O Caminho Real

Caminho de Peregrinação de Ouro Preto a Diamantina
"A vida ou é uma audaciosa aventura, ou é nada." (Helen Keller)

Uma rota de magia, mistérios e de exuberante beleza natural no desenrolar do processo histórico de desbravamento e construção da cultura de parte da nossa história.


Mariana

Os primeiros desbravadores de Minas deslumbravam-se com o que iam descobrindo pelo caminho. Talvez por fé ou falta de criatividade foram batizando cada recanto descoberto com nomes de santos, ao sabor dos calendários. Ribeirão do Carmo não fugiu a esta regra. O nome se deve ao dia de consagração de Nossa Senhora do Carmo. Seria fundado ali, já em 1703, um arraial que teria função estratégica no jogo de poder estabelecido pelo ouro.

Mariana é hoje uma das mais importantes cidades do Circuito do Ouro. Guarda, junto com seus distritos, interessantes relíquias do tempo em que começou a ser desenhada a história das Minas Gerais. No séc. XVIII surgiu nas montanhas o primeiro Estado com características modernas do Brasil, contrastando com a estrutura inerte das fazendas de engenho do litoral. Administração burocrática, fiscalização e arrecadação de impostos...

Além disso uma sociedade complexa e bastante democrática para os moldes da época. Em Minas escravos podiam se tornar senhores, algo até então impensável. Bastava para isto encontrar sua pepita, ou saber se aproveitar das carências do mercado consumidor emergente. Escultores, carpinteiros, ferreiros e demais profissionais eram bem-vindos. A mobilidade social não era fácil, mas existia uma brecha.

O sonho impulsionou a migração. Para Minas convergiam pessoas das mais diferentes índoles e intenções, que passaram a viver num incipiente mundo sem lei. Surgiram os conflitos, o primeiro e mais conhecido foi a Guerra dos Emboabas. Era preciso colocar ordem no caos. A mando da Coroa mudou-se para Minas o Capitão General Antônio de Albuquerque, nomeado governador. O arraial do Ribeirão do Carmo foi escolhido para ser a sede do governo.

Em 1745 a Vila do Ribeirão do Carmo, não mais arraial, foi elevada à condição de cidade, rebatizada Mariana. Era uma homenagem a D. Maria Ana D'Austria, esposa de D.João V. Mesmo assim Mariana, no dicionário histórico de Minas Gerais, significa também "primeira". Argumentos não faltam: primeira vila, capital, cidade projetada e sede de bispado... Gerou e projetou talentos como Manuel da Costa Ataíde (pintor sacro), Cláudio Manuel da Costa (poeta e inconfidente), Frei Santa Rita Durão (autor do poema "Caramuru"), Padre Joaquim da Rocha (inconfidente)...

Arquidiocese

Com a posse canônica de Dom Frei Manoel da Cruz, cisterciense da família de São Bernardo e Primeiro Bispo, na histórica data de 2 de fevereiro de 1748, Mariana se tornara, dentro do contexto brasileiro, a sexta diocese, depois do bispado da Bahia (1555), Rio de Janeiro (1676), Olinda (1676), Maranhão (1677) e Pará (1719). Antes da data inaugural de nossa diocese (2/2/1748), a Província das Minas Gerais “in spiritualibus” dava obediência aos Bispos do Rio de Janeiro.

Umas quarenta paróquias aproximadamente foram aqui instituídas pelo Ordinário fluminense, no período de 1702 a 1721. Entre estas primeiras, um total de vinte e três ainda pertencem à atual arquidiocese: Carmo (Mariana), São Sebastião (Bandeirantes), São Caetano (Monsenhor Horta), Sumidouro (Padre Viegas), Furquim, Pilar de Ouro Preto, Catas Altas (do Mato Dentro), Cachoeira do Campo, Guarapiranga (Piranga), Ouro Branco, Antônio Dias de Ouro Preto, Santa Bárbara, São Bartolomeu, Inficionado (Santa Rita Durão), Camargos, Antônio Pereira, Casa Branca (Glaura), Congonhas, Itabira do Campo (Itabirito), Itaverava, Itatiaya, Borda do Campolide (Barbacena) e Carijós (Conselheiro Lafaiete). (Fonte: Arquidiocese de Mariana)

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