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Livros de Alice Bailey

O Reaparecimento do Cristo


 CAPÍTULO VII

PREPARAÇÃO PARA O REAPARECIMENTO DO CRISTO

A Preparação Necessária
O Trabalho do Novo Grupo de Servidores do Mundo

Se se aceita a premissa e o tema geral exposto até agora, surge, logicamente, a seguinte pergunta: Que se poderia fazer para apressar o reaparecimento do Cristo? E, também, esta outra: Que pode fazer o indivíduo, no lugar em que se encontra, com o equipamento, oportunidade e haveres que possui? A oportunidade é tão especial e a necessidade de ajuda espiritual tão urgente que - querendo ou não - estamos diante de um desafio, enfrentando, ao mesmo tempo, o problema de aceitá-lo, com a consequente responsabilidade, ou de repelir a ideia, entendendo que não nos concerne. Entretanto, o que decidamos neste momento afetará, definitivamente, o resto da atividade de nossa vida, pois apoiaremos e ajudaremos, em todo o possível, a invocar a Cristo e nos prepararemos para Seu retorno, ou engrossaremos as fileiras daqueles que consideram todo o assunto como um chamado aos ingênuos e aos crédulos e, provavelmente, trabalharemos para impedir que os homens sejam enganados pelo que consideramos uma fraude. Aí reside nosso desafio. Exigirá todo o nosso sentido de valores e toda a nossa capacidade investigadora, intuitiva e especializada. Assim, poderemos então darmo-nos conta de que o reaparecimento prometido está de acordo com a crença religiosa geral, sendo a grande esperança deixada nas mentes dos homens que poderá trazer o verdadeiro alívio à humanidade sofredora.

Aqueles que aceitam a possibilidade de Seu reaparecimento, e estão dispostos a admitir que a história pode repetir-se, hão de se lhes formular três perguntas, cujas respostas são estritamente individuais:

1 - Como posso enfrentar, pessoalmente, este desafio?
2 - Que posso fazer, especificamente?
3 - Quais são os passos que deveria dar, e onde se encontram aqueles que os darão comigo?

O que aqui se expõe é, essencialmente, para aqueles que aceitam a realidade do Cristo, reconhecem a continuidade da revelação e estão dispostos a admitir a possibilidade de Seu retorno.

As complexidades e dificuldades deste período de após-guerra são enormes. Quanto mais se acerca o homem da fonte de luz e poder espirituais, tanto mais difícil se torna seu problema, pois os assuntos humanos parecem estar hoje muito distantes desta possibilidade divina. Necessitará de toda a paciência, compreensão e boa vontade de que seja capaz. Ao mesmo tempo lhe será possível reconhecer os fatos com mais clareza. Há problemas internos e externos que devem ser resolvidos, e possibilidades internas e externas que podem converter-se em realidades. A medida que o homem, espiritualmente orientado, encarar estas possibilidades e acontecimentos internos e externos, será, facilmente, embargado por um sentido total de frustração; quer ajudar, mas não sabe como; sua percepção das dificuldades que o ameaçam, a análise de seus recursos e os daqueles com quem terá que trabalhar; sua clara percepção das forças que estão contra ele (e em maior escala contra o Cristo) lhe farão perguntar: "Que objetivo tem qualquer esforço que eu faça? Por que não deixar que as forças do bem e do mal lutem sós? Por que não permitir que a pressão da corrente evolutiva, no correr do tempo, ponha fim à luta mundial facilitando o triunfo do bem? Por que intentar fazer alguma coisa agora?”

Estas são reações lógicas e sensatas. A pobreza e a fome de que sofrem milhões de seres, na Europa e em outras partes; o temor à Rússia (justificado ou não); a cobiça das forças capitalistas do mundo e o egoísmo do trabalhismo; a agressividade dos sionistas, reclamando para si uma terra que não lhes pertence, há mais de mil e quinhentos anos; a situação dos judeus na Europa;* o desespero do homem comum, em todos os países, que não vê segurança nem esperança em parte alguma; o trabalho da igreja, ao tratar de restabelecer a antiga ordem e regime, que, durante séculos, têm custado padecimentos ao mundo, e a ausência, em todos os países, de uma clara voz condutora, fazem sentir ao homem comum a futilidade de seu esforço. O problema parece demasiadamente grande, demasiadamente terrível, e o próprio homem se sente exageradamente pequeno e inerme. * A presente obra surgiu logo após a guerra (N. do T.)

Não obstante, a bondade e a visão pura que existem no mundo é imensa, e o pensar claro e humanitário é ilimitado; a salvação do mundo se acha nas mãos da gente simples e boa e nos milhões de pessoas que pensam com retidão. Eles farão o trabalho preparatório para o Advento do Cristo. Numericamente, são suficientes para realizar a tarefa e só necessitam de apoio e inteligente coordenação, a fim de prepará- los para o serviço requerido, antes de que o reaparecimento do Cristo seja possível. Os problemas que temos para a frente devem ser encarados com valor, por meio da verdade e da compreensão; ademais, há de se ter disposição para falar com clareza, simplicidade e amor, ao expor a verdade e ao aclarar os problemas que devem ser resolvidos. As forças antagônicas, presas do mal, devem ser derrotadas, antes que Aquele, a quem todos os homens esperam, possa vir.

O conhecimento de que Ele está preparado e ansioso de reaparecer, publicamente, diante de Sua amada Humanidade, aumenta o sentido de frustração geral, e faz surgir outra pergunta de vital importância: Durante quanto tempo devemos esperar, esforçar-nos e lutar? A resposta é clara: Ele virá, indefectivelmente, quando se haja restabelecido a paz em certa medida; quando o princípio de participação esteja, pelo menos, em caminho de controlar os assuntos econômicos, e quando a igreja e os grupos políticos hajam começado a regular seus próprios assuntos. Então, Ele poderá vir e o fará; então, o Reino de Deus será reconhecido abertamente e já não será um sonho, um anelo, nem uma esperança ortodoxa.

Há uma tendência para se perguntar por que o Cristo não vem - com a pompa e a cerimônia com que a igreja atribui a esse acontecimento - demonstrar, com Sua vinda, Seu divino poder e provar, de forma convincente, a autoridade e a potência de Deus, terminando, assim, com o ciclo de agonia e sofrimento. As respostas são muitas. Deve-se recordar que o principal objetivo de Cristo não será demonstrar Seu poder, senão tornar público o existente Reino de Deus. Também se perguntarão por que, quando veio anteriormente, não foi reconhecido. Há alguma garantia de que o será, desta vez? Talvez se perguntem por que não será reconhecido. Porque os olhos dos homens estão cegos pelas lágrimas da auto-comiseração e não da contrição; porque o coração do homem está ainda corroído por um egoísmo que a agonia da guerra não curou; porque a norma de valores é a mesma que existia no corrupto Império Romano, que viu Seu primeiro aparecimento, só que tais valores eram locais e não universais como são na atualidade; porque, aqueles que poderiam reconhecê-Lo e anelam e esperam Sua vinda, não estão dispostos a fazer os sacrifícios necessários para assegurar o êxito de Seu advento.

O pensamento avançado; o êxito de inumeráveis movimentos esotéricos; e, sobretudo, as maravilhas da ciência e os extraordinários movimentos humanitários, não indicam uma frustração divina, senão um crescimento da compreensão espiritual; as forças do espírito são invencíveis. Ditos aspectos do comportamento humano indicam a maravilha da divindade que se acha no homem e o êxito do plano divino para a humanidade. Sem embargo, a divindade espera a manifestação do livre-arbítrio do homem; sua inteligência e sua crescente boa vontade já se estão expressando.

Outra resposta à interrogação é que o Cristo e a Hierarquia espiritual não importa quão grande seja a necessidade ou a importância do estímulo - jamais infringiram o direito divino dos homens de tomarem suas próprias decisões, exercerem seu livre-arbítrio e alcançar a liberdade, lutando por ela, em forma individual, nacional ou internacional. Quando a verdadeira liberdade reine na Terra, veremos o fim das tiranias, política, religiosa e econômica. Não me refiro à democracia moderna como uma solução, pois ela é, na atualidade, uma aspiração e um ideal ainda inalcançável. Refiro-me à época em que governarão pessoas iluminadas, as quais não tolerarão o autoritarismo da igreja nem o totalitarismo de nenhum sistema político. Tampouco, aceitarão ou permitirão a férula de nenhum grupo que lhes diga o que devem crer para ser salvos, nem qual o governo que devem aceitar. Quando se diga a verdade e os povos possam julgar e decidir livremente, veremos um mundo melhor.

Não é essencial nem indispensável que estes objetivos sejam fatos consumados, antes que o Cristo caminhe entre nós. Não obstante, é necessário que esta atitude para com a religião e a política seja considerada, geralmente, como conveniente, e que se hajam dado os passos para o estabelecimento de corretas relações humanas. Nestas linhas estão trabalhando o Novo Grupo de Servidores do Mundo e os homens de boa vontade, devendo o seu primeiro esforço consistir em contrapor-se ao sentimento amplamente difundido de frustração e futilidade individual.

O que se contraporá a este sentido de frustração e futilidade e proporcionará o incentivo necessário para a reconstrução do novo mundo será a crença na divindade da humanidade; a comprovação (proporcionada por um rápido estudo) de que a humanidade, em sua etapa evolutiva, avançou, firmemente, em sabedoria, conhecimento e ampla inclusividade, bem assim no desenvolvimento de um estado mental baseado na crença da veracidade da história, a qual testemunha os inumeráveis adventos de todos os Salvadores - entre os quais o Cristo foi o maior - nos momentos cruciais dos assuntos humanos. Uma atitude adequada e construtiva, deve estar baseada no íntimo reconhecimento da existência do Cristo e de Sua presença entre nós, em todas as épocas, e na ideia de que a guerra - com seus indizíveis horrores, crueldade e catástrofes - só foi a "vassoura" do Pai, varrendo todos os obstáculos para o advento de Seu Filho. Houvera sido quase impossível preparar essa vinda, nas condições que precederam a guerra. O Novo Grupo de Servidores do Mundo deve adotar sua atitude, baseado nesses fatos. Deve reconhecer a existência dos fatores que obstaculizam, porém não acovardar-se por isso; igualmente, há de ter consciência dos inumeráveis impedimentos (muitos dos quais financeiros e baseados na ambição material, nas velhas tradições e nos preconceitos nacionais). Deverá empregar habilidade na ação e capacidade comercial para poder vencer tais obstáculos; deve andar com os olhos bem abertos, ao enfrentar as dificuldades mundiais e passar incólume e triunfalmente através de toda classe de frustrações.

Dois fatores principais condicionam a oportunidade atual, os quais podem chegar a ser um obstáculo tão grande que, se não são eliminados, retardarão de muito o retorno do Cristo, a saber:

1 - A inércia do cristão comum, ou homem espiritualmente orientado, tanto do Oriente como do Ocidente;

2 - A falta de dinheiro para o trabalho de preparação.

Estes temas se exporão em forma simples e se manterão no nível em que trabalha e pensa a maioria das pessoas. Sejamos práticos e obriguemo-nos a observar as condições tais como são, para chegar, assim, a um melhor conhecimento de nós mesmos e de nossos motivos.

1 - A Inércia do Homem Comum Espiritualmente Orientado.

O homem comum espiritualmente orientado, o homem de boa vontade, ou discípulo, sempre está consciente do desafio da época e da oportunidade que podem oferecer os acontecimentos espirituais. O desejo de fazer o bem e de levar a cabo fins espirituais se agita, incessantemente, em sua consciência. Quem ama seus semelhantes sonha com a materialização do Reino de Deus na Terra ou é consciente do despertar - ainda que lento - das massas aos valores espirituais superiores e se sente totalmente insatisfeito. Dá-se conta de que tem contribuído muito pouco para alcançar esses objetivos desejáveis. Sabe que sua vida espiritual é secundária, a qual é reservada, cuidadosamente, para si. Frequentemente, receia falar disso aos entes mais queridos e chegados; trata de entrosar seus esforços espirituais com a vida cotidiana, encontrando tempo e oportunidade para praticá-los em forma aprazível, fútil e inócua. Sente-se inerme ante a tarefa de organizar seus assuntos, para que predomine neles o aspecto espiritual da vida; busca escusas e, oportunamente, raciocina com tanto êxito que chega à conclusão de que, dadas as circunstâncias, faz tudo o que pode. Na verdade, o que faz é tão pouco que, provavelmente, uma hora, talvez duas, das vinte e quatro, abarquem o tempo que dedica ao trabalho do Mestre. Escuda-se detrás do argumento de que as obrigações do lar o impedem de fazer mais, e não se dá conta de que com tato e compreensão amorosa, o ambiente familiar pode e deve ser o campo onde ele triunfe; esquece que não há circunstâncias nas quais o espírito do homem possa ser vencido, ou o aspirante não possa meditar, pensar, falar e preparar o caminho para a vinda de Cristo, sempre que tenha o suficiente interesse e conheça o significado do sacrifício e do silêncio. As circunstâncias e o meio ambiente não constituem um verdadeiro obstáculo para a vida espiritual.

Talvez se escuse alegando a pouca saúde e, com frequência, pretextando enfermidades imaginárias, Dedica tanto tempo ao cuidado de si mesmo, que o que poderia aplicar ao trabalho do Mestre é muito reduzido; está tão preocupado com o seu cansaço, seu resfriado e sua imaginária enfermidade cardíaca que cada vez mais é "consciente de seu corpo", até que, oportunamente, este domina sua vida; então, é demasiado tarde para fazer alguma coisa. Isto ocorre, especialmente, com as pessoas que chegaram aos cinquenta anos ou mais. Dificilmente deixarão de empregar esta escusa, pois se sentem cansados e doloridos, e isto, no transcurso dos anos, tende a piorar.

O único remédio para esta inércia progressiva é ignorar o corpo e gozar a vivência do serviço. Não me refiro a enfermidades determinadas nem a sérios impedimentos físicos; a estes se devem dispensar o cuidado e a atenção devidos. Refiro-me aos milhares de homens e mulheres queixosos e preocupados em seus cuidados, desperdiçando horas que poderiam ser dedicadas a servir à humanidade. Aqueles que tratam de palmilhar o Caminho do Discipulado deveriam aplicar as incontáveis horas malbaratadas no inútil cuidado de si mesmos, a servir à Hierarquia.

Outra desculpa que conduz à inércia é o temor que se tem de falar sobre as coisas do Reino de Deus. Temem ser consideradas desairadas ou anormais e intrusas. Por isso, guardam silêncio, deixam passar a oportunidade e nunca se dão conta do quanto estão dispostas as pessoas para discutir as realidades e quanto anelam obter o consolo e a esperança proporcionados pela ideia do reaparecimento do Cristo, ou por compartir da luz espiritual, constituindo, essencialmente, uma forma de covardia espiritual muito difundida, responsável pela perda de milhões de horas de serviço mundial.

Existem outras desculpas, porém as mencionadas são as mais frequentes. Liberar as pessoas de tais condições obstrutivas proporcionaria ao serviço de Cristo tantas horas de esforço complementar, que a tarefa dos que não admitem escusas ver-se-ia muito aliviada e Sua vinda seria muito abreviada. Não nos concerne a dilucidação do ritmo de vida sob o qual atua o Cristo e a Hierarquia espiritual. Tal ritmo vibra em harmonia com a necessidade humana e a resposta espiritual. O que nos diz respeito é demonstrar a qualidade da atividade espiritual sem nos escudarmos detrás da desculpa. É de capital importância que toda pessoa espiritualizada saiba que pode e deve trabalhar, no lugar onde se encontra, entre as pessoas com as quais está associada e com o equipamento psicológico e físico que possui. Não há coerção nem pressão alguma no serviço que se presta à Hierarquia. A situação é clara e simples.

Três grandes atividades estão sendo levadas a cabo, a saber:

Primeiro, a atividade que se percebe no "Centro onde a vontade de Deus é conhecida", essa vontade para o bem que levou a criação a uma maior glória e a uma resposta cada vez mais profunda e inteligente. Esta atividade trata de produzir, em forma criadora, uma nova ordem mundial, o Reino de Deus, sob a supervisão física do Cristo. Isto poderia ser considerado como a exteriorização da Hierarquia espiritual de nosso planeta, cujo signo e símbolo constituirão o retorno do Cristo à atividade visível.

Segundo, a atividade crítica, que condiciona a Hierarquia espiritual, desde o próprio Cristo até o mais humilde aspirante, situado na periferia desse "centro onde o amor de Deus" se acha Plenamente ativo. Ali é onde se compreende (expressando-se com as palavras de São Paulo) a frase: "Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora", esperando pela manifestação dos Filhos de Deus (Rom. 8,22). Para esta manifestação se preparam estes "Filhos de Deus que são os filhos dos homens"; para este advento ao serviço ativo ou externo, já estão vindo um após outro à atividade, no plano físico. Não são reconhecidos pelo que são, porém se encarregam dos assuntos do Pai, demonstrando boa vontade, tratando de ampliar o horizonte da humanidade, preparando, assim, o caminho para Aquele a Quem Eles servem, o Cristo, Mestre dos Mestres, Instrutor dos anjos e dos homens.

Terceiro, temos a própria humanidade, "o centro a que chamamos a raça dos homens" - onde hoje predomina o caos, tumulto e confusão, uma humanidade angustiada, perplexa e confusa e, não obstante, consciente, mentalmente, de infinitas possibilidades, lutando, emocionalmente, por esse plano que crê o melhor, procedendo sem coerência e sem compreender que deve ser "um mundo uno para a humanidade una". Simplesmente deseja paz emocional, segurança para viver e trabalhar e visão de um futuro que satisfaça a algum sentido incipiente da perdurabilidade divina. Está enferma, fisicamente, privada do mais essencial para levar uma vida normal e sã; atormentada pela insegurança econômica, invocando, consciente ou inconscientemente, o Pai, em bem de si mesma e do resto do mundo.

O reaparecimento do Cristo proporcionará a solução. Esta é a firme vontade de Deus, testemunhada pelas Escrituras do Mundo; é o desejo do próprio Cristo e de seus discípulos, os Mestres de Sabedoria; é a demanda, inconsciente, de todos os povos. Onde existe esta unidade de propósito, uniformidade e intenção espiritual e busca consciente, a única coisa que poderia deter Seu reaparecimento seria o fracasso da humanidade em preparar o cenário mundial para tão magno acontecimento: "Preparai o caminho do Senhor, endireitai Suas veredas" (Mat. 3,3), em familiarizar as pessoas com a ideia de Sua chegada e em obter a necessária paz na Terra, baseada em corretas relações humanas.

É desnecessário nos ocuparmos aqui, da preparação que o indivíduo deve fazer, internamente, à medida que se prepara para o trabalho a realizar. Os princípios do correto comportamento espiritual têm sido apresentados ao homem, durante séculos, com o incentivo de que a boa conduta o levaria a um bom céu, objetivo fundamentalmente egoísta. A breve prece que diz: "Senhor Deus Todo-poderoso faz que haja paz na Terra e que esta comece em mim", reúne todos os requisitos que se exigem daqueles que desejam trabalhar na preparação para o reaparecimento do Cristo, sempre que vá a par de uma sólida inteligência e da prática de uma vida organizada. Na atualidade, porém, o motivo reside no conceito da salvação pessoal (O qual se aceita e supõe), e a preparação requerida consiste em trabalhar com empenho e compreensão, a fim de estabelecer corretas relações humanas - objetivo muito mais amplo. Aqui temos um motivo que não é autocentrado, pois coloca cada trabalhador e humanitário à disposição da Hierarquia espiritual e em contato com todos os homens de boa vontade. Chegamos, assim, ao segundo dos impedimentos capitais - a falta de apoio econômico para os colaboradores do Cristo.

2 - Falta de Apoio Econômico para o Trabalho do Cristo.

Talvez seja esta a dificuldade maior que, a muitos, se afigura insuperável. Envolve o problema da verdadeira administração econômica e a destinação de adequadas somas de dinheiro para determinados canais, que ajudem no trabalho de preparação para a vinda de Cristo, o que está estreitamente relacionado com o problema das corretas relações humanas.

Portanto, o problema é particularmente difícil, porque os trabalhadores espirituais não somente têm que preparar as pessoas para darem (de acordo com suas possibilidades), senão que, em muitos casos, devem antes de tudo, proporcionar uma motivação tão atraente, que tais pessoas se vejam obrigadas a dar. Também terão que prover a instituição, fundação ou organização para administrar esses fundos. Isto representa uma tarefa difícil. O "impasse" atual não radica apenas em reunir fundos para Sua vinda, senão no egoísmo entranhado na maioria daqueles que detêm a riqueza mundial, que quando - se é que dão - o fazem é porque aumenta seu prestígio e indica o seu êxito financeiro. Naturalmente existem exceções, porém estas são relativamente poucas.

Generalizando e, por conseguinte, simplificando o tema, podemos dizer que os quatro canais principais através dos quais circula o dinheiro são:

1 - Os milhões de lares, onde chega em forma de soldo, salário ou herança. Tudo isto está hoje desequilibrado, existindo excessiva riqueza ou extrema pobreza.

2 - Os grandes sistemas capitalistas e monopólios, em que estão fundadas as estruturas econômicas, na maioria dos países. Não interessa se este capital pertence ao governo, à municipalidade, a um punhado de homens ricos ou a grandes sindicatos. Pouco se gasta no melhoramento da vida humana ou para inculcar os princípios que conduzem a corretas relações humanas.

3 - As igrejas e grupos religiosos de todo o mundo. Aqui (falando, novamente, em termos gerais e, ao mesmo tempo, reconhecendo a existência de uma minoria espiritualmente orientada) o dinheiro é dedicado aos aspectos materiais do trabalho; à multiplicação e preservação da estrutura eclesiástica; aos salários e gastos gerais, e apenas uma pequena percentagem é destinada à educação dos povos; à demonstração vivente de simplicidade, "tal como está em Cristo", e à difusão da realidade de Seu retorno, que tem sido, durante séculos, a doutrina da igreja. Sua vinda tem sido antecipada no transcurso das épocas, e poderia haver sido mais antecipada ainda se a igreja e as organizações religiosas houvessem cumprido com seu dever.

4 - As obras filantrópicas, sanitárias e educativas. Tudo isto tem sido muito benéfico e muito necessário, e a dívida que o mundo contraiu com os filantropos é realmente enorme. Tudo isto é um passo bem dado e uma expressão da divina vontade ao bem. Não obstante, o dinheiro é, amiúde, mal empregado e mal dirigido, e os valores resultantes são institucionais e concretos, sendo ditas obras limitadas pelas restrições dos doadores e pelos preconceitos religiosos daqueles que controlam o desembolso dos fundos. Em meio das discussões motivadas por ideias, teorias religiosas ou ideologias, se esquece da verdadeira ajuda à Humanidade una.

Subsiste o fato de que, se os agentes administradores (que manejam o dinheiro do mundo) tivessem uma visão verdadeira da realidade espiritual da humanidade una e do mundo uno, e seu objetivo fora estimular as corretas relações humanas, as multidões de toda parte responderiam a uma possibilidade futura muito diferente da atual. Não estaríamos enfrentando a necessidade de gastar enormes somas - que atingem bilhões - necessárias para restabelecer, fisicamente, não somente o corpo físico de incontáveis milhões de homens, senão cidades inteiras, sistemas de transporte e centros responsáveis pela reorganização do viver humano.

Igualmente pode-se dizer que se os valores e a responsabilidade espirituais outorgados ao dinheiro (na medida que seja) houvesse sido ensinados e apreciados, devidamente, nos lares e nas escolas, não teríamos as espantosas estatísticas do dinheiro gasto em todo o mundo, antes da guerra (e ainda hoje, no hemisfério ocidental), em guloseimas, licores, cigarros, diversões, vestimenta desnecessária e luxo. Estas estatísticas registram centenas de milhões de dólares por ano. Uma parte deste dinheiro, cuja arrecadação exigiria um mínimo de sacrifício, seria obtida para que o Novo Grupo de Servidores do Mundo e os discípulos de Cristo preparassem o caminho para Sua vinda, bem assim para educar a mente e o coração dos homens, a fim de estabelecer corretas relações humanas.

O dinheiro - assim como outras coisas da vida humana - tem sido maculado pelo egoísmo e açambarcado para fins egoístas, individuais e nacionais. A Guerra Mundial (1914-1945) é um exemplo disso, pois que, embora se falasse muito a respeito de "salvar o mundo para a democracia" e de "deflagrar uma guerra para terminar com as guerras", o objetivo principal foi a autoproteção e a autoconservação, a ânsia de lucro, a vingança provocada por velhos ódios e a recuperação de territórios. Os anos transcorridos desde a guerra, têm-no provado. As Nações Unidas estão, desgraçadamente, ocupadas com as vorazes demandas de toda parte; com as intrigas das nações, a fim de adquirir poder e posição, e obter a possessão dos recursos naturais da terra: carvão, petróleo, etc. e também com as atividades sub-reptícias das grandes potências e dos capitalistas.

Entretanto, durante todo o tempo, a Humanidade Una - não importa o país, cor ou crença - está reclamando paz, justiça e segurança. Isto se poderia procurar pelo correto emprego do dinheiro e da compreensão, por parte dos potentados, de sua responsabilidade econômica, baseada nos valores espirituais. Com exceção de alguns filantropos de visão ampla e de um punhado de estadistas, eclesiásticos e educadores iluminados, este sentido de responsabilidade econômica não se encontra em parte alguma.

Chegou o momento de revalorizar o dinheiro e canalizar sua utilidade para novas direções. A voz do povo há de prevalecer, porém deve ser um povo educado nos verdadeiros valores, no significado da verdadeira cultura, e na necessidade de que existam corretas relações humanas. Trata-se, portanto, de uma questão essencial de sã educação e de correta preparação para a cidadania mundial, algo não empreendido ainda. Quem pode dar este treinamento? A Rússia prepararia, prazerosamente, o mundo segundo os ideais do comunismo e acumularia, nas arcas do proletariado, todo o dinheiro do mundo, produzindo o mais grandioso sistema capitalista que jamais se tenha visto. A Grã-Bretanha prepararia, prazerosamente, o mundo, nos conceitos britânicos de justiça, jogo limpo e comercio internacional, algo que realizaria melhor que qualquer outra nação, devido à sua vasta experiência, porém cuidando sempre de seus lucros. Também os Estados Unidos empreenderiam, gostosamente, a tarefa de imprimir o selo da democracia norte-americana no mundo, utilizando seus vastos capitais e recursos, bem assim acumulando em seus bancos os frutos de suas grandes atividades financeiras, resguardando-as do perigo da bomba atômica e ameaçando com "seu punho armado" o resto do mundo. A França manteria a Europa em um estado de intranquilidade, ao tratar de reconquistar o prestígio perdido e tirar proveito, em tudo por tudo, da vitória das nações aliadas. Assim se faz a história. Cada nação lutando para si, e todas qualificando-se em termos de recursos e finanças. Entretanto, a humanidade padece fome, não possui a cultura necessária e lhe são ensinados falsos valores e o mau emprego do dinheiro. Enquanto não se haja sanado esta situação, não será possível o retorno do Cristo.

Diante desta perturbadora situação financeira, qual será a resposta ao problema? Existem homens e mulheres em todos os países, em todo o governo, em toda igreja, religião e fundação educativa, capazes de dar a resposta. Que esperanças albergam para isso e para o trabalho que se lhes há confiado? Em que forma podem ajudar os povos do mundo, os homens de boa vontade e de visão espiritual? Que podem fazer para mudar o conceito generalizado sobre o dinheiro, desviando-o, assim, para outros canais, onde seja empregado de forma mais correta? Deve-se achar resposta a estas interrogações.

Existem dois grupos que muito podem realizar: aqueles que já estão empregando os recursos financeiros do mundo, sempre quando podem captar a nova visão e ver "a escritura na parede", que está derribando a velha ordem, como também o conjunto de pessoas boas e generosas de todas as classes sociais e esferas de influência.

Os homens de orientação espiritual e de boa vontade devem repelir a ideia de sua relativa inutilidade, insignificância e futilidade, e compreender que agora (nestes momentos cruciais e críticos) podem trabalhar eficientemente. As Forças do Mal estão derrotadas, conquanto ainda não "tenham sido muradas" por trás da porta onde a humanidade pode encerrá-las, segundo predisse O Novo Testamento. O mal trata de percorrer todo caminho disponível para uma nova abordagem, porém - e isto podemos dizer com confiança e insistentemente - as pessoas humildes, iluminadas e altruístas, existem em número suficiente para fazem sentir seu poder, se assim o quiserem. Em cada país há milhões de homens e mulheres espiritualmente orientados que, chegado o momento de encarar, globalmente, esta questão de dinheiro, podem recanalizá-lo em forma permanente. Em todos os países existem escritores e pensadores que agregariam sua poderosa ajuda, e o farão se forem solicitados, como convém. Há estudantes esotéricos e devotos religiosos, a quem se pode apelar para ajudar na preparação do retorno do Cristo, especialmente se a cooperação requerida consistir em empregar dinheiro e tempo para o estabelecimento das corretas relações humanas, bem assim o incremento e difusão da boa vontade.

Não se necessita de uma grande campanha para reunir fundos, senão do trabalho desinteressado de alguns milhares de pessoas aparentemente sem importância. Diria que o que de mais se necessita é coragem, porque é preciso ter coragem para vencer a desconfiança, a timidez e o desagrado, ao apresentar um ponto de vista relacionado com o dinheiro. Aqui, fracassa a maioria. É relativamente fácil, atualmente, reunir fundos para a Cruz Vermelha, hospitais ou instituições educativas. Resulta sumamente difícil fazer o mesmo para propagação da boa vontade e o emprego correto do dinheiro na difusão de ideias avançadas, tais como a vinda do Cristo. Portanto, repito: o primeiro requisito é CORAGEM.

O segundo requisito concerne aos sacrifícios e arranjos que capacitem os trabalhadores do Cristo para dar, até o limite, sua colaboração. Não há de ser, simplesmente, uma capacidade adquirida para apresentar o tema, senão que cada trabalhador deve pôr em prática o que predica. Se, por exemplo, os milhões de pessoas que amam a Cristo e tratam de servir à Sua causa, dessem uma pequena quantidade de dinheiro por ano, haveria fundos suficientes para Seu trabalho. As necessárias organizações e seus diretores, espiritualmente orientados, apareceriam automaticamente. A dificuldade não está na organização do trabalho e do dinheiro; estriba, sim, na incapacidade das pessoas para darem. Por uma razão ou outra dão pouco ou nada, ainda quando estejam interessadas em uma causa como a do reaparecimento do Cristo. O temor pelo futuro; a dissipação; o desejo de fazer obséquios e o não se dar conta de que as grandes somas estão formadas por muitas parcelas pequenas, gravitam todos contra a generosidade econômica, e sempre apresentam desculpas que parecem adequadas. Portanto, o segundo requisito é que todo o mundo dê o que possa.

Terceiro, as escolas metafísicas e os grupos esotéricos se têm voltado, preferentemente, para a questão da orientação do dinheiro para os canais pelos quais têm preferência. Com frequência se ouve a seguinte pergunta: Por que a escola de pensamento "Unity", a igreja "Christian Science" e os movimentos do Novo Pensamento podem reunir os fundos necessários, enquanto que outros grupos, especialmente os esotéricos, não podem fazê-lo? Por que Os verdadeiros trabalhadores espirituais são incapazes de materializar o que necessitam? A resposta é simples. Estes grupos e trabalhadores que estão mais próximos do ideal espiritual, se acham divididos entre si. Seu interesse principal está nos níveis espirituais e abstratos, e não se aperceberam que o plano físico tem a mesma importância que os motivos espirituais. As grandes escolas metafísicas estão empenhadas em fazer demonstrações materiais, e tão grande é sua ênfase e está tão centralizada sua abordagem, que conseguem o que pedem.Devem aprender que a demanda e sua resposta devem ser o resultado do propósito espiritual, e que aquilo que se pede não se deve empregar para o eu separado nem para uma organização ou igreja separatista. Na Nova Era, que se aproxima, antes da vinda do Cristo, a petição de ajuda financeira deve-se fazer com o fim de estabelecer corretas relações humanas e boa vontade, não para o engrandecimento de uma organização particular. As organizações que reúnem fundos devem trabalhar em uma Sede que tenha um mínimo de gastos e o pessoal perceber um salário mínimo, porém razoável. Não há muitas organizações desse tipo, atualmente. As que existem podem dar um exemplo que será rapidamente seguido, à medida que aumenta o desejo para o retorno do Cristo. Portanto, o terceiro requisito é servir à humanidade una.

O quarto requisito deve ser uma minuciosa explicação da causa para a qual se solicita ajuda econômica. Encontrar-se-á quem tenha coragem para falar, porém uma explicação inteligente também tem muita importância. O ponto principal que se deve acentuar, no trabalho preparatório para o retorno do Cristo, é o estabelecimento de corretas relações humanas. Isto já foi começado, sob distintos nomes, por homens de boa vontade de todo o mundo.

Chegamos, agora, ao quinto requisito, uma fé vital e firme na humanidade como um todo. Não deve haver pessimismo a respeito do futuro do gênero humano, nem tampouco preocupação pelo desaparecimento da velha ordem. "O bom, o verdadeiro e o belo" - estão em caminho e disso é responsável a humanidade e não uma divina intervenção externa. A humanidade está despertando rapidamente e muito bem. Estamos atravessando a etapa em que tudo se proclama abertamente - tal como o Cristo predisse - e à medida que escutamos ou lemos a respeito da onda de escândalos, crimes, prazeres sensuais e luxos, tendemos a desalentar-nos. Convém recor dar que é bom que tudo isto surja à superfície e seja conhecido por todos. Similarmente a uma depuração psicológica do subconsciente, à qual se submete o indivíduo, pressagia a inauguração de um dia novo e melhor.

Há um trabalho pela frente, e os homens de boa vontade, de orientação espiritual e de verdadeiro treinamento cristão, hão de fazê-lo. Devem iniciar a era em que o dinheiro se empregará para a Hierarquia espiritual e também devem expressar essa necessidade nas esferas de invocação. Invocação é o tipo mais elevado de oração existente e uma nova forma de demanda divina, que se tem feito possível pela meditação.

Nada se há de agregar, referente ao pedido de fundos, à coragem e compreensão. Se a coragem que demonstra o Cristo, ao enfrentar Seu regresso a este mundo físico externo; se a necessidade da humanidade de estabelecer corretas relações humanas; se a obra do sacrifício dos discípulos de Cristo não forem suficientes para avivar e estimular Vocês e aqueles com quem podem fazer contato, nada do que se diga será de utilidade.

Temos considerado a necessidade da preparação para a vinda de Cristo e alguns dos requisitos fundamentais que se apresentarão, à medida que as pessoas se aprestam para a atividade requerida, inclusive a de reunir os fundos necessários para levar adiante o trabalho preparatório. O colaborador individual, antes de tudo, tem que determinar se seu incentivo e expectação espiritual são aptos para levar avante sua tarefa. Unicamente tem importância aquilo que dá impulso à ação, e só será capaz para a tarefa aquele cuja visão seja suficientemente clara para permitir-lhe trabalhar com compreensão e sinceridade. Deve descobrir que pode desempenhar sua parte na realização do plano divino. A realidade do Cristo e a autêntica possibilidade de Seu reaparecimento devem tornar-se fatores motivadores importantes em sua consciência. Ele busca ao seu redor àqueles com quem pode trabalhar e possuem os mesmos objetivos espirituais. Desta maneira, e a seu devido tempo, aprende que existe na Terra um grupo integrado e bem organizado a que se pode denominar Novo Grupo de Servidores do Mundo. Comprova sua existência em toda parte, sua atuação em cada país, em todos os grupos religiosos organizados e nos que se dedicam ao bem-estar da humanidade e à preparação para o retorno do Cristo.

Este grupo, apesar de trabalhar no plano cotidiano da vida material, conserva, entretanto, uma estreita e íntima integração espiritual com o centro de energia, do qual pode extrair todo o necessário para o trabalho espiritual ativo. O grupo proporciona um campo de serviço para todos aqueles que tratam de expressá-lo. Também constitui o lugar de reunião para aqueles que desejam ser provados e onde seus motivos e constância serão postos à prova. Isto é uma antecipação ao aproveitamento da oportunidade espiritual. Então, fica livre para trabalhar em áreas de serviço cada vez mais amplas.

O Novo Grupo de Servidores do Mundo proporciona, essencialmente, um campo de treinamento e experimentação para aqueles que têm a esperança de elevar-se espiritualmente e capacitar-se para ser discípulos ativos, dirigidos pelo Cristo. O aparecimento deste grupo na Terra, nestes momentos, é um dos indícios do êxito obtido no processo evolutivo tal como se aplica à humanidade. Este método de trabalho (de utilizar os seres humanos como agentes para levar adiante a tarefa de salvação do mundo) foi iniciado pelo próprio Cristo, que trabalhou com os homens por meio de outros, chegando à humanidade por intermédio de Seus doze Apóstolos e considerou a Paulo como o substituto de Judas Iscariote. O Buda tentou empregar o mesmo sistema, porém, no princípio, Seu grupo esteve mais relacionado com Ele que com o mundo dos homens. Cristo enviou Seus Apóstolos ao mundo para alimentar as ovelhas e buscar, guiar e converter-se em "pescadores de homens". A relação dos discípulos do Cristo para com o Mestre foi somente secundária, sendo a primordial, o atendimento às solicitações do mundo. Esta atitude ainda predomina na Hierarquia, sem menoscabar sua devoção pelo Cristo. O Buda instituiu, simbolicamente, e em forma embrionária, converteu-se em fato e em uma realidade, devido às circunstâncias da Era Pisciana.

Na era de Aquário, na qual estamos entrando, este tipo de trabalho grupal alcançará um ponto muito elevado de desenvolvimento, e o mundo será salvo e reconstruído por grupos, mais acentuadamente que por indivíduos. No passado, tivemos os Salvadores do mundo - esses Filhos de Deus que deram aos homens uma mensagem que trouxe maior luz aos povos. Agora, na plenitude do tempo e através dos processos evolutivos, está surgindo um grupo que trará a salvação ao mundo e que (incorporando as ideias grupais e acentuando o verdadeiro significado da Igreja do Cristo) estimulará e fortalecerá de tal maneira a mente e a alma dos seres humanos, que a nova era iniciar-se-á com a afluência do Amor, do Conhecimento e da Harmonia de Deus mesmo, assim como, também, com o reaparecimento do Cristo, em Quem estarão personificadas estas três faculdades divinas.

No passado, as religiões foram criadas por uma grande alma, um Avatar ou um destacado personagem espiritual. A marca de suas vidas, palavras e ensinamentos se plasmou na raça, e persistiu através dos séculos. Qual será o efeito produzido por um Avatar grupal ou Salvador mundial? Qual será a potência do trabalho realizado por um grupo de Conhecedores de Deus, que anunciem a verdade e se reúnam, subjetivamente, para realizar a magna tarefa de salvar o mundo? Que efeito produzirá a missão que terá que cumprir um grupo de Salvadores do mundo, que conhecem Deus em certa medida, que complementam, mutuamente, seus esforços, reforçam, reciprocamente, suas mensagens e constituem um organismo, através do qual a energia espiritual e o princípio-vida espiritual podem fazer sentir sua presença no mundo, sob a direção do Cristo em Presença Visível?

Tal grupo existe agora, com membros em todos os países. São, realmente, poucos e isolados, porém seu número cresce constantemente, e sua mensagem se fará sentir cada vez mais. Estão animados por um espírito construtivo; constituem os estruturadores da Nova Era. Confiou-se-lhes a tarefa de preservar o espírito da verdade e de organizar o pensamento dos homens, a fim de que a mente da raça seja controlada e levada a esse estado de meditação e reflexão, que lhe permitirá reconhecer o próximo desenvolvimento da divindade, que o Cristo inaugurará.

Nos últimos dez anos, este Novo Grupo de Servidores do Mundo tem sido reorganizado e vitalizado, expandindo-se o conhecimento de sua existência por todo o mundo. Atualmente, constitui um grupo de homens e mulheres de todas as nacionalidades e raças, os quais pertencem a todas as organizações religiosas e movimentos humanitários, que estão fundamentalmente orientados, ou em processo de sê-lo, para o Reino de Deus. São discípulos do Cristo que trabalham consciente e, com frequência, inconscientemente, para Seu reaparecimento. São aspirantes espirituais que tratam de servir e converter em realidade o Reino de Deus na Terra. São homens de boa vontade e inteligentes que procuram aumentar a compreensão e as corretas relações humanas entre os homens. Este grupo compreende dois subgrupos importantes:

1 - Os discípulos de Cristo, que trabalham conscientemente para desenvolver Seus planos e aqueles que, instruídos pelos primeiros, colaboram, consciente e voluntariamente. A esta última categoria podemos pertencer, se assim o desejarmos e estivermos dispostos a fazer os sacrifícios necessários.

2 - Os aspirantes e homens e mulheres conscientes, que trabalham, inconscientemente, sob a guia da Hierarquia espiritual. Existem muitos deles, especialmente em cargos destacados, os quais desempenham a tarefa de destruidores das antigas formas ou de construtores das novas. Não têm consciência de nenhum plano interno sintético, porém se ocupam, desinteressadamente, em satisfazer as necessidades do mundo, o melhor que podem, desempenhando uma parte importante no drama nacional ou trabalhando, firmemente, no campo da educação.

O primeiro grupo tem, em certa medida, contato com a Hierarquia espiritual, e, em maior escala, com os verdadeiros discípulos; seus membros trabalham sob a inspiração espiritual. O segundo grupo está em mais íntimo contato com as multidões e trabalha mais especificamente inspirado pelas ideias. O primeiro grupo se ocupa com o Plano do Cristo, na medida em que seus membros podem captar sua essência, enquanto que o segundo trabalha com novos conceitos e esperanças, que afloram à consciência da humanidade, à proporção que os homens, subjetiva e inconscientemente, respondem à preparação para o reaparecimento do Cristo. Como resultado do trabalho que realiza o Novo Grupo de Servidores do Mundo, a humanidade está despertando, constantemente, para as possibilidades futuras.

O despertar das classes intelectuais ao reconhecimento da humanidade, é o prelúdio do estabelecimento da fraternidade. A unidade da família humana é reconhecida pelo homem, porém antes de que essa unidade possa adquirir e adotar uma forma construtiva, é essencial que um maior número de pessoas que pensam, derribem as barreiras mentais que existem entre raças, nações e classes; é essencial que o Novo Grupo de Servidores do Mundo reedite, no mundo externo, esse tipo de atividade que a Hierarquia expressou, quando desenvolveu e materializou este mesmo Grupo. Por meio da impressão e expressão de certas grandes ideias, os homens devem compreender os ideais básicos que regerão a nova era. Esta é a tarefa mais importante do Novo Grupo de Servidores do Mundo.

À medida que estudamos e aprendemos a reconhecer, em todos seus ramos e esferas de atividade, o Novo Grupo de Servidores do Mundo - que disseminados pelo mundo abarca a todos os sinceros trabalhadores e as pessoas altruístas de todas as nações, religiões ou organizações de caráter humanitário - nos daremos conta de que há na Terra um grupo de homens e mulheres que, por seu número e atividades, são capazes de produzir as mudanças que permitirão ao Cristo caminhar, novamente, entre nós. Isto ocorrerá, se estiverem verdadeiramente interessados, preparados para fazer os sacrifícios necessários e dispostos a suprimir as diferenças nacionais, religiosas e de organização, de modo a poder levar a cabo aqueles formas de serviço que reconstruirão o mundo. Devem educar o gênero humano relativamente a umas poucas, simples e fundamentais essencialidades, bem assim familiarizar a humanidade com a ideia do reaparecimento do Cristo e a exteriorização do Reino de Deus. Em grande parte, seu trabalho consiste em resumir e tornar mais efetivo o trabalho dos Filhos de Deus, do Buda e do Cristo.

O êxito do trabalho do Novo Grupo de Servidores do Mundo é inevitável. Fez-se um grande progresso, durante os últimos dez anos; a integração interna da parte desse grupo que trabalha em intimo contato com o Cristo e a Hierarquia espiritual é de tal magnitude que o êxito externo está garantido. Proporcionam um canal, através do qual a Luz, o Amor e o Poder do Reino de Deus podem chegar aos trabalhadores mais exotéricos.

Portanto, temos de compreender que as pessoas espiritualmente orientadas e todos aqueles que procuram trabalham por estabelecer corretas relações humanas; os que praticam a boa vontade e se esforçam, verdadeiramente, por amar a seus semelhantes, formam parte integrante do Novo Grupo de Servidores do Mundo, e sua tarefa mais importante, nestes momentos, é preparar o caminho para o reaparecimento do Cristo.

Permita-se-me expressar, enfaticamente, que o método principal de que nos podemos servir, e o instrumento mais poderoso, em mãos da Hierarquia espiritual, é a difusão da boa vontade, fundida em uma potência unida e ativa. Prefiro esta expressão às palavras "organização de boa vontade". A boa vontade é hoje um sonho, uma teoria, uma força negativa. Deverá desenvolver-se até converter-se em uma realidade, um ideal ativo e uma energia positiva. Este é o nosso trabalho e novamente somos chamados a colaborar.

A tarefa que tem pela frente o Novo Grupo de Servidores do Mundo é grande, porém não impossível. É absorvente, porém como constitui um padrão imposto de vida, ele pode ser levado a bom termo, em todos os aspectos do viver cotidiano do homem e da mulher normais. Não obstante, somos convocados, ao mesmo tempo, a levar uma vida anormal e carregar com uma responsabilidade bem definida.

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