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Livros de Alice Bailey

Psicologia Esotéria - Volume II
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Capítulo II - O Raio da Personalidade - Parte 4

O Raio da Personalidade - Parte 4


4- Doenças e Problemas dos Discípulos e dos Místicos

Dividiremos o que temos a dizer sobre o tema Doenças e Problemas dos Místicos em quatro títulos.

1- Os que provêm do despertar dos centros. Constituem a maior dificuldade e trataremos deles, portanto, em primeiro lugar.

2- Os que provêm do desenvolvimento dos poderes psíquicos.

3- Os que estão ligados às condições e problemas de grupo.

4- Os que se relacionam com as forças do sexto raio, em declínio, e as do sétimo raio, que chegam.


a- Problemas que Surgem pelo Despertar e pela Estimulação dos Centros

Aqueles que leram os meus outros livros e tratados, saberão quão imenso é o assunto que nos interessa e de quão pouco ainda se conhece e se ensina relativamente aos centros, às suas emanações de força, e à atividade do corpo etérico ou vital, que é o recebedor e distribuidor de energias. Estas energias determinam e condicionam as circunstâncias e o físico do ser humano, e produzem (em última análise) a manifestação fenomênica do homem no plano físico, mais as suas características inerentes. Já dei todas estas informações e aqueles a quem isto interessa, podem lê-las e estudá-las. Podem assim esclarecer o conhecimento acerca dos vários centros. Uma coisa desejaria aqui assinalar, que mais tarde elucidarei, e que é a relação dos vários centros com os raios. Apresenta-se como segue:

Primeiro Raio Poder ou Vontade Centro da cabeça.
Segundo Raio Amor-Sabedoria Centro cardíaco.
Terceiro Raio Inteligência ativa Centro da garganta.
Quarto Raio Harmonia por conflito Centro ajna.
Quinto Raio Conhecimento concreto Centro sacro.
Sexto Raio Devoção Centro do plexo solar.
Sétimo Raio Ordem cerimonial Base da coluna vertebral.

Muito se poderia aprender, se reuníssemos, num único livro, toda a informação dada sobre este tema, relacionando assim o que se conhece sobre os pontos específicos de energia que se encontram na estrutura humana. Tudo o que posso fazer aqui é dar uma ideia geral do assunto, indicar certas linhas de desenvolvimento e relacionamento acerca dos sete centros principais, das sete glândulas principais e dos lugares e zonas do corpo humano, onde essas glândulas e centros se encontram. Também lhes queria pedir que compreendam cinco fatos:

1- Que os homens não desenvolvidos são energizados e galvanizados à atividade externa por meio dos três centros que se encontram abaixo do diafragma.

2- Que o homem comum começa a funcionar principalmente por meio do centro do plexo solar e a utilizá-lo como centro de força transferidora das energias que devem ser transportadas dos centros abaixo do diafragma para acima dele.

3- Que os aspirantes do mundo estão lentamente sendo energetizados e controlados pelas forças que estão sendo transferidas dos centros abaixo de diafragma para o centro da garganta, e da alma para o centro da garganta. Isto conduz a uma atividade criativa de algum gênero.

4- Que os discípulos do mundo começam a ser governados e controlados pelos centros da garganta e do coração, e começam também a transferir as forças que foram elevadas à garganta e ao coração para o centro ajna, situado entre as sobrancelhas, no meio da fronte. Quando isto estiver realizado o homem será então uma personalidade integrada. A alma também estimula o centro ajna.

5- Que os discípulos mais avançados e os iniciados do mundo são também energetizados por duas fontes: pelas energias que ascendem, e sobem à cabeça, provavelmente de todos os centros do corpo e por aquelas que afluem à estrutura humana e que provêm da alma, passando pelo centro mais alto, no topo da cabeça.

Todo o processo é, como podem ver, um processo de desenvolvimento, uso e transferência, como é o caso de todo o desenvolvimento evolutivo. Existem dois centros principais de transferência no corpo etérico - o plexo solar e o centro da garganta - e um centro maior, através do qual a energia da alma deve afluir quando chegar o momento apropriado, fluindo conscientemente e com pleno conhecimento do discípulo. Este centro é o da cabeça, chamado na filosofia oriental "o lótus de mil pétalas". O problema do homem comum, por conseguinte, está relacionado com o plexo solar. O problema do discípulo, do aspirante adiantado e do iniciado, de graus inferiores está conectado com o centro criativo, o laríngeo.

Recordemos aqui aos estudantes que os três pontos que se seguem, relacionados com a transferência de energia, devem ser mantidos em mente:

1- Que há uma transferência a efetuar de todos os centros inferiores para os superiores, o que geralmente é feito em duas etapas. Esta transferência, que tem lugar dentro da personalidade, é feita paralelamente à transferência da energia espiritual do reservatório de força a que chamamos a alma, para o homem no plano físico. Isto é possível na medida em que o homem opera a transferência necessária dentro de si mesmo. Estas transferências podem ter lugar no transcurso do processo evolutivo, ou podem ser acelerados pelo treinamento dado aos discípulos de todos os graus.

2- Que, dentro deste campo maior de atividade devem ser feitas as transferência seguintes:

a- A energia do centro na base da coluna vertebral (o órgão da vontade pessoal) deve ser elevada e transportada, ao longo da coluna vertebral, para o centro da cabeça, através do centro ajna.

b- A energia do centro sacro (que rege a vida sexual e os órgãos da criação física) deve ser elevada para o centro da garganta, o qual se torna o órgão de atividade criadora de natureza não-física,

c- A energia do plexo solar (o órgão do desejo pessoal autoconsciente) deve ser elevada para o coração, e aí transmutar-se em serviço de grupo.

3- Que todos estes centros são desenvolvidos e postos em atividade em três etapas, e assim condicionam progressivamente os aspectos externos da vida do homem:

a- Há um período durante o qual os centros estão ativos apenas de maneira indolente e semiadormecida: as forças de que são formados, o que eles exprimem, movem-se lentamente em ritmo pesado e inerte; a luz que se pode ver onde há um centro é fraca; o ponto de potencial elétrico no ponto do meio (o "coração do lótus ou chakra" - o eixo da roda, como se diz esotericamente no ensinamento oriental) está relativamente inativo. Há apenas, fluindo para o centro, a quantidade de energia necessária para produzir a preservação da vida, o natural funcionamento da natureza instintiva, juntamente com a tendência para reagir, de modo flutuante e inteligente, aos estímulos vindos do plano astral, através do corpo astral do indivíduo,

b- Um período em que tem lugar uma nítida elevação e intensificação da força. A luz dos centros é mais brilhante e o centro plexo solar torna-se, em particular, muito ativo. Por enquanto toda a vida real do homem está centrada abaixo do diafragma. Os centros acima do diafragma são fracos, obscurecidos e relativamente inativos; o ponto no meio do centro é, contudo, mais elétrico e dinâmico. Nesta etapa, o homem é o cidadão inteligente comum, controlado predominantemente pela sua natureza inferior e pelas reações emotivas, e cuja mente ele emprega ativamente para manifestar as suas necessidades. Os seus centros são receptores principalmente das forças físicas e astrais, mas ocasionalmente respondem aos impactos mentais.

c- Um período em que se realiza a primeira transferência. Pode durar muito tempo e abranger várias vidas. Os centros abaixo do diafragma estão completamente despertos e em grande atividade; a sua luz é viva; a sua inter-relação é tão real que, se estabelece um campo magnético completo, envolvendo toda a região abaixo do diafragma, tornando-se suficientemente potente para estender a sua influência acima do diafragma. O plexo solar torna-se o órgão dominante, em lugar do centro sacro que durante tanto tempo determinou a vida da natureza animal. Converte-se no recipiente das correntes de energia que chegam debaixo que ele absorve, e começa na tarefa de desviá-las e transferi-las para os centros superiores. Agora o homem é o aspirante e o cidadão altamente inteligente Está consciente da dualidade da sua natureza, do que está abaixo e do que está acima, como se diz vulgarmente, e já está pronto para palmilhar o Caminho de Provação.

d- Um período em que a transferência é continuada. As forças do centro sacro são conduzidas para a garganta, e as forças do plexo solar para o coração. Esta última transferência é ainda de tão modesta importância que o seu efeito é quase nulo. Este período é longo e muito difícil. Hoje, a maioria das pessoas estão atravessando os períodos c e d, que são preparatórios para a manifestação da vida mística.

e- Um período em que os centros do coração e da garganta são postos em atividade. O homem é um criador inteligente numa ou noutra linha e vai tornando-se, lentamente, consciente do grupo. Ainda que, contudo, aqui as suas reações sejam ainda egoisticamente motivadas, está sujeito - ao mesmo tempo - aos ciclos e períodos de esforço espiritual. A vida mística o atrai nitidamente. Está se tornando o místico.

f- Um segundo período de transferência inicia-se e o centro ajna, que governa a personalidade integrada, torna-se ativo e dominante. A vida de sensação e de esforço místico, nesse momento, é suscetível de extinguir-se temporariamente no que concerne ao fervor da sua expressão e ao ardor das suas disciplinas; e a integração da personalidade, as ambições, os objetivos e expressões da personalidade tomam o seu lugar. É uma mudança justa e boa que tende a completar corretamente o desenvolvimento. Isto é temporário, pois o místico está ainda adormecido debaixo da atividade externa e do esforço inteligente mundano, e voltará a emergir novamente para realizar um esforço vivo quando a natureza mental tiver sido despertada inteiramente e estiver controlando; quando tiver sido saciado o desejo de satisfação mental e o "filho de Deus estiver pronto para levantar- se e entrar na casa do Pai". Durante este período, vemos o homem poderoso inteligentemente criativo alcançar o zênite da sua vida de personalidade. Os centros abaixo da cabeça estarão ativos e funcionando, mas os centros abaixo do diafragma estarão subordinados àqueles e controlados por eles. Estão sujeitos então à vontade condicionante do homem que é governado agora pela ambição, aptidões intelectuais e pela forma de trabalho grupal que tende a expressar a potencialidade da sua personalidade. O centro ajna está brilhante e potente; o centro da garganta está intensamente ativo e o centro do coração está rapidamente despertando.

g- Um período em que o centro mais elevado da cabeça é posto em radiante atividade. Isto ocorre como resultado da elevação (em forma nova e mais potente) do instinto místico, unido desta vez, a uma abordagem inteligente da realidade. O resultado é duplo:

1- A alma começa a derramar a sua energia em todos os centros etéricos e vitais, através do centro da cabeça.

2- O ponto no coração de cada centro entra na sua primeira atividade real; torna-se radiante, brilhante, magnético e tão potente que "obscurece a luz de tudo o que o circunda". Todos os centros do corpo são então impelidos à atividade ordenada, pelas forças do amor e da vontade Então tem lugar a última transferência de todas as energias corporais e psíquicas para o centro da cabeça, através do despertar do centro da base da coluna vertebral. Então, os grandes polos opostos, (tal como o expressam e simbolizam) o centro da cabeça - (o órgão da energia espiritual) - e o centro da base da coluna vertebral - (o órgão das forças materiais) - fundem-se e misturam-se, e a partir deste momento, o homem é controlado unicamente de cima, pela alma.

Por consequência, há dois pontos que devemos ter em mente quando estudamos o místico e as suas dificuldades; em primeiro lugar, o período de despertar e de utilização subsequente dos centros; segundo, o período de transferência da energia do plexo solar para o coração, e depois, de todos os quatro centros ao longo da coluna vertebral para o centro da garganta, antes da focalização da energia de todos os centros no centro ajna (entre as sobrancelhas). Este centro é o controlador da vida da personalidade, e dele parte todo o direcionamento e orientação da personalidade para os cinco centros inferiores que ele sintetiza. Cada uma dessas etapas traz consigo as suas próprias dificuldades e problemas. Contudo, só nos ocuparemos destes problemas na medida em que eles afetem a presente oportunidade ou entravem o homem que se encontra no Caminho e que está, portanto, tomando em suas mãos as rédeas de sua própria evolução. Então, ele se encontra "no meio dos pares de opostos", o que significa (quanto ao nosso interesse particular neste momento) que encontramos três etapas do trabalho místico, cada uma delas assinalando um ponto preciso de crise, com as suas consequentes provas e experiências:

1- A etapa em que se transferem todas as energias inferiores para o plexo solar, como preparação para se elevarem aos centros da garganta e do coração acima do diafragma. Esta etapa não só abrange o processo de transferência, mas também o da focalização das forças nos centros mais elevados.

Período - Etapas finais no Caminho de Provação e as primeiras do Caminho do Discipulado.
Nota chave - Disciplina.
Objetivo - Idealismo e mais o esforço pessoal. Purificação e controle.

2- A etapa em que se faz a transferência para o centro ajna e a vida da personalidade torna-se integrada e poderosa.

Período - As etapas finais do Caminho do Discipulado e até o momento da terceira iniciação.
Nota chave - Expressão da alma por meio da personalidade.
Objetivo - Compreensão do Plano e consequente cooperação com ele.

Vem em seguida a terceira e última etapa com que não nos temos de ocupar, em que se produz uma fusão completa das forças do corpo físico (focalizadas através do centro ajna) com as forças da Alma (focalizadas através do centro da cabeça). É nesta altura que tem lugar a evocação final da vontade da personalidade (purificada e consagrada) que esteve "a dormir, enroscada como a serpente da sabedoria" na base da coluna vertebral; ela ascende pelo impulso da devoção, da inspiração e da vontade iluminada e assim se funde, ela própria, na cabeça com a vontade espiritual. Esta é a elevação final, por um ato de determinação discriminativa, do fogo kundalini. Esta elevação tem lugar em três etapas ou impulsos:

1- A etapa em que as energias inferiores são levadas para o centro do plexo solar.

2- A etapa em que estas energias, precipitando-se através do coração, se misturam com ele e são levadas à garganta.

3- A etapa em que as cinco formas inferiores de energia são focalizadas no centro ajna na cabeça.

Os estudantes podem perguntar aqui: Não existem outras energias abaixo do diafragma, além das do centro sacro e das que se focalizam no centro da base da coluna vertebral, que sejam elevadas para o centro ajna, através do centro do plexo solar? Há um grande número de centros menores e suas energias, mas não as especificarei em detalhe para melhor clareza; ocupar-nos-emos aqui apenas dos centros principais, dos seus efeitos e inter-relações. O assunto é abstruso e difícil mesmo sem o complicar inutilmente. Há energias, por exemplo, que afluem ao baço provenientes de fontes planetárias, assim como a dois centros menores perto dos rins, um de cada lado, além de várias outras e, todas estas forças, devem ser compreendidas, transmutadas, transformadas e transferidas.

E interessante observar que os dois pequenos centros ao lado dos rins estão relacionados com os níveis inferiores do plano astral e libertam no sistema grande parte do medo, etc., fator característico daqueles subplanos. Encontram-se, por conseguinte, perto do centro que os pode controlar, porque até o endocrinologista moderno sabe que as glândulas suprarrenais, quando estimuladas, produzem (como resultado psicológico de um acontecimento físico) assomo de coragem e uma forma de vontade dirigida que permite realizar coisas que noutro momento seria impossível fazer.

Desejaria assinalar aqui que a declaração tantas vezes feita em obras oculistas que "kundalini dorme" só em parte é verdade. O centro na base da coluna vertebral está sujeito à mesma vida rítmica que os outros centros. O período específico em que "kundalini desperta" refere-se ao período em que "o ponto central" se torna vibrante, potente e ativo. As suas forças podem então penetrar através de toda a zona da coluna vertebral até alcançar o centro mais elevado da cabeça. Isto, contudo, não seria possível se antes não se tivessem efetuado as três primeiras "elevações da força latente da vontade". Estas elevações servem para limpar a passagem ascendente da coluna, penetrando e destruindo o tecido etérico que separa cada centro e a zona que cada um controla a partir do centro imediatamente superior.

Estas transferências e organizações internas produzem normal e naturalmente agitação e conflitos na vida do místico, causando dificuldades de natureza definidamente psicológica e, frequentemente também, perturbações patológicas. Vocês deverão notar, por conseguinte, as séries de transferências, dificuldades psicológicas e resultados patológicos.

Por exemplo, estas ideias podem tornar-se mais claras em suas mentes se eu assinalar certos fatos, relacionados com o centro sacro, que durante certo tempo, governou a vida criadora física e animal do ser humano. Durante o processo evolutivo, o centro sacro passa por etapas de uso automático inconsciente, tal como se pode ver no homem puramente animal; depois, vem o uso impulsionado pelo desejo de prazer e pela satisfação física, quando a imaginação começa a exercer a sua influência; em seguida, vem o período em que há uma consciente subordinação da vida ao impulso sexual, de natureza diferente da que mencionei primeiramente. O sexo torna-se um pensamento dominante na consciência, e muitas pessoas passam presentemente por este estado, e todas as pessoas em determinado momento ou numa vida, passam através dele. A isto segue-se o período de transferência, em que a atração do sexo e o impulso para a criação física não são tão dominantes e as forças começam a reunir-se no plexo solar.

Ali serão controladas largamente mais pela vida astral imaginativa do que pela vida inconsciente animal ou pela vida consciente do desejo.

Elas fundem-se então com as forças do plexo solar e gradualmente são elevadas ao centro da garganta, mas sempre por meio do centro do coração. Aqui temos um ponto importante de dificuldade para o místico que está nascendo e se tornando rapidamente ativo. Ele se torna dolorosamente consciente da dualidade, de pressão do mundo é da visão mística, das possibilidades divinas e potencialidades da personalidade, do amor em vez da atração e desejo, das relações divinas em lugar das relações humanas. Mas todo este tema é ainda interpretado em termos de dualidade. O sexo é ainda imaginativo na sua consciência e não é relegado para um lugar equilibrado entre os outros instintos da natureza humana; o resultado é um interesse, quase patológico, no simbolismo sexual e que se poderia chamar uma vida sexual espiritualizada. Esta tendência é amplamente exemplificada nas obras e experiências de muitos místicos da idade média. Encontramos expressões como “o noivo celeste” e muitos outros símbolos e frases semelhantes. No Cântico de Salomão, encontramos uma versão masculina da mesma abordagem, basicamente sexual, à alma e a toda a sua vida oniabarcante.

Estes e muitos outros exemplos desagradáveis da psicologia sexual encontram-se misturados com uma verdadeira e pronunciada aspiração e anseio místico e um genuíno anelo de união com o divino. A causa de tudo isto está na etapa de transferência. As energias inferiores estão sujeitas, como se pode ver, a duas etapas de transferência, primeiro, para o plexo solar, e daí ao centro da garganta. O centro da garganta não está, neste período, em atividade suficiente ou bastante desperto para absorver e utilizar as energias sacras. Em certos casos são retidas, temporariamente, na sua ascensão ao longo da coluna, no centro do coração, produzindo fenômenos de impulsos sexuais (acompanhados às vezes por definidas reações sexuais físicas) de erotismo religioso, e geralmente uma atitude malsã, indo da real sexualidade ao celibato fanático. Este último é tanto um extremo indesejável como o outro, e ambos produzem resultados muito indesejáveis. Frequentemente, nos casos de um homem místico, encontra-se uma expressão sexual hiperdesenvolvida no plano físico, perversões de várias ordens ou uma pronunciada homossexualidade. No caso feminino, pode haver muitas perturbações no plexo solar (em vez de perturbações do centro sacro) e consequentes perturbações gástricas e uma vida imaginativa malsã, que vai desde uma lascívia moderada até formas nítidas de demência sexual, acompanhada (frequentemente) por uma poderosa inclinação religiosa.

Quisera também recordar aqui que estamos tratando de anormalidades e, por conseguinte, devo abordar casos desagradáveis. Nos primeiros estágios do desenvolvimento místico, se houver uma direção correta da vida mental e do pensamento, além de uma corajosa explanação do processo, se evitaria mais tarde grande parte da dificuldade. Estas primeiras etapas parecem-se estreitamente com o interesse demonstrado pelo adolescente, simultaneamente pelo sexo e religião. Os dois estão estreitamente ligados, neste período particular de desenvolvimento. Se os educadores, pais e os que estão relacionados com o desenvolvimento da juventude pudessem dar uma ajuda correta, certas tendências indesejáveis - agora tão prevalecentes - nunca se converteriam em hábitos e estados mentais como ocorre agora.

Outra questão que pode surgir muito justamente na consciência do estudante pode ser enunciada assim: Como é possível que este processo de despertar os centros, de os usar como canais para a força (primeiramente inconscientemente e mais tarde com crescente consciência) e, finalmente, dc transferir a energia para centros sempre mais elevados, - produza problemas, doenças e numerosas e variadas dificuldades de natureza fenomênica que a humanidade parece herdar, uma vez que a experiência mística se torna um fim e que aparece como coisa desejável? Desejaria lembrar de novo que o problema deve ser interpretado em termos de crescimento da consciência e também em termos de união, em progressivas etapas, de vários tipos de energia. O corpo humano é, em última análise, um agregado de unidades de energia. No corpo vital (condicionado os sistemas endócrino e linfático) encontram-se certos pontos focais através dos quais a energia se derrama no corpo físico, produzindo uma impressão e uma estimulação nos átomos do corpo, havendo assim um poderoso efeito sobre todo o sistema nervoso que o subjaz em toda a parte. O corpo vital ou etérico é a contraparte sutil do corpo físico, na sua estrutura nervosa e os centros de energia condicionam e controlam o sistema glandular. Desta maneira, energias, influências, potências e forças afluem ao corpo físico e passam através dele - conscientemente em alguns casos, inconscientemente na maioria deles - vindas dos três mundos da atividade e iniciativa humana. Quando o centro do coração e os centros da cabeça estão despertos e utilizados pelas forças internas e externas temos o começo da vida mística e oculta.

Há duas razões para este período de excessiva dificuldade:

1- O fio da consciência está ancorado na cabeça, na vizinhança da glândula pineal. O fio da vida encontra-se ancorado no coração. A transferência das forças (encontradas abaixo do diafragma) para o plexo solar e daí o coração e a cabeça traz as duas correntes principais de energia (uma vinda da Mônada através do corpo da alma até o centro do coração, e a outra vindo da alma diretamente até o centro mais elevado da cabeça), à atenção do místico. Ele torna-se então consciente das possibilidades da vida, do vasto campo que a consciência pode cobrir e da zona ou amplitude da sua capacidade. Este é o período de percepção interna.

2- O influxo da potencialidade planetária e solar que passa pelo centro da cabeça para o coração e daí aos outros centros. Este influxo produz:

a- Uma estimulação de todos os centros maiores e menores, levada a efeito de acordo com as tendências e influências de raio.

b- A revelação do bem e do mal, isto é, dos mundos de expressão da personalidade e da alma. Este processo dual continua simultaneamente.

c- A existência, portanto, da dualidade que, quando é realizada e quando fundidos os grandes opostos, (a alma e personalidade) pode produzir, e produzirá, a unificação.

O resultado desta compreensão na consciência, conduz inevitavelmente a lutas, conflitos e aspirações, além de contínua frustração; este processo produz ajustamentos que se deverão fazer à medida que o homem se torna cada vez mais consciente da meta e cada vez mais "vivo". A expressão de vida (o tríplice homem inferior) deve habituar-se aos novos níveis de consciência e às novas zonas de percepção que se abrem diante dele, e acostumar-se aos novos poderes emergentes que tornam o homem capaz de entrar mais facilmente nos mais vastos campos de serviço que ele descobre. Poderia dizer-se aqui, num sentido amplo e geral, que:

1- A estimulação produz o despertar dos poderes psíquicos inferiores, se a energia que entra se dirige ao plexo solar ou ao centro da garganta. Produz intensa atividade dos centros e, nas primeiras etapas, isto pode causar transtornos psíquicos definidos. Para ilustrar isto, desejaria indicar a natureza geral das dificuldades às quais o místico pode estar fisicamente propenso:

a- O despertar do centro da cabeça pode produzir sérias perturbações, caso se realize prematuramente, e às vezes pode conduzir mesmo à insanidade. A inflamação de certas zonas cerebrais e determinadas classes de tumores cerebrais podem ser provocados pela afluência demasiado rápida da mais elevada energia que o homem pode receber antes da iniciação. Contudo, isto só ocorre nos casos em que o homem for uma pessoa muito desenvolvida e é de tipo mental. Nos outros casos de influxo prematuro da alma, a energia é vertida através da abertura no alto da cabeça e encontra caminho para algum centro, de acordo com o tipo de raio ou estado de desenvolvimento. Onde a maior atenção da consciência do homem e a força da vida são focalizadas (ainda que de maneira inconsciente), para aquele ponto a energia que chega afluirá quase que automaticamente,

b- O despertar do centro ajna que é, como vimos, essencialmente o resultado do desenvolvimento da personalidade do homem que chega ao ponto de integração, pode (se as energias implicadas não forem corretamente controladas) conduzir a sérias dificuldades da visão, a muitas doenças da audição, a diversas formas de nevrites, dores de cabeça, enxaqueca e dificuldades nervosas em várias partes do corpo. Pode também produzir muitas dificuldades conectadas com a hipófise, e perturbações psicológicas que emanam desta importante glândula controladora, como também doenças físicas precisas,

c- O despertar do centro cardíaco (que se manifesta muito rapidamente nesta época) é responsável por muitas formas de afecções do coração e de várias dificuldades conectadas com o sistema nervoso, particularmente em relação com o nervo vago. A predominância de várias formas de doenças do coração, na atualidade, especialmente entre os intelectuais, profissões liberais e empresariais, deve-se ao despertar deste centro e à descoberta de uma capacidade não reconhecida, na humanidade, de prestar serviço em forma de grupo e ser consciente do grupo. A glândula timo, que controla de maneira peculiar o aspecto vida do homem, está estreitamente conectada com o centro do coração, como se poderia esperar. Esta glândula deve, eventualmente, tornar-se mais ativa no adulto do que é agora o caso, assim como a glândula pineal deixará de ser, nas próximas raças humanas, um órgão atrofiado com as suas funções verdadeiras, incompreendidas e não captadas, mas tornar-se-á uma parte ativa do equipamento do homem. Isto, lógica e normalmente, terá lugar à medida que o homem aprender a atuar como alma e não como personalidade.

d- Novamente, muitas perturbações que sentem as pessoas na atualidade devem-se ao despertar do centro da garganta. Este centro governa e condiciona a glândula tireoide e paratireoide. Pode produzir, quando é indevidamente desenvolvido ou despertado prematuramente, o hiper-tiroidismo, com as suas habituais perturbações e seus efeitos muitas vezes perigosos sobre o coração e o metabolismo do corpo. Os efeitos psicológicos são bem conhecidos. As dificuldades tornam-se crescentes e este centro criador superior é estimulado indevidamente, tornando-se um perigo em vez de uma ajuda no caso do celibato forçado de muitas pessoas, motivado pelas condições econômicas desfavoráveis. Estas condições são tais que as pessoas se abstêm do casamento e, em consequência, há falta de oportunidade para usar (ou usar mal) a energia que flui através do centro sacro. Os místicos estão analogamente propensos a esta dificuldade. O centro da garganta não é utilizado de maneira criadora, nem o centro sacro é empregado para os fins que lhe são próprios. A energia sacra é prematuramente elevada ao centro da garganta, onde produz uma estimulação intensa. O equipamento do homem em questão, não alcançou ainda o desenvolvimento necessário para que possa empregar-se num trabalho criativo em qualquer setor. Não há expressão criadora de qualquer ordem enquanto o desenvolvimento do homem não lhe permitir ser criador no sentido superior. O povo suíço, embora seja muito inteligente, não é criador nesse sentido. A energia que aflui através da glândula tireoide não é empregada na arte criadora, música ou letras, de qualquer maneira notável, e daí vêm os frequentes bócios e as perturbações da tireoide. Há uma grande quantidade de energia que flui através da glândula tireoide e, até agora, faz-se pouco uso dela.

e- A atividade e estimulação crescente do centro do plexo solar é hoje uma copiosa fonte de perturbações. Produz grande número de doenças nervosas a que são propensas particularmente as mulheres, e muitas doenças do estômago e do fígado, assim como dificuldades intestinais. Uma das mais poderosas fontes do câncer nas várias partes do corpo (exceto da cabeça e da face) pode ser esotericamente atribuída à congestão de energia no plexo solar. Esta congestão tem um efeito geral e difuso. Dificuldades que surgem pelo despertar dos centros do coração e do plexo solar (porque os dois estão intimamente ligados, e têm uma ação recíproca durante muito tempo na experiência mística) produzem também um efeito poderoso no sistema sanguíneo. Estão conectados com o princípio vida que é sempre "levado nas ondas do desejo" (assim como se diz nos antigos escritos) e isto, quando impedido da plena expressão devido à falta de desenvolvimento ou de outras causas, produz zonas cancerosas, em qualquer parte do corpo onde os tecidos do corpo sejam débeis.

f- O despertar do centro sacro é de origem tão antiga que não é possível agora traçar a verdadeira história do desenvolvimento das dificuldades conectadas com a expressão sexual, nem tão pouco é desejável. Tratei do assunto do sexo nos meus outros tratados, em particular em Um Tratado sobre Magia Branca. Chamo a atenção sobre este ponto, só porque, no curso da vida mística, há frequentemente um período de dificuldade sexual, se o místico não aprendeu a controlar o sexo, a menos que tenha assumido proporções equilibradas em relação a outras atividades e instintos naturais na sua consciência. Ou então, quando atinge o cimo do contato espiritual e leva a energia da sua alma à personalidade, esta energia desce diretamente ao centro sacro e não se detém como deveria fazer normalmente no centro da garganta. Quando isto ocorre, podem aparecer perversões sexuais, ou pode ser atribuída uma importância indevida ao sexo, ou pode ser estimulada perigosamente a imaginação sexual, conduzindo à falta de controle e a muitos transtornos conhecidos dos médicos e psicólogos. O resultado é sempre uma atividade exagerada, da vida sexual de alguma forma.

g- O despertar do centro da base da coluna vertebral durante as últimas etapas da experiência mística superior traz consigo os seus próprios perigos. Estes afetam definitivamente a coluna vertebral e consequentemente todos os nervos que se ramificam em todas as direções a partir da mesma. A ascensão da força kundalini - quando realizada prematura e ignorantemente - pode queimar rapidamente o tecido protetor de matéria etérica que separa as várias áreas do corpo (controladas pelos sete centros) umas das outras. Isso é a causa de sérias perturbações nervosas, inflamação dos tecidos, doenças da coluna vertebral e perturbações cerebrais.

Dei a entender algumas das dificuldades, esforçando-me por dar uma ideia geral dos problemas do místico.

2- A utilização de um centro. Permitam-me explicar esta frase. Certas dificuldades surgem também quando um centro é utilizado a tal ponto que a atenção é retirada da atividade dos outros centros, que são, assim, negligenciados. Desta maneira, são zonas inteiras da consciência que deixam de ser temporariamente reconhecidas. Deve-se recordar que a meta de todos os esforços do místico deveria ser alcançar um desenvolvimento completo que assegure a utilização sequencial, correta e de acordo com os métodos apropriados ao raio correspondente, de todos os diferentes centros. Muitas pessoas, contudo, (quando um centro está despertando e é subjetivamente estimulado) verificam imediatamente que a utilização do centro constitui a linha de menor resistência; em consequência, começam a funcionar quase exclusivamente por meio deste centro. Isto pode ser claramente ilustrado por dois exemplos.

O centro do plexo solar está, nesta época, muito ativo entre os homens e mulheres de todos os lugares. Em cada país, milhões de pessoas são hipersensíveis, frequentemente tão emotivas que chegam à histeria, cheias de sonhos, visões e temores, e altamente nervosas. Isto provoca várias perturbações gástricas, indigestão, desordens e doenças de estômago e fígado, e males intestinais. A tudo isto a raça está hoje extremamente propensa. A estes males juntam-se, por vezes, todos os germens de erupções de pele. A causa é dupla:

a- A hiperestimulação do centro do plexo solar pela sua utilização praticamente exclusiva, e pelo consequente influxo de forças provenientes do plano astral, para o qual o plexo solar é a ampla porta aberta.

b- A utilização crescente e constante deste centro à proporção que o seu ritmo e vibração se tornam demasiado poderosos para controle. O homem então sucumbe à tentação para focalizar o interesse e atenção da sua vida no mundo astral, e a fazer isto com consciência, interesse e resultados fenomênicos cada vez maiores.

O homem é, portanto, uma vítima de forças que de outra maneira produziriam a acumulação do "que é inferior" e a sua necessária transferência para aquilo que é superior. Isto serviria então a um propósito necessário, mas - no caso que estamos considerando - todas essas forças estão concentradas na região central do corpo, que está destinada a ser simplesmente um agente distribuidor "do que está em baixo para o que está acima". Em vez disto, há um formidável turbilhão de forças que não só produzem perturbações físicas de várias ordens (como se explicou anteriormente), mas que é também uma fonte fecunda de clivagens, de que a psicologia moderna se ocupa atualmente. São tão poderosas as forças geradas pelo uso exagerado do plexo solar (que é um dos mais poderosos de todos os centros) e através da consequente afluência de forças astrais de toda a índole - aumentando assim as dificuldades - que, eventualmente, assumem o controle completo da vida. As forças situadas abaixo do diafragma e as que estão acima tornam-se separadas, devido a este vibrante e poderoso centro de força. Clivagens, miragens, ilusões, alucinações, transtornos nervosos de toda a espécie, e dificuldades de natureza física que envolvem, sobretudo os instintos, o fígado e o pâncreas são apenas alguns dos problemas que surgem do uso incontrolado do centro do plexo solar. O homem torna-se controlado por este, em vez de ser o fator controlador, como está destinado a ser.

A segunda ilustração tem relação com o desenvolvimento do centro do coração, com o seu reconhecimento da vida grupal e a consequente responsabilidade grupal, cujo rápido aumento vem sendo dualmente observado por toda a parte. Os estudantes têm tendência para crer que o centro do coração e os seus consequentes reconhecimentos grupais devam ser expressos em termos de religião, de amor e de divindade. Eles fazem disso, portanto, alguma coisa espiritual, tal como esta palavra é mal usada e interpretada pelo homem religioso ortodoxo. Mas é muito mais que isso. O coração está ligado com o aspecto vida porque é aí a sede do princípio da vida e é onde se encontra ancorada a energia da vida. Está conectada à síntese, à Mônada e com tudo aquilo que é mais que o eu separado. Qualquer grupo dirigido e controlado por um só homem ou um grupo de homens, quer seja uma nação, uma instituição comercial ou uma organização de qualquer natureza (como por exemplo um hospital) está conectado com a vida que se encontra no coração. Isto é ainda verdade, mesmo quando o motivo ou motivos são diversos e indesejáveis ou puramente egoístas. O magnata financeiro que maneja grandes interesses, em que inúmeras vidas dependem das contingências da empresa fundada e presidida por ele, está começando a atuar através do centro do coração. Daí a prevalência de certas afecções cardíacas às quais muitas pessoas de influência tão frequentemente sucumbem. O coração é hiperestimulado pelo impacto das energias que se derramam no homem que está submetido - entre outras coisas - aos pensamentos dirigidos daqueles que estão ligados com essa organização. Pode-se, portanto, compreender a razão porque os membros mais velhos da Hierarquia, Que trabalham por meio do coração e do centro da cabeça, se mantêm afastados da vida pública e de muito contato humano. Estas duas ilustrações podem ajudar a esclarecer as mentes dos nossos leitores sobre o sentido em que usei aqui o termo "utilização de um centro".

3- No período de transferência em que as forças do corpo estão num estado de fluxo e de mutação anormais, é óbvio como pode haver perigo para o místico e para o discípulo, e como podem ser graves os resultados de uma transferência, quando forçada, em vez de seguir o curso natural da evolução. Isto explica, parcialmente, a sublevação e o caos do mundo presente. As forças que fluem através das massas humanas de inteligência comum hoje em dia (e por isto se entendem os homens educados e capazes de reconhecerem as notícias mundiais e de discutir os acontecimentos e suas tendências) constituem o campo experimental de transferência de energia do centro sacro para o plexo solar. Isto conduz inevitavelmente à agitação, hiperestimulação, revolta e muitas outras dificuldades.

Por conseguinte, os problemas são numerosos, mas podem ser solucionados. Que isto não seja esquecido. Todo o tema é vasto, mas muitas mentalidades hoje procuram ocupar-se deles, e trabalham desinteressada e altruisticamente para produzir as mudanças necessárias, para uma melhor compreensão da natureza física e psicológica do homem, e para uma nova abordagem tanto da religião quanto da educação. Quando a abordagem mística e suas consequências - boas e más, materiais e espirituais - forem melhor compreendidas, graças ao estudo e experimento, chegaremos a uma compreensão mais completa do nosso problema, e a um melhor programa para o desenvolvimento humano.

Desejaria destacar que estou empregando as palavras "místico e misticamente" nesta parte do nosso tratado porque desejo que, o que tenho a dizer, vá de encontro ao interesse daqueles que reconhecem a realidade da aproximação mística de Deus e da vida mística da alma, mas que recusam ainda alargar o conceito de modo a incluir também a abordagem intelectual da divina identificação.

As notas-chaves que o místico reconhece no presente e que o escritor c o pensador religioso estão prontos a admitir, são os do sentimento c sensibilidade à existência divina e o reconhecimento de uma visão de Deus, suficientes para satisfazer as necessidades individuais e proporcionar assim alívio, paz, compreensão e a percepção da divindade interna e externa, além da relação do homem com certo fator externo chamado Deus ou o Eu, ou o Cristo. Esta atitude é sempre colorida por um sentimento de dualidade; conduz à realização da união - uma união de que as relações de casamento são ainda o melhor símbolo e ilustração, como os escritos dos místicos de todos os tempos e de todas as nacionalidades podem testemunhar, e que ainda preserva a consciência das duas identidades.

As notas-chaves da vida oculta têm sido (e com razão) as notas do conhecimento, da abordagem mental do problema da divindade, do reconhecimento da imanência divina e do fato de que "assim como Ele é, assim nós somos". Não há, contudo, qualquer sentido de dualidade. A meta é a realização de uma identificação de tal modo aprovada e apreciada que o homem torna-se no que ele é - um Deus e, eventualmente, Deus em manifestação. Isto não é o mesmo que a união mística. E contudo, todo o tema é místico e inerentemente subjetivo. Tempo virá em que o místico apreciará e seguirá o caminho da cabeça e não só o do coração. Aprenderá a compreender que deve perder o sentido do Bem-Amado no conhecimento de que ele e o bem-amado são um e que a visão deve desaparecer, e desaparecerá, à medida que a transcenda (note-se esta frase) nos processos maiores de identificação através da iniciação.

O ocultista, por seu turno, deve aprender a incluir a experiência mística numa consciência plenamente compreensiva como um exercício de recapitulação, antes de transcendência e passar a uma síntese e inclusividade para a qual a abordagem mística não é senão o começo, e da qual o místico mantém-se inconsciente.

O místico é muito inclinado a crer que o ocultista superestime o caminho do conhecimento e repete sem hesitação que a mente é a assassina do real, e que o intelecto não lhe pode dar nada. O ocultista é igualmente inclinado a menosprezar o caminho místico e a considerar o método místico como "jazendo muito atrás dele". Mas ambos devem aprender a trilhar o caminho da sabedoria. O místico deve chegar, e chega inevitavelmente, a ser ocultista e isto quer goste ou não do processo. Ele não tem como escapar disto, o que ocorrerá com o tempo, mas o ocultista não o será verdadeiramente enquanto não recuperar a experiência mística e a traduzir em termos de síntese. Observem a estrutura das palavras que emprego neste último parágrafo porque servirão para elucidar o tema. Utilizo as palavras "místico e misticamente" nesta parte do tratado, para descrever o homem inteligente, altamente mental e os seus processos no Caminho do Discipulado.

Ao tratar dos problemas e doenças dos místicos que estão no ponto de sua evolução, em que realizam uma das principais transferências da força, deve-se observar que, nas primeiras etapas, pode-se passar um grande período de tempo entre o primeiro esforço realizado para transmutar e transferir as energias e aquela determinada vida, em que são finalmente reunidas e "ascendidas", como o termo esotérico usualmente empregado tecnicamente expressa. E neste ponto de atividade focalizada (em lugar dos esforços anteriores fluídicos e espasmódicos) que se encontra um ponto bem definido de crise na vida do místico.

Muitas vezes é feita a pergunta: Por que existem frequentemente tantas doenças, perturbações nervosas e diversas condições patológicas entre os santos do mundo e aqueles que estão claramente orientados para a luz? A resposta é que a tensão sobre o veículo físico pela mudança das forças é em geral excessivamente grande, produzindo assim essas condições indesejáveis. Estas são muitas vezes agravadas pelas coisas insensatas feitas pelo aspirante quando procura controlar o seu corpo físico. Contudo, é muito melhor que os resultados indesejáveis que se produzem o sejam antes no corpo físico do que nos corpos astral e mental. Este ponto é raramente compreendido e daí enfatizar-se a ideia de que o mal estar, a falta de saúde e as doenças indicam erros do indivíduo, faltas e os assim chamados pecados. Podem ser tudo isso, bem entendido, mas no caso do aspirante sincero, que se esforça por disciplinar e controlar a sua vida, não são muitas vezes devidos a estas causas. São o resultado inevitável do choque de forças - as das energias despertadas que estão em processo de elevação, e as do centro para onde as energias são conduzidas. Este choque provoca tensão, mal-estar físico e (como vimos) muitas espécies aflitivas de desordens.

As doenças generalizadas e a má saúde que se encontram atualmente por toda a parte são causadas por uma transferência maciça que está sendo levada a cabo sem cessar pela raça. Através desta transferência, o centro do plexo solar é posto em atividade anormal, liberando assim forças astrais de toda espécie na consciência do homem - medo, maus desejos e muitas das características emocionais que estão causando tanta angústia nos indivíduos. O processo é o seguinte: primeiramente, a consciência registra as impressões astrais, depois formulá-las em pensamentos-forma e - como a energia segue o pensamento - estabelece-se um ciclo vicioso, envolvendo o corpo físico. Na agitação provocada consequentemente por estas forças que se entre chocam, as quais estão

a- ascendendo ao plexo solar.

b- derramando-se no plexo solar, provindas do plano astral.

c- reagindo ao poder magnético atrativo dos centros superiores,

a vida interna do homem converte-se num turbilhão de energias em conflito, com efeitos desastrosos sobre os intestinos, fígado e nos outros órgãos que se encontram abaixo do diafragma. O místico, como é bem sabido, frequentemente é dispéptico, o que nem sempre é causado por uma má alimentação e maus hábitos físicos. Em muitos casos, isto é provocado pelos processos de transferência que estão sendo produzidos.

Uma das dificuldades que tendem também a aumentar a tensão é a incapacidade do místico comum de divorciar a sua mente da sua condição física. A energia segue inevitavelmente o pensamento, e onde haja uma zona afetada, aí a mente parece lançar toda a sua atenção, o que não melhora a situação, mas pelo contrário, a faz piorar constantemente. A melhor regra mental dos místicos deve ser manter a mente definitivamente afastada e para cima da região onde se efetua a transferência, exceto nos casos em que se estão empregando métodos esotéricos para forçar a aceleração e facilitar os processos de elevação. Então, (sob correta direção e orientação, além de um conhecimento das regras) o místico pode trabalhar com o centro em questão, na coluna vertebral. Procurarei explicar esta técnica acadêmica numa instrução posterior, mas, antes de mais nada, quero ocupar-me das dificuldades psíquicas do místico, dado que estas e as físicas provêm ao mesmo tempo da mesma causa básica, e podem ser equilibradas e controladas com o mesmo conhecimento oculto e psicológico corretos.

As doenças de que estamos falando são, portanto, resultado de inúmeras causas, e seria talvez útil que as enumerássemos aqui, recordando-lhes que os centros que se encontram ao longo da coluna vertebral e na cabeça, governam determinadas zonas do corpo. Estas são afetadas e controladas pelos centros e é nestas zonas que se devem procurar indicações de perturbação.

Falando de forma geral, as doenças podem agrupar-se em cinco categorias principais, mas só nos ocuparemos da última. Os cinco grupos de doenças são:

1- Doenças hereditárias:

a- Inerentes ao próprio planeta e tendo um efeito definido sobre a humanidade pelo contato com o solo e a água.

b- Desenvolvidas na humanidade durante épocas passadas e transmitidas de geração em geração.

c- Características de determinada família e herdadas pelo membro dessa família como parte do seu carma escolhido. Há almas que nascem em certas famílias devido a esta oportunidade.

2- Doenças invocadas por tendências no próprio homem. Estas são governadas pelo seu signo astrológico - quer seja o seu signo solar ou o seu signo do ascendente, e serão examinadas mais tarde.

3- Doenças contagiosas (epidêmicas ou endêmicas) que têm origem no grupo e envolvem o homem como uma parte do carma grupal mas frequentemente sem relação com o seu carma pessoal.

4- As doenças contraídas e os acidentes resultantes de ações insensatas ou hábitos imprudentes nesta vida e que condicionam definitivamente o seu carma futuro. Poderia aqui dizer-se algo interessante relativo a acidentes. Frequentemente estes são causados pelo que poderíamos considerar como "explosões de força". Estas são geradas por um homem ou por um grupo de seres humanos, pela ação do ódio, inveja ou espírito de vingança, influências que reagem ou são "devolvidos" contra a vida do indivíduo como um "bumerangue".

5- As doenças dos místicos, de que nos ocuparemos agora. Falando genericamente, estas são causadas pela energia de um centro inferior despertado e ativo que se encontra em processo de transferência para outro superior. Isto efetua-se em três etapas, e cada uma delas acarreta as suas próprias dificuldades fisiológicas,

a- A etapa em que a energia do centro inferior se torna intensamente ativa antes da sua elevação. Isto produzirá hiperatividade dos órgãos da região física governada pelo centro, com consequente congestão, inflamação e geralmente doença.

b- A etapa em que os "processos de elevação" estão sendo efetuados, produzindo uma atividade intensa no centro superior e diminuindo a atividade no centro inferior. Sobrevém um período de fluidez em que as forças oscilam, indo e vindo, entre os dois centros, o que explica a vida irregular do místico, nas primeiras etapas do seu desenvolvimento. Este é particularmente o caso em conexão com o plexo solar. A energia é primeiramente rejeitada pelo centro mais elevado, é em seguida reabsorvida pelo centro inferior, para ser elevada repetidas vezes, até que o centro superior a absorva e a transmute.

c- A etapa em que a energia é definitivamente elevada para o centro mais elevado. Isto leva a um período difícil de ajustamento e tensão, provocando novamente males físicos, mas desta vez, na área controlada pelo centro mais elevado.

Quando, por exemplo, a energia do centro sacro é elevada ao plexo solar, aparecerão indisposições implicando, como já assinalamos, o trato intestinal. Quando a energia dos centros que se encontram abaixo do diafragma (mas não ao longo da coluna vertebral) são elevados ao centro do plexo solar, surgem perturbações que abrangem frequentemente a vesícula biliar e os rins. Falando em sentido oculto, qualquer processo de elevação ou "levantamento" implica automaticamente em "morte'. Esta morte afeta os átomos dos órgãos implicados e origina as etapas preliminares de má saúde, doença e ruptura, porque a morte não é mais do que uma disrupção e uma retirada de energia. Quando a ciência da transferência da energia de um centro inferior para um centro mais elevado for compreendida, então projetar-se-á luz sobre todo o problema da morte e a verdadeira Ciência da Morte virá à existência, libertando a raça do medo.

Os estudantes fariam bem em deterem-se nesta etapa e considerarem cuidadosamente os seguintes pontos:

1- Quais são as zonas controladas pelos cinco centros ao longo da coluna vertebral e pelos dois centros da cabeça.

2- Os três pontos principais de transferência - o plexo solar, o centro da garganta e o centro da cabeça, como pontos de transferência, só concernem ao iniciado.

3- A condição fluídica e instável produzida pelos processos de despertar, da transferência e da focalização da energia no centro mais elevado. Estas três atividades principais são condicionadas por etapas intermediárias, a saber:

a- A radiação ativa do centro inferior.

b- A resposta do centro inferior à atração magnética do centro superior.

c- O jogo recíproco sucessivo entre o centro superior e o centro inferior, condicionado primeiramente por rítmica repulsão e atração. Isto é um reflexo do jogo das dualidades na carreira do ser humano.

d- Isto é seguido por uma concentração da energia inferior no centro superior.

e- Segue-se então o controle do centro ou centros inferiores pelos pontos focais superiores de energia e a sua rítmica interação. Entre todas estas diferentes etapas ocorrem "pontos de crise" de maior ou menor importância. Esta intensa atividade interna que tem lugar todo o tempo na vida subjetiva da humanidade, produz bons e maus efeitos, e reações psicológicas e fisiológicas. Hoje, a transferência maciça de forças do centro sacro para o plexo solar é responsável por muitas das incapacidades modernas e físicas da raça. Devido também à lenta remoção, em escala racial, da força do sacro para o plexo solar, está surgindo como resultado, uma condição que por vezes se denomina "suicídio racial", e que exige esforços dos diferentes governos para compensar nos seus países o rápido decréscimo da natalidade.

O resumo dado acima, acerca da tríplice atividade prosseguida continuamente no corpo humano, dará alguma ideia da tensão sob a qual o homem trabalha, e explicará, portanto, grande parte do mal-estar e doenças que se manifestam nessas áreas do corpo humano governadas e controladas por um determinado centro. Desejava juntar os seguintes pontos às informações dadas acima:

1- A intensa atividade do centro sacro produzirá muitas vezes doenças e anormalidades fisiológicas, conectadas com os órgãos de reprodução (quer masculinos quer femininos). Tais dificuldades são de dois tipos:

a- Aquelas a que a humanidade está propensa e que são bem conhecidas pelos médicos, cirurgiões e psicólogos,

b- Aquelas que são o resultado da hiper-estimulação, devido ao sucesso no esforço do místico para fazer descer a energia dos centros mais elevados e de fontes que estão totalmente fora da estrutura humana.

2- Em todos os casos de transferência, a intensa atividade produzida causará toda espécie de tensões e reações, resultando em congestões, inflamações e doenças dos órgãos vitalizados. Isto é particularmente o caso hoje em dia em relação aos centros sacro e plexo solar. As glândulas - maiores e menores, endócrinas e linfáticas - que se encontram na zona abdominal, são poderosamente afetadas, e devido à sua hipersensibilidade ou "deficiência causada pela abstração" (como é esotericamente chamado) constituem uma fértil fonte de dificuldades.

3- A atividade do centro do plexo solar nesta época, que é um resultado desta transferência, produz uma tensão anormal que caracteriza a raça. Esta tensão, no que respeita ao homem comum, controla o trato intestinal e as suas conexões, tanto acima com o abaixo do diafragma. No que se refere ao homem evoluído, produz tensão nos centros superiores, afetando definitivamente o coração e o vago nervo pneumogástrico. Deve observar-se que muitas das doenças inerentes à forma racial, para as quais a moléstia planetária predispõe o ser humano, são postas em atividade como resultado da estimulação do plexo solar. À medida que a humanidade se torne menos astral na sua consciência e que o plexo solar, portanto, se torne menos ativo e dominante, estas dificuldades várias desaparecerão. À medida que o centro do coração e os centros superiores assumirem o controle, as doenças como o câncer, a tuberculose, e as diversas moléstias sifilíticas (devidas à milenária atividade do centro sacro) desaparecerão gradualmente.

4- A atividade do centro cardíaco que:

a- atrai magneticamente as energias do plexo solar,

b- torna-se envolvida numa interação recíproca com o plexo solar, constitui uma fértil fonte de perturbações nervosas para o místico e o aspirante adiantado. O centro do coração afeta poderosamente o sistema nervoso autônomo, com tudo o que isso comporta, e que nós, só presentemente, começamos a compreender e a tratar com essas dificuldades. O esclarecimento virá quando se admitir, como premissa, a existência dos centros e as suas três "atividades de ação recíproca" - ainda que seja apenas como uma hipótese possível. A incompreendida glândula timo contém a chave de grande parte do que respeita à atividade e controle do vago - fato que não é ainda reconhecido. Mais tarde, a classe médica desenvolverá um processo cuidadoso e controlado com o objetivo de estimular a glândula timo e as suas secreções, o que conduzirá a um muito melhor funcionamento do sistema nervoso e do vago, que o controla. Não posso fazer senão alusão às suas possibilidades, presentemente, porque a premissa da existência fundamental dos centros de força não foi ainda reconhecida. É interessante notar, contudo, que o plexo solar (como um grande centro nervoso) é reconhecido, e isto é devido ao fato da grande massa da humanidade estar agora transferindo forças para aquele centro. É, para as massas, o principal recipiente de forças, provenientes de cima e de baixo do diafragma, e do meio ambiente.

5- A atividade do centro da garganta aumenta continuamente hoje em dia, devido à atividade criadora e ao gênio inventivo (que atrai o estímulo de energias superiores) e às concepções idealistas da intelligentsia do mundo. Esta atividade é responsável fisiologicamente por muitas das doenças das vias respiratórias. A energia é levada à garganta mas não é adequadamente utilizada, o que provoca congestão e consequências análogas. Mas, e isto é bastante curioso, um grande número das perturbações relativas ao conjunto do aparelho respiratório está vinculado às condições grupais. Delas me ocuparei mais adiante. Hoje em dia, a concentração da energia está produzindo sérios efeitos sobre a glândula mestra, a glândula tireoide. Esses efeitos rompem o equilíbrio do corpo físico e envolvem também as glândulas paratireoides. O metabolismo do corpo é transtornado, o que provoca as perturbações consequentes. A raça avança tão rapidamente no seu desenvolvimento que este centro fará, em pouco tempo, concorrência ao plexo solar na posição de ser o centro mais importante e de ser o maior armazém de distribuição de forças no corpo humano. Recomendo-lhes que estudem atentamente esta declaração porque é muito encorajador. Por outro lado, indica muitas mudanças fisiológicas, muitos problemas e, sobretudo, muitas dificuldades psicológicas.

6- Â atividade do centro ajna aumentará consideravelmente durante o próximo século, trazendo consigo seus próprios problemas consequentes. A sua estreita relação com a hipófise e a crescente interação entre

a- o centro ajna e a hipófise e

b- o centro do alto da cabeça (envolvendo a glândula pineal) e o centro ajna

provocarão sérios problemas relacionados com o cérebro e os olhos. O centro ajna focaliza a energia extraída dos cinco centros situados ao longo da coluna vertebral e é a sede do poder da personalidade. De acordo com a utilização feita deste poder e segundo a direção da força enviada para todo o corpo pela personalidade dirigida e integrada, assim serão afetados os órgãos do corpo. O plexo solar pode ser estimulado a partir daquele centro e produzir efeitos desastrosos; o centro do coração pode ser impulsionado para uma atividade indevida em razão da imposição da força da personalidade, e das energias deste centro se desviarem para baixo, focando-se de forma egoísta; o plexo solar pode ser de tal forma hipervitalizado que todas as forças da personalidade podem ser volvidas para baixo e subvertidas para fins puramente egoístas e separatistas, produzindo assim uma personalidade poderosa, mas - ao mesmo tempo - suspendendo temporariamente a vida espiritual do homem. Quando esta suspensão se produz, todas as forças do corpo que tinham "ascendido” são impulsionadas para baixo novamente, colocando o homem em relação com as fileiras da humanidade que trabalham através dos centros inferiores; isto tende a produzir uma poderosa e bem sucedida personalidade. E interessante notar que quando isto acontece, as energias - concentradas no centro ajna - lançam-se sobre o plexo solar ou sobre o centro sacro, e raramente, sobre o centro do coração. Este tem um poder muito próprio, só seu, para produzir o que se chama "isolamento oculto", porque o coração é a sede do princípio da vida. Neste caso o centro da garganta recebe estímulo, mas raramente em grau capaz de causar dificuldades. O homem é um poderoso pensador criativo, polarizado egoisticamente e com um contato emocional com as massas por meio do plexo solar. Sofre frequentemente também de alguma forma de forte complexo sexual.

7- A atividade do centro da cabeça é ainda pouco conhecida e há pouco de proveitoso no que eu possa dizer porque não acreditariam que eu estivesse falando a verdade. Este centro é o fator central da vida humana, mas a centralização das forças superioras e inferiores do corpo não está ainda localizada ali. Além de produzir hipertensão (tão comum na atualidade entre as pessoas mais adiantadas do mundo) e certas formas de perturbações cerebrais e desordens nervosas, observa-se principalmente o seu poder nos seus pronunciados efeitos psicológicos. Deles me ocuparei quando considerarmos e desdobramento dos poderes psíquicos, a evolução da visão mística e a revelação da luz e do poder. Este centro controla a glândula pineal e, consequentemente, certas áreas do cérebro. Também afeta de maneira indireta o nervo vago. A consciência e a vida, a sensibilidade e o propósito dirigido são as grandes energias que se expressam por meio deste centro, porque a consciência é uma forma de energia, como bem sabeis, e a vida é a própria energia.


b- Desdobramento dos Poderes Psíquicos

As forças responsáveis pelo despertar dos centros são muitas. A principal é a força da própria evolução, além do impulso, inerente e inato, em direção a uma maior inclusividade que se encontra em cada ser individual. Este aspecto secundário do princípio evolutivo requer uma análise cuidadosa. Temo-nos ocupado há demasiado tempo com o esforço para desenvolver o lado forma da natureza, de modo que se torne cada vez mais sensível ao seu ambiente, a assim construir um mecanismo cada vez mais aperfeiçoado. Mas a dupla ideia (deveria eu dizer o Fato, porque assim o é?) do desenvolvimento de uma capacidade crescente para a inclusividade e o fato da existência do fator interno, o Eu, que provoca este desenvolvimento contínuo, deve ser posta em relevo. Do ponto de vista do estudante ocultista há três ideias que estão por trás desta crença:

1- O fato do Habitante Interno, a Entidade dentro da forma que contempla a vida à medida que ela se desenrola, que desenvolve a consciência do ambiente e que se torna inclusiva - eventualmente até à síntese.

2- O fato da capacidade inerente (que existe em todas as formas de vida de todos os reinos) para progredir para uma maior inclusividade, passando de um reino para outro durante o processo de desdobramento.

3- O fato da humanidade constituir um ponto central a partir da qual essa inclusividade pode ser conscientemente desenvolvida. Até agora o desenvolvimento tem sido natural, normal e parte do impulso evolutivo. Isto ainda se mantém, mas o processo pode ser acelerado (e frequentemente é). A medida que o homem ganha controle sobre os seus processos mentais e começa a trabalhar (como consciente Morador Interno) para fins determinados.

Desejava que estes pontos fossem devidamente aclarados porque têm uma definida relação com o tema que concerne às dificuldades psíquicas do homem moderno. Tais dificuldades aumentam rapidamente e causam muita angústia nos que creem que o desenvolvimento dos poderes psíquicos inferiores seja um obstáculo ao verdadeiro desenvolvimento espiritual. Contudo, certos místicos consideram estes poderes como sinais da graça divina, e como garantias da realidade dos seus esforços. Outros creem que significam uma nítida "queda da graça". Portanto, parece-me que uma análise destes poderes, o seu correto lugar no caminho do desenvolvimento, e a compreensão da diferença entre os poderes superiores e inferiores será de real valor e permitirá aos estudantes no futuro procederem com maior segurança e conhecimento. Estarão assim mais precisamente seguros da natureza dos contatos dos quais se tornem conscientes e dos meios pelos quais estes contatos são abordados e obtidos.

A ideia principal que devem ter em mente é a do desenvolvimento da Inclusividade. Esta inclusividade é a característica, por excelência, da alma, ou eu, quer seja a alma do homem, a natureza sensível do Cristo cósmico, ou a anima-mundi, a alma do mundo. Esta inclusividade leva à síntese. Pode-se vê-la já em funcionamento num ponto nítido de realização no homem, porque o homem inclui na sua natureza todos os ganhos de passados ciclos evolutivos (em outros reinos da natureza e em ciclos humanos anteriores), além da potencialidade de uma maior inclusividade futura. O homem é o macrocosmo do microcosmo; os ganhos e os bens peculiares dos outros reinos da natureza são seus, tendo-se transformado em capacidades de consciência. Ele é, contudo, envolvido por um macrocosmo ainda maior, do qual faz parte, e deste Todo maior deve tornar-se progressivamente consciente. Deixem que esta palavra, Inclusividade, governe os pensamentos à medida em que lerem esta instrução que lhes dou sobre os poderes psíquicos e seus efeitos.

A outra ideia sobre a qual quero chamar a atenção é que o ser humano tem o poder de ser inclusivo em muitas direções, do mesmo modo que se pode traçar uma linha do centro de um círculo para qualquer ponto da sua periferia. Lembrem-se de que, durante uma larga parte da sua vida e durante a parte mais importante da sua experiência humana, ele permanece como o ator dramático, ocupando o centro do palco e aos seus próprios olhos, desempenhando o papel principal; está sempre consciente da sua atuação e das reações a essa atuação. Quando o homem era pouco mais que um animal, quando estava no estado a que chamamos de consciência lemuriana e na primitiva consciência atlante, ele vivia sem pensar; a vida decorria como um panorama diante dos seus olhos; identificava-se com os episódios retratados e não conhecia diferença entre ele próprio e o que lhe parecia estar no quadro que se desenrolava. Simplesmente olhava como espectador, desempenhava o seu pequeno papel, comia, reproduzia-se, reagia ao prazer e à dor, e raras vezes ou nunca, pensava ou refletia.

Depois vem o período, familiar para todos nós, em que o homem se torna o centro dramático do seu universo - vivendo, amando, planejando, consciente do seu público e do seu meio ambiente, demonstrando na sua máxima capacidade as últimas características atlantes e as atuais características. Está inteligentemente consciente do seu poder e de algumas das suas faculdades; é uma personalidade funcionante e (porque a mente controla, ou começa a controlar) os poderes do animal inferior e do psiquismo atlante que o tinham caracterizado, começam a desaparecer. Ele perdeu aqueles poderes inferiores e ainda não desenvolveu os poderes superiores. Daí a reação que se observa por toda a parte hoje em dia acerca de tais poderes como a clarividência, a claudiaudiência, etc.; daí a sua condenação conjunta como fraudulenta pela intelligentsia do mundo.

Depois vem a etapa mística em que o ser humano adiantado, o aspirante e o discípulo, torna-se firmemente consciente de outro reino da natureza a conquistar, o Reino de Deus, com vida e fenômenos próprios; registra a existência de outros poderes que pode desenvolver e utilizar, se o deseja e se está pronto a pagar o preço; reconhece que pode incluir na sua consciência uma outra e mais vasta esfera de ser, se ele permitir ser por ela conquistado.

Deduz-se pois, que há dois grupos de poderes latentes no equipamento humano - o grupo inferior que pode ser recuperado se ele julgar isso desejável, e o outro superior que deve ser desenvolvido. Estes dois grupos de poderes são:

1- Os antigos poderes e faculdades que a humanidade desenvolveu e possuiu em eras passadas e que foram relegados para aquém do limiar da sua consciência atual, a fim de desenvolver a mente e tornar-se assim um conquistador e uma personalidade.

2- Os poderes e faculdades superiores que são a prerrogativa da alma consciente. Estes são os grandes poderes a que Cristo se referiu, quando Ele prometeu aos Seus discípulos que um dia eles fariam coisas maiores do que as que Ele fizera.

Deveria recordar-se, contudo, que todos os poderes psíquicos são os poderes, faculdades e capacidades da Alma Una, mas que, no tempo e espaço, alguns são expressões da consciência animal ou da alma animal, outros são expressões da alma humana, e ainda outros são expressões da alma divina.

O seguinte quadro dos poderes psíquicos em desenvolvimento à medida que se fundem em consciência nos três reinos da natureza pode ser útil se for feito um estudo cuidadoso das suas inter-relações:

Animal Humano Divino
1-Os quatro instintos maiores Os cinco instintos maiores Os cinco instintos transmutados
a- Autoconservação Autoconservação criativa Imortalidade.
b- Sexo Sexo. Amor humano Atração.
c- Instinto de rebanho Instinto gregário Consciência de grupo.
d- Curiosidade Inquirição. Análise auto-afirmação Impulso evolutivo. Auto-controle.
2- Os cinco sentidos Os cinco sentidos Os cinco sentidos
a- Tato Tato. Contato Compreensão.
b- Audição Audição. Som Resposta à Palavra
c- Visão Visão. Perspectiva A visão mística.
d- Paladar (embrionário) Paladar. Discriminação Intuição.
e- Olfato (agudo) Olfato. Idealismo emocional Discernimento espiritual.
3-Poderes psíquicos inferiores Correspondências humanas Poderes psíquicos superiores.
a- Clarividência Extensão pela visão Visão mística.
b- Clariaudiência Extensão pela audição Telepatia. Inspiração.
c- Mediunidade Intercâmbio. Linguagem Mediação.
d- Materialização Invenção Criatividade.
e- Adivinhação Antevisão. Planejamento Previsão.
f- Cura por meio do magnetismo animal Cura por meio da ciência Cura por meio da magia espiritual.


Extratos do "Tratado sobre o Fogo Cósmico" pag. 188-196 (ed. ingl ). No. 1

Evolução Sensorial Microcósmica

Plano Físico 1- Audição gasoso
2- Tato, sensibilidade primeiro etérico
3- Visão superetérico
4- Paladar subatômico
5- Olfato atômico
Plano Astral 1- Clariaudiância  
2- Psicometria  
3- Clarividência  
4- Imaginação  
5- Idealismo emocional  
Plano Mental 1- Clariaudiência superior Forma
2- Psicometria planetária Forma
3- Clarividência superior Forma
4- Discriminação Forma
5- Discernimento espiritual Sem forma
Resposta à vibração grupal Sem forma
Telepatia espiritual Sem forma
Plano Búdido 1- Compreensão  
2- Cura  
3- Visão divina  
4- Intuição  
5- Idealismo  
Plano Átmico 1- Beatitude  
2- Serviço ativo  
3- Realização  
4- Perfeição  
5- Todo conhecimento  

Notar-se-á que não resumimos os dois planos de abstração nos planos átmico e búdico. Isso deve-se a que marcam um grau de realização que é propriedade dos iniciados de grau mais elevado do que o de adepto e que estão para além do conceito de unidade humana em evolução, para quem este tratado foi escrito.

Podemos aqui, com o objetivo de esclarecer, estabelecer um quadro com os cinco aspectos diferentes dos cinco sentidos nos cinco planos, para que as suas correspondências possam ser facilmente visualizadas, servindo- nos da tabela anterior como base:

a- O Primeiro Sentido - Audição

1- Audição física.
2- Clariaudiência.
3- Clariaudiência superior.
4- Compreensão (dos quatro sons).
5- Beatitude.

b- O Segundo Sentido - Tato ou Sensibilidade

1- Tato físico.
2- Psicometria.
3- Psicometria planetária.
4- Cura.
5- Serviço ativo.

c- Terceiro Sentido - Visão

1- Visão física.
2- Clarividência.
3-Clarividência superior.
4- Visão divina.
5- Realização.

d- Quarto Sentido - Paladar

1- Paladar físico
2- Imaginação.
3- Discriminação.
4- Intuição.
5- Perfeição.

e- Quinto Sentido - Olfato

1- Olfato físico.
2- Idealismo emocional.
3- Discernimento espiritual.
4- Idealismo.
5- Todo conhecimento.

Extrato 2.

A audição dá ao homem uma ideia de direção relativa, e permite-lhe estabelecer o seu lugar no esquema e localizar-se.

O tato dá-lhe uma ideia da quantidade relativa, e permite-lhe estabelecer o seu valor relativo em relação aos outros corpos estranhos a ele próprio.

A visão dá-lhe uma ideia da proporção, e permite-lhe estabelecer e ajustar os seus movimentos aos movimentos dos outros. 

O paladar dá-lhe uma ideia de valor, e permite-lhe estabelecer o que lhe pareça melhor.

O olfato dá-lhe uma ideia da qualidade inata, e permite-lhe descobrir que aquilo que o atrai é da mesma qualidade ou essência dele próprio.

Em todas estas definições é necessário ter em conta que o objetivo completo dos sentidos é revelar o não-eu e, portanto, permitir ao Eu diferenciar entre o real e o irreal.

Extrato 3.

Estes três sentidos principais (se assim os posso descrever) estão nitidamente vinculados com cada um dos três Logos:

Audição - O reconhecimento da quádrupla palavra, a atividade da matéria, o terceiro Logos.

Tato - O reconhecimento do sétuplo Construtor da Forma, a reunião, o ajuntamento das formas, a sua aproximação e inter-relação, o segundo Logos. A Lei de Atração entre o Eu e o não-eu começa a atuar.

Visão - O reconhecimento da totalidade, a síntese do todo, a realização do Um nos Muitos, o primeiro Logos. A Lei de Síntese, atuando entre todas as formas que o Eu ocupa, e o reconhecimento da unidade essencial de toda manifestação por meio da visão.

Extrato 4.

Audição - Beatitude.
Isto realiza-se por meio do não-eu.

Tato - Serviço.
A totalidade do trabalho que o Eu realiza em beneficio do não-eu.

Visão - Realização.
Reconhecimento da triplicidade necessária na manifestação, ou a atividade reflexa do Eu e do não-eu.

Paladar - Perfeição.
A evolução completada através da adequada conscientização e utilização do não-eu.

Olfato - Conhecimento Aperfeiçoado.
O princípio de manas na sua atividade discriminativa, aperfeiçoando a inter-relação entre o Eu e o não-eu.

Um estudo atento do que foi apresentado acima proporcionará ao estudante de mente aberta dois pontos básicos que faria bem considerar:

1- Que a natureza instintiva, tal como se desenvolve nos três reinos (animal, humano e divino) é, na verdade, aquilo que evolui etapa por etapa para o que chamamos consciência; é na realidade, o desenvolvimento de uma gradual expansão da capacidade de ser consciente do meio ambiente, qualquer que seja este meio. O instinto de rebanho no animal é, por exemplo, o desdobramento embrionário daquilo que, mais tarde, é reconhecido, pelo intelecto, como consciência grupal. Estes desenvolvimentos superiores realizam-se pela aplicação do intelecto e pela mudança do poder motivador. A mesma ideia pode aplicar-se em conexão com todos os instintos.

2- Que os poderes psíquicos inferiores, inerentes à natureza animal, são em cada caso indicações embrionárias das capacidades da alma.

Uma vez que esta ideia tenha sido captada, a atitude do cético e do incrédulo mudará e ele verá (à medida que estuda estes poderes inferiores) que, corretamente compreendidos e utilizados eles podem ser caminhos diretos de aproximação a certos estados de existência, mas são incidentais, e não substitutos, dos poderes superiores.

Desejaria apresentar dois outros pontos para sua consideração: Primeiro, que o homem ou mulher que expressa ou se interessa por tais poderes inferiores (que o filósofo oriental chama de siddhis inferiores) está demonstrando poderes verdadeiros. Não são, contudo, os poderes mais elevados possíveis, nem os poderes que a humanidade pretende expressar, exceto no ponto mais baixo da evolução, e portanto, intimamente ligados ao reino animal; ou no ponto superior, e neste caso, os poderes maiores, superiores, automaticamente incluem os inferiores. Os poderes psíquicos inferiores são compartilhados com o reino animal e com todas as raças humanas que se encontram nos degraus inferiores da escala da evolução humana.

Isto é um fato e uma afirmação que despertam grande antagonismo entre os atuais expoentes destes poderes, tanto dentro como fora dos movimentos espiritualistas e ocultistas. Tais pessoas são levadas a considerar esses poderes ora como condição espiritual adiantada, ora como uma posse rara e única, que coloca o seu possuidor como mais dotado, mais sábio e mais apto para aconselhar e dirigir os outros seres humanos, do que o homem comum. Esta atitude demonstra-se pelas enormes audiências que tais pessoas congregam à sua volta e a prontidão do público para os ouvir e pagar pelo privilégio e beneficio da demonstração e conselho.

Segundo, a dificuldade desta situação agrava-se porque, à medida que a evolução prossegue, certas pessoas mais ou menos adiantadas recuperam estas antigas tendências e capacidades animais, à medida que o seu poder de inclusão cresce; começam a expandir a sua consciência de modo que o passado e o futuro são trazidos para o campo da sua percepção. Estando cientes que aspiram às coisas superiores e ao mundo da realização mística (em contraposição ao da realização física), elas interpretam qualquer episódio que tenham captado clarividentemente, como pertencendo-lhes individualmente; consideram qualquer injunção clauriaudiente ou acontecimento como pertencendo-lhes exclusivamente, e alguma visão de um pensamento-forma de Cristo ou de um dos Mestres como indicativa de um contato direto e pessoal com estes líderes avançados. Entram assim no mundo da miragem e da ilusão dos quais terão que finalmente desembaraçar-se com grande dificuldade.

Poderei também chamar sua atenção para o fato de que as linhas de demarcação entre os estados de consciência animal, humano e divino não são tão nítidas como parecem no nosso quadro? O reconhecimento disto chamará a atenção para a complexidade do assunto e a dificuldade do nosso tema. Esta complexidade pode, penso eu, ser bem ilustrada por um estudo dos usos da palavra telepatia. Como é geralmente usada hoje, ela indica dois poderes:

1- Um registro instintivo de qualquer situação, de algum chamado ou impressão que se imprime no centro do plexo solar. Este poder de impressão não é controlado; não existe percepção mental intencional e supervisionada de uma mensagem dirigida; há apenas uma sintonização com um estado mental, ou uma condição e situação conectadas com aquele que é considerado como o expedidor da mensagem. Em nove casos em dez, esta mensagem é de aflição, irradia-se e produz os seus efeitos sem que o receptor tenha qualquer capacidade para provocar a recepção da mensagem. Uma ilustração disto pode ser o reconhecimento por parte de uma mãe de que um filho querido se encontra em perigo.

2- Uma foram de clarividência que permite ao homem ver o que está oculto, como o número dos símbolos de uma carta de baralho virada para baixo sobre uma mesa.

A verdadeira telepatia, contudo, é uma comunicação mental direta de mente a mente e, na sua expressão mais avançada, é uma comunicação de alma a alma, usando-se mais tarde a mente como um formulador da comunicação, como no caso da inspiração. E interessante notar (e instrutivo também em vista do nosso tema) que, quando há um verdadeiro registro telepático, os poderes inferiores podem ser elevados e utilizados num nível superior de consciência. Esotericamente é bem sabido que

a- Algumas pessoas simplesmente registram telepaticamente na sua mente a informação vinda de outra mente. O registro, assim como a comunicação, é sem palavras e sem forma. O receptor simplesmente sabe e o conhecimento dado toma forma na consciência sem nenhum estado ou grau intermediário. Isto é a telepatia sem forma.

b- Outras pessoas, instantaneamente, dão forma ao conhecimento que lhes foi comunicado; veem a mensagem, palavra ou informação aparecerem diante dos seus olhos, escritas ou impressas como se fossem postas sobre uma tela móvel, e vista dentro da cabeça.

c- Outras fazem descer a informação à forma pelo que ouvem.

Nos últimos dois casos, o homem verdadeiro está utilizando os seus poderes latentes inferiores, elevando-os a um nível tão alto quanto possível e subordinando-os ao uso da mente ou da alma. A diferença entre este emprego do poder de manifestação clarividente e claudiaudiente consiste em que neste caso há uma compreensão e controle mental plenos, e nos outros casos os poderes inferiores são empregados automaticamente, não são controlados, são ocupados com assuntos sem verdadeira importância e não são compreendidos de modo algum por aquele que os empregam.

O sentido básico, como bem sabem, é o tato. É esta a razão porque não coloquei a psicometria em nenhuma categoria particular no meu quadro dos instintos, dos sentidos e dos poderes. A psicometria é essencialmente a capacidade de trabalhar e de entrar em contato com a alma do agrupamento superior à qual a unidade no agrupamento inferior aspira, e com a alma que assim aspira em qualquer forma. Na realidade, a psicometria concerne à "medida" da inclusividade. Esta medida governa, por exemplo, a relação do cão ou outro animal doméstico com o ser humano, do homem com os outros homens, do aspirante com a sua alma, o seu mestre e o seu grupo. Quando esta inclusividade psicométrica é dirigida para o mundo das coisas tangíveis - minerais, posses e outros objetos materiais, por exemplo - tendemos a fazer dela um espetáculo mágico, cobrando dinheiro pela demonstração do poder psicométrico. Chamamos então a isso a ciência da psicometria. Contudo, é ainda o mesmo poder, quer seja dirigido para os reinos inferiores, ou utilizado para estabelecer o contato com os reinos superiores. Há três grupos de pessoas que usam os poderes psíquicos inferiores, seja consciente ou inconscientemente:

1- Aqueles cujo grau evolutivo é bastante baixo para permitir-lhes o seu uso automático.

2- Aqueles que trazem de outras vidas - da era adiante - a capacidade de ver e ouvir nos níveis astrais ou de "operar mágicas". Estes poderes são naturais neles, mas geralmente não são compreendidos nem controlados pelo conhecimento, e geralmente convertem o seu possuidor em vítima ou em explorador desses poderes.

3- O místico no caminho da visão que (por meio da energia proveniente da alma através da meditação e da aspiração) estimula o plexo solar ou o centro da garganta, abrindo assim a porta para o plano astral.

Em todos os casos o que se revela é o plano astral. Pode-se declarar aqui que, onde há cor, forma e fenômenos análogos aos encontrados no plano físico, ou uma réplica destes fenômenos, então o que é visto é o "fenômeno da duplicação" do plano astral. Quando se materializam formas no plano físico, vê-se a atividade conjugada dos planos astral e etérico; não se tem fenômenos no nível mental ou da alma. Deveriam recordar isto sempre. O plano astral é no tempo e espaço - e para todos os fins e propósitos - um estado de existência real, mais um mundo de formas ilusórias, criadas pelo próprio homem e pela sua imaginação criadora. Uma das principais lições que se deverá aprender no Caminho do Discipulado é o de saber distinguir o real do ilusório.

Então, o que vê e escuta o médium quando em transe ou ao fazer uma exibição de clarividência ou clariaudiência? Há várias possibilidades, tais como:

1- Uma revelação da "vida de desejos" da pessoa ou grupo a quem o médium se dirige. Esta vida de desejos toma forma na proporção da intensidade do desejo não expresso ou da capacidade mental da pessoa ou pessoas em questão.

2- Um reconhecimento, pelo médium, dos pensamentos-forma que se encontram na aura da pessoa no auditório ou círculo. Estes pensamentos-forma foram construídos durante certo tempo e são geralmente de uma pessoa muito amada ou profundamente detestada. São muitas vezes de aparência tão real que a pessoa pode reconhecê-los quando o médium os descreve e este pode, ao mesmo tempo, por um processo de telepatia (através do centro do plexo solar) tornar-se consciente das coisas de que a pessoa que está sentada deseja ouvir, que estarão conformes as maneiras, modos de falar e os pensamentos do amigo desaparecido ou vivo. Isto explica a qualidade medíocre das declarações e comunicações habituais que são feitas numa sessão. A maioria das pessoas que frequenta uma sessão não tem, geralmente, uma elevada inteligência, a menos que a pessoa lá esteja simplesmente como investigador.

3- Alguns raros casos, em que uma alma no caminho de retomo à encarnação ou imediatamente após a morte é impelida (por um propósito bom e justificado) a comunicar-se com um amigo ou um parente através de um médium. Tais casos são conhecidos e geralmente pressupõem mais do que uma inteligência mediana por parte do comunicador e do médium. São, contudo, casos excepcionais.

4- A revelação feita ao clarividente e clauriaudientc de grande parte do que acontece no plano astral, que corresponde ao que ocorre no plano físico e que está condicionado pela qualidade e envergadura das pessoas que constituem o círculo. O médium interpreta-lhes o que vê e isto provoca, geralmente, reconhecimento.

Não estou aqui lançando dúvidas sobre a sinceridade dos atos realizados, nem sobre os médiuns que nasceram com os dons da clarividência ou clariaudiência. Assinalo apenas que os fenômenos com que eles fazem contato são de natureza astral, e que qualquer pessoa que observasse uma reunião, do ponto de vista dos poderes psíquicos superiores, notaria à volta de cada membro do círculo um grupo de formas astrais (criadas por eles mesmos) daqueles que já morreram, daqueles que estão constantemente nos seus pensamentos, se bem que ainda vivos, e também de um processo caleidoscópico e cambiante de formas que aparecem e desaparecem (algumas muito nebulosas, outras bastante substanciais, de acordo com a força do pensamento), formas essas que concernem à vida de desejos do assistente, que estão relacionadas com os seus assuntos domésticos, seus negócios e sua saúde. O sensitivo sintoniza-os, relaciona-os com os pensamentos-forma presentes e daí resulta o sucesso habitual nas sessões ou com o público comum. O médium é verdadeiro e exato no relato do que vê e ouve e, portanto, é sincero e honesto; mas porque não recebe verdadeiro treinamento na arte de interpretar e na técnica de distinguir a ilusão da realidade, é forçosamente incapaz de fazer outra coisa que não seja descrever os fenômenos que vê e as palavras que ouve.

Contudo, quando o místico alarga estes mesmos poderes, como é algumas vezes o caso, os fenômenos que vê e as palavras que ouve podem ser de ordem muito elevada. Apesar disso são ainda manifestações astrais, porque se reportam a acontecimentos e fenômenos que se encontram nos níveis superiores do plano astral. Entra em contato com a vida de desejo espiritual ou religioso da raça e, de acordo com a tendência básica da sua aspiração individual nesse momento, assim serão os contatos. Se é um cristão esforçado e devoto verá um dos magníficos e vitais pensamentos- forma de Cristo que aí se encontram, e na maravilha desta revelação, o seu amor, a sua imaginação e tudo o que há de melhor nele, será evocado em adoração e mistério. Daí a origem dos escritos inspirados e das visões iluminadas do místico. Se ele é um hindu, pode ter uma visão do Senhor do Amor, Shri Krishana, ou se é um budista, poderá ver o Senhor da Luz, o Buda, em todo o Seu esplendor. Se é um estudante ocultista, ou um teósofo, ou um rosacruz, pode ter uma visão de um dos Mestres ou de toda a Hierarquia de adeptos; pode ouvir palavras que o convencerão além de qualquer dúvida de que os Grandes Seres o escolheram por especial privilégio e para desempenhar um serviço singular. E contudo, a sua consciência nunca saiu do plano astral e os seus contatos foram apenas uma maravilhosa e inspiradora manifestação dos fenômenos deste plano, revelados à sua visão e ouvido internos, graças à sua aspiração.

Tudo isto é ocasionado pela hiperatividade do plexo solar, estimulado pela energia que aflui das alturas que ele alcançou por meio da meditação aspiracional. Os resultados são de natureza muito emocional e as reações desenvolvidas, assim como o consequente serviço, encontram-se em níveis emocionais. Pode-se observar grande parte disto entre os instrutores do mundo que atualmente se encontram em muitos países. Tais instrutores foram e são verdadeiros aspirantes. Despertaram em consciência nos níveis superiores do plano astral. Viram ali pensamentos-forma que a humanidade criou da Hierarquia espiritual ou os reflexos nesses níveis dessa Hierarquia (um grupo ainda mais potente de pensamentos-forma) e ouviram repetições do que foi dito e pensado pelos aspirantes do mundo de todos os tempos - nos níveis astrais. Mas ainda assim, confundem o reflexo com a realidade, a reprodução com o original, e o que foi construído pelo homem com o que foi criado pela divindade.

Não esqueçam que o plano astral é onde o homem tem que aprender a distinguir o verdadeiro do falso, o real do irreal. Por isso aqueles que estão enganados estão somente aprendendo a lição necessária. O fato da existência do plano astral está sendo progressivamente reconhecido, e isto é bom. O fato da existência da Hierarquia espiritual e dos Mestres está sendo levado à atenção das massas, ainda que isso esteja sendo feito por aqueles que confundem o reflexo e o pensamento-forma com a realidade.

Cabe aqui perguntar. Como pode o místico evitar este erro e confusão? Como pode distinguir o real do ilusório? Isto constitui um problema individual para cada místico e não há nenhuma regra profunda e científica pela qual possa guiar as suas reações. As únicas regras que posso dar são tão simples que aqueles que estão ocupados presentemente a ensinar e a proclamar aquilo com que estabeleceram contato astralmente, poderão não gostar de segui-las. A atitude mental que protegerá o místico do erro e da ilusão astral é:

1- Cultivar um espírito de verdadeira humildade. Existe uma arrogância espiritual que se mascara por detrás de um manto de modéstia e que é muito comum hoje. Leva pessoas a considerarem-se como as escolhidas para salvarem o mundo; leva-as a julgarem-se como porta- vozes dos Mestres ou de Cristo; tende a tomá-las separatistas nas suas atitudes em relação a outros líderes e instrutores negando-se a reconhecer os muitos aspectos do trabalho uno e os muitos métodos que a Mente de Deus concebeu para chegar às massas.

2- A recusa em aceitar um contato ou mensagem com implicações da personalidade ou que coloque o recebedor em lugar privilegiado, tendendo assim a desenvolver um complexo de Messias. Agrada-me esta frase. É simples e concisa e ilustra dramaticamente o estado mental e descreve á natureza autocentrada da consciência de muitos instrutores da humanidade presentemente. O verdadeiro contato com a Hierarquia e a verdadeira sagração do serviço dado ao servidor comporta a convicção da existência de muitos servidores no Serviço uno, de inúmeros mensageiros levando a mensagem una, dos muitos instrutores, dos muitos aspectos da Verdade una, e dos muitos e vários caminhos de regresso ao Coração de Deus. Quando esta abrangente revelação acompanha o chamado ao serviço, então desenvolve-se o espírito de inclusividade e o homem pode estar seguro e convencido da realidade da sua visão e de que é verdadeiramente chamado a cooperar.

3- A libertação do fascínio emocional. O verdadeiro discípulo e místico está sempre mentalmente polarizado. A sua visão está livre das reações enganosas do centro do plexo solar. A sua visão desperta o centro do coração e evoca a resposta da energia da sua personalidade (focada no centro ajna) e produz oportunamente uma "centralização no lugar da luz". Isto indica a atividade crescente do centro da cabeça. Ele pode, mais tarde, fazer uso de apelo emocional controlado ao lidar com as massas mas ele próprio procura permanecer livre de qualquer controle emocional.

Estamos considerando o desdobramento dos poderes psíquicos que produzem no indivíduo condições consideradas pelo investigador ortodoxo como de natureza patológica ou indicadores de sérias perturbações psicológicas. Contudo, atualmente estamos perto do momento em que se reconhecerá o fato de que existem outros modos de percepção além dos sentidos físicos, e em que a atitude da medicina e das ciências psiquiátricas e neurológicas sofrerão mudanças - que muito ajudarão a humanidade. O desenvolvimento dos poderes psíquicos deve-se basicamente, no presente, (pois que à medida que a evolução avança todo o problema desloca-se para campos variáveis) ao fato do sensitivo tornar-se consciente de um campo ou campos de fenômenos que sempre estiveram presentes, mas que se mantêm geralmente desconhecidos, porque o mecanismo interno de percepção permanece latente ou passivo. No ser humano não desenvolvido ou em grupos de homens que estão muito abaixo na escala racial, assim como nos animais, há muita percepção psíquica porque o centro sacro motiva a vida no plano físico e o plexo solar governa a natureza psíquica. Nestes casos, os centros superiores estão inativos e não desenvolvidos O plexo solar é para os mundos de percepção psíquica inferior o que o cérebro está destinado a ser para os mundos da compreensão psíquica superior. No primeiro caso temos um centro de energia que está tão potente que mergulha o homem num estado de consciência fundamentalmente astral, regendo assim a vida sexual de um ângulo de consciência sensível; no segundo caso, há uma identificação tão estreita entre o centro da cabeça na matéria etérica e o cérebro de substância física que um órgão que é essencialmente físico funciona simpática, exata e sincronicamente com a sua contraparte subjetiva, registrando impressões provenientes do centro da cabeça e dos mundos com os quais esse centro põe o homem em contato. Os dois funcionam, então, como se fossem um.

Entre estas etapas, a da vida psíquica de uma ordem inferior e a percepção espiritual do iniciado, há todos os tipos possíveis de consciência sensível. Estes podem dividir-se em três categorias principais:

1- O desdobramento e utilização dos poderes psíquicos superiores e inferiores.
É a etapa do Psiquismo.

2- A evolução da visão mística.
É a etapa do Misticismo.

3- A revelação da luz e do poder.
É a etapa do Ocultismo.

Todas estas expressões do conhecimento divino estão conectadas com o desenvolvimento dos centros e deles são dependentes. Nos seres humanos de grau inferior, os centros não são mais do que discos de luz tênue que palpitam e giram lentamente. Nos dias da Lemúria, o centro sacro era o mais ativo e o mais brilhante. Nos dias da Atlântida, o plexo solar era de longe o mais importante. Hoje, como sabemos, os centros superiores correspondentes estão entrando em atividade funcional e a humanidade está começando a colher os benefícios derivados da experiência obtida das três raças - a Lemuriana, a Atlante e a Ariana.

Na maioria dos casos, o centro da garganta é agora o mais ativo e o mais significativo. Contudo, aproxima-se o tempo em que a humanidade atuará, cm ampla escala e como um todo, através do centro ajna; isto terá lugar na próxima raça, pois no próximo grande ciclo de desenvolvimento racial, não existirão pessoas com consciência lemuriana e a "atração" ou a atividade do centro sacro será enormemente diminuída e controlada. Isto já se pode observar atualmente entre a intelligentsia da raça. O estado de consciência atlante (que funciona principalmente através do plexo solar) será também grandemente diminuído à medida que desperte o centro do coração. A humanidade debater-se-á então com dificuldades e perturbações patológicas e psicológicas que se basearão em condições e influências de grupo e não tanto sobre o desenvolvimento individual do homem. O começo disto, na fase mais baixa, já se pode ver, no aparecimento atual do que é chamado "psicologia de massas" - coisa praticamente desconhecida (exceto nos centros urbanos) uns poucos séculos atrás. Agora isto influencia praticamente todo o planeta. A opinião pública, com sua influência condicionadora e determinante, constitui outra fase desse mesmo fator emergente.

O estado de consciência ariano, com a sua capacidade de coordenação e ênfase mental, controlará a massa das pessoas, porque na próxima raça o estado de consciência emocional atlante estará para a humanidade o que a lemuriana ou tipo de ordem inferior, é para a ariana nesta época. As massas entrarão então na categoria dos intelectuais, enquanto que os intelectuais de hoje serão os intuitivos de amanhã. Em linguagem mística isto significa que as massas estarão no caminho de provação, e a fina flor da raça estará no caminho do discipulado. Também será grande o número de iniciados e de adeptos encarnados para levar a cabo a exteriorização do trabalho da Hierarquia. O mundo estará então cheio de pessoas que serão personalidades totalmente integradas, com todas as virtudes (e consequentemente todos os vícios), ambições e problemas que estão ligados a esta etapa da consciência.

E por esta razão que a Hierarquia trabalha neste momento para conduzir à fecundação da raça pelo princípio cósmico do amor, de modo que o amor e o intelecto possam avançar de mãos dadas e assim equilibrarem-se mutuamente. É por esta razão que a realidade da existência da Hierarquia espiritual deve ser levada à atenção das massas. Isto deve ser feito com o fim de intensificar o poder magnético do aspecto amor do esforço hierárquico, e não para suscitar o medo ou intimidação porque isso pertence à antiga ordem e deve desaparecer. Poderia referir-me à atividade paralela das forças que trabalham para impedir a exteriorização da Hierarquia da Luz, pois que um acontecimento desta natureza significaria um acrescido poder - como já foi comprovado.

Como sabem, nos planos astral e mental existem centros chamados"centros escuros" porque a ênfase da sua atividade é posta no aspecto material da manifestação e na atividade da substância material; toda a energia encontra-se subordinada aos propósitos puramente egoístas. Como já antes declarei, as Forças da Luz trabalham com a alma que se encontra oculta em cada forma. Ocupam-se com os propósitos grupais e com a fundação do reino de Deus na terra. As forças da treva trabalham com o lado forma da expressão e com a fundação de um centro de controle que será inteiramente deles e que subjugará todas as formas viventes em todos os reinos ao seu comando específicos. E a antiga história, familiar, na fraseologia bíblica, dos reinos do mundo e do reino do Cristo, do poder do anti-Cristo e do poder do Cristo.

Isto alcançou um grande clímax dos dias de Atlântida e, ainda que a Hierarquia da Luz tenha triunfado, foi apenas por pequena margem. A batalha foi travada no plano astral, ainda que tivesse a sua correspondência no plano físico, num grande conflito mundial de que falam as antigas lendas. Terminou com a catástrofe do Dilúvio. As sementes do ódio e da separatividade foram desenvolvidas desde então e os três meios pelos quais as forças das trevas procuram dominar a humanidade são o ódio, a agressão e a separatividade. As três grandes contrapartes espirituais são o amor, a participação altruísta e a síntese.

Contudo, a influência das forças que trabalham contra o princípio do amor (como personificado na Hierarquia) não ganha terreno na atualidade porque a resposta da humanidade àquilo que é bom e sintético é muito mais rápida e mais geral do que foi há séculos passados. Há muitas razões para esperar que haverá uma firme queda deste controle indesejável. As forças das trevas são comandadas no plano físico por um grupo de seis líderes orientais e seis ocidentais; destes, os orientais são os mais poderosos porque racialmente são mais antigos e, portanto, têm mais experiência. Trabalham através de intensificação da miragem e da estimulação dos poderes psíquicos inferiores. O seu alvo particular de ataque, na atualidade, é o grupo de discípulos e iniciados do mundo, pois estes são responsáveis pela propagação do amor no mundo e pela fusão dos homens no espírito de unidade. Se conseguirmos evitar que as trevas triunfem agora na sua tarefa, será possível exteriorizar a Hierarquia e, deste modo, diminuir grandemente o controle exercido pelas chamadas forças do mal.

Se estas forças não podem induzir os discípulos onde quer que seja, à formação grupal ou individualmente, a que sucumbir a qualquer forma de miragem, então esforçam-se por utilizar a miragem grupal para neutralizar os esforços dos discípulos e para forçar aqueles com quem estes trabalham, a acreditar no mal, a impugnar os objetivos e a produzir histórias tão convincentes que o esforçado discípulo terá de combater só. Se não poder ser feito isto, então essas forças atacarão os corpos físicos dos trabalhadores e agentes da Hierarquia, e procurarão, por meio da dor produzida no corpo físico, controlar o rendimento do discípulo. Isto nem sempre tem êxito, dado que o Mestre pode dar, e muitas vezes dá, proteção ao Seu discípulo.

As forças das trevas trabalham, também, intensificando ou estimulando o mecanismo psíquico, de modo que os poderes psíquicos inferiores se desenvolvam e assumam prematuramente tais proporções que se tornem que se incontroláveis. Isto aconteceu em larga escala na época da Atlântida e conduziu à revelação completa, mas não compreendida, do plano astral. As suas forças indesejáveis foram então postas à solta no plano físico e isto levou à guerra entre as duas grandes escolas de mistérios - a da Luz e a das Trevas - que culminou com a destruição do mundo então conhecido.

Hoje estas potências, luz e trevas, lutam novamente pela expressão e supremacia no plano físico, mas desta vez o resultado é muito diferente. O esforço para produzir contato com a alma ou para o entravar, opera sob a forma de doenças nervosas e condições patológicas e isto afeta poderosamente a atividade grupal do homem. O esforço feito pelas forças das trevas para estimular os poderes psíquicos inferiores parece incapaz de atingir além, na matéria e fornia, do que os veículos etéricos e daí condicionar fisiologicamente o corpo físico sob a forma de doenças, lesões, desordens nervosas e transtornos cerebrais, e também sob muitas outras maneiras que deixam o ser humano sem defesa para enfrentar a vida diária e as condições do mundo moderno. Mas a natureza mental alcançou uma etapa útil de proteção e algumas das grandes barreiras protetoras que se levantam à volta da humanidade atualmente são o ceticismo e a recusa em reconhecer a existência e a utilidade dos poderes psíquicos. Isto é um ponto que deve ser lembrado.

Repeti várias vezes a expressão "o despertar prematuro" dos poderes psíquicos. Com isto refiro-me ao desenvolvimento anormal dos poderes de clarividência e da clauriaudiência, em que todos os níveis inferiores do plano astral aparecem revelados, embora o possuidor desses poderes não possa controlar os fenômenos do ouvido e da visão sutis, nem interpretar corretamente o que vê e ouve. No primitivo estado do animal ou do selvagem, estas faculdades são frequentemente normais e não há nenhuma reação mental e, portanto, não há qualquer tensão indevida sobre o sistema nervoso e o cérebro. Há o que poderíamos chamar uma aquiescência inócua e não emocional que é devida à falta completa do sentido interpretativo e da dramática atitude autoconsciente do homem que está começando a utilizar a sua mente. A partir do momento em que a "consciência do Eu" começa a predominar, então, a posse desses poderes psíquicos inferiores converte-se num obstáculo e numa complicação. Temporariamente, devem ser relegados para segundo plano, a fim de que o princípio mental possa afirmar o seu controle e que a vida da alma possa então fluir numa expressão ponderada e amadurecida no plano físico. Esta relegação dos poderes psíquicos para uma posição abaixo do limiar da consciência é o propósito do desenvolvimento planejado para a raça ariana.

Quero observar aqui que emprego a palavra "ariana" em contraposição à maioria das raças que se encontram na Ásia. Generalizando, podemos hoje classificar as raças em três grupos:

1- Os numerosos remanescentes dos povos atlantes ou 4a. raça-raiz, mais alguns remanescentes dos povos lemurianos - tão poucos que mal se percebem.

2- A raça ariana que compreende a civilização da índia, todos os latinos, os teutões, os nórdicos, os anglo-saxões e seus vários ramos.

3- um grupo que enlaça as raças orientais e a raça ariana e que chamamos semítica. Esta raça não é puramente oriental ou ariana.

Os judeus representam um grupo em que o princípio de separação está profundamente presente. Há séculos insistem com determinação e em obediência às injunções do Velho Testamento, em considerarem-se um povo à parte. Há muito tempo mantêm-se apartados dos outros povos do mundo. O resultado é que estão agora evocando nas outras raças, entre as quais se encontram disseminados, o desejo correspondente de manter esta separação sobre eles. Segundo a lei, atraímos da parte dos outros o que precisamente está presente em nós e, de acordo com esta lei, as raças e as nações não são exceção. Mediante a inter-relação dos judeus e gentios, de semitas e arianos, e através da solução do problema judaico terminará finalmente a grande heresia da separatividade.

A raça ariana não está destinada a ser uma raça psíquica. A sua meta consiste em fazer predominar a natureza mental, isto não poderia ter lugar se a "corrente" das forças, afluindo ao mecanismo humano, fosse em direção do plexo solar - centro principal que comanda o desenvolvimento do psiquismo inferior. Do mesmo modo que certas transferências têm hoje lugar entre os centros que se encontram abaixo do diafragma para os que se situam acima dele, também o plexo solar (que é como o cérebro controlador no animal e no homem físico-emotivo), deve finalmente deixar de controlar as atividades do ser humano e o cérebro deve tornar-se o centro diretor. Falando mais uma vez genericamente, há três fatores principais controladores na vida do ser humano:

1- O plexo solar, que corresponde à etapa em que a atividade das forças é física-etérica-astral.
É a etapa do desenvolvimento psíquico.

2- O centro ajna, entre as sobrancelhas, correspondente ao período de integração e controle da personalidade, em que certas regiões do cérebro se tornam sensibilizadas e utilizadas.
É a etapa do desenvolvimento mental.

3- O centro da cabeça que abarca toda a zona do cérebro, à volta da glândula pineal, em que o homem espiritual assume o controle.
É a etapa do controle da alma.

E nesta última etapa, quando entram em atividade as faculdades psíquicas superiores, que podem então ser novamente usados os poderes inferiores, se for considerado desejável. O iniciado tem pleno controle de todas as faculdades e poderes, e sabe ao mesmo tempo, quando e como utilizá-los da forma mais proveitosa e com o menor dispêndio de energia. Deve-se notar, contudo, que o psíquico moderno comum ou médium não entra nesta categoria, pois os iniciados e os Mestres utilizam os Seus poderes discretamente, por detrás dos bastidores, e não para demonstrações públicas. A maioria dos psíquicos de hoje são trabalhadores do plexo solar, embora alguns - muito poucos - comecem a transferir as suas forças para o centro ajna e a desenvolver as faculdades mentais. Isto tem um efeito integrador, e temporariamente é marcado por uma completa e necessária cessação dos poderes inferiores. Neste sentido "a mente é a assassina do real", mas só do relativamente real. O que parecia real e importante ou interessante e excitante para o psíquico comum, é finalmente levado para abaixo do limiar da consciência pelo desenvolvimento da mente.

È este período de transição, necessário no caso de muitos psíquicos modernos, que se encontra na raiz de certo número de indiscutíveis dificuldades. São confrontados com problemas que não podem resolver nem compreender, pois não possuem experiência nem compreensão de práticas ocultistas. Chegaram a um ponto onde os velhos métodos devem ser abandonados, enquanto que as novas técnicas de vida e de prática para eles nada significam. Devem enfrentar um futuro sem os fenômenos que fizeram o passado tão agradável, interessante e frequentemente remunerativo, e isto não os atrai. Contudo, na realidade, estão diante da transição de um estado de consciência atlante para o mais alto estado de consciência ariana. É-lhes oferecido um passo à frente; e precisam lembrar-se que cada passo na evolução, e portanto para a meta espiritual, tem sempre o seu preço e este é o da renúncia daquilo que até então fora amado.

As dificuldades psíquicas, que eventualmente são muitas, dividem-se em três categorias:

1- Aquelas que surgem do despertar prematuro dos centros. Nestes casos, o psíquico não tem controle algum sobre seus poderes. Sabe simplesmente que vê e ouve aquilo que o homem comum não pode ver nem ouvir. O seu problema é viver, consciente e simultaneamente, nos planos físico e astral. Não pode deixar de ver e ouvir e sua vida se torna muito complexa e complicada. Onde há este despertar prematuro no caso do homem intelectual, isto produz frequentemente grandes dificuldades, tensão nervosa, transtornos cerebrais e sempre incompreensão por parte dos que o rodeiam. Muitas vezes há uma nítida tendência para a insanidade. No caso de uma pessoa comum, não inteligente, há geralmente uma tendência para a ênfase da vida no plano astral, afastado do plano físico, plano onde se pretende que os homens expressem tudo o que está neles. O psíquico vive então inteiramente no mundo da fascinação e dos fenômenos psíquicos inferiores. O que ele vê e descreve é o que observou verdadeira e sinceramente, mas não revela nenhuma capacidade interpretativa. Raramente é de ordem elevada porque o psíquico não possui ele mesmo uma mentalidade ou influência dessa ordem.

2- As que provêm de uma conexão frouxa entre o corpo físico e o corpo etérico. Isto produz os vários estados de mediunidade, do domínio exercido por entidades de variada ordem, de condições de transe e de numerosas espécies de obsessões, temporárias ou permanentes.Não incluo nesta lista o trabalho dos médiuns de materializações, porque o seu trabalho é de gênero totalmente diferente, e ainda que não ofereçam tanto perigo para a personalidade do médium, é talvez ainda mais indesejável. O médium está tão completamente divorciado (como um indivíduo astral-mental-alma) do seu corpo físico que este se torna dominante no seu próprio campo (o material) e pode absorver - através dos muitos orifícios etéricos - a substância de que são constituídas certas fornias inferiores;. pode atrair a substância primitiva de um grau inferior que pode ser construída numa forma (e isso produz-se muitas vezes) pelo pensamento, quer seja de um assistente ou de um grupo de assistentes na chamada "sessão de materialização). O médium está em relação subconsciente com eles. Não é um rapport telepático, mas sim um rapport psíquico, do plexo solar. O assunto é demasiado abstruso para que se o desenvolva aqui, e esta forma de mediunidade deve inevitavelmente ser abandonada à medida que a raça progrida, na sua evolução.

3- As que indicam uma excessiva sensibilidade às impressões, às condições e atmosfera que rodeiam o psíquico. Esta sensibilidade é um tanto incipiente e difícil de definir,mas tem certa analogia com o sentido geral do Tato. Não há parte da estrutura do corpo humano que não reaja, se for tocada de certa maneira. Assim o sensitivo registra uma percepção psíquica de natureza mais geral que a dos poderes definidos. Por conseguinte temos:


Física Psíquica Correspondência
a- Audição Clariaudiência Conduz eventualmente à telepatia mental e finalmente ao conhecimento espiritual.
b- Visão Clarividência Conduz oportunamente à visão espiritual e finalmente à identificação espiritual.
c- Tato Sensibilidade Conduz eventualmente à aspiração espiritual e finalmente à impressionabilidade espiritual

Pode-se aqui assinalar que desenvolvimento e aspiração místicos são o caminho de escape do mais alto aspecto da consciência atlante, a qual em si mesma é de natureza astral. A ciência e o ocultismo são o caminho de escape da mais alta expressão da mente concreta e da consciência ariana, que é de natureza astral. A sensibilidade, ou sentido psíquico do 'tato, é de natureza etérica é geral na sua expressão e deve, eventualmente, dar lugar àquela impressionabilidade espiritual que permite a um homem, como o Cristo, simplesmente "saber" o que há no seu semelhante e ser consciente da sua condição é da condição da vida em todas as formas. É o primeiro passo para a chave espiritual universal, da qual a psicometria é a expressão mais inferior.

No parágrafo acima e nessas diferenciações dei muitos dados para reflexão e indiquei uma sequência de desenvolvimento individual, racial e universal.

Se quisermos ampliar estas ideias até os significados planetários (que é interessante mas provavelmente sem qualquer utilidade para nós) eu acrescentaria que:

1 - O tato - é a nota-chave da evolução que prossegue hoje em Vénus. E a sensibilidade para a impressão espiritual.

2- A audição - é a nota-chave da evolução que prossegue hoje em Marte. É a telepatia e conhecimento espirituais.

3- A visão - é a nota-chave da evolução que prossegue hoje na Terra. É a visão espiritual que conduz à identificação.

Consideremos agora como o mal uso dos poderes psíquicos inferiores pode ser temporariamente detido, até chegar o momento em que o iniciado possa empreender o seu uso, com plena consciência e completo controle.

A principal dificuldade do psíquico inato e do homem que nasceu médium é a sua incapacidade para controlar inteligentemente os fenômenos manifestados. A falta de controle psíquico é igualmente indesejável. O médium ou está em transe ou expressa os seus poderes psíquicos por meio da estimulação produzida pelo contato com o grupo de assistentes numa sessão ou num numeroso auditório. Em outros casos, ele vive continuamente na zona limítrofe da consciência entre os planos físico e astral. Como pode isto ser modificado, sempre que o médium o deseje, o que é pouco frequente? De três modos somente:

1 - Pela cessação do interesse na demonstração desses poderes, negando-se a continuar a usá-los o que os leva gradualmente a desaparecer. Isto conduz ao fechamento do plexo solar (e consequentemente da porta aberta para os níveis inferiores do plano astral) e a atrofia dessa parte do mecanismo interno que tomou estes poderes disponíveis.

2- Pela transferência da atenção para a vida mística e para a expressão de uma aspiração intensa às realidades espirituais. Isto proporciona o novo interesse e tende assim, a mudar a ênfase da vida dos níveis inferiores do plano astral para os níveis superiores. Isto pressupõe também, da parte do psíquico, uma tendência para a orientação espiritual.

3- Por um curso de treinamento intelectual e de desenvolvimento mental que, se praticado durante um tempo suficientemente longo, torna automaticamente impossível a utilização dos poderes inferiores porque o curso do influxo de energia se dirigirá para os centros acima do diafragma. É bem conhecido nos meios psíquicos que o treinamento mental fecha o ciclo psíquico.

Há três antigas regras que - no último ciclo atlante - foram dadas pelos Adeptos dessa época aos Seus discípulos. Deve-se ter em conta que o problema confrontado pela Hierarquia, nessa época, consistia em pôr um fim temporário à ênfase psíquica que era então normal, e iniciar o fluxo das forças para a parte superior do corpo. Essas três regras podem ser relacionadas por vocês aos três métodos mencionados acima.

I- Foge, oh Chela, dos abismos do inferno. Que os teus pés pressurosos se afastem do caminho inferior e procurem os cimos superiores do plano da miragem. Ascende. Escolhe, par teus bons companheiros, aqueles que levam uma vida laboriosa nas planícies da Terra. Parte. Desce e vive a vida normal da Terra. Parte.

II- Ergue os teus olhos, oh Chela, e limpa o teu coração e vê a visão da tua alma. Olha para cima, não para baixo; para dentro, não para fora. Vive livre e apressa-te a alcançar a meta superior. Parte, e busca o lugar distante e secreto onde mora a tua alma.

III- A energia segue o pensamento, assim proclama a antiga regra. Pensa, Chela, pensa e abandona os reinos onde o pensamento não rege, nem se pode ver a luz reveladora, mas apenas uma luz autoengendrada e por isso enganadora. Portanto, pensa.

Estas regras parecem simples e familiares mas são extremamente difíceis de seguir, particularmente nos casos do psíquico comum, e isto por duas razões: primeiro, porque ele não deseja verdadeiramente perder o poder que o uso dos poderes lhe confere, e segundo, a sua percepção mental está, em regra, tão pouco desenvolvida que o esforço para transferir a sua consciência para níveis superiores de expressão resulta numa tarefa demasiado árdua. Mas, quando a vontade está ativa e quando se apercebe de maneira adequada do perigo ocasionado em continuar a trabalhar nos níveis inferiores do astral, então no devido tempo, o esforço necessário será feito.

As regras acima aplicam-se ao psíquico que tem suficiente boa vontade e inteligência para mudar a sua orientação e o tipo de trabalho. Mas que dizer do homem que deslizou para os caminhos perigosos do psiquismo inferior quando possui consciência ariana e não atlante? Que pode ele fazer quando o plexo solar está excessivamente ativo e se encontra totalmente aberta a porta para o plano astral? Trata de fechá-la e de funcionar normalmente; desconfia dos seus poderes psíquicos de visão e audição e os receia. Não existe uma regra específica de conduta porque muito depende da causa originadora; contudo, quero sugerir aqui várias regras e linhas terapêuticas de conduta.

1 - Se a porta para o plano astral foi aberta pela prática de certos exercícios respiratórios, bem como pela prática de certas posturas e outros métodos, ensinados por instrutores ignorantes nesta época, eu sugeria que se dessem os seguintes e necessários passos preliminares:

a- Abandonar todo e qualquer exercício e posturas e evitar qualquer contato com o instrutor. Este é o primeiro passo necessário,

b- Levar uma vida de grande atividade física que não permita tempo para a vida introspectiva. Se é inclinado ao materialismo, que ele cumpra as suas obrigações comerciais, profissionais ou sociais através de ocupações no plano físico e as correspondentes responsabilidades com todo o poder que tem, sem permitir qualquer pensamento sobre o passado,

c- Que ele focalize a sua atenção nos assuntos da vida física até que a evolução o conduza à etapa da focalização mental e de orientação espiritual. Antes que isto possa ser feito, a porta inferior deve ser fechada. Que ele, por conseguinte, controle a emoção, porque a emotividade mantém aberta a porta e facilita a experiência astral.

d- Que ele "aprenda a trabalhar e a pensar com a coluna vertebral e cabeça e não com a parte da frente do corpo", como se pode traduzir a antiga regra. A ideia é que o psíquico comum considera os centros do plexo solar e da garganta (os únicos de que parecem conhecer alguma coisa) como existindo na parte frontal e no centro do dorso ou na parte da frente da garganta. Isto conduz a energia para baixo pelo caminho involutivo e não para o alto, pela via evolutiva da coluna vertebral. Isto é muito importante.

2- Se a porta para o plano astral se abriu por um direito natural hereditário, pela atividade das vidas anteriores e pelo fluxo de forças focadas normalmente no plexo solar, o problema é muito mais difícil. Será necessário adquirir:

a- Alguma compreensão da constituição etérica do homem e deve ser dado ensinamento sobre a natureza dos centros de força, de modo que o psíquico ariano tenha alguma base inteligente sobre a qual possa trabalhar. O esforço para construir um corpo saudável deve ser feito.

b- Deve dar ênfase a metas superiores e à necessidade de uma vida de serviço. Lembrem-se de que o serviço é um método científico pelo qual as forças que despertam, estimulam e controlam o plexo solar são dirigidas para o centro do coração, causando assim o fechamento da porta astral e a descentralização dos interesses dos psíquicos. Esta descentralização é tecnicamente realizada quando o plexo solar já não constitui o fator dominante e os interesses mentais do homem são de natureza diferente.

c- Aqui poderia caber outra sugestão prática. Quando o psíquico se encontra na etapa de desenvolvimento ariano, e não simplesmente na etapa atlante, seria muito aconselhável o uso frequente da cor amarela. Devia rodear-se desta cor porque ela serve para manter, na cabeça, as energias afluentes ou para evitar que desçam abaixo do diafragma. Isto priva o plexo solar de um influxo constante de energia e ajuda grandemente a liberar o psíquico, do plano astral. Quero notar aqui que o psíquico de consciência atlante (e este é o caso da grande maioria) funciona normalmente quando manifesta faculdades psíquicas, embora seja ao longo de um arco de retrocesso, mas o de consciência ariana e que se utiliza desses poderes constitui uma anormalidade.

3- Quando o perigo é de natureza séria, quer produza grande tensão nervosa ou uma debilidade excessiva, devem ser tomadas grandes precauções. Quando se trava uma violenta batalha contra a atividade psíquica, ou onde há colapso e falta de direção e controle mentais, é então essencial que, de tempos em tempos, o psíquico seja forçado a ter longo repouso na cama, com dieta leve e completamente livre de todos os contatos. Pode mesmo ser necessário, por vezes, privá-lo da liberdade. Hoje, em muitos casos como este - difícil luta pelo equilíbrio mental e procura do fechamento da porta do astral - eles são considerados dementes ou à beira da insanidade. A sua situação é agravada grandemente pela falta de compreensão dos seus amigos e dos médicos e psicólogos consultados. A sua perturbação não é mental mas sim inteiramente relacionada com o plexo solar. Só começaremos a ter um correto tratamento destes casos-problemas, quando isto for reconhecido. É raro, na verdade, encontrar um psicólogo que esteja disposto a admitir a possibilidade dessas premissas.

Quando as dificuldades psíquicas surgem no caso do místico adiantado, do discípulo ou estudante ocultista, o método de abordagem deve ser definitivamente científico, porque a dificuldade é mais profunda, devido ao fato da mente estar mais envolvida. Deve ser feito um trabalho definido com os centros que se encontram na coluna vertebral e na cabeça, mas sob atenta supervisão. Não posso dar aqui os exercícios que conduzem a -

1- fechar os diferentes centros,
2- abrir os centros superiores e
3- transferir a força de um para outro centro.

Este tratado é destinado essencialmente ao grande público e será lido por muitos na próxima geração. Se desse aqui esses exercícios, os meus leitores poderiam experimentá-los com o único resultado de prejudicarem-se muito seriamente.

A Ciência da Respiração que é a ciência de laya ioga ou a ciência dos centros, é tanto de uma profunda importância como também de verdadeiro perigo. É, em última análise, a Ciência da Energia e ensina o método pelo qual a energia pode ser controlada, dirigida e utilizada para expandir a consciência, para estabelecer corretas relações entre o homem e o seu meio ambiente e, sobretudo, (no caso dos afiliados da Grande Loja Branca) para produzir magia branca. Esta energia prânica atua através do corpo vital e tem o seu curso através dos inúmeros "nadis" que se encontram nele. Estes "nadis" existem aos milhões e são diminutos canais de força, subjacentes a todo o sistema nervoso. Constituem a contraparte e o fator animador deste sistema, tornando possível a sensibilidade e produzindo a ação e reação que converte o mecanismo do homem num complicado "receptor" de energia e "diretor" de força. Cada uma destas minúsculas linhas de energia é de natureza quíntupla e assemelha-se a cinco linhas ou fibras de força estreitamente ligadas no interior de uma bainha protetora constituída de uma força diferente. Estas forças estão unidas umas às outras numa relação transversal.

Deve-se igualmente notar que estes cinco tipos de energia formam, no seu conjunto, uma unidade estreitamente ligada e que estas unidades forniam, na sua totalidade, o próprio invólucro etérico. Através destes cinco canais fluem os cinco pranas principais - energetizando, galvanizando e controlando todo o organismo humano. Não há parte alguma do corpo físico em que não se encontre ou "subsista" esta rede de energia. Esta é a verdadeira forma ou substância.

Onde se cruzam e recruzam as linhas de força, repetindo no microcosmo os arcos involutivo e evolutivo do macrocosmo, formam-se cinco áreas ao longo da coluna vertebral, e duas na cabeça, onde as energias são mais poderosas do que em qualquer outro ponto, porque estão mais concentradas. Assim aparecem os centros principais. Estes cruzamentos e entrecruzamentos ocorrem por todo o corpo e os centros de energia são formados assim:

1- Onde as linhas de força se cruzam vinte e uma vezes, encontra-se um centro maior. Destes há sete.

2- Onde elas se cruzam 14 vezes, temos o aparecimento dos centros menores a que me referi anteriormente.

3- Onde elas se cruzam 7 vezes, temos minúsculos centros, dos quais há muitas centenas.

Um dia se farão diagramas de todo o corpo etérico, e então se poderá ver a direção geral das linhas de força. O grande movimento das energias será evidente e estabelecerá mais facilmente o ponto alcançado na evolução e a situação psíquica será indicada de maneira infalível. A complexidade do tema é, contudo, muito grande devido justamente a esta diferença da consciência e da receptividade do ser humano à estimulação. A Ciência da Meditação acabará finalmente por absorver a ciência de laya-ioga, mas apenas na forma mais elevada desta última.

A meta da meditação é proporcionar o livre jogo de todas as forças que entram, de modo que não haja impedimento, em nenhum ponto, à entrada da energia da alma; de tal modo que não seja permitida a obstrução, nem congestão, nem que falte poder - físico, psíquico, mental e espiritual - em qualquer parte do corpo. Isto significará não apenas boa saúde e livre e total uso de todas as faculdades (superiores e inferiores), mas também o contato direto com a alma. Produzirá esta constante renovação do corpo, que é característica da expressão da vida do iniciado e do Mestre, como também do discípulo, mas em menor grau. Produzirá uma expressão rítmica da vida divina na forma. Para a visão clarividente do adepto, quando Ele observa o aspirante ou o discípulo, isto indica:

1- O ritmo da manifestação. Isto é a causa do aparecimento e do desaparecimento da forma. O adepto, olhando o corpo, pode dizer exatamente há quanto tempo está encarnado e quanto mais continuará a "aparecer". O estado dos canais prânicos revela isto com exatidão, particularmente os que se encontram abaixo do diafragma. Isto é revelado pelo centro da base da coluna vertebral, que é a sede da vontade-de-viver (que rege a semente do princípio vida no coração).

2- O ritmo da vida psíquica. Isto é na realidade, a revelação do ponto onde se encontra o homem em relação à consciência e seus contatos. Quando o adepto deseja informar-se sobre este ponto, observa primeiramente o plexo solar e em seguida o coração e a cabeça, porque nestes três centros e na sua relativa "luz e radiante claridade" é revelada toda a história do indivíduo. O centro da cabeça que o homem médio ou abaixo da média busca é o centro entre as sobrancelhas. No caso do aspirante, do místico e do discípulo, é o centro no alto da cabeça.

À medida que a evolução prossegue e que as forças vitais fluem cada vez mais livremente pelos "nadis" e através dos centros - maiores, menores e minúsculos - aumenta firmemente a rapidez da distribuição e do fluxo, e a consequente radiação do corpo. Os muros de separação no interior da bainha que cobre os finíssimos canais de força acabam finalmente por se dissolverem (sob o impacto da força da alma) e assim desaparecem e desta maneira os "nadis" do discípulo adiantado tomam nova forma, indicando ser ele agora essencialmente e consequentemente dual e que é, portanto, uma personalidade integrada. É uma alma e personalidade. A força da alma pode agora fluir livremente através do canal central do "nadi" e todas as outras forças podem fluir sem impedimentos à volta dele. E quando decorre este processo e as forças dentro dos "nadis" são misturadas e formam assim uma única energia, que a maior parte das doenças dos místicos aparecem, particularmente as que se relacionam com o coração.

Simultaneamente com o aparecimento da dualidade nos "nadis", o discípulo verifica ser capaz de usar os dois canais - ida e pingala - que se encontram ao longo da coluna vertebral, um de cada lado do canal central. Agora pode haver o livre fluxo da força para cima e para baixo nestes dois "caminhos das forças" e passar assim para os "nadis", utilizando a área à volta de qualquer dos centros maiores como zonas de distribuição, galvanizando deste modo, à vontade, qualquer parte do mecanismo em atividade, ou todo o mecanismo, em ação coordenada. O discípulo alcançou agora o ponto do seu desenvolvimento em que a rede etérica que separa todos os centros situados ao longo da coluna vertebral, foi queimada pelos fogos da vida. O "sushumna" ou canal central pode ser lentamente utilizado. Isto equivale ao período em que flui livremente a força da alma através do canal central nos "nadis". Finalmente este canal central entra em plena atividade. Tudo isto pode ser observado pelo olho clarividente do Mestre.

Ocupei-me destes detalhes porque a prática dos exercícios de respiração movimenta definitivamente as forças que fluem através dos "nadis" e reorganiza-as - geralmente de maneira prematura. Acelera o processo de derrubar as barreiras que separam as quatro forças da quinta energia e precipita a destruição, pelo fogo, da tela etérica protetora ao longo da coluna vertebral. Se é isso feito enquanto a ênfase da vida está centrada abaixo do diafragma, e o homem nem sequer é um aspirante ou pessoa inteligente, então isso causará uma estimulação exagerada da vida sexual, e também abre o plano astral, de onde virão numerosas perturbações físicas e doenças. No sentido oculto, esta prática "libera os fogos inferiores e o homem será destruído pelo fogo"; ele não será então (como está projetado) a "sarça ardente que arde eternamente e que não pode ser destruída". Se a destruição pelo fogo é provocada por um processo forçado e não se efetua debaixo de direção correta, haverá, inevitavelmente, muitas dificuldades.

Quando o homem se encontra no Caminho de Purificação ou Probatório ou nas primeiras etapas do discipulado, em que a ênfase da sua intenção está posta acima do diafragma, há então sério perigo do desenvolvimento exagerado do sentido egoísta, hiperestimulação do centro do coração (com o consequente aparecimento de variadas formas de doenças cardíacas e de emotividade, suscitadas pelas condições grupais) e de perturbações concernentes à glândula tireoide e do cérebro, assim como dificuldades relacionadas principalmente com a hipófise.

Poderia dar aqui certas formas de exercícios respiratórios que poderiam ser úteis para algumas pessoas no trabalho de reorganização do corpo vital e, por consequência, do corpo etérico, mas os perigos que isso envolve para a maioria dos meus leitores impedem-me de fazê-lo. A antiga regra do que os aspirantes encontrarão o seu caminho numa escola esotérica ou dos mistérios mantém-se ainda válida. Tudo o que posso fazer - como tenho feito -- é dar certas diretrizes e ensinar certas regras, seguras e geralmente bem conhecidas, que estabelecerão as bases de trabalho mais adiantado que deve ter prosseguimento sob uma cuidadosa supervisão pessoal. Por esta razão, uma vez que tenha terminado completamente a atual crise mundial, deverão assentar-se os alicerces das verdadeiras escolas esotéricas. Tais escolas, por enquanto, não existem. Hoje, aspirantes e discípulos trabalham cm escolas esotéricas modernas (tais como a Escola Arcana e a Secção esotérica da Sociedade Teosófica - para mencionar apenas duas das mais importantes) e aí aprendem algumas verdades fundamentais do esoterismo; começam a ganhar controle sobre a natureza emocional e mental; aprendem a purificar o corpo e os postulados básicos da Sabedoria Eterna. Encontram-se então subjetivamente sob a direção de algum discípulo adiantado que conhece qual é a próxima verdade necessária e que desenvolveu nele próprio o "sentido de contato" e o poder da percepção intuitiva. Umas poucas pessoas, aqui e ali, trabalham de maneira precisa sob a direção de um dos Mestres. Só onde houver direção, um conhecimento dos raios que governam um homem e uma compreensão das indicações astrológicas quanto ao seu "caminho de vida" se podem dar as verdadeiras, ainda que perigosas, regras que conduzirão a:

1- Uma correta distribuição da energia.
2- Uma focalização das forças nos centros.
3- Uma destruição pelo fogo das paredes separadoras c das telas etéricas divisionais.
4- Uma elevação das energias cada vez mais alto no corpo mediante o poder da vontade dirigida.

Muitas das dificuldades dos místicos e ocultistas na atualidade são devidas ao fato de estarem literalmente "brincando com fogo" e sem ter disso consciência; não mantêm a correta ou ordenada sequência do desenvolvimento, como se indicou mais acima; seguem práticas para as quais não estão preparados, que não foram modificadas de acordo com o tipo do corpo ocidental e que seguem cegamente, sem nenhuma compreensão do processo ou resultados. A menos que se capte a regra fundamental de que "a energia segue o pensamento", é inevitável que se produzam resultados desastrosos. O místico, por exemplo, cujo pensamento está focalizado em Cristo, considerando-O como estando em alguma parte do Céu, mas fora dele próprio, cuja aspiração faz dEle o objetivo de todos os seus desejos, é frequentemente debilitado e doente fisicamente.

Por que é assim? Porque a energia que tenta penetrar nele e permear todo o seu organismo só atinge o centro cardíaco e dali é constantemente trazido de volta e expulso do corpo físico pelo poder direcional do pensamento do místico. Cristo, para ele, está em qualquer outro lugar. O seu pensamento está fora de si mesmo e, consequentemente, a energia escapa-se do seu corpo. E um problema muito discutido atualmente, entre os iniciados, se o estado de debilidade geral da raça humana não será, em parte, devido ao fato da aspiração e do pensamento da humanidade terem sido constantemente dirigidos para uma meta externa e não (como deveria ter sido o caso) para o centro da vida e amor dentro de cada ser humano, o que esgotou o homem de grande parte da energia que necessitava.

Apesar do fato de durante séculos ter sido ensinado de que o reino de Deus está dentro de nós, os povos ocidentais não aceitaram esta afirmação, nem trabalharam sobre a premissa apresentada, mas procuraram a realidade no exterior e voltaram a sua atenção para a Personalidade dAquele que lhes ensinou uma verdade maior. Em nenhum momento Ele desejou ou buscou a devoção deles. O preço desta distorção da verdade tem sido pago, repetidas vezes pela desvitalização do corpo e por uma incapacidade do místico comum viver para uma vida concreta, ainda que divina, na terra.

Muito pouco mais posso dizer aqui a respeito dos problemas e das dificuldades causadas pelos poderes psíquicos à medida que se desenvolvem na humanidade c numa volta mais avançada da espiral do que no passado. À medida que prossegue a evolução, as faculdades psíquicas humanas e animais tornam-se acessíveis ao discípulo. A humanidade escolheu prosseguir por meio do método de "ensaio e erro", e por muitas razões é uma eleição sensata, mas é lenta e conduz a pontos de crise e momentos de dificuldade quase intoleráveis na história da raça. No caso do místico e do discípulo que se esforça por adquirir o domínio destes instintos inerentes, o problema hoje é acrescido, pelo fato da vitalidade física da raça ser tão baixa, também tão pouco compreendida e do adequado cuidado do corpo ser, consequentemente, tão mal atendido que as condições doentias do corpo liberam mais facilmente os poderes inferiores do que os superiores. Desenvolvem-se, portanto, prematuramente, e antes que se compreenda a sua natureza e função ou que as leis do seu controle sejam apreendidas.

A aceitação desta declaração será esclarecedora e muito progresso seria feito se fossem aceitas as várias premissas que formulei como hipóteses válidas e se se atuar de acordo com elas. O resultado abriria a porta para uma nova compreensão das faculdades psíquicas. A psicologia e a medicina seriam assim enriquecidas.

Chegamos agora a mais dois problemas relacionados com os poderes psíquicos superiores, mas de um tipo mais avançado e dependentes mais do desenvolvimento da natureza da mente, do que da consciência do plexo solar.


Problemas Decorrentes do Desenvolvimento da Visão Mística

Este processo de pressentir a meta, de contatar o ideal e de visualizar os numerosos símbolos que velam a alma, que descrevem pictoricamente o destino e propósito finais, são as reconhecidas prerrogativas do aspirante místico. A literatura mística de todas as religiões do mundo é, como sabem, cheia dessas visões, que vão desde o enfoque sexual do Cântico de Salomão ou dos escritos de muitas das místicas femininas da Igreja até às revelações espantosas feitas nos antigos Puranas ou no Apocalipse. Tudo isto abarca um largo campo, desde a formulação da elevada "vida de desejo" dos místicos, até à verdadeira previsão dós futuro da raça humana tal como se encontra nas Escrituras proféticas. Não tenho intenção de entrar em detalhes, pois foram observados e extensamente analisados pelos psicólogos modernos, instrutores religiosos e escritores da Igreja. Quero apenas tocar nos efeitos que tais experiências produzem sobre o próprio místico. Também desejo pedir-lhes que se recordem que estou generalizando e não especificando. As dificuldades a que tais místicos estão propensos são:

1- Desvitalização. O místico é atraído tão constantemente "para cima" (tal como ele considera e se exprime) para a terra dos seus sonos, para a pessoa do seu idealismo ou para o ideal espiritual (personificado ou não) da sua aspiração, que inverte o processo normal e salutar do "Caminho da constante materialização do Real". Vive inteiramente no mundo da sua aspiração e, portanto, negligencia a vida no plano físico, tornando-se não apenas não prático mas negativo para o plano físico. Ele arrasta todas as forças da sua vida para cima de tal modo que o corpo e a vida no plano físico sofrem. Tecnicamente, as forças do plexo solar não são dirigidas para cima até o centro do coração, como deveriam ser, nem a energia do coração é derramada para fora em amor desinteressado pela humanidade; estão todas centralizadas e distribuídas no nível mais elevado da consciência astral e são enviadas para alimentar as forças do corpo astral. Eles invertem, portanto, o processo normal e o corpo físico sofre dolorosamente por isso.

Um estudo da vida dos santos e místicos revelará muitas destas dificuldades, e mesmo nos casos relativamente raros em que alguns reais serviços foram prestados à humanidade, os motivos foram frequentemente (poderia dizer-se, geralmente) a satisfação de uma necessidade ou obrigação sentida que irá servir ao místico, trazendo-lhe satisfação emocional e uma recompensa. Esta desvitalização foi muitas vezes tão excessiva que levou não só à debilidade nervosa, a estados de transe e outros desenvolvimentos patológicos mas, por vezes, à própria morte.

2- Ilusão. O drama vivido pelo místico e o constante cultivo da visão (qualquer que ela seja) conduz também em muitos casos a sérias, embora irreconhecidas, perturbações psicológicas. A visão absorve totalmente a atenção do místico e em vez de lhe indicar uma meta que pudesse um dia alcançar ou que existisse na sua consciência como símbolo de uma realidade interna que um dia conhecerá verdadeiramente, como é na realidade, ele vive sempre dentro do seu próprio pensamento-forma deste objetivo. Este poderoso sonho, este pensamento-forma bem definido (construído durante anos seguidos pela aspiração, a adoração e o desejo) acaba por obsedá-lo de tal forma que chega a confundir o símbolo com a realidade. Às vezes morre pelo êxtase provocado pela sua identificação com a visão. Contudo, desejaria fazer notar que a verdadeira realização da meta mística, de modo que a visão seja não mais apenas vista, mas compreendida como um fato real, nunca matou ninguém. O que mata é a ilusão. Só quando o foco da vida se encontra no corpo astral, quando o fluxo de força da alma desce para lá, e quando o centro do coração está excessivamente energizado é que o místico morre como resultado da sua aspiração. Quando a morte não se produz (o que não é usual) podem aparecer sérias dificuldades psicológicas. Estas ocasionam muita inquietação aos eclesiásticos de todos os tempos, assim como aos psicólogos modernos, e desacreditaram todo o campo de desenvolvimento místico, particularmente nesta era da ciência moderna.

É a materialização da visão em matéria astral, o seu desenvolvimento pelo poder emocional (mascarado como devoção) e o fracasso do místico de entrar no reino da percepção mental ou de trazer o seu sonho idealista à expressão física, que se encontra na raiz da dificuldade. O homem é iludido pelo que de melhor há nele; é vítima de uma alucinação que personifica o que de mais elevado ele conhece; está dominado pela miragem da vida espiritual; não sabe distinguir entre a visão e o Plano, entre o irreal fabricado pelos longos anos de atividade mística e o Real que permanece sempre por detrás da vida do ser humano integrado.

Não esqueçam que a visão (do Céu, de Deus, de Cristo, de qualquer guia espiritual ou de qualquer milênio) é baseada, na maioria dos casos, nos sonhos e aspirações dos místicos que no decurso das idades abriram caminho místico, que usaram a mesma terminologia e empregaram os mesmos símbolos para expressar o que eles sentem e a que aspiram e anelam ardentemente. Todos sentem a mesma Realidade, que se encontra por detrás da miragem das aspirações mundiais; todos expressam os seus desejos e anseios nas mesmas formas simbólicas - casamento com o Bem- amado, vida na Cidade Santa, participação em qualquer visão arrebatada de Deus, adoração de qualquer Individualidade edificada e amada, como o Cristo, o Buda, ou Sri Krisna, caminhar com Deus no jardim da vida, no jardim do Senhor, alcançar o cimo da montanha onde Deus se encontra c onde tudo é revelado. Tais são algumas das formas que revestem as suas aspirações e satisfazem o seu sentido de dualidade. Estas ideias existem como poderosos pensamentos-forma no plano astral e atraem - como ímã - a aspiração dos devotos que, séculos após séculos, seguem o mesmo caminho de ardente busca, de imaginativa expressão, de uma "vida de desejo" espiritual profundamente arraigada, e de uma vida emocional que se lança para fora em direção à divindade, descrita algumas vezes como "elevar o coração para Deus".

A desvitalização e a ilusão constituem frequentemente a história do místico puramente emocional. Quando este ciclo astral termina c mais tarde (provavelmente numa outra vida) ele se lança num estado mental francamente agnóstico, então é restabelecido o equilíbrio e torna-se possível um desenvolvimento mais são. Os verdadeiros e valiosos frutos da experiência mística do passado nunca se perdem. A realização espiritual interna permanece latente no conteúdo da vida, para ser mais tarde ressuscitada à sua expressão real, mas a imprecisão e o sentimento de dualidade deverão ser finalmente transformados numa definida claridade mental; o dualismo deve dar lugar à experiência da unificação e as névoas devem desvanecer-se. O místico vê através de um cristal obscuro, mas um dia deverá Conhecer, da mesma forma como ele é conhecido.

Quando, nestes tempos modernos, uma pessoa inclinada ao misticismo recebe os cuidados de um psicólogo experimentado, este faria bem em desenvolver nele, suave e gradualmente, um ciclo de dúvida, levando-o mesmo a um temporário agnosticismo. O resultado seria o rápido estabelecimento do equilíbrio desejado.

Chamo a vossa atenção para as palavras "suave e gradualmente". O encorajamento para uma vida física normal, com os seus interesses ordinários, com o cumprimento das obrigações e responsabilidades e o funcionamento físico da natureza deveriam conduzir a uma orientação muito necessária e sã.

3- Delírio. Emprego esta poderosa palavra deliberadamente ao referir- me às difíceis e perigosas etapas da vida mística. Quando as ilusões do místico e a sua desvitalização ultrapassam certo grau, ele chega a uma etapa em que não tem nenhum real controle interno, em que ele desenvolve o sentido místico ao ponto de perder o sentido de proporção em que as convenções (corretas ou erradas), educação social, responsabilidade econômica, obrigações humanas e todos os aspectos da vida diária que integram a parte humana na totalidade da humanidade já não regem a natureza inferior. A sua expressão externa torna-se anormal e (do ponto de vista dos valores mais altos e melhores) antissocial. Tal atitude antissocial abarcará desde um relativo fanatismo habitual que força o seu possuidor a ver só um ponto de vista entre ‘os muitos, até certas formas de demência pronunciadas e reconhecidas. O místico é então obsedado pelo seu próprio e peculiar pensamento-forma da verdade e da realidade. Na sua cabeça só há uma ideia. A mente não está ativa, porque o cérebro tomou-se o instrumento da sua natureza astral e só registra a devoção fanática e a obsessão emocional. O centro ajna põe-se em atividade antes de haver uma verdadeira e total integração do homem e qualquer propósito útil e verdadeiro para a sua atividade.

Sobrevém então um período em que o homem se expressa em atitudes indesejáveis que incluem excessiva e interna centralização, verdadeiro fanatismo, esforço sádico com um suposto motivo espiritual (como sucedeu na Inquisição), e certas formas de colapso mental. Ocultamente falando, "a visão de fogo põe-se a queimar a sua vítima e assim destrói o fio que mantém a mente e o cérebro em estreita amizade". Esta febre astral ardente produz necessariamente um efeito sobre o corpo físico, como também na expressão da personalidade, e a perturbação pode ser reconhecida, pelos outros, como real e séria devido às suas consequências e efeitos. Frequentemente muito pouco há que se possa fazer; às vezes as tentativas para ajudá-lo de nada servem. O místico fez a si mesmo, nesta vida, danos irreparáveis. A influência curativa da morte e o intervalo da vida para além do plano físico devem realizar a sua obra benéfica antes que o homem possa novamente alcançar a normalidade e começar a transmutar a sua Visão do Bom, do Belo e da Verdade numa expressão ativa da vida diária. Trará então a sua mente para lidar com o problema; descobrirá que a visão é apenas o reflexo do Plano de Deus. Saberá que o poder de personificar a aspiração deve ser transformado em poder de se despersonificar-se a si próprio, e que precede o serviço do mundo e a cooperação com a Hierarquia.

4- Desapego. Esta é uma das maiores dificuldades psicológicas que conduz ao fenômeno muito comum da clivagem. E um dos mais árduos de tratar. O místico que nada mais vê senão a sua visão, que registra essa visão apenas em termos de formas simbólicas, de ânsias sexuais, de agoniantes aspirações e de uma intensa "vida de desejos" de sonho e anseio, pode eventualmente romper todas as relações corretas, tanto no seu interior (com o seu corpo físico de um lado, a sua vida emocional dirigida para outro e o seu mental ocupado algures) como com as responsabilidades relacionadas com o mundo ao seu redor, de tal modo que vive totalmente num mundo de sua própria criação - desapegado, impassível e intocado pelos assuntos normais ou apelos humanos. Isto é também produzido algumas vezes pelo desejo, não reconhecido, de escapar às responsabilidades, aos sofrimentos, aos aborrecimentos da vida diária, ou às ávidas mãos daqueles que o amam; isto pode ter sido trazido de ama vida passada de experiência mística e que, nesta vida, deveria ser transcendido de superado, dado ter servido ao seu propósito útil e realizado um trabalho necessário. Este é um desapego de gênero errado.

Ao lhes dar este ensinamento sobre as dificuldades da vida do místico - des vitalização, ilusão, delírio e desapego - compreendo que aqueles que muito receberam dos místicos, ou aqueles que estão agora inclinados ao misticismo discordarão violentamente do que foi dito. Procurarei explicar claramente estes pontos.

O caminho místico é o caminho correto para as pessoas que se encontram num certo estado evolutivo, o estágio atlante, desde que não seja levado ao ponto de insanidade, alucinação, furioso fanatismo e complicações psicopáticas. Convenientemente expressado, é um processo útil e necessário por meio do qual o corpo astral é reorientado e onde a aspiração espiritual começa a tomar o lugar do desejo. E necessário que haja a visão porque "onde não há visão o povo perece". A verdadeira visão é, na realidade, o reflexo astral do Plano divino, refletido nos mais elevados níveis da consciência astral do planeta e aí contatado e apreendido pelos seres humanos cuja focalização na vida é de natureza muito elevada, cuja "intenção é dirigida para Deus e para o que é justo", - mas que ficam atualmente introvertidos, que têm falta de conhecimentos técnicos da lei divina ou da constituição do homem ou da vida planetária, e cujas mentes estão inativas, sem questionamentos, exceto num sentido emocional e para alívio da própria angústia espiritual do místico, e seu desejo de paz e satisfação. Há, por exemplo, pouco nas obras dos místicos da Idade Média (quer do oriente quer do ocidente) que deem qualquer indicação de uma percepção da necessidade do mundo ou da demanda da humanidade por iluminação.

O reflexo astral do Plano - tal é a visão. Aí, as forças de vida da natureza física do místico, do seu corpo astral e da sua alma (duas forças e uma energia) unem-se, e produzem uma expressão poderosa de desejo focado, um profundo e incipiente anseio, uma vívida imaginação e a construção de um pensamento-forma que expressa tudo o que o místico deseja contatar ou ver manifestado.

Haverá, à medida que o temo passa, cada vez menos desta aproximação mística. O trabalho para conscientizar a beleza e o instinto para alcançar a divindade estão agora tão profundamente enraizados na consciência racial que o trabalho equilibrador da mente e a apresentação do Plano, em vez da Visão, pode prosseguir sem perigo. Os filhos da raça que ainda são de consciência atlante continuarão com a abordagem mística e a beleza dessa contribuição será sempre a herança da raça. Mas o ciclo de experiência e esforço místico será consideravelmente reduzido e cientificamente controlado, porque se compreenderá melhor o seu propósito, o seu lugar no desenvolvimento racial e a sua contribuição à "doutrina da Realidade".

Este ciclo místico corresponde ao ciclo do "adolescente" na vida do jovem valoroso, visionário e dador da vida, quando um impetuoso caminho para a correta orientação e estabilização de certos valores e padrões. Um tal ciclo, contudo, será reconhecido como indesejável quando chegue o momento em que um conjunto novo e superior de valores e uma técnica mais espiritual e controlada o substitua. Um propósito de vida, um plano reconhecido e uma atividade corretamente dirigida devem eventualmente substituir todos os desejos ardentes, sonhos, ânsias da imaginação e aspirações adolescentes na vida do indivíduo e da raça.

Não me interpretem mal. A visão, é uma visão da realidade. O Sonhador Eterno sonha e o maior de todos os Místicos, é o Próprio Logos divino. Mas o Seu sonho deve ser registrado na nossa consciência como o Plano de Deus e a visão mística é o desenvolvimento necessário, mas passageiro no ser humano, do aspecto "sonhador" da Natureza de Deus. Reflitam sobre isto porque é a revelação para aqueles que meditam corretamente.


Revelação da Luz e do Poder e as Dificuldades Resultantes

Os problemas que vamos tratar agora são de uma categoria totalmente diferente. Não têm nenhuma relação com a emoção ou com o plano astral, mas constituem, sim, dificuldades específicas do aspirante, ou do homem adiantado ou do discípulo que aprendeu a enfocar-se na sua natureza mental. São problemas ligados aos contatos que se estabelecem com a alma, de que resulta a iluminação da mente e um influxo definido de poder.

Estas dificuldades só se apresentam no homem cujo centro da garganta e o centro ajna começam a despertar. A partir do momento em que são percebidas dificuldades relativas aos fenômenos da luz, o psicólogo ou o médico sabe que o corpo pituitário está envolvido e que, por conseguinte, o centro entre as sobrancelhas começa a ficar ativo e a despertar.

O problema de poder, percebido pelo aspirante e que procura expressão na sua vida, pode classificar-se em duas categorias:

1- O sentido de poder que vem através do esforço para realizar um trabalho criador definido. Isto implica necessariamente a atividade do centro da garganta. Onde haja esta afluência de força criativa e onde não houver uso real da energia que aflui para a produção de trabalho criativo, é muito possível que surjam dificuldades na glândula tireoide.

2- O sentido de poder que toma a forma de ambição e de uma integração produzida pela força dessa ambição. Isto frequentemente resulta na subordinação dos diferentes aspectos da natureza inferior a essa ambição. Quando isto tem lugar o centro ajna está ativo e suas vibrações sincronizadas com as do centro da garganta. Isto conduz a dificuldades reais e constitui uma das formas mais comuns de ambição às quais o aspirante e o discípulo sucumbem.

Pode-se também dividir o problema da luz, se assim se desejar, em dois grupos de dificuldades - um, relacionado com o registro da luz na cabeça e o outro, com a aquisição do conhecimento.

O registro da luz dentro da periferia do crânio diz respeito à relação que existe entre o centro da cabeça e o centro entre as sobrancelhas; isto é, entre a área localizada à volta do corpo pituitário e a área em tomo da glândula pineal. Como sabem, o efeito vibratório destes dois centros pode tornar-se tão forte que as duas vibrações ou a sua "atividade de pulsação rítmica" pode girar do campo de atividade de uma para a outra e estabelecer assim um campo magnético unificado que chegue a ser tão poderoso, tão brilhante e tão pronunciado que, o discípulo - fechando os olhos - pode vê-lo com toda a nitidez. Pode ser visualmente percebido e reconhecido. Finalmente, e em alguns casos, pode certamente afetar definitivamente o nervo ótico, não para seu detrimento, mas sim ao ponto de evocar o aspecto mais sutil do sentido da visão. Um homem pode então ver etericamente e ver a contraparte etérica de todas as formas tangíveis. Este é um poder fisiológico e não um poder psíquico e bastante diferente da clarividência. Não pode haver visão etérica fora do órgão comum da visão, o olho. A percepção e o registro desta luz na cabeça pode provocar os seus próprios problemas específicos, quando o processo não é corretamente compreendido ou controlado, assim como o registro da energia de poder (vinda do mental em seu aspecto vontade ou da alma através das pétalas da vontade) pode-se revelar nitidamente prejudicial para a personalidade, quando não consagrada ou refinada.

Este registro da luz acontece em certas etapas bem definidas e tem lugar em certos pontos definidos do desenvolvimento do ser humano, mas é mais provável que ocorra nas primeiras etapas do que nas últimas. Estas são:

1- A percepção de uma luz difusa no exterior da cabeça, seja diante dos olhos, seja acima do ombro direito.

2- A percepção desta luz difusa e nebulosa dentro da cabeça, permeando, aparentemente, toda a cabeça.

3- A concentração desta luz difusa até o ponto em que toma a aparência de um sol radiante.

4_ A intensificação da luz deste sol interno. Isto é na realidade o reconhecimento da radiação do campo magnético, estabelecido entre o corpo pituitário e a glândula pineal (como expressões dos centros da cabeça e ajna). Esta radiação pode algumas vezes parecer quase excessivamente brilhante para ser suportada.

5- A extensão dos raios deste sol interior primeiramente até os olhos e finalmente para além da esfera da cabeça de tal modo que (à visão do clarividente) o halo faz o seu aparecimento à volta da cabeça do discípulo ou aspirante.

6- A descoberta de que há, no interior do coração deste, um ponto de luz elétrico azul escuro que gradualmente aumenta e se torna um círculo dc certa envergadura. Isto ocorre quando a luz na cabeça irradia a abertura central no alto da cabeça. Através dessa abertura, as diversas energias da alma e as forças da personalidade podem ser sintetizadas e fluir assim para o corpo físico por meio dos centros principais. Essa abertura é igualmente a esotérica "porta de saída" através da qual a alma retira o aspecto consciência durante as horas de sono, e no momento da morte, o aspecto consciência e o fio da vida.

O registro desta luz interna é muitas vezes a causa de uma profunda preocupação e dificuldade para a pessoa inexperiente, e a intensidade da sua preocupação e temor a faz pensar tanto sobre o seu problema que se torna o que (ocultamente) se diz "obsedada com a luz, e assim não consegue ver o Senhor da Luz e aquilo que a Luz revela".

Desejo assinalar aqui que nem todos os aspirantes e estudantes ocultistas veem esta luz. Vê-la depende de vários fatores - o temperamento, a qualidade das células físicas do cérebro, a natureza do trabalho que foi feito ou da tarefa particular e da extensão do campo magnético. Nunca haveria qualquer dificuldade se o aspirante utilizasse a luz que existe nele para ajudar os seus semelhantes. É o místico autocentrado que provoca estas dificuldades, como acontece ao ocultista que usa a luz que descobre em si mesmo para fins egoístas e pessoais.

Uma dificuldade incidental surge às vezes quando se abre "a porta de saída para os outros mundos" e esta se torna não uma porta a utilizar de forma justa e devidamente, mas um caminho de escape das dificuldades da vida, e um atalho para fugir da experiência física consciente. A conexão entre o místico e o seu veículo físico torna-se cada vez mais frouxa, até que o homem passe a maior parte do seu tempo fora do corpo numa condição de semitranse ou de sono profundo.

Os estudantes não deveriam esforçar-se para ver a luz na cabeça, mas quando esta é percebida e vista, então deveriam fazer um registro cuidadoso e regular. Aqueles que pertencem ao segundo raio respondem mais facilmente a este fenômeno do que aqueles que são do primeiro ou terceiro raios. As pessoas do primeiro raio registrarão o influxo de força e de poder com facilidade e descobrirão que o seu problema reside em controlar e dirigir corretamente tais energias.

Muito do presente impasse que se encontra na personalidade dos aspirantes do mundo deve-se ao fato de que a luz que está neles permanece sem direção e o poder que por eles flui não é utilizado, ou é mal aplicado. Grande parte da cegueira física e da debilidade visual que se encontram no mundo (a menos que resulte de acidente) é devida à presença da luz na cabeça - não reconhecida nem utilizada - que produz ou estimula assim um efeito definido nos olhos e no nervo óptico. Tecnicamente falando, a luz da alma - localizada na região da glândula pineal - atua, e deveria ser dirigida, através do olho direito que é (como já se disse) o órgão de "budi", enquanto que a luz da personalidade - localizada na região da hipófise - funciona através do olho esquerdo. Ainda não chegou o momento para que esta afirmação tenha muito significado, exceto para os estudantes mais avançados, mas deveria estar registrada para uso futuro dos discípulos e aspirantes.

Desejo também assinalar que uma das dificuldades atuais é que a luz da personalidade está mais ativa dentro da cabeça do que a luz da alma, e que ela tem bastante mais qualidade para queimar que a luz da alma. O efeito da luz da alma é estimulante e ocultamente frio. Promove o funcionamento ativo das células do cérebro, evocando resposta de células que, presentemente, estão passivas e em letargia. É, à medida que estas células entram em atividade, através da afluência da luz da alma, que surge o gênio, acompanhado frequentemente por certa falta de equilíbrio ou controle em determinadas direções.

A totalidade deste tema da luz e do poder é de natureza tão vasta, e relativamente tão pouco compreendida no seu verdadeiro significado como expressão (de forma dual) da energia que sobe da personalidade e desce da alma, que somente quando houver mais e mais pessoas percorrendo o Caminho é que o problema emergirá na sua verdadeira luz e então será, finalmente corretamente manejado. Mencionarei sucintamente aqui alguns dos problemas, para lhes proporcionar o germe ou a semente do pensamento a partir do qual o estudo possa crescer e a investigação surgir. Podem ser resumidos da seguinte maneira:

1- O tema da luz e da energia está estreitamente vinculado ao problema (pois assim é na atualidade) de todo o sistema glandular; é, portanto, de importância fundamental que se compreenda esta relação, pois constitui uma das coisas básicas em que se apoia a saúde de todo o corpo e o seu funcionamento correto.

2- Quando houver uma compreensão correta deste tema, perceber-se-á que o cérebro e os dois centros da cabeça (que ativam a hipófise e a glândula pineal) são os agentes que dirigem todas as atividades do homem no plano físico. Hoje o homem é dirigido, quase que inteiramente, pelos seus instintos animais, pela sua vida sexual e pelas suas reações emocionais ou então pelas suas atividades criadoras à medida que elas se expressam através do centro da garganta. Poucas - muito poucas - das suas atividades são dirigidas a partir do coração, mas oportunamente, os homens deverão controlar as suas expressões de vida a partir da cabeça, através dos órgãos duais da alma e da personalidade - o centro ajna trabalhando, por meio da hipófise, expressando a vida da personalidade no seu mais alto grau, e o centro da cabeça, trabalhando através da glândula pineal, que responde aos impulsos da alma. Então serão estabelecidos o equilíbrio e a direção correta de todas as forças da vida e o desenvolvimento correto (seguindo a indicação dos raios) de todos os centros do corpo.

3- Graças a este correto reajustamento das forças da vida no corpo e a sua consequente "iluminação e energização" os homens serão capazes de realizar duas coisas, falando simbolicamente -

a- "Verão Deus" e estarão em contato com a alma.

b- 'Saberão o que há no homem" e poderão então agir com sabedoria e trabalhar de forma construtiva.

4- Serão capazes de "trespassar a miragem do plano astral", pondo-se a funcionar sem erros e podendo então realizar a desimpedida iluminação do cérebro e disseminação do conhecimento no cérebro.

A partir do que foi dito, notarão que muitas das alucinações, miragens, ambições e erros do místico moderno podem-se remontar às primeiras etapas e começos embrionários destes desenvolvimentos. São portanto, indicações de desenvolvimento. Mas, infelizmente, não são assim compreendidas, isto é, pelo que realmente são, e a luz disponível e a energia são mal aplicadas ou dirigidas para fins egoístas e pessoais. Por ora ninguém pode fugir disto a não ser os discípulos e ocultistas mais experimentados; muitos aspirantes continuarão por algum tempo a destruir- se a si próprios (do ângulo da personalidade e nesta vida) com. o que é chamado "a luz ígnea da sua incompreensão e o fogo ardente da ambição da sua personalidade", até que alcancem a humildade e a técnica científica que fará deles diretores inteligentes da luz e do poder que flui para eles, e através deles, todo o tempo.

Portanto, um estudo dos três tipos de dificuldades emergentes do desenvolvimento e desabrochar dos poderes psíquicos conduz-me a uma larga generalização, para a qual será conveniente que haverá muitas exceções:

1- O aparecimento dos poderes psíquicos inferiores indica, geralmente, que o homem que é vítima deles (porque tratamos aqui apenas das anormalidades da ciência psíquica) é do terceiro raio, ou que o terceiro raio é dominante na sua personalidade, ou que é o fator controlador no equipamento da sua personalidade. Encontra-se frequentemente um corpo astral controlado pelo terceiro raio.

2- O registro da visão mística, com as suas consequentes dificuldades, é facilitado quando o segundo raio controla e é poderoso, porque o segundo raio é peculiarmente conectado com a visão e com a luz.

3- Será evidente que a revelação de poder é obviamente parte da expressão típica do primeiro raio.

Desta maneira, ainda que todas as experiências se manifestem eventualmente no discípulo, as três principais dificuldades de que estamos tratando - os poderes psíquicos, os problemas derivados da visão mística e a revelação da luz e do poder - têm relação e conexão com a expressão de raio. Isto deveria ser levado em conta pelo psicólogo, investigador e pelo médico. Sensibilidade psíquica, dualidade mística e poder dominante - são os três principais problemas do aspirante, os quais deveriam ser estudados e compreendidos. Afetam os três centros maiores no discípulo - a cabeça, o coração e o centro entre as sobrancelhas, porque a sensibilidade psíquica está ligada ao coração, a dualidade mística ao centro ajna e o problema de poder ao centro mais elevado da cabeça.

No aspirante ou ser humano adiantado, eles afetam o centro da garganta, o plexo solar e o centro sacro, mas como eles são definitivamente provocados pela expansão da consciência, o seu efeito é pouco registrado no homem não evoluído ou no homem comum que está, sobretudo, ocupado com a vida do plano físico e as reações emocionais. Ele não passa pelos processos estimuladores, mas sim por processos de ruptura e reorientação, de reconhecimento da dualidade e da fusão da personalidade. Como já vimos antes, os processos de integração acarretam os seus próprios problemas.

À medida que o tempo passa, as etapas das dificuldades serão mais cuidadosamente estudadas sob o ângulo das hipóteses ocultas e então se fará importante progresso. Será particularmente assim, quando os problemas da adolescência forem estudados, porque são problemas de consciência atlante e de desenvolvimento místico.

Desejo assinalar aqui que do mesmo modo que o embrião no útero recapitula as diferentes etapas do desenvolvimento animal, assim o ser humano, durante os anos da infância, adolescência e juventude até à idade de 35 anos, recapitula as várias fases da consciência racial. Aos 35 anos deveria afirmar-se na etapa do discípulo inteligente. Muito ganharíamos em reconhecer este processo de recapitulação que - na Nova Era que está sobre nós - contribuirá bastante para controlar e determinar os processos de desenvolvimento aos quais se subordinarão a criança e o jovem, pelo educador inteligente.


c- Doenças Ligadas a Condições Grupais

Podemos abordar este tema apenas ligeiramente, uma vez que o trabalho grupal (entendido esotericamcnte) é relativamente novo, e porque o indivíduo que trabalha presentemente num grupo, é pouco afetado por todos esses fatores, devido à sua integração relativamente parcial. Refiro-me aqui à sua integração no grupo. As pessoas estão ainda tão ilhadas nas suas personalidades que, em muitos casos, são imunes à estimulação grupal, dos efeitos e impulsos dos grupos. E só quando se tornem descentralizadas, e portanto mais facilmente capazes de responder às ideias de grupo, ao idealismo e à aura (com a sua inalação e exalação e vivência grupais) que elas podem sucumbir, e sucumbem, a essas dificuldades que a vida de grupo impõe. Hoje, é a figura central da vida de grupo, a personalidade dominante ou alma, aquela para quem se dirigem a vida de grupo e os pensamentos grupais, com todas as consequências que isso implica. E esta pessoa, à volta da qual a vida de grupo gravita (se posso usar este termo), a vítima do grupo e é ela que paga o preço de qualquer debilidade grupal. A expressão da atitude do grupo encontra nela a sua vazão e ela é, às vezes, praticamente "morta" pelo grupo.

Presentemente não há nenhum grupo perfeito. Os grupos estão em fase experimental e são largamente compostos por alguns aquarianos, muitos pisceanos e certo número de pessoas que estão numa etapa transitória entre ambos. O líder ou líderes dos novos grupos são geralmente de tipo tão puro da nova era ou do caráter aquariano quanto é possível encontrar atualmente. Isto explica o fracasso do grupo, como regra geral, quer em compreender o líder ou em cooperar, como se deseja, com os novos ideais.

O líder é um pioneiro num novo campo de pensamento e propósito e, portanto, sofre as penalidades da sua ousadia e do seu espírito empreendedor.

Não é minha intenção ocupar-me aqui com dificuldades grupais, porque não é esse o meu tema. Estou considerando as dificuldades (significando, muitas vezes, doenças físicas) e os problemas do indivíduo que é sensível à tensão e à vida grupal - algo muito diferente dos problemas comuns dos místicos do passado. Estas dificuldades só podem ser estudadas e investigadas hoje, examinando-se as vidas, as condições físicas, problemas, dificuldades e mortes dos líderes de grupos. Chamo a atenção de vocês definitivamente para este ponto. Os membros dos grupos - ainda que pouco lhes agrade reconhecê-lo, não estão dispostos a se sujeitarem às contingências, emanação e energia do grupo, porque ainda não estão suficientemente integrados no grupo.

Os problemas que estamos considerando dividem-se em duas categorias principais, e enquanto procuro elucidá-los, verifico que, relativamente, poucas coisas posso dizer. O próximo século verá os problemas mais definidos e as dificuldades mais claramente delineadas. São eles:

1- Os que surgem como resultado do pensamento dirigido do grupo, Sobre isto posso dizer alguma coisa.

2- As doenças relacionadas com as vias respiratórias. Sobre isto pouco posso dizer.

Analisemos portanto, estes problemas. Teremos que estudar os primeiros sob o ponto de vista daquele que é o mais afetado por eles - o líder, ou ponto focal do grupo Estes mesmos problemas podem também afetar as três ou quatro pessoas que, juntamente com o líder e em colaboração com ele, dirigem a política do grupo.


Doenças e Problemas Evocados pelo Pensamento Direcionado do Grupo

Parecer-lhes-á evidente que as primeiras e mais importantes dificuldades sejam as que nascem da crítica grupal, seja ela expressa em palavras ou fortemente sentida em silêncio. Esta crítica pode basear-se em muitas coisas, mas é geralmente motivada pela inveja, ambição frustrada ou orgulho intelectual. Cada membro de qualquer grupo, particularmente aqueles que pertencem ao círculo imediato do líder ou líderes, está inclinado a se erigir em juiz. A responsabilidade não é deles; não conhecem os problemas como realmente são e a crítica é, portanto, fácil. Devemos lembrar que a crítica é um veneno virulento, Em todos os casos, prejudica eventualmente aquele que critica - devido ao fato de ter sido direcionada verbalmente - mas fere ainda mais aquele que foi criticado. Quando há pureza de motivos, verdadeiro amor e uma larga medida de desapego, os corpos sutis daquele que é atacado podem permanecer imunes, mas os efeitos físicos serão bem nítidos, e quando há qualquer debilidade física ou limitação, ali se encontrará localizado o veneno projetado.

A crítica não verbalizada é muito perigosa, porque poderosa e focalizada fortemente, embora não individualmente dirigida, ela flui continuamente e, como uma firme corrente, é enviada nas asas do ciúme, ambição, orgulho por uma interpretação pessoal de uma suposta situação e por uma crença de que o crítico está em posição de compreender corretamente, e que poderia - se lhe fosse dada correta oportunidade - praticar a ação certa. Quando a crítica é feita em voz alta, é consequentemente reforçada pela cooperação daqueles que foram influenciados pela crítica e as consequências deste pensamento-forma dirigido grupalmente pode resultar num desastre físico e na destruição do corpo físico do líder ou líderes. Isto pode ser um pensamento novo para alguns e deveria levar muitos, nos grupos da Nova Era, a deter os seus pensamentos e assim a libertar os seus líderes dos impactos desastrosos de suas críticas.

Não me refiro aqui ao ódio, se bem que amiúde esteja presente, consciente ou inconscientemente, mas simplesmente ao fato de "erigirem-se em juízes" e às tagarelices e vãs murmurações que parecem ser tão do gosto da média dos membros do grupo. Isso é semelhante ao próprio sopro da morte que não só pode matar o líder por meio do veneno acumulado e pela angústia causada, mas pode matar também a vida grupal e fazer abortar os esforços que poderiam, se lhes fossem dados cooperação e tempo para se desenvolverem, tornando-se agentes construtores através dos quais a Hierarquia poderia trabalhar.

De todos os lados e em todos os grupos se lançam ondas de críticas sobre o líder, pensamentos venenosos, falsas ideias, tagarelice inútil de natureza destrutiva, imputação de motivos, invejas não mencionadas e ódios, ambições frustradas de membros do grupo, ressentimentos e desejos insatisfeitos, por distinção ou reconhecimento pelo líder ou chefes, desejos de verem o líder ultrapassado por eles ou por outros, e muitas outras formas de egoísmo e orgulho mental. Tudo isto produz resultados no corpo físico dos líderes e muitas vezes nos seus corpos emocionais. A responsabilidade de um membro de grupo é portanto grande, uma responsabilidade que eles poucas vezes reconhecem ou assumem. É-lhes difícil apreciar os efeitos desastrosos quando uma pessoa é alvo das críticas do grupo e quando o pensamento direcionado de certo número de pessoas é focalizado sobre um ou dois indivíduos.

Quando mais evoluído for o líder do grupo, maiores serão a dor e o sofrimento. As pessoas do primeiro raio que têm, por natureza, "uma técnica de isolamento" sofrem menos que a maioria, pois sabem como deter essas correntes de força dirigidas e como desviá-las e - quando não são pessoas profundamente espirituais - podem devolvê-las aos que as originaram e provocar, assim, grandes devastações nas suas vidas.

As pessoas do segundo raio não trabalham, nem podem trabalhar, da mesma maneira. Absorvem naturalmente, e atraem magneticamente, tudo o que se encontra no seu meio ambiente e é dirigido para eles. Esta é a razão porque Cristo foi penalizado com a morte. Foi morto, não só pelos Seus inimigos, mas também pelos Seus, assim chamados, amigos.

Poderão perguntar: Que pode um líder ou um grupo de líderes fazer nestas circunstâncias infelizmente frequentes e normais? Nada, apenas continuar a trabalhar; retirando para o interior de si mesmo; dizer a verdade com amor quando se lhes oferece a ocasião; recusar tornar-se amargo pela dor que o grupo ocasiona e esperar, até que os seus membros aprendam as lições de cooperação, de silêncio, de apreciação amorosa e de sábia realização e compreensão dos problemas que todos os líderes de grupo enfrentam nestes dias difíceis e individualistas. Esse tempo chegará.

Temos a seguir o inverso deste problema e que tem que ser enfrentado por muitos líderes. Nesta situação inversa, o líder está envolto e (se posso empregar o termo) "asfixiado" pela devoção de certos membros do grupo. Os líderes de grupos podem ser quase que aniquilados pelo amor da personalidade das pessoas. Mas isto não é de natureza tão venenosa como as dificuldades expostas acima, porque - ainda que seja desvantajoso e cause muitas formas de dificuldades, incompreensão e reações grupais - está ao longo da linha de amor, e não da separação e ódio. Esta situação, em termos esotéricos, paralisa aquele que se esforça por servir e ata-lhe os pés e mãos.

Há outra dificuldade em que eu tocarei porque é importante: na medida em que é uma atividade de grupo levada a cabo como um todo e não o ato de um indivíduo, ou de um punhado de indivíduos no seio de um grupo. Refiro-me à forma como atualmente um grupo drena a vida de seus líderes. O cordão umbilical (falando simbolicamente) é raramente cortado entre o líder e o grupo. Este foi o maior erro cometido pelos grupos na era de Peixes. Permaneciam sempre ligados ao líder ou - quando levados pela aversão ou pelo ódio - cortavam violentamente os laços e rompiam as relações, causando assim profunda angústia e sofrimento desnecessário ao grupo e ao líder. Na Nova Era o cordão será cortado cedo na vida do grupo, mas os líderes permanecerão largo tempo (como faz a mãe) como inspiração orientadora, força de proteção amorosa e a fonte de instrução e ensino. Quando for este o caso, o grupo pode prosseguir no seu caminho e viver a sua vida como um agente autodirigido, mesmo quando o líder passa deste lado para o outro ou há uma mudança de chefia por qualquer razão.

De acordo com o fluxo geral da vida e atividade do grupo, assim será o efeito - emocional e físico - sobre qualquer membro sensitivo do grupo; contudo, quanto maior for o contato físico entre os membros do grupo, mais frequentes e mais definidos serão os problemas e as dificuldades. Os grupos na Nova Era serão unidos mais por uma ligação subjetiva e não tanto pelas reações emotivas provocadas pelo contato externo.

Quero pedir-lhes que ponderem cuidadosamente sobre este último parágrafo porque contém a chave do sucesso do trabalho dos novos grupos. É da vida de grupo e da sua atmosfera que provém muitas das infecções que conduzem a dificuldades de natureza física. A doença é geralmente de origem grupal e os místicos e os sensitivos do mundo sucumbem a ela mais facilmente. Nestas primeiras etapas de verdadeiro trabalho de grupo, as dificuldades que sobrevêm dos contatos do grupo são frequentemente de natureza puramente fisiológica, e não são tão profundamente arraigadas como aquelas que analisamos mais acima. Isto é um ponto que deve ser lembrado. As perturbações e as doenças físicas não são tão sérias quanto as psicológicas


Doenças Respiratórias dos Místicos

Pouco se pode dizer sobre isto. Constituirá uma das maiores dificuldades à medida que os grupos crescem em força e poder. Justamente na medida em que forem objetivos e não subjetivos, aumentarão as perturbações. Refiro-me às doenças que afetam o aparelho respiratório e que provêm de contato grupal. Não me refiro às mesmas dificuldades que são levadas pelo indivíduo para o grupo. Esotericamente, a razão disso deveria ser óbvia. Os erros cometidos ao falar, a conversa inútil e a tagarelice, e os efeitos produzidos pelas palavras do líder - têm resultados subjetivos mal captados ou compreendidos pelo estudante comum, e todos eles se manifestam sob a forma de efeitos físicos - tanto bons como maus. Devido à novidade deste tema e da falta de provas para substantivar as minhas declarações, só posso chamar a vossa atenção para as possibilidades latentes e deixar que o tempo prove a exatidão do que digo.

Curiosamente, todo este tema da respiração - individual e grupal - está evocando a sua própria solução paralela na ênfase posta pelos numerosos grupos esotéricos sobre os exercícios respiratórios e na enunciação do Aum (que é a respiração da alma, quando se pronuncia corretamente) e na prática (sob diversas fórmulas) de ritmo. Tudo isto são os irreconhecidos esforços por parte do grupo - mais de natureza instintiva do que da planificação inteligente - com vistas a compensar certos perigos de grupo nitidamente pressentidos.

Estas práticas podem ser benéficas se forem levadas a cabo com cuidado, mas muitas vezes criam os seus próprios problemas peculiares. Por exemplo, a pronunciação do Aum por pessoas despreparadas ou por grupos que estão interligados por tal atividade, mas que não têm a menor ideia do que estão fazendo, traz consigo marcadas dificuldades. Contudo, as dificuldades especiais do trabalho de grupo na Nova Era podem ser contrabalançadas por certos exercícios esotéricos e práticas relacionadas com o aparelho respiratório. Mais do que isto não posso dizer porque os novos grupos estão na sua infância e as dificuldades do grupo não estão ainda desenvolvidas em grande escala, nem são os problemas futuros (inerentes a natureza oculta e fortemente mística desses grupos) de natureza tão definida que se possam detalhar compreensivamente.


d- Problemas dos Místicos Ligados às Atuais Influências de Raio

Assistimos hoje à retirada da energia do sexto raio e ao crescente poder e atividade do sétimo raio. A energia que se está retirando do nosso planeta numa das crises cíclicas, expressou-se durante séculos por meio do plexo solar planetário e também, como poderá deduzir-se, através do centro do plexo solar do aspirante comum. Isto provocou muitas das numerosas desordens do aparelho digestivo, além de problemas emocionais (ambos estreitamente relacionados) que a maioria das pessoas sofre nesta época e geração. A intensa atitude centralizada numa única direção, o estado fanático mental, o sacrifício da vida da personalidade pelo ideal sentido, tudo isto produziu uma perigosa condição nos órgãos do corpo situados abaixo do diafragma. Não se deve esquecer isto.

O sétimo raio, o qual atua através do centro situado na base da coluna vertebral, terá, com o tempo, um efeito peculiar sobre o sistema circulatório, porque este centro básico está ligado à força vital e, como sabem, "o sangue é a vida". Trabalha com o centro mais elevado do corpo e está portanto ligado à totalidade do problema das polaridades. E, por consequência, um dos fatores que fará aumentar as dificuldades conectadas com as diversas "clivagens" psicológicas de que tratamos anteriormente.

Diz respeito à triplicidade humana espírito-alma-corpo, à dualidade da alma e personalidade, e aos aspectos maiores da Divindade, espírito e matéria, como também aos muitos grupos de pares de opostos com que o místico está constantemente preocupado e que ele deve eventualmente resolver numa unidade. O reconhecimento disto mostrará claramente quanto são complexos os problemas e as possibilidades que surgem pelo estímulo que será sentido à medida que a "vontade de circular, a vontade de relacionar e a vontade de expressar" fizerem sentir sua presença com a manifestação do sétimo raio.

Esta força, no que diz respeito ao indivíduo, atuará sobre o centro da base da coluna vertebral, despertando-o para uma atividade até agora desconhecida. Felizmente para a humanidade, estes aspectos da vida da vontade estão ainda longe do seu pleno desenvolvimento, mas muito da confusão no mundo atual e da oscilação entre a expressão dos extremos expressados podem atribuir-se à atividade destas novas forças. Uma grande parte da expressão inoportuna e exagerada do aspecto Vontade de certas nações e indivíduos está ligada à entrada em manifestação do sétimo raio, e à retirada do antigo raio. O problema é grandemente aumentado pelo fato de haver aparentemente uma afinidade pronunciada entre a idealística e fanática vontade do sexto raio - que é uma ênfase emocional cristalizada, dirigida, imutável - e a força de vontade do trabalhador mágico não treinado que está influenciado pela energia do sétimo raio, trabalhando através do centro da base da coluna vertebral.

A distinção entre estas duas forças e a sua expressão atual é extremamente sutil e muito difícil para o neófito distingui-las. Cada uma delas provoca suas próprias dificuldades. Eu as menciono aqui apenas por constituírem elas um problema de natureza mística com que a Hierarquia tem de lidar, mas que o aspirante médio não tem ainda necessidade de enfrentar.

Ao concluir esta discussão sobre os problemas e doenças dos místicos verifico muito mais do que vós podeis, que foi-me possível dize pouco sobre os últimos itens tratados, particularmente sobre problemas de grupo ou de raio. Isto era fatalmente inevitável. Os grupos da nova era são, por enquanto poucos, se bem que muitas pessoas da nova era estejam vindo à manifestação. Só nos meados do próximo século emergirá realmente o novo tipo de grupo. Veem-se hoje começos e tentativas de tais grupos mas o seu sucesso ou fracasso é instável e ambos tão efêmeros que ainda nãp é fácil submetê-los à lei. Uma pessoa ambiciosa e desleal, por exemplo, pode destruir um grupo; outra desprendida, dedicada, que não critique, pode lançar o grupo num trabalho bem sucedido. Isto indicar-lhes-á o poder de um indivíduo e o fato de que, temporariamente e num momento determinado, ele pode ser mais forte que o grupo, porque este não tem ainda uma verdadeira compreensão da atividade, da coesão e vitalidade grupais. O místico sofre, portanto, como resultado desta condição, doenças e dificuldades psicológicas que são não só pessoais, mas que são o resultado da fluidez das condições em que tem que viver.

Uma das razões que garantem o poder da Hierarquia e a sua imunidade a qualquer problema psicológico inerente ao trabalho grupal, e a qualquer desordem mística ou ocultista, é a sua estabilidade, a sua coesão e segurança da sua maneira de viver. O místico e o ocultista passam frequentemente por um período de insegurança e de transição entre a dúvida quanto às possíveis revelações futuras e uma fé que o testemunho das idades está baseado em fatos além de qualquer controvérsia. Aos estudantes místicos e ocultistas comuns falta-lhes, portanto, estabilidade nas condições de meio ambiente e fé nas suas filiações grupais. A maior contribuição feita atualmente ao pensamento mundial é o reconhecimento emergente por toda a parte da limitação do conhecimento humano, da insuficiência da sua sabedoria acumulada para fazer face à situação do mundo e a sua incapacidade, até agora, de formular um plano que permitisse fazer sair a raça humana das suas dificuldades e impasse. Os seres humanos não estão seguros de si, nem dos outros e quanto maior é a sua sensibilidade mais complexas são as suas reações e mais complicados e desastrosos são os efeitos fisiológicos e psicológicos. A humanidade como um todo está tornando-se mística na sua orientação e consciência. Os intelectuais da raça agregam a esta consciência mística (que está sempre presente, embora não admitida, ou repudiada) um rápido desenvolvimento do sentido da compreensão oculta.

A consciência atlante da humanidade adolescente está cedendo lugar à consciência mais desenvolvida do ser humano maduro. Os problemas, as dificuldades, doenças e perturbações do homem misticamente orientado, introspectivo e inquiridor, darão lugar, no curso dos próximos séculos, aos problemas e complexidades do homem que se está tornando consciente do grupo e que trabalha com a consciência voltada para algum tipo de grupo. Lembrarei aqui - que como resultado da influência pisceana durante os últimos 2000 anos - tais grupos são predominantemente idealistas.

Isto leva-nos a uma das partes mais importantes do nosso tratado que é a influência dos raios, hoje e na Era de Aquário em que estamos entrando. Isto comprovará ser de valor prático. Levemos ao trabalho do novo ciclo que se estende diante de nós, uma renovada aspiração, um profundo amor e uma fé mais viva, recordando-nos, enquanto estudamos o futuro, que a Fé é uma das nossas maiores necessidades, porque ela é "a Substância das coisas esperadas e a Evidência das coisas não vistas".

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