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Os Raios e as Iniciações

Parte Dois B


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Livros de Alice Bailey

Os Raios e as Iniciações
Índice Geral das Matérias


Parte Dois B
A Técnica da Construção
A Técnica da Construção
A Construção do Antahkarana ... Passado
A Construção do Antahkarana na Raça Ariana ... Presente
As Seis Etapas da Construção
A Tarefa Imediata à Frente

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A Técnica da Construção

É minha intenção ser muito prático. A construção do antahkarana, que é conscientemente realizada no Caminho do Discipulado, é um processo seguido sob certas e comprovadas regras. Quando essas regras são corretamente seguidas, a sequência de acontecimentos e o aparecimento dos resultados desejados são inevitáveis. Há muita coisa que eu poderia dizer que teria pouca utilidade para o estudante comum, uma vez que estaria relacionada a realidades subjetivas que - embora existentes e fatos ocultos em um processo natural - são ainda irrealizáveis. Meu problema é apresentar o problema de modo tal que - por volta do fim deste século - os educadores estejam pensando, falando e ensinando em termos de construção de pontes, desse modo abordando afirmações básicas que têm um definido significado em relação a este ponto que estamos considerando. Muito sucintamente, gostaria de chamar a atenção para algumas delas:

1. O conhecimento-força expressa-se através do fio da consciência e do fio criativo.

2. Esses dois fios são, para o discípulo, uma fusão do conhecimento passado (o fio da consciência) e do presente (o fio criativo).

3. O fio da vida ou sutratma, propriamente, está estritamente fundido com esses dois. Temos então atma-budi-manas (este último sendo o agente da criação) funcionando, até um certo ponto, conscientemente no aspirante.

4. A fusão da personalidade e da alma está em processo, mas quando alcança um certo ponto, torna-se aparente que uma certa atividade criativa da Vontade é necessária para fazer a ligação entre a Tríade Espiritual e a personalidade, via a alma.

5. A ponte que precisa ser construída é tecnicamente chamada o antahkarana.

6. Esta ponte tem de ser construída pelo aspirante que está focalizado no plano mental, porque é a substância mental (nos três graus) que precisa ser usada, e os três aspectos da mente - o átomo manásico permanente, o Filho da Mente ou Ego, e a unidade mental - estão todos envolvidos no processo.

Os estudantes fariam bem em aprender que este processo de construção do antahkarana é um dos meios pelos quais o homem, a trindade, se torna a dualidade. Quando a tarefa está completa e o antahkarana definitivamente construído - produzindo assim o perfeito alinhamento entre a Mônada e sua expressão no plano físico - o corpo da alma, o corpo causal é finalmente completamente destruído pelo fogo da Mônada descendo pelo antahkarana. Há então completa reciprocidade entre a Mônada e a alma plenamente consciente no plano físico. O "intermediário divino" não é mais necessário. O "Filho de Deus que é o Filho da Mente" morre; o "véu do templo é rasgado de alto abaixo"; a quarta iniciação se completa, e então, vem a revelação do Pai.

Este é o extenso resultado final da construção da ponte que é, na realidade, o estabelecimento de uma linha de luz entre a Mônada e a personalidade como uma plena expressão da alma - entre espírito e matéria, entre o Pai e a Mãe. É evidência de que "o espírito montou nos ombros da matéria" para aquele alto lugar de onde ele originalmente veio, mais o ganho da experiência e do pleno conhecimento, e de tudo que a vida na forma material podia dar e de tudo que a experiência consciente podia conceder. O Filho fez o Seu trabalho. A tarefa do Salvador ou do Mediador foi completada. A unidade de todas as coisas é reconhecida como um fato na consciência, e um espírito humano pode dizer com intenção e com entendimento: "Eu e meu Pai somos um".

A breve declaração acima é provavelmente sem sentido exceto teoricamente, mas resume a tarefa que está adiante e o trabalho do discípulo que está em processo de construir o antahkarana. Há uma estreita relação entre a quarta iniciação, o quaternário em sua condição desenvolvida - corpo vital, veículo emocional, mente e alma - e esta quarta etapa técnica de construir conscientemente a "a ponte do arco-íris". Temos portanto:

1. O Quaternário, o fator criativo na Terra.

2. A quarta iniciação, a da Crucificação.

3. O quarto estágio técnico de construção do Antahkarana:

a. Sutratma, o fio da vida.
b. O fio da consciência.
c. O fio criativo, ele próprio tríplice.
d. O antahkarana técnico, ligando a personalidade tripla e a Tríade Espiritual.

4. Os quatro estágios do Caminho do Retorno:

a. O estágio da própria evolução.
b. O estágio do Caminho Probatório.
c. O estágio do Caminho do Discipulado.
d. O estágio do Caminho da Iniciação.

No entanto, é a mesma entidade participante e responsável por todos os diferentes aspectos, passos e etapas - experimentando, vivenciando e expressando conscientemente em cada um desses estágios ou modos de vida, até à quarta iniciação. Então, a própria consciência dá lugar à vida, e contudo, permanece ela mesma. A esta declaração junte-se o fato de que é o quarto reino na natureza que é submetido a tudo que está indicado acima e condicionado pelos quatro aspectos do sutratma. Uma vez tenha isto sido percebido, a beleza do simbolismo e os relacionamentos numerológicos emergem significativamente.

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A Construção do Antahkarana ... Passado

Em relação a isto não há necessidade de elaboração, pois deve ser óbvio que somente o homem que é o produto de uma longa e proveitosa experiência está equipado para realizar a tarefa de construção da ponte. O processo envolve grande experiência científica na arte de viver, e somente um inquiridor altamente treinado pode com segurança construir a ponte entre o superior e o inferior. Cada uma das principais raças humanas foi responsável pela expressão e emprego dos fios que juntos formam o antahkarana:

1. Na antiga Lemúria, o fio da vida, o sutratma em si mesmo, foi o fator dominante na expressão da vida; o corpo físico, a natureza da forma animal, e o fator denso externo foi o foco da vida exuberante, produtiva e vital.

2. Na velha Atlântida, o fio da consciência começou a funcionar de uma maneira desconhecida na Lemúria. Sensibilidade, percepção e - como resultado - desejo e reação foram as notas-chaves. Uma sensibilidade ativa como um prelúdio para a plena consciência distinguia o ser humano. O veiculo astral era o fator de controle. A mente estava relativamente quieta, exceto no caso dos membros mais destacados da raça humana. A humanidade desse ciclo mundial, porém, era extremamente mediúnica e psíquica. Seus membros eram "sensitivos", no uso moderno do termo. O estado de percepção era astral, e os seres humanos eram - como raça - clariaudientes e clarividentes, embora não capazes de interpretar aquilo que era contatado; eles não conseguiam distinguir os fenômenos astrais da vida física particularmente no período médio de sua história racial, e a mente interpretadora nada lhes revelava. Eles simplesmente viviam e sentiam. Essa era a história de suas vidas. Dois dos fios estavam funcionando; o outro não funcionava. A ponte não estava construída.

3. Na nossa moderna raça ariana - moderna no que diz respeito às histórias raciais - o terceiro fio, o fio criativo, entra em uso e expressão ativa. Quero lembrar-lhes que todos estes fios existem desde o começo da existência humana, e que todas estas três correntes de energia têm estado indissoluvelmente presentes desde o começo da consciência humana. Porém, durante grande parte da história humana até o presente, os homens estiveram inconscientes delas e totalmente inconscientemente fizeram uso delas e assim continuaram. O processo de reconhecimento da habilidade criativa e da oportunidade tem duas fases ou etapas:

a. A etapa quando o princípio da mente é desenvolvido e desdobrado e o homem torna-se uma criatura mental. Isto produz a plena atividade da unidade mental, a integração dos três aspectos da personalidade, e a consequente percepção do Filho da Mente ou alma.

b. A etapa de atividade criativa quando o fio criativo é trazido a pleno uso. Este uso do fio pela personalidade - distinto do uso racial - é característico da raça ariana. Somente durante os últimos cinco mil anos é que isso se tornou a qualidade destacada da humanidade. Nas duas outras raças, e nas primeiras etapas da raça ariana, embora os grandes monumentos criativos aparecessem por toda a parte no planeta, eles não eram o produto das mentes dos homens daquela época, mas eram a imposição da vontade criativa da Hierarquia planetária sobre aqueles que eram sensíveis à impressão superior. A sensibilidade responsiva à impressão criativa era a destacada qualidade da consciência dos últimos atlantes e do início do período atlante. Está hoje dando lugar à criatividade individual, e consequentemente, à criação consciente da ligação do antahkarana, que é o resultado da fusão do fio tríplice.

Este breve resumo do processo passado serve simplesmente para dar um histórico sintético para todo o trabalho a ser feito agora, e para lhes transmitir um conceito quase visual do método pelo qual o homem chegou ao estágio de vida consciente, de plena autopercepção e expressão criativa. Todas eram expressões da energia divina à medida que fluía para o seu organismo, via o fio prateado de potência divina. Isto pode ser considerado como uma demonstração tríplice da vida vertical que se torna horizontal através da expressão da criatividade. O homem então de fato torna-se a Cruz. Quando, porém, ele consegue construir a ponte do arco-íres (o que só pode ser feito quando o homem está na Cruz Fixa), então finalmente, a Cruz dá lugar à linha. Isto tem lugar depois da quarta iniciação, a da Crucificação. Então resta apenas a linha vertical "que alcança do Céu ao Inferno". A meta do iniciado, entre a quarta e a sétima iniciações, é resolver a linha no círculo, e assim cumprir a lei e o "arredondar" do processo evolutivo.

Um outro resumo do processo todo encontra-se nas Estrofes para os Discípulos que eu publiquei há algum tempo.

"Na Cruz está oculta a Luz. O vertical e o horizontal em mútua fricção criam; uma vibrante Cruz cintila, e o movimento tem origem. Quando o vertical assume o horizontal, sobrevém pralaya. Evolução é o movimento do horizontal para a ereta positividade. No segredo da direção reside a sabedoria oculta; na doutrina da absorção reside a faculdade curadora; no ponto que se torna a linha, e na linha que se torna a cruz está a evolução. Na cruz girando para a horizontal residem a salvação e a paz de pralaya".

Podemos dizer que pouquíssimas pessoas estão hoje na etapa lemuriana de consciência onde o fio da vida, com suas implicações físicas, é o fator dominante. Um enorme número de pessoas está na etapa atlante de desenvolvimento de "sensibilidade áurica". Algumas - muito poucas em comparação com a vasta massa de seres humanos - estão utilizando os resultados da tripla construção de energia dentro de sua própria aura de consciência e sua área de influência, para construir, edificar e utilizar a ponte que une os vários aspectos do plano mental. Elas precisam usar estes três aspectos simultaneamente, e então, mais tarde, superá-los de tal maneira que a personalidade e o ego desaparecem e somente a Mônada em sua forma no plano físico permanece. Em relação a isto, minha declaração anterior sobre a natureza da forma pode ser útil e levar a uma crescente visão interna e compreensão:

O plano físico é um completo reflexo do mental; os três subplanos inferiores refletem os subplanos abstratos, e os quatro subplanos etéricos refletem os quatro planos mentais concretos. A manifestação do Ego no plano mental, ou o corpo causal, não é o resultado da energia que emana dos átomos permanentes como um núcleo de força, mas é o resultado de forças diferentes, e primariamente de força grupal. Está predominantemente marcada por um ato de uma força exterior, e está perdida nos mistérios do carma planetário. Isto é igualmente verdade a respeito das manifestações inferiores do homem. É o resultado de ação reflexa, e está baseada na força do grupo dos centros etéricos através dos quais o homem, como um agregado de vidas, está funcionando. A atividade desses centros dá início a uma vibração de resposta nos três subplanos inferiores do plano físico, e a interação entre os dois causa uma aderência ou agregação ao redor do corpo etérico de partículas a que erroneamente damos o nome de "substância densa". Este tipo de substância energizada é atraída para um vórtice de correntes de força fluindo dos centros e não pode escapar. Estas unidades de força, portanto, acumulam-se de acordo com a direção da energia ao redor e dentro da bainha etérica até que ela fica oculta, e contudo, interpenetrante. Uma lei inexorável, a lei da própria matéria, provoca isto e somente podem escapar do efeito da vitalidade de seus próprios centros aqueles que são definitivamente "Senhores da Ioga" e podem - através da vontade consciente de seu próprio ser - escapar da força da Lei da Atração trabalhando no subplano inferior cósmico físico.

Já lhes disse antes que o corpo astral é uma ilusão. O homem que já alcançou a consciência do iniciado descobre que este corpo é inexistente. Quando o búdico reina, a natureza psíquica inferior desaparece.

Quando o antahkarana está construído, e a unidade mental é sobrepujada pelo átomo manásico permanente, e o corpo causal desaparece, então o adepto sabe que a mente inferior, o corpo mental, é também uma ilusão e, para ele, inexistente. Há então - no que diz respeito à sua consciência individual - apenas três pontos focais ou pontos de ancoragem (expressões inadequadas para exprimir todo o significado):

1. A Humanidade, na qual ele pode focalizar-se segundo a sua vontade por meio daquilo que é tecnicamente chamado o "mayavirupa" - uma forma corpórea que ele cria para realizar o propósito monádico.

Ele então expressa plenamente todas as energias da Cruz Mutável:

2. A Hierarquia. Aqui, como uma unidade focalizada de percepção búdica todo-inclusiva, ele encontra seu lugar e modo de serviço, condicionado pelo seu raio monádico.

Ele então expressa os valores da Cruz Fixa:

3. Shamballa. Esta é a mais elevada ponte de focalização, a meta dos vigorosos esforços dos iniciados de graus superiores e a fonte do sutratma, através do qual (e suas diferenciações) ele pode agora trabalhar conscientemente.

Aqui ele encontra-se ainda crucificado, porém, na Cruz Cardinal.

A tarefa na qual o ser humano em todas as suas etapas de desenvolvimento tem estado ocupado pode ser declarada como cobrindo a lacuna entre:

1. A Cruz Mutável e a Cruz Fixa.

2. A Humanidade e a Hierarquia.

3. A triplicidade inferior, a personalidade, e a Tríade Espiritual.

4. A Mônada em seu próprio plano e o mundo objetivo externo.

Isto ele realiza através de um processo de Intenção, Visualização, Projeção, Invocação e Evocação, Estabilização e Ressurreição. Trataremos agora dessas várias etapas.

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A Construção do Antahkarana na Raça Ariana ... Presente

Gostaria de fazer aqui uma pausa e apresentar algumas observações sobre este relativamente novo processo de construção do antahhkarana. Ele tem sido conhecido e seguido por aqueles em treinamento para afiliação com a Hierarquia, mas não foi divulgado antes para o público em geral. Há duas coisas essenciais que o estudante deve notar. Uma, é que a menos que se tenha em mente que estamos tratando de energia, e energia que precisa ser cientificamente usada, todo este ensinamento será em vão. Segundo, é preciso lembrar que estamos tratando de uma técnica e processo que dependem do uso da imaginação criativa. Quando esses dois fatores forem reunidos, consciente e deliberadamente - o fator da substância da energia e o fator do impulso planejado - começamos um processo criativo que produzirá importantes resultados. O ser humano vive em um mundo de variadas energias que, às vezes, se expressam como energias dinâmicas, positivas, como energias negativas, receptivas, ou como forças atrativas, magnéticas. Uma compreensão desta frase irá corroborar a de H. P. B. de que "matéria é espírito em seu ponto mais baixo", e que o inverso é igualmente verdadeiro. O processo todo é o de estabelecer relações construtivas entre energias positivas e negativas e a subsequente produção de força negativas e a subsequente produção de força magnética. Este é o processo criativo. É verdade quanto à atividade de um Logos solar, de um Logos planetário e de um ser humano - os únicos criadores conscientes no universo. Ele precisa ser verdadeiro para o discípulo que está tentando trazer a uma relação construtiva a Mônada e a expressão humana nos três mundos da evolução humana.

Tem sido dada muita ênfase à vida da alma e sua expressão no plano físico; isto foi necessário e uma parte do desenvolvimento evolutivo da consciência humana. O reino das almas precisa, eventualmente, dar lugar ao governo do espírito; a energia da Hierarquia precisa tornar-se uma força receptiva à energia de Shamballa, assim como a força da humanidade tem de tornar-se receptiva à energia do reino das almas. Hoje, os três processos estão progredindo simultaneamente, embora a receptividade da Hierarquia ao segundo aspecto da energia de Shamballa esteja apenas começando a ser reconhecida. A Hierarquia há muito tempo tem sido receptiva ao terceiro aspecto da energia de Shamballa, o aspecto criativo, e - num período ainda muito distante - será capaz de responder ao primeiro aspecto dessa mesma energia. A tríplice natureza da manifestação divina precisa também expressar-se como uma dualidade. Isto pode ser compreendido de modo vago quando o discípulo percebe que (depois da terceira iniciação) ele também precisa aprender a funcionar como uma dualidade - Mônada (espírito) e forma (matéria) - em direta harmonia com o aspecto consciência, sendo a alma mediadora absorvida em ambos estes aspectos de expressão divina, mas não funcionando ela própria como um fator intermediário. Quanto isto é alcançado, a verdadeira natureza do Nirvana será compreendida, o começo daquele Caminho sem fim que conduz ao Uno; este é o Caminho onde a dualidade é resolvida na unidade, o Caminho que os Membros dá Hierarquia estão procurando palmilhar e para o qual Eles Se estão preparando.

O passo inicial para efetuar este dualismo é a construção do antahkarana, e isto é conscientemente empreendido somente quando o discípulo se está preparando para a segunda iniciação. Como já disse antes, há literalmente milhares preparando-se para tal, porque podemos presumir que todos os verdadeiros aspirantes e discípulos que trabalham firmemente pelo avanço espiritual (com motivo puro) e que estão firmemente orientados para a alma, já fizeram a primeira iniciação. Esta simplesmente indica o nascimento do Cristo menino no coração, falando simbolicamente. Deve haver muitos que se estão preparando para começar esta tarefa de construção da ponte de arco-íris e que, sob a influência da Sabedoria Antiga, estão compreendendo a necessidade e a importância da revelação que este processo transmite. O que estou escrevendo aqui tem, pois, um propósito definido e útil. Há muito tempo, minha tarefa tem sido a de divulgar em livros informação sobre a próxima etapa de reconhecimento inteligente e espiritual para a humanidade. Portanto, mais uma vez, a compreensão do método de construção do antahkarana é essencial, se quisermos que a humanidade avance como planejado, e neste avanço os discípulos e aspirantes são realmente a vanguarda. A humanidade acordará, firmemente e como um todo, em resposta ao entrante estimulo espiritual; um avassalador impulso em direção à luz espiritual e a uma orientação superior terá lugar. Assim como cada discípulo tem de virar-se na direção oposta da roda da vida e palmilhar o Caminho inverso ao dos ponteiros do relógio, também é preciso que a humanidade o faça. Os dois terços que atingirão a meta da evolução já estão começando a fazer isso.

Nesse processo, porém, o terceiro aspecto divino - o do Ator Criativo - entra em atividade. Foi assim no processo criativo no que diz respeito ao universo tangível. Precisa também ser assim quando o discípulo individual se torna o agente criador. Durante eons, ele tem construído e usado seus veículos de manifestação nos três mundos. Depois, chegou a hora quando pessoas avançadas começaram a criar no plano mental; elas sonharam seus sonhos; elas viram uma visão; elas contataram intangível beleza; elas tocaram a Mente de Deus e retomaram à terra com uma ideia. Deram uma forma a esta ideia e tornaram-se criadores no plano mental; elas tornaram-se artistas em alguma forma de esforço criativo. Na tarefa de construir o antahkarana, o discípulo também tem de trabalhar nos planos mentais, e aquilo que ele lá constrói será de uma substância tão fina que não deve e não pode aparecer em níveis físicos. Devido à sua fixa orientação, aquilo que ele constrói "mover-se-á para cima em direção ao centro de vida", e não "para baixo em direção ao centro de consciência ou em direção à aparência de luz".

Aqui reside a dificuldade para o principiante. Ele, por assim dizer, tem de trabalhar no escuro, e não está em condição de verificar a existência daquilo que ele está tentando construir. Seu cérebro físico é incapaz de registrar sua criação como um fato realizado. Ele é obrigado a depender inteiramente da técnica comprovada do trabalho delineado, e prosseguir pela fé. A única evidência de sucesso pode demorar a chegar, pois isso envolve a sensibilidade do cérebro, e frequentemente, onde há verdadeiro sucesso, as células do cérebro não são de molde a poder registrá-lo. As possíveis evidências nesta etapa podem ser um lampejo de intuição espiritual ou a súbita realização da vontade-para-o-bem numa forma dinâmica e grupal; pode também ser simplesmente uma habilidade para compreender e fazer outros compreenderem certos fundamentos espirituais e ocultos; pode ser uma "facilidade de revelação", receptiva e condicionadora ou distributiva, e por isso mundialmente efetiva.

Estou tentando tornar claro um assunto muito abstruso, e as palavras revelam-se inadequadas. Tudo que posso fazer é esboçar para vocês o processo e método e uma consequente esperança para o futuro; por sua vez, vocês podem somente experimentar, obedecer, ter confiança na experiência daqueles que ensinam, e então esperar, pacientemente, pelos resultados.

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As Seis Etapas da Construção

Eu empreguei seis palavras para expressar este processo e sua condição resultante. Será útil estudá-las sob o ângulo de seu significado oculto - um significado não geralmente aparente, exceto para o discípulo treinado que já foi ensinado a penetrar no mundo dos significados e a ver interpretações que não são aparentes para o neófito. Talvez, depois que tivermos investigado estas palavras, o método de construção e os meios pelos quais o antahkarana é construído aparecerão com maior clareza.

Estas palavras cobrem uma técnica de construção ou um processo de manipulação de energia que cria uma sintonia entre a Mônada e o ser humano que está aspirando à plena libertação e está palmilhando o Caminho do Discipulado e da Iniciação; ela pode criar um canal de luz e vida entre os aspectos divinos superior e inferior e pode produzir uma ponte entre o mundo da vida espiritual e o mundo do viver no plano físico diário. É uma técnica para produzir a mais alta forma de dualismo e de eliminação da expressão tripla da divindade, assim intensificando a expressão divina e trazendo o homem mais próximo à sua meta última.

Os discípulos precisam lembrar-se sempre que a consciência da alma é uma etapa intermediária. É também um processo pelo qual - sob o ângulo dos reinos subumanos da natureza - a própria humanidade se torna o divino intermediário e o transmissor de energia espiritual para aquelas vidas cujos estados de consciência estão abaixo da autoconsciência. A humanidade tornar-se para essas vidas - na sua totalidade - o que a Hierarquia representa para a humanidade. Este serviço torna-se possível somente quando um número suficiente de indivíduos da raça humana são distinguidos pelo conhecimento da dualidade superior e crescentemente conscientes da alma e não apenas autoconscientes. Eles podem então tornar esta transmissão possível, e isto é feito por meio do antahkarana.

Vamos, pois, tomar estes seis aspectos de uma técnica básica de construção e tentar chegar ao seu significado oculto e tentar chegar ao seu significado oculto e criativo.

1. Intenção. Isto não significa uma decisão mental, desejo ou determinação. Literalmente, a ideia é mais de focalização de energia no plano mental no ponto da maior tensão possível. Significa a criação de uma condição na consciência do discípulo que é análoga à do Logos quando - em Sua escala muito maior - Ele concentrou dentro de um círculo-não-se-passa (definindo Sua esfera de influência desejada) a energia-substância necessária para realizar Seu propósito em manifestar-Se. Também o discípulo precisa fazer isto, reunindo suas forças (para usar uma expressão comum) no mais alto ponto de sua consciência mental e mantendo-as lá em um estado de absoluta tensão. Vocês podem agora ver o propósito por trás de alguns processo e técnicas de meditação corporificado nas palavras tão frequentemente usadas nos esquemas de meditação: "eleve a consciência para o centro da cabeça"; "mantenha a consciência no mais alto ponto possível"; "tente manter a mente firme na luz", e muitas outras frases semelhantes. Todas elas dizem respeito à tarefa de trazer o discípulo até onde ele possa alcançar o ponto de tensão desejada e de focalização da energia. Isto lhe permitirá começar a tarefa consciente de construir o antahkarana. É esse pensamento que realmente jaz irreconhecido por trás da palavra "intenção", tão frequentemente usada pelos católicos anglo-romanos quando preparando candidatos à comunhão. Elas indicam, contudo, uma direção diferente, pois a orientação que eles desejam não é em direção à Mônada ou espírito, mas em direção à alma, em um esforço para criar um melhor equipamento de caráter na personalidade e uma intensificação da aproximação mística.

Na "intenção" do discípulo que está conscientemente ocupado com a ponte do arco-íres, os primeiros passos necessários são:

a. Alcançar a correta orientação. Isto tem lugar em duas etapas: primeiro, em direção à alma como um aspecto da construção da energia, e segundo, em direção da Tríade.

b. Uma compreensão mental da tarefa a ser realizada. Isto envolve o uso da mente de dois modos: capacidade de resposta à impressão búdica ou intuitiva e um ato de imaginação criativa.

c. Um processo de reunir energia ou de absorção de força de modo que as energias necessárias sejam confinadas dentro de um círculo-não-se-passa mental, antecedendo ao processo seguinte de visualização e projeção.

d. Um período de pensamento claro sobre o processo e intenção, de modo que o dedicado construtor da ponte possa perceber claramente o que está sendo feito.

e. A firme preservação da tensão sem indevida tensão física sobre as células do cérebro.

Quando isto tiver sido completado com êxito, descobriremos a existência de um ponto focal de energia que não existia antes; a mente permanecerá firme na luz, e haverá também o alinhamento de uma atenta personalidade receptiva e uma alma orientada para a personalidade e em um estado de constante e direcionada percepção. Quero lembrar-lhes que a alma (enquanto vive sua própria vida no seu próprio nível de consciência) não está sempre consciente de sua sombra, a personalidade, nos três mundos. Quando o antahkarana está sendo construído, esta consciência tem de estar presente lado a lado com a intenção da personalidade.

2. Visualização. Até este ponto, a atividade tem sido de natureza mental. A imaginação criativa esteve relativamente tranquila; o discípulo esteve ocupado dentro da mente e em níveis mentais, e "não olhou para cima nem para baixo". Porém, agora, o correto ponto de tensão foi alcançado; o reservatório ou poço de energia necessária ficou restrito a um círculo-não-se-passa cuidadosamente delimitado, e o construtor da ponte está pronto para o próximo passo. Ele então dá inicio à construção do projeto do trabalho a ser feito, desenhando nas faculdades da imaginação que se encontram nos níveis superiores de seu veículo astral ou sensitivo. Isto não tem relação com as emoções. A imaginação é, como sabem, o aspecto inferior da intuição, e este fato deve ser sempre lembrado. A sensibilidade, como uma expressão do corpo astral, é o polo oposto da sensibilidade búdica. O discípulo purificou e refinou suas faculdades imaginativas de modo que agora elas são capazes de responder à impressão do princípio búdico ou da percepção intuitiva - percepção à parte da vista física ou de qualquer possível visão registrada. De acordo com a responsabilidade do veículo astral à impressão búdica, assim será a precisão dos "planos" feitos para a construção do antahkarana e a visualização da ponte de luz em toda a sua beleza e inteireza.

A imaginação criativa tem de ser acelerada em sua natureza vibratória de modo que possa afetar o "poço de energia" ou a substância-energia que foi reunida para a construção da ponte. A atividade criativa da imaginação é a primeira influência organizadora que trabalha sobre e dentro do círculo-não-se-passa de energias acumuladas, mantidas em um estado de tensão pela "intenção" do discípulo. Reflitam sobre o significado oculto desta frase.

A imaginação criativa é de natureza de uma energia ativa, trazida à relação com o ponto de tensão; lá e então, ela produz efeitos na substância mental. A tensão é assim aumentada, e quanto mais potente e mais claro o processo de visualização, mais bela e forte será a ponte. A visualização é o processo pelo qual a imaginação criativa é tornada ativa e torna-se capaz de responder ao ponto de tensão no plano mental e é por ele atraída.

Nesta etapa, o discípulo está ocupado com duas energias: uma, tranquila e mantida dentro de um círculo-não-se-passa, mas em um ponto de extrema tensão, e o outro, ativo, expansivo, formando quadros, capaz de responder à mente do construtor da ponte. Nesta conexão deve ser lembrado que o segundo aspecto da Trindade divina é o aspecto construtor da forma, e assim, sob a Lei da Analogia, são o segundo aspecto da personalidade e o segundo aspecto da Tríade Espiritual que se estão tornando criativamente ativos. O discípulo está agora seguindo com a segunda etapa de seu trabalho de construção, e assim, o significado numérico será aparente para vocês. Neste ponto, o discípulo precisa trabalhar lentamente, imaginando o que ele quer fazer, porque ele tem de fazê-lo, quais são as etapas do seu trabalho, quais serão os efeitos resultantes de sua atividade planejada, e quais são os materiais com os quais ele tem de trabalhar. Ele esforça-se por visualizar todo o processo, e deste modo estabelece (se for bem sucedido) uma definida sintonia entre a intuição búdica e a imaginação criativa do corpo astral. Consequentemente, teremos neste ponto:

A atividade búdica de impressão.

A tensão do veículo mental quando ele sustenta a substância-energia necessária no ponto de projeção.

Os processos imaginativos do corpo astral.

Quando o discípulo se adestrou para estar conscientemente alerta da simultaneidade deste trabalho tríplice, então o trabalho continua com sucesso e quase que automaticamente. O discípulo faz isto através do poder de visualização. Uma corrente de força é posta em atividade entre esses pares de opostos (astral-búdico) e - quando ela passa através do reservatório do plano mental - produz uma atividade interior e uma organização da substância presente. Então, sobrevém um crescente aumento de potência até chegar ao terceiro estágio, e o trabalho passa da fase da subjetividade ao da realidade objetiva, objetiva sob o ponto de vista do homem espiritual.

3. Projeção. A tarefa do discípulo chegou agora a um ponto crítico. Muitos aspirantes alcançam este particular estágio e - tendo desenvolvido uma real capacidade para visualizar, e tendo, pois, construído por este modo a forma desejada, e organizado a substância que será empregada nesta fase do processo de construção - descobrem que são incapazes de ir adiante. Qual então é o problema? Primariamente, é uma inabilidade de usar a Vontade no processo de projeção. Este processo é uma combinação de vontade, adicional e contínua visualização, e o uso do raio da Palavra de Poder. Até o presente estágio do processo, o método para todos os sete raios é idêntico; mas neste ponto sobrevém uma mudança. Cada discípulo tendo, com sucesso, organizado a substância da ponte, tendo trazido à atividade o aspecto vontade, e estando conscientemente alerta do processo e atuação, passa agora a mover para diante a substância organizada, de modo que, a partir do centro de força que ele conseguiu acumular, aparece uma linha de substância-luz ou projeção. Esta é enviada em uma Palavra de Poder, como no processo criativo logoico. Isto é, na realidade, uma inversão do processo da Mônada quando Ela emite o fio de vida que finalmente se ancora na alma. A alma, na realidade, vem à existência por meio desta ancoragem; então segue-se o processo posterior, quando a alma por sua vez envia um fio dual que finalmente ancoram, um na cabeça e outro no coração do homem triplo inferior, a personalidade. O discípulo está focalizado no centro que ele construiu no plano mental, e está atraindo todos os seus recursos (os da personalidade tripla combinados com os da alma) à atividade; ele agora projeta uma linha em direção à Mônada.

É segundo esta linha que a retirada final das forças tem lugar, as forças que - no caminho para baixo ou caminho involutivo - se focalizam na personalidade e na alma. O antahkarana em si, completado pela ponte construída pelo discípulo, é o meio final de abstração ou da grande retirada. É com o antahkarana que o iniciado está preocupado na quarta iniciação, chamada às vezes de Grande Renúncia - a renúncia ou retirada da forma da vida, tanto pessoal quanto egoica. Depois desta iniciação, nenhum desses aspectos pode prender a Mônada. O "véu do Templo" está rasgado em dois de cima abaixo - aquele véu que separava a Câmara Externa (a vida da personalidade) do Lugar Sagrado (a alma) e do Sagrado dos Sagrados (a Mônada) no Templo em Jerusalém. As implicações e analogias estarão necessariamente claras para vocês.

Com o fim de causar a necessária projeção das energias acumuladas, organizadas pela imaginação criativa e trazidas a um ponto de excessiva tensão pela focalização do impulso mental (um aspecto da vontade), o discípulo então convoca os recursos de sua alma, armazenados naquilo que é tecnicamente chamado "a joia do lótus". Este é o ancoradouro da Mônada - um ponto que não pode ser esquecido. Os aspectos da alma que nós chamamos conhecimento, amor e sacrifício, e que são expressões do corpo causal, são apenas efeitos desta radiação monádica.

Portanto, antes que a ponte esteja realmente construída e "projetada no caminho para cima, oferecendo uma viagem segura para os cansados pés do peregrino", como diz o Velho Comentário, o discípulo precisa começar a reagir em resposta ao botão fechado do lótus ou joia no centro do lótus aberto. Isto ele o faz quando as pétalas do sacrifício do lótus egoico estão assumindo controle em sua vida, quando seu conhecimento está sendo transmutado em sabedoria, e seu amor pelo todo está crescendo; a isto está sendo acrescentado o "poder de renunciar". Estas três qualidades egoicas - quando funcionando a uma certa potência - produzem um aumento de atividade bem no centro da vida da alma, o coração do 1ótus. Deve-se lembrar que as correspondências no 1ótus egoico aos três centros planetários são as seguintes:

Shamballa ......... A joia no lótus.

Hierarquia ......... Os três grupos de pétalas.

Humanidade ...... Os três átomos permanentes dentro da aura do lótus.

Os estudantes deveriam ter em mente que eles precisam livrar-se da ideia comum do sacrifício como um processo de abandonar ou renunciar a tudo que faz a vida digna de ser vivida. O sacrifício é, tecnicamente falando, a conquista de um estado de bem-aventurança ou êxtase, porque é a realização de outro aspecto divino, oculto até então pela alma e pela personalidade. São a compreensão e o reconhecimento da vontade-para-o-bem que tornam a criação possível e inevitável, e que foram a verdadeira causa da manifestação. Reflitam sobre isto, pois é muito diferente em seu significado quanto ao conceito usual sobre o sacrifício.

Quando o discípulo ganhou o fruto da experiência que é o conhecimento e aprendeu a transmutá-lo em sabedoria, quando seu objetivo é viver em verdade e realidade, e quando a vontade-para-o-bem é a coroação da meta de sua vida diária, então, ele pode começar a evocar a Vontade. Isto fará o elo entre as mentes superior e inferior, entre espírito e matéria e entre a Mônada e a personalidade um fato existente e definido. A dualidade então se sobrepõe à triplicidade, e a potência do núcleo central no veiculo egoico destrói - na quarta iniciação - as três expressões circundantes. Elas desaparecem, e então, a assim chamada destruição do corpo causal tem lugar. Esta é a verdadeira "segunda morte" - a morte de toda a forma.

Isto é praticamente tudo que posso dizer-lhes a respeito do processo de projeção. É um processo vivo, crescendo a partir da experiência diária consciente e dependente da expressão dos aspectos divinos na vida do plano físico, tanto quanto possível. Onde há um esforço para aproximar a vida da personalidade aos reclamos da alma e usar o intelecto para o bem da humanidade, o amor está começando a controlar; e a seguir, o significado do "divino sacrifício" é crescentemente compreendido e torna-se uma natural e espontânea expressão da intenção individual. Então, torna-se possível projetar a ponte. A vibração é então estabelecida nos níveis inferiores da manifestação divina e torna-se suficientemente forte para provocar resposta dos níveis superiores. Então, quando a Palavra de Poder é conhecida e corretamente usada, a ponte é rapidamente construída.

Os estudantes não precisam sentir-se desencorajados por este quadro. Muita coisa pode acontecer nos planos internos onde haja correta intenção assim como intenção oculta (propósito e tensão combinados), e a ponte alcança etapas de definido contorno e estrutura muito antes do discípulo aperceber-se disso.

4. Invocação e Evocação. As três etapas precedentes marcam, na realidade, as três etapas do trabalho da personalidade. As três restantes são expressões da resposta dos níveis superiores da vida espiritual; além de indicá-las brevemente, pouca coisa há que eu possa pôr em palavras. A tarefa da Invocação, baseada na Intenção, Visualização e Projeção, já foi cuidadosamente realizada pelo discípulo e ele tem, pelo menos, alguma percepção clara quanto ao trabalho que ele realizou pelos meios duais de viver espiritual e trabalho ocultista técnico e científico. Ele próprio é invocativo. O efeito de sua vida está registrado nos níveis superiores de consciência e ele é reconhecido como "um ponto de tensão invocativa". Esta tensão e este reservatório de energia vivente que é o próprio discípulo, é posto em movimento pelo pensamento projetado, o uso da vontade e o soar de uma Palavra ou Frase de Poder.

O resultado é que esta potência desenvolvida e seu raio de influência são agora suficientemente fortes para evocar uma resposta da Tríade Espiritual. Há então uma saída em direção ao aspecto do antahkarana, construída pelo discípulo, por onde a vida da alma e do corpo podem viajar. O Pai (a Mônada), trabalhando através do fio, agora adianta-se para encontrar o Filho (a alma, enriquecida pela vida de experiência da personalidade nos três mundos), e dos níveis superiores é enviada uma linha de responsiva projeção de energia, a qual, eventualmente, faz contato com a projeção inferior. Assim está construído o antahkarana. A tensão do inferior evoca a atenção do superior.

Este é o processo técnico de invocação e evocação. Há uma aproximação gradual de ambos os aspectos divinos. Pouco a pouco, ambas as vibrações se tornam reciprocamente mais fortes. Chega então o momento quando o contato entre as duas projeções é feito na meditação. Este não é um contato entre alma e personalidade (a meta do aspirante), mas um contato entre a energia fundida de alma e personalidade e a energia da Mônada, trabalhando através da Tríade Espiritual. Isto não constitui um momento de crise, mas é da natureza de uma Chama de Luz uma realização de liberação, e um reconhecimento do fato esotérico de que um homem é, ele próprio, o Caminho. Não mais há o sentido de personalidade e alma ou de ego e forma, mas simplesmente do Uno, funcionando em todos os planos como um ponto de energia espiritual e chegando à esfera una de atividade planejada por meio do caminho de Luz. Ao considerarmos este processo, as palavras tornam-se totalmente inadequadas. Nesta etapa, quando muito avançada, não há forma que esteja atraindo a Mônada à manifestação externa. Não há modo pelo qual o chamado da matéria ou da forma possa evocar da Mônada uma resposta. Permanece somente a grande pulsão da consciência da humanidade como um todo, e para esta, a resposta pode ser feita por intermédio do antahkarana já completado. Para baixo - ou melhor, através desta ponte - a descida pode ser feita à vontade para servir à humanidade e realizar a vontade de Shamballa.

Esta é uma afirmação da consumação final. Porém, antes que isso possa ter lugar em sua perfeita inteireza, tem de haver um longo período de gradual aproximação dos dois aspectos da ponte - o superior emanando da Tríade Espiritual, em resposta ao impulso monádico, e o inferior, emanando da personalidade, auxiliado pela alma - através da brecha da mente separativa. Finalmente, o contato entre aquilo que a Mônada projeta e aquilo que o discípulo está projetando é feito, e então seguem-se a quinta e a sexta etapas.

5. e 6. Estabilidade e Ressurreição. A ponte está agora construída. Delgados e tênues podem ser os fios no começo, mas o tempo e a ativa compreensão lentamente tecerão um fio após outro até que a ponte fique terminada, firme e forte e capaz de ser usada. Forçosamente ela tem de ser usada, porque agora não há nenhum outro meio de intercâmbio entre o iniciado e Aquele Que ele agora sabe ser ele próprio. Ele ascende, em plena consciência, para a esfera da vida monádica; ele ressurge da caverna escura da personalidade para a resplandecente luz da divindade; ele não é mais apenas uma parte da humanidade e também um membro da Hierarquia, mas pertence à grande companhia Daqueles Cuja vontade é conscientemente divina e Que são os Guardiões do Plano. Eles respondem à impressão vinda de Shamballa e estão sob a direção dos Cabeças da Hierarquia.

A "liberdade dos três centros" é Deles. Eles podem expressar à vontade a tripla energia da Humanidade, a energia dual da Hierarquia e a energia una de Shamballa.

Essa, meus irmãos, é a meta do discípulo quando ele começa a trabalhar na construção do antahkarana. Reflitam sobre estes assuntos e prossigam com o trabalho. (Em algumas de suas Palestras para os Discípulos, o Tibetano faz os seguintes comentários que se aplicam aqui com peculiar força - A. A. B.)

"Sua maior necessidade é uma intensificação de sua aspiração espiritual interna. Vocês precisam trabalhar definidamente a partir daquilo que pode ser chamado um ponto de tensão. Estudem o que foi dito sobre tensão e intensidade. É a intensidade de propósito que transformará vocês do labutador razoavelmente satisfatório no discípulo cujos coração e mente estão ardendo. Porém, vocês talvez prefiram prosseguir equilibradamente, sem qualquer esforço grupal, fazendo do seu trabalho para mim e para o grupo uma parte ordenada da vida diária, a qual vocês poderão ajustar à sua vontade, e na qual a vida do espírito recebe sua razoável porção, onde o aspecto do serviço não é negligenciado, e a apresentação da sua vida é cuidadosamente balanceada e desenvolvida sem grande tensão. Quando é este o caso, isso pode ser a escolha da personalidade ou a decisão da alma para uma determinada vida, mas significa que você não é o discípulo, com tudo subordinado à vida do discipulado.

"Gostaria aqui de destacar duas coisas. Primeiro: se você puder mudar sua tensão de modo que você seja dirigido pela vida do espírito, isso acarretará uma galvânica sublevação em sua vida interior. Estará você preparado para tal? Segundo: isso não provocará qualquer mudança exterior em seus relacionamentos com o meio ambiente. Suas obrigações e seus interesses externos precisam continuar a serem atendidos, porém, eu estou falando em termos de orientações internas, decisões dinâmicas internas, e uma organização interna para o serviço e para o sacrifício. Talvez vocês prefiram o caminho mais fácil e mais lento? Se assim for, isso é algo inteiramente pessoal, e vocês estarão ainda seguindo o seu caminho. Vocês serão ainda uma pessoa construtiva e útil. Aqui, estou apenas fazendo-os ver uma das crises que chega à vida de todos os discípulos, onde escolhas têm de ser feitas que são determinantes para um ciclo, mas um ciclo apenas. É predominantemente uma questão de rapidez e de organizarem-se para a rapidez. Isto significa eliminar o que não é essencial e concentrarem-se nas coisas essenciais - essenciais internamente, uma vez que elas dizem respeito à alma e sua relação com a personalidade, e as coisas externas no que dizem respeito a vocês e seu meio ambiente.

"Quero dar-lhes aqui três pensamentos-chave para profunda reflexão durante os próximos seis meses; meditem sobre eles, um a cada mês, durante três meses, na cabeça, e durante os segundos três meses, meditem sobre eles no coração. Os pensamentos-chave são:

1. A necessidade da rapidez.

2. A reorganização de modelos de pensamento e de vida.

3. A expressão de: Sinceridade, Sacrifício, Simplicidade."

Nos muitos fios de luz tecidos pelos estudantes, discípulos e iniciados do mundo, podemos ver o antahkarana grupal aparecer gradualmente - aquela ponte por meio da qual a humanidade como um todo poderá abstrair-se da matéria e da forma. A construção deste antahkarana é o maior e máximo serviço que todos os verdadeiros aspirantes podem prestar.

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A Tarefa Imediata à Frente

O que tenho agora a dizer é uma generalização. Gostaria de indicar até onde é possível (pedindo-lhes que se lembrem que todas as generalizações são basicamente corretas, porém erradas nos detalhes) o ponto em que a humanidade se encontra em relação ao antahkarana. Podemos dizer que a meta da evolução normal é trazer a humanidade ao ponto onde uma linha direta de contato é estabelecida entre a personalidade e a Tríade Espiritual, via a alma - ou melhor, através do uso da consciência da alma para alcançar esta percepção. Isto é consumado na hora da terceira iniciação. Por um minuto agora, vamos considerar a Mônada.

Quero lembrar-lhes que há uma analogia na relação entre alma e personalidade e a relação entre a Tríade e a Mônada. Esta analogia é essencialmente completa sob o ponto de vista da consciência, mas não sob o ponto de vista da forma. O que finalmente tem lugar na mais avançada etapa do desenvolvimento é a completa fusão da personalidade unificada e da alma com a unificada Mônada e a Tríade Espiritual. Somente quando isto foi verdadeiramente realizado, há a completa liberação das Vidas que formam o nosso sistema solar de qualquer controle da forma. Tenham isto em mente com cuidado, compreendendo o significado da palavra Serviço, tão frequentemente usada na ciência ocultista, e compreendendo também o fato de que, para aspirantes e discípulos, a tarefa imediata à frente é:

1. Efetuar a conciliação de alma e corpo, por meio do alinhamento.

2. Construir o antahkarana, usando os seis meios por mim previamente indicados, e assim evocar a resposta da Tríade. O pensamento de Alinhamento - Invocação - Evocação são as três ideias principais que devem ter em mente enquanto seguem com este estudo.

A razão porque estou divulgando o que anteriormente era considerado como parte do trabalho preparatório para a terceira iniciação deve-se ao fato de que a raça está agora no ponto de desenvolvimento que permite completa mudança na aproximação à divindade como ensinada pela Hierarquia. Isto não significa que o ensinamento passado tenha sido anulado, mas sim que foi levado para as etapas iniciais do Caminho do Discipulado, enquanto o ensinamento dado naquelas etapas torna-se agora o trabalho feito pelos aspirantes no Caminho Probatório. A ênfase foi dada à purificação, à necessidade do desenvolvimento da vida crística, à visão mística e à filosofia. Verdades ocultas têm sido dadas à raça e têm evocado grande interesse, crítica e discussão; elas têm apelado para todos os tipos de mentes; elas têm sido distorcidas e mal aplicadas. Não obstante, elas têm sido úteis, ajudando os aspirantes a prosseguir para o Caminho do Discipulado, com um avanço paralelo de discípulos aceitos. Uma vez firmemente estabelecidas no Caminho, as verdades tornam-se evidentes e é possível a aplicação e verificação individual, levando o discípulo inevitavelmente ao Portal da Iniciação.

A raça humana como um todo encontra-se agora na entrada do Caminho do Discipulado. O seu olhar contempla a visão do futuro, seja a visão da alma, uma visão de um melhor estilo de vida, de alívio na situação econômica, ou de melhor relacionamento inter-racial. É lamentavelmente verdade que esta visão seja freqüentemente distorcida, orientada materialmente ou parcialmente percebida; mas, de uma forma ou de outra, existe hoje na massa do povo uma apreciável compreensão do "novo e desejável" – fato até agora desconhecido. No passado era o intelectual ou a elite quem tinha o privilégio de possuir a visão. Hoje, quem a possui é a massa dos homens. Portanto, a humanidade como um todo está preparada para um processo geral de alinhamento, e esta é a razão espiritual que subjaz por trás da guerra mundial. A "tesoura afiada do sofrimento deve separar o real do irreal; o açoite da dor deve despertar a alma adormecida para o primor da vida; o trauma do extirpar as raízes da vida do terreno do desejo egoísta deve ser suportado, e então o homem se libertará". Assim reza o Velho Comentário numa de suas estrofes mais místicas. Assim é assinalado profeticamente o fim da Raça Ariana – não um fim no sentido de culminação, mas o encerramento de um ciclo de aperfeiçoamento mental, preparatório para outro onde a mente será aplicada corretamente como instrumento de alinhamento, como farol da alma e controladora da personalidade.

Para as massas - sob o lento processo da evolução - o passo seguinte é o alinhamento da alma e da forma, para que possa haver uma fusão na consciência, seguindo-se uma apreciação mental do princípio crístico e sua profunda expressão na vida da raça. Isto é algo que se pode ver emergindo bem claramente, se vocês tiverem olhos de ver. É evidente no interesse universal na boa vontade, conduzindo eventualmente à paz; este desejo por paz pode estar baseado no egoísmo individual ou nacional, ou em um verdadeiro desejo de ver um mundo mais feliz onde o homem possa levar uma vida espiritual mais plena e basear seus esforços em valores mais reais; isso pode ser visto em todo planejamento que está sendo feito para uma nova ordem mundial, baseada na liberdade humana, crença nos direitos humanos e corretas relações humanas; demonstra-se também no trabalho dos grandes movimentos humanitários, nas organizações para o bem-estar, e na difundida evocação da mente humana através da rede de instituições educacionais em todo mundo. O espírito do Cristo está expressivamente presente, e o fracasso em reconhecer este fato deve-se largamente ao predominante esforço humano para explicar e interpretar esta expressão - "o espírito do Cristo" - somente em termos de religião, enquanto que a interpretação religiosa é apenas um modo de compreender a Realidade. Há outros modos de igual importância. Todas as avenidas de abordagem à Realidade são de natureza espiritual e interpretativas do propósito divino, e se os religiosos cristãos falam do Reino de Deus, ou o humanitário enfatiza a irmandade do homem, ou os líderes contra o mal encabeçam a luta por uma nova ordem mundial ou pelas Quatro Liberdades ou pela Carta do Atlântico, todas eles expressam a emergência do amor de Deus em sua forma do espírito do Cristo.

A massa da humanidade alcançou, pois, um ponto de emergência das trevas; ela própria evocou a reação dos poderes do mal, e daí a tentativa deles em impedir o progresso do espírito humano e fazer parar a marcha do bem, do verdadeiro e do belo.

Aspirantes e discípulos probacionários estão ocupados com um definido processo de focalizar suas consciências na alma. Este processo tem duas partes:

1. Uma intensificação da vida da personalidade para que ela se desenvolva até seus mais altos poderes individualistas.

2. Um processo de mover-se em direção à luz e do consciente contato com a alma.

Isto envolve a etapa inicial do processo de alinhamento, a qual é um modo de esforço focalizado e concentrado, de acordo com o raio e o propósito da vida da alma. Isto pode tomar a forma de uma profunda aplicação a algum esforço científico ou a uma profunda concentração sobre o trabalho espiritual do mundo, ou pode ser uma completa dedicação ao esforço humanitário; não importa qual. Chamo a atenção para esta afirmativa. Em qualquer caso o poder motivador tem de ser o melhoramento; tem de ser levado avante com extremo esforço; porém - dado o correto motivo e o esforço para desenvolver simultaneamente o bom caráter e um propósito estável - o aspirante ou discípulo probacionário eventualmente descobrirá que ele conseguiu estabilizar uma definida relação com a alma; ele descobrirá que o caminho de contato entre a alma e o cérebro, via mente, se abriu e que ele dominou a primeira etapa no necessário processo de alinhamento.

Quando isto é alcançado, o homem passa para o Caminho do Discipulado e pode empreender o trabalho que eu estou descrevendo em linhas gerais neste tratado. Consequentemente, vocês podem ver como toda a família humana já alcançou um importantíssimo ponto central no caminho evolutivo. O caminho imediatamente à frente para todos - cada um em seu lugar - é submeter-se à correta orientação, não desencorajado pelas circunstâncias, e então seguir em frente resolutamente.

Apresentei-lhes os seis métodos de construção do antahkarana, e ao prosseguirmos para o nosso ponto seguinte, quero que se remetam a eles com frequência. Os métodos dos raios dos quais estaremos tratando são os únicos métodos possíveis nas sete grandes linhas de emanação de energia, sendo que os diferentes tipos de raios serão empregados nas seis etapas do processo construtivo. Todos os discípulos dos sete raios usam a mesma técnica de construção de Intenção, Visualização, Projeção, Invocação e Evocação, Estabilização e Ressurreição. Destes, os dois primeiros são uniformes para todos os raios, mas quando é alcançada a etapa da Projeção, então as técnicas de raio começam a diferenciar-se, e são estas técnicas ou métodos de trabalho do raio aliadas às sete Palavras de Poder que passaremos agora a considerar.

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