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Os Raios e as Iniciações

Parte Dois C


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Os Raios e as Iniciações
Índice Geral das Matérias


Parte Dois C
O Significado do Processo Iniciático
 Fusão da consciência do Mestre com a do discípulo
 Impressão sobre a mente do discípulo de intento hierárquico

O SIGNIFICADO DO PROCESSO INICIATÓRIO

Antes de prosseguir com nosso próximo ponto concernente à fusão da consciência do Mestre com a do Seu discípulo, gostaria de referir-me ao significado das palavras enfatizadas, “o processo iniciatório". Tratei longamente do tema da iniciação em muitos dos meus livros e esforcei- me por apresentar o assunto de tal modo que se tornasse aparente que ele se ajusta ao processo evolutivo como um procedimento normal e inevitável. A iniciação tem sido tão frequentemente apresentada como sendo uma cerimônia, que eu achei necessário compensar esforçadamente esse errôneo significado. Todavia, para compreenderem aquilo que tenho a dizer, vocês terão de reunir todas as medidas de compreensão esclarecida que por ventura possuam.

A iniciação é somente uma cerimônia, na medida em que chega um ponto culminante no processo iniciatório no qual a consciência do discípulo torna-se dramaticamente ciente dos membros da Hierarquia e de sua própria posição em relação a eles. Esta compreensão ele simboliza para si mesmo - sucessivamente e em uma crescente larga escala - como um grande cerimonial rítmico de progressiva revelação no qual ele, como candidato, é o centro do palco hierárquico. Isto é definidamente assim (sob o ângulo do cerimonial) nas duas primeiras iniciações, e em relação ao Cristo como o Iniciador. Depois da terceira iniciação, o ângulo cerimonial diminui em sua consciência porque as iniciações superiores não são registradas pela mente (com sua habilidade para reduzir a realização em forma simbólica) e assim transmitida ao cérebro, mas elas alcançam o cérebro e são lá registradas via o antahkarana; os resultados da experiência de expansão são agora definidamente de tal natureza que não podem ser reduzidos a símbolos ou a acontecimentos simbólicos; eles não possuem forma e permanecem na consciência superior.

Não estou dizendo aqui que os ensinamentos dados no passado por vários grupos ocultistas, ou em meu livro Iniciação, Humana e Solar, não estejam corretos ou não descrevam acuradamente aquilo que o candidato acredita ter tido lugar. O que quero dizer é que o aspecto cerimonial é devido à capacidade do discípulo em criar formas de pensamento e, o que é de maior importância, constitui sua contribuição à futura exteriorização do processo iniciatório nas suas primeiras etapas. Quando um número adequado de discípulos tiverem conseguido relacionar a Tríade Espiritual à personalidade infundida pela alma e tiverem ocultamente “precipitado” as energias da Mônada por meio do antahkarana, então a primeira e segunda iniciações poderão ser “cerimonialmente” encenadas na terra.

As iniciações superiores não podem ser assim apresentadas, mas o serão no plano mental por intermédio de símbolos e não através de detalhes de acontecimentos cerimoniais. Esta representação simbólica continua válida para a terceira, a quarta e a quinta iniciações. Depois que estas cinco grandes expansões têm lugar, as iniciações não mais são registradas como fatos cerimoniais na terra ou como visualizações simbólicas no plano mental. É difícil encontrar palavras para expressar o que ocorre; o mais próximo à verdade que posso chegar é a “existência de iluminação através da revelação”. Vocês notarão que à quinta iniciação é dado o nome de Revelação. Vocês têm, por conseguinte, uma sequencia de consequências ou de resultados da conquista espiritual que são as seguintes:

1. Cerimoniais factuais, baseados na exteriorização.

Iniciação 1-0 Nascimento.
Iniciação 2-0 Batismo.

2. Representação Simbólica, baseada na visualização espiritual.

Iniciação 3 - A Transfiguração.
Iniciação 4 - A Renúncia.
Iniciação 5 - A Revelação.

3. Iluminação através da Revelação, baseada na Luz viva.

Iniciação 6 - Decisão.
Iniciação 7 - Ressurreição.
Iniciação 8 - Transição.
Iniciação 9 - Recusa.

Será óbvio que estas três tentativas de definir o processo da iniciação apresentem somente o aspecto forma exterior; cada iniciação tem três aspectos, como tudo o mais na natureza, pois a iniciação é um processo natural. Há, primeiro, o seu aspecto forma; depois seu aspecto alma ou consciência; e finalmente, seu aspecto vida. 

O aspecto forma culmina a experiência e apresenta a compreensão do discípulo do processo iniciatório; o aspecto consciência indica, de um modo misterioso a marcha da expansão à medida que o discípulo passa pelo processo; o aspecto vida permite o contato extraplanetário, indicando assim os possíveis futuros e eventuais processos de identificação. Podemos acrescentar que o cerimonial factual admite o discípulo à associação com a Hierarquia; que a representação simbólica indica ao discípulo o Caminho para Shamballa, e que a revelação iluminada apresenta ao iniciado o ponto entre nosso plano físico cósmico e os mundos cósmicos subjetivos internos. Esta entrada para a ponte (eu estou falando em símbolos) revela a existência do Antahkarana cósmico, criado pelo Senhor do Mundo e Seu grupo de Executivos.

Esta informação a respeito do processo iniciatório é coordenadora em sua natureza e só é útil a vocês nesta conexão. Ela demonstra a subjacente síntese solar que foi a plataforma fundamental que eu divulguei em Um Tratado sobre o Fogo Cósmico. Além dessa implicação, a informação não tem valor para vocês. Todavia, ela permite que vocês comecem a desenvolver o senso esotérico de síntese.

Estes três graus de apreciação ou de compreensão do processo iniciatório são sugeridos no Trabalho Maçônico. O aspecto cerimonial pode ser relacionado aos graus do Aprendiz e do Companheiro, mais certos graus pouco praticados, como, por exemplo, o grau de Mestre e um ou dois outros; esses são expansões do ensinamento implícito. As iniciações, cobertas pelo termo representação simbólica, encontram sua primeira alusão no sublime terceiro grau, o de Mestre Maçon, no Real Arco Sagrado e um ou dois dos graus seguintes; os graus superiores do Rito Escocês constituem uma vaga e nebulosa tentativa de manter diante dos Maçons do mundo aquelas expansões de consciência e o crescimento em direção à Luz que são experimentadas nas iniciações superiores restantes - aquelas sujeitas ao processo chamado iluminação através da revelação.

O Trabalho Maçônico é uma antiga e louvável tentativa para preservar em alguma forma germinal a verdade espiritual sobre a iniciação. Apesar da distorção, de alguma perda dos Marcos Ancestrais e uma deplorável cristalização, a verdade está lá e, numa data mais tarde (na parte inicial do próximo século), um grupo de maçons iluminados rearrumarão os rituais e adaptarão as atuais formas e fórmulas de maneira tal que as possibilidades espirituais, simbolicamente indicadas, virão a emergir com maior clareza e uma aprofundada potência espiritual. A próxima forma da Maçonaria na Nova Era apoiar-se-á necessariamente na fundação de uma Cristandade interpretada de novo e iluminada, sem nenhuma relação com a teologia e universal em sua natureza.

Sua forma atual, apoiada como está nos fundamentos judaicos que têm quase cinco mil anos, precisa desaparecer. Isto tem de acontecer não por ser judaico, mas porque é velho e reacionário e não seguiu a passagem evolutiva do sol através do zodíaco. Essa passagem simboliza a evolução humana e assim como o pecado dos filhos de Israel no deserto foi o fato de haverem revertido a uma dispensação e ritual religioso já passado e acabado (a religião do tempo de Taurus, o Touro, simbolizado por terem revertido à adoração do bezerro de ouro), também hoje a moderna Maçonaria tende a fazer o mesmo; os antigos usos e formas consistentes e corretos na dispensação judaica, estão agora obsoletos e devem ser abandonados. É igualmente verdade que a raça judaica ao rejeitar o Cristo como Messias, permaneceu, metafórica e praticamente, no signo de Áries, o Carneiro, ou do Bode Expiatório; eles ainda precisam passar, falando metaforicamente, para o signo de Peixes, e reconhecer seu Messias quando Ele voltar novamente no signo de Aquário. Caso não o façam, estarão repetindo seu antigo pecado de não responder ao processo evolutivo. Consideremos agora o que o processo iniciatório significa para o discípulo à medida que ele procura levar a vida dual que ele exige. Vocês notarão que eu a chamo um processo, em contraposição à definição teosófica que o considera como a culminante cerimônia de um período de treinamento.

O processo iniciatório é, na realidade, o resultado da atividade de três energias:

1. A energia gerada pelo discípulo à medida que ele procura servir a humanidade.

2. A energia que se torna disponível ao discípulo enquanto ele vai conseguindo construir o antahkarana.

3. A energia do Ashram hierárquico para o qual ele está sendo “absorvido” ou integrado.

São estas três energias, cada uma com seu próprio meio de expressão e cada uma produzindo seus resultados específicos, que implementam ou engenham o processo iniciatório. Estas energias são evocadas pelo próprio discípulo, e suas crescentes forças e capacidades revelatórias dependem largamente da determinação, propósito e vontade do discípulo, sua persistência e integridade espiritual. É através de seu entendimento da palavra “processo” que o discípulo descobre o verdadeiro significado da frase ocultista de que “antes que um homem possa trilhar o Caminho ele tem de tornar-se ele próprio o Caminho”. Progressivamente, o discípulo descobre o que é tornar-se um agente criativo, usando as faculdades criativas da mente e progressivamente adaptando-se, enquanto cria, ao Plano do Criador, o Senhor do Mundo.

As três primeiras iniciações são, definidamente e de modo bastante misterioso, ligadas ao trabalho criativo e à expressão espiritual, num ser humano, do terceiro aspecto da divindade, o da inteligência ativa. A quarta, quinta e sexta iniciações estão definidamente relacionadas com o segundo aspecto de amor-sabedoria ao expressar-se através das formas criadas; a sétima, oitava e nona iniciações são ocultamente “inspiradas” pelo primeiro aspecto divino, o da Vontade. Por conseguinte, somente na nona iniciação é o ser humano uma plena e verdadeira expressão da divindade; ele percebe então que todos os aspectos divinos encontram-se nele. Através deles, ele está conscientemente, criativamente e construtivamente em sintonia com a consciência do Uno em Quem nós vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. Tudo isto é o resultado de um processo e o efeito da vida inerente que se encontra em todas as formas de vida desde o pequenino átomo até Aquelas grandes Vidas Que pouco mais são do que nomes para os discípulos.

Este processo de iniciação governa a vida dual do discípulo de três modos:

1. Ele é expresso nos resultados produzidos nos três mundos e na prova tangível e crescente que ele dá de definidas áreas de consecução.

2. Ele é demonstrado como efeitos em sua consciência na forma de uma crescente fusão de alma e personalidade assim como um crescente poder para invocar o influxo da luz superior por intermédio do antahkarana.

3. Ele é revelado tanto através da Tríade Espiritual quanto da personalidade impregnada pela alma quando ambas de forma unida provam a vivacidade da divina natureza do Amor. À medida que esta revelação se apossa da consciência do discípulo e condiciona a expressão de seu serviço, ela o inicia naquela misteriosa área de consciência divina a que chamamos o “Coração de Deus”. O coração de Deus, isto é, o nosso Logos planetário, e o coração do Sol, isto é, o Logos solar, estão misteriosamente relacionados, e é através desta relação sustentada que se torna possível ao ser humano entrar na Hierarquia. Não se esqueçam que a Hierarquia é a expressão da energia do amor. O relacionamento também lhes permite finalmente passar do plano físico cósmico para o plano astral cósmico.

Cada aspecto divino tem três aspectos subsidiários, e no nosso planeta, e no plano físico cósmico, o aspecto inferior do amor - aquele que nós chamamos Vontade-para-o-Bem - é revelado. Para a humanidade, lutando neste plano físico cósmico, nós subdividimos inconscientemente esta vontade-para-o-bem em três aspectos; somente hoje é que nós estamos começando a captar as possibilidades existentes. Ao aspecto inferior nós chamamos boa vontade, pouco compreendendo a atitude para a meta universal que ele estabelece; ao segundo aspecto nós vagamente chamamos amor e temos a esperança de demonstrar que nós realmente demonstramos amor através de nossa filiação com a Hierarquia; ao superior nós chamamos vontade-para-o-bem e o deixamos indefinido porque não é de modo algum possível, mesmo para iniciados da quinta iniciação, compreender verdadeiramente qual é a natureza e propósito da vontade-para-o-bem que condiciona a atividade divina.

A ênfase no ensinamento anterior foi sobre o caráter como o fator determinante em decidir se um homem podia “fazer a iniciação” (como era chamado) e isto foi outra das apresentações que grandemente induziram a erro os aspirantes. O caráter é da maior importância - de tão reconhecida importância que não nos precisamos deter no assunto. É o caráter que capacita um homem a tornar-se um discípulo tendo em mira eventualmente entrar no Ashram de um Mestre e passar então pelos processos de iniciação. É o caráter que é corretamente visto como o primeiro requisito quando um homem sai do Caminho Probatório e entra no Caminho do Discipulado. Porém, ele está ainda muito distante de sua meta, e muito longe de ser aceito por um Mestre como discípulo. Podemos exprimir a verdade desta maneira: quando os olhos do discípulo se afastam dele próprio e seu funcionamento nos três mundos está ficando espiritualmente controlado (ou está em processo de ser controlado), então ele está diante de tornar-se um ser verdadeiramente mental, com o foco de sua vida sobre o nível mental onde ela está sujeita ao controle da alma; então, por sua vez, a alma torna-se o agente diretor do homem no plano físico. Isto não significa que ele esteja ocupado em tornar sua mente concreta inferior ativa, dirigente e iluminada; isso está tendo lugar gradual e automaticamente através da pressão das influências superiores jorrando para ele e através dele. Ele está ocupado com a tarefa de tornar-se consciente das atividades de sua mente superior, ou abstrata, e da razão pura que controla e anima o plano búdico, e que é ele próprio suscetível de receber a impressão da Mônada. Esse plano tem de tornar-se aquele para o qual sua consciência mental olha e sobre o qual ela focaliza sua atenção. É lá que ela deve estar polarizada, no mesmo sentido em que a consciência da humanidade comum está hoje polarizada no plano das emoções e da atividade astral, porém, mudando com rapidez para o plano mental.

Isto envolve uma atividade dual. A mente inferior torna-se um potente fator em direcionar as atividades de serviço do discípulo. Essas atividades tornam-se a principal potência motivadora na vida do discípulo e são uma consequência de uma crescente fusão entre a alma e a personalidade, assim desenvolvendo e desdobrando seu senso de inclusividade. Inclusividade é a chave suprema para o entendimento da consciência. Ao mesmo tempo, a mente superior está impressionando a inferior e atraindo-a a uma fusão superior com ela própria. Este processo de desdobramento cria certos importantes pontos de sucessivas fusões, com consequentes pontos de tensão; esses pontos de tensão (quando atingidos conscientemente) tornam-se a energia atuante que permite ao discípulo “permanecer na luz e, nessa luz, ver a Luz maior; dentro dessa Luz maior, ele sabe e vê, capta e absorve aquilo que até então fora escuro e secreto e desconhecido”. Isto é iniciação.

Períodos de busca, períodos de dor, períodos de isolamento, períodos de revelação produzindo pontos de fusão, pontos de tensão e pontos de projeção de energia - tal é a história do Caminho da Iniciação. Iniciação é, na verdade, o nome dado à revelação ou nova visão que sempre atrai o discípulo para maior luz. Não é algo que lhe é conferido ou dado a ele. É um processo de reconhecimento da luz e da utilização da luz com o fim de penetrar numa luz ainda mais clara. Progresso partindo de uma área fracamente iluminada na divina manifestação para uma de glória divina é a história do Caminho da Evolução.

Nos Arquivos dos Mestres há algumas Regras para os Discípulos de origem muito antiga. Entre elas há uma que é tão velha e tão complicada que somente agora é possível trazê-la à atenção da humanidade devido à acrescida percepção mental e espiritual do aspirante moderno. Ela pode ser traduzida, inadequadamente, como se segue:

“A luz é vista, um pequenino ponto de penetrante luz. Esta luz é cálida e vermelha. Ela atrai para perto à medida que ela revela as coisas que são, as coisas que podem ser. Ela penetra o terceiro centro e remove toda a miragem e desejo.”

“Uma luz é vista por intermédio da luz inferior - uma cálida e quente luz. Ela penetra até o coração e, nessa luz, todas as formas são vistas permeadas por uma luz fulgurante. O mundo das formas iluminadas é agora percebido, unidas umas às outras pela luz. Esta luz é azul, e flamejante é sua natureza. Entre a luz cálida e avermelhada e esta clara luz arde cintilante uma flama - uma flama que precisa ser penetrada, antes que seja penetrada e usada a luz de azul"

“Outra luz é então percebida, a clara fria luz que não é luz mas escuridão em sua mais pura pureza - a LUZ do Próprio Deus. Ela torna escuro tudo o mais que está ao Seu lado; todas as formas desaparecem e, apesar disso, o todo da vida está lá. Não é luz como nós conhecemos luz. É aquela pura essencial essência daquela Luz que Se revela através da luz.”

Foi à segunda luz que o Buda e o Cristo Se referiram quando disseram: “Eu sou a luz do mundo”. É a Luz do Próprio Deus, o Senhor dos Mundos, na qual as Vidas dentro da Câmara do Conselho de Shamballa vivem, movem-se e têm a Sua Existência.

É o reconhecimento das variadas “luzes" no Caminho Iluminado que significa estar pronto para a iniciação. O iniciado entra na luz num sentido particular; ela permeia sua natureza de acordo com seu desenvolvimento em qualquer ponto no tempo e espaço; ela permite que ele contate e veja aquilo até então não visto, e que sobre a base do novo conhecimento adquirido ele direcione seus passos ainda mais além.

Não estou aqui falando em símbolos. Cada iniciação amortece a luz já adquirida e usada, e então imerge o iniciado numa luz maior. Cada iniciação capacita o discípulo a perceber uma área de consciência divina até então desconhecida, mas que, quando o discípulo se familiariza com ela e com seus fenômenos únicos, qualidade vibratória e inter-relações, torna-se para ele um campo normal de experiência e atividade. Desse modo (se assim posso expressá-lo) “os mundos das formas vivas e as vidas sem forma tornam-se seus”. Mais uma vez a dualidade entra nesta percepção mental, pois ele agora está consciente da área iluminada da qual ele vem para o ponto de tensão ou de iniciação; através do processo iniciatório, ele descobre uma nova e mais brilhantemente iluminada área onde ele agora pode entrar. Isto não envolve deixar o campo anterior de atividade no qual ele tem trabalhado e vivido; simplesmente significa que novos campos de responsabilidade e de oportunidade os esperam, porque ele - pelo seu próprio esforço - tornou-se capaz de ver mais luz, de andar numa luz maior, de provar mais adequadamente do que até então suas capacidades dentro da grandemente aumentada área de possibilidade.

Iniciação é, por conseguinte, uma constante fusão de luzes que são progressivamente penetradas, assim permitindo que o iniciado veja mais longe, mais profundamente e mais inclusivamente. Como disse um dos Mestres: “A luz precisa penetrar verticalmente e ser difundida ou irradiada horizontalmente". Isto cria a luz de serviço de onde o discípulo pende até que a Cruz de Sanat Kumara lhe seja revelada; ele sabe então porque este planeta é - por sábias e adequadas razões - o planeta do desapego, da imparcialidade e da indiferença. Quando ele sabe isto, ele sabe tudo que nossa vida planetária lhe pode ensinar e revelar. Ele transmutou o conhecimento em sabedoria.

É no centro desta cruz de serviço que o ponto de fusão e o ponto de tensão têm de ser encontrados. O ponto de fusão é criado pela focalização de todo poder, metas e desejos do discípulo dinamicamente no plano mental; o ponto de tensão é criado quando o poder invocativo deste ponto focal torna-se capaz de evocar resposta a partir daquilo que é invocado. Para o aspirante comum e para o discípulo, este é a alma ou é a Tríade Superior. O encontro das duas energias focalizadas produz um ponto de tensão. Os discípulos não devem focalizar sua atenção na tarefa de produzir um ponto de tensão. Eles devem lembrar-se da vida da atividade dual, isto é, aquilo que é num determinado momento de esforço, e aquilo com o que ele pode fundir e mesclar esta soma total de seu desenvolvimento alcançado. A potência de seu pensar ao longo destas linhas duais automaticamente produzirá o ponto de tensão, por intermédio da função das dualidades apropriadas. É através da atividade da mente inferior que a fusão com a alma é realizada, com sucessivos e intensificantes pontos de tensão; é através da atividade estabelecida entre a mente superior e inferior que a fusão com a Tríade Espiritual se torna possível, com pontos de tensão surgindo em muitos pontos ao longo da ponte, o antahkarana; é através da atividade da razão pura que a fusão com a Hierarquia se torna possível, e é isso que produz aqueles pontos de tensão que nós chamamos Iniciações. Há, necessariamente, pontos de tensão ainda mais alta, porém, é com os pontos chamados iniciações que estamos tratando agora.

A luz se fará a este respeito se vocês tiverem sempre em mente a dualidade essencial da própria manifestação; os polos negativo e positivo apresentam-se dentro da consciência de todas as formas. O ponto de fusão alcançado (o resultado de ativo e positivo trabalho e esforço) é tornado negativo para aquele que está sendo invocado, e por esse meio outro ponto positivo de tensão pode ser alcançado. A iniciação - um dramático e grande ponto de tensão - significa essencialmente a fusão dos aspectos negativo e positivo. Por esta razão, em todos os processos iniciatórios, é a vontade do discípulo que está ativa e que produz, antes de tudo, uma fusão e, como consequência, o aparecimento de um ponto de tensão.

Ilustremos. No trabalho de criação do antahkarana, o discípulo primeiro que tudo e ao máximo que lhe é possível por intermédio de positivo labor mental, focaliza-se no plano mental. A fusão da alma e da personalidade está então presente e é o resultado de uma atividade positiva. A qualidade e a natureza vibratória desse positivo ponto focal são então tornadas negativas àquela vibração superior ou contato que é invocado pela radiância existente e potência. A resposta vinda do polo oposto (se ao menos o discípulo pudesse perceber isso) é imediata e numa extensão possível, determinada pelo ponto de realização já alcançado pelo discípulo.

Esta atividade invocativa-evocativa produz um ponto de tensão, mas não ainda, um ponto de fusão com o polo positivo. A partir desse ponto de tensão, o discípulo trabalha na criação do antahkarana; isto provoca, enfim, a desejada fusão entre a alma fundida com a personalidade e a Tríade Espiritual. O mesmo processo geral dita todas as fusões desejadas e produz aqueles pontos de tensão que são o segredo de todo crescimento. Aqueles pontos de fusão e de tensão o discípulo conscientemente se esforça por provocar.

Essas são as grandes linhas gerais governando o processo iniciatório; o trabalho indicado aqui é seguido por todos os discípulos - iniciados de todos os graus, e mesmo pelo Próprio Senhor do Mundo. Ele, em Seu Alto Lugar, mantém as energias mundiais manifestadas em um estado de fusão; pontos de tensão sucessivamente ocorrem como consequência de uma crescente realização divina dentro dessas formas de atividade inteligente, de amor-sabedoria e da vontade-para-o-bem. Estes pontos de tensão variam de acordo com o propósito divino e o problema iniciatório individual do Próprio Sanat Kumara, à medida que Ele Se submete a um processo iniciatório cósmico. Um ponto assim de tensão, de estupenda magnitude, está hoje presente no mundo; a intenção por trás desta fusão e tensão realizadas é capacitar a humanidade, como parte integral do corpo divino de manifestação, a avançar para uma luz maior e mais perto do “coração de amor”, que é a Hierarquia. À medida que isso acontece - e está acontecendo agora - a Própria Hierarquia move-se para mais perto, para uma fusão consciente com a Humanidade. O ponto de tensão desse modo alcançado - e isto ainda não apareceu - produzirá o Reino de Deus na Terra em forma exotérica.

Nós agora consideraremos uma das fusões menores, embora essencial, que precisam ser alcançadas pelo discípulo, produzindo, consequentemente, em sua vida, um ponto ou pontos de tensão.

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Fusão da consciência do Mestre com a do discípulo.

Anteriormente, já disse que a vida privada do discípulo automaticamente transcorre em três etapas (uma vez tenha ele sido aceito pelo Mestre):

a. A etapa em que a mente concreta inferior e a mente superior estão de tal maneira relacionadas que a mente inferior está não somente iluminada pela alma, mas está também sujeita à impressão desde a Tríade Espiritual.

b. Sua relação com o Mestre é a seguinte e paralela etapa e envolve unir a consciência do Mestre e a sua própria. Isto tem de ser lentamente desenvolvido e conscientemente apreendido, com consequências muito interessantes.

c. Mais tarde, vem a etapa em que a consciência do discípulo pode ser gradualmente posta em sintonia com a Hierarquia como um todo. Podemos mencionar, com o fim de esclarecer melhor esta afirmativa um tanto vaga, que o discípulo é absorvido para dentro da Hierarquia e - ao mesmo tempo - ele assimila, numa nova e misteriosa maneira, certas impressões hierárquicas unidas.

A esta altura, o discípulo já fez sua aproximação ao Ashram e já demonstrou sua habilidade para servir e assim utilizar qualquer energia ashrâmica que ele possa contatar e ocultamente incluir. Ele está lentamente tornando-se consciente de três impressões vibratórias que diferem levemente embora coloridas pelo raio que elas expressam. Primeiro que tudo, ele está consciente da vibração de sua própria alma; depois, ele registra a do Ashram, nas primeiras etapas focalizada para ele por meio da mediação de algum discípulo mais velho; e, finalmente, ele se torna consciente da vibração do Mestre. Lentamente, ele aprende a distingui-las e conhecê-las como constituindo três diferentes canais por onde a energia o alcança. Elas contatam sua consciência no plano mental; mais tarde, ele descobre que o contato com elas é facilitado desde que ele possa registrá-las conscientemente nos seus planos apropriados e através dos centros apropriados; naturalmente leva tempo para desenvolver esta facilidade e (até ele passar pela terceira iniciação quando importantes mudanças têm lugar) espera-se que ele “retenha a impressão” no plano mental.

O desenvolvimento da sensibilidade ao contato, e o registro “daquilo que é algo além do Eu e, contudo é o Próprio Eu”, são partes da grande Ciência da Impressão. Este desenvolvimento - nas etapas iniciais da evolução humana - é levado adiante por meio dos cinco sentidos e encontra-se também no reino animal. Com este bem conhecido e bem estudado desenvolvimento não vou lidar, além de dizer que estes cinco (em realidade) sete sentidos constituem avenidas de aproximação espiritual a vários aspectos da manifestação divina nos três ou cinco mundos da evolução humana. Podemos apontar aqui que, de forma misteriosa, os sete centros no corpo etérico são correspondências dos sete sentidos, pois eles são capazes de responder às vibrações vindas do mundo da alma ou da alma humana, do Ashram e do Mestre, assim como registram eventualmente as energias de todos os sete raios; estes fluem para o discípulo e através dele como parte de um grande sistema circulatório da sétupla energia divina que é a base da manifestação. Tratei detalhadamente destes sentidos e das energias circulantes em Um Tratado sobre o Fogo Cósmico.

O tema da fusão da alma e da personalidade foi tratado adequadamente em outras obras e no ensinamento do antahkarana. Limito-me aqui à fusão da consciência do Mestre (como está condicionada ao reino humano) com a do discípulo. Não há fusão possível ou compreensível entre a consciência superior ou shambállica do Mestre e a de qualquer discípulo que não tenha feito a quarta iniciação. A completude da fusão à qual me refiro não é possível nas etapas iniciais do desenvolvimento do discípulo; mais uma vez, o ensinamento até agora apresentado pelos grupos ocultistas em conexão com a relação do Mestre e seu discípulo tem sido errôneo e o resultado da criação de fatos desejados na própria fantasia.

Só é permitido ao discípulo ter contato com a mente do Mestre quando sua vida espiritual se tornou um hábito e quando ele pode, sempre que quiser, inundar sua personalidade com a energia da alma. Aqueles que fazem raros e ocasionais contatos com a alma (e muitos o fazem) em seu trabalho de meditação não têm esse privilégio. É o discípulo que já estabeleceu um conveniente contato com sua alma, e pode aproveitar-se disso a qualquer momento que o deseje, que pode começar a registrar impressões do Mestre dirigidas diretamente a ele.

Os aspirantes não devem confundir o ensinamento dado a eles pelo Mestre no trabalho do Ashram com esta fusão ulterior de consciência. Na formação grupal, os discípulos são reunidos, às vezes, para receber instrução e são assim protegidos, dentro da aura grupal, da tremenda potência da presença do Mestre. É difícil para o aspirante comum perceber a necessidade disto, porém, até os próprios discípulos, e nas etapas iniciais de sua admissão ao Ashram e de seu treinamento, têm um potente efeito sobre aqueles que eles contatam. O efeito é produzido sem intenção e é causado pela alta qualidade da vibração ou radiância do discípulo para aquela da pessoa ou grupo que ele contata. A impressão feita por ele causa estimulação - uma estimulação com a qual é frequentemente difícil a pessoa lidar, evocando não apenas bons, mas também maus efeitos.

A aplicação desta energia radiante é um modo definido de serviço e atividade espirituais, porém, até que um discípulo tenha avançado em conhecimento e possa controlar sua radiação (permitindo somente que escapem dele aquelas correntes de energia que são apropriadas à necessidade) a passagem de um discípulo pode causar grande dificuldade, não só para o indivíduo como para o grupo.

Ficará óbvio para vocês, pois, que a presença de um Mestre terá um potente efeito sobre o discípulo individualmente. Empreguei esse termo separativo “discípulo individual” porque ele indica a causa da possível dificuldade ou mesmo perigo. Tal dificuldade é sempre possível enquanto quaisquer instintos separatistas ou autocentrados existam no discípulo. Muito tempo é necessário para um discípulo atingir aquele desinteresse e aquele espírito inclusivo que lhe permitirão permanecer na presença do Mestre e não apresentar barreira alguma para o contato direto com a mente do Mestre. Este contato, conduzindo à desejada fusão, apresenta certas etapas claramente definidas:

1. Ocasionalmente, nas horas de meditação do discípulo, num momento de grande tensão ou numa crise relacionada com suas atividades de serviço, pode ocorrer uma momentânea fusão das mentes do discípulo e do Mestre. Isto só pode ocorrer quando o foco mental é tão estável e tão firmemente direcionado em intenção que reações emocionais ou a intrusão de assuntos da personalidade são eliminadas.

2. Mais tarde, em seu treinamento, o Mestre pode tentar impressionar sua mente inesperadamente, e assim treiná-lo para reconhecer o que pode ser considerado um chamado direto do Centro do Ashram.

3. À medida que o discípulo prova seu valor e demonstra que ele nada está desejando para o eu separado, a inter-relação entre as duas mentes - do Mestre do Ashram e do discípulo - não encontra impedimento; consequentemente, não há risco de superestimulação, de autossatisfação ou da emergência de qualidades que perturbariam o ritmo do Ashram. Pode ter lugar (pela vontade do Mestre) um fluxo de pensamento entre os dois. A princípio, a impressão é levada avante inteiramente pelo Mestre, e o discípulo é simplesmente um agente que pode ser impressionado por ideias e instruído segundo alguma linha particular que possa ser de serviço para a humanidade; ele não pode, porém, produzir qualquer corrente de pensamento fluindo de volta para o Mestre. Mais tarde, à medida que o discípulo avança na luz e é, simultaneamente, um servidor, pode permitir-se que ele alcance o Mestre com sua própria reação à impressão.

4. Vem, então, a etapa final quando se confia que o discípulo seja o agente iniciador da impressão e do contato e lhe é permitido evocar a atenção do Mestre e penetrar no Centro do Ashram. Aconselha-se aos estudantes relacionar estas quatro etapas às Seis Etapas do Discipulado tratadas na parte final do Discipulado na Nova Era, Vol. I; estas quatro etapas correspondem às quatro finais estudadas naquele livro.

Estes contatos estão naturalmente no campo da telepatia, que é um aspecto da Ciência da Impressão, e estão inteiramente no reino da interação mental. Tratei da ciência básica no livro Telepatia e o Veículo Etérico. A relação acima considerada é entre o instrumento de contato usado pelo Mestre - o da mente superior ou abstrata, pois os Mestres não trabalham absolutamente com a mente inferior - e a mente concreta inferior do discípulo. Os Mestres dependem, portanto, do uso do antahkarana que o discípulo está em processo de construir; isto está rapidamente tornando-se uma parte do Antahkarana grupal, construído pelos discípulos (trabalhando nos três mundos, porém, em níveis mentais) que já foram admitidos no Ashram. Por conseguinte, vocês podem ver porque o ensinamento sobre o Antahkarana foi considerado por nós oportuno e sábio. O relacionamento com o Ashram e o contato com o Mestre dependem da existência do Antahkarana. Nas etapas iniciais de sua construção criativa, o Antahkarana é adequado para permitir algum contato com o Ashram e com certos discípulos, embora não ainda com aqueles de grau muito elevado. Posteriormente, à medida que o Antahkarana se aperfeiçoa, contatos superiores e mais duráveis tornam-se possíveis.

Os resultados desses contatos registrados e desenvolvidos são finalmente vistos em total impressionabilidade - a qualquer tempo e sem qualquer esforço de ambos os lados - da mente do discípulo. Ela está agora tão harmonizada com o Ashram e com a qualidade do raio do Mestre que sua mente é una com a do Mestre no centro. Uma atividade recíproca torna-se agora possível.

É, por certo, desnecessário dizer que o tema de todas as impressões vindas do Mestre para o discípulo, e do discípulo para o Mestre, é a serviço do Plano, os problemas relacionados com o trabalho grupal na Era do Aquário, ou com a vida e relacionamentos dentro do Ashram. Não esquecer que o Ashram tem seus próprios objetivos, intenções e técnicas internas que estão desvinculadas da vida do discípulo e seu serviço nos três mundos. O trabalho do discípulo preparando-se para a iniciação não está basicamente relacionado ao seu serviço mundano diário, embora não houvesse iniciação para ele se faltasse essa vida de serviço. Sua vida de serviço é, na realidade, uma expressão da particular iniciação para a qual ele está sendo preparado. Este tema é vasto demais para ser considerado aqui, mas é uma ideia sobre a qual deveriam meditar.

Ofereço-lhes aqui uma pista baseada na vida do Cristo. A história da vida e experiências dos grandes Iniciados é raramente divulgada, porém tem sido comunicado sobre a vida do Cristo tanto nos Evangelhos quanto em conexão com Suas encarnações anteriores. Como sabem, Ele fez uma das iniciações maiores, a sexta iniciação, a da Decisão. Esta iniciação está relacionada com o centro da garganta e também com sua correspondência superior, o centro da garganta do Logos planetário; este é o centro que nós chamamos Humanidade. Assim “a Palavra soou”. Ele tinha uma missão dual a cumprir com o fim de provar Sua adequação (se é que podemos usar tal termo em relação a um iniciado de Sua exaltada estatura). Ele tinha, primeiro que tudo, de dar um grande impulso à evolução humana proclamando duas coisas:

1. Que “o sangue é vida".
2. Que os homens em toda a parte são filhos de Deus, e portanto, divinos.

Segundo, Ele tinha de trazer um fim à dispensação judaica que deveria ter chegado ao clímax e morrido com o movimento do sol saindo de Áries para Peixes. Ele, portanto, apresentou-Se a eles como seu Messias, o que fora Sua razão para manifestar-Se através da raça judaica. Eles não só O rejeitaram, mas conseguiram perpetuar a dispensação judaica por intermédio de sua apresentação religiosa durante toda a era da dispensação cristã. Esta é a raiz do problema judaico e causa de sua constante ênfase sobre o passado - um passado que está baseado em suas experiências em Áries e não sobre o crescimento em Peixes.

Todo este assunto de interação telepática entre o discípulo e o Ashram, e entre o Mestre e o discípulo é de interesse único. É parte da vida dual que todos os discípulos têm de viver. É aquilo que intensifica a vida de introspecção que só é corretamente compreendida e levada avante quando o homem é, na verdade, uma personalidade impregnada pela alma. É a fonte ou origem da vida extrovertida que o discípulo deve viver também, produzindo uma intensa atividade nos três mundos - uma atividade que de forma alguma perturba o calmo procedimento da vida de contatos ashrâmicos. Corretamente seguida, ela produz a possibilidade de que trata nosso terceiro ponto.

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Impressão sobre a mente do discípulo de intento hierárquico.

Isto é algo muito maior e mais inclusivo do que a habilidade da mente do discípulo para registrar o conteúdo das mentes dentro do Ashram com o qual ele está filiado ou mesmo a mente do Mestre. O aspecto propósito do Plano começa a impressionar sua mente abstrata agora grandemente iluminada, pois o propósito integrado - no que diz respeito à Hierarquia - começa lentamente a impressioná-lo. Pouco a pouco, ele começa a registrar impressões vindas de Shamballa. Disto não tratarei, pois diz respeito ao crescimento que segue à quarta e quinta iniciações, e pois o treinamento dado ao Mestre. E com isto nada temos a ver.

Sua principal tarefa, como aspirantes, é cultivar a sensibilidade superior; tornarem-se tão puros e altruístas que suas mentes permaneçam imperturbáveis diante dos acontecimentos nos três mundos; procurar aquele atento senso espiritual que os capacitará a serem impressionados, e então, a interpretar corretamente a impressão recebida.

Eu disse que iniciação é, na realidade, um grande experimento com a energia. A vida do estudante ocultista é vivida conscientemente no mundo das energias. Essas energias têm estado sempre presentes, pois o todo da existência em todos os reinos da natureza é energia manifestada, porém, os homens não têm consciência disso. Eles não têm consciência, por exemplo, de que quando sucumbem à irritação e se encontram dando vazão a ela aos berros ou em zangados pensamentos, eles estão tomando energia astral e usando-a. O uso desta energia leva-os facilmente a um nível de vida astral que não é adequada para eles; o uso continuado desta energia provoca aquilo que Mestre Morya chamou “hábitos de residência que põem em perigo o residente”. É quando o aspirante reconhece que ele próprio é composto de unidades de energia - mantidas em coerente expressão por uma energia ainda mais forte, a da integração - que ele começa conscientemente a trabalhar num mundo de forças similarmente composto; ele, então, começa a usar energia de certa espécie, e seletivamente, e dá os passos iniciais para tornar-se um verdadeiro ocultista. Este mundo de energia no qual ele vive, move-se e tem a sua existência é o vivo e organizado veículo de manifestação do Logos planetário. Através dele, energias estão circulando o tempo todo e estão em constante movimento, sendo direcionadas e controladas pelo centro da cabeça do Logos planetário. Elas criam grandes vórtices de forças ou grandes pontos de tensão por todo o Seu corpo de manifestação. A Hierarquia Espiritual do nosso planeta é um desses vórtices; a própria Humanidade é outro, e um que está hoje em uma condição de quase violenta atividade por estar tornando-se um foco de atenção divina.

Certos grandes reajustamentos prosseguem nesse centro, pois ele está começando a conformar-se após longo tempo com a divina intenção. Já salientei antes que, pela primeira vez na longa história do desenvolvimento humano, a energia de Shamballa fez um impacto direto sobre este terceiro centro planetário. Isto não é devido inteiramente ao ponto de evolução alcançado pela humanidade; este processo é somente uma razão ou causa secundária. É devido à vontade do Próprio Sanat Kumara ao preparar-se para certa iniciação cósmica. Esta iniciação exige a reorganização de energias fluindo através de e compondo aquele “centro que nós chamamos a raça dos homens"; isto cria uma recomposição dentro do próprio centro, e assim traz à expressão manifestada certos aspectos e qualidades - sempre inerentes nessas energias - que até então não haviam sido reconhecidas. Esta crise criativa foi tornada possível por três importantes acontecimentos:

1. A conclusão de um ciclo de vinte e cinco mil anos ou movimento ao redor daquele que é chamado o zodíaco menor. Isto significa um importante ciclo de experiência na vida de nosso Logos planetário. Está relacionado à interação entre o Logos planetário e o Logos solar à medida que este último responde às energias que emanam das doze constelações zodiacais.

2. O fim da Era de Peixes. Isto significa simplesmente que as energias oriundas de Peixes durante os últimos dois mil anos estão agora sendo rapidamente substituídas pelas energias vindas de Aquário. Estas resultam em grandes mudanças na vida do Logos planetário e afetam potentemente Seu corpo de manifestação por intermédio de Seus três grandes centros: Shamballa, a Hierarquia e a Humanidade.

3. A crescente dominante atividade do sétimo Raio da Ordem ou Magia Cerimonial, como ele é um tanto erroneamente chamado. Este raio está agora entrando em manifestação e está em estreita cooperação com os dois fatores acima; ele produz também a diminuição do poder do sexto Raio do Idealismo. Este tem tido um longo ciclo e tem grandemente acelerado o processo evolutivo; ele demonstra seu trabalho efetivo na emergência hoje das grandes ideologias mundiais. Estou, necessariamente, considerando essas energias somente em relação à consciência humana.

Há outros fatores presentes em nosso planeta hoje, mas estes são os que, num vago sentido, significarão algo para vocês enquanto pensam e procuram compreender.

A grande iniciação cósmica pela qual nosso Logos planetário está passando (não esqueçam minhas palavras, “processo iniciatório”) produz uma total reorganização de todas as energias das quais Seu corpo de manifestação é composto; ele eleva a qualidade ou a vibração de certas energias de raio, e diminui a potência de outras. A direção também entra; certos centros planetários tornam-se os recipientes, em uma nova e vital maneira, de potências de raio redirecionadas. Entre estes, nesta época, a família humana, ou o terceiro centro vital, torna-se um objetivo primordial. Os três grandes centros no corpo do Logos planetário são:

O centro da cabeça Shamballa ..... 1o Raio da Vontade
O centro do coração Hierarquia ..... 2o Raio de Amor-Sabedoria
O centro da garganta Humanidade .... 3o Raio da Inteligência Ativa

O impacto das novas energias entrantes sobre a Humanidade resultará de um redirecionamento planejado. Isto introduzirá uma era de intensificada atividade criativa; será uma atividade tal como jamais vista antes, e que se expressará em cada um dos departamentos da vida humana.

Em relação a isto, quero lembrar-lhes a relação existente entre o centro sacro, o centro físico criativo, e o centro da garganta, e lembrar-lhes também do ensinamento sobre a elevação das energias do centro inferior para o centro da garganta. Pode ver-se isso acontecendo no ser humano à medida que ele progride pelo Caminho da Evolução, e está igualmente presente na vida e experiência do Logos planetário.

Esta progressiva “elevação criativa" necessariamente produz um ciclo de tremenda dificuldade na vida do aspirante à iniciação, pois o microcosmo - em seu minúsculo processo vital - sofre o que o Logos planetário sofre em um processo cósmico. Quando - como é o caso hoje - a própria humanidade se está tornando criativa no sentido superior, e quando isto se sincroniza com a maior atividade planetária criativa, então surge um ciclo de grande perturbação que necessariamente afeta cada indivíduo dentro da “raça dos homens”. Daí a perturbação sexual vista em toda parte, com a licenciosidade presente em todos os países e o aparente colapso da relação conjugal. Isto indica, eventualmente, a emergência de uma criatividade de tão maravilhosas dimensões que o mundo ficará estupefato; nada semelhante terá sido visto antes. Um planejamento criativo para o bem-estar humano e uma expressão política, implementando este planejamento, demonstrar-se-ão em todos os países; será visível um modo de pensar criativo que se expressará na prosa e na poesia; a imaginação criativa produzirá a nova arte, as novas cores, a nova arquitetura e a nova cultura; uma capacidade de resposta criativa à “música das esferas" introduzirá a nova música. Tudo isto será em resposta à reorganização criativa e às energias recentemente direcionadas que estão prendendo a atenção do Logos planetário nesta época.

Toda esta reorganização e direção de energias está sendo realizada no reino do terceiro aspecto divino, o da inteligência ativa divina. Por conseguinte, o centro humano registra este aspecto maior e torna-se intensamente invocativo; este apelo invocativo, sendo unificadamente direcionado para o segundo centro maior, a Hierarquia, inevitavelmente evoca uma resposta. A invocação, acompanhada pela imaginação criativa, produzirá aquela nova atividade criativa que trará à existência “os novos céus e a nova terra".

Aqui, gostaria de salientar três pontos que têm uma definida significação para o nosso assunto:

1. Esta intensa atividade criativa tem duas partes:

a. Um ciclo destrutivo, onde a velha ordem desaparece e aquilo que foi criado - a civilização humana com as instituições que a acompanham - é destruído. Com esta ação destrutiva é que a Humanidade se ocupa hoje - em grande parte inconscientemente. Os grandes agentes criativos são a intelligentsia da raça.

b. Um ciclo de restauração, acompanhado de muitas dificuldades, no qual a massa dos homens toma parte sob a influência e inspiração da regenerada intelligentsia.

2. Este processo recebeu seu impulso inicial como resultado de uma decisão grupal dentro da própria Hierarquia. Certos Mestres Que estavam enfrentando a sexta Iniciação de Decisão na época - um grupo relativamente pequeno, mas poderoso - decidiram juntos palmilhar o Caminho do Serviço Terrestre (tecnicamente compreendido) com o fim de provocar as mudanças que Eles sentiam ser desejáveis e já existentes dentro da consciência do Iniciador Único, o Logos planetário. Foi a decisão Deles, tomada no inicio do século vinte, que precipitou - no centro que chamamos “a raça dos homens” - aquelas potências e energias estimuladoras que provocaram aquele grande agente destrutivo, a guerra mundial (1914-1945). À medida que estas energias “caíram no centro”, o efeito produzido foi tanto bom quanto mau. A unidade humana e a unanimidade, o planejamento humano para bem-estar do grupo, e a criatividade humana (expressa primariamente através da ciência) receberam uma tremenda estimulação. Simultaneamente, a entrada de forças liberadas por esta decisão produziu uma nova onda do mal nos corações dos homens a ele inclinados, levando a uma análoga ou paralela unidade, unanimidade e atividade criativa de separativo e odioso mal. Isto, por sua vez, “abriu a porta onde mora o mal” e deixou à solta na terra toda a fúria da Loja Negra. Quando tomaram esta decisão, os Mestres sabiam que este seria o resultado; Eles, conscientemente, desferiram um golpe ao materialismo que estava prendendo a humanidade e aprisionando o espírito humano. Isto evocou uma pronta reação das Forças do Mal que tinham criado e “mantido em existência” o mundo materialista moderno, com sua ênfase sobre formas e dinheiro. Os Mestres tinham confiança de que o espírito humano seria capaz de atravessar o período de cataclismo e emergir eventualmente em uma nova era, pronto para construir o novo mundo e reorganizar todos os recursos humanos - material, mental e espiritual.

3. A resposta da humanidade, sob o ângulo de uma realização espiritual da oportunidade apresentada, foi o surgimento do Novo Grupo de Servidores do Mundo. Eles apareceram em todos os países, conscientes de sua tarefa de cristalizar e tornar efetiva a boa vontade humana, embora, de um modo geral, inconscientes de sua relação hierárquica. Seu aparecimento evocou uma imediata reação da Hierarquia Espiritual, e discípulos experientes apareceram nas fileiras do Novo Grupo de Servidores Mundiais, direcionando seus esforços, proclamando suas metas e estimulando sua compreensão. O novo grupo trabalhou em e através de cada departamento do pensamento humano, bem-estar humano e planejamento humano; como resultado, e quase imediatamente, os homens de boa vontade em todas as partes do mundo tomaram coragem (uma expressão bastante apropriada) e tornaram-se ativos.

Os três pontos indicados aqui demonstrarão o fato da circulação de energias. Todos estes acontecimentos são parte de um processo de iniciação planetária; tal iniciação não pode ter lugar sem importantes efeitos, tanto na Hierarquia quanto na família humana. Nos velhos dias de Atlântida, foram os Mestres (diante da mesma sexta iniciação) Que “decidiram” dar um fim àquela antiga civilização; Eles sacrificaram o aspecto forma da manifestação e criaram uma situação na qual a alma da humanidade foi liberada da prisão em que se encontrava. Hoje, uma catástrofe material, como foi o dilúvio, não foi considerada necessária; acredita-se que a humanidade pode encontrar seu caminho para livrar-se das dificuldades mundiais.

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