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Quatorze Regras para Iniciação Grupal


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Parte Um
Quatorze Regras para Iniciação Grupal

REGRA UM - Existência e Função do Grupo

Começamos agora o estudo das quatorze regras para aqueles que estão buscando a iniciação em alguns dos seus graus. Na Iniciação Humana e Solar dei as regras para os que se propõem a entrar nos graus do discipulado. Gostaria de, por um minuto, lidar com o significado da palavra “Regra" e lhes dar alguma ideia do seu significado oculto. Há muita diferença entre uma Lei, uma Ordem ou Comando, e uma Regra, e essas distinções deveriam ser avaliadas com cuidado. As Leis do universo são simplesmente os modos de expressão, os impulsos de vida e o modo de viver ou atividade Daquele em Quem vivemos, nos movemos e temos nossa existência. Não se trata de evitar essas leis em última análise, nem por que negá-las, porque estamos eternamente postos em atividade por elas e elas governam e controlam (do ângulo do Eterno Agora) tudo que acontece no tempo e no espaço. Ordens e comandos são as frágeis interpretações que os homens dão ao que eles compreendem por lei. No tempo e no espaço, e a qualquer dado momento e em qualquer local, esses comandos são dados por aqueles que estão numa posição de autoridade ou que parecem dominar ou estão numa posição de impor seus desejos. As leis são ocultistas e básicas. Ordens são indicadoras de fragilidade e limitação humanas.

Regras, contudo, são diferentes. São o resultado da experiência tentada e das infinitas iniciativas e - não assumindo a forma de leis nem a limitação de um comando - são reconhecidas por aqueles para quem existem e daí evocarem deles uma resposta pronta e intuitiva. Não necessitam de imposição mas são voluntariamente aceitos e são postos em julgamento na crença de que a testemunha do passado e o testemunho das idades garantam o esforço requerido para os requisitos expressos.

Isso se aplica às Quatorze Regras que vamos agora estudar. Gostaria de lembrar-lhes que somente a consciência do iniciado compreenderá verdadeiramente seu significado, mas também que seu esforço para fazer assim desenvolverá em vocês o início daquela consciência do iniciado, desde que vocês procurem fazer uma aplicação prática e voluntária dessas regras em suas vidas diárias. Elas são suscetíveis a três formas de aplicação - física, emocional e mental - e a uma quarta aplicação que é melhor designada pelas palavras “a resposta da personalidade integrada à interpretação e compreensão da alma”.

Um outro ponto para o qual chamaria a sua atenção, antes de interpretar essa regra, é que seu esforço grupal deve ser procurar uma aplicação grupal, um significado grupal e uma luz grupal. Gostaria de enfatizar insistentemente as palavras “luz grupal”. Estamos lidando, por conseguinte, com algo basicamente novo no campo do ensinamento ocultista, e a dificuldade da compreensão inteligente é consequentemente grande. Os verdadeiros significados não são os simples que aparecem na superfície. As palavras dessas regras poderiam parecer quase trivialmente familiares. Se significassem exatamente o que parecem fazê-lo, não me seria necessário estar dando indicações e pistas quanto aos seus significados e ideias subjacentes. Não são assim tão simples.

Em resumo, portanto: essas Regras são para serem lidas com a ajuda de um senso esotérico em desenvolvimento; elas estão relacionadas com a iniciação grupal embora tendo sua aplicação individual; não são o que aparentam ser, na superfície - banalidades e lugares comuns espirituais; mas elas são regras para iniciação, as quais, se seguidas, conduzirão o discípulo e o grupo através de uma capital experiência espiritual; elas corporificam as técnicas da Nova Era, que necessitam atividade grupal, procedimento grupal e ação unida. Anteriormente eu disse que essas regras eram o resultado de experiências já vividas, e meu uso de palavras “novo" nesta conotação está relacionado com o conhecimento humano mas não com o procedimento iniciatório. Esse existiu sempre e sempre, nas grandes crises da iniciação, os discípulos se agruparam, mesmo sem terem ganho consciência de estarem assim agindo. Agora os discípulos podem de tal maneira se tornar conscientes, e os vários ashrams do raio não somente apresentarão seus grupos (grandes ou pequenos) ao Iniciador, mas o pessoal desses grupos estará agora atento ao fato da apresentação grupal. Terão também que registrar o fato da extensão do seu conhecimento depender de sua descentralização. Gostaria que refletissem sobre esta última aplicação.

Vamos agora proceder a uma Consideração da Regra I.

Regra I

No fogo da mente, focalizado na clara luz da cabeça, que o grupo permaneça. O solo ardente cumpriu sua parte. A clara luz fria brilha e fria ela é e contudo o calor - evocado pelo amor do grupo - enseja o aquecimento do movimento centrífugo energético. Por trás do grupo, lá está o Portal. Diante deles abre-se o Caminho. Juntos, que o bando de irmãos siga em frente - para fora do fogo, para dentro do frio, e na direção de uma tensão mais nova.

Será proveitoso se tomarmos desta Regra I frase por frase e tentarmos tirar de cada uma seu significado grupal.

1. No fogo da mente, focalizado na clara luz da cabeça, que o grupo permaneça.

Nesta frase, vocês têm a ideia da percepção intelectual e da unidade focalizada. A percepção intelectual não é compreensão mental, mas é na realidade a clara razão fria, o princípio búdico em ação e a focalizada atitude da Tríade Espiritual em relação com a personalidade. Gostaria de chamar sua atenção para as seguintes analogias:

Cabeça Mônada Atma Propósito
Coração Alma Budi Razão Pura
Base da Coluna Personalidade Manas Atividade Espiritual

Nessas palavras vocês têm, portanto, a posição da personalidade indicada na medida em que ela se mantém no ponto de penetração do antahkarana ao contatar manas ou mente inferior e é assim o agente do propósito da Mônada, atuando através da Tríade Espiritual que é - como vocês sabem - relacionada com a personalidade pelo antahkarana.

O coração como um aspecto da razão pura requer cuidadosa consideração. Ele é usualmente considerado o órgão do amor puro mas - do ângulo das ciências esotéricas - o amor e a razão são termos sinônimos, e proporia que vocês refletissem sobre porque deveria ser assim. O amor é essencialmente uma palavra para o subjacente motivo da criação. Motivo, todavia, pressupõe propósito levando à ação, e daí na tarefa da vida grupal da Mônada em encarnação vem um tempo em que o motivo (coração e alma) se torna espiritualmente obsoleto porque o propósito alcança um ponto de consecução e a atividade posta em movimento é tal que o propósito não pode ser detido nem contido. O discípulo não pode então ser intimidado e nenhuma engendração ou dificuldade é capaz de impedir o seu progresso. Então nós temos a destruição do que os teosofistas chamam de corpo causal e o estabelecimento de uma relação direta entre a Mônada e sua expressão tangível no plano físico. O centro da cabeça e o centro na base da coluna estarão em relação direta desimpedida; a vontade monádica e a vontade da personalidade estarão numa relação igualmente desimpedida, através do antahkarana. Gostaria que lembrassem que o aspecto vontade é o princípio final dominante.

Na aplicação grupal dessas ideias o mesmo desenvolvimento básico e profundo deve ocorrer, e um grupo de discípulos deve ser distinguido pela razão pura, que, superpor-se-á firmemente ao motivo, fundindo-se finalmente no aspecto vontade da Mônada - seu principal aspecto. Tecnicamente falando, é Shamballa em relação direta com a humanidade.

Qual é, então, a vontade grupal em qualquer ashram ou grupo de um Mestre? Estará ela presente em qualquer forma vital, o suficiente para condicionar as relações grupais e unir seus membros num conjunto de irmãos - seguindo adiante para a luz? É a vontade espiritual das personalidades individuais tão forte que ela negue a relação da personalidade e leve ao reconhecimento espiritual, ao intercâmbio espiritual e à relação espiritual? Ê somente em consideração a esses efeitos fundamentais do permanecer como um grupo na “clara da luz da cabeça” que é permissível aos discípulos trazer ao quadro sensibilidades e pensamento pessoais, e isso somente devido a uma temporária limitação grupal.

Que é, então, que impede um discípulo - como um indivíduo - de ter uma abordagem direta e um contato direto com o Mestre sem ter de ficar dependente de um intermediário? Vou ilustrar: No grupo que tenho sob treinamento (Discipulado na Nova Era, Vols. I e II) dois ou três têm abordagem direta; e outros a têm, mas ignoram-no; ainda outros são bem intencionados e discípulos dedicados mas nem por um segundo eles praticam o esquecimento próprio; um teve um problema de miragem mas agora está preocupado com o problema de ambição espiritual - uma ambição espiritual que está operando através de uma personalidade muito pequena, alguns poderiam fazer rápido progresso, mas tendem muito à inércia - talvez eu pudesse dizer que não se cuidam muito. Cada um deles (e cada outro discípulo) pode situar-se. Todos eles desejam avançar e possuir uma forte vida espiritual interior - razão pela qual eu arranjar tempo para trabalhar com eles. Mas o antahkarana grupal ainda está incompleto e o aspecto da razão pura e do coração não está no controle. O poder evocativo da Tríade Espiritual não é, portanto, adequado para sustentar com firmeza a personalidade e o poder invocativo da personalidade é não - existente - falando do ângulo das personalidades do grupo que compõem o aspecto personalidade do ashram. Esse é um fator com o qual eles muitas vezes sentem que eu não tenho que lidar. Pode apenas tornar-se um potente fator se certas relações da personalidade se ajustarem e a inércia for superada. Então, e só então, pode “o grupo permanecer".

2. O solo ardente faz o seu trabalho.

Aqui com facilidade se pode cometer engano. Para a maior parte das pessoas o solo ardente é interpretado de uma entre duas maneiras:

a. Ou o fogo da mente, queimando sobre aquelas coisas da natureza inferior da qual ele se torna cada vez mais consciente.
b. Ou o solo ardente do sofrimento, da agonia, horror e dor que é a qualidade característica da vida nos três mundos, particularmente no tempo atual.

Mas o solo ardente aqui referido é algo muito diferente. Quando a ardente luz do sol é corretamente focalizada ou através de uma lente, ela pode causar ignição. Quando a ardente luz da Mônada é focalizada diretamente na personalidade, através do antahkarana e não especificamente através da alma, ele produz um fogo ardente que queima e consome todas as engendrações num processo firme, sequencial. Dizendo isso de outra maneira, quando o aspecto vontade flui da Mônada e se focaliza através da vontade pessoal (como a mente pode alcançá-lo e conscientizá-lo) ele destrói, como se fosse um fogo, todos os elementos da vontade pessoal. Quando a energia de Shamballa se espraia e faz um contato direto com a humanidade (omitindo a transmissão através da Hierarquia, como até então tem sido habitual) vocês têm o que tem sido visto no mundo de hoje, uma conflagração mundial ou um solo ardente mundial. Quando o antahkarana de um grupo é corretamente construído, então a vontade-grupal individualizada desaparecerá na consciência plena do propósito monádico ou da clara vontade dirigida. Esses são pontos que o discípulo se preparando para a iniciação tem que considerar ao se preparar para as iniciações superiores, e esses são os pontos que qualquer grupo ou ashram também tem que considerar, ao se preparar para a iniciação.

O segredo das iniciações superiores jaz no uso treinado da vontade superior. Não está na purificação nem na autodisciplina nem em qualquer dos expedientes que atuaram no passado como interceptores da verdade. Todo esse problema da vontade Shambállica está em processo de revelação, e finalmente irá alterar toda abordagem do discípulo à iniciação na Nova Era. O tema do “Caminho para Shamballa” requer um estudo reflexivo e uma compreensão esotérica. Neste conceito da nova e futura seção (se posso chamá-la assim) do Caminho ou Trilha com que o discípulo moderno se depara, está o segredo da revelação vindoura e da dispensação espiritual que emergirão à medida que a humanidade construa a nova civilização mundial e comece a formular a nova cultura. Os efeitos consumidores da vontade monádica sobre seu reflexo distorcido, a vontade individual, merecem profunda consideração.

Durante muito tempo, os aspirantes anotaram e aprenderam sobre o efeito da vontade sobre o corpo astral ou emocional. Ela é uma das tensões iniciais primárias e mais elementares, e é ensinada no Caminho Probatório. Ela leva à purificação e á reorganização de toda a vida emocional e psíquica, como resultado de sua ação destruidora. “Se você apenas pensar” “se você apenas usar um pouquinho da vontade", e “se você ao menos lembrar que você tem uma mente”, nós dizemos para as crianças da raça e aos iniciantes no Caminho do Retorno consciente. Pouco a pouco, então, o foco e a orientação se transferem da vida astral e do nível emocional da consciência para o mental, e consequentemente para o reflexo do mundo do propósito, encontrado nos três mundos. Quando o estágio se tiver desenvolvido até certo ponto, então segue-se no Caminho do Discipulado e de preparação para a iniciação, um esforço para alcançar e compreender os aspectos superiores deste processo mental, e o aspecto vontade da vida egoica começa a influenciar o discípulo. As “pétalas do sacrifício” se abrem e o sagrado aspecto sacrificial da vida é revelado em sua beleza, pureza, simplicidade e a sua qualidade revolucionadora.

No Caminho da Iniciação, a vontade monádica (da qual a vontade egoica é o reflexo e a vontade individual é a distorção) é gradualmente transmitida, através do antahkarana, diretamente para o homem no plano físico. Isso produz a correspondência superior daquela qualidade tão loquazmente repetida pelos esotéricos bem treinados mas densos - transmutação e transformação. O resultado é a assimilação da vontade individual e da vontade egoica no propósito da Mônada que é o propósito - inalterável e sem desvios - daquele em Quem vivemos, nos movemos e temos nossa existência. Este é o campo da verdadeira combustão, pois nosso “Deus é um Fogo Consumidor. Essa é a sarça ardente ou a árvore ardente da vida do simbolismo bíblico. Esse é o mais alto de todos os fogos, esse solo ardente profundamente espiritual e até então raramente reconhecido, tem seus efeitos resumidos para nós na próxima frase ou afirmação da Regra I.

3. A clara luz fria brilha e fria ela é e contudo o calor - evocado pelo amor grupal - permite o aquecimento da expansão energética.

Nessas palavras vocês têm a chave para a iniciação grupal. A luz das iniciações grupais pode penetrar quando ela é evocada pelo amor grupal. Aquela luz é clara e fria, mas produz o “calor” necessário, o qual é uma palavra simbólica usada em muitas das Escrituras mundiais para expressar a energia viva, espiritual. Eu disse “energia espiritual” e não força da alma, e aqui está uma distinção que vocês um dia terão de alcançar.

Esse amor grupal se baseia no aspecto egoico da vontade ao qual nós damos o nome de “Amor Espiritual”. Isso não conota felizes relacionamentos entre os membros individuais do grupo. Poderia, presumidamente, conduzir a um intercâmbio externo, infeliz e superficial, mas basicamente leva a uma lealdade inalteravelmente firme, subjacente à superfície da vida exterior. A influência do Mestre, ao procurar ajudar ao Seu discípulo, sempre produz um tumulto transitório - transitório sob o ângulo da alma, mas frequentemente assustador do ângulo da personalidade. Da mesma maneira, a projeção da vida e da influência de qualquer discípulo na periferia ou aura do aspirante ou discípulo menor é - em seu grau - aparentemente perturbador e tumultuador; esse é um ponto que deveria estar presente na mente, tanto no que tange às próprias reações e treinamento do discípulo, como no que diz respeito a qualquer efeito que possa se manifestar na vida do discípulo probacionário ou discípulo menor em sua própria esfera de influência. Essas influências incômodas e os consequentes efeitos produzidos num indivíduo ou em um grupo por seu Mestre ou seu discípulo avançado são habitualmente interpretados em termos da personalidade, e são muito mal compreendidos. Eles são, contudo, aspectos da vontade superior em algum discípulo adiantado e tocam a vontade da personalidade e evocam a vontade sacrificial da Alma e daí levarem a um período de desconforto temporário. Disso o aspirante e o discípulo inexperiente se ressentem e culpam as fontes evocadas por seu desconforto, em lugar de aprenderem a necessária lição de receber e manejar a força.

Onde, todavia, existe o verdadeiro amor, ele produzirá a redução da vontade da personalidade, a evocação da vontade egoica sacrificial e uma capacidade sempre crescente de identificar o grupo com a vontade ou propósito da Mônada. O progresso do grupo e, por conseguinte, de um solo ardente para outro - cada solo ardente sendo mais frio e mais claro que o precedente, mas produzindo sequencialmente o fogo ardente, o claro frio iluminado fogo, e o divino fogo consumidor.

Assim em parábolas é a verdade apresentada, e gradualmente o iniciado alcança os usos do calor, da tepidez, da luz e da energia; ele chega a uma compreensão da vontade própria, da vontade sacrificial e do propósito Shambállico, e somente o Amor (amor a si mesmo, o amor ao grupo, e finalmente, o amor divino) poderá revelar o significado dessas palavras simbólicas e os paradoxos ocultos com que se confronta o verdadeiro aspirante ao tentar trilhar o caminho.

Ao prosseguirmos em nossos estudos das regras a serem seguidas pelos que estão recebendo o treinamento-iniciático, eu lembraria de certas coisas, algumas das quais já abordadas mas precisando de serem novamente enfatizadas. Qualquer utilidade que essas Regras possam ter para vocês dependerá de vocês alcançarem umas poucas ideias básicas e depois prosseguirem tornando-as tão efetivas em vocês quanto possam ser.

Em primeiro lugar, chamaria sua atenção para o que deveria ser a atitude básica do candidato à iniciação: Deveria ser a do propósito, governado pela razão pura e laborando na atividade espiritual. Essa frase é fácil de escrever, mas o que ela especificamente representa para vocês? Vou ampliar um pouco o sentido de minhas palavras. A atitude do iniciado - em treinamento deveria ser uma do motivo espiritual correto - o motivo sendo o cumprimento inteligente do aspecto vontade da divindade, ou da Mônada. Isso envolve a fusão de sua vontade própria da personalidade na da vontade sacrificial da alma; e isso, quando realizado, levará à revelação da vontade divina. Dessa vontade, ninguém que não seja iniciado, tem qualquer concepção. Significa, em segundo lugar, a libertação da faculdade da percepção espiritual e da compreensão intuitiva, o que envolve a negação da atividade da mente inferior ou concreta, do eu pessoal inferior, e a subordinação do aspecto conhecimento da alma à clara luz pura da compreensão divina. Quando esses dois fatores estiverem começando a ficar ativos, teremos a emergência da verdadeira atividade espiritual no plano físico, motivada a partir da elevada fonte da Mônada, e implementada pela razão pura da intuição.

Tornar-se-á aparente para vocês, portanto, que essas faculdades espirituais superiores somente poderão entrar em atividade quando o antahkarana que servir de ponte comece a desempenhar seu papel. Daí a instrução que estou dando sobre a construção da ponte do arco-íris.

Essas Regras são na realidade grandes Fórmulas de Abordagem, mas elas indicam abordagem a uma específica seção do Caminho e não abordagem ao Iniciador. Gostaria que refletissem sobre essa diferença. O “Caminho da Evolução Superior" está aberto ao aspirante aos Mistérios Maiores, mas ele fica muitas vezes confuso no começo e frequentemente questiona em sua mente sobre a diferença entre o progresso ou evolução da personalidade na direção da consciência da alma e a natureza do progresso que jaz adiante e que é essencialmente diferente do desenvolvimento da consciência pura. Terão vocês alcançado o fato de que após a terceira iniciação, o iniciado não se preocupa, em absoluto, com a consciência, mas sim com a fusão de sua vontade individual com a vontade divina? Ele então não se ocupa com o aumento de sua sensibilidade ao contato, ou com sua resposta consciente às condições do meio-ambiente, mas se torna gradualmente mais consciente da dinâmica da Ciência do Serviço do Plano. Essa conscientização das diferenças somente pode ocorrer quando sua personalidade fundida e a expressão da vontade da alma desaparecem na brilhante luz do Propósito divino - um propósito que não pode ser frustrado mesmo se às vezes se atrasar, como aconteceu durante os últimos cinquenta e cinco anos (Escrito em fevereiro de 1943).

Muito do que acabei de dizer parecerá para vocês sem sentido porque a consumação do contato entre a alma e a personalidade não se efetivou e o aspecto vontade em manifestação ainda não é compreendido em suas três fases: a da Personalidade, a Egoica e a Monádica. Mas, como lhes disse antes, escrevo para aqueles discípulos e iniciados que estão encarnando agora e que estão em pleno florescimento de suas consciências e serviço no final deste século (século XX, N do t). Mas o esforço que fizeram para compreender terá o seu efeito, mesmo que o cérebro não o registre.

Em ultima análise, essas Regras ou fórmulas de Abordagem estão primariamente ligadas com o aspecto vida, ou de Shamballa. Elas são as únicas fórmulas ou técnicas corporificadas existentes atualmente que têm em si a qualidade que capacitará o aspirante a compreender e finalmente expressar o significado das palavras do Cristo, “Vida mais Abundante”. Essas palavras se relacionam com o contato com Shamballa; o resultado será a expressão do aspecto vontade. Todo o processo de invocação e da evocação está ligado a essa ideia. O aspecto menor é sempre o fator invocador, e isso constitui uma lei inalterável, jazendo por traz do processo evolutivo inteiro. Ele é necessariamente um processo recíproco, mas no tempo e no espaço poder-se-ia dizer amplamente que o menor sempre invoca o maior, e os fatores maiores são então evocados e respondem de acordo com a medida da compreensão e da tensão dinâmica proporcionada pelo elemento invocativo. Isso muitos deixam de perceber. Vocês não trabalham no processo evocativo. Essa palavra simplesmente conota a resposta daquilo que foi alcançado. A tarefa do aspecto ou grupo menor é invocativa, e o sucesso do rito invocativo se chama invocação.

Quando, portanto, sua vida é fundamentalmente invocativa, então virá a evocação da vontade. Ela só é verdadeiramente invocativa quando a personalidade e a alma se fundem e atuam como uma unidade fundida e focalizada.

O ponto seguinte que procuro focalizar é que essas Fórmulas de Abordagens ou Regras lidam com o desenvolvimento da consciência grupal, porque é somente na formação grupal que, por enquanto, a força da vontade ou Shamballa pode ser tocada. Elas são inúteis para o indivíduo sob a nova dispensação iniciatória. Somente o Grupo, sob o novo modo de trabalhar proposto e da iniciação grupal, é capaz de invocar Shamballa. É por isso que Hitler, o expoente da reação reversa a Shamballa (e consequentemente a reação do mal) teve de reunir à sua volta um grupo de pessoas ou personalidades com uma maneira de pensar semelhante. No arco superior do ciclo evocativo (Hitler sendo a expressão do arco invocativo da força de Shamballa) é necessário um grupo para prover a evocação.

Chegamos agora ao meu terceiro ponto em relação com as Regras ou Fórmulas e seu objetivo. Elas dizem respeito - acima de tudo o mais - à iniciação grupal. Elas têm outras aplicações, mas para o momento aqui se encontra a sua utilidade. Que é, vocês poderão perguntar, iniciação grupal? Será que ela envolve o fato de cada membro do grupo receber a iniciação? Poderá uma pessoa exercer uma influência tão extensa que possa sustar ou atrasar ou mesmo impedir (no tempo e no espaço) a iniciação grupal? O grupo não precisa dispor necessariamente de membros que tenham todos recebido a mesma iniciação. Por isso quero dizer que a iniciação simultânea de todos os membros necessariamente no mesmo desenvolvimento grupal não é requerida. Basicamente, o que estou tentando dizer com relação a essas Regras tem relação com a terceira iniciação - a iniciação da personalidade integrada. Contudo, elas têm, necessariamente, uma correspondência com a segunda iniciação e são consequentemente, de um interesse geral maior, pois é com essa iniciação que se deparam tantos aspirantes hoje - a demonstração do controle da formidável natureza emocional.

Pediria que pensassem bastante sobre este ponto que acabei de apresentar. A iniciação grupal significa que o grosso dos membros estão corretamente orientados; que eles estão propondo a aceitar a disciplina que os preparará para a seguinte expansão de consciência, e que nenhum deles poderá possivelmente ser desviado do seu propósito (anotem essa palavra com suas implicações Shambállicas ou do primeiro raio) não importando o que esteja acontecendo à sua volta ou em sua vida pessoal. Vocês devem refletir sobre isso se é que pretendem fazer o necessário progresso.

Nessas breves instruções, que visam somente a uma “indicação tentativa” (registrar essa frase), não é necessário entrar em detalhes. Em qualquer caso se as Fórmulas ou Regras não ficam inteiramente claras em suas mentes, qualquer coisa que eu pudesse dizer apenas impediria e frustraria meu propósito.

Finalmente, essas fórmulas ou Regras são suscetíveis de três formas de aplicação ou interpretação e é necessário ter isso presente, porque vocês poderão assim descobrir onde se encontra o seu foco individual de atenção e se consequentemente você está atuando como uma personalidade integrada. Lembre-se sempre que somente uma personalidade integrada pode conquistar o necessário foco da alma. Este é um requisito fundamental. Essas três formas de aplicação não são de natureza física, emocional e mental. Mas essas palavras em sua conotação mais simples têm referência verdadeira com a tarefa de alcançar alguma das iniciações mais elevadas. A única maneira pela qual seu significado pode aparecer é obtendo as seguintes interpretações:

1- A aplicação física refere-se ao uso, pelo grupo, do conhecimento dado e informação intuitivamente percebida de tal modo que as necessidades do grupo maior, do qual este próprio grupo faz parte, sejam construtivamente atendidas. A consumação deste ideal se encontra na atividade da própria Hierarquia, a qual, de ponto progressivo a ponto progressivo, se acha na posição de intérprete intuitiva e transmissora de força entre o centro de Shamballa e a Humanidade. O iniciado individual, a caminho de alguma das iniciações superiores, tem de alcançar, em seus graus menores, a mesma função dual e portanto apresentar-se a uma cooperação mais ampla.

2 - A aplicação emocional tem referência definida com o mundo do significado, interpretado num sentido grupal. Atualmente, os aspirantes bem interpretados se dão por satisfeitos se eles forem capazes de interpretar as condições de sua personalidade, acontecimentos e fatos em termos de seu significado real. Mas isso ainda continua sendo uma reação individual. O aspirante que está procurando compreender essas Regras está mais interessado em buscar as situações com as quais ele entra em contato em termos de um todo mundial, e procurando seu significado em termos de seu significado grupal. Isso serve para descentralizá-lo e introduzir em sua consciência algum aspecto daquele todo maior, e isso, por sua vez, contribui para a expansão da consciência da humanidade como um todo.

3 - A aplicação mental tem de ser entendida e considerada em termos de “grande Luz". Deve-se lembrar que a mente é o órgão da iluminação. Portanto, poder-se-ia perguntar: Será que os processos mentais unidos do grupo como um todo, tendem a lançar luz nos problemas e situações humanos? Quanto a luz do membro individual do grupo ajuda nesse processo? Quanta luz você, como um indivíduo, registra e por conseguinte, contribui para a luz maior? É a luz do grupo tênue bruxuleio ou um sol ardente?

Tais são algumas das implicações que estão por trás do uso dessas palavras familiares, e a cuidadosa consideração de seu significado poderia proporcionar uma definida expansão da consciência. Essa expansão normalmente segue certas claras e precisas etapas:

1- Um reconhecimento do alvo. Esse alvo é em frequência expressa pela palavra “a porta”. Uma porta permite o acesso a um lugar maior do que a área coberta pelo aposento de espera do pretendente à iniciação. Essa afirmação se refere à “porta de encarnação” através da qual a alma que encarna penetra na vida - limitada e restrita sob o ângulo da alma. A porta da iniciação admite a um "salão maior" ou esfera de expressão ampliada.

2- A abordagem, sob regras discriminadas e impostas e bem testadas, de introduzir alguém a um alvo visualizado. Isso envolve a conformidade ao que foi experimentado, conhecido e demonstrado por todos os que foram anteriormente iniciados.

3 - A retenção dos passos do iniciado ante a porta para que ele possa “provar a si próprio de ser iniciado" antes de entrar.

4 - A ultrapassagem a certos testes para demonstrara capacitação.

5 - Então vem a etapa da entrada sob as devidas regras, impostas mas contudo com plena liberdade de ação. Vocês verão, portanto, a razão da necessidade de compreensão ser enfatizada.

Antes de proceder ao estudo das fases finais da Regra Um, chamaria a sua atenção para o fato de que o iniciado enfrenta duas provas principais, simbolicamente descritas como “o solo ardente” e a “clara luz fria”. Somente depois de os haver transposto com êxito, ele pode - ou o grupo, ao se considerar a iniciação grupal - prosseguir e se expandir nos mais amplos alcances da consciência divina. Esses testes são aplicados quando a alma assume o controle da personalidade e o fogo do amor divino destrói os amores e desejos da personalidade integrada. Dois fatores tendem a produzir isso: o lento progresso da consciência inata para um controle maior e o firme desenvolvimento da “aspiração ardente” ao qual Patanjali se refere. Esses dois fatores, ao serem trazidos à atividade, põem o discípulo no centro do solo ardente que separa o Anjo da Presença do Morador do Umbral. O solo ardente se encontra no umbral de cada novo avanço, até que se alcance a terceira iniciação.

A “clara luz fria” é a luz da razão pura, da infalível percepção intuitiva e sua inadiável, intensa e reveladora luz constitui o principal teste em seus efeitos. O iniciado descobre as profundezas do mal, e ao mesmo tempo é atraído para diante pelas alturas de um crescente senso de divindade. A clara luz fria revela duas coisas:

A. A onipresença de Deus em toda a natureza, e portanto através da vida de personalidade inteira do iniciado ou do grupo iniciado. As escamas caem dos olhos, produzindo - paradoxalmente - a “escura noite da alma" e a sensação de se estar sozinho e abandonado sem qualquer ajuda. Isso leva (no caso do Cristo, por exemplo) àquele terrível momento no Horto do Gethsemane, e que foi consumado na Cruz, quando a vontade da alma da personalidade se choca com a vontade divina da Mônada. A revelação ao iniciado das eras de separação da Realidade Central e de todas as implicações daí decorrentes, desce sobre aquele que tenta permanecer na “Unidade Isolada” como Patanjali (para cita-lo numa segunda vez) chamou a experiência.

A onipresença da divindade em todas as formas se derrama na consciência do iniciado, e o mistério do tempo, espaço e eletricidade é revelado. O principal efeito dessa revelação (anterior à terceira iniciação) é trazer para o discípulo a conscientização da “grande heresia da separatividade” ao focalizar nele, o indivíduo separado plenamente consciente - consciente do seu passado - consciente agora de seu raio e do seu condicionante poder, focalizado em sua própria aspiração, e contudo parte do grande todo da natureza. Daquele momento em diante ele sabe que a divindade é tudo que existe, e isso ele aprende através da revelação da inerente separatividade da vida da forma, através dos processos da “escura noite da alma” e sua culminante lição do significado do isolamento e do processo de libertação que gera a fusão na unidade através da emissão do som, do grito, da invocação, tal como o grito do Cristo na Cruz simbólica. Suas exatas palavras não nos foram transmitidas. Elas variam para cada raio, mas todas trazem o reconhecimento da fusão divina, na qual todos os véus de separação são “rasgados de alto abaixo" (conforme a expressão contida no Novo Testamento).

B. A onisciência do divino Todo também se torna familiar ao iniciado através da clara luz fria, e a fase da “experiência do isolamento” acaba para sempre. Gostaria que vocês se apercebessem do que isso pode significar na medida do possível de seu presente nível de consciência. Até o presente, o discípulo - iniciado esteve atuando como uma dualidade e como uma fusão de energia da alma e da força da personalidade. Agora essas formas de vida permanecem expostas para ele pelo que elas essencialmente são, e ele sabe que - como agentes diretores e como deuses transitórios - eles não têm mais qualquer influência sobre ele. Ele está sendo gradualmente traduzido para um outro aspecto divino, levando com ele tudo que recebeu durante os tempos de íntima relação e identificação com o terceiro aspecto, a forma, e o segundo aspecto, a consciência. Um sentimento de estar sendo abandonado, largado e deixado sozinho desce sobre ele à medida que se dá conta que o controle da forma e da alma também deve desaparecer. Aqui está a agonia do isolamento e o fortalecimento do sentimento de solidão. Mas as verdades reveladas pela clara luz fria da razão divina não lhe dão escolha. Ele deve abrir mão de tudo que o retenha afastado da Realidade Central; ele deve ganhar vida e “vida mais abundantemente”. Isso constitui o supremo teste no ciclo da vida da Mônada em encarnação; e “quando o próprio coração desta experiência entra no coração do iniciado, então ele se expande através daquele coração para a plena expressão da vida”. Tal é o modo pelo qual o Velho Comentário o expressa. Não conheço outra maneira de apresentar a vocês essa ideia. A experiência relatada não está relacionada à forma, nem está conectada com a consciência, nem mesmo com a sensibilidade própria superior. Ela consiste de sua identificação com o propósito divino. Isso se torna possível porque a vontade-própria da personalidade e a vontade iluminada da alma foram igualmente postas à margem.

4. Por trás do grupo está o portal. Diante deles se descortina o caminho.

Observem como esta passagem reveste a apresentação habitual. Ali agora, nos livros de ocultismo, o Portal da Iniciação foi apresentado como se sempre se movimentando para adiante, à frente do iniciado. Ele atravessa porta após porta até uma mais ampla experiência e expansão de consciência. Mas na consciência do iniciado, após as duas primeiras iniciações, isso não é a realização. É simplesmente a adesão a uma velha forma de simbolismo com as limitações implicadas da verdade. Aqui eu lhes lembraria que a terceira iniciação é considerada pela Hierarquia como a primeira iniciação maior, e que a primeira e segunda iniciações são iniciações do Umbral. Para o grosso da humanidade, essas duas primeiras iniciações por muito tempo constituirão as principais experiências iniciáticas, mas não na vida e realização da alma - iniciada. Após as duas iniciações do umbral terem sido conquistadas, a atitude do iniciado muda e ele vê possibilidades e fatores e revelações que até então eram totalmente desconhecidos e irrealizados, mesmo para sua consciência no seu mais alto momento.

O portal da iniciação surge grande na consciência do neófito; O Caminho superior é o fator determinante na vida do iniciado do terceiro grau. É a transfiguração; e uma nova glória se derrama através do iniciado transfigurado que foi liberado de todo tipo de contenção seja pela personalidade, seja pela alma. Pela primeira vez, a meta do caminho superior e a conquista do Nirvana (como o Oriental a denomina) aparecem diante dele, e ele sabe que nenhuma forma, e nenhum complexo espiritual, e nenhuma atração, seja pela alma, seja pela forma, seja por ambos unidos, poderá ter qualquer efeito sobre a destinação, seja ela qualquer uma que ele pretenda alcançar.

Gostaria por um momento, de me referir aqui à simbologia do portal quando o iniciado começa a perceber o significado interior daquelas simples palavras. Por muito tempo, o ensinamento dado na clara luz fria a respeito do portal e a ênfase dada à apresentação do portal colocado à frente do aspirante torna-se familiar, mas esse esteve operando com os aspectos inferiores do simbolismo, mesmo que os aspirantes não se houvessem dado conta disso; foi-lhes ensinado o fato da luz na cabeça, que é a correspondência de personalidade à clara luz fria à qual me referi. No próprio centro daquela luz, como muitos aspirantes sabem teoricamente ou efetivamente pela experiência inconstante, está um centro ou um ponto de escuro azul índigo - azul da meia-noite. Observem o significado disso em vista do que tenho dito relativamente à “noite escura”, a hora da meia noite, a hora zero na vida da alma. Aquele centro é, na verdade, uma abertura, uma porta levando a algum lugar, uma via de escape, um lugar através do qual a alma aprisionada ao corpo pode emergir e passar para estados mais elevados da consciência, não contidos pelas limitações da forma; foi também chamado “o funil ou o canal para o som; ele foi chamado o " trompete através do qual o A. U. M. escapando pode passar”. A habilidade para usar essa porta ou canal é obtida pela prática do alinhamento; daí a ênfase posta nesse exercício na tentativa de preparar aspirantes e discípulos.

Uma vez o alinhamento tenha sido alcançado, virá a conscientização (lembrando do simbolismo da cabeça, a luz e a abertura central) que muitas ocasiões surgem na meditação, quando “por trás do grupo está a porta; diante deles se abre o caminho”. Essa é a correspondência inferior da experiência - iniciática superior com a qual nossa regra está lidando.

Mais uma vez, este tempo em relação com a alma, vem a repetição da descoberta da Porta, seu uso e aparência, finalmente, por trás do iniciado. Desta vez a porta deve ser encontrada no plano mental, e não como anteriormente, no nível etérico; isso é alcançado com a ajuda da alma e da mente inferior e através do poder revelador da clara luz fria da razão. Quando descoberta, o iniciado se depara com a “revelação de um experimento terrível, embora belo”. Ele verifica que desta vez não é do alinhamento que ele necessita, mas de uma definida iniciativa de um trabalho criativo - a construção de uma ponte entre a porta que está por trás e a porta que está adiante. Isso envolve a construção do que é tecnicamente o antahkarana, a ponte do arco-íris. Esta é construída pelo discípulo em treinamento na base de sua experiência passada; ela está ancorada no passado e firmemente apoiada no aspecto mais elevado, corretamente orientado da personalidade. Como o discípulo então trabalha criativamente, ele verifica que há uma ação recíproca da parte da Presença, a Mônada - a unidade que permanece atrás da Porta. Ele descobre que uma extensão da ponte (se é que posso chamá-la assim) está sendo construída ou estendida para o outro lado do abismo que o separa da experiência na vida da Tríade Espiritual.

Indago-me se consegui dar-lhes ao menos uma ideia qual das possibilidades que se apresentam ao discípulo, e incitei-os a uma resposta definida e consciente a estas possibilidades. Não posso fazer mais do que falar em termos de consciência, mesmo que a vida da Tríade - levando por sua vez a identificação com a Mônada, como a vida da personalidade leva finalmente ao controle e expressão da alma - nada tenha a ver com a consciência ou sensibilidade como aqueles termos são comumente compreendidos. Contudo vocês se lembrarão como, em todo o meu ensinamento sobre o desenvolvimento ocultista, usei a palavra IDENTIFICAÇÃO. Essa é a única palavra que encontrei para estabelecer a completa unidade que é finalmente alcançada por aqueles que desenvolvem um senso de unidade, e que se recusam a aceitar o isolamento; a separatividade então desaparece inteiramente. A unidade isolada alcançada é a unidade com o todo, com o Ser em sua totalidade (isso por enquanto não significa muito para vocês).

5. Juntos, que o conjunto de irmãos avance - fora do fogo, para o frio, e para uma renovada tensão.

Aqui de forma muito breve, certas instruções básicas são dadas. Cada uma delas indica as novas atitudes impostas sobre todos os que receberam a iniciação. Elas não podem ser interpretadas em termos do caminho do Discipulado ou do Probacionário. Os significados comuns são facilmente alcançados pouco representam para a mente do iniciado. Vou analisá-los brevemente para que prevaleça, a clareza do conceito, ainda que sem detalhá-lo.

a- Fora do Fogo. Essa é uma maneira simbólica de indicar que a vida de personalidade foi definitiva e finalmente deixada para trás. É essa expressão que dá o indício para a iniciação que é referida nessa Regra. Cada uma dessas regras contém em si própria a pista para a particular iniciação que estiver sendo considerada. As Regras não estão sendo colocadas em sua ordem correta, tendo uma referência sequencial às sete iniciações. A intuição do aspirante deve ser invocada se é para ele chegar ao conhecimento concreto. Em algumas vezes indicarei qual a iniciação envolvida, mas nem sempre, uma vez que isso de nada adiantaria. Uma pista para a sétima iniciação que está à frente para seres tão elevados como o Cristo não serviria de nada para vocês. A pista que conduz à iniciação da Transfiguração pode ser importante, uma vez que ela envolve a personalidade, e muitos de vocês, num futuro não muito distante (do ângulo do eônico ciclo de vida da alma) a encararão. O segredo da terceira iniciação é a demonstração da completa liberdade das reivindicações e exigências da personalidade. Não envolve a conquista de uma expressão absolutamente perfeita da vida espiritual, mas indica, isto sim, que o serviço do iniciado e sua demonstração da vida - considerando-a de uma maneira ampla e geral, do ângulo da tendência da vida e de uma inteira dedicação à humanidade - permanece intocada pelas limitações, ainda existentes, do ser pessoal inferior.

b. Para o frio.
Isso significa que o foco da vida está agora no reino da clara verdade e da razão pura. A vida do iniciado está sendo rapidamente transferida do centro egoico, o veículo da alma, para o nível da vida ou estágio da vida búdica. Note, não digo “da consciência”. Esta é amorfa, mas preserva o fruto da experiência na forma. Ela está sendo orientada para uma unidade conscientizada e identificação com o aspecto vida da divindade, e contudo preserva sua própria identidade reconhecida e conquistada. Neste nível de pura impessoalidade e de correta orientação o grupo permanece, obediente à regra que governa este particular estágio de desenvolvimento.

c. Para uma tensão mais nova. A interpretação da frase oferece dificuldade. Ela é devida à falsa impressão que a palavra “tensão” produz atualmente. Ela está associada nas mentes do público leitor com o pensamento de nervos, com pontos de crise, com coragem e com fadiga. E não é assim? Mas na realidade, a tensão, entendida sob o ponto de vista ocultista, não está, em absoluto, associada com esses aspectos da reação da personalidade. O significado esotérico da tensão (tanto quanto a limitação das palavras me permite explica-lo) é “vontade imovelmente focalizada”. A correta tensão é a identificação do cérebro e da alma com o aspecto vontade, e a preservação daquela identificação - imóvel e inalterável - não obstante as circunstâncias e as dificuldades.

Vocês podem ver, por isso, o quanto o ensinamento está distante, e adiante, das presentes atitudes e metas. A identificação com a alma e com a Hierarquia depende da habilidade do discípulo em amar de maneira correta.

É a emergência do segundo aspecto divino, pois o amor é a expressão da vida grupal, e isso é raro de se encontrar, de fato, nos dias atuais. A tensão correta indica a emergência do primeiro aspecto, da vontade, e isso é raro de se encontrar por enquanto, a não ser entre os discípulos mais avançados e os membros iniciados da Hierarquia.

O amor governa o Caminho para a vida da Hierarquia e é o fundamento para toda a aproximação, e apreciação e aceitação da verdade.

A vontade governa o caminho para Shamballa e é o fundamento para toda a apreciação da identificação com a Existência.

Essa vontade desenvolvida expressa-se como tensão, entendida esotericamente. Ela corporifica as ideias de orientação, determinação implacável para tornar a iniciativa predeterminada (sempre de natureza criativa e baseada numa compreensão amorosa), no momento psicológico certo), ou aquele momento exato que a psique ou alma determina como sendo o certo. Aqui vocês têm uma das interessantes transferências do significado e do relacionamento que ocorrem na Sabedoria Eterna. O Filho ou alma emerge na manifestação com a concorrência e ajuda da Mãe ou do aspecto matéria. Essa é para vocês uma verdade muito familiar. No estágio seguinte, o do desenvolvimento-do-iniciado, o Filho, por sua vez, se torna o aspecto feminino ou negativo e, demonstrando-se como a Alma, capacita o iniciado a trazer à expressão um outro aspecto divino - o da vontade. Até que se complete a quarta iniciação, ela é a alma como um “ponto focal para a descida da luz e para a radiação ascendente”. Em atividade dual revela a natureza da vontade. Observem como essa frase de um escrito antigo descreve o Antahkarana.

Não é possível, nessas breves instruções, lidar de maneira adequada com o aspecto vontade da divindade, nem isso traria qualquer proveito, no momento. Os aspirantes têm de aprender a natureza da vontade pelo poder da iluminação interna e por certos reconhecimentos inteligentes. Eles aprendem a natureza do ego através da ajuda da personalidade, da sombra ou distorção da vontade divina. Eles passam da expressão da vontade que é permanente egoísta, autossuficiente e autofocalizada, para a apreensão da vontade do grupo e para o esforço de encarnar aquela vontade grupal. Essa vontade do grupo está sempre preocupada com aquilo que não é a vontade do ego separado.

Na medida em que essa habilidade de ser altruisticamente descentralizada cresça e se desenvolva, o aspirante alcança um ponto onde a vida do grupo e o bem do grupo são vistos como uma parte integral de um Todo muito maior. Esse Todo maior é a própria Existência divorciada da forma. Mas sempre atuando através da forma enquanto em manifestação, e trabalhando com planejado propósito. Cresce então a conscientização de que a inteligência e o amor não bastam, mas que precisam ser suplementados e implementados pela vontade, que é o propósito inteligente ativo, amorosamente aplicado.

A dificuldade desse assunto está inerente no fato de que basicamente (não importando quão estranho isso possa parecer) o amor é a linha de menor resistência para o ser humano evoluído. Ele é o princípio governante do atual sistema solar. A vontade será o princípio governante do próximo ou vindouro sistema solar, que virá à manifestação por intermédio dos seres humanos que - no atual sistema solar - terão chegado à plena expressão do aspecto vontade. Então, na manifestação consumidora vindoura, o amor será para o aspecto vontade o que a inteligência é, neste sistema solar para o amor.

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