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PARTE UM
Quatorze Regras para Iniciação Grupal


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Parte Um
Quatorze Regras para Iniciação Grupal

REGRA QUATORZE - A Demanda Quíntupla

Nesta regra final para discípulos e iniciados, uma grande súmula está incorporada. Chamo a atenção novamente (como tantas vezes tenho feito no passado) que o significado óbvio - não importa quão elevado - não é aquele de que trataremos. É a significação por trás do significado que é sempre a preocupação da mente do iniciado. Os estudantes deveriam lembrar-se da seguinte sequência de palavras que incorporam ideias: Símbolo, Significado, Significação, Luz, considerando a luz como a energia criativa emanadora - a organizadora do símbolo, a reveladora do significado, a potência da significação.

Nós estudamos as regras e penetramos profundamente no mundo dos significados. Na sua maioria, vocês ainda não passaram além da etapa de andar tateando no mundo dos significados. A razão é que vocês ainda não receberam a terceira iniciação. Peço-lhes também para ter em mente que o mundo dos símbolos é o da vida pessoal, do mundo fenomênico à medida que essa expressão cobre os três mundos da evolução humana; o mundo do significado é o mundo em que a alma vive e se move com intenção e compreensão; o mundo do significado é o mundo da Tríade Espiritual, a qual somente confere plenamente sua liberdade depois da terceira iniciação.

As palavras tratadas nesta Regra XIV são aparentemente tão simples que podem ser facilmente compreendidas. Tentarei mostrar a vocês que seu verdadeiro significado é profundo e esotérico até o nonagésimo grau.

REGRA XIV

Para solicitantes: Ouça. Toque. Veja. Aplique. Conheça.
Para discípulos e iniciados: Conheça. Expresse. Revele. Destrua. Ressuscite.

Devem ser observadas as seguintes relações, pois a primeira é a semente da outra:

SOLICITANTES INICIADOS
Ouça Conheça
Toque Expresse
Veja Revele
Aplique Destrua
Conheça Ressuscite

Observem que o solicitante chega por fim ao conhecimento e começa a saber; o discípulo ou o iniciado começa conhecendo e, por meio de sua habilidade em expressar esotericamente aquilo que ele conhece, é capaz de revelar a luz e, por meio dessa luz, destruir toda a ilusão, miragem e maya; ele efetua a ressurreição no plano físico - uma ressurreição da morte que o plano físico inevitavelmente confere.

As cinco palavras dadas ao solicitante são, de fato, relativamente simples. A maioria dos solicitantes compreende seu significado até um certo ponto. Eles sabem que o ouvir mencionado nada tem a ver com o sentido físico da audição, e que o tocar a ser desenvolvido refere-se à sensibilidade e não à percepção sensória do veículo físico. Sabem igualmente que a luz a ser cultivada é o poder de ver a beleza que está por trás da forma, de reconhecer a divindade subjetiva e de também registrar o amor expresso por meio de símbolos. A aplicação da energia da alma aos assuntos da vida diária e o estabelecimento daquelas condições que permitem o conhecimento da alma são as lições elementares do aspirante. Não tratarei delas aqui exceto na medida em que elas ofereçam uma pista para o significado das cinco palavras dadas ao discípulo iniciado. Tomemos cada uma dessas cinco palavras e procuraremos determinar seu significado. Mas, antes de tudo, gostaria de ressaltar que estamos lidando aqui com assinaturas monádicas, com aquilo que sintetiza significâncias, e com aquilo que contribui com significância vital para a vida do iniciado.Quero que, à medida que leem minhas palavras, vocês se voltem para dentro de si mesmos e procurem pensar, sentir e perceber no seu mais elevado nível de consciência possível. O esforço para fazer isto produzirá grandes frutos e trará enorme recompensa. Vocês não captarão a plena intenção destas palavras, porém seu sentido de percepção começará a reagir à impressão da tríade. Não sei de que outra maneira dizer isto, limitado como estou pela falta de termos adequados. É possível que vocês nada registrem conscientemente, pois o cérebro do discipulado comum ainda é insensível à vibração monádica. Mesmo se o discípulo for capaz de alguma capacidade de resposta, não existem as palavras necessárias para expressar a ideia percebida ou revestir o conceito. É portanto, impossível pôr as ideias divinas em sua forma ideal e fazê-las descer então para o mundo dos significados e, a partir daí, para o mundo dos símbolos. O que eu digo, por conseguinte, terá mais significação pelo final deste século quando os homens se tiverem recuperado do caos e crueldade da guerra, e quando as novas e mais elevadas influências espirituais emanarem firmemente. Eu escrevo para o futuro, meus irmãos.

1. Conheça.

Qual é a diferença entre o conhecer do aspirante e o conhecimento do discípulo iniciado? É a diferença que existe entre dois diferentes campos e áreas de percepção. Diz-se ao aspirante, primeiro de tudo, “conhece-te a ti mesmo”; depois lhe é dito que conheça a revelação da forma e da alma, e a área coberta pelo seu conhecimento é a dos três mundos, mais o nível do plano mental no qual sua alma está focalizada. O iniciado conhece a relação da periferia com o centro, do Um com os muitos, e da unidade com a diversidade. O solicitante está preocupado com a triplicidade: ele próprio como o conhecedor, seu campo de conhecimento e aquilo que é o agente do conhecer, a mente. O discípulo iniciado ultrapassou o registro da triplicidade e está ocupado com a dualidade da manifestação, com vida-energia à medida que ela afeta ou está relacionada com matéria-força, com espírito e substância. O conhecimento do iniciado nada tem a ver com a consciência segundo a mente reconhece esse fator no processo evolutivo; seu conhecimento está relacionado com a faculdade da intuição e com aquela percepção divina que vê todas as coisas como dentro dela própria. Talvez o modo mais simples de exprimir o conhecimento do iniciado é dizer que ele é a percepção direta de Deus, colocando-o, assim, em termos místicos; o conhecimento do aspirante está relacionado com o aspecto da divindade a que nós chamamos a alma na forma. Dizendo isto de outro modo, possa destacar que o aspirante está preocupado com o conhecimento de alma e matéria, enquanto que o iniciado está preocupado com a alma e o espírito.

Se eu lhes disser, meus irmãos, que o conhecimento do iniciado está relacionado com aquilo que é produzido pelo SOM e não pelo A. U. M ou O. M., eu terei ligado estes comentários com muitas outras coisas previamente dadas na análise destas quatorze regras. O “ouvir” do aspirante foi agora transformado no efetivo reconhecimento daquilo que o SOM criou. Não me refiro aqui à criação do mundo fenomênico, ou do mundo do significado que é essencialmente o Plano ou o modelo que subjaz ao mundo fenomênico, mas à intenção ou Propósito que motivou o SOM criativo; estou lidando com a energia impulsionadora que dá significado à atividade e à vida-força que o SOM centraliza em Shamballa.

Não é por culpa da humanidade que somente agora seja possível que o significado do propósito divino venha a emergir mais claramente na consciência do discípulo iniciado. É uma questão de escolha do momento oportuno e do movimento no espaço; diz respeito à relação da Hierarquia, trabalhando com o Plano, com Shamballa, o recipiente (por meio do Som) da energia criativa que é a intenção divina para expandir-se produzindo uma expressão perfeita da ideia divina. É ao conhecimento desta relação e de seus efeitos que a primeira palavra da Regra XIV se refere.

Foi o desabrochar deste significado na consciência do Cristo - uma consciência iluminada, purificada e divinamente focalizada - que o forçou a exclamar, “Pai, seja feita a Tua vontade e não a minha". Ele recebeu uma visão da divina intenção que emergia para a humanidade e (por meio da humanidade) para o planeta como um todo. Na etapa hierárquica de desenvolvimento que o Cristo alcançara o que O tornara o Cabeça da Hierarquia e o Mestre de todos os Mestres, Sua consciência estava inteiramente conciliada com o Plano; sua aplicação à vida nos três mundos, e sua meta de estabelecer o Reino de Deus na terra e a emergência do quinto reino na natureza, eram agora para Ele simplesmente o cumprimento da lei e para isso toda a Sua vida tinha sido aparelhada. O Plano, sua meta, suas técnicas e métodos, suas leis e aplicação, seus efeitos fenomênicos, suas dificuldades a serem vencidas, a energia (do amor) a ser empregada, e a estreita e crescente relação e interação entre a Hierarquia e a Humanidade, entre o centro do coração do Logos Planetário e o centro criativo, eram do Seu conhecimento e plenamente compreendidos. No mais alto ponto deste consumado conhecimento, e no momento de Sua completa entrega ao necessário sacrifício de Sua vida para o cumprimento do Plano, teve lugar, repentinamente, uma grande expansão de consciência.

O significado, a intenção o propósito de tudo isso, e a extensão da Ideia divina existente na mente do “Pai", despertou em Sua alma - não em Sua mente, mas em Sua alma. Ele viu ainda mais além do significado da divindade do que jamais parecera possível; o mundo dos significados e o mundo dos fenômenos desvaneceram-se e - esotericamente falando - Ele perdeu o Seu Tudo. Estas palavras não fazem sentido para vocês, sem dúvida. Por um tempo, nem a energia da mente criativa nem a energia do amor Lhe restou. Um novo tipo de energia tornou-se disponível - a energia da própria vida, imbuída com o propósito e impelida pela intenção. Pela primeira vez, a relação da Vontade, que até então se expressara em Sua vida através do amor e do trabalho criativo de inaugurar a nova dispensação e estabelecimento para todo o sempre do Reino de Deus, tornou-se claro para ele. Naquele momento, Ele atravessou o Gethsêmane da renúncia.

Há aqui uma pista: Este alto ponto de conquista do Cristo - como está relatado na história bíblica - foi alcançado no Gethsêmane, e por um breve momento, nos é permitida uma rápida visão de um aspecto ou acontecimento da Sexta Iniciação. Foi este evento e crise espiritual na vida do Cristo (que teve lugar enquanto Ele pairava sobre Seu discípulo, Jesus) que capacitou Jesus no Seu próprio nível de desenvolvimento espiritual a receber a quarta iniciação, a Crucificação ou a Grande Renúncia. Os números quatro e seis estão estreitamente relacionados, e a renúncia menor (grande apenas do ponto de vista humano) eventualmente torna possível a renúncia maior, e vice-versa. Correndo ao longo de muitas partes da história bíblica, há duas histórias paralelas; o mundo menor do discipulado ganha com as conquistas daqueles que recebem as iniciações maiores, e assim se demonstra a estreita unidade que existe sempre dentro da Hierarquia - focalizando-se através do Cristo - a síntese que está começando a ser formada entre a Hierarquia e Shamballa. Isto está acontecendo nesta era pela primeira vez na história humana. O reconhecimento do surgimento desta síntese entre Vontade e Amor produziu um efeito definido na consciência do Cristo e levou-O a conhecer muita coisa que até então Lhe fora ocultada.

Estes são profundos mistérios. Seu valor para o discípulo em treinamento reside nos relacionamentos reconhecidos e considerados.

Estas regras são, como sabem, as regras que controlam a vida grupal; elas constituem a chave para as leis sob as quais todos os grupos planetários trabalham. A vida hierárquica, por meio do principal aspecto do Amor, era uma área familiar de consciência e bem conhecida de todos os Mestres e do Mestre de todos Eles, o Cristo. Porém um “conhecer” maior estava adiante mesmo para este “aperfeiçoado Filho de Deus”; a natureza e a mente daquele grande Ser, incorporado no Senhor do Mundo em Shamballa, fora agora revelado a Ele.

É esta vivente compreensão de Ser e de identificação com o Logos planetário no plano mental cósmico que constitui o desdobramento da percepção do Cristo no Caminho da Evolução Superior. Portanto, experiência, percepção e Ser, são as notas-chaves do

1. Caminho da Evolução,
2. Modo de desdobramento no Caminho,
3. Estado de foco divino no Caminho.

Em outras palavras, vocês têm os estados de Individualização, de Iniciação, e de Identificação.

A relação entre o ouvir do aspirante e o conhecimento do discípulo iniciado nos foi expressa num certo escrito antigo desta maneira:

“Indistintamente, aquele que procura ouve o leve sussurrar da vida de Deus; ele vê o respirar daquele sussurro que levemente agita as águas da vida Espacial. O sussurro penetra. Ele então torna-se o Som de muitas águas e a Palavra de muitas vozes. Grande é a confusão, mas o ouvir tem que continuar. Ouvir é a semente da obediência, oh, Chela no Caminho.

Mais alto se ouve a voz; então, subitamente, as vozes diminuem e o ouvir agora dá lugar ao conhecer - o conhecer daquilo que jaz por trás da forma externa, a percepção daquilo que precisa ser feito. A ordem é vista. O modelo claro emerge.

Conhecer é a semente do fazer consciente, oh Chela no Caminho. Ouvir e conhecer também se desvanecem e aquilo que eles produzem pode então ser visto. O Ser emerge em união com o Uno. A Identidade é conhecida - não neste plano, mas sim naquela esfera superior onde se movem e falam os maiores Filhos da Vida. O Ser sozinho é deixado. O trabalho está feito”.

2. Expressa.

Chegamos agora à segunda palavra da regra quatorze para discípulos e iniciados - a palavra Expressa. Ela não poderá ser corretamente compreendida separadamente da palavra anterior comunicada aos solicitantes - a palavra Toque. Devem observar que todas as palavras dadas ao neófito referem-se, basicamente, a algo que ele precisa fazer em referência a ele próprio, alguma tarefa que ele precisa realizar que o tornará mais apto para avançar, ou algum processo de percepção que lhe permitirá funcionar num instrumento melhor e mais sensível. Podemos chamar a isto de “etapa introvertida" de treinamento porque ela traz o futuro discípulo a um melhor conhecimento de si mesmo; ele capta o fato de que, ele próprio, o microcosmo, é a chave para o Macrocosmo; ele dá a pista para o futuro, e ele possui dentro de si mesmo a revelação que tem de preceder à ação esotérica. Em contraposição a isto, as palavras para o discípulo e o iniciado marcam a conquista de uma capacidade para trabalhar a partir de um centro profundamente esotérico num pronunciado modo ocultista. Com isto quero dizer que o iniciado, trabalhando como vimos de um ponto de vista de conhecimento, ao mesmo tempo deixou de estar centralizado em si mesmo, mas está agora preocupado com aquilo no qual ele vive, no qual se move e tem a sua existência. Seus interesses estão voltados para o Todo e não para a parte; seus interesses são aqueles que afetarão seu ambiente (um aspecto daquele vibrante Todo) e não a si mesmo; a sua é uma tarefa hierárquica de salvação dos outros e não a sua própria salvação.

Se vocês observarem suas próprias atitudes e ações presentes, verificarão que primariamente (e eu acrescentaria, quase que necessariamente) elas estão centradas em vocês mesmos, seus próprios reconhecimentos, sua própria apreensão da verdade, e seu próprio progresso no Caminho. Porém - à medida que vocês alcançam o status do iniciado - o autointeresse declina até desaparecer, e como diz a antiga Palavra “somente resta Deus”; somente permanece na consciência Aquele, que é beleza, bondade e verdade; que não é forma, mas apenas qualidade, que é aquilo que jaz por trás da forma e aquilo que indica destino, alma, lugar e status. Reflitam sobre estas palavras, pois elas indicam onde, à medida que a evolução prossegue, vocês farão recair a ênfase.

Ao considerar a palavra Expressa, acredito poder tornar esta distinção um pouco mais clara. Quando o iniciante no Caminho medita sobre o significado da expressão, ele está ocupado com sua habilidade em expressar a verdade que ele reconhece teoricamente, mas à qual ele não consegue ainda dar forma. Isto é valioso, porque isso alimenta sua aspiração, centraliza a atenção sobre si mesmo e aumenta seu cândido autointeresse. Isto, frequentemente, apresenta seus próprios problemas, como um sentimento de fracasso ou um indevido registro de sucesso, ou falha em desenvolver um senso de proporção.

Quando, porém, o iniciado acolhe em sua consciência esta injunção para expressar, ela significa para ele não suas próprias necessidades ou requisitos, mas a necessidade dos outros daquelas expressões, de verdade que os guiarão em seu caminho. Esta palavra, portanto, é para ele uma injunção para ser criativo. O iniciado cria fora de si mesmo aquilo que é sua contribuição individual para a totalidade das formas criativas, por meio das quais a Hierarquia está tentando criar “um novo céu e uma nova terra”. Ele não está ocupado com aquilo que ele próprio expressa como uma alma dentro de uma personalidade; ele já desenvolveu o hábito de correta expressão da alma nos três mundos, e o aparecimento de sua qualidade (revertendo ao uso de nossas palavras originais - vida, qualidade e aparência) é automático e sem qualquer planejamento de sua parte. Ele está, todavia, ocupado com a sequência de atividades que listarei como se segue:

1. A preservação do contato hierárquico, do qual o contato direto e consciente da alma é agora um incidente, porque é agora um hábito.

2. Uma percepção, contínua e consistente, de seu lugar ashrâmico; não me refiro à localização, mas sim ao status - um assunto muito diferente.

3. Concentração reflexiva sobre o Plano hierárquico, na medida em que o Ashram a que ele pertence assumiu a responsabilidade de parte do Plano; ele procura partilhar dessa responsabilidade de forma inteligente e efetiva.

4. Reconhecimento da contribuição imediata do Ashram e sua imediata contribuição como parte integral dele. Isto determina o fim de seu misticismo visionário e produz o ocultista prático.

5. Um estudo dos métodos criativos de seu particular Raio e uma visualização imaginativa daquilo que será expresso quando o desejado trabalho criativo tiver tomado a devida forma.

6. Consciente projeção de sua contribuição sobre o plano físico externo. Um projeto criativo tangível é empreendido e eventualmente produzido.

7. Ele, assim, faz a sua parte para trazer à objetividade o empreendimento criativo de seu Ashram.

A semente deste trabalho criativo é aquela que o Ashram planejou para o momento exato da necessidade apresentada pela humanidade, correta quanto à ocasião e à colocação. Isto pode não ser aquilo que a humanidade acredita precisar; é essencialmente aquilo que a Hierarquia reconhece como o fator necessário, levando ao necessário progresso para a raça em qualquer momento específico no tempo. Por exemplo, a humanidade acredita hoje que sua maior necessidade seja paz e conforto material e, de modo vago, está trabalhando para alcançar uma e outro. A Hierarquia sabe que a maior necessidade da humanidade é o reconhecimento do desatino da separatividade passada e o culto da boa vontade. É para esses fins que os trabalhadores nos Ashrams estão envidando todos os esforços. A tarefa criativa, portanto, dos discípulos e iniciados que estão trabalhando é dar origem a essa apresentação ou aparecimento das verdades necessitadas de tal maneira que o reconhecimento da humanidade possa ser tão completo que seja seguido pela devida ação correta. Os trabalhadores hierárquicos precisam, pois, expressar a verdadeira necessidade, na forma apropriada para a capacidade de registro da humanidade neste momento.

O trabalho criativo de expressão, consequentemente, não diz respeito ao desenvolvimento e progresso pessoal do iniciado. Este foi recebido no Ashram devido ao seu desenvolvimento e devido à contribuição que ele deve estar capacitado a fazer para o propósito criativo ashrâmico. Aquilo que, como neófito, ele “tocou” devido àquilo que ele poderia ganhar espiritualmente para si mesmo (e isto por um motivo correto) tornou-se agora aquilo que precisa ser expresso no campo de serviço do iniciado, exigindo dele tudo que ele tem e nada lhe deixando para o eu separado.

Uma grande atividade criativa envolvendo todos os Ashrams - grandes e pequenos - está sendo agora planejada na assembleia hierárquica, e o trabalho de todos os discípulos expectantes e atentos é promover o sucesso desse plano criativo através de sua plena expressão no plano físico. Isto terá de ser feito por meio da fusão de suas atividades grupais que incorporará a plena expressão de tudo que eles conseguiram e ganharam nas etapas anteriores de seu desenvolvimento individual. Assim, vemos que deste Deus, o Criador, de tudo que É, até o mais humilde discípulo no centro hierárquico, o tema da criatividade domina e é a expressão (compreendida ocultamente) da intenção divina. Presentemente, o que é chamado trabalho criativo pelos homens é, na realidade, uma expressão de si mesmos e de sua estimativa da beleza como eles a veem, da verdade como eles a percebem, da psicologia como eles a interpretam, da natureza como eles a interpretam cientificamente. De acordo com seu desenvolvimento espiritual e sua percepção inteligente, assim será a qualidade e natureza de sua expressão - mas será a expressão deles.

No caso dos trabalhadores hierárquicos, porém, a situação é diferente. Eles trabalham para expressar aquilo que o Ashram, por meio de seu grupo de trabalhadores, está procurando expressar. Eles procuram expressar o Plano, ou o tanto dele que eles podem aprender; eles estão ocupados com a expressão da alma como essa alma precisa ser conhecida na cultura e civilização imediatamente a serem desenvolvidas. Eles podem trabalhar inteiramente livres de autointeresse; eles não reclamam para si aquilo que criam, mas sim consideram-no como uma expressão da atividade hierárquica; eles estão livres do espírito de se identificarem com aquilo que eles expressam, mas - tendo criado aquilo que o impulso ashrâmico indicou - eles prosseguem para uma nova expressão do dinâmico e incessante propósito. Eles não se ocupam com a forma, mas com a vida, com o organismo em vez da organização, com ideias em vez de ideais, e com a verdade essencial em vez de com teologias cuidadosamente formuladas.

Cristo expressou em si Mesmo, e absteve-Se de dar-lhe forma; Ele Mesmo era a verdade, porém, inevitavelmente, devido à sua vida inerente, aquilo que Ele expressou tomou forma e grandemente modificou e coloriu o pensamento e o planejamento humanos, e assim continuará a fazê-lo. À medida que a essência do Cristianismo vier à expressão (e assim fazendo destrói o clericalismo) temos, de novo, uma notável ilustração da verdade que estou procurando enfatizar. Na igreja Cristã, os homens têm dado expressão a si mesmos, não ao Cristo; eles impuseram suas próprias interpretações da verdade à própria verdade; eles criaram uma sólida organização em toda parte, mas não existe um organismo vivo. Na nova religião mundial que está a caminho, o Cristianismo será expresso através da atividade criativa do espírito do Cristo por intermédio dos discípulos e iniciados mundiais; nós veremos, então, a plena expressão da verdade hierárquica - da qual o Cristo hoje é o símbolo e expoente.

Neófitos e aspirantes têm “tocado” naquilo que o Cristo representa, e têm então tentado impor sua compreensão daquilo com que fizeram contato sobre o resto do mundo. Conhecedores, discípulos e iniciados expressam aquilo que Ele representou (amor-sabedoria). Isto eles fazem automaticamente e pela força do hábito, primeiro neles próprios e finalmente por uma atividade criativa definidamente planejada no mundo exterior.

Portanto, meus irmãos, jaz adiante de todos os verdadeiros aspirantes uma etapa intermediária de descentralização, de automático viver espiritual e de absorção na Hierarquia por intermédio de um Ashram; nele pode-se aprender sobre o Plano, quanto esta fase de desenvolvimento é completa, o discípulo pode, então, começar a trabalhar criativamente de acordo com a atividade hierárquica.

Ao considerarmos a palavra seguinte em nossa lista precisamos ter em mente o que já discutimos sobre as palavras “Tocar” e “Expressar". Podemos dizer que as palavras que são dadas aos aspirantes e solicitantes são a semente ou germe dos conceitos indicados nas palavras para iniciados e discípulos. Até que os primeiros significados estejam dominados nas fases anteriores do discipulado, o iluminado serviço posterior - baseado nas últimas palavras - não será possível. Sempre na nova atitude para a compreensão do desenvolvimento esotérico do iniciado está implícito o fato de transição do autointeresse individual para um estado universal de consciência; eventualmente, isto torna-se o agente diretor para o serviço individualizado - prestado pelo discípulo individual no plano físico. A fusão das duas atitudes - realização inclusiva e serviço especializado - torna a tarefa do iniciado peculiarmente difícil. Ele tem de manter duas atitudes simultaneamente, enquanto ao mesmo tempo sujeita-se ao treinamento necessário que o capacita a dar o passo adiante no Caminho. É somente enquanto esta condição persiste que o iniciado tem qualquer senso de triplicidade Este é um ponto importante a notar. Tenham isto em mente enquanto discutimos as duas palavras seguintes: Vê e Revela.

3. Revela.

O objetivo da evolução estritamente humana neste ciclo planetário é a visão, culminando naquela percepção espiritual que é o principal dom da alma para a personalidade quando o contato é estabelecido; isto transmite o senso de amor atrativo, indica a natureza das coisas, revela o mundo de significado, e dá o grande dom da luz, conhecimento e iluminação final. Essas são as metas para o místico, o aspirante e o discípulo aceito. O maior de todos os dons físicos é o da visão, e é o mesmo numa volta mais alta da espiral dentro do mundo da alma. Quando o discípulo tiver alcançado uma medida de visão e estiver com sua meta “à vista", ele pode, então, ser admitido em um Ashram onde a natureza da revelação pode tornar-se-lhe conhecida. Os homens tendem a confundir visão e revelação, e eu procuro tornar claro em suas mentes algo sobre este assunto, portanto, a frase anterior é de grande importância. Os aspirantes têm tendência a pensar que a meta para a qual eles se movem é a do contato com a alma, com a meta secundária de posição hierárquica, e uma terceira meta de serviço, porém isto não é correto.

A meta diante do aspirante é a consciência da não-separatividade e o reconhecimento de uma inclusividade universal; a meta secundária é a habilidade para revelar a natureza dessa realidade, a Unidade; a terceira meta é a habilidade para tomar aquelas medidas nos três mundos que facilitarão a apreensão destes pontos fundamentais pela humanidade. Vocês notarão que esta última definição da meta remove inevitavelmente em sua inteireza o fator de autointeresse. Podemos, portanto, dizer que a revelação diz respeito à Unicidade e nada mais. A natureza prática desta verdade só é reconhecida quando o discípulo tenta fazer duas coisas: compreendê-la individualmente, e trazer a natureza da unidade planetária e da não-separatividade para a mente e a vida dos homens em toda parte.

O trabalho do aspirante é ver a luz, somente quando isto se torna um fato em sua consciência é que ele pode começar a apreender a revelação oculta que essa luz contatada e utilizada pode revelar. Aqui está uma outra frase-chave para ser considerada.

Não procuro tratar aqui do tema da luz, da visão, e da iluminação. Já tratei extensamente destes assuntos nos livros já escritos, e eles também têm constituído a incansável busca dos místicos de todos os tempos; e também muita informação tem sido dada pelas Escrituras e literatura de todas as nações. É com o assunto da revelação e a tarefa do iniciado para revelar que estou ocupado. O discípulo, que representa o Ashram, precisa revelar à humanidade a unidade essencial que subjaz a toda a criação. Ele realiza isto, antes de tudo, ao atuar como uma lâmina de vidro através da qual todos podem ver a realidade da Unicidade à medida em que ela se demonstra em operação prática. Quando, por meio de sua própria vida e palavras, ele demonstrou sua participação consciente nesta unidade básica, ele passa então para a prática de métodos ashrâmicos de tornar esta verdade fundamental ainda mais aparente. Vocês podem ver aqui porque - como uma técnica hierárquica - nós trouxemos para a atenção do público em geral o fato da existência do Novo Grupo de Servidores do Mundo. Eles oferecem uma expressão prática de uma unidade existente, baseada na unicidade de motivo, de reconhecimento, de orientação para o mundo espiritual e para o serviço da humanidade, de métodos e de ideias; e tudo isto apesar do fato de que o relacionamento no plano físico é, geralmente, inexistente e faltam a organização e o reconhecimento exteriores. A unidade é subjetiva, e por essa razão é impermeável a qualquer contaminação de separatividade.

A organização interna, à qual demos o nome de Novo Grupo de Servidores do Mundo para fins de reconhecimento e identificação, não pode ser rompida ou de forma alguma diminuída, uma vez que está construída ao redor de um grande princípio de crescimento evolutivo que - quando alcançado - indica que a consciência já registrou a unidade; isto é algo que, quando registrado e conhecido, não pode ser perdido ou negado. Uma vez visto e compreendido, isto torna-se tanto um fato na consciência de seu possuidor quanto o reconhecimento e utilização de seu próprio corpo físico. Ele sabe que este é um organismo complexo que constitui uma unidade funcionante por meio do princípio da vida; é um fato incontroverso na percepção do homem inteligente.

Assim, quando a visão é alcançada e a luz começa a fluir, a revelação da unicidade de toda a vida é uma simples e imediata ocorrência; primeiro de tudo, ela chega ao discípulo como um clarão de maravilhosa percepção informativa e instintiva, e depois, com a continuação do progresso, estabiliza-se numa constante captação e valorização; finalmente, ela produz o impulso motivador de toda ação.

Qual é a revelação imediata que os iniciados e discípulos do mundo estão procurando trazer para a humanidade? Qual é o aspecto desta unidade essencial que eles estão se esforçando para tornar simples e manifesta? Uma das coisas mais fáceis do mundo de dizer (como, por exemplo, diz Krishnamurti) é que a vida é una; que nada mais há senão unidade. Essa é uma corriqueira formulação de uma antiquíssima verdade, e que é hoje um lugar-comum. Porém, a vida não é ainda una na consciência, por mais verdadeiro que possa ser esse fato. A razão para isto é que vida é síntese amorosa em ação, e disso pouco há hoje em demonstração. Nós temos vida em atividade, porém, o amor, baseado na compreensão da unidade e conduzindo à expressão da síntese, está ainda ausente. Contudo, a visão desse amor está no horizonte de muitos, uma vez que atualmente muitos estão alcançando a visão e a luz está fluindo para o seu interior. A Revelação virá quando os discípulos e iniciados mundiais tiverem aperfeiçoado a arte da revelação.

A tarefa à frente é simples. O aspecto importante, nesta época, da unicidade básica que subjaz a todas as formas, e que os trabalhadores de hoje precisam enfatizar imediatamente, é o fato do reino de Deus, da Hierarquia planetária. Os cidadãos desse reino e os membros dessa Hierarquia são oriundos de todas as nações, de todos os partidos políticos, de todos os grupos sociais, de todas as religiões, cultos ou seitas, e de todas as organizações - independente de seus objetivos expressos - e a universalidade do campo de onde essas pessoas emergem demonstra sua unidade subjacente. Quando esta unidade assumir adequadas proporções aos olhos da humanidade, seguir-se-á uma verdadeira síntese.

Daí, o chamamento nesta época para que os trabalhadores hierárquicos revelem com maior ênfase o fato da Hierarquia. Isto - se for feito em larga escala e por meio de organização apropriada - destruirá em larga escala a atual estrutura do mundo no campo da religião, da economia e da política, o que já está acontecendo. Um aumento de pressão partindo de todos os que reconhecem a natureza factual do reino subjetivo interno de Deus, produzirá surpreendentes resultados. Este reino, através de seu grande poder (que é uma qualidade de síntese, caso vocês pudessem compreendê-la), está reunindo em seu interior homens e mulheres de todas as nações e de todas as partes da Terra. Ele os está absorvendo em si mesmo não porque eles sejam ortodoxos ou religiosos no sentido geralmente aceito do termo, mas devido à sua qualidade. Simultaneamente, à medida que seu número cresce, tem lugar um movimento inverso. Os homens estão movendo-se para fora, para o plano físico, e fazendo isto como um grupo com o fim de provar a natureza factual do mundo de unidade no qual conseguiram penetrar. Eles, portanto, estão demonstrando unicidade e síntese de um modo tão simples que os homens em toda a parte podem compreendê-los. O Novo Grupo de Servidores do Mundo é a vanguarda do reino de Deus, a prova viva da existência do mundo da Unicidade espiritual.

Para todos os solicitantes o chamamento foi para ver o Cristo como Ele é, para que (como diz o Novo Testamento, “como Ele é, assim devemos nós ser no mundo”. Para os discípulos e iniciados o chamado é para revelar ao mundo a formação grupal de todos os trabalhadores espirituais, a consciência da natureza do Cristo que não conhece separação, que reconhece todos os filhos dos homens como filhos de Deus em processo de expressão. Isto tudo é desejado por causa da necessidade de enfatizar a abordagem todo-inclusiva à humanidade. Estes trabalhadores discípulos e iniciados consideram todos como essencialmente um só e como irmãos, o que repudia todas as teologias feitas pelo homem - religiosas, científicas, políticas ou econômicas - e diz a todos os homens em toda parte: “Nós somos todos filhos de Deus; nós somos todos igualmente divinos; nós estamos todos a caminho da revelação da divindade, e isto no plano físico da existência; o que nós revelamos é que tem importância; o que nos é revelado é de menor importância, embora ele tenha o devido lugar no processo de treinamento e de aperfeiçoamento."

Há um velho catecismo que procura tornar claro para o neófito que está a ponto de aceitação, a distinção e a diferença entre visão e revelação. Ele está caindo em desuso, devido ao fato de que o solicitante hoje começa numa volta muito mais alta da espiral do que no tempo em que a “forma de interrogação” foi compilada. Contudo, gostaria de citar uma ou duas das perguntas e respostas para a instrução dos aspirantes de hoje.

UM CATECISMO

O que vês tu, Ó discípulo no Caminho?

Nada senão eu mesmo, Ó Mestre de minha vida.

Observa-te melhor e fala de novo. O que vês tu?

Um ponto de luz que cresce e decresce e que torna a escuridão mais escura.

Olha com intenso desejo para a escuridão e, quando a luz brilhar, aproveita a oportunidade. O que aparece agora?

Uma horrenda visão, Ó Mestre de minha vida. Dela não gosto. Não é verdade. Eu não sou isto ou aquilo. Esta coisa maligna e egoísta não sou eu. Eu não sou assim.

Acende a luz com vontade e poder e feroz desejo, e então relata a visão que possa vir. Que vês tu?

Além da escuridão, que me é revelada por meio da luz, vejo uma forma radiante que me acena, chamando-me. O que é este Ser que permanece gracioso na escuridão e na luz? É ele e pode ser ele eu mesmo? 

O que desponta à tua visão enquanto permaneces no Caminho, Ó fatigado discípulo, contudo triunfante na luz?

Uma radiante, brilhante forma que é meu Eu, minha alma. Uma figura escura e sombria, porém velha e sábia, experimentada e triste. Este é meu eu, meu eu inferior, minha velha e provada aparência nos caminhos da terra. Estas duas ficam face a face e, entre elas, o chão em chamas... Elas se movem e se fundem... A Senda chega ao fim. O Caminho estende-se à frente. A visão é alcançada, e na luz, aparece a realidade.

O que não podes tu revelar agora, Ó Servidor no Caminho?

A revelação vem através de mim, Ó Senhor da Vida. Eu não a vejo.

Por que não podes tu vê-la agora? O que impede a apreensão?

Nada me impede. Eu não procuro a visão porque eu vi. Minha tarefa é revelação. Eu nada procuro para mim mesmo.

O que se depara no teu caminho para revelação? O que tens tu a revelar?

Somente aquilo que tem existido há eons e que sempre tem estado aqui. A Unicidade da Presença; a área do amor; o vivente, amante, sábio, inclusivo Um, abarcando tudo e sendo tudo e nada deixando de fora.

Para quem deve vir esta revelação, Ó Servidor do mundo das coisas vivas?

Para todos os que estão envolvidos por esta viva e amorosa Presença; para todos aqueles que, sem o saberem, mantêm essa Presença e para sempre permanecem - como o faz essa Presença.

E quem são aqueles que vivem dentro dessa Presença sem o saberem?

Eles são eu mesmo e tu, e são ainda eu mesmo e são ainda todos que eu encontro. É o um em cada forma que pensa talvez que a forma é tudo; que vivendo assim no tempo e espaço, não veem a luz ou vida dentro da forma, que se esconde no seu interior, por trás dos véus, entre o quatro e o cinco (os quatro reinos da natureza e o reino de Deus. A. A. B.) e nada mais veem. A eles eu preciso revelar a verdade.

Como realizarás esta que é a mais difícil de todas as tarefas, Ó triunfante discípulo?

Permitindo que seja visto que, eu próprio sou a verdade; vivendo como um fragmento dessa Presença e vendo todas as suas partes. E assim é a revelação trazida para o interior dos quatro e pelo quinto.

Isto é tudo que lhes posso dar desta vez sobre a palavra e a injunção apresentada ao discípulo: Revela. Quero destacar que não é sua tarefa revelar o mundo dos símbolos. Os cinco sentidos e o princípio da mente são adequados para realizar isso. Não é sua tarefa revelar o mundo dos significados. O discípulo chega a ele e o interpreta à medida que desenvolve a consciência da alma. A sua tarefa é revelar o mundo das significações, o mundo da realidade e da verdade essencial. Devido ao sucesso do processo evolutivo, esta tarefa está crescendo, e um número cada vez maior de reveladores iniciados será necessário durante o período imediato á nossa frente. Não se esqueçam que o apelo invocativo da massa dos homens, e o clamor inteligente de demanda por aqueles que estão inteligentemente preparados para caminhar em frente, inevitavelmente atrairão a necessária resposta e os necessários reveladores da realidade.

A palavra seguinte que devemos considerar é uma das mais difíceis de explicar. A razão de minha dificuldade é que todos vocês estão imbuídos das ideias vulgares sobre estas palavras familiares, e por conseguinte, é quase impossível transmitir-lhes a sua significação sob o ângulo da consciência do iniciado. Identificados como estão com o aspecto forma e com a vida nos três mundos, é difícil para vocês compreender o estado de mente e o tipo de percepção que distingue aqueles que estão livres daquelas forças impulsionadoras nos três mundos que condicionam os seres humanos, e desse modo, acarretam uma orientação errônea, e impedem o que é realmente indicado pela percepção espiritual. A atitude do homem comum, e mesmo do discípulo comum, é a de uma pessoa que olha para o centro a partir da periferia, da pessoa que está preocupada com a concha da vida e não está consciente da Realidade como está um membro da Hierarquia.

Portanto, quando eu lhes digo que estas palavras para iniciados que constituem o que chamei Regra XIV têm uma conotação completamente diferente daquilo a que vocês estão acostumados, eu estou apresentando-lhes um dificílimo problema. Estou ciente de que a verdadeira compreensão não lhes é possível, porém vocês podem lucrar muito pelo esforço para compreender. O que vocês querem dizer quando falam de mente abstrata não é exatamente fiel aos fatos; o esforço para pensar abstratamente é, na realidade, um esforço para pensar, tanto quanto possível, como pensa um iniciado que já transcendeu a mente concreta e pensa - ou melhor - está consciente, em termos de vida e não de forma, de ser, e não daquilo que ancora o ser no plano físico - ou mesmo em termos de consciência, como vocês a compreendem. Não se esqueçam que já lhes disse anteriormente que a consciência (como apreendida pela personalidade e a alma) tem pouca relação com a forma de percepção viva que distingue o iniciado que é essencialmente uma expressão da Mônada, através dos três aspectos da Tríade Espiritual. Este é peculiarmente o caso em conexão com as duas palavras restantes a considerar; Destrói e Ressurge.

4. Destrói

Qual é esta destruição que o discípulo e o iniciado sob instrução desta regra final é solicitado a realizar? Quê se pede que ele destrua? Por que é esta destruição imposta?

Comecemos com uma declaração básica: a destruição ou o poder e o desejo de destruir que é uma característica do homem não-desenvolvido, do homem comum e do discípulo probacionário, baseia-se nas seguintes influências incitadoras:

1. Falta de autocontrole de um tipo ou outro.

2. Desejo de satisfazer os próprios desejos pela remoção de todos os obstáculos.

3. Violenta reação emocional.

4. Vingança, ódio, ganância e faltas semelhantes baseadas na ausência de desenvolvimento espiritual.

5. O esforço para remover empecilhos dentro de si mesmo como os que estão implícitos na regra para os discípulos probacionários: “Mata o desejo”.

6. A destruição deliberada de tudo aquilo que impede o contato com a alma.

7. A destruição de todos os elos que prendem o homem espiritual nos três mundos.

Estes motivos para a destruição estão todos relacionados ao desejo, à emoção e também à aspiração, implementados pela mente concreta inferior (quando próximo do fim do ciclo que conduz ao trilhar o Caminho Probatório). Eles cobrem uma história familiar bem conhecida por todo aspirante sincero, ou uma história que é percebida pelo que eles são num nível inferior de expressão da vida pelo homem que sofre as penalidades envolvidas por este tipo de destruição. Não sinto necessidade de me alongar sobre este modo de destruir com alunos como os que leem este Tratado. Este tipo de destruição diz respeito principalmente à vida da forma nos três mundos, à aspiração individual e empreendimentos (desde o mais inferior tateante desejo físico até à aspiração pela consciente vida da alma), e ao experimento e experiência nos três planos do viver humano comum.

Porém, nesta palavra “destrói”, dada como um comando expresso, àqueles que são membros da Hierarquia ou que se estão encaminhando de uma relação de afiliação na periferia dessa Hierarquia para o centro de atividade e íntimo contato com algum Ashram, o significado é muito diferente.

O tipo de destruição aqui tratado jamais é o resultado do desejo; é um esforço da vontade espiritual, e é essencialmente uma atividade da Tríade Espiritual; envolve a consecução daquelas medidas que impedirão a obstrução à vontade de Deus; é o favorecimento daquelas condições que destruirão as que estão tentando impedir o propósito divino de se materializar como o Plano pelo qual a Hierarquia é responsável. Portanto, está ligado, primeiramente, à relação de Shamballa com a Hierarquia, e não à relação da Hierarquia com a Humanidade. Esta é uma tremenda declaração esotérica e suas implicações têm de ser consideradas com o maior cuidado. Este tipo de destruição tem somente uma relação secundária com a destruição da vida da forma como vocês a conhecem. Quando são dados passos para implementar o propósito divino, o efeito resultante pode ser o da destruição de formas nos três mundos, porém isso é um efeito e somente uma destruição secundária; uma outra foi destruída num nível superior e fora dos três mundos. No devido tempo, isto poderá provocar uma reação da forma à qual nós podemos dar o nome de morte. Porém, a morte dessa forma não foi o objetivo primeiro e não foi sequer considerada, porque não estava dentro do raio de percepção do destruidor.

A destruição superior que estamos considerando está relacionada à destruição de certas formas de consciência que se expressam em grandes áreas ou extensos pensamentos-forma, os quais por sua vez, podem ter condicionado o pensar humano. Talvez a mais simples ilustração que eu lhes possa dar deste tipo de destruição esteja ligada às grandes ideologias que, no transcurso das eras, têm condicionado ou poderão vir a condicionar a humanidade. Estas ideologias produzem profundos efeitos nos três mundos. Este tipo de destruição afeta aquelas civilizações que condicionam a família humana durante longos períodos de tempo, que dizem respeito a condições climáticas que predispõem as formas nos quatro reinos a certas características no tempo e espaço, que produzem efeitos nas grandes religiões mundiais, na política mundial e em todas as outras “formas condicionantes do pensamento”. Isto lhes diz muito ou pouco em relação aos conceitos que estou tentando esclarecer?

Portanto, o que é destruído em grande escala, são certas formas grupais, e isto requer o exercício da vontade espiritual para ser efetuado, e não exige simplesmente a retirada da atenção da alma, a decisão de esvaziar a forma e o fracasso do básico desejo de perpetuar, que é o que está implícito quando falamos de morte nos três mundos. A falta da vontade-de-viver da qual falamos tão desembaraçadamente, pouca relação tem, na realidade, com a própria vontade; ela refere-se apenas ao seu fraco ou distorcido reflexo nos três mundos, e esta está muito mais relacionada ao desejo e aspiração do que à pura vontade, como espiritualmente entendida.

O Propósito de Deus (para usar uma expressão familiar) é que implementa o Plano. Este propósito é a vida motivadora por trás de tudo que emana de Shamballa, e é aquilo que impulsiona todas as atividades da Hierarquia. A tarefa da Hierarquia é formular o Plano para todas as formas de vida nos três mundos e quatro reinos da natureza. Este Plano, no tempo e espaço, não está, de forma alguma, preocupado com o homem individual ou com a vida de qualquer entidade microcósmica em qualquer dos reinos da natureza, e sim com as totalidades, os ciclos do tempo, com aqueles vastos planos de vida que o homem chama história, com nações e raças, com religiões mundiais e grandes ideologias políticas e com organizações sociais que produzem mudanças permanentes nos tipos, constituições, áreas planetárias e manifestações cíclicas. Será óbvio, pois, que do ponto de vista da pequena mente do homem estes planos sejam quase impossíveis de compreender. Do ponto de vista da visão do iniciado que já desenvolveu ou está desenvolvendo uma compreensão mais vasta, e que pode ver e pensar e visualizar (não me importo qual palavra escolham) em termos do Eterno Agora, o significado é claro. Às vezes, o iniciado cria e ancora um germe de vida; às vezes, ele constrói aquilo que pode abrigar sua ideia viva com suas qualidades condicionantes; às vezes, depois que essas ideias serviram ao seu propósito, ele deliberadamente as destrói. A referência é sempre necessariamente quanto à forma; com o iniciado, porém, é quanto à “forma sem forma” que é sempre o aspecto subjetivo do mundo tangível. É preciso lembrar que, sob o ponto de vista do esoterismo, todas as formas nos três mundos são tangíveis, em contraste com as formas nos dois mundos superiores da Tríade Espiritual.

A destruição que estamos considerando é a da estrutura sem forma sobre a qual a estrutura mais grosseira é construída. Alguma compreensão sobre isto surgirá se vocês considerarem a relação dos quatro subplanos do plano básico, os quatro níveis etéricos, e os três subplanos que a chamamos planos físicos densos. Estes sete subplanos constituem o nosso plano físico em seus dois aspectos. Este plano é somente um reflexo dos três planos dos três mundos e dos quatro planos, do plano búdico ao logoico, que constituem o plano físico cósmico. A destruição considerada pelo iniciado está ligada aos mundos subjetivos dos quatro planos superiores e dos três mundos do viver humano, e de outras formas de vida como as dos três mundos subumanos.

Na família humana, a morte sobrevêm, quando a alma recolhe o fio de sua consciência e o fio de sua vida; este processo de morte, porém, está inteiramente restrito aos três mundos. A alma tem seu posto nos níveis superiores do plano mental, como bem sabem. Em conexão com as formas de expressão a que me referi antes - ciclos, civilizações, culturas, raças, reinos da natureza e assim por diante - sua destruição é provocada a partir de fontes mais elevadas do que os três mundos nos quais essas formas se manifestam. Esta destruição tem lugar, sob a direção de Shamballa, quando evoca a vontade da Hierarquia ou de algum Ashram ou membro da Hierarquia para produzir um determinado resultado nos três mundos de acordo com o propósito de Deus. Podemos dizer (de forma esotericamente correta até um certo ponto) que a destruição provocada em obediência a esta quarta palavra na Regra XIV é a destruição de algum aspecto do plano que está em funcionamento nos três mundos, e isto sob o propósito e intento divinos.

Esta destruição não é exteriormente tão conclusiva quanto a morte de um homem no plano físico, embora ela não seja, essencialmente, o processo rapidamente consumado como geralmente se supõe. A forma física pode morrer e desaparecer, porém, segue-se um processo interno de morte dos corpos sutis e o processo da morte não estará completo até que os corpos astral e mental tenham-se desintegrado e o homem fique livre no seu corpo causal, o corpo da alma. Assim também acontece, numa escala muito maior, com a morte ou destruição de fases do Plano divino, executada pela Hierarquia em conformidade com o Propósito divino. Há uma superposição entre o processo de construção e o processo de destruição. Civilizações que agonizam estão presentes em sua forma final enquanto novas civilizações estão emergindo; ciclos vêm e vão e neste ir e vir se superpõem; a mesma coisa acontece no aparecimento e desaparecimento de raios e raças. A morte, em última análise, e sob o ponto de vista do ser humano comum, é simplesmente desaparecimento do plano físico - o plano das aparências.

A forma de destruição que estamos considerando, porém, diz respeito mais à destruição da qualidade do que das formas, embora o desaparecimento dessas qualidades provoque a morte da forma externa. A vida que se está retirando de uma grande expressão do plano hierárquico absorve as qualidades e retorna com elas, como dons naturais, posteriormente no tempo e espaço e as manifesta mais uma vez por intermédio de formas de expressão mais adequadas. A alma, porém, mata a forma nos três mundos; é o aspecto vida - em seu tipo superior e mais extensivo de destruição - que destrói a qualidade inata e, consequentemente, a forma de uma civilização, o tipo de uma ideologia e o caráter de uma raça ou nação, preservando somente os essenciais, mas descartando as distorções.

Esta quarta palavra está estreitamente relacionada à quarta iniciação, na qual o corpo causal ou veículo da alma em seu próprio plano é destruído - essa bela, intangível, qualitativa Identidade que motivou e implementou o homem nos três mundos. Este exemplo clarifica de certo modo a dificuldade deste assunto que estamos tratando? Ponderem sobre ele como uma ilustração desta forma de destruição, e procurem um melhor entendimento.

Esta forma superior de destruição não se manifesta sob a atividade ou não-atividade da Lei de Atração, como é o caso da morte provocada pela alma. Ela está definidamente sob a Lei da Síntese, uma lei da esfera monádica da vida e, portanto, mais difícil para vocês compreenderem. Ela emana de um ponto fora dos cinco mundos da evolução humana e super-humana, assim como a destruição da forma nos três mundos emana da alma funcionando fora dos três mundos - a mente inferior, concreta, o mundo astral e o plano físico. Isto pode, mais uma vez, ajudá-los a compreender este tema.

Se este for o caso, será aparente para vocês que somente iniciados que tenham feito a quinta iniciação e iniciações superiores podem efetivamente trabalhar com esta forma de morte - pois a potência monádica somente se torna disponível depois da terceira iniciação, e seu primeiro uso bem sucedido é a destruição do corpo causal do iniciado. É o prêmio da Transfiguração.

Em conexão com o uso, pelo iniciado, daquilo que podemos chamar vontade pura, é preciso lembrar que esta vontade pura entra em manifestação por intermédio de algum dos três aspectos da Tríade Espiritual. Esta atividade é determinada pelo raio principal sobre o qual o iniciado se encontra - sob o ângulo de seu raio monádico. Todo homem espiritual está em um ou outro dos três raios principais, pois os raios menores de atributo são todos finalmente absorvidos pelo terceiro Raio da Inteligência Ativa.

Se o iniciado está no primeiro raio, e portanto, trabalhando no Departamento do Manu, ele usará e expressará o inato aspecto da vontade através da natureza átmica, ou aspecto superior da Tríade Espiritual, à qual damos o inadequado nome de “Vontade divina”. Os estudantes são propensos a esquecer que a Tríade Espiritual, relacionada como está com a Mônada, do mesmo modo como a personalidade tripla está relacionada à alma, expressa os três aspectos maiores da energia de Shamballa, todos eles sendo expressões da vontade do Logos planetário e Seu Propósito essencial. Se o iniciado pertence ao segundo raio, e está, portanto, trabalhando no Departamento do Cristo, ele usará a vontade por intermédio de budi, o segundo aspecto da Tríade Espiritual. Se ele é do terceiro raio e no Departamento do Mahachohan, o Senhor da Civilização, ele trabalhará por intermédio da mente superior, o aspecto inferior da Tríade Espiritual. Não se esqueçam, porém, que nenhum desses aspectos pode ser considerado como superior ou inferior, pois todos são igualmente divinos. Estas ideias serão compreendidas se, por exemplo, vocês entenderem que a expressão de budi, ou da intuição, na consciência do homem espiritual levará ao uso da vontade na execução dos propósitos de Shamballa no campo das religiões, da educação, e da salvação do aspecto vida em todas as formas nos três mundos, porém, não terá relação com o indivíduo ou com os problemas pessoais do próprio homem. Se a expressão for a da mente superior, o uso da vontade será em relação com as civilizações e culturas pelas quais o terceiro departamento é responsável, e a realização da vontade de Deus estará relacionada aos grandes planos gerais. Se essa vontade se expressar através do aspecto átmico da Tríade, ela funcionará em relação a raças, nações e reinos da natureza, e aos grandes planejamentos planetários por enquanto desconhecidos pelo homem. A síntese deste panorama tornar-se-á evidente se for analisado com cuidado.

Ao mesmo tempo, é preciso ter em mente que o aspecto destruidor desta vontade pura, expressando-se através da Mônada, implementa o propósito de Shamballa e é uma das maiores manifestações da natureza do Amor Daquele em Quem vivemos, nos movemos e temos nossa existência; é também a garantia de nossa final e inevitável conquista: perfeição, iluminação, e divina consumação.

Esta destruição feita pelo iniciado é a preparação para a sua capacidade de resposta à quinta palavra que ele recebe quando da quinta iniciação e à qual nós damos o inadequado nome de “Ressurge".

Antes de considerar essa palavra, gostaria de destacar que estas cinco palavras têm uma clara referência a cada uma das cinco iniciações; elas dão ao iniciado a nota chave para o trabalho que ele deve desenvolver entre os vários processos iniciatórios. O trabalho indicado nada tem a ver com o treinamento e disciplina a que ele, é desnecessário dizer, sujeita sua personalidade; elas estão, isto sim, relacionadas ao trabalho que ele tem de prestar. Este trabalho está relacionado ao que eu poderia chamar certas realidades essenciais conectadas com o propósito de Shamballa e com a habilidade do discípulo para responder à vontade da Mônada. Como sabem, só se torna um fato estabelecido e uma realização funcionante depois da terceira iniciação; contudo, a preparatória sensibilidade (se é que tal palavra pode ser usada neste caso) está em lento desenvolvimento e acompanhando as duas outras atividades - Destruir e Ressurgir - com as quais ele está comprometido:

1. Disciplinar sua natureza inferior de modo que o desenvolvimento da consciência do iniciado não encontre impedimentos ou obstáculos.
2. Servir ao Plano, sob impressão hierárquica.
3. Desenvolver a sensibilidade monádica.

Será interessante neste ponto, em vista deste terceiro desenvolvimento - capacidade de responder à vontade pura - se nós considerarmos estas cinco palavras em relação às cinco iniciações com as quais vocês estão, teoricamente, tão familiarizados.

A palavra Conhecer, em relação à consciência do iniciado, diz respeito à certeza que ele tem, e sua profunda convicção do fato do Cristo no coração; está ao mesmo tempo acoplada à reação que emana das pétalas de sacrifício no lótus egoico - aquelas pétalas que são compostas da qualidade da vontade da Mônada e relacionam a alma à Mônada emanadora. O primeiro leve tremor do impacto do “destino” monádico (não sei de que outro modo expressar este conceito) faz-se sentir, porém é registrado somente pela alma do iniciado e no nível de consciência da alma; jamais é registrada, no plano físico, pelo homem que está recebendo a primeira iniciação, pois seu cérebro não pode responder a esta alta vibração. Teoricamente, e como resultado do ensinamento da Sabedoria Antiga, o homem espiritual em encarnação, sabe que ele é o Cristo que lá habita, e a conquista da consciência do Cristo tem sido e continuará a ser sua meta; o conhecimento referido aqui diz respeito a algo ainda mais elevado - a Autoidentificação da alma em seu próprio plano e o Autoreconhecimento que relaciona o Eu com o todo envolvente, a Mônada. Se me pudesse expressar simbolicamente, diria que a alma, o Cristo (após a primeira iniciação), sabe que os inevitáveis processos da expressão crística na Terra começaram e que a conquista da “estatura do Cristo” não pode ser detida. O centro de interesse que, até então, estivera direcionado a efetuar isto agora muda e a alma, em seu próprio plano, (não no reflexo de sua consciência na Terra) torna-se determinada a “ir para o Pai”, ou para demonstrar o mais alto aspecto da divindade, o aspecto da vontade.

Há, na história bíblica, o registro de quatro momentos na vida do Cristo onde este processo de desenvolvimento no interior de Sua consciência, esta centralização monádica (não sei que outra palavra usar, pois ainda não desenvolvemos a terminologia da mônada, o aspecto vontade) começa a demonstrar-se e pode ser acompanhada num processo de definido desdobramento. No passado, já me referi, incidentalmente, a estes pontos, porém gostaria de reunir aqui todos os quatro para a iluminação de vocês.

1. Sobre a declaração a Seus pais no Templo, “Não sabeis que tenho de tratar dos assuntos de Meu Pai?” vocês deverão notar que:

a. Ele tinha doze anos na época, e portanto, o trabalho em que estivera ocupado como alma estava terminado, pois doze é o número do labor completado. O simbolismo dos Seus doze anos é agora substituído pelos doze Apóstolos.

b. Ele estava no Templo de Salomão, sempre um símbolo do corpo causal da alma, e Ele estava portanto, falando a partir de níveis da alma e não como o homem espiritual na Terra.

c. Ele estava servindo como um membro da Hierarquia, pois Seus pais O encontraram ensinando aos sacerdotes, os Fariseus e os Saduceus.

d. Ele falou como uma expressão do aspecto substância (Ele falou a Sua mãe) e também como uma alma (Ele falou a Seu pai), porém, Ele não estava controlado por nenhum dos dois. Ele agora funcionava como a Mônada, acima e até além, inclusive de ambos.

2. Sua frase aos discípulos, “Tenho que ir para Jerusalém”, após a qual lemos que Ele deliberadamente voltou-se para ir. Isto era uma insinuação de que Ele agora tinha um novo objetivo. O único lugar de completa “paz” (que é o significado da palavra Jerusalém) é Shamballa. A Hierarquia não é um centro de paz na verdadeira acepção da palavra, a qual não se relaciona à emoção, mas sim ao cessar de todo tipo de atividade com que estamos tão familiarizados no mundo de manifestação; a Hierarquia é um verdadeiro vortex de atividade e energias vindas de Shamballa e da Humanidade. Do ponto de vista do verdadeiro esoterismo, Shamballa é um lugar de “serena determinação e de estabilizada e quieta vontade”, como está dito no Velho Comentário.

3. A exclamação do Cristo, “Pai, seja feita não a minha, mas a Tua vontade”, indicava a Sua percepção do Seu destino “monádico”. O significado destas palavras não é, como tão frequentemente declaram os teólogos e pensadores cristãos, uma declaração de aceitação da dor e de um desagradável futuro. É uma exclamação evocada pela compreensão da percepção monádica e a focalização do aspecto vida dentro do Todo. Neste procedimento, há uma renúncia à alma e a mônada, como um ponto de centralização, é definida e finalmente reconhecida. Os estudantes deveriam ter em mente que o Cristo não sofreu a Crucificação neste episódio, mas que foi o Mestre Jesus Quem foi crucificado. Cristo já havia passado pela experiência da Crucificação. O episódio da renúncia foi um ponto alto na vida do Salvador Mundial, mas não fez parte da experiência do Mestre Jesus.

4. As palavras finais do Cristo aos Seus apóstolos reunidos no aposento superior (simbolicamente, na Hierarquia) foram, “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos”, ou ciclo. Aqui Ele estava falando como o Cabeça da Hierarquia, que constitui o Seu Ashram, e também falando como a Mônada e expressando Sua Vontade divina para permear e animar o mundo incessantemente com Sua consciência a tudo abrangente; Ele expressou a universalidade e a incessante continuidade e contato que é a característica da vida monádica - da própria vida. Foi também uma tremenda afirmação, enviada sobre a energia da vontade, e tornando novas todas as coisas e possíveis todas as coisas.

Se vocês estudarem cuidadosamente estas quatro afirmações, verão que tipo de conhecimento é referido neste comando dado, na Regra XIV, ao iniciado na primeira iniciação, o comando de Conhecer. É a ordem para reorientar a alma para a mônada, e não uma ordem para reorientar a personalidade para a alma, como frequentemente se acredita.

A palavra Expressar, no seu significado mais profundo, e quando dada na segunda iniciação, não significa a necessidade de expressar a natureza da alma. Significa (por trás de todos os outros significados possíveis) o comando para expressar a natureza da vontade da mônada e “sentir” e incorporar o Propósito que está por trás do Plano, como resultado de uma sensibilidade desenvolvida. A Obediência ao Plano traz a revelação do Propósito oculto, e esta é uma maneira de exprimir o grande objetivo que impulsiona a própria Hierarquia. À medida que o iniciado aprende a cooperar com o Plano e demonstra isso em sua vida de serviço, então, dentro dele e acompanhando aquela atividade à qual ele está dedicado como uma personalidade e alma, há também o despertar de uma percepção do aspecto Pai, da natureza da vontade, da existência e natureza factual de Shamballa e da universalidade e vida do que seja o que for que queremos exprimir pela palavra “Ser”. Ele conhece e está começando a expressar aquele puro Ser como vontade pura em atividade.

Quando o iniciado alcança a terceira iniciação, ele torna-se consciente não só do significado do comando para Conhecer e de sua habilidade inata para Expressar a natureza da vontade da Mônada para levar a efeito o Propósito de Shamballa, mas também, através da fusão alma-personalidade, ele está agora em posição de “fazer revelação" à Hierarquia de que ele está em sintonia com a fonte monádica de onde ele se originou. Ele pode agora obedecer ao comando de Revelar, porque a Transfiguração está consumada. Ele agora não está revelando apenas a alma, mas todos os três aspectos se encontram nele, e ele pode revelar o aspecto vida como vontade e não somente o aspecto alma como amor ou o aspecto matéria como inteligência. Esta é, como sabem, a primeira grande iniciação sob o ângulo da Loja maior em Sirius, porque é a primeira iniciação na qual todos os três aspectos se encontram no iniciado. As duas primeiras iniciações - geralmente consideradas pela humanidade como grandes iniciações - são, na realidade, iniciações menores sob o ponto de vista da Loja de Sirius, porque a relação do homem “sob disciplina e em treinamento” é apenas uma tendência; um reconhecimento do Pai está apenas começando a desenvolver-se e uma resposta à mônada em vagaroso crescimento, além de um desenvolvimento da sensibilidade ao impacto do aspecto vontade. Porém, na terceira iniciação estes desenvolvimentos estão suficientemente presentes para merecer a expressão “revelação da glória", e a iniciação da Transfiguração tem lugar.

Na quarta iniciação, o aspecto destruidor da vontade pode começar a fazer sentir sua presença; o corpo da alma, o corpo causal, o Templo do Senhor, é destruído por um ato da vontade e porque até mesmo a alma é reconhecida como uma limitação por aquela que não é nem o corpo, nem a alma, mas que permanece maior do que qualquer dos dois. A percepção, a consciência do homem aperfeiçoado está focalizada na consciência da mônada. Foi percorrida a estrada para Jerusalém. Este é um modo simbólico de dizer que o antahkarana foi construído e que o Caminho para a Evolução Superior - que confronta os altos iniciados está agora aberto.

Os três aspectos da vontade, focalizados na Tríade Espiritual, estão agora em plena expressão; o iniciado está animado pelo Propósito, mas está diante de desenvolvimentos evolutivos ainda maiores; destes não preciso falar, uma vez que eles dizem respeito a aspectos divinos por enquanto desconhecidos e não registrados pelo homem. A razão para esta completa ignorância é que os veículos de qualquer homem abaixo da terceira iniciação contêm “matéria impura” demais para registrar o impacto dessas qualidades divinas. Somente o “corpo criado” (o mayavirupa) de um iniciado da quarta iniciação pode registrar esses impactos divinos; é pois um desperdício de tempo considerar sequer a possibilidade de sua existência. Até mesmo eu, um Mestre, e portanto, um iniciado de um grau relativamente elevado, estou apenas começando a senti-las levemente, e isso porque estou aprendendo a obedecer à quinta palavra que vamos agora considerar de maneira muito abreviada.

5. Ressurge

Uma das maiores de todas as distorções, e um dos mais enganosos ensinamentos teológicos, é a interpretação que tem sido dada à palavra ressurreição na abordagem cristã. Esta ressurreição tem sido aplicada em muitos casos à ressurreição do corpo; é também aplicada ao fato do desejo egoisticamente motivado de imortalidade; é também aplicada à ressurreição física do Cristo depois de, supostamente, ter ele morrido na Cruz. Ressurreição ensina, essencialmente, a “elevação” da matéria para o céu; não ensina a persistência eterna do corpo físico de um homem, como tantos fundamentalistas supõem hoje, procurando pelo reaparecimento de um corpo físico que fora deixado; não ensina a “vida da Vida” e o estado do “Ser inalterado”. Este inalterado Ser constitui a natureza da Mônada, e é a consciência desta condição que o Cristo alcançou quando Ele funcionou como um Salvador Mundial e assim garantiu, pela força de Sua conquista como personalidade-alma, o mesmo ponto de consecução para nós, pois nós somos, igualmente e essencialmente, filhos do Pai ou expressões da Mônada, o Uno. Não significa, porém, a ressurreição da mesma personalidade num determinado veículo usado numa particular encarnação.

Todo o conceito de ressurreição é a nova e mais importante revelação que está chegando à humanidade, e que lançará a base para a nova religião mundial.

No passado imediato, a nota chave da religião cristã tem sido a morte, simbolizada na morte do Cristo, e muito distorcida por São Paulo em seu esforço para mesclar a nova religião que o Cristo nos deu com a velha religião de sangue dos judeus. No próximo ciclo, este distorcido ensinamento sobre a morte assumirá seu correto lugar e será conhecido como o impulso disciplinador para o abandono e o fim, pela morte, do domínio da matéria sobre a alma; a grande meta do ensinamento religioso será a ressurreição do espírito no homem, e eventualmente, em todas as formas de vida desde o mais baixo ponto na evolução até a mais elevada experiência monádica. A ênfase no futuro será sobre a “vida da natureza do Cristo” - cuja prova será o Cristo Ascencionado - e sobre o uso da vontade envolvendo esta “exibição de vida”. A glória e radiância da iniciação da Transfiguração será, eventualmente, relegada ao seu lugar destinado, e aquilo que é descrito como “exibição de vida” será levemente sentido em sua inimaginável beleza.

A linha, ou a senda, ou o Caminho da Ressurreição é o “Caminho Radiante” ao qual demos o inconveniente nome de Antahkarana; este Caminho leva diretamente de um grande centro planetário a outro - da Humanidade para a Hierarquia, e da Hierarquia para Shamballa. Este é o Caminho da Ressurreição. É um Caminho composto da luz da substância inteligente, da radiante atrativa substância inteligente, da radiante atrativa substância do amor, e o caminho cármico que está impregnado pela essência da vontade inflexível. Não se esqueçam que o carma é, essencialmente, a vontade condicionada do Logos planetário quando Ele dá ordenação a todas as coisas para levá-las à meta final da própria vida através do processo do viver, de amorosa compreensão, e de inteligente atividade.

Portanto, a ordem para ressurgir, como entendida pelo iniciado, diz respeito somente à aplicação da natureza da vontade e do aspecto de Shamballa à impulsão da atração e atividade hierárquicas. Não diz respeito à vida individual do aspirante ou discípulo no seu caminho ascendente, seja qual for o seu grau, exceto incidentalmente, e porque os grandes impulsos macrocósmicos divinos têm menores efeitos microcósmicos. Todas estas estupendas palavras com que nos temos ocupado estão relacionadas com a cooperação do iniciado com a Vontade de Shamballa, e portanto, meus irmãos, são apenas obscuras alusões para vocês.

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