremamente difícil, muito mais difícil do que a do primeiro grupo e ainda mais difícil do que a do último, pois lhes faltam ainda certos poderes e a necessária experiência. Seu centro de consciência é a intuição e não o intelecto sintetizador e seu estado de consciência é amplo e inclusivo. Podem portanto sofrer mais do que a maioria e poucos há que não sejam nesta etapa muito sensíveis ao seu próprio conforto e muito capazes de responder às vibrações emanando do aspecto forma em todos os três mundos. Seu estado de desapego ainda não é completo. Formam uma ponte e, portanto suportam infinitos problemas e respondem ao sofrimento mundial. Veem demais, se assim posso dizer, pois ainda não é seu privilégio de visualizar com clareza o objetivo que se situa duzentos anos adiante. Sentem a necessidade atual. Respondem ao novo fluxo de força espiritual que está chegando. Suportam o peso da humanidade sobre seus ombros e porque estão de certo modo coordenados, vivem em todo os três mundos simultaneamente e isto poucos podem fazer. Estão conscientes da urgência da atual oportunidade e também da apatia dos muitos por estas razões eles trabalham sob terrível pressão.

Em terceiro lugar, o grupo mais interno de todos é aquele dos próprios membros da Hierarquia. Importa-me muito pouco se estas almas libertas serão reconhecidas como Irmãos Mais Velhos da raça, como Mestres da Sabedoria, como a Nuvem das Testemunhas, como o Cristo e Sua Igreja, como Super-homens ou como quaisquer outros termos que as tendências herdadas da humanidade ou a tradição possam escolher chamá-los. Eles próprios pouco se importam. As tolas disputas quanto ás sua personalidades e nomes e status nada significam. Mas eles são as forças inteligentes do planeta; eles expressam, devido ao seu estado de consciência expandido, a Mente de Deus; corporificam o princípio inteligente, imutável e não-cambiante, e através deles flui a energia que nós chamamos a Vontade de Deus, por falta de melhor entendimento. Eles conhecem o plano muito melhor do que os dois círculos mais externos no novo Grupo de Servidores do Mundo, pois eles veem, clara e precisamente qual será o passo seguinte que a evolução planetária levará a raça a tomar durante o dois séculos próximos. Não se ocupam com especulações ociosas quanto ao objetivo último no final de uma era mundial. Isto pode surpreender vocês em face das muitas especulações dos não-iniciados. Mas assim é. Sabem que há um tempo e uma estação para todas as coisas e olhando para diante e compreendendo intuitivamente o objetivo para todos os reinos no futuro imediato, todo o seu esforço unido é dirigido para um fim - o cultivo da resposta intuitiva telepática dos Comunicadores que servem de ponto para cobrir o espaço entre eles e o mundo físico. Estes últimos, por sua vez, procuram empregar os Observadores. Conhecedores, Comunicadores e Observadores - todos trabalhando numa unidade íntima ainda que algumas vezes não realizada e todos respondendo (de acordo com o seu grau) ao impulso da Mente e da Vontade do Logos, a Deidade solar.

Além deste triplo grupo estão os Tronos, as Principalidades e os Poderes com quem não precisamos nos ocupar. Do outro lado está a humanidade, rota pelos desastres da última guerra mundial, confusa pela pressão social, religiosa e econômica do presente, sensível e capaz do responder às influências e energias derramando-se com a nova maré da Era de Aquário; incapaz de compreender e de explicar e somente consciente de uma ânsia de liberdade de pensamento e da condição física, agarrando-se a toda oportunidade de adquirir conhecimento e assim provendo um campo fértil onde este novo grupo possa atuar.

Temos visto que o objetivo de todo treinamento interior é desenvolver o sentido esotérico e assim fazer desabrochar aquela percepção sensível interna que capacitará um homem para atuar, não somente como um Filho de Deus em encarnação física, mas como alguém que também possua aquela continuidade de consciência que capacitá-lo-á a estar interiormente desperto assim como exteriormente ativo. Isto se realiza através do desenvolvimento da habilidade de ser um Observador treinado. Chamo a atenção de todos os aspirantes para estas palavras. É a persistência na atitude da observação correta que leva ao desapego da forma, um poder subsequente para usar a forma à vontade e com o fim em vista de adiantar os planos hierárquicos e a consequente utilidade para a humanidade. Quando este poder de observar tiver sido de alguma maneira alcançado, nós então teremos o aspirante unindo-se àquele grupo intermediário de Comunicadores treinados que ficam entre os grupos antes mencionados (os grupos exotéricos e o grupo de cooperadores espirituais no plano subjetivo), interpretando um para o outro. É bom lembrar que mesmo os membros da Hierarquia tiram proveito das opiniões e conselho daqueles discípulos desinteressados em quem se pode confiar para corretamente reconhecer e interpretar as necessidades da hora.

Quando esta etapa tiver sido alcançada e um homem fica em contato consciente com o plano, então o verdadeiro trabalho mágico pode começar. Homens e mulheres, que estão começando a viver como almas, podem assumir o trabalho mágico da nova era e podem inaugurar aquelas mudanças e aquela reconstrução que promoverão a manifestação do novo paraíso e da nova terra, dos quais todas as Escrituras do mundo dão eloquente testemunho. Poderão então trabalhar com forças na matéria etérica e assim trazer à existência aquelas criações e organizações do plano físico que encarnarão mais adequadamente a vida de Deus na Era de Aquário que está agora sobre nós. É a esta etapa que a Regra XV se refere.

Estas palavras assinalam a consumação do trabalho mágico e são igualmente verdadeiras quanto ao trabalho mágico de um Logos solar, de um Logos planetário, de uma alma encarnada, ou daquele avançado ser humano que aprendeu a trabalhar como um mago branco sob o plano da grande Loja Branca. Refere-se, naturalmente, ao trabalho daqueles que através da conquista intelectual aprenderam a trabalhar como magos mas no que é chamado o lado negro, pois as mesmas regras de trabalho mágico servem para ambos os grupos, embora difiram os impulsos motivadores. Mas com o trabalho do mago negro nós nada temos a ver. Aquilo que eles fazem é poderoso em efeito transitório, usando a palavra transitório em seu sentido cíclico; mas estes efeitos deverão no devido tempo cessar e ficar subordinados às exigências e ao trabalho dos que trazem a luz e a vida.

A etapa da sombra é o obscuro e incerto período que se encontra previamente à manifestação densa e concreta. Não se refere aqui à sombra como a contraparte da manifestação física da alma. Refere-se a uma das etapas intermediárias no processo criativo. É tecnicamente chamada a "etapa do crescimento e da palidez das nebulosas" e esta etapa precede o aparecimento da forma exotérica mais estável e relativamente estática. Na formação de um sistema solar, este é reconhecido como um período preliminar e pode ser visto se desenvolvendo nos céus estrelados. Indica a etapa na qual o Grande Mago está apenas no processo de levar adiante Seu trabalho; Ele ainda não pronunciou finalmente aquelas palavras místicas ou aqueles sons espirituais que irão produzir a materialização e o aparecimento tangível de forma.

A Doutrina Secreta faz referência aos três fogos e estes são de uso antigo; a Vishnu Purana dá a esses fogos exatamente a mesma nomenclatura que H.P.B., que tomou os termos emprestados da antiga Escritura. Fogo Elétrico, Fogo-Solar e Fogo por Fricção, quando conjugados, produzem o manifestado macrocosmo e o microcosmo e a esta conjunção se referia o meu anterior Tratado sobre o Fogo Cósmico. Estes fogos são esotericamente apenas um fogo, mas este fogo produz, de acordo com a consciência que testemunha (ela própria em várias etapas de desenvolvimento evolutivo) o efeito da diferenciada essência ígnea. Esta essência ígnea pode ser conhecida como a própria Vida, ou como a "Luz autobrilhante", ou pode ser conhecida como a forma ativa inerente na substância una sobre a qual se assentam todos os fenômenos. Nesta regra final de magia os fogos que são considerados são aqueles da própria matéria que se aproximam da sombra e (como o Velho Comentário simbolicamente o expressa) "erguem-se da segunda treva ao chamado do espírito de luz e encontram no lugar aprazado aquele que as absorverá e elevá-las-á ao ponto ígneo de onde os fogos da luz viva e da vida radiante vieram".

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A NEGAÇÃO DA GRANDE ILUSÃO

A frase da Regra XV que diz "que misturam o fogo e a água" refere-se ao efeito produzido no ponto de condensação, depois que as grandes palavras que provocam aquele efeito tiverem sido pronunciadas. É quase impossível explicar essa regra e não me é permitido dar-lhes as palavras que provocam este processo. Somente alguns indícios podem ser dados que servirão para encorajar o estudante sincero a pensar e podem, quem sabe, somente irritar aquele pensador casual que procura métodos fáceis e imediatos e fórmulas através das quais atuar. O calor e a umidade estão presentes na produção de todas as formas de vida, mas o grande mistério (e quase que o mistério final a ser explicado ao adepto) é como a fusão dos três fogos pode produzir umidade ou o elemento aquoso. Este problema e este fenômeno constituem a base da Grande Ilusão à qual se referem os livros antigos; através da atuação da combinação, a envolvente maya se produz. Não há, na realidade, tal coisa como a água; a esfera aquosa, o plano astral, é, tentem concebê-lo, um efeito ilusório e não tem uma existência real. Entretanto, - no tempo e no espaço e para a compreensão da consciência que testemunha - é mais real do que aquilo que ela oculta e esconde. Não posso tornar mais claras as minhas palavras. Somente é possível sugerir ao estudante inteligente que a luz de sua alma (refletida em sua mente) e a energia da forma (tal como expressa em seu corpo etérico) são para ele, no reino da dualidade temporária, suas duas realidades básicas. A natureza aquosa de sua experiência astral na qual estes dois aspectos da divindade parecem (novamente ilusão, notem bem) encontrar-se e operar é apenas um fenômeno de miragem e num sentido ocultista não é baseada no fato. Qualquer verdadeiro aspirante sabe que seu progresso espiritual pode ser aferido em termos de sua liberdade desta ilusão e de sua chegada ao ar claro e à luz pura de sua consciência espiritual. Em sua consciência, o reino animal trabalha com a segunda destas duas realidades básicas e por ela a vida do corpo etérico e a força que governa a natureza animal ou material são a expressão primeira da verdade. Entretanto, o animal está começando a perceber tenuemente o mundo da ilusão e possui certos poderes psíquicos e sentidos que reconhecem mas no entanto interpretam mal o plano astral. O véu da ilusão está começando a cair ante os olhos do animal mas ele não o sabe. O ser humano tem errado por eras no mundo da ilusão, pois ele é de sua própria criação. Entretanto o homem, por sua vez, do ponto de vista da consciência, tem contato com ambas as realidades e aprende pouco a pouco a dissipar a ilusão pelo firme crescimento da radiante luz da alma. Façamos aqui uma pausa para que se lembrem de que a dualidade é apenas uma etapa no arco evolutivo, conduzindo finalmente à realização da unidade.

O véu da ilusão se assemelha ao momento antes do raiar do dia quando o mundo das coisas familiares é visto através da neblina e da névoa que velam a forma do mundo e também encobrem o sol nascente. Então nós temos aquele meio-tempo, aquele misterioso e vago período quando o real está oculto pelo irreal; então nós temos aquela condição fantasmagórica e deformada em que as formas não são vistas como realmente são mas perdem sua forma e cor e perspectiva. A verdadeira visão é então impossível. A etapa astral e o vasto ciclo de tempo no qual a grande ilusão se mantém podem portanto ser julgados, do ângulo simbólico acima assinalado, como sendo apenas temporário e transitório. Não é a etapa de uma manifestação definitivamente divina; não é a etapa de percepção pura e sem sombras; não é a etapa do trabalho perfeito. É aquele período de tempo em que os semideuses caminham; é o tempo em que a verdade é somente tenuemente percebida, a visão é somente vaga e ocasionalmente vista; é a etapa do Plano semi-realizado e quando se trabalha com conhecimento parcial, dificuldade e erros são passíveis de ocorrer. É também a etapa da distorção e de constante mutabilidade; enquanto está em evidência nós temos a atuação aparentemente incessante das forças impulsionando daqui para lá, trabalhando cega e aparentemente sem finalidade. Na medida em que isto diz respeito à humanidade, é o tempo em que o homem fica envolvido na névoa e na neblina e perdido nos miasmas que se elevam do solo (símbolo da natureza básica do reino animal). Entretanto, às vezes, vê-se que esta etapa é irreal, à proporção que a luz da aurora da consciência espiritual consegue penetrar nas trevas circundantes. É o interlúdio entre o predomínio da consciência animal e o da espiritual e este interlúdio de ilusão astral é somente conhecido na família humana. Não há plano astral exceto na consciência do quarto reino da natureza, pois o homem está "sob a ilusão" num sentido diferente da percepção consciente de qualquer outro reino - subumano ou super-humano.

Estou tentando por todos os meios ser claro. Como pode alguém que está sujeito às ilusões dos sentidos, como estão todas as criatura humanas, conceber o estado de consciência daqueles que se libertaram das ilusões do plano astral ou se conscientizam do estado de consciência daquelas formas de vida que ainda não desenvolveram a consciência astral? É a natureza dual da mente que causa esta ilusão, pois a mente do homem apresenta-lhe as chaves do reino dos céus ou fecha para ele a porta de entrada para o mundo das realidades espirituais. É a mente concreta sem princípios que cria todas as perturbações da humanidade. É o sentido do egoísmo e o espírito de individualidade separativa que levou a humanidade à sua atual condição e entretanto mesmo essa é uma parte do grande processo evolutivo. É a consciência da dualidade, e o sentido subjetivamente conscientizado e sincronicamente registrado do "eu sou Deus" e "eu sou forma" que mergulhou a humanidade na grande ilusão.

Entretanto, é esta própria ilusão que fornece finalmente ao homem a palavra de passe secreta para o reino de Deus e conduz à sua libertação. É esta própria maya que serve para guia-lo para a verdade e o conhecimento; é no plano do astral que a heresia da separatividade tem que ser superada e é no campo de Kurukshetra que o Arjuna, individualmente aspirante, e o cósmico Arjuna, aprendem a lição que o conhecedor e conhecido são um. A ciência secreta do Mestre da Sabedoria é o segredo de como dissipar as névoas e neblina e trevas e sombras que são produzidas pela união dos fogos nas etapas preliminares. O segredo do Mestre é a descoberta de que não há plano astral; ele descobre que o plano astral uma ficção da imaginação e foi criado através do uso descontrolado da imaginação criadora e do mau uso dos poderes mágicos. O trabalho da hierarquia é primeiramente trazer a um fim as sombras e dissolver as névoas; o objetivo dos Mestres é fazer entrar a luz da alma e mostrar que o espírito e a matéria são as duas realidades que constituem a unidade e que foi somente no tempo e no espaço e através do cíclico mau uso dos poderes mágicos e psíquicos que o plano astral da grande ilusão veio à existência e é agora uma coisa tão real que ele é - num certo sentido - mais real (para o homem) do que o reino da luz e o reino da forma. Num sentido muito interessante é verdade que porque o ser humano é uma alma e porque a luz da alma se acha dentro dele e está gradualmente aumentando para uma irradiação maior, isto mesmo produz a ilusão. Devido a esta ilusão, o trabalho mágico tem sido desenvolvido segundo linhas erradas e baseado em motivos errados e ajustado a um esquema que é mais forte do que o trabalhador comum, pois a força toda da ilusão do mundo está contra todos os esforços do iniciante na magia branca.

As regras por isso terminam com a afirmação de que o mago entoe as palavras que "misturem o fogo e a água" - mas estas são as regras para o aspirante. As regras para os iniciados de uma espécie paralela terminam com as palavras; "Que o iniciado emita a nota que unifica os fogos". Isto é significativo e de muito encorajamento para o iniciante no trabalho mágico. Ele ainda está forçosamente trabalhando no plano astral e não pode de nenhum modo evitar fazê-lo por muito tempo. O sinal de crescimento para ele é a firme retirada de sua consciência daquele plano e sua conquista da atitude mental e da percepção mental, seguida do trabalho criativo no plano mental. Há uma antiga e interessante proclamação encontrada nos arquivos dos adeptos que cobre algumas das etapas do trabalho mágico, recoberta, naturalmente, da forma simbólica:

"Que o mago fique dentro do grande mar do mundo. Que ele mergulhe na água e que ali apoie seus pés. Que ele perscrute as profundezas das águas. Nada é visto de forma correta. Nada aparece senão água. Sob seus pés ela se movimenta, em torno dele e sobre sua cabeça. Ele não pode falar; ele não pode ver. A verdade desaparece na água.

"Que o mago permaneça dentro da corrente. Em torno dele a água flui. Seus pés permanecem firmes sobre a terra e a rocha, mas todas as formas que ele vê se perdem na cinza imensidão da névoa. A água está em volta de seu pescoço, mas, pés sobre a rocha e cabeça no ar, ele faz progresso. Tudo ainda é distorção. Ele sabe que está firme, mas para onde ir e como ir ele não sabe, nem compreende. Ele emite as palavras de magia, mas abafadas, tênues e perdidas, a névoa Ih'as devolve e nenhuma nota verdadeira é emitida. Em torno dele há os muitos sons das muitas formas, que engolem o seu som.

"Que o mago permaneça na névoa úmida, livre da corrente que segue. Alguns contornos tênues aparecem. Ele vê uma pequena distância do Caminho. Luz bruxuleante irrompe através das nuvem, de névoa e neblina. Ele ouve sua voz; seu tom está mais claro e mais real. As formas de outros peregrinos podem ser vistas. Por trás de si está o mar. Sob seus pés é vista a corrente. Em torno dele, névoa e neblina. Acima de sua cabeça não se vê nem céu nem sol.

"Que o mago se situe no solo mais elevado, mas na chuva. As gotas se derramam sobre ele; o trovão reboa; o relâmpago risca o céu. Mas ao cair a chuva, ela dissipa a névoa, lava a forma e clareia a atmosfera.

"Assim as formas são vistas e os sons ouvidos, embora ainda tênues, pois alto reboa o trovão e pesado é o som da chuva que cai. Mas agora o céu é visto; o sol surge e por dentro das nuvem. que se espalham, expansões do azul do céu saúdam os cansados olhos do discípulo.

"Que o mago suba ao topo da montanha. Sob ele, nos vales e nas planícies, água e correntes e nuvens são vistas. Acima dele está o azul do céu, o brilho do sol que se eleva, a pureza do ar da montanha. Cada som é claro. O silêncio fala com o som."

Então vêm as altamente significativas expressões que dão o quadro da consumação:

"Que o mago permaneça no Sol, dali apreciando o globo terrestre. Daquele elevado ponto de paz serena, que ele entoe as palavras que criarão as formas, constituirão os mundos e universos e darão sua vida àquela que ele tiver feito. Que ele projete as formas criadas sobre o topo da montanha de tal maneira que elas possam romper as nuvens que envolvem o globo terrestre e conduzir luz e poder. Estes dissolverão o véu das formas que oculta o verdadeiro paradeiro da terra do olhar do observador."

Assim termina o trabalho mágico. Ele envolve a descoberta de que o plano astral e a assim chamada luz astral não passam de filmes cinematográficos criados pelo próprio homem. O que o homem tiver criado ele pode também destruir.

Mais quanto ao trabalho mágico não posso dá-lo por enquanto. As palavras que fazem a fusão não podem ser dadas sob nenhuma circunstância, exceto sob o juramento de segredo que governa automaticamente o discípulo compromissado; estes juramentos não são dados a nenhum homem mas dirigidos pelo aspirante à sua própria alma quando aquela alma lhe tiver dirigido as palavras. Ele as encontra por si mesmo como o resultado de incansável esforço e empenho. Ele sabe que aquelas fórmulas são as prerrogativas de todas as almas e somente podem ser conhecidas e seguramente usadas por aqueles que tiverem conscientizado o Ego como Uno. Ele, portanto, se compromete a nunca revelar as palavras para quem quer que não esteja atuando como uma alma ou que esteja errando cego no vale da ilusão. Desta automática resposta ao conhecimento pelos conhecedores da raça, a Hierarquia de Adeptos reuniu seu pessoal.

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UM CHAMADO PARA O SERVIÇO

Ao encerrar este tratado sobre o trabalho mágico do aspirante individual procuro fazer duas coisas:

1 - Indicar o objetivo imediato para os estudantes neste século e resumir os passos que devem dar.

2 - Indicar as coisas que devem ser eliminadas e superadas e as penalidades que incidem sobre o probacionário e o discípulo quando erros são feitos e faltas perdoadas.

Primeiro de tudo, o objetivo imediato deve ser bem identificado, se se quiser evitar a perda de esforço e alcançar real progresso. Muitos aspirantes bem-intencionados são inclinados a dedicar tempo indevido às suas aspirações registradas e à formulação de seus planos de serviço. A aspiração mundial é agora tão forte e a humanidade está agora tão potentemente orientando-se para o Caminho que pessoas sensíveis em toda parte estão sendo conduzidas para um vórtice de desejo espiritual e ardentemente ansiando por uma vida de libertação, de tarefas espirituais e de uma consciência registrada da alma. Seu reconhecimento de suas próprias possibilidades latentes é agora tão forte que chegam a superestimar-se; gastam muito tempo representando-se como o místico ideal, ou deplorando sua falta de realização espiritual ou seu fracasso em alcançar uma esfera de serviço. Assim ficam perdidos, de um lado, nos vagos e nebulosos reinos de um belo idealismo, de coloridas hipóteses e de agradáveis teorias; de outro lado, tornam-se engolfados numa dramatização de si próprios como centros de força num campo de serviço útil; traçam, mentalmente, planos por um esforço mundial para se verem como o ponto central em torno do qual o serviço desenvolver-se-á; frequentemente fazem um esforço para concretizar estes planos e produzirem uma organização, por exemplo no plano físico, que é potencialmente valiosa mas igualmente potencialmente inútil, se não perigosa. Deixam de conscientizar que o impulso motivador é primariamente devido ao que os instrutores hindus chamam um "sentido de Eu", e que seu trabalho se fundamente num egoísmo subjetivo que deve - e será - eliminado antes que o verdadeiro serviço possa ser prestado.

Esta tendência à aspiração e ao serviço é boa e correta e deve se, vista como formando parte da vindoura consciência universal e equipamento da raça como um todo. Ela está firmemente chegando à tona graças ao crescente crescimento da influência de Aquário a qual (desde cerca do ano 1640 da era Cristã) tem crescido em força e está produzindo dois efeitos: está derrubando as velhas formas cristalizadas da era de Pisces e está estimulando as faculdades criadoras, à medida que estas se expressam em conceitos grupais e planos grupais. Como todos vocês bem sabem, esta é a causa das atuais condições perturbadas e estas condições podem ser resumidas nas palavras: despersonalização na qual o estado, grupo ou grupos são considerados como de maior importância do que o indivíduo e seus direitos; amalgamação, que é a tendência para fundir, misturar e dar coesão e produzir aquela inter-relação que deve finalmente marcar o intercâmbio da humanidade e produzir aquela "síntese de todos os homens individuais", que Browning tão autenticamente assinala ser o objetivo do processo evolutivo e a conclusão da jornada do pródigo divino; e sensível intercomunicação entre unidades, grupos e combinações de grupos, quer no lado subjetivo, quer no lado objetivo da manifestação. Nestas três palavras, despersonalização, amalgamação e intercomunicação - vocês terão resumido para si os mais importantes fenômenos que estão aparecendo entre nós atualmente. Os estudantes são instados a considerarem o plano como ele está assim se expressando e a estudar estas tendências crescentes nos assuntos humanos. O fato de que eles sejam tão proeminentes aparecerá, se o estudante se der ao trabalho de considerar o panorama da história; ele notará então que mesmo a história de quinhentos anos atrás revelar-lhe-á o fato de que naquele tempo grandes indivíduos eram os fatores proeminentes, e que a história se ocupa grandemente com os feitos de poderosas personalidades que lançam seu fascínio sobre seu tempo e época; então o isolamento e a separatividade governavam os negócios humanos e cada homem lutava por sua própria terra e cada homem esquecia seu irmão e vivia egoisticamente; então havia pouca inter- relação entre diferentes raças ou entre famílias humanas e não havia reais meios de comunicação, exceto aquele do contacto pessoal, que era frequentemente impossível.

Os estudantes deverão portanto meditar sobre estas palavras que, como se poderá verificar, tornar-se-ão de crescente importância nos próximos cinquenta anos. Isto já é demasiadamente longínquo para o estudante comum observar e planejar e em seu reconhecimento desta fase da concretização do Propósito divino, fariam bem em estudar a expressão de sua vida individual e em perguntarem a si próprios as seguintes questões:

1 - Estarão eles perdendo tempo em sonhos místicos, ou estarão ocupados numa aplicação prática das verdades espirituais sentidas, assim tornando-as parte de sua experiência diária?

2 - Acham que sua reação à crescente impessoalidade da época é devido ao ressentimento, ou acham que esta relativamente nova atitude de desapego pessoal tende a resolver seus próprios problemas pessoais?

3 - Podem eles registrar uma capacidade crescente de sentir os pensamentos e ideias dos outros e acham eles que estão se tornando mais sensíveis e, portanto, mais capazes de participar da grande maré da intercomunicação?

4 - Quanto está a faculdade de dramatização governando sua vida diária? Acham que são o centro do universo, que se agita automaticamente em torno deles, ou estão trabalhando no problema de se descentralizarem e na absorção no todo?

Estas e outras perguntas que surgirão podem servir para indicar a capacidade de resposta do aspirante à introdução da nova era.

Neste tratado sobre o desenvolvimento individual e sobre o controle astral, uma visão foi dada e uma regra de vida exposta que contém nela a necessária instrução para o interlúdio entre as duas grandes eras - a de Peixes e a de Aquário. Uma parte do propósito subjacente foi expressa em palavras - um propósito que é reconhecido por muitos em todo o mundo e que está se evidenciando em praticamente cada departamento da vida humana. Ele é subconscientemente registrado e intuitivamente seguido por muitos que nada sabem das tecnicalidades do plano. Aqueles que guiam a raça humana não estão particularmente preocupados quanto ao êxito das emergentes novas condições. Aquilo está perfeitamente assegurado e o crescimento da conscientização humana e da consciência espiritual da não- separatividade não pode ser impedido. O problema é: que meios continuar a empregar para alcançar estes fins desejados de tal maneira que a natureza da forma possa ser modelada e preparada para manipular suas novas responsabilidades e lidar com seus novos conhecimentos sem indevido sofrimento e aquelas dolorosas rupturas e horas de agonia que atraem mais atenção do que o mais sutil e melhor sucedido crescimento da consciência divina. Sempre que há uma tendência para a síntese e compreensão no mundo, sempre que o menor é imerso no maior e a unidade está fundida no todo, sempre que os grandes e universais conceitos fazem seu impacto sobre as mentes das massas, há um subsequente desastre e cataclismo e ruptura do aspecto forma e daquilo que poderia impedir aqueles conceitos de se tornarem fatos físicos plenos. Este é, portanto, o problema dos trabalhadores da Hierarquia: - como evitar o sofrimento temido e conduzir o homem enquanto a onda da maré da conscientização espiritual varre o mundo e executa seu necessário trabalho. Daí o presente chamado para o serviço que está soando como um clarim no ouvido de todos os discípulos atentos.

Este chamado ao serviço habitualmente encontra uma resposta, mas aquela resposta é colorida pela personalidade do aspirante e tingida com seu orgulho e sua ambição. A necessidade é verdadeiramente conscientizada. O desejo de ir ao encontro da necessidade é genuíno e sincero; a ânsia de servir e se elevar é real. Passos são dados pelo aspirante, com a intenção de capacitá-lo a se ajustar ao plano. Mas o problema, com o qual nos temos que lidar inevitavelmente do lado interno é que embora não haja dúvida quanto ao propósito e desejo de servir, os caracteres e temperamentos são tais que dificuldades quase insuperáveis se apresentam. Através destes aspirantes nós temos que trabalhar e o material que apresentam dá-nos frequentemente muitos problemas.

Estas características latentes muitas vezes não fazem o seu aparecimento senão após o serviço ter sido iniciado. Que eles estão lá, os guias observadores podem suspeitar, mas mesmo eles não têm o direito de impedir a oportunidade. Quando há este aparecimento retardado, a tragédia e que muitos outros sofrem além do aspirante referido. Como a estrutura humana se faz sentir e se destaca da névoa do idealismo, de planos amáveis, e de muita conversa e combinação, muitos são neste meio tempo atraídos pelo idealismo sincrônico e se reúnem em torno do servidor. Quando a fraqueza oculta aparece, eles sofrem tanto quanto ele. O método dos Grandes Seres, que é procurar aqueles que se treinaram até certo ponto na resposta sensitiva e trabalhar através deles, traz consigo certos perigos. O aspirante comum bem intencionado não está neste perigo como o discípulo mais avançado e ativo. Ele está em perigo em três direções e pode ser derrubado de seus pontos de apoio de três maneiras:

1 - Toda a sua natureza está sob indevido estímulo devido aos seus contatos internos e às forças espirituais com as quais está em contato e isto traz consigo um verdadeiro perigo, pois dificilmente ele já saberá como lidar consigo mesmo e mal se mostra consciente do risco que corre.

2 - As pessoas com quem ele está trabalhando, por sua vez, criam o seu problema. Sua ambição, sua adulação e orgulho e sua crítica tendem a encobrir seu caminho. Por não estar suficientemente desapegado e espiritualmente avançado, ele caminha aturdido numa nuvem de pensamentos-forma e não o sabe. Assim ele perde seu caminho e vagueia a partir de sua intenção original e, novamente, não o sabe.

3 - Sua latente fraqueza deve emergir sob a pressão do trabalho e inevitavelmente ele, às vezes, mostrará sinais de sucumbir, se assim posso me expressar. As faltas da personalidade se tornam fortalecidas à medida que ele procura levar sua particular forma de serviço para o mundo. Refiro-me àquele serviço que é procurado pelo próprio e formulado num pano de fundo de ambição pessoal e amor ao poder, mesmo se somente parcialmente reconhecido ou não reconhecido de todo. Ele esta sob tensão naturalmente e - como um homem carregando uma pesada carga para o alto de uma montanha íngreme - ele descobre pontos de tensão e exibe uma tendência para sucumbir fisicamente ou rebaixar seu ideal de modo a se conformar com a fraqueza.

A tudo isto se deve acrescentar a tensão do próprio período, e a condição geral da infeliz humanidade. Isto tem subconscientemente seu feito sobre todos os discípulos e sobre todos os que estão agora trabalhando no mundo. Alguns mostram sinais de pressão física, embora a vida interior permaneça firme e normal, sã e corretamente orientada. Outros estão sucumbindo emocionalmente e isto produz dois efeitos de acordo com o ponto de desenvolvimento do aspirante ao serviço. Ou ele está, através da tensão, aprendendo o desapego e este, curiosamente bastante, é o que poderia chamar-se o "mecanismo de defesa" da alma no atual período de desenvolvimento mundial, ou está se tornando crescentemente nervoso e a caminho de se tornar um neurótico. Outros, novamente, estão sentindo a pressão no corpo mental. Tornam-se confusos em alguns casos e nenhuma verdade clara aparece. Eles então continuam a trabalhar sem inspiração e porque sabem que isto é o certo e têm também o ritmo do trabalho. Outros estão valendo- se da oportunidade como eles a veem e, para fazê-lo, caem de volta na autoformação inata (que é a falta preponderante dos tipos mentais) e constroem uma estrutura em torno do seu serviço e constroem uma forma que na realidade encarna o que eles desejam, o que eles pensam ser o certo, mas que é separativo e a criação de suas mentes e não a criação de suas almas. Alguns, por sua vez, mais potentes e mais coordenados, sentem a pressão da personalidade inteira; a natureza psíquica versátil responde tanto à necessidade como a teoria do plano; conscientizam seus recursos verdadeiramente válidos e sabem que têm algo para contribuir. Estão ainda, todavia, tão cheios do que se chama personalidade que seu serviço é gradual e firmemente rebaixado ao nível daquela personalidade e é consequentemente colorido por suas reações da personalidade, suas preferências e aversões e suas tendências da vida e hábitos individuais. Estes finalmente se alinham e há então um cooperador, fazendo bom trabalho mas estragando-o por sua separatividade inconsciente e métodos individuais. Isto significa que tal trabalhador reúne em torno de si somente aqueles a quem ele pode subordinar e governar. Seu grupo não é matizado pelos impulsos da nova era, mas pelos instintos separatistas do trabalhador no centro. O perigo aqui é tão sutil que muito cuidado deve ser tomado por um discípulo na autoanálise. É tão fácil se iludir pela beleza dos ideais e da visão próprios e pela suposta retidão da própria posição e entretanto ser influenciado subjetivamente o tempo todo pelo amor ao poder pessoal, à ambição individual, ao ciúme dos demais trabalhadores e às muitas armadilhas que prendem os pés do discípulo desavisado.

Mas se a verdadeira impessoalidade for cultivada, se o poder de permanecer firme se desenvolver, se cada situação for manipulada num espírito de amor e se houver uma recusa em se entregar apressadamente à ação permitindo que a separatividade cresça, então haverá o crescimento de um grupo de verdadeiros servidores e a reunião daqueles que podem materializar o plano e permitir o nascimento da nova era e das maravilhas que ela promete.

Para fazer isto, deve haver coragem da mais rara espécie. O medo mantém o mundo numa prisão e ninguém está livre de sua influência. Para o aspirante e para o discípulo há duas espécies de medo que requerem especial consideração. Os medos com os quais nós lidamos na primeira parte do tratado e os medos que são inerentes, como vocês sabem, à própria existência, são familiares a todos nós. Eles têm sua raiz na natureza instintiva (medos econômicos, medos surgindo da vida sexual, medo e terror físicos, medo do desconhecido, com aquele dominante medo da morte que colore tantas vidas) e foram assunto de muita investigação psicológica. Com eles não procuro lidar. Eles devem ser superados pela vida da alma à medida que ela penetrar e transformar a vida diária e pela recusa do aspirante em admiti-los. O primeiro método constrói na direção da futura força de caráter e impede a penetração de quaisquer novos medos. Eles não podem existir quando a alma controla conscientemente a vida e suas situações. O segundo negativa as velhas formas de pensamento e alcança finalmente sua destruição através da falta de nutrição. Um processo dual é então desenvolvido, produzindo uma genuína manifestação das qualidades do homem espiritual e uma crescente liberdade daquela escravidão dos velhos conceitos do medo. O estudante se acha tornando-se firmemente desapegado dos instintos primários governantes que até então serviram para fundi-lo no esquema geral da vida planetária elementar. Poderia valer à pena aqui assinalar que todos os instintos maiores têm suas raízes naquela especial qualidade da vida planetária, - reações de medo, conduzindo à atividade de alguma espécie. Como vocês sabem, os psicólogos relacionam cinco instintos principais e dominantes, e a eles muito resumidamente nos referimos.

O instinto de conservação tem sua raiz num medo inato da morte; através da presença deste medo, a raça abriu seu caminho para seu presente ponto de longevidade e resistência. As ciências que se ocupam com a conservação da vida, o conhecimento médico atual e as conquistas do conforto civilizado, todos cresceram deste modo básico. Tudo tem tendido à permanência do indivíduo e à sua condição preservada de ser. A humanidade persiste, como uma raça e como um reino da natureza, como um resultado desta tendência do medo, desta reação instintiva da unidade humana à própria perpetuação.

O instinto do sexo tem sua principal raiz no medo da separatividade e do isolamento e numa revolta contra a unidade separativa no plano físico, contra a solidão; e resultou no desenvolvimento da raça e na conservação e propagação das formas através das quais a raça vem à manifestação.

O instinto do rebanho deixa facilmente ver que tem sua raiz numa reação similar; pelo sentimento de segurança e pela segurança assegurada de maneira convincente - baseada em aglomerações numéricas - os homens sempre procuraram sua própria espécie e se juntaram como rebanhos para se defenderem e em busca de estabilidade econômica. Desta reação instintiva da raça como um todo, nossa civilização moderna é o resultado; seus vastos centros, suas enormes cidades e suas grandes aglomerações surgiram e nós temos as aglomerações modernas levadas ao enésimo grau.

O quarto grande instinto, o da autoafirmação, é também baseado no medo; ele dá uma conotação do medo do indivíduo que ele não seja reconhecido e assim perca muito do que, de outro modo, seria seu. À medida que o tempo avançou, o egoísmo da raça também cresceu assim; seu sentido de aquisição se desenvolveu e o poder de conquista emergiu (a "vontade do poder" de alguma forma) até hoje nós temos o intenso individualismo e o positivo sentido de importância que produziram muitas das modernas perturbações econômica e nacionais. Nós temos encorajado a autodeterminação, a autoafirmação e o interesse próprio até nos depararmos com um problema nitidamente insuperável. Mas de tudo isto muito bem veio e virá, pois nenhum indivíduo vale até que se conscientize daquele valor por si mesmo e então com definição sacrifique os valores adquiridos pelo bem da coletividade.

O instinto de inquirir por sua vez se baseia no medo do desconhecido, mas deste medo emergiram - como um resultado de uma prolongada inquirição - nossos atuais sistemas educacionais e culturais e a estrutura inteira da investigação científica.

Estas tendências, baseadas no medo (porque o homem é divino) agiram como um tremendo estímulo de sua natureza inteira e o impulsionaram até seu presente ponto de ampla compreensão e utilidade; produziram nossa civilização moderna com todos os seus defeitos e, entretanto com toda a sua indicada divindade. A partir desses instintos indicaram o caminho para o infinito e do processo de sua transmutação para suas correspondências superiores a plena flor da expressão da alma emergirá. Gostaria de destacar o seguinte:

O instinto de conservação encontra sua consumação na imortalidade assegurada e disto o trabalho desenvolvido pelos espiritistas e investigadores psíquicos em todas as épocas é o modo de se abordar o assunto e a inevitável garantia.

O instinto sexual elaborou e encontra sua consumação lógica no relacionamento - conscientemente realizado - da alma e do corpo. Esta é a nota-chave do misticismo e da religião, que é hoje, como sempre, a expressão da Lei da Atração, não como ela se expressa através do casamento do plano físico, mas como encontra sua consumação (para o homem) no casamento sublime realizado com o intento consciente entre a alma positiva e a forma negativa e receptiva.

O instinto do rebanho encontra sua consumação divina numa consciência grupal despertada, que é hoje evidenciada pela tendência geral às amalgamações e à generalizada fusão e combinação que se estão desenvolvendo em toda parte. Ela se deminstr4a na capacidade de pensar em te3rmos de internacionalismo, de conceitos universais, que resultarão finalm,ente no estabelecimento da fraternidade universal.

O instinto de autoafirmação, por sua vez, deu à nossa civilização moderna seu intenso individualismo, o culto da personalidade e a produção da devoção aos ancestrais e aos heróis. Está conduzindo, todavia, à afirmação do Ego, do Dirigente divino interno e, de nossa mais nova ciência, a psicologia, surgirá um conhecimento do Ego espiritual afirmativo e dominante e conduzirá finalmente à manifestação do reino das almas na Terra.

E quanto ao instinto de inquirição? Transmutado em investigação divina e transformado pela aplicação da luz da alma no reino da inquirição, teremos a humanidade levada para a Câmara da Sabedoria e assim o homem deixará para trás as experiências da Câmara do Conhecimento. Nossos grandes centros educacionais tornar-se-ão escolas para o desenvolvimento da percepção intuitiva e da consciência do espírito.

O quadro seguinte deveria ser cuidadosamente estudado pelo discípulo:

Instinto Correspondência Modo
1. Conservação Imortalidade Pesquisa espiritista
2. Sexo União espiritual Religião
Unificação Misticismo
3. Rebanho Consciência grupal Fraternidade
4. Autoafirmação Afirmação do Eu Psicologia
5. Inquirição Intuição Educação

Assim, os medos que afligem à humanidade, tendo suas raízes nos instintos, parecem, todavia ser características divinas, mal aplicadas e mal usadas. Quando, contudo, são corretamente compreendidas, usadas e transmutadas pela alma que sabe, produzem percepção e são a fonte de crescimento e aquilo que transmitem à alma adormecida - no tempo e no espaço - o necessário impulso, ímpeto e ânsia para progredir, que impulsionaram o homem da etapa do homem das cavernas e do ciclo pré-histórico, através do longo período da história, e ao qual se pode hoje atribuir o impulso de conduzi-lo adiante com crescente rapidez, uma vez que ele agora chega à compreensão intelectual e pode aplicar-se ao problema do progresso em plena consciência.

Os estudantes necessitam de se conscientizar mais profundamente que o processo inteiro é um processo divino e que o mal, assim chamado, é apenas uma ilusão e uma parte inerente da dualidade, dando lugar, no tempo e fora do tempo, a uma unidade divina. O mal é devido à percepção errada e à errada interpretação daquilo que é percebido. A conquista da verdadeira visão, de mais correta compreensão, leva à liberdade das reações instintivas e evoca aquele desapego interior que capacita um homem a caminhar em liberdade no reino de Deus.

Mas que dizer dos dois medos com os quais o aspirante tem que lidar em particular? Que dizer do medo da opinião pública e do medo do fracasso? Estes são dois fatores potentes na vida do serviço, e tolhem muitos.

Os que estão começando a trabalhar em cooperação com o plano e estão aprendendo o significado do serviço, estão inclinados a temer que o que fizerem será criticado e mal interpretado, ou caem vítimas da ideia inversa, que o que eles fizerem não será suficientemente apreciado, compreendido e aceito. Exigem apreciação e louvor. Interpretam o êxito por números e pela resposta. Não gostam de ver seus motivos impugnados e mal interpretados e violentamente procuram explicações; sentem-se infelizes se seus métodos, o pessoal do seu grupo e o caminho pelo qual seu serviço é prestado, caírem na língua da crítica. Os falsos objetivos das quantidades, do poder ou de uma doutrina formulada os controlam. A menos que o que eles fizerem se nivele aos padrões ou se adapte à técnica do grupo de mentes que os cerca ou mais lhes agrada, sentem-se infelizes e em consequência frequentemente mudam seus planos, alteram seus pontos de vista e rebaixam seu padrão até conformá-lo à sua imediata psicologia de massa, ou seus conselheiros escolhidos.

O verdadeiro discípulo vê a visão. Procura então manter-se tão intimamente em contato com sua alma, que ele pode sustentar-se com firmeza enquanto tenta fazer daquela visão uma realidade: ele objetiva alcançar o que, do ponto de vista do mundo, parece impossível, sabendo que a visão não é materializada através de expedientes e de indevida adaptação das ideias sugeridas pelos conselheiros intelectuais ou do mundo. A opinião pública e o conselho daqueles que são de Peixes em suas tendência e não de Aquário, são cuidadosamente considerados mas não indevidamente e quando se verifica que o conselho é separativo e tende a eliminar a harmonia e produzir uma falta de amor fraternal e compreensão, ele é imediatamente desprezado. Quando é evidenciada uma atitude constantemente crítica relativamente a outros cooperadores no campo do serviço mundial e onde há uma capacidade de ver somente o egoísmo e a falha e de imputar motivos errados e acreditar no mal, então o verdadeiro aspirante recusa ser manejado e segue serenamente seu caminho.

Afirmo que o verdadeiro trabalho somente será desenvolvido no próximo ciclo (o trabalho da união espiritual do mundo numa síntese e a produção de uma reconhecida fraternidade de almas) por aqueles que recusarem ser separativos e cujas palavras forem observadas de modo que nenhum mal seja falado; estes são os cooperadores que veem o divino em tudo e recusam pensar mal e imputar o mal; trabalham com lábio selados; não lidam com os assuntos particulares dos seus irmãos, nem revelam o que lhes concerne; suas vidas são coloridas pela compreensão e pelo amor; suas mentes se caracterizam por uma percepção espiritual treinada e por aquela conscientização espiritual que emprega um fino intelecto como o corolário de um espírito que ama.

Permitam-me repetir em outras palavras este tema, pois sua importância é vital e o efeito do trabalho destes instrumentos sobre o mundo é imenso. Estes homens e mulheres cuja missão é inaugurar a Nova Era aprenderam o segredo do silêncio; estão animados incessantemente por um espírito de amor inclusivo; suas línguas não os desviam para o campo da crítica ordinária e não permitem nenhuma condenação de outros; são animados pelo espírito de proteção. A eles será acometida a obra de fomentar a vida da Nova Era.

Aos que ainda não alcançaram este ponto na evolução e cuja visão não é tão clara, nem suas naturezas tão disciplinadas, resta o importante trabalho, num nível inferior, de trabalhar com sua espécie. Seus atributos e qualidades trazem-lhes os que se assemelham com eles; não trabalham em tal solidão e seu trabalho é melhor sucedido externamente, embora nem sempre assim.

Deve-se lembrar que todo trabalho, para os Grandes Seres, é de igual importância. Para aquelas almas que estão na etapa onde um lar ou escritório forneça suficiente experiência, aquele é para eles o supremo esforço; sua tentativa para trabalhar é - no seu próprio nível - tão grande conquista como cumprir o destino de um Cristo ou de um Napoleão. Não se esqueçam disso e procurem ver a vida verdadeiramente e não com suas distinções - feitas pelos homens e perigosas. Um discípulo que ainda não tenha a visão mais cheia de um cooperador mais treinado e que esteja apenas aprendendo o ABC do trabalho público pode, com todos os seus fracassos e profundas tolices, estar fazendo tão bem quanto um discípulo mais velho com seu mais amplo conhecimento e experiência.

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OS GRUPOS DA NOVA ERA E O TREINAMENTO

Para aqueles de nós que estamos trabalhando no lado interno, os cooperadores no mundo se distribuem em três grupos:

1 - Aqueles, poucos e distantes entre si, que são verdadeiros Aquarianos. Estes trabalham sob reais dificuldades, pois sua visão está além do alcance da maioria e se deparam com frequência a incompreensão, frequente desapontamento em seus colaboradores e muita solidão.

2 - Aqueles que são diretamente de Peixes. Estes trabalham com muito maior facilidade e encontram uma resposta mais rápida daqueles que o cercam. Seu trabalho é mais doutrinário, menos inclusivo e colorido pelo espírito da separatividade. Incluem a massa de cooperadores mundiais em todos os vários departamentos do pensamento e do bem-estar humanos.

3 - Aqueles de Peixes que estão suficientemente desenvolvidos para responder à mensagem de Aquário mas que - por enquanto - não podem confiar em si próprios para empregar os verdadeiros métodos de trabalho e a mensagem de Aquário.

Por exemplo, eles têm no campo político, um sentido de internacionalismo, mas não podem aplicá-lo quando ele chega à compreensão de outros. Pensam que têm uma consciência universal, mas quando ela é posta à prova, eles discriminam e eliminam. Constituem um grupo muito menor do que os que são verdadeiramente de Peixes e estão fazendo um bom trabalho e preenchendo um lugar muito necessário. O problema que apresentam, todavia, ao colaborador de Aquário, repousa no fato de que embora eles respondam ao ideal e se considerem como da nova era, não o são efetivamente. Eles veem um pedacinho da visão e alcançaram a teoria mas não podem expressá-la na ação.

Assim nós temos estes três grupos fazendo muito do trabalho necessário e alcançando através de suas iniciativas unidas a massa do povo e cumprindo assim seu dharma. Um grupo trabalha necessariamente sob a miragem da opinião pública. O grupo intermediário tem uma tarefa muito difícil a cumprir, pois onde não há clara visão, a voz de seu ambiente escolhido e a voz do grupo interno de Conhecedores do mundo estão muitas vezes em conflito e eles são puxados daqui para ali ao responderem primeiro a uma e depois à outra. O grupo daqueles que respondem mais plenamente à vibração de Aquário, que está penetrando, registra as vozes dos líderes dos outros dois grupos, mas a voz dos Mestres que guiam e a voz do grupo de Mestres do mundo servem para guiá-los adiante sem enganos.

Procurei explicar os modos e métodos de trabalho acima, porque os tempos são difíceis e a clareza de pensamento é necessária para que o trabalho prossiga tal como desejado. Mesmo tais tríplices distinções como as existentes entre os grupos são, elas mesmas, de uma tonalidade separativa e ainda é impossível apresentar qualquer ideia em sua relação verdadeira e sintética. Será um ganho quando os muitos milhares de grupos separativos puderem ser agrupados em três grupos compreensivos e a mente do discípulo ficar assim livre de detalhada análise da situação mundial entre os cooperadores do Plano.

O segundo grande teste do discípulo sensível é o medo do fracasso Este é baseado na experiência passada (pois todos já fracassaram), numa conscientização da imediata necessidade e oportunidade e numa aguda apreciação da limitação e deficiência individuais. É o resultado muitas vezes de uma resposta à vitalidade espiritual e física diminuída da raça atual. Nunca antes houve um tempo em que o medo do fracasso tivesse mais amplamente assombrado a família humana. Uma outra causa desta reação encontra- se no fato de que a humanidade como um todo e pela primeira vez na história da raça, percebe a visão e tem por isso um sentimento mais verdadeiro dos valores relativos do que em qualquer outra época anterior. Os homens identificam-se como divinos e isto está se tornando uma conscientização universal crescente. Daí a atual inquietação e revolta contra as condições que obstaculizem. É, todavia, um sério desperdício de tempo para um discípulo meditar sobre um fracasso ou temer o fracasso. Não há tal coisa como um fracasso; somente pode haver perda de tempo. Esta em si mesma é séria nestes dias de terrível necessidade mundial, mas o discípulo deve inevitavelmente algum dia agir bem e com pensar seus fracassos passados. Não preciso destacar que nós aprendemos pelo fracasso, pois esta é uma verdade bem conhecida e é conhecida assim por todos os que estão tentando viver como almas. Nem precisam os discípulos lamentar os fracassos, aparentes ou reais, de seus companheiros. O sentido do tempo produz miragem e desapontamento, ao passo que o trabalho verdadeiramente prossegue e uma lição aprendida do fracasso age como uma garantia para o futuro. Assim ela leva ao rápido crescimento. Um discípulo honesto pode ficar momentaneamente ofuscado, mas a longo prazo nada pode realmente detê-lo. Que são uns poucos breves anos em comparação com um ciclo de eons? Que é um segundo de tempo na amplitude dos setenta anos aquinhoados ao homem? Ao discípulo individualmente parecem muito importantes; à alma observadora, não parecem coisa alguma. Para o mundo, talvez, um fracasso temporário possa conotar atraso numa ajuda esperada, mas aquele novamente é breve e a ajuda virá de outras fontes, pois o Plano avança sem cessar.

Posso oferecer-lhes seriamente a paradoxal injunção de trabalhar com extrema seriedade e, contudo ao mesmo tempo recusar trabalhar com tal seriedade e não levar vocês tão a sério? Aqueles que permanecem no lado interno e estudam o trabalho dos aspirantes do mundo atual veem uma tristeza quase digna de dó de deficiência individual, um esforço intenso e sustentado por parte deles para "tornarem-se o que deveriam ser", e, entretanto ao mesmo tempo uma triste falta de proporção e nenhum senso de humor. Insisto para que cultivem ambas estas qualidades. Não se levem tão a sério e verificarão que ficarão aliviados para um trabalho mais livre e mais potente. Levem o Plano a sério e o apelo ao serviço, mas não desperdicem tempo em constante autoanálise.

Portanto, o imediato objetivo para todos os discípulos aspirantes da atualidade pode ser visto como se segue:

1 - Uma conquista da clareza de pensamento quanto aos seus próprios e imediatos problemas pessoais e primariamente o problema quanto ao seu objetivo no serviço. Isto deve ser feito através da meditação.

2 - O desenvolvimento da sensibilidade aos novos impulsos que estão inundando o mundo de hoje. Isto é para ser alcançado amando mais aos homens e através do amor e da compreensão contatá-los com mais facilidade. O amor revela.

3 - A prestação do serviço com completa impessoalidade. Isto é feito eliminando a ambição pessoal e o amor ao poder.

4 - A recusa em dar atenção à opinião pública ou ao fracasso. Isto se faz pela aplicação da estrita atenção à voz da alma e por um esforço para habitar sempre no lugar secreto do Altíssimo.

Nós mergulhamos em nosso primeiro ponto quanto ao objetivo imediato e aos passos a serem dados para alcançá-lo com nosso segundo ponto quanto à conduta e aos fatores que devem ser eliminados. Resta somente, por conseguinte, assinalar as penalidades que atingirão o discípulo probacionário e o cooperador treinado que se entregarem ao deslumbramento e às faltas inerentes em sua natureza e permitirem que elas impeçam seu trabalho e se interponham entre eles e o objetivo visado.

Poderia ser assinalado que há três pontos principais de perigo na vida do serviço. Não estou aqui lidando com o treino individual do discípulo mas com sua vida de serviço e com as atividades nas quais ele está engajado como um cooperador. Seu temperamento, conjunto de características (física, emocional e mental) têm um potente efeito em seu ambiente e nas pessoas que ele procura ajudar e também em seus antecedentes familiares, seu mundo de treinamento mundial e sua maneira de falar.

O primeiro ponto de perigo é sua condição física. Sobre isto não posso me alongar além do pedir a todos os discípulos para agirem com sabedoria, para gozarem de suficiente sono, alimentação correta (que variará para cada indivíduo) e aquelas circunstâncias, se possível, que o capacitem para trabalhar com a maior facilidade. A penalidade pela infringência destas sugestões se traduz pela falta de força no serviço e na crescente escravidão do corpo físico. Onde o corpo físico está em más condições, o discípulo tem que acrescentar as obrigações incidentes no introduzir a força que ele conclui ser incapaz de manejar.

O segundo ponto de perigo é encontrado na ilusão astral na qual a humanidade inteira vive e seu poder de iludir mesmo os cooperadores experimentados. Considerei isto afinal neste tratado que é, como vocês sabem, um tratado sobre o controle do corpo astral e uma correta compreensão de suas leis. Somente o controle mental, mais uma percepção espiritual verdadeira, bastarão para penetrar neste ilusório miasma astral e revelar ao homem que ele é uma entidade espiritual encarnada e em contato - através de sua mente - com a Mente Universal. A penalidade que atinge o discípulo que persistentemente se permite ficar deslumbrado é óbvia. Sua visão se torna nublada e nevoenta e ele "perde o sentido do contacto" como se chama nos velhos comentários. Ele erra "pelas planícies da vida e perde aquela estrada reta que o conduzirá até seu objetivo"

O terceiro perigo (e um que é muito prevalente atualmente) é aquele do orgulho mental e consequente incapacidade para trabalhar na formação grupal. A penalidade para isto é, muitas vezes, um sucesso temporário e um trabalho forçado com um grupo, que foi desvitalizado de seus melhores elementos e que tem nele somente aquelas pessoas que se alimentam da personalidade do cabeça do grupo. Devido à ênfase sobre suas próprias ideias e seus próprios métodos de trabalho, um discípulo descobre que ao seu grupo faltam aqueles fatores e aquelas pessoas que tê-lo iam integrado, que teriam equilibrado seu esforço e que teriam dado à sua empresa aquelas qualidades das quais ele próprio se ressente. Isto é, em si mesmo, uma punição suficiente e rapidamente traz o discípulo honesto à razão. Que um discípulo inteligente, honesto e basicamente verdadeiro erre assim, e em tempo ele despertará para o fato de que o grupo que ele reuniu em torno de si é modelado por ele ou ele é modelado por eles; são muitas vezes sua própria encarnação e repetem-no. A lei opera rapidamente no caso de um discípulo, e assim os ajustamentos são rapidamente feitos.

Gostaria de destacar para o estudante que, tendo com firmeza ido adiante, ele descobrirá que a ligação exotérica e esotérica, das escolas externas e da escola interna ou fileira de conhecedores da verdade está tão próxima que nenhum estudante sério passa totalmente sem ser reconhecido. Na pressão do trabalho e na carga e instrumentalidade dos labores do dia está um encorajamento para saber que há aqueles que observam e que cada feito amado, cada pensamento aspirante e cada reação altruística é notada e sabida. Tenham em mente, todavia, que isto chega ao conhecimento dos Auxiliadores através da vibração aumentada do aspirante e não através de um conhecimento específico do fato realizado ou do pensamento emitido. Aqueles que ensinam estão ocupados com os princípios da verdade, com intensidades vibratórias e com a qualidade da luz a ser vista. Não tomam conhecimento nem têm tempo para considerar fatos específicos, palavras e condições e quanto mais cedo os estudantes entenderem isto e tirarem de suas mentes qualquer esperança de entrar em contacto com um indivíduo fenomênico ao qual eles chamam, com tal ociosidade, de um Mestre de forças tão desenvolvidas, que ele possa se ocupar com os assuntos triviais de tempo e espaço do estudante, tanto mais rapidamente progredirão.

Onde, todavia, houver firme crescimento, uma aplicação aos princípios ocultos de modo que modificações definidas se produzam nos corpos usados e uma luz crescentemente irradiante, ela é conhecida e registrada e o aspirante é recompensado pela crescente oportunidade de servir aos seus semelhantes. Eles não recompensam pelos elogios, pelo tapinha na cabeça ou expressando seu prazer em palavras. Estão ocupados fazendo conhecedores e mestres dos homens e mulheres do quotidiano.

1 - Ensinando-lhes a se reconhecerem.

2 - Libertando-os da autoridade pelo despertar do interesse e da inquirição em suas mentes e então indicando (não mais do que isso) a direção na qual as respostas devem ser procuradas.

3 - Dando-lhes aquelas condições que os forçarão a se manterem sobre seus pés e confiarem em suas próprias almas e não em nenhum ser humano, seja ele um amigo amado, um instrutor ou um Mestre da Sabedoria.

Evito repetir-me. A maior parte dos pontos que concernem ao trabalho do aspirante de hoje eu considerei antes neste tratado. Resta agora a todos vocês estudarem-no com cuidado. Encerro com um apelo a todos os que lerem estas instruções a reunirem suas forças, a renovarem seus votos de dedicação ao serviço da humanidade, a subordinarem suas próprias ideias e desejos ao bem do grupo, a tirarem seus olhos de si próprios e fixarem-nos sobre a visão, a guardar suas línguas da conversação leviana e da crítica, da maledicência e das insinuações, a ler e estudar de modo que o trabalho possa prosseguir inteligentemente. Que todos os estudantes se decidam neste dia de emergência e de oportunidade que rapidamente desabrocha, a sacrificar tudo o que têm para ajudar à humanidade, Agora é a necessidade. A urgência da hora está sobre nós e apelo para todos vocês a quem estou procurando ajudar, para que se unam ao intenso esforço dos Grandes Seres. Eles trabalham dia e noite num estou para aliviar a humanidade e para expulsar aqueles males e desastres que são imanentes na atual situação. Ofereço-lhes a oportunidade e digo-lhes que vocês são necessários - mesmo o menor de vocês. Asseguro- lhes que grupos de estudantes, trabalhando em uníssono e com profundo e resoluto amor recíproco, podem alcançar resultados significativos.

Que cada um de vocês possa trabalhar assim e que cada um de vocês possa perder de vista a personalidade na conscientização da necessidade mundial, é a mais séria oração e a mais profunda aspiração de seu irmão, O TIBETANO.

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