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Livros de Alice Bailey

Um Tratado Sobre Magia Branca


 OBSERVAÇÕES PRELIMINARES

No estudo das ideias delineadas neste livro e de sua cuidadosa apreciação, certos conceitos básicos surgem na mente:

Primeiro, que o assunto de primordial importância para cada estudante não é o fato da personalidade de um particular instrutor, mas a medida de verdade que ele representa e a capacidade do estudante em distinguir entre a verdade, a verdade parcial e a falsidade.

Segundo, que com o ensinamento esotérico aumentado cresce a responsabilidade exotérica. Que cada estudante faça uma avaliação lúcida de si mesmo, lembrando que a compreensão surge pela aplicação da medida da verdade alcançada, ao imediato problema e ambiente e que a consciência se expande através do uso da verdade transmitida.

Terceiro, que uma adesão dinâmica ao caminho escolhido e uma firme perseverança que conquista e permanece inalterada aconteça o que acontecer, é um requisito preliminar e conduz ao portal de admissão de um reino, uma dimensão e um estado de ser que é conhecido internamente, ou subjetivamente. É este estado da realização que produz modificações na forma e condições de ambiente em correspondência ao seu poder.

Estas três sugestões merecerão de todos uma íntima consideração e seu significado deverá ser até certo ponto alcançado, antes que se torne possível maior progresso real. Não é minha tarefa fazer aplicação individual e pessoal do ensinamento dado. Isso deve ser feito por todo estudante, para si mesmo.

Vocês prudentemente guardam o ensinamento da contaminação da autoridade superimposta e não se encontra em seus livros nenhum princípio esotérico de autoridade ou suporte hierárquicos, tais como os desenvolvidos pelos estreitos limites de certos corpos e grupos eclesiásticos, diferindo tão amplamente da Igreja Católica, da Ciência Cristã, daqueles que acreditam na inspiração verbal das Escrituras e de numerosas (assim- chamadas) organizações esotéricas. A maldição de muitos grupos tem sido a palavra sussurrada, que "Aqueles que sabem desejam..." "O Mestre diz..." "Os Grandes ordenam..." e o grupo de tolos carneiros frágil e cegamente se curvando para obedecer. Eles pensam contatar, através de sua distorcida devoção, certos personagens autoritários e alcançar o céu por algum curto atalho.

Vocês terão prudentemente guardado os seus livros da ação atribuída àqueles que proclamam ser mestres, adeptos e iniciados. Meu anonimato e status devem ser preservados, meu grau deve ser considerado como somente o de um estudante mais adiantado e de um aspirante àquela expansão de consciência que é para mim o próximo passo adiante. O que Eu digo de verdade, tão somente, é o que importa; a inspiração e ajuda que Eu possa proporcionar a qualquer peregrino no caminho é o unicamente vital; o que aprendi através da experiência está à disposição do aspirante sério; e a amplitude de visão de que posso dispor (devido ao fato de que escalei a montanha mais alto do que alguns) é minha principal contribuição. Sobre estes pontos os estudantes têm liberdade para ponderar, omitindo ociosas especulações quanto aos exatos detalhes de personalidades sem importância e quanto às condições circunstanciais.

Nosso tema destina-se a ser o da Magia da Alma e o pensamento chave, subjacente a tudo que possa aparecer neste livro, deve ser buscado nas palavras do Bhagavad Gita tal como segue:

"Embora eu seja não-nascido, a Alma que não se vai, embora eu seja o Senhor dos Seres, contudo, como Senhor de Minha natureza eu me torno manifesto, através do poder mágico da Alma". Gita IV.6

O estatístico e o acadêmico são uma base necessária e um passo preliminar para o estudo mais cientifico, mas neste livro nós centralizaremos nossa atenção no aspecto vida e na aplicação prática da verdade à vida diária do estudante. Vamos estudar como nós nos podemos tornar magos práticos e de que maneira podemos viver melhor a vida de um homem espiritual e de um aspirante ao discipulado aceito em nossos próprios tempos, estado e condições ambientais.

Para fazer isto tomaremos as Quinze Regras para a Magia que se encontram em meu livro anterior, intitulado "Um Tratado sobre o Fogo Cósmico". Farei um comentário a respeito delas, não abordando o seu significado cósmico ou lidando com as correspondências e analogias solares ou outras, mas aplicando-as ao trabalho do aspirante e dando sugestões práticas para o melhor desenvolvimento do contato da alma e da manifestação da alma. Admito o prévio conhecimento de certas noções e presumo que os estudantes poderão acompanhar e compreender certos termos técnicos que eu possa ser levado a usar. Não estou lidando com crianças, mas com homens e mulheres amadurecidos que escolheram certo caminho e que fizeram o voto de "caminhar na luz".

Procuro neste livro fazer quatro coisas e apelar para três tipos de pessoas. Ele se baseia, relativamente ao seu ensinamento, em quatro postulados fundamentais. Estes se destinam a:

1. Ensinar as leis da psicologia espiritual como sendo distintas da psicologia mental e emocional;

2. Esclarecer a natureza da alma do homem e suas relações cósmicas e sistêmicas. Isto incluirá seu relacionamento grupal como um passo preliminar.

3. Demonstrar as relações entre o ego e os invólucros que o ego pode usar e assim esclarecer o pensamento do público quanto à constituição do homem.

4. Elucidar o problema dos poderes supranormais e dar as regras para seu desenvolvimento útil e seguro.

Nós nos aproximamos, agora, do fechamento de um grande período de transição e os reinos mais sutis da vida estão mais perto do que jamais estiveram; fenômenos extraordinários e acontecimentos inexplicáveis são mais comuns do que em qualquer época até então, enquanto que assuntos telepáticos, psíquicos e curiosos ocupam a atenção mesmo dos céticos, de cientistas e de religiosos. Razões para o aparecimento dos fenômenos estão sendo pesquisados em toda parte e sociedades são formadas para sua investigação e demonstração. Muitos estão igualmente se perdendo no esforço de induzirem em si próprios condições psíquicas e os fatores produtores de energia que dão origem à manifestação de especiais poderes. Este livro tentará ajustar as informações dadas ao esquema da vida como hoje nós a reconhecemos e mostrará quão basicamente natural e verdadeiro é tudo aquilo que é chamado de misterioso. Tudo está sob a lei e as leis necessitam elucidação, agora que o desenvolvimento do homem alcançou a fase de uma apreciação mais justa da beleza que possuem, e de sua realidade.

Três tipos de pessoas responderão a este livro. São elas:

1. Aqueles investigadores com a mente aberta, que estão desejosos de aceitar seus fundamentos como uma hipótese de trabalho até que seja demonstrado estarem eles errados. Serão francamente agnósticos, mas temporariamente desejosos de experimentar os métodos em sua busca da verdade e seguir as sugestões oferecidas à sua consideração.

2. Aspirantes e discípulos estudarão este tratado para se compreenderem melhor e porque eles procuram ajudar a seus semelhantes. Não aceitarão suas afirmações cegamente, mas experimentarão, conferirão e corroborarão, com cuidado, os degraus e etapas oferecidos a eles nesta parte dos ensinamentos da Sabedoria Eterna.

3. Iniciados. Estas pessoas chegarão a um significado que não será aparente àqueles no primeiro grupo e que será somente suspeitado pelos mais avançados membros do segundo. Dentro de si mesmos conhecem a verdade de muitas de suas afirmações e compreenderão o efeito subjetivo contido em muitas das leis. Estas leis da natureza têm efeito em três distintos planos:

a) Fisicamente, onde se demonstram como efeitos na forma densa.

b) Etericamente, onde se demonstram como a energia que está por trás dos efeitos.

c) Mentalmente, onde se ligam aos impulsos que produzem as outras duas.

O Tratado sobre o Fogo Cósmico lidou primariamente com o sistema solar e somente tocou nos aspectos e correspondências humanas na medida em que elas demonstravam a relação da parte com o todo e da unidade com a totalidade.

O presente livro lidará mais especificamente com o desenvolvimento humano e desdobramento, elucidando as causas que são responsáveis pelos presentes efeitos, apontando para o futuro e suas possibilidades e para a natureza das potencialidades que se desdobram.

Este livro também estará baseado nos quatro postulados fundamentais que devem ser admitidos pelo estudante das páginas seguintes como oferecendo uma hipótese merecedora de sua consideração e experiência. Nenhum investigador real da Sabedoria Eterna é solicitado a aceitar cegamente nenhuma apresentação da verdade; pede-se-lhe, todavia, que tenha uma mente arejada e que pese seriamente e considere as teorias e ideais, as leis e as verdades que têm guiado, tantos, das trevas para a luz do conhecimento e da experiência. Os postulados poderiam ser enumerados como segue e são dados na ordem de sua importância.

1 - Primeiro, que existe em nosso universo manifestado a expressão de uma Energia ou Vida, que é a causa responsável pelas diversas formas e pela vasta hierarquia de seres sensíveis que compõem a totalidade de tudo o que é. Esta é a teoria conhecida como hilozoística, embora o termo se preste à confusão. Esta grande Vida é a base do Monismo e todos os homens iluminados são Monistas. "Deus é Um" é a expressão da verdade. Uma vida penetra todas as formas e aquelas formas são as expressões, no tempo e no espaço, da energia central do universo. A vida em manifestação produz existência e ser. É a causa raiz, por isso, da dualidade. Esta dualidade, que é vista quando a objetividade está presente e que desaparece quando o aspecto da forma desaparece, é coberta por muitos termos, dos quais, para maior clareza, os mais usuais poderiam ser aqui reproduzidos:

Espírito Matéria
Vida Forma
Pai Mãe
Positivo Negativo
Trevas Luz

Os estudantes devem ter esta união essencial claramente na mente, mesmo quando falarem (como devem) em termos finitos da dualidade que está em toda parte, ciclicamente aparente.

II - O segundo postulado emerge do primeiro e estabelece que a Vida una, manifestando-se através da matéria, produz um terceiro fator que é a consciência. Esta consciência, que é o resultado da união dos dois polos, do espírito e da matéria, é a alma de todas as coisas; ela permeia toda substância ou energia objetiva; ela subjaz a todas as formas, seja a forma daquela unidade de energia a que nós denominamos átomo, ou a forma do homem, de um planeta, ou de um sistema solar. Esta é a Teoria da Autodeterminação, ou o ensinamento de que todas as vidas das quais a vida una é formada, em sua esfera e no seu estado de ser, se tornam, por assim dizer, apoiadas na matéria e assumem formas onde quer que seu especial estado específico de consciência possa ser compreendido e sua vibração estabilizada; assim podem conhecer-se como existências. Assim novamente a vida una se torna uma entidade estabilizada e consciente por intermédio do sistema solar e é essencialmente, por isso, a totalidade das energias, de todos os estados de consciência e de todas as formas existentes. O homogêneo se torna o heterogêneo e, contudo, permanece uma unidade; o uno manifesta-se na diversidade e, no entanto, fica inalterado; a unidade central é conhecida no tempo e no espaço como composta e diferenciada e, no entanto, quando o tempo e o espaço não existem (sendo apenas estados de consciência), somente a unidade permanecerá e somente o espírito persistirá, mais uma ação vibratória aumentada, mais a capacidade para uma intensificação da luz quando novamente o ciclo da manifestação voltar.

Dentro da pulsação vibratória da Vida una que se manifesta, todas as vidas menores repetem o processo de ser, - Deuses, anjos, os homens e as miríades de vidas que se expressam através das formas dos reinos da natureza e das atividades do processo evolutivo. Tudo se torna autocentrado e autodeterminado.

III - O Terceiro postulado básico é aquele que o objeto para o qual a vida ganha forma e o propósito do ser manifestado é o desdobramento da consciência, ou a revelação da alma. Isto poderia ser chamado a Teoria da Evolução da Luz. Quando é compreendido que mesmo o cientista moderno diz que a luz e a matéria são termos sinônimos, assim fazendo, ecoa o ensinamento do Oriente, torna-se aparente que, através da interação dos polos e através da fricção dos pares de opostos, a luz resplandece. Verifica-se que o objetivo da evolução é uma série gradual de demonstrações de luz. Velada e oculta por cada forma está a luz, à medida que a evolução prossegue, a matéria se torna de maneira crescente um melhor condutor da luz, assim demonstrando a precisão do que o Cristo instituiu: "Eu Sou a Luz do Mundo".

IV - O quarto postulado consiste na afirmação de que todas as vidas se manifestam ciclicamente. Esta é a Teoria do Renascimento, ou da reencarnação, a demonstração da lei da periodicidade.

Tais são as grandes verdades subjacentes que formam os fundamentos da Sabedoria Eterna - a existência da vida e o desenvolvimento da consciência através da utilização cíclica da forma.

Neste livro, todavia, a ênfase será dada à pequena vida; ao homem "feito à imagem de Deus", o qual, através do método da reencarnação expande sua consciência até que ela floresça como a alma perfeita, cuja natureza é luz e cuja compreensão é aquela de uma identidade autoconsciente. Esta unidade desenvolvida deve ser finalmente absorvida, com plena e inteligente participação, na consciência maior da qual faz parte.

Antes que abordemos nosso assunto pode valer à pena definirmos certas palavras que estarão em uso constante, de modo que saibamos do que estamos falando e o significado dos termos que nós usamos.

1. Oculto - esse termo se relaciona com as forças ocultas do ser e aquelas fontes de conduta que produzem a manifestação objetiva. A palavra "conduta" é aqui usada deliberadamente, pois toda manifestação, em todos os reinos da natureza, é a expressão da vida, propósito e tipo de atividades de algum ser ou existência e assim é literalmente a conduta (ou natureza exterior ou qualidade) de uma vida. Estas fontes de ação jazem escondidas no propósito de qualquer vida, seja ela uma vida solar, uma entidade planetária, um homem, ou aquele Ser que é a totalidade dos estados de consciência e das formas de qualquer reino na natureza.

2. Leis - Uma lei pressupõe um ser superior que, dotado de propósito e ajudado pela inteligência, de tal modo coordena suas forças, que disso surge um plano que amadurece firmemente. Através de um claro conhecimento objetivo, aquela entidade põe em atividade aqueles passos e etapas que, quando levados adiante em ordem, aperfeiçoarão o plano. A palavra "lei", como habitualmente entendida, leva a ideia de sujeição a uma atividade que é reconhecida como inexorável e inevitável, mas que não é compreendida por aquele que lhe está sujeito; envolve, de um ponto de vista, a atitude da unidade submersa no impulso grupal e a incapacidade daquela unidade em modificar o impulso ou escapar ao propósito; ela inevitavelmente gera na consciência do homem que está analisando estas leis, um sentimento de vítima - de estar sendo levado à frente como uma folha ante a brisa, para um fim a respeito do qual somente é possível especular e de estar sendo governado por uma força que age aparentemente com uma pressão inevitável e assim produz resultados coletivos, às expensas da unidade. Esta atitude da mente é inevitável até que a consciência do homem possa de tal modo expandir-se que ele perceba os maiores propósitos. Quando através do contato com seu próprio ser superior, ele participa do conhecimento do objetivo e quando, através da escalada da montanha da visão, sua perspectiva se modifica e seu horizonte se amplia, ele alcança a compreensão de que uma lei é apenas o impulso espiritual, o incentivo e a manifestação da vida daquele Ser no qual ele vive e se movimenta. Ele aprende que aquele impulso demonstra um propósito inteligente, sabiamente dirigido e baseado no amor. Então, ele próprio começa a manipular a lei ou a fazer passar sábia, amorosa e inteligentemente através de si mesmo tanto daquele impulso de vida espiritual quanto seu particular organismo possa utilizar, transmitir, ou ao qual possa dar resposta. Ele deixa de obstruir e começa a transferir. Ele encerra o ciclo da vida egocêntrica fechada e abre as portas amplamente à energia espiritual. Ao agir assim, ele verifica que a lei que tanto odiou e da qual tanto desconfiou, é o agente vitalizador e purificador que o está impulsionando e a todas as criaturas de Deus, para uma gloriosa consumação.

3. Psíquico - Há dois tipos dessa força em manifestação, na medida em que se trata do reino humano e estes precisam ser claramente compreendidos. Há a força que anima os reinos subumanos da natureza - a energia anímica que, conjugada com a energia da matéria e do ego, produz todas as formas. O efeito desta junção é acrescentar à inteligência embrionária da própria substância uma sensibilidade latente e uma capacidade de responder que produz aquele algo subjetivo a que chamamos a alma animal. Isto existe em quatro graus ou estados de consciência sensível:

a) A consciência do reino mineral.
b) A consciência do reino vegetal.
c) A consciência do reino animal.
d) A consciência da forma animal através da qual o homem espiritual atua, a qual afinal de contas não passa de um departamento do precedente grupo em sua apresentação mais elevada.

Em segundo lugar, existe aquela força psíquica que é o resultado da união do espírito com a matéria sensível no reino humano e que produz um centro psíquico ao qual chamamos a alma do homem. Este centro psíquico é um centro de força e a força da qual ele é o guardião ou que ele demonstra, põe em jogo uma capacidade de resposta e uma consciência que é aquela da alma da vida planetária, uma consciência grupal que traz consigo faculdades e conhecimento de uma ordem diferente daquela na alma animal. Estes substituem finalmente os poderes da alma animal que limitam, distorcem e aprisionam e dão ao homem uma relação de contatos e um conhecimento que é infalível, livre de erros e que lhe dão admissão à "liberdade dos céus". O efeito do livre jogo da alma do homem serve para demonstrar a falibilidade e relativa inutilidade das forças da alma animal. Tudo que eu desejo fazer aqui é demonstrar os dois sentidos nos quais a palavra "psíquico" é usada. Mais tarde, nós lidaremos com o crescimento e desenvolvimento da natureza psíquica inferior, ou a alma dos veículos, nos quais o homem funciona nos três mundos e, então, procuraremos elucidar a verdadeira natureza da alma do homem e das forças que podem ser postas em ação, uma vez que o homem possa estabelecer contato com seu próprio centro espiritual e viver naquela consciência de alma.

4. Desenvolvimento - A vida no coração do sistema solar está produzindo uma progressão evolutiva das energias daquele universo que não é possível ao homem finito, por enquanto, visualizar. Semelhantemente, o centro de energia a que denominamos de aspecto espiritual no homem está produzindo (através da utilização da matéria, ou substância) a evolução daquilo a que chamamos alma e que é a mais alta das manifestações da forma - o reino humano. O homem é o mais elevado produto da existência nos três mundos. Por homem, eu penso o homem espiritual, um filho de Deus encarnado. As formas de todos os reinos da natureza - humano, animal, vegetal e mineral - contribuem para aquela manifestação. A energia do terceiro aspecto da divindade tende à revelação da alma ou o segundo aspecto, o qual, por sua vez, revela o aspecto mais elevado. Deve-se sempre lembrar que A Doutrina Secreta de H. P. Blavatsky expressa isto com precisão nas palavras, "A vida, nós consideramos como a única forma de existência, manifestada naquilo que é chamado Matéria; ou o que, incorretamente separando-as, nós chamamos de espírito, alma e matéria no homem. A matéria é o veículo para a manifestação da alma neste plano de existência e a alma é o veículo num plano superior para a manifestação do espírito e estes três são uma trindade sintetizada pela vida, que penetra por eles todos". (A Doutrina Secreta, Vol. I pág. 79-80 da edição inglesa).

Através do uso da matéria, a alma desabrocha e encontra o seu clímax na alma do homem e este tratado ocupar-se-á com esse desabrochar daquela alma e sua descoberta pelo homem.

5. O Conhecimento poderia ser dividido em três categorias: Primeiro, há o conhecimento teórico. Isto inclui todo conhecimento de que o homem dispõe, mas que é aceito por ele pelas afirmativas de outras pessoas e pelos especialistas nos vários ramos do conhecimento. Fundamenta-se nas afirmativas apoiadas na autoridade e tem em si o elemento da confiança nos escritores e oradores e nas inteligências treinadas dos trabalhadores em quaisquer dos muitos e variados campos do pensamento. As verdades aceitas como tais não foram formuladas nem verificadas por quem as aceita, por lhe faltar o necessário treino e equipamento. As afirmações da ciência, as teologias da religião e os achados dos filósofos e pensadores em toda parte, colorem o ponto de vista e deparam com uma pronta aquiescência da mente que não está treinada e esta é a mente comum.

Depois, em segundo lugar, nós temos o conhecimento discriminativo, que tem em si uma qualidade seletora e que se utiliza da apreciação inteligente e aplicação prática do método mais especificamente científico, da utilização de testes, da eliminação daquilo que não pode ser provado e do isolamento daqueles fatores que sofrerão investigação e estão em conformidade com o que é entendido como lei. A mente racional, argumentadora, escolástica e concreta é posta em ação, com o resultado de que muito que é infantil, impossível e não verificável é rejeitado e um consequente esclarecimento dos campos do pensamento resulta. Este processo discriminativo e científico capacitou o homem a alcançar muitas verdades em relação aos três mundos. O método científico está, em relação à mente da humanidade, desempenhando a mesma função que o método ocultista da meditação (em suas primeiras duas etapas de concentração e prolongada contemplação ou meditação) desempenha relativamente ao indivíduo. Através dele se engendram processos de pensamentos corretos; formulações incorretas e não-essenciais da verdade são finalmente eliminadas ou corrigidas e a firme focalização da atenção quer sobre um pensamento semente, um problema científico, uma filosofia, quer sobre uma situação mundial, resulta num esclarecimento definitivo, na firme filtração de ideias corretas e em conclusões acertadas. Os pensadores mais destacados de quaisquer das grandes escolas de pensamento são simplesmente expoentes da meditação ocultista e as brilhantes descobertas da ciência, as corretas interpretações das leis da natureza e as formulações das conclusões corretas seja nos campos da ciência, da economia, da filosofia, psicologia ou em qualquer outro, são apenas o registro pela mente (e subsequentemente pelo cérebro) das eternas verdades e a indicação de que a raça está começando também a estabelecer uma ponte entre o hiato do objetivo e o subjetivo, entre o mundo da forma e o mundo das ideias.

Isto conduz inevitavelmente à emergência do terceiro ramo do conhecimento, ointuitivo. A intuição é, na realidade, somente a apreciação pela mente de algum fator na criação, alguma lei de manifestação e algum aspecto da verdade, conhecido pela alma, emanando do mundo das ideias e sendo da natureza daquelas energias que produzem tudo que é conhecido e visto. Estas verdades estão sempre presentes e estas leis estão sempre ativas, mas somente quando a mente está treinada e desenvolvida, focalizada e aberta, podem elas ser reconhecidas, mais tarde compreendidas e finalmente ajustadas às necessidades e exigências do ciclo e do tempo. Aqueles que assim treinaram a mente na arte do pensamento claro, da focalização da atenção e consequentemente receptividade da verdade, estiveram sempre conosco, mas, até então, têm sido bem poucos. Estas são as mentes proeminentes dos tempos. Mas agora são encontradas em número crescente. As mentes da humanidade estão em processo de treinamento e muitos se acham nos limites das fronteiras de um novo conhecimento. A intuição que guia todos os pensadores avançados para os novos campos do conhecimento é apenas a antecipação daquela onisciência que caracteriza a alma. A verdade sobre todas as coisas existe e nós a chamamos onisciência, infalibilidade, o "conhecimento correto" da filosofia hindu. Quando o homem apreende um fragmento dela e a absorve na consciência racial, nós chamamos a isto formulação de uma lei, uma descoberta de algum processo da natureza. Até então esta tem sido uma iniciativa lenta e fragmentada. Mais tarde, e não demorará muito, a luz penetrará, a verdade revelar-se-á e a raça entrará na posse de sua herança - a herança da alma.

A especulação deverá necessariamente entrar em algumas de nossas considerações. Os que veem uma visão negada àqueles a quem falta a necessária aparelhagem para sua apreensão, são considerados como fantasistas e não dignos de fé. Quando muitos veem a visão, sua possibilidade é admitida; já quando a própria humanidade tem seus olhos despertados e abertos, não se precisa mais dar ênfase à visão, mas um fato é estabelecido e uma lei enunciada. Tal tem sido a história do passado e tal será o processo no futuro.

O passado é puramente especulativo do ponto de vista do homem comum e o futuro também o é, mas ele próprio é o resultado daquele passado e o futuro resultará da totalidade de suas qualidades características atuais. Se isto é verdade para o indivíduo, então também é igualmente verdadeiro para a humanidade como um todo. Aquela unidade na natureza a que chamamos o quarto reino, ou humano, representa aquilo que é o produto de sua herança física; suas características são a soma de seus desenvolvimentos emocional e mental e seus bens são aqueles que conseguiu acumular durante os ciclos em que desafiou o meio - a resultante dos outros reinos da natureza. No reino humano existem potencialidade e latências, características e bens que o futuro revelará e que, por sua vez, determinarão aquele futuro.

Propositadamente escolhi para começar, o indefinível e o incognoscível. A alma continua sendo uma quantidade desconhecida. Ela não tem um lugar verdadeiro nas teorias dos investigadores acadêmicos e científicos. Ela não está provada e é considerada mesmo pelos acadêmicos mais arejados como uma hipótese provável, mais ainda aguardando demonstração. Ela não é aceita como um fato pela consciência da raça. Somente dois grupos de pessoas aceitam-na como um fato; um é a pessoa não desenvolvida, ingênua, infantil que, educada dentro de uma escritura do mundo e sendo de inclinação religiosa, aceita os postulados da religião - tais como a alma, Deus e a imortalidade - sem discutir. O outro é o grupo pequeno, mas em firme crescimento, dos Conhecedores de Deus e da realidade, que sabem que a alma é um fato em sua própria experiência, mas não são capazes de provar sua existência satisfatoriamente ao homem que somente admite aquilo que a mente concreta pode apreender, analisar, criticar e testar.

O ignorante e o sábio se encontram num terreno comum, como sempre acontece com os extremos. Entre ambos se encontram aqueles que não são nem totalmente ignorantes nem intuitivamente sábios. São a massa das pessoas educadas que têm conhecimento, mas não entendimento e que ainda estão por aprender a diferença entre aquilo que pode ser captado pela mente racional, aquilo que pode ser visto pelo olho da mente e aquilo que somente a mente superior ou abstrata pode formular e conhecer. Isto finalmente se funde com a intuição, que é a "faculdade do conhecimento" do místico prático e inteligente que - relegando a natureza emocional e sentimental para o seu lugar próprio - usa a mente como um ponto focal e olha através daquela lente para o mundo da alma.

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