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Livros de Alice Bailey

Um Tratado Sobre Magia Branca


REGRA DOIS
Obstáculos ao Estudo do Ocultismo
A Superação dos Obstáculos

REGRA DOIS

Quando a sombra responder, na meditação profunda, o trabalho prossegue. A luz inferior é lançada para cima; a luz maior ilumina os três e o trabalho dos quatro prossegue.

OBSTÁCULOS AO ESTUDO DO OCULTISMO

Esta regra é uma das mais difíceis no livro e, contudo, uma das mais compreensíveis. Levaremos algum tempo até poder manejá-la corretamente. Temos nela uma interessante ilustração da correspondência do microcosmo com o macrocosmo. Ela pode ser elucidada de duas maneiras relativamente à luz que menciona.

Faz-se referência à "luz maior" que ilumina os três e, secundariamente, ao lançar para cima a "luz inferior".

A "luz maior" é a da alma, que é a própria luz, iluminando a manifestação da personalidade em seus três aspectos. Eis aqui a correspondência com o macrocosmo, como ela é simbolizada para nós em Deus, a Luz que se manifesta do sistema solar. O sistema solar é três, ou um em três e a luz do Logos ilumina o todo. A luz "inferior" é aquela que está oculta no ser humano, no plano físico. Esta luz, num certo estágio da experiência humana, é despertada através do corpo físico e se funde finalmente com a "luz maior". A luz e a vida do Próprio Deus pode emanar do Sol Espiritual central, mas somente quando a luz no sistema solar for despertada e erguida é que ocorrerá aquele fulgor final que tipificará a glória do sol brilhando em sua potência. Semelhantemente, a luz da alma pode emanar da Mônada, mas somente quando a luz no pequeno sistema (dirigido pela alma) for despertada e erguida é que virá o brilho final de um filho de Deus.

Nestas instruções, todavia, nós estamos lidando primariamente com o microcosmo e a luz nele; não ampliaremos o estudo com as analogias macrocósmicas.

Considerando esta segunda regra, precisamos registrar que uma relação consciente foi estabelecida entre a alma e sua sombra, o homem no plano físico. Ambos estiveram meditando. Os estudantes fariam bem em anotar isto e lembrar que um dos objetivos da meditação diária é capacitar o cérebro e a mente a vibrarem em uníssono com a alma, quando ela procura, "na meditação profunda", comunicar-se com seu reflexo.

A correspondência com esta relação, ou vibração sincrônica, é interessante.

Alma - Homem no Plano Físico
Mente - Cérebro
Glândula Pineal - Hipófise

A relação também entre os centros e sua sincronização é interessante e nela está epitomizada a evolução da raça bem como a da unidade racial, o homem.

Centro da Cabeça - Base da Coluna
Centro do Coração - Plexo Solar
Centro da Garganta - Plexo Sacro

No que está acima, há um indício para o estudante mais avançado (e ele é o que hesita em se considerar assim). Ela está também simbolizada para nós na relação entre os hemisférios Ocidental e Oriental e entre esses grandes corpos de verdade aos quais nós chamamos Religião e Ciência.

A vida de meditação prossegue e a relação entre a alma e seu instrumento tríplice se torna firmemente mais íntima e a vibração resultante mais poderosa. Quantas vidas isto levará, depende de vários fatores que são muito numerosos para serem aqui mencionados, mas que o estudante achará útil considerar ao procurar decidir sobre seu ponto de vista evolutivo.

O resultado desta resposta é uma reorientação do homem inferior para produzir uma síntese dos Três e do Um, de modo que o trabalho dos Quatro possa prosseguir. Aqui vocês têm consumado no microcosmo o reflexo daquilo que se iniciou com o Logos Solar, os "Sagrados Quatro" - o espírito e o três da manifestação.

Quatro palavras devem ser avaliadas:

1. Comunicação
2. Resposta
3. Reorientação
4. União

O Velho Comentário o expressa nos seguintes termos:

"Quando a comunhão se estabelece, as palavras são usadas diretamente e a lei mântrica assume seu lugar certo, contanto que o Um comunique as palavras e os três permaneçam em silêncio.

"Quando a resposta é reconhecida como emanando dos três, o Um, em silêncio, ouve. Os papéis se invertem. Uma palavra tríplice emana da forma tripla. Uma volta é causada. Os olhos não mais olham para o mundo da forma; eles se voltam para dentro, focalizam a luz e veem, revelado, um mundo interior do ser. Com isto, o Manas se aquieta, pois os olhos e a mente são um.

"O coração não mais bate sincrônico com o desejo inferior nem desperdiça seu amor com as coisas que se agrupam e ocultam o Real. Ele bate com novo ritmo; ele derrama seu amor sobre o Real e Maya se desvanece. Kama e o coração são íntimos aliados; o amor e o desejo formam um todo - visto à noite, o outro, à luz do dia...

"Quando o fogo e o amor e a mente se submetem, ressoando a palavra tríplice, vem a resposta".

"O Uno enuncia uma palavra que afoga o som triplo. Deus fala. Um tremor e um abalo na forma respondem. O novo se ergue, um homem refeito; a forma reconstruída; a casa preparada. Os fogos unem e grande é a luz que brilha; os três fundem-se no Uno e, através do fulgor, um fogo de quatro aspectos é visto".

Nesta descrição pictórica que procurei traduzir para a linguagem moderna, os sábios de antanho incorporaram uma ideia. O Velho Comentário do qual estas palavras são tomadas não tem qualquer data assinalável. Tentasse Eu dizer-lhes sua idade, não teria meios para provar a verdade de minhas palavras e daí seria encarado com credulidade - uma coisa que os aspirantes devem evitar em sua busca do Essencial e do Real. Procurei, nas poucas frases acima, dar o fundamento do que está expresso no Comentário, através de uns poucos símbolos e de um texto crítico. Estas velhas Escrituras não são lidas à maneira moderna pela qual os estudantes leem livros. Elas são vistas, tocadas e conscientizadas. O significado é revelado num relance. Deixem-me ilustrar: - As palavras "O Uno enuncia a palavra que afoga o som tríplice" são representadas por uma flecha de luz terminando numa palavra simbólica em ouro colocada sobre três símbolos em preto, rosa e verde. Assim são os segredos guardados com carinho.

Senti que poderia ser interessante para os estudantes saber isto sobre este antigo livro de Adeptos.

Nossa apreciação desta regra recairá sobre duas partes:

A relação entre alma e personalidade. Isto será manipulado particularmente com referência à meditação na vida diária, mais do que ao teórico e ao acadêmico.

O significado das palavras "A luz inferior é lançada para cima".

Estas dizem respeito aos centros e ao Fogo Kundalini.

Gostaria aqui de assinalar a conveniência de cada estudante chegar a uma compreensão de seu corpo etérico e isto por certas razões.

Primeiro, o corpo etérico é o aspecto seguinte do mundo da substância a ser estudado pelos cientistas e investigadores. Este tempo será acelerado, se os homens e mulheres pensantes puderem formular ideias inteligentes a respeito deste interessante assunto. Nós podemos ajudar na revelação da verdade através de nosso pensamento claro e, do ponto de vista dos presentes pronunciamentos acerca do éter, os cientistas finalmente chegarão a uma compreensão das formas ou corpos etéricos.

Segundo, o corpo etérico é composto de correntes de força e nele estão centros vitais ligados por linhas de força, entre si e com o sistema nervoso do homem físico. Através destas linhas de força, ele está conectado também com o corpo etérico do sistema ambiente. Anotem que nisto jaz a base para uma crença na imortalidade, para a lei da fraternidade ou unidade e para a verdade astrológica.

Terceiro, a necessidade de conscientizar o corpo etérico é vitalizada e controlada pelo pensamento e pode (através do pensamento) ser trazida à plena atividade funcionante. Isto é feito pelo pensar corretamente e não pelos exercícios respiratórios e prender das narinas. Quando isto for compreendido, muitas práticas perigosas serão evitadas e as pessoas alcançarão um controle normal e seguro daquele instrumento muito potente, o corpo vital. Que este fim possa ser rapidamente consumado é meu desejo mais ardente.

O estudo do ocultismo é de profunda importância e os estudantes destas ciências precisam trazer, para aplicar nelas, tudo que tenham de aplicação mental e concentrada atenção. Ele envolve também a firme aplicação das verdades apreendidas.

O estudo do ocultismo, como compreendido no Ocidente, é investigado intelectualmente, mas não seguido praticamente. Teoricamente, alguma irradiação da luz pode ser apreciada pelo homem que aspira ao caminho oculto, mas a sistemática aplicação das leis envolvidas fez pouco progresso até agora.

Onde jaz o obstáculo? Pode ser útil, se nós estudarmos três coisas:

1. Os obstáculos ocidentais ao correto estudo oculto.
2. Como estes obstáculos podem ser superados.
3. Certas coisas que o aspirante pode seguramente fazer ao equipar-se para trilhar o caminho oculto, pois este é o estágio e, para a maioria, o único estágio possível atualmente.

Um dos principais obstáculos à correta apreensão das leis do ocultismo e sua aplicação prática está no fato da relativa juventude do ocidente e das rápidas mudanças que têm marcado as características predominantes da civilização europeia e da americana. A história da Europa retroage há pouco mais de três mil anos e a da América, quanto o sabemos, há não muitos séculos. O ocultismo floresce numa atmosfera preparada, num ambiente altamente magnetizado e numa condição estabelecida que é o resultado de prolongado trabalho sobre o plano mental.

Esta é uma razão pela qual a Índia provê uma escola tão adequada para esse empenho. Lá, o conhecimento do ocultismo data de dezenas de milhares de anos e o tempo deixou sua marca mesmo no corpo físico do povo, dotando-o com corpos que não oferecem aquela resistência que os corpos ocidentais tão frequentemente oferecem. O ambiente foi demoradamente permeado com as fortes vibrações dos Grandes Seres que residem dentro de suas fronteiras e que, em Sua passagem para lá e para cá e através de Sua proximidade, continuamente magnetizam o éter ambiente. Isto, em si mesmo, fornece uma linha de menor resistência, pois esta magnetização etérica afeta os corpos etéricos da população com a qual se contata. Estes dois fatos, do tempo e da alta vibração, resultam naquela estabilidade de ritmo que facilita o trabalho e oferecem um campo tranquilo para iniciativas mântricas e cerimoniais.

Estas condições não serão encontradas no Ocidente, onde se constatam trocas constantes em cada ramo da vida, onde a frequente e rápida mudança da cena de ação causa largas áreas de perturbação que militam contra qualquer trabalho de natureza mágica. A quantidade de força requerida para provocar certos resultados não assegura o seu uso e deixou-se passar o tempo num esforço para produzir um efeito equilibrador.

O clímax da condição perturbada passou e um estado de coisas mais estável está sendo gradualmente conseguido e isto pode permitir que o trabalho oculto definido seja tentado com êxito. O Mestre R. está trabalhando sobre este problema e da mesma forma o Mestre da raça Inglesa - não o Mestre que Se ocupa com o Movimento Trabalhista ou a melhoria das condições sociais. Eles são ajudados por um discípulo de rara capacidade, na Suécia, e por um iniciado no sul da Rússia, que trabalha muito em níveis mentais. O objetivo deles é de tal maneira atingir as reservas de energia armazenadas pelos Nirmanakayas, que seu derramamento possa varrer a matéria de grau inferior e, assim, permitir o livre jogo de uma vibração superior.

Outro obstáculo pode-se encontrar no forte desenvolvimento da mente concreta. Devo acentuar perante vocês que este desenvolvimento de nenhum modo deve ser considerado uma falta. Tudo tem sido da maneira devida, na evolução e, mais tarde, quando o Oriente e o Ocidente tiverem alcançado um ponto de melhor compreensão e intercâmbio, sua interação será de mútuo benefício: o Leste aproveitará do estímulo mental fornecido pela forte vibração mental de seu irmão ocidental, enquanto que o ocidental ganhará muito do raciocínio abstrato do oriental e, através do esforço para alcançar aquilo que a primeira sub-raça da raiz Ariana tão facilmente apreendeu, ele entrará em contato com sua mente superior e, assim, construirá, com maior facilidade, a ponte entre a mente superior e a inferior. Os dois tipos se necessitam reciprocamente e seus efeitos mútuos tendem à síntese final.

A mente concreta, em si mesma, oferece oportunidade para um tratado de grandes dimensões, mas aqui bastará assinalar umas poucas maneiras pelas quais ela obstaculiza aquelas raças que tão predominantemente a representam:

a) Por sua intensa atividade e ação estimulada, ela impede o fluxo de inspiração do alto. Ela age como uma cortina escura que impede a iluminação superior. Somente através da firmeza e de um repouso estável, pode aquela iluminação penetrar, através dos corpos superiores, até o cérebro físico e, assim, estar disponível para o serviço prático.

b) A sabedoria da Tríade existe para o uso da personalidade, mas é interceptada pelas polêmicas da mente inferior. Quando o fogo da mente queima muito ferozmente, ele forma uma corrente que neutraliza o fluxo superior e força o fogo inferior a se afastar. Somente quando os três fogos se encontram, através da regulação do fogo da mente, pode uma plena luz ser alcançada e o corpo todo ficar cheio de luz, a luz de cima - a luz da tríade - o fogo do eu inferior - kundalini - e o fogo da mente - manas cósmico - devem encontrar-se no altar. Em sua união consome-se tudo quilo que obstaculiza e ocorre a completa emancipação.

c) Pela discriminação - uma faculdade do corpo mental concreto - os corpos inferiores são treinados na arte de distinguir a ilusão do centro da realidade, o real do irreal, o eu do não-eu. Segue-se, então, consequentemente, um período que precisa ser superado, no qual a atenção do Ego é necessariamente centrada no ser inferior e seus veículos no qual, por isso, as vibrações da Tríade, as leis que lidam com a evolução macrocósmica e a subjugação do fogo para o uso do Divino, têm que ficar temporariamente na expectativa. Quando o homem rapidamente vê a verdade em tudo com que entra em contato e automaticamente escolhe a verdade ou o real, então ele aprende a seguir a lição da ação alegre e o caminho da felicidade se abre ante ele. Quando isto ocorre, o caminho do ocultismo se torna possível para ele, pois a mente concreta atendeu ao seu objetivo e se tornou seu instrumento e não seu dono, seu intérprete e não seu freio.

d) A mente concreta impede em uma outra forma mais não-usual, que não é percebida pelo estudante que tenta, de saída, trilhar a espinhosa estrada do desenvolvimento ocultista. Quando a mente concreta é exuberante e domina a personalidade inteira, o aspirante não pode cooperar com estas outras vidas e diversas evoluções, senão quando o amor se superponha à mente concreta (muito embora ele possa, teoricamente, compreender as leis que governam a evolução do plano Logoico e o desenvolvimento de outras entidades solares além de sua própria Hierarquia). A mente separa; o amor atrai. A mente repele por uma forte e poderosa vibração, expelindo tudo que está em contato, como uma roda expele tudo que impede sua turbilhonante periferia. O amor atrai tudo para si e enche tudo de si mesmo, fundindo unidades separadas num todo unificado homogêneo. A mente repele através de seu próprio abundante calor, abrasando e queimando o que dela se aproximar. O amor alivia e cura pela semelhança de seu calor, com o calor com o qual ele está em contato e mistura seu calor e chama com o calor e chama de outras vidas em torno. Finalmente, a mente rompe e destrói enquanto que o amor produz coesão e cura.

Toda mudança, na vida humana, está sujeita a leis imutáveis, se tal paradoxal afirmação se pode permitir. Na tentativa de descobrir estas leis, para se conformar a elas, o ocultista começa a contrabalançar o carma e assim não colore a luz astral. O único método pelo qual estas leis podem ser apreendidas pelos muitos que estão interessados é por um íntimo estudo das vicissitudes da vida diária, consideradas por um período de muitos anos. Pelos fatos mais destacados de um ciclo de dez anos, por exemplo, pela sua comparação com o período similar precedente ou seguinte, um estudante pode ter uma ideia aproximada dos acontecimentos e se guiar por isso. Quando o ponto na evolução é alcançado, onde o estudante pode comparar vidas precedentes e ganhar conhecimento da colaboração básica de seu ciclo de vida anterior, então um rápido progresso é feito no ajustamento da vida à lei. Quando vidas sucessivas podem ser desta maneira apreendidas pelo estudante e sua coloração vista e conhecida, então o carma (como conhecido nos três mundos) cessa e o adepto se torna senhor de todas as causas e efeitos relativamente ao modo como condicionam e regulam seu veículo inferior.

Ele aspira ao caminho oculto e considera as mudanças e acontecimentos à luz de todos os acontecimentos precedentes e quanto mais longa e mais acurada sua memória, tanto mais pode ele dominar todas as situações possíveis.

Assim, dois tipos de obstáculos, poderá ele encontrar:

a) A comparativa novidade e mudança que é característica do Ocidente.
b) O desenvolvimento da mente concreta.

Nosso terceiro obstáculo se desenvolve do anterior. Ele consiste na ênfase que foi dada no Ocidente ao lado material das coisas. Isto resultou numa condição tríplice dos assuntos. Primeiro, o mundo do espírito, ou o mundo abstrato amorfo da consciência subjetiva, não é reconhecido num sentido científico. Ele é reconhecido de maneira inata pelos de temperamento místico e pelos que são capazes de estudar a história subjetiva dos homens e raças, mas a ciência não reconhece este aspecto da manifestação nem os homens de ciência, em seu conjunto, creem num mundo de esforço superfísico. Tudo que nas raças anteriores ocupava lugar principal nas vidas e pensamentos dos povos é agora considerado ceticamente e as discussões são precedidas por um ponto de interrogação. Mas houve progresso e muito surgiu com a guerra. A pergunta, por exemplo, está rapidamente mudando da fórmula, "Existe uma vida depois da morte?" para a indagação, "De que natureza é a futura vida?" e esta é uma colocação muito encorajadora.

Em segundo lugar, as massas dos povos estão sofrendo da supressão e dos efeitos da inibição. A ciência disse, Não há Deus e não há espírito no homem. A Religião disse, Precisa haver um Deus, mas onde pode Ele ser encontrado? As massas dizem, Nós não desejamos um Deus construído pelo cérebro dos teólogos. Por isso, a verdadeira compreensão interna não encontra espaço para expansão e a atividade, que devia estar encontrando sua legítima expressão na atividade superior, se volta para a deificação das coisas - coisas pertencentes à carne, conectadas com as emoções ou tendo relação com a mente. A guerra, mais uma vez, realizou muito, relegando as coisas à sua justa posição e, pela remoção de bens, muitos apreenderam o valor dos essenciais e a necessidade de eliminar aquilo que é supérfluo.

Um terceiro tipo de assunto surge dos dois acima. Uma correta percepção do futuro não existe. Quando a vida do espírito é negada, quando a vida em manifestação se concentra nas coisas concretas e aparentes, então o verdadeiro objetivo da existência desaparece, o verdadeiro incentivo à vida correta é perdido e as sarcásticas palavras do iniciado Paulo, "Vamos comer e beber, pois amanhã nós morreremos", caracterizam a atitude da maioria dos homens.

Os homens amortecem a voz interior que testemunha a vida futura e afogam as palavras que ecoam no silêncio com o barulho e turbilhão dos negócios, prazer e excitação.

Todo o segredo do sucesso ao trilhar o caminho do ocultismo depende de uma atitude da mente; quando a atitude é de materialismo concreto, de concentração na forma e um desejo pelas coisas do momento presente, pouco progresso pode ser feito na apreensão da verdade esotérica superior.

Um quarto obstáculo se acha no corpo físico que foi elaborado com a ajuda da carne, dos alimentos e das bebidas fermentadas e criado num ambiente no qual o ar fresco e a luz solar não sejam fatores fundamentais. Estou aqui generalizando e falando para as massas dos homens e não para os prováveis severos estudantes do ocultismo. Por muitos séculos, a alimentação em decomposição e daí, num estado de fermentação, foi a alimentação básica das raças ocidentais; e o resultado pode ser visto nos corpos despreparados para qualquer esforço do tipo que o ocultismo impõe e que formam uma barreira para o claro brilho da vida no interior. Quando as frutas e verduras frescas, água limpa, nozes e grãos, cozidos e crus, formarem a exclusiva dieta dos filhos dos homens em evolução, então serão construídos corpos ajustados para serem veículos para Egos altamente evoluídos. Eles pacientemente aguardam a volta da roda e a chegada de um ciclo que permitirá o cumprimento de seus destinos. O tempo ainda não chegou e o trabalho de eliminação e ajustamento deve ser lento e tedioso.

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A SUPERAÇÃO DOS OBSTÁCULOS

Certas conscientizações capitais devem preceder este trabalho de remoção dos obstáculos e poderiam ser enumeradas da maneira seguinte:

a) Uma conscientização de que, na obediência ao dever seguinte e na adesão à mais elevada forma conhecida de verdade, jaz o caminho da revelação ulterior.

b) Uma conscientização de que a impassividade é a grande coisa a cultivar e que uma disposição para se submeter alegremente a qualquer inconveniência, sofrimento ou agonia temporárias, deve ser desenvolvida, tendo em vista a futura glória que dissolverá as nuvens da hora que passa.

c) Uma conscientização de que a síntese é o método pelo qual a compreensão é alcançada e que, misturando-se os pares de opostos, o caminho do meio é conquistado, o qual conduz diretamente ao coração da cidadela.

Com estas três coisas controlando principalmente sua maneira de ver a vida, o estudante pode esperar, por redobrado esforço, sobrepujar os quatro obstáculos a que nos referimos.

Ao considerarmos a segunda Regra, nós lidaremos primeiro com a relação da alma com a personalidade, primariamente do ponto de vista da meditação. Estamos lidando, pois, com "a luz maior" e nos ocuparemos depois com o "lançar para cima a luz inferior". Isto se alinha também com a lei do conhecimento oculto que começa com os universais.

Deve-se ter em mente que estas regras são somente para aqueles cuja personalidade esteja coordenada e cujas mentes estão sendo gradualmente sujeitas a controle. O homem, portanto, está utilizando a mente inferior, a mente racional, enquanto que a alma está utilizando a mente superior ou abstrata. Ambas as unidades estão trabalhando com dois aspectos do princípio universal da mente e neste terreno sua relação se torna possível. O trabalho do homem com sua mente é torná-la negativa e receptiva à alma e esta é sua ocupação positiva (observem o uso aqui da palavra "positiva" na tentativa de fazer a mente receptiva, pois aqui jaz a pista para a ação correta). O trabalho da alma na meditação é fazer o ponto daquela meditação tão positivo, que a mente inferior possa ser tocada e, assim, o homem inferior pode ser alinhado com o Plano Eterno.

Assim, novamente, nós temos estabelecida uma relação entre uma vibração positiva e uma negativa e o estudo destas relações traz muita informação para o estudante e é parte do ensinamento dado na preparação para a primeira iniciação. Uma lista destas situações relatadas poderia ser aqui dada, mostrando-as em sua progressiva relação no caminho da evolução:

1. A relação entre os corpos físicos, masculino e feminino, chamada pelo homem, a relação sexual e considerada de tão fundamental importância neste tempo. No vale da ilusão, o símbolo muitas vezes ocupa a atenção e aquilo que ele representa é esquecido. Na solução deste relacionamento virá a iniciação racial e é com isto que a humanidade está agora ocupada.

2. A relação entre o corpo astral e o físico que, para a maioria, é o controle, pela natureza astral positiva, da negativa física automática. O corpo físico, o instrumento do desejo, é impulsionado e controlado pelo desejo - desejo pela vida física e desejo de aquisição do tangível.

3. A relação entre a mente e o cérebro, que constitui o problema dos homens e raças mais avançadas e da qual o vasto sistema de escolas, faculdades e universidades indica importância. Muito progresso nesta relação tem sido feito durante os últimos cinquenta anos e o trabalho dos psicólogos marca seu ponto mais alto. Quando isto for compreendido, a mente será considerada como o fator positivo e os outros dois aspectos da natureza-forma responderão receptivamente. Serão os autômatos da mente.

4. A relação entre a alma e a personalidade, que é o problema no qual os aspirantes estão agora focalizando sua atenção, pois eles são os 7 pioneiros da família humana, os desbravadores no mundo da alma. Com esta relação, os místicos e os ocultistas se ocupam.

5. A relação entre os centros abaixo e acima do diafragma, ou entre:

a) O centro na base da coluna e o lótus de mil pétalas, o centro da cabeça. Neste, as quatro pétalas do centro básico se tornam as muitas, ou o quaternário se perde no universal.

b) O centro sacro e a garganta. Nisto surge uma união entre as doze Hierarquias Criadoras e o quaternário e o segredo das dezesseis pétalas do lótus da garganta é visto.

c) O centro do plexo solar e o coração, no qual o dez do homem perfeito neste sistema solar se perde no consumado doze. Tal como as doze Hierarquias

Criadoras (em seu aspecto exterior e criativo) estão contatadas pelo homem, que, sob o ponto de vista da forma, é o quaternário que se tornou perfeito, assim, na relação entre o plexo solar e o coração é o segundo aspecto tornado perfeito; o amor da alma pode expressar-se perfeitamente através da natureza emocional.

6. A relação entre os dois centros da cabeça, ou entre o centro entre as sobrancelhas e o centro no alto da cabeça. Esta relação é estabelecida e estabilizada quando a alma e o corpo são uma unidade funcionante.

7. A relação entre a glândula pineal e o corpo pituitário, resultado do acima.

8. A relação entre a mente superior e a inferior, envolvendo um firme e crescente contato da alma. A atitude meditativa da alma se duplica nos três corpos (ou pelo homem espiritual) e a firme meditação da alma continua também em seu próprio plano. É com isto e com seus efeitos que estamos basicamente ocupados nesta regra.

Uma ulterior relação, que de modo nenhum nos diz respeito, é estabelecida, após a terceira iniciação, entre a alma e a mônada e, através do curso da evolução cósmica, essas relações emergirão. A raça como um todo está, todavia, somente ocupada com o estabelecimento de uma relação entre alma e corpo e, além disso, não há necessidade de ir.

Assim como o homem procura alcançar o controle da mente, a alma, por sua vez, se torna mais ativamente agressiva: O trabalho do Anjo solar até agora tem sido grandemente em seu próprio mundo e ligado a esta relação com o espírito e com isto o homem, trabalhando através de seus ciclos no plano físico, nada teve a ver. O principal uso de energia pela alma tem sido geral e se exteriorizando para a quinto reino. Agora o Anjo solar se aproxima de um tempo de crise e de reorientação. Na história primitiva da humanidade, houve uma grande crise á qual nós chamamos de individualização. Naquele tempo, os Anjos solares, em resposta a uma exigência ou impulso da raça dos animais-homens (como um todo, anotem), enviaram uma parte de sua própria energia, incorporando a qualidade da mentalização nesses animais-homens. Eles fecundaram, se Eu posso assim expressá-lo, o cérebro. Assim foi a humanidade trazida à existência. Este germe, todavia, trazia consigo duas outras potencialidades, a do amor espiritual e a da vida espiritual. Estas deveriam, em seu devido tempo, fazer seu aparecimento.

O florescimento da mente nos homens, que tanto distingue a época atual, indica ao Anjo solar uma segunda crise, da qual a primeira foi apenas o símbolo. Aquilo para o que o Anjo solar existe, está fazendo a sua presença sentida na humanidade e outro forte impulso está sendo exercido sobre o Anjo solar, que desta vez produzirá uma segunda fecundação. Esta dará ao homem aquelas qualidades que o capacitarão transcender ás limitações humanas e tornar-se uma parte do quinto Reino da natureza, ou espiritual. O primeiro esforço do Anjo solar transformou os animais-homens em seres humanos; o segundo transformará os seres humanos em entidades espirituais, mais o que for ganho em experiência, na família humana.

Para isso, o Anjo solar, a alma, está-se organizando e se reorientando de modo que seu poder possa ser redirigido para o mundo dos homens. Deve ser feito contato pela alma entre o aspecto inferior de sua natureza tríplice e o aspecto que já achou alojamento no cérebro do homem. A atividade inteligente e o amor-sabedoria precisam ser unidos e a união deve tomar lugar no plano físico. Para fazer isto, a alma está entrando em "profunda meditação", em união com todas as outras almas que possam ter trazido seu instrumento até um estado capaz de responder. Esta é a meditação grupal básica e quando um homem alcança o que os livros orientais chamam de "samadhi", ele conseguiu participar, como uma alma, nesta meditação grupal e entra naquele ciclo de serviço que se expressa através da Hierarquia planetária. A mente racional e a mente abstrata funcionam como uma unidade e o princípio motivador é o amor. A alma, expressando o amor e a inteligência abstrata, fica em unidade com sua expressão no plano físico através do cérebro, e, quando este é o caso, o homem inferior terá sincronizado sua meditação com a da alma.

Este é o objetivo de nosso trabalho. Que isto não seja esquecido e que todo esforço seja feito para trazer a mente e o cérebro a tal condição de funcionamento que um homem possa escapar de sua própria meditação e (perdendo de vista seus próprios pensamentos) tornar-se a alma, o pensador no reino da alma.

Talvez seja um pensamento novo para alguns, que a alma esteja se organizando para o esforço, reorientando suas forças e preparando-se para um novo e poderoso impulso, mas assim é. Todas as formas de vida sob a força da evolução passam de iniciação a iniciação e a alma não está isenta do processo. Assim como a alma do animal-homem se uniu a outro princípio divino e assim trouxe à existência o quarto reino na natureza, também a alma na humanidade está procurando contato com outro aspecto divino. Quando aquele contato estiver feito, o Reino de Deus virá à Terra; o plano físico estará assim transformado e aquele especial período, apresentando simbolicamente sob o nome de milênio, chegará.

Naquela era, os Conhecedores de Deus preponderarão sobre aqueles que estão simplesmente aspirando àquele conhecimento e seu contato e os resultados da força que eles transmitem serão sentidos em todos os reinos da natureza. O domínio sobre todas as formas e o poder de agir como transmissores daquela energia espiritual a que nós chamamos de amor é a recompensa prometida dos triunfantes Anjos solares e a meta premiada de seu trabalho de meditação. Os Filhos de Deus triunfarão na Terra em plena expressão encarnada e trarão luz (portanto vida) a todas as formas manifestadas. Esta é a "vida mais abundante" da qual Cristo fala. Esta é a consecução do verdadeiro Nirvana que, vivendo em ininterrupta meditação no plano espiritual, pode, contudo trabalhar na terra. O trabalho de iniciação é capacitar um homem a viver sempre no centro, mas agindo como um distribuidor de energia divina em qualquer direção e - após as últimas iniciações - em todas as direções.

Em nossas considerações da regra seguinte, nós nos ocuparemos agora com o trabalho da "luz menor" do homem no plano físico. Eu, que até certo ponto alcancei a compreensão da vida do Anjo solar, procuro assegurar aos meus companheiros de peregrinação que as coisas transitórias dos sentidos são apenas triviais e de nenhum valor, comparadas com as recompensas, aqui e nesta vida, ao homem que procura fundir sua consciência de cada dia com a de sua própria alma. Ele entra então na comunidade de almas e não fica só. Os únicos períodos solitários resultam de orientação errada e o apego àquilo que impede a visão e enche tanto as mãos que elas não podem segurar aquilo que foi chamado "a joia no lótus".

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