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Livros de Alice Bailey

Psicologia Esotéria - Volume II
Volume I
Volume II


Volume II
Capítulo II - O Raio da Personalidade - Parte 3

O Raio da Personalidade - Parte 3


3- Alguns Problemas Psicológicos

Introdução

O que tenho a dizer aqui deverá ser do interesse geral. Procurarei fazê-lo com a maior simplicidade, evitando termos técnicos de psicologia acadêmica, e apresentando os problemas psicológicos humanos de forma tão clara que possa ser de verdadeira ajuda para muitos. Os nossos dias estão tão carregados de dificuldades que às vezes os reajustamentos necessários no meio ambiente parecem ser tão difíceis e o equipamento para a tarefa requerida tão inadequado que se pede à humanidade que faça o impossível. É como se a estrutura humana tivesse acumulado tanta incapacidade física, tanta tensão emocional e herdado tanta doença e hipersensibilidade que os homens recuam vencidos. E como se a atitude do homem perante o passado, o presente e o futuro seja de tal natureza que parece não haver razão para a existência, que nada mais há que interesse ver e que nenhuma ajuda pode ser encontrada na retrospecção. Estou, evidentemente fazendo uma vasta generalização. Para alguns, esta generalização não se aplicará, mas, mesmo eles, se são estudantes dos problemas humanos, das condições sociais e do equipamento do homem, estão sujeitos à dúvida e às vezes ao desespero. A vida é tão difícil nestes dias; a tensão a que os homens estão sujeitos é tão extrema; o futuro mostra-se tão ameaçador e nas massas humanas tão ignorantes, doentes e angustiados. Apresento-lhes este quadro sombrio, ao iniciar a nossa discussão, para que nenhuma solução escape, que nenhum tolo otimismo e ilusória solução descreva a situação, nem retrate uma fácil escapatória que só conduzirá mais profundamente à sombria floresta dos erros e ilusões humanos.

Contudo, embora não o saibamos, as condições atuais indicam a própria causa e cura. Confio que depois de termos estudado o problema (nas suas linhas gerais, pois é tudo o que é possível fazer) terei sido capaz de indicar a saída possível e de oferecer sugestões práticas que possam lançar luz nas densas trevas, que o futuro tenha muitas promessas e o presente muitas experiências que conduzirão ao progresso e à compreensão.

A ciência mais importante na atualidade é a psicologia. É uma ciência ainda na infância, mas tem nas suas mãos o destino da humanidade e o poder (quando corretamente desenvolvido e aplicado) de salvar a raça. A razão da sua grandeza e utilidade está no fato de enfatizar a relação da unidade com o todo, com o meio ambiente e os seus contatos; estuda o equipamento do homem para estabelecer esse contato e procura produzir uma adaptação conveniente, uma integração e coordenação corretas e a liberação do indivíduo par uma vida útil de realização e serviço.

Algumas da dificuldades que é preciso encarar quando consideramos as conclusos de tantas e tantas escolas de psicologia, são baseadas no fato de que elas não conseguem relacionar entre si os seus pontos de vista. Encontra-se a mesma clivagem e o mesmo estado de guerra nos limites desta ciência, assim como se encontram no indivíduo ou no campo religioso. Encontra-se falta de síntese, falta de correlação dos resultados e uma tendência para exagerar um aspecto da verdade comprovada, excluindo outros igualmente importantes. A debilidade ou debilidades essenciais no equipamento de um indivíduo ou na sua apresentação da vida (e também nas de um grupo ou ordem social) são consideradas excluindo-se e até negando-se outras debilidades menos evidentes, mas que são igualmente nefastas. O preconceito proveniente de um deformado treino escolástico, de marcada parcialidade, frustra frequentemente a perspectiva de tal modo que a fraqueza do próprio equipamento do psicólogo anula os seus esforços para ajudar o paciente. O fracasso da educação de hoje, em não tomar em consideração o homem completo, ou de não ter em conta a expansão que há na atividade de um centro de integração, de um ponto central de consciência e fator determinante dentro do mecanismo daquele a quem é preciso ajudar a adaptar-se à sua condição de vida - isto sobretudo - é responsável por grande parte das dificuldades. A afirmação da posição puramente materialista e científica que só reconhece o que está definitivamente provado ou o que pode ser aceito como hipótese imediata, causou uma importante perda de tempo. Quando novamente a imaginação criadora puder ser libertada em cada setor do pensamento humano, veremos muitas coisas novas serem conduzidas para a luz, coisas que presentemente são aceitas apenas por aqueles que têm um espírito religioso e pelos que têm mentes precursoras. Um dos primeiros campos de investigação que se beneficiará desta libertação será o da psicologia.

A religião organizada tem, lamentavelmente, muito por que responder, devido ao fanatismo posto nos pronunciamentos doutrinários e ao castigo imposto aos que se recusam a aceitar esta ditadura que só tem servido para entorpecer a aproximação humana de Deus e da realidade. O exagero poste pelas igrejas sobre o que é impossível de alcançar e a cultura do sentimento do pecado no curso dos séculos, conduziram a condições desastrosas, a conflitos internos que têm distorcido a vida, levando-a à morbidez, a atitudes sádicas, ao farisaísmo e a um desespero final que é a negação da verdade.

Quando a educação certa (que é a verdadeira ciência de adaptação), a religião certa (que é a cultura do sentido da divindade) e o desenvolvimento científico certo (que é a correta apreciação da forma ou formas, através da qual a vida subjetiva da divindade se revela) forem corretamente relacionadas uma à outra assim suplementando as conclusões e esforços de cada uma, então teremos homens e mulheres instruídos e desenvolvidos en todas as partes das suas naturezas. Serão então simultaneamente cidadão: do reino das almas, membros criativos da grande família humana, e animai: sãos, com o corpo animal tão desenvolvido que fornecerá o instrumento necessário no plano externo da vida para a revelação divina, humana i animal. Com a Nova Era que está entrando, se verão estas realizações produzirem-se e é para isso que os homens hoje se estão preparando consciente ou inconscientemente.

Dividiremos os problemas de psicologia nos seguintes grupos.

1- Os Problemas de Clivagem, que levam a frequentes e numeroso caminhos de escape, que constituem a maioria dos complexos modernos.

2- Os Problemas de Integração, que produzem muitas dificuldades entre as pessoas mais avançadas.

3- Os Problemas devidos à Hereditariedade, racial, familiar, etc., que incluem os problemas das doenças hereditárias, com a consequente incapacidade do indivíduo.

Tratarei muito pouco deste terceiro grupo. Não há muito a dizer, exceto deixar ao tempo e à maior sabedoria o cuidado de dar a maior parte da solução, conjuntamente com o esforço de trazer melhoria no indivíduo afetado e de suprir a deficiência glandular, de o treinar no autocontrole, se possível, e de levar o veículo físico ao maior ponto de desenvolvimento possível dentro dos seus limites.

Aproxima-se o tempo em que cada criança será sujeita a certos testes muito cedo. Receberá hábeis cuidados de tal modo que o aparelho de contato possa ser tão útil quanto possível, tão adaptável quanto possa tornar-se, tão sadio quanto for possível. Mas recordarei aqui que nenhum equipamento físico poderá ser levado para além de certo ponto do desenvolvimento numa vida - um ponto determinado pela etapa alcançada no processo evolutivo, pelos fatores raciais, pela qualidade da natureza sutil ou subjetiva, pela experiência passada e pelo contato da alma (distante, perto ou já realizado) e pelo equipamento mental.

Para correta compreensão do nosso tema e pelo meu método de tratá-lo, gostaria de expor quatro proposições fundamentais:

1- No tempo e espaço o homem é essencialmente dual, consistindo de alma e corpo, de vida inteligente e forma, de uma entidade espiritual e do mecanismo de contato - a natureza corpórea pela qual essa entidade se torna consciente dos mundos de fenômenos e estados de consciência de natureza diferente dos do seu próprio nível de consciência.

2- Que esta natureza corpórea consiste na forma externa física, da soma total de vitalidade ou corpo etérico, (que a ciência começa hoje rapidamente a reconhecer), o corpo de desejos, sensitivos ou emocional, e o mental. Através do corpo físico contatamos com o mundo tangível circundante. Por meio do corpo vital chegam-nos os impulsos que produzem direção e atividade no plano físico. Por meio do veículo sensorial, a natureza astral ou emocional origina o conjunto de desejos e impulsos que governam o homem, ainda não evoluído, ou o homem comum, os quais se podem chamar impulsos-desejos ou anseio-vida do indivíduo. Por meio do mental chega-nos finalmente a compreensão inteligente e uma vida dirigida pelo propósito e pelo planejamento em vez do desejo.

3- Que o desenvolvimento humano efetua-se por uma série de integrações, de processos de coordenação ou síntese, envolvendo (especialmente quando a inteligência começa a controlar) um sentido de clivagem e de dualidade. Estas integrações, no que concerne à humanidade, ou subjazem num passado muito distante ou ainda se produzem na atualidade, ou acontecerão no futuro.

Integrações Passadas

Entre os corpos animal e vital.
Entre estes dois corpos e a natureza sensorial do desejo.
Entre estes três corpos e o mental inferior concreto.

Integrações Presentes

Entre os quatro aspectos, produzindo assim uma personalidade coordenada.

Integrações Futuras

Entre a personalidade e a alma.

Há outras e mais altas integrações, mas não temos necessidade de nos ocuparmos delas aqui. Alcançam-se pelos processos de iniciação e de serviço. Devemos lembrar que na história da raça, muitas integrações tiveram lugar inconscientemente, como resultado do estímulo da vida, do impulso evolutivo, dos processos normais da existência, da experiência obtida através do contato com o meio ambiente, e também pela satisfação, levando à saciedade da natureza do desejo. Mas chega um momento ao no desenvolvimento racial, como nas vidas dos indivíduos, em que o processo cego de aquiescência evolutiva torna-se o vivo esforço consciente, e é exatamente neste ponto que se encontra hoje a humanidade. Daí o sofrimento generalizado das unidades humanas por toda a parte; daí o esforço da educação moderna; daí, também, a emergência em cada país, em larga escala e em número crescente, de três espécies de pessoas:

As que estão conscientes da clivagem.

As que estão realizando a integração com muita dor e dificuldade.

Personalidades, ou pessoas integradas e, por conseguinte, pessoas dominantes.

4- Ao mesmo tempo e em todos os países, homens e mulheres vão avançando para uma síntese mais elevada e alcançando-a - a síntese da alma e do corpo. Isto produz um sentido do destino individual e racial; um sentido do propósito e do plano. Produz igualmente o desenvolvimento da intuição (a sublimação do intelecto, assim como este foi a sublimação da natureza instintiva) e o consequente reconhecimento de mais elevadas ideias e idealismo, e dessas verdades fundamentais que, quando difundidas entre as pessoas pensadoras do mundo, produzirão grandes mudanças mentais e materiais, com os seus acompanhamentos transitórios de convulsões, de caos, experimentos, destruição e reconstrução.

A humanidade proporciona um campo cultural para todos os tipos, isto é, para aqueles que são hoje expressões de integrações passadas, e aqueles que estão em vias de tornarem-se seres humanos pensadores. As duas integrações mais antigas, entre o corpo vital e a forma física e entre estas duas e a natureza de desejo, não mais estão representadas. Elas são universais e jazem abaixo do limiar da atividade consciente e muito longe na história da raça. O único campo em que podem ainda ser estudadas nos processos recapitulativos da história da infância, onde se pode ver mais demonstrada a força mover-se e responder ao aparelho sensorial, assim como o poder de expressar desejos. Pode-se também observar a mesma coisa entre os povos jovens e entre as raças selvagens. Mas a terceira etapa da integração, a do gradual desenvolvimento mental, prossegue a grandes passadas e pode ser, e está sendo, estudada com a maior atenção.

Hoje, a educação moderna ocupa-se quase que exclusivamente com esta etapa e quando os educadores cessarem de treinar as células cerebrais ou de se ocuparem da evocação da memória, quando deixarem de considerar, como uma só coisa, o cérebro e a mente, mas aprenderem a diferenciá-los, então grandes progressos serão feitos. Quando a criança for treinada para controlar a mente e quando essa mente for ensinada a dirigir a natureza do desejo e o cérebro, produzindo a direção do veículo físico a partir do nível mental, veremos então as três integrações levadas adiante com precisão e rapidez. Será então dada atenção à integração da personalidade, de modo que os três aspectos funcionem como uma unidade. Temos portanto:

1- O estado infantil, no qual as três primeiras integrações são ocasionadas, e o objetivo do processo educativo será o de realizar isto, com um mínimo de dificuldade.

2- O estado humano, tratando da integração de todos os aspectos numa personalidade autoconsciente e autodividida.

3- O estado espiritual, tratando da integração da personalidade com a alma, evocando assim a consciência do Todo. Quando isto se realiza, a consciência de grupo é acrescentada à autoconsciência e este é o segundo grande passo no caminho para a consciência de Deus.

Hoje, a dificuldade está em haver, por toda a parte, pessoas em todas as diferentes etapas do processo de integração; todas estão num "estado de crise" e todas, portanto, provendo os problemas da psicologia moderna.

Estes problemas podem ser divididos em três grupos principais:

a- Os Problemas de Clivagem. Estes são, por sua vez, de duas espécies:

1- Os problemas de integração.

2- Os que surgem do sentido de dualidade. Este sentido de dualidade resultante da clivagem efetuada, abarca tanto as dificuldades da "dupla personalidade" de que sofrem tantas pessoas, até às do místico, com a sua ênfase sobre o amante e o amado, o procurador e o procurado, e sobre Deus e Seu filho.

b- Os Problemas de Integração, que produzem muitas das dificuldades das pessoas mais adiantadas.

c- Os Problemas de Estimulação. Surgem como resultado da síntese e integração realizadas, produzindo, em consequência, um influxo de energia não habitual. Este influxo pode expressar-se como uma ambição desmedida, sob a forma de um sentimento de poder, de desejo de influência pessoal ou como verdadeiro poder e força espiritual. Em cada caso, contudo, é necessária compreensão dos fenômenos resultantes e um cuidadoso manejo.

Resultando destes problemas encontramos também:

1- Problemas Mentais. Aparecem certos complexos bem definidos quando a integração da mente com os três aspectos inferiores foi provocada, e algum pensamento esclarecedor sobre eles seria útil.

2- As doenças dos Místicos. Estas concernem a atitudes mentais, a ideias complexas e a "empreendimentos espirituais" que afetam as pessoas inclinadas ao misticismo ou aqueles que estão conscientes do dualismo espiritual a que referiu São Paulo na Epístola aos Romanos. Ele escreveu:

"Porque sabemos que a lei é espiritual, mas eu sou carnal, caído pelo pecado;

Porque o que faço não aprovo; porque o que queria não faço, mas o mal que odeio, esse é que faço.

Se faço o que não quero, consinto sob a lei, tendo-a por boa. Nesse caso não sou eu que faço isto, mas sim o pecado que habita em mim.

Porque eu sei que em mim (quero dizer, as na minha carne) não mora o bem; porque o querer está presente; mas não acho como fazer o que é bom.

Porque não faço o bem que quero; mas o mal que não quero, esse eu faço.

Se faço o que não quero, não sou eu mais que faço, mas sim o pecado que habita em mim.

Portanto, querendo eu fazer o bem, acho uma lei de que o mal reside em mim.

Porque me deleito na lei de Deus, segundo o homem interior:

Mas sinto nos meus membros outra lei combatendo a lei da minha mente e que me faz cativo da lei do pecado que está nos meus membros.

O que miserável eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? (Romanos VII, 14-24).

Estas dificuldades chamarão a atenção crescente à medida que a raça avançar em direção à integração da personalidade, e daí para o contato com a alma. Verão, portanto, quanto é vasto o nosso assunto e toda a sua importância real. Torna-se igualmente evidente que muitas das nossas doenças nervosas, das nossas inibições, repressões, submissões, ou os seus aspectos opostos, estão ligados com este processo total de síntese ou fusões sucessivas.

Precisamos tratar aqui de dois pontos: Primeiro, que em qualquer consideração de ser humano - quer o vejamos simplesmente como homem ou como entidade espiritual - tratamos, na realidade, com um agregado complexo de energias diferenciadas, entre ou através das quais a consciência atua. Esta consciência, nas primeiras etapas, não é mais do que uma percepção vaga, difusa, indefinida, não identificada, sem ter qualquer foco de atenção definido. Mais tarde, torna-se cada vez mais desperta e consciente e o seu foco centraliza-se no reino do desejo egoísta, na sua satisfação e alívio. A isto podemos chamar, genericamente, a "vida de desejo" com a sua felicidade objetiva e pessoal, que conduz finalmente ao desejo consumado, mas um desejo que foi postergado até depois da morte e ao qual demos o nome de "céu". Mais tarde (à medida que a natureza mental se integra com os outros aspectos mais desenvolvidos), temos a emergência de uma entidade definitivamente autoconsciente, e um ser estritamente humano, caracterizado pela inteligência, entra em expressão ativa. O centro de atenção está ainda na satisfação do desejo, mas é o desejo de conhecer, a vontade de compreender pela investigação, discriminação e análise.

Finalmente, vem o período da integração da personalidade, onde há a vontade-de-poder, com uma autoconsciência dirigida para o domínio da natureza inferior, e com o objetivo de dominar o meio ambiente, outros seres humanos em maior ou menor número, e das circunstâncias. Quando isto é captado e compreendido, o foco de atenção passa então para o reino das energias superiores, e o fator alma torna-se cada vez mais ativo e proeminente, dominando e disciplinando a personalidade, interpretando o seu meio ambiente em novos termos, e produzindo uma síntese não conhecida até então, entre os dois reinos da natureza - o humano e o espiritual.

Ao longo de todos estes processos vemos a reunião de numerosos tipos de energia, distinguindo-se cada um deles por uma qualidade de determinada ordem que - quando são relacionadas entre si - produzem, em primeiro lugar, um período de caos, de anarquia e de dificuldades. Mais tarde, segue-se um período de síntese, de atividade organizada e de uma mais completa expressão da divindade. Mas durante largo tempo será necessário reconhecer a energia e o seu uso correto.

O segundo ponto que procurarei estabelecer é que as energias internas fazem o seu contato por intermédio do corpo vital ou etérico, que é composto por correntes de energia; elas operam por meio de sete pontos focais ou centros de força no corpo etérico. Estes centros de energia situam- se muito perto, ou em relação com, o conjunto das glândulas principais:

1- A glândula pineal.
2- A glândula pituitária.
3- A glândula tireoide e as glândulas paratireoides.
4- A glândula timo.
5- O pâncreas.
6- As suprarrenais.
7- As gônadas.

Os centros são:

1- O centro da cabeça.
2- O centro entre as sobrancelhas.
3- O centro da laringe.
4- O centro cardíaco.
5- O centro do plexo solar.
6- O centro da base da coluna vertebral.
7- O centro sacro.

Estes centros estão estreitamente ligados com o sistema endócrino, sendo este determinado e condicionado conforme a qualidade e a fonte de energia que corre através deles. Tratei deste assunto largamente nos meus outros livros e, portanto, não insistirei mais sobre este campo, salvo para chamar a atenção sobre a relação que existe entre os centros de força no corpo etérico, os processos de integração, que põem em atividade um centro após outro, e o consequente controle que a alma exerce, depois da unificação final de toda a personalidade.

Somente quando os psicólogos modernos acrescentarem ao maravilhoso e interessante conhecimento que possuem do homem inferior, uma interpretação ocidental dos ensinamentos orientais referentes aos centros de força pelos quais os aspectos subjetivos do homem poderão ser expressos, é que estes darão solução aos problemas humanos, e chegarão a compreensão da técnica do desenvolvimento e da integração que conduzirá à inteligente compreensão, à correta interpretação das peculiaridades com que frequentemente se deparam. Quando esta aceitação puder ser acrescentada ao estudo dos sete tipos principais, a ciência da psicologia estará um degrau mais perto da sua utilidade, como instrumento importante na técnica do aperfeiçoamento do homem. Também serão grandemente ajudados pelo estudo da astrologia vista do ângulo dos contatos das energias, das linhas de menor resistência, bem como das influências e características do tipo considerado. Não me refiro aqui à feitura de um horóscopo com o fim de descobrir o futuro ou ações determinantes. Este aspecto da interpretação astrológica será cada vez menos utilizado, à medida que os homens adquirem o poder de controlar e de governar as suas estrelas e, portanto, dirigirem as próprias vidas. Refiro-me, sim, ao reconhecimento dos tipos astrológicos, suas características, qualidades e tendências.

Tendo presente a análise realizada anteriormente dos vários aspectos do ser humano, que - durante o processo evolutivo - se fundem gradualmente numa personalidade integrada, recordemos que a fusão efetuada e as modificações ocasionadas são o resultado de uma contínua mudança da consciência. Ela torna-se cada vez mais inclusiva. Não tratamos aqui tanto do aspecto forma como da realização consciente do morador no corpo. E nesta região que o nosso problema reside, e é com esta consciência em desenvolvimento que os psicólogos devem principalmente ocupar-se. Do ponto de vista da alma onisciente, a consciência é limitada, turbulenta, exclusiva, egoísta, autocentrada, distorcida, errática e, nas primeiras etapas, iludida. Só quando os processos de desenvolvimento tenham alcançado um ponto relativamente elevado e a consciência da dualidade começa a surgir é que são encontrados os problemas reais, as maiores dificuldades e perigos, e que o homem se torna consciente da sua situação. Antes disso as dificuldades são de natureza diferente e giram quase totalmente à volta do equipamento físico; elas têm conexão com a lentidão das reações vitais e com os desejos de grau inferior da natureza animal. O ser humano nesta etapa é em grande parte um animal e o homem consciente está profundamente oculto e aprisionado. São o princípio e o impulso de vida que dominam e a natureza instintiva que controla. O plexo solar é a sede da consciência e a cabeça e o cérebro estão inativos.

Deve-se também recordar aqui (como tendo assinalado tantas vezes) que a realidade a que chamamos alma é fundamentalmente uma expressão de três tipos de energia - vida, amor e inteligência. Para a recepção destas três energias foi preparada a tríplice natureza inferior e o aspecto inteligência reflete-se no mental, a natureza do amor no corpo emocional de desejo e o princípio vida no e através do corpo etérico ou vital. No que se refere ao corpo físico na sua mais densa expressão (pois o corpo etérico é o aspecto ou expressão mais sutil do corpo físico), a alma fixa-se firmemente em duas correntes de energia, em dois pontos de contato: a corrente de vida no coração e a corrente de consciência na cabeça.

Este aspecto da consciência é em si mesmo dual, e o que chamamos autoconsciência é gradualmente desenvolvida e aperfeiçoada até que seja despertado o centro ajna, ou centro entre as sobrancelhas. A consciência latente de grupo, que traz a compreensão do grande Todo, está passiva durante a maior parte do ciclo evolutivo, até que o processo de integração chegue a um ponto tal em que a personalidade entre a funcionar. Então, o centro da cabeça começa a despertar e o homem torna-se consciente no sentido mais amplo. Unem-se então a cabeça e o coração, e o homem espiritual aparece em plena expressão.

Sei bem que isto é familiar a vocês, mas é bom recapitular abreviadamente e obter uma imagem clara. Mantendo estas premissas em mente, não nos ocuparemos das dificuldades mais remotas, mas começaremos com as do homem moderno e com as condições com que todos estamos tristemente familiarizados.


a- Problemas de Clivagem

Os pensadores atuais estão despertando para este tipo de dificuldade e encontram, na natureza humana, clivagens em tão grande número e tão profundamente enraizadas na própria constituição da raça que consideram a situação com muita inquietação. Estas I clivagens parecem ser básicas, e produzem as divisões que encontramos por toda a parte, entre as raças e entre as religiões. A sua origem remonta à condição fundamental da manifestação a que chamamos a relação entre o positivo e o negativo, entre o macho e a fêmea e, esotericamente falando, entre o sol e a lua. O próprio mistério do sexo está ligado com o restabelecimento do sentido da unidade e de equilíbrio, de unicidade ou de totalidade. No seu aspecto humano mais elevado, esta diferenciação sexual não é senão o símbolo ou a expressão mais inferior da clivagem ou separatividade de que o místico é consciente, o que o impulsiona a procurar o alinhamento ou união com aquilo que ele denomina divindade. | Entre esta clivagem física e este reconhecimento espiritual da divindade encontra-se um grande número de clivagens menores das quais o homem se torna consciente.

Por detrás de tudo isto existe uma clivagem ainda mais fundamental - entre o reino humano e o reino das almas - uma clivagem mais na consciência do que de fato. A clivagem entre o reino animal e o reino humano foi em grande parte resolvida através do reconhecimento da identidade física da natureza animal e da uniformidade de expressão instintiva. Dentro da família humana as diversas clivagens de que o homem está tão dolorosamente consciente serão superadas e terminarão quando a mente for ensinada a controlar e a dominar dentro do âmbito da personalidade e for corretamente empregada como fator analítico e integrativo, em vez de ser o fator crítico, discriminativo e separatista. A utilização correta do intelecto é essencial para curar as clivagens da personalidade. A clivagem entre a personalidade e a alma é resolvida pelo uso correto de:

1- O sentido instintivo da divindade que conduz à reorientação na direção correta. Isto conduz:

2- Ao uso inteligente da mente para que ela se torne perfeitamente consciente da alma e das leis que governam o desenvolvimento da alma.

3- Ao conhecimento intuitivo da realidade que transforma as partes diferenciadas numa unidade, produzindo iluminação.

4- Esta iluminação revela a unidade essencial que existe no lado interno da vida e nega a aparência externa da separatividade.

Portanto, ficará evidente que as clivagens são "curadas" pela utilização correta e inteligente do aspecto qualidade da natureza da forma:

1- O instinto caracteriza a natureza física automática, o veículo da vida ou vital e a natureza de desejo. Opera por meio do plexo solar e dos órgãos de reprodução.

2- A inteligência caracteriza o aspecto mental ou veículo mental, e atua através do centro distribuidor que é o cérebro, e através dos centros ajna e laríngeo.

3- A intuição caracteriza a natureza alma e opera por meio da mente do centro cardíaco e do centro da cabeça. Destes três pontos principais a alma finalmente governa a personalidade.

Recomendo-vos que examinem cuidadosamente estas ideias acima expostas e posso assegurar-vos que uma vez bem compreendidas, elas ajudarão a resolver os problemas relativos às diversas clivagens da natureza humana.

Atualmente não existe nenhuma clivagem entre o corpo vital e o corpo físico. Existe apenas, às vezes, uma clivagem parcial a que se poderia chamar uma "conexão frouxa". As duas correntes de energia vivente - vida e consciência - encontram-se geralmente fixadas na cabeça e no coração. Contudo, no caso de certas formas de idiotismo, a corrente de consciência não está nada focada no corpo, mas apenas a corrente da vida fez o seu contato no coração. Não existe portanto nenhuma autoconsciência, nenhum poder de controle centralizado, nem capacidade para dirigir a ação, ou de providenciar de qualquer modo um programa ou plano de vida. Existe unicamente reação aos aspectos da natureza instintiva.

Certas formas de epilepsia são devidas ao que poderíamos chamar "conexão frouxa", a corrente da consciência ou fio de energia está por vezes sujeita a esvaziamento ou abstração, e isto produz os conhecidos sintomas epilépticos e as penosas condições observadas nos ataques habituais. Em menor grau e sem produzir quaisquer consequências permanentes e perigosas, as mesmas causas básicas produzem o que se chamava "pequeno mal" e determinados gêneros de crises de desmaios, causados por uma retirada breve e temporária do fio da energia da consciência. Deve-se recordar que, quando tem lugar esta retirada e há uma separação da consciência do veículo de contato consciente, tudo o que entendemos pelo termo consciência, tal como autoconsciência, desejo e inteligência foi subtraído, restando apenas a vida e a consciência inerentes às células do corpo físico.

No entanto, em regra geral, atualmente o homem comum é uma bem ligada e funcionante unidade. (Isto é verdade, quer se aplique às massas não evoluídas ou aos cidadãos do mundo de mente materialista). O homem está firmemente integrado física, etérica e emocionalmente. O seu corpo físico, o seu corpo vital e a sua natureza de desejo (porque a emoção não é mais do que a expressão de qualquer desejo) estão estreitamente unidos. Ao mesmo tempo pode haver uma fraqueza na integração etérica, dc tal natureza que produza uma baixa vitalidade, uma falta de impulsos de desejos, uma incapacidade para registrar incentivos dinâmicos adequados, imaturidade e às vezes obsessão ou possessão. Frequentemente, o que se chama falta de vontade e o fato de se considerar uma pessoa como tendo "fraca vontade" ou "espírito fraco" nada tem realmente a ver com a vontade; será possivelmente o resultado desta débil integração e frouxa conexão entre a consciência e o cérebro que torna o homem negativo aos impulsos do desejo que deveriam fluir normalmente através do seu cérebro, galvanizando o seu veículo físico para alguma forma de atividade.

A vontade, que geralmente se manifesta por um programa ou plano ordenado, origina-se na mente e não nos níveis de percepção do desejo, e este programa baseia-se em um sentido de direção numa orientação bem definida da vontade para um objetivo reconhecido e não é, nestes casos, a causa de dificuldades. A perturbação é mais simples e encontra-se mais perto de casa. O tratamento destas dificuldades e a sua correta solução é de natureza definitivamente material, e o problema é frequentemente superado por um acréscimo da vitalidade do corpo, pela reconstrução do corpo etérico, por meio dos raios solares, alimentos vitamínicos e exercícios, mais o correto tratamento e o equilíbrio do sistema endócrino. Dentro destas linhas realiza-se hoje em dia um trabalho considerável e as formas menos graves de clivagens etéricas vão cedendo rapidamente ao tratamento. A falta de vitalidade, a imaturidade, a depressão baseada na conexão vital insuficiente e a falta de interesse pela vida (hoje tão dominante) se tornarão menos frequentes.

Não posso estender-me aqui sobre os problemas de obsessão, devidos à retirada do aspecto autoconsciente do morador do corpo. Este processo de abstração deixa somente uma casca viva, uma casa vazia. O assunto seria muito extenso para nos ocuparmos disso num tratado como este. Não é fácil para o investigador científico aceitar a premissa da substituição da consciência por outra entidade no lugar da consciência daquele que não foi capaz de manter o vínculo dentro do cérebro com a adequada positividade. Contudo, falando com pleno conhecimento, tais casos ocorrem frequentemente, conduzindo a muitos dos problemas da chamada "personalidade dividida", que é na realidade a ocupação de um corpo físico por duas pessoas - uma que fornece a corrente de vida (ancorada no coração) e a outra, a corrente de consciência (ancorada no cérebro) e controlando assim o corpo, dirigindo as suas atividades e expressando-se a si mesma por meio dos órgãos vocais. Às vezes, esta possessão alterna-se entre as duas personalidades. Por vezes há mais de dois em jogo e várias pessoas encontrando-se do lado interno da vida, utilizando o mesmo corpo físico. Então teremos múltiplas personalidades. Não obstante, isto deve-se a uma debilidade bem definida da conexão etérica do morador original; ou pode também ser devido a uma profunda aversão que sente o morador pela encarnação física; também pode ser causado por um choque ou desastre que subitamente rompe o vínculo da consciência, e neste último caso, não há esperança de restabelecimento. Cada caso deve ser diagnosticado e tratado de acordo com os méritos individuais e, de preferência, tratando diretamente com o verdadeiro morador, quando este está "em casa, na sua própria morada". Além disso, a consciência deste morador está algumas vezes tão fortemente orientada pra outras direções que não são as da existência física, que produziu um processo de abstração, com o foco de interesse da consciência em outra parte. Este é o lado indesejável ou a expressão do mesmo poder de abstração que permite ao místico ter as suas visões e de participar em acontecimentos celestiais, e ao adepto avançado entrar no estado de Samadi. No primeiro caso, o veículo é deixado sem guardião, constituindo uma presa para qualquer visitante; no segundo caso, o veículo encontra-se devidamente guardado e positivamente atento à chamada e à nota vibratória do seu proprietário.

Não me é possível fazer mais do que aludir a estas diversas explicações e assim encaminhar os investigadores de mente aberta e de boa vontade, para aceitar hipóteses invulgares, numa direção que pode conduzi-los ao vale da compreensão. A chave do sucesso para eliminar estes tipos de dificuldades reside nos cuidados pré-natais e no estudo das taras hereditárias; a sífilis e outras doenças venéreas são poderosas causas predisponentes. A correta cultura da natureza corporal depois do nascimento e o desenvolvimento na criança de um sentido positivo de si própria, tornando-a assim positiva no seu modo de pensar e desenvolvendo o seu sentido de autoidentidade - tudo isto são ajudas para a eliminação deste tipo de perturbações. A tendência atual para acentuar a importância das vitaminas nos alimentos e de fazer regime alimentar equilibrado é muito benéfica.

Contudo, o verdadeiro sentido da clivagem e das dificuldades verdadeiramente sérias surge quando duas coisas ocorrem:

1- A autoconsciência do homem atingiu um ponto em que os seus desejos são tão dominantes e compulsivos que ele se torna consciente da força deles, e também simultaneamente da sua verdadeira incapacidade em satisfazê-los. Um sentimento de frustração então envolve-o e ele torna-se dolorosamente consciente daquilo que quer e o que chegaria a ser se tais desejos fossem satisfeitos. É então dilacerado por duas tendências: o mental-desejo mantém-no no domínio da aspiração, da esperança do desejo, enquanto que o cérebro e a sua natureza física o convencem de que nada do que ele quer é possível e, se o fosse, iria realmente querê-lo? Isto é verdade para o homem cujo objetivo é satisfazer os seus desejos mteriais ou para o homem que responde ao desejo de satisfação intelectual ou espiritual. No primeiro caso, a clivagem começa a aparecer nos aspectos mais baixos da sua natureza de desejo. No outro caso, aparece nos aspectos mais elevados, mas em ambos os casos as linhas de clivagem são nítidas. O conflito começou e duas possibilidades surgem:

a- A aquiescência final de uma natureza que põe fim à vida de futilidade, profunda depressão e sentimento de frustração que vai desde a vida submissa de aceitação até os diferentes caminhos de escape que atraem um homem ao mundo dos sonhos, ao país da ilusão e a um estado de negatividade e, por vezes mesmo, para além das fronteiras da morte, através da autodestruição,

b- Um encarniçado conflito baseado na recusa em se moldar pelas circunstâncias ou meio ambiente. Isto conduz um homem ao sucesso e à realização do seu desejo ou o destrói na roda da vida, quer física quer mentalmente.

2- A clivagem vem também quando o homem falha no uso do intelecto que Deus lhe deu e fica assim incapaz de escolher entre as coisas essenciais e as não-essenciais, entre a direção correta e as metas errôneas, entre as diversas satisfações que apelam para os diversos aspectos da sua natureza inferior, e finalmente entre a dualidade inferior e a superior. Ele tem de aprender a captar a diferença entre:

a- A submissão ao inevitável e a submissão ao apelo do seu próprio desejo.

b- O reconhecimento da capacidade e o reconhecimento da potencialidade. Muitos conflitos se evitariam graças ao somatório, compreensão e correta utilização dos bens reconhecidos, eliminando-se assim metas impossíveis e a consequente e inevitável frustração. Quando esta parte do conflito for superada, então a potencialidade pode emergir como um reconhecimento e converter-se em uma expressão de poder.

c- O reconhecimento das metas individuais e das metas grupais, entre a habilidade de ser social ou antissocial. Muito se está realizando nesta direção, mas a ênfase predominante ainda se encontra no indivíduo e não no grupo. Quando é este o caso, nós nos tornamos responsáveis pelos grupos antissociais. 

Mencionei apenas três dos inúmeros possíveis reconhecimentos, mas a solução da clivagem pela qual estes são responsáveis terá como resultado a libertação de uma grande parte de sofredores. Talvez se possa dizer que a libertação de muitos cujas clivagens se situam principalmente no domínio da natureza do desejo, conduzindo a um sentimento de frustração e a uma ruptura na continuidade da vida, pode ser curada por:

1- Atenção em primeiro lugar ao equipamento físico e às glândulas, particularmente a glândula tireoide, mais à regulação da dieta.

2- Atenção à coordenação física do paciente, dado que a coordenação física constitui a expressão externa de um processo de integração interna e muito se pode realizar pelo treinamento.

3- Interpretação da vida e meio ambiente dada em termos de apreciação.

Reflitam sobre isto.

4- Descentralização através de:

a- Oferecimento de interesses corretos e de educação e de treinamento vocacional corretos.

b- Cultivo da capacidade de reconhecimento e de satisfação das necessidades circundantes, evocando assim o desejo de servir e provendo o sentimento de satisfação que resulta da realização e apreciação.

c- A transmutação lenta e cuidadosa do desejo em aspiração.

5- Reorientação para metas mais elevadas e desenvolvimento do sentido da direção correta. Isto implica em:

a- Cultivo de uma visão mais ampla.

b- Formulação de um programa interno, inteligentemente ordenado e adequado ao grau correspondente na evolução, mas não tão avançado que se torne impossível de cumprir,

c- Evitar aqueles passos e atividades que estão condenados ao fracasso.

6- Mais tarde, quando for razoavelmente apreendido o que se disse acima, deve-se buscar e desenvolver uma faculdade criativa qualquer, satisfazendo assim o desejo de ser notado e de contribuir. Grande parte do esforço artístico, literário e musical fundamenta-se no desejo de tornar-se o centro de atenção e não em nenhuma verdadeira capacidade criadora. É o sentimento do "Eu, o ator dramático". Isto corretamente utilizado é de verdadeiro valor e importância.

7- A eliminação do sentimento de pecado, de desaprovação, com os seus corolários de revolta, dúvida e complexo de inferioridade. 

Há um ponto que sinto definitivamente a necessidade de acentuar uma vez mais: a necessidade de recordar que, quando consideramos o ser humano e a sua expressão e existência, estamos tratando realmente de energia e da relação ou não-relação de forças. Na medida em que mantemos presente este ponto não nos desviaremos do nosso assunto. Estamos considerando unidades de energia relacionadas, funcionando em um campo de energia; se nos lembrarmos sempre disto, estamos (pelo menos simbolicamente) aptos a ter uma ideia suficientemente clara do nosso tema.

Enquanto considerarmos o nosso problema como consistindo nas inter-relações de muitas energias, sua fusão e seu equilíbrio, mais a síntese final das duas energias principais, sua fusão e seu equilíbrio, chegaremos a uma certa compreensão e subsequente solução. O campo de energia a que chamamos alma (a energia principal no que concerne o homem), absorve, domina ou utiliza a energia menor que chamamos personalidade. É-nos necessário compreender isto; e recordar, ao mesmo tempo, que a personalidade é composta de quatro tipos de energia. De acordo com o nosso tipo de raio, assim será o nosso uso das palavras "absorve, domina e utiliza". Recordarei, como tenho feito com frequência, que as palavras falham na expressão e que a linguagem dificulta mais do que ajuda o objetivo que tenho em vista. O pensamento humano está entrando agora num campo para o qual não existe verdadeira linguagem-forma, pois não temos termos adequados, e em que as palavras-símbolo significam muito pouco. Do mesmo modo que a descoberta do automóvel e do rádio tornaram necessário criar um série de termos, expressões, substantivos e verbos completamente novos, assim também nestes anos que estão chegando o descobrimento da realidade da alma exigirá a introdução de uma nova linguagem. Não é verdade que um homem da época vitoriana ao escutar a gíria técnica dos atuais laboratórios de rádio ou das oficinas ficaria completamente na escuridão? Do mesmo modo o psicólogo dos nossos dias, muitas vezes está na escuridão e não compreende o que procuramos dizer, porque não foi ainda construída a nova linguagem e os antigos termos estão inadequados. Por conseguinte, não posso fazer mais do que empregar os termos que me pareçam ser os mais convenientes, sabendo que não consigo expressar o verdadeiro significado das minhas ideias. Apenas vocês estão ganhando uma compreensão e conceitos aproximados do que estou tentando expor.

Consideramos já um pouco o problema das clivagens a que o homem está sujeito, e dissemos que o processo evolutivo do homem era, em última análise, uma série de alinhamentos; cada passo para diante significa juntar certos tipos de energia para que a sua fusão possa produzir uma pessoa mais completa. Posso enunciar aqui um ponto interessante? O problema é provocado pelo fato que ali está um Observador que, em certos pontos do desenvolvimento normal do homem, vem a compreender que há clivagens. Este Observador sofre por causa da existência de clivagens na sua autoconsciência. Compreende que é vítima de divisões na sua natureza. No entanto - e isto é importante - o homem no plano físico é incapaz de compreendê-las ou, aparentemente, de curá-las sem a ajuda da alma, o Observador, o aspecto superior de si mesmo. Por exemplo, o homem que sofre de uma dissociação entre o aspecto emocional, parte sensível, e o mental está consciente da necessidade, da frustração e do intenso sofrimento e dificuldade; contudo, tem necessidade de ajuda compreensiva de um psicólogo qualificado ou da sua própria alma antes que se possa fazer a fusão, e ele, como um indivíduo, possa "tornar-se inteiro".

A mesma verdade existe em relação a todas as clivagens que se encontram no homem, mas três delas são da maior importância:

1- A clivagem entre a mente e o resto da natureza inferior - física, vital, astral ou emocional.

2- A clivagem entre o homem e o seu meio que - quando uma vez curado e construída a ponte - torna-o um ser humano responsável, um bom cidadão que aceita o seu meio ambiente e que lhe dá o melhor de si. Assim ele cresce em caráter e capacidade, como resultado de uma interação bem definida entre os dois - ele e o seu meio ambiente.

3- A clivagem entre o homem (a personalidade) e a alma. Isto produz sequencialmente:

a- Uma personalidade egoísta dominadora.

b- Um místico prático, consciente da necessidade de fusão e de unidade.

Paralelos destes estados de consciência encontram-se no adolescente. Encontram-se também no homem até se integrar na sua vida de trabalho e ainda no aspirante que reflete. Isto é verdade, quer os seus pensamentos, propósitos e ambições sejam egoisticamente polarizados ou espiritualmente orientados. O sentimento de clivagem, a necessidade de orientação, o processo de construção da ponte e o sentido último de realização são idênticos em ambos os casos.

Ao tratar esta situação, determinadas regras gerais deverão orientar o psicólogo e certas premissas gerais deverão eventualmente ser aceitas pelo homem que constitui o problema em causa. Estas mesmas regras e premissas podem ser consideradas e aceitas pelo homem que, sem a ajuda de um psicólogo qualificado, tenta dirigir a si próprio e unir as clivagens que ele reconhece. Essas premissas básicas são:

1- Que toda a dificuldade psicológica é universal e não única. É o sentimento de singularidade com a sua tendência separativa e o isolamento sentido - que é frequentemente o fator todo-absorvente. Torna a personalidade excessivamente importante e isto deve ser definitivamente repudiado.

2- Que a crise com que se defronta indica progresso e oportunidade e não desastre ou fracasso. É preciso que o paciente compreenda (poderei empregar a palavra paciente?) que a raça progrediu até o atual ponto evolutivo justamente através de crises. É assim que progride a unidade humana individual. Em última análise, as crises psicológicas são indicativas de progressivos passos no Caminho, trazendo com elas a necessidade de realizar esforços e, ao mesmo tempo, um sentimento de ganho e de liberdade, quando foram superadas, vencidas e resolvidas.

3- Que o poder para alcançar a integração necessária e pôr fim a um ciclo de sentida dualidade reside no interior do próprio homem porque:

a- O seu mal estar, a falta de coordenação, a dor e a angústia são sintomas de aspiração, talvez não realizada, mas nem por isso deixando de existir. Representam a reação das partes integradas contra o aspecto que procura integrar-se.

b- O aspecto a integrar é essencialmente mais poderoso que os aspectos inferiores que estão na expectativa, pois estes são negativos ou receptivos, enquanto que o que deve ser realizado e aceito é positivo e dinâmico. Daí provém o mal estar.

4- Que a capacidade, inata nesta criatura imaginativa que é o homem, de agir "como se", contém a solução do problema. Pela utilização da imaginação criadora, pode lançar-se e construir a ponte entre o aspecto inferior e o superior. "Como o homem pensa, espera e quer, assim ele é". Este é o enunciado de um fato imutável.

Quando os psicólogos modernos compreenderem mais totalmente o propósito criativo da humanidade, procurarem desenvolver a imaginação criadora de uma forma mais construtiva e também treinarem a vontade diretora, muito será realizado. Quando estes dois fatores (que são o sinal evidente da divindade no homem) forem estudados e cientificamente desenvolvidos e utilizados, provocarão uma liberação automática de todos os casos-problemas que se encontram nas nossas clínicas atualmente. Desta forma, pela experimentação, chegaremos a uma compreensão mais rápida do homem. A psicologia pode contar definitivamente com a capacidade inata da unidade humana para compreender o emprego da imaginação criadora e o uso do propósito dirigido que se encontra frequentemente mesmo nas crianças. O desenvolvimento do sentido da fantasia e o treino das crianças para fazerem escolhas (para que um propósito ordenado possa emergir em suas vidas) constituirão dois dos ideais governantes da nova educação. O sentimento da fantasia chama à atividade a imaginação, a percepção da beleza e o conceito dos mundos subjetivos; o poder de opção, com as suas implicações de "por que?" e "para que?" e finalidades (se for ensinado inteligentemente desde os primeiros dias), será de grande vantagem para a raça, particularmente se, na altura da adolescência, o panorama geral do mundo e o plano mundial forem postos à consideração da inteligência que desabrocha. Portanto:

1- O sentido da fantasia,
2- O sentido de opção,
3- O sentido da totalidade, mais
4- O sentido do propósito ordenado deveriam dirigir a formação que se dá às crianças que estão vindo à encarnação.

O sentido da fantasia põe em jogo a imaginação criadora, proporcionando à natureza emocional escoamentos construtivos; isto deveria ser equilibrado e motivado pelo reconhecimento do poder de escolha correto e o significado de valores superiores. Isto por sua vez pode ser desenvolvido altruisticamente por um reconhecimento justo da totalidade do meio que o indivíduo deve desempenhar a sua parte, enquanto que toda a série de reações são subordinadas cada vez mais à compreensão do propósito ordenado que está a realizar-se no mundo.

São estas as premissas básicas que deverão emergir nas novas técnicas que a psicologia utilizará quando tiver atingido o ponto de aceitação (ou pelo menos da experimentação) das ideias mencionadas. Utilizando-se, aperceber-se-ão que os casos-problemas podem ser conduzidos a uma atividade correta, porque todas as faculdades inatas, e não empregadas pelo homem, serão impulsionadas numa atividade integradora. O processo é sempre inevitavelmente o mesmo:

1- Clivagem.

2- Reconhecimento da dualidade, quer seja subjetivamente quer seja na consciência de vigília.

3- Período de agitação violenta, de frustração e futilidade, que às vezes conduz ao desastre, a certos transtornos nervosos ou mentais, e a condições geralmente caóticas e indesejáveis.

4- Aplicação inteligente do processo de formar a ponte, levado a cabo gradualmente, logo que se tenha determinado o ponto de clivagem.

5- A realização de períodos de reconhecida fusão, integração ou verdadeira normalidade. Um processo analítico deveria usar-se aqui. Veremos mais tarde que a psicanálise chegará à sua utilidade real quando ajudar o homem a explicar sua realização em vez de desenterrar os detalhes da sua aparente desgraça. Não há uma verdadeira desgraça. Há apenas um ponto de crise não reconhecido, um momento de realização incompreendido. O desastre vem quando não se utiliza nem se compreende este ponto de crise, porque ele então serve para aumentar a clivagem em vez de ser reconhecido como um momento de oportunidade.

6- O estabelecimento de um ritmo bem definido composto de imaginação criadora, de opção discriminadora, do valor da relação da parte para com o todo, e a aceitação do propósito grupal. Este ritmo, quando é devidamente estabelecido numa vida ou numa série de vidas, conduz oportunamente à:

7- Integração.

Desejaria deter-me aqui e fazer-lhes notar que a fundação da nova psicologia deve ser inevitavelmente construída sobre a premissa de que esta vida presente não é a única oportunidade do homem de poder realizar a integração e a perfeição. A grande Lei do Renascimento deve ser aceita e então compreender-se-á que ela constitui, em si mesma, um importante agente liberador em qualquer momento de crise ou em qualquer problema psicológico. O reconhecimento de futuras oportunidades e um alongado sentido do tempo são ambos tranquilizantes e muito úteis para muitos tipos de mentes; o seu valor interpretativo será iluminador, à medida que o paciente compreende o fato que por detrás dele existem outros momentos de crise, no que poder ser demonstrado pelo seu atual equipamento que ele conseguiu integração, garantindo-lhe assim a vitória neste momento atual de crise e difícil conflito. A luz que a compreensão disto lança sobre os seus relacionamentos e circunstâncias ambientais servirá para estabilizar o seu propósito e fazê-lo entender a inevitabilidade da responsabilidade. Quando esta grande lei for compreendida nas suas verdadeiras implicações e não interpretada nos termos da sua apresentação infantil atual, então o homem assumirá a sua responsabilidade de viver com o reconhecimento diário do passado, com uma compreensão do propósito do presente e com um olho no futuro. Isto diminuirá também grandemente a tendência crescente para o suicídio que a humanidade mostra. Ser-vos-á, portanto, evidente como o fator tempo pode aplicar-se ao problema de modo mais útil e é aqui que uma compreensão real da Lei da Reencarnação ou Lei da Oportunidade (como eu preferia chamá-la) será de bem definida utilidade. Antes de mais nada trará à atitude do psicólogo e ao caso em questão, a esperança e o pensamento de satisfação e de realização final.

Será também essencial que o psicólogo do futuro chegue a reconhecer e a admitir a evidência de uma estrutura interna do ser humano - do seu veículo emocional, do seu corpo mental e a sua estreita inter-relação por intermédio do corpo vital ou etérico, que atua sempre como teia de ligação entre o corpo físico denso e os outros corpos. A alma e a sua triplicidade de energias (a própria vida, que expressa vontade ou propósito, amor e inteligência) opera por meio dos sete centros principais, enquanto que o corpo mental e o astral atuam por meio de muitos outros centros, apesar de possuírem, também dentro deles, sete que são as contrapartes transmissoras dos que se encontram no corpo etérico. As integrações que a evolução efetua eventualmente são levadas a cabo por meio de todos esses centros. Mediante a elevação das vibrações, através da colocação em atividade dos centros e pelo subsequente desenvolvimento do mecanismo humano de resposta, novos canais de aproximação da realidade, novas qualidades de consciência, nova sensibilidade para o que até agora não foi reconhecido e novos poderes, começam a exprimir-se.

Cada homem é, portanto, em si mesmo, uma hierarquia, um reflexo de uma grande cadeia do Ser - o Ser que o Universo expressa. A psicologia tem que finalmente reconhecer:

1- A realidade da alma, o agente integrador, o eu.
2- A Lei da Oportunidade ou da Reencarnação.
3- A natureza da estrutura interna do homem e as suas relações com a forma externa tangível.

É interessante notar que praticamente todo o ensinamento dado em relação ao renascimento ou reencarnação insistiu enfaticamente no aspecto fenomenal material, embora tenha havido sempre uma referência mais ou menos casual sobre as aquisições espirituais e mentais, obtidas na escola da vida deste planeta, encarnação após encarnação.

Prestou-se pouca atenção ao desabrochar da percepção e crescimento da verdadeira natureza da consciência interna do homem; o ganho de cada vida adicionado à posse do mecanismo de contato e o resultado do crescente aumento da sensibilidade ao meio ambiente (únicos valores concernentes ao próprio eu) são raramente salientados, se é que alguma vez o são. Detalhes das condições de vida, declarações de possíveis situações, descrição de lugares, vestuários, e imaginativas relações humanas da personalidade são exibidas; e a "recordação de encarnações passadas" corresponde geralmente à recuperação de episódios dramáticos que alimentam o sentido inato da individualidade do homem encarnado e, geralmente, alimenta ainda a sua vaidade. Esta curiosa apresentação deve-se a várias coisas. Primeiramente, ao fato de que o mundo da ilusão é ainda o fator dominante da vida da maioria dos homens. Segundo, o grau de evolução alcançado era tal que o escritor ou o orador não estava apto a encarar o ciclo da vida do ângulo da alma, com desapego e sem ilusões, porque se assim o tivesse feito, teriam omitido e provavelmente nem sequer se teriam apercebido dos fenômenos materiais descritos, e somente os valores - espirituais e mentais - e os assuntos concernentes à vida interior de grupo teriam sido enfatizados. Os métodos utilizados para apresentar esta milenária doutrina da reencarnação e a falsa ênfase posta no aspecto forma, com exclusão dos valores da alma, provocaram sobre o assunto uma má reação, sobretudo nas mentes das pessoas inteligentes e nos investigadores científicos. Contudo, apesar disto, fez um grande bem porque toda a teoria foi-se infiltrando firmemente na consciência racial, tornando-se uma parte integrante dela e, por conseguinte, movendo-se para um reconhecimento popular e finalmente científico.

Ao considerar a estrutura interna do homem e os valores que produzem a qualidade e a aparência externa que a condicionam, produzindo assim o comportamento e conduta resultantes, os psicólogos deverão estudar os temas seguintes, começando pelo aspecto inferior e expandindo as suas ideias de modo a incluir os aspectos mais elevados possíveis. Estes podem ser reunidos e numerados como segue:

1- O mecanismo externo de resposta, agindo sob os impulsos recebidos do meio exterior e dos domínios subjetivos internos. De acordo com as teorias esotéricas, eles vêm por meio das vias seguintes:

a- O cérebro, de onde certos aspectos do sistema nervoso são dirigidos e controlados, primeiro pela influência mental e depois pela direção consciente da alma.

b- O sistema endócrino ou glandular, atuando sob impulsos que entram no corpo físico através dos sete centros do corpo etérico. O sistema glandular é simplesmente a exteriorização desses centros, ou a sua contraparte física. As glândulas condicionam o homem por meio da corrente sanguínea, sendo por sua vez, condicionadas pelos centros.

c- O plexo solar, que dirige e controla certos aspectos do sistema nervoso e que é, em grande parte, o cérebro instintivo ou animal,

d- O coração, o centro da vida.

2- O corpo vital ou etérico. Este é o fator energético mais importante e é a réplica exata ou a contraparte da forma externa, constituindo o verdadeiro intermediário entre os mundos internos e o homem externo. Os nadis (linhas ou fios de força) subjazem a cada nervo do corpo humano e os centros que eles formam em certos pontos de intercepção ou conjuntura são o fundo ou o agente motivador de cada gânglio ou plexo que se encontram no corpo humano. Alguns destes centros, maiores ou menores, têm importância evolucionária única e são como segue:

a- O centro da cabeça que é a sede da energia da alma, ou o centro através do qual o homem consciente, espiritual, funciona,

b- O centro cardíaco é a sede da vida, do princípio mais elevado que se exprime a si próprio através do homem,

c- O centro do plexo solar é a sede da vida instintiva, da alma animal, e da altamente desenvolvida natureza emocional,

d- O centro da base da coluna vertebral, é o maior centro integrador; a sua atividade começa depois de se terem efetuado as duas fusões principais: a fusão dos três corpos numa personalidade coordenada e a unificação da alma com o corpo.

3- O corpo emocional ou sensorial, muitas vezes chamado astral. Deste veículo emanam os desejos, os impulsos e aspirações e aqueles conflitos de dualidade que tão frequentemente afligem e retardam o discípulo. É a sede também da vida criativa e imaginativa do homem. Possui igualmente centros de força que são a contraparte dos que se encontram no corpo etérico, mas na maioria das pessoas este corpo é energizado principalmente pelo mundo da ilusão e pelo plano astral. E deste plano de percepção ilusória que o homem adiantado tem que aprender a afastar-se.

4- A natureza mental, que atua através de quatro centros e somente quatro.

5- A própria alma, ou o verdadeiro homem espiritual, o eu em manifestação, operando ou procurando operar por meio da sua aparência fenomênica, o quádruplo homem inferior.

Se estudarmos atentamente o que precede, ver-se-á que as clivagens que existem no homem são, em certas relações básicas ou inerentes:

1- Encontradas dentro do próprio homem, em algum ponto focal de realização ou de consciência

a- Não reconhecidas pelo próprio homem ou por aqueles que o rodeiam. Quando é assim, o homem não é evoluído e as clivagens ou brechas que existem na sua consciência não causam relativamente dano, nem a ele, nem aos que o rodeiam. Indicam simplesmente falta de desenvolvimento,

b- Quando reconhecidas, produzem angústia e dificuldades e o homem tem necessidade de ajuda psicológica. Podem dar-se corretas informações segundo as linhas aqui apresentadas nos casos que envolvem pessoas do tipo intelectual; o psicólogo ocupa-se neste caso com pessoas que podem e que querem ajudar-se a si próprias.

c- Quando o homem estabeleceu a ponte e a unificação necessárias, torna-se então uma personalidade unificada. Poderá surgir o místico. Isto significa que ele atingiu a etapa em que é possível lançar a ponte mais elevada entre a personalidade integrada e a alma. Finalmente, um Mestre de Sabedoria, Aquele que é um expoente da consciência Crística, nos seus aspectos unificadores, salvadores e construtivos, aparece.

A unificação entre a natureza superior e a inferior produzirá resultados que serão determinados no seu campo de expressão pelo raio a que pertence o homem. Estas condições de raio farão com que o homem encontre o seu campo de utilidade certo e de justa expressão nos setores da política, da religião ou em outras formas de manifestação divina.

2- As que existem entre o homem e o seu meio ambiente. O seu efeito pode produzir um ser humano antissocial ou impopular, que teme a vida ou que expressa por muitas formas a sua incapacidade em se harmonizar com o seu meio ambiente. Evidenciará falta de compreensão para estabelecer corretas relações e incapacidade para combinar corretamente formas internas e externas da estrutura da vida manifestada. Neste caso, a causa da clivagem encontra-se geralmente em qualquer parte do próprio corpo astral.

3- As que se encontram entre o homem e a tarefa da sua vida, ou a atividade da vida que o destino lhe assinala e para a qual a predisposição o inclina. A dificuldade aqui reside numa nítida ruptura ou falta de continuidade entre a natureza mental, que determina o propósito, e a natureza astral, que governa o impulso.

4- As que existem entre o homem e a sua alma expectante (que lentamente vai dominando). Isto conduz ao infortúnio, a um terrível conflito e finalmente, simbolicamente falando, à "morte da personalidade".

Aqui ainda desejaria fazer uma pausa e observar que os conceitos de morte, de substituição, de unificação vicária e de sacrifício, serão substituídos - na Nova Era - pelos conceitos de ressurreição ou plena vida, de unidade espiritual, de transferência e de serviço, de modo que uma nova tônica entrará na vida dos homens, trazendo assim esperança, alegria, poder e liberdade.


b- Problemas de Integração

Uma das primeiras coisas que acontece quando um homem teve sucesso (só ou com ajuda da psicologia acadêmica) na cura ou ponte entre certas clivagens, é o reconhecimento de um sentimento de bem estar e da necessidade de se expressar. Por sua vez, isto traz os seus próprios problemas, ente os quais se encontram os seguintes:

Um sentimento de poder que torna o homem, pelo menos temporariamente, egoísta, dominante, seguro de si e cheio de arrogância. Ele está consciente de si próprio estando a enfrentar um mundo mais vasto, um horizonte mais largo e maiores oportunidades. Por conseguinte, esse sentimento pode trazer sérias perturbações e dificuldades. Este tipo de pessoa, sob a influência dessa expansão de consciência, tem muitas vezes belos motivos e é animado das mais elevadas intenções, mas só lhe sucede criar à sua volta desarmonia. Estas tendências, quando incontroladas, podem conduzir eventualmente a uma egomania muito séria, pois a egomania é evidentemente um problema de integração. Pode-se prevenir todas estas dificuldades e equilibrá-las se o homem conseguir compreender que ele é uma parte integrante de um todo maior. Ele então reajustará o seu senso de valores e orientará corretamente o seu sentimento de poder.

A tendência para a ênfase exagerada pode também manifestar-se, convertendo o homem (como resultado da integração e do sentimento de bem estar, ou poder e capacidade) num fanático, pelo menos por certo tempo. Mais uma vez o homem, com as melhores intenções do mundo, procura induzir os demais a percorrer o caminho que ele escolheu, sem reconhecer as diferenças de ambiente, de tipo de raio, de grau de evolução, de tradição e hereditariedade. Torna-se uma fonte de graves preocupações para ele próprio e seus amigos. Um conhecimento limitado pode ser coisa perigosa e, reconhecendo isto, muitos males se curam, particularmente os de natureza psicológica. Pode-se então realizar progresso no Caminho da Sabedoria.

O desenvolvimento exagerado do sentimento de direção ou vocacional, se preferirem chamar-lhe assim, se bem que os dois sejam idênticos, pois o sentido de direção é menos definido que o reconhecimento da vocação. Nas escolas de psicologia esotérica emprega-se muitas vezes uma frase relacionada a este sentimento de direção ou de orientação interna que á a seguinte: "o estabelecimento da ponte sobre as fendas de clivagem induz o homem continuamente a atravessá-la a correr". O homem reconhece agora conscientemente alguns aspectos de si mesmo e o que for mais. elevado atrai-o constantemente. Quando, por exemplo, se estabeleceu a ponte entre o corpo astral ou emocional e o corpo mental, e o homem descobre o vasto campo de atividade mental que se abre diante dele, pode tornar-se, por muito tempo, intelectualmente materialista e eliminará, até onde possa, todas as reações emocionais e sensibilidade psíquica, iludindo- se com a crença de que, para ele, elas são inexistentes. Dedicar-se-á então, a trabalhar intensamente nos níveis mentais, o que, considerado do ponto de vista da alma, é apenas uma questão passageira (mesmo que dure uma ou mais encarnações); mas pode seguramente causar problemas psicológicos e produzir "zonas cegas" na percepção que o homem tenha da vida. Contudo, muitas dificuldades podem ser curadas, deixando as pessoas por sua própria conta, sempre que as anomalias não sejam excessivas.

Uma vez que se tenha admitido a realidade da existência da alma, se verá estabelecer uma tendência crescente para deixar as pessoas serem dirigidas e orientadas pela própria alma, desde que elas compreendam o que lhes vai sucedendo e possam discriminar entre:

a- A subida do eu subconsciente para a zona iluminada da consciência.

b- A ação, a força e o reconhecimento do eu consciente imediato,

c- O fluxo descendente do eu superconsciente, a alma, trazendo inspiração e os mais elevados conhecimentos e intuições.

Estas palavras - subconsciente, consciente e superconsciente - precisam ser definidas, segundo o propósito deste tratado; são utilizadas muito livremente e significam coisas diferentes segundo a escola de pensamento psicológico a que o estudante pertença.

Emprego a palavra subconsciente para significar toda a vida instintiva da natureza da forma, todas as tendências hereditárias e as predisposições inatas, todas as características adquiridas e acumuladas (adquiridas nas encarnações passadas e frequentemente adormecidas até que sejam repentinamente evocadas pela força das circunstâncias), e todas as necessidades e anseios não formulados que impulsionam o homem à atividade, além dos desejos reprimidos e desconhecidos, e as ideias inexprimidas que estão presentes, apesar de não realizadas. A natureza subconsciente é como um profundo lago de onde o homem pode extrair quase tudo das suas experiências passadas, se o desejar, o que pode ser atiçado até tornar-se uma caldeira fervente, causando muita aflição.

A consciência limita-se àquilo que o próprio homem conhece ser e ter no presente - ao tipo de qualidade, características, poderes, tendências e conhecimentos de toda espécie que constituem os dons naturais do homem e dos quais ele ou o psicólogo estão conscientes. Estes dons estão expostos para todos verem e fazem dele o que ele é aparentemente, para o mundo exterior que o acompanha.

Por superconsciência quero dizer as potencialidades e conhecimentos ainda não contatados e reconhecidos e, por conseguinte, sem aplicação imediata. Constituem a sabedoria, o amor e o idealismo abstrato, inerentes à natureza da alma, mas que ainda não fazem, nem nunca fizeram, parte do equipamento disponível e utilizável. Eventualmente todos estes poderes serão reconhecidos e empregados pelo homem. Tais potencialidades e realizações são chamadas nos Aforismos de Patanjali, pelo interessante nome de "a nuvem de coisas cognoscíveis". Estas "coisas cognoscíveis" cairão eventualmente no aspecto consciente da natureza do homem e tornar-se-ão parte integrante do seu equipamento intelectual.

Finalmente, à medida que a evolução avança e que os tempos transcorrem, estas coisas derramar-se-ão no aspecto da sua natureza subconsciente, à medida que o seu poder para alcançar a superconsciência cresce em capacidade. Poderia aclarar este ponto se eu assinalasse que do mesmo modo que a natureza instintiva se encontra hoje grandemente no domínio do subconsciente, da mesma maneira também em devido tempo, a parte intelectual do homem (da qual este se torna neste momento consciente de um modo crescente) será relegada para uma posição similar e descerá abaixo do limiar da consciência. A intuição tomará então o seu lugar. Para a maior parte das pessoas, o uso livre da intuição não é possível, porque ela jaz ainda no reino do superconsciente.

Todos estes movimentos dentro do âmbito da consciência - desde o subconsciente até o consciente imediato e daí até o superconsciente - são essencialmente crises de integração, produzindo situações temporárias que devem ser controladas. Quero observar-lhes aqui que, quando um indivíduo se torna consciente do aspecto mais elevado de si mesmo que demanda a integração e está consciente da sua natureza e da parte que esta pode desempenhar na expressão da sua vida, ele fica frequentemente perturbado por um complexo de inferioridade. Esta é a reação dos aspectos inferiores integrados face ao aspecto superior. O homem experimenta um sentimento de futilidade; a comparação que ele faz, internamente, da realização possível e do ponto já alcançado, deixa-lhe um sentimento de fracasso e impotência. A razão disto deve-se a que a visão é inicialmente muito grande e ele sente que não pode realizar.

A humanidade já realizou tantos progressos no caminho da evolução que dois grupos de homens são assim poderosamente afetados:

1- O grupo que reconheceu a necessidade de estender a ponte sobre a clivagem entre a natureza emocional e a mente e que assim, pela sua integração, alcançou o nível da inteligência.

2- O grupo que já estabeleceu a ponte sobre esta clivagem e que está agora consciente de uma tarefa maior que é a de formar a ponte entre a personalidade e a alma.

Estes grupos compreendem um grande número de pessoas atualmente; o complexo de inferioridade é muito grande e provoca muitos tipos de dificuldades. Contudo, se a causa for encarada mais inteligentemente, veremos que o crescimento de uma perspectiva mais verdadeira será rápida.

Uma outra dificuldade no campo da integração encontra-se no caso dos que integraram completamente a natureza inferior, e que fundiram as energias da personalidade. Todas as energias envolvidas nesta fusão possuem qualidade, e a combinação e a integração destas qualidades (cada uma determinada pela energia de um raio particular) constituem o caráter da pessoa. Durante largo tempo, depois da integração ter sido alcançada, produzir-se-ão frequentes conflitos, exclusivamente na esfera do caráter e na consciência imediata do homem. Uma energia após outra começará a se fazer valer e a lutar pela supremacia. Seria interessante que se expusesse aqui um caso hipotético, em que eu lhes apresente as energias governantes de raio, recordando que o objetivo é a sua fusão. No caso em questão o indivíduo fundiu os veículos da personalidade numa total unidade funcionante e é definitivamente uma personalidade, mas a fusão principal - a da alma com a personalidade - ainda não foi feita.

Energias Maiores
Energia egoica 1º Raio Energia da vontade ou poder.
Energia da personalidade 4º Raio Energia da harmonia pelo conflito.
Energias Menores
Energia mental 3º Raio Energa da inteligência.
Energia astral 6º Raio Energia da devoção. Idealismo.
Energia física 1º Raio Energia da vontade ou poder.

Temos aqui um quíntuplo campo energético, no qual todos os fatores estão ativos, exceto a energia do ego ou alma. Eles foram inteiramente fundidos. Ao mesmo tempo há uma consciência crescente da necessidade de uma fusão ainda mais elevada e inclusiva, e do estabelecimento de uma relação definida com a alma. O processo foi o seguinte: Primeiro o homem era simplesmente um animal, consciente apenas da energia física. Depois começou a incluir dentro do seu campo de consciência a natureza emocional, com os seus desejos, exigências e reações sensitivas. Em seguida, descobriu em si uma relação com a mente e a energia mental começou a complicar o seu problema. Finalmente, ele chegou à expressão da vida que estamos considerando hipoteticamente e na qual ele tem (e isto é muito importante):

a- Um corpo físico do primeiro raio. Isto significa capacidade para uma realização intelectual de diversos tipos.

b- Uma natureza emocional que, estando regida pela energia do sexto raio, pode ser rapidamente impulsionada para uma direção fanática e pode ser facilmente idealista.

c- Todo o problema é ainda mais complicado pela rápida emergência da energia do quarto raio da personalidade. Isto significa que a meta da personalidade é alcançar a harmonia, a unidade e a habilidade de viver, através de intenso conflito, travado no seio do quádruplo campo de energia que constitui o eu inferior.

Temos, portanto, um homem que ambiciona o poder, mas com legítimos motivos, porque é verdadeiramente idealista; que lutará inteligentemente para consegui-lo, mas que batalhará fanaticamente para lograr os seus fins, porque a sua personalidade do quarto raio e o seu corpo astral do sexto raio o obrigarão a agir assim, enquanto que o seu corpo e cérebro do primeiro raio o capacitarão para travar um duro combate. Ao mesmo tempo, a energia da sua alma do primeiro raio procurará dominar e, eventualmente o fará, por intermédio da energia mental do terceiro raio, influenciando o cérebro do primeiro raio.

Sob a influência da alma, o primeiro resultado será uma intensificação de cada coisa na personalidade. O desequilíbrio localizar-se-á no corpo mental ou no cérebro e poderá percorrer todos os campos desde a ideia fixa e a cristalização mental até à insanidade (se o estímulo for excessivamente poderoso ou se a hereditariedade não for sã). O homem pode manifestar arrogância, por ter alcançado êxito no campo que escolheu para trabalhar, o que fará dele uma pessoa dominadora e desagradável, ou poderá expressar a fluidez de espírito do terceiro raio, tornando-se um manipulador de intrigas ou um batalhador de grandes projetos que na realidade nunca poderá materializar. Nesta análise não considerei as tendências evocadas nas vidas passadas e que se encontram ocultas no subconsciente, ou na sua hereditariedade e meio ambiente. Simplesmente procurei mostrar uma coisa, as energias em conflito num homem podem produzir sérias situações. Mas a maior parte delas podem ser corrigidas por meio de uma justa compreensão.

Parecerá, portanto, evidente, que um dos primeiros estudos a se efetuar nesta nova abordagem do campo psicológico será descobrir:

1-Quais são os raios, maiores e menores, que estão condicionando e determinando a natureza do homem, e evocando a qualidade da sua vida diária.

2-Qual destas cinco energias (no momento da dificuldade) é a que predomina, e através de que corpo ou veículo se focaliza.

3-Qual destas energias de raio luta contra o domínio mencionado anteriormente. Estas podem ser:

a- Diferentes aspectos da mesma energia dentro do seu próprio campo particular.

b- Energias superiores que se esforçam por controlar as energias inferiores, o que indica, portanto, uma clivagem na natureza do homem.

c- A energia do processo de fusão que indica as energias inferiores numa personalidade operante.

4- O ajustamento do processo de estabelecer a ponte entre as duas energias principais. O resultado será a unificação da alma com a personalidade.

Estas constituem as maiores áreas de dificuldades e em cada um destes campos de energias em conflito encontram-se centros menores de conflito. Estes são frequentemente ocasionados pelas circunstâncias e os acontecimentos do meio ambiente.

Dados todos estes fatores, e considerando o nosso caso hipotético como sendo o de um homem que tem uma natureza altamente intelectual e um bom equipamento para a expressão diária, como deveria proceder o psicólogo esotérico? De que forma deveria tratar o homem e o que faria? Em que princípios gerais deveria basear-se? Só posso indicar abreviadamente alguns deles, recordando-lhes que, no caso que estamos a considerar, o indivíduo coopera nitidamente com o psicólogo e interessa-se por obter os resultados corretos. A meta do esforço do psicólogo consistirá em obter respostas às seguintes perguntas: 

1- Quais são as suas razões para querer "pôr sua vida em ordem"? Esta frase, sendo uma expressão corrente, tem um profundo significado porque mostra o reconhecimento da necessidade do alinhamento.

2- O que é que lhe chamou a atenção para esta necessidade e evocou em você o desejo de um processo específico de reajustamento interno?

3- Conhecendo a natureza da constituição interna do homem, em que veículo se torna necessário proceder ao estabelecimento de uma ponte? Onde se encontra o ponto de clivagem e consequentemente o ponto da crise presente? Esta dificuldade representa uma crise maior ou menor?

4- Quais são as cinco energias que condicionam o sujeito?

5- Até que ponto coincidem o padrão de vida do homem, a sua vocação, os seus desejos inatos e coerentes, com a tendência estabelecida:

a- pelo tipo de energia do raio da alma,

b- pelo tipo do rio da personalidade?

Grande parte da dificuldade, no que respeita aos discípulos, encontra- se nesta área de expressão.

6- Em que período na atual manifestação de vida apareceu a clivagem? Ou foi a realização de uma integração que conduziu a esta difícil situação? O problema é:

a- Um problema de clivagem, que requer seja entendida sobre ele uma ponte, conduzindo assim a uma fusão de energias?

b- Um problema de integração, que requer uma correta compreensão do que sucedeu e que conduz a um correto reajustamento dos poderes fundidos às condições ambientais?

7- O homem encontra-se na etapa em que deveria estar:

a- Integrado como uma personalidade e, como resultado, tornando-se mais estritamente humano?

b- Desenvolvido como um místico e ensinado a reconhecer o aspecto superior e a sua relação com o aspecto inferior, com o objetivo para obter a sua unificação?

c- Treinado como um ocultista e conduzindo mentalmente para um estado de consciência tal, que as naturezas ou os aspectos superiores e inferiores comecem a funcionar como um só? Isto implica a combinação de forças da personalidade e da energia da alma, assim como a sua fusão numa expressão divina de "a parte dentro do todo".

8- Em última análise, o que se deverá fazer para dar à "parte iluminada" da consciência imediata uma tal natureza para que, a parte subconsciente do homem possa ser "iluminada à vontade pelo raio da mente", e que esta mesma mente possa tornar-se um holofote, penetrando na superconsciência e revelando assim a natureza da alma? É com efeito, o problema das expansões de consciência. Um vasto campo de investigação psicológica estende-se à nossa frente relacionado com o uso da mente, considerando-a como "um caminho de luz entre a natureza subconsciente e a natureza superconsciente, e ainda focalizando ambas como um ponto brilhante de luz dentro da natureza consciente".

Para os esoteristas, todo este problema de unificação está estreitamente ligado à construção do antahkarana. Deu-se este nome à linha de energia vital que une os diversos aspectos humanos e a alma. Ele possui a chave da verdade oculta que "antes que o homem possa percorrer o Caminho, tem de converter-se no próprio caminho". Quando foram atravessadas todas as clivagens, ultrapassados os diversos pontos de crise, e se tenham realizado as fusões requeridas (que são apenas etapas do processo), tem então lugar a unificação ou alinhamento. Novos campos de energia são então penetrados, reconhecidos e dominados, e se abrirão outra vez, ante o peregrino, novas áreas de consciência.

A grande realização planetária de Cristo foi descrita por São Paulo nestas palavras: Ele fez "em si mesmo com os dois um homem novo, fazendo assim a paz" (Éfesos II, 15).

Nas palavras "paz" e "boa vontade" temos duas palavras-chaves que expressam o estabelecimento da ponte de duas clivagens. Uma, na natureza psíquica do homem, particularmente a clivagem entre a mente e o veículo emocional, o que significa a realização da paz, e a outra entre a personalidade e a alma. Esta última constitui a eliminação de uma "ruptura" fundamental que se consegue definitivamente pela vontade para o bem. Isto estabelece a ponte, não só sobre a maior clivagem do homem, individualmente, mas é ela que ocasionará a grande e iminente fusão entre a humanidade inteligente e o grande centro chamado Hierarquia espiritual do planeta.

Foi o reconhecimento inconsciente destas clivagens e a necessidade da sua fusão que fizeram o casamento e o ato consumador do casamento, o grande símbolo místico das fusões internas maiores.

Posso recordar-lhes também que estas clivagens são clivagens na consciência ou percepção e não de fato? E isto muito difícil de compreender? Reflitamos sobre isto.


c- Problemas de Estimulação

Chegamos agora à parte mais interessante do nosso estudo psicológico, porque vamos considerar os resultados da estimulação.

Este tema tem grande interesse na nossa época devido à tendência mística e ao impulso espiritual que caracteriza a humanidade como um todo, e não em razão dos resultados bem definidos - uns maus e outros bons - que a prática crescente da meditação está produzindo no mundo dos homens. Estes resultados da aspiração mística e espiritual e da aplicação oculta ou meditação intelectual (em contradição com a aproximação mística) devem ser olhados e compreendidos, ou então uma grande oportunidade se perderá, e certos desenvolvimentos indesejáveis que precisarão, mais tarde, ser compensados.

Talvez os surpreenda, quando lhes falo da tendência mística da humanidade, não é verdade contudo, a aspiração da humanidade nunca foi tão elevada e generalizada. Nunca antes tanta gente se esforçou para entrar no Caminho do Discipulado. Nunca antes tantos se dispuseram à procura da verdade. Nunca antes foi tão nítida e real a Aproximação com a Hierarquia. Esta situação justifica certas reações. De que natureza devem ser estas reações? Como devemos encarar e trabalhar a oportunidade com que nos estamos defrontando? Pelo desenvolvimento das seguintes atitudes: - Por uma determinação em aproveitar a maré que força a humanidade a abordar o mundo das realidades espirituais de tal modo que os resultados sejam factuais e comprovados; Por uma conscientização de que o que milhões de homens procuram é digno de ser procurado e constitui uma realidade, até agora desconhecida; - Por um reconhecimento de que é chegado o dia da oportunidade para todos os discípulos, iniciados e trabalhadores, porque a maré está no seu apogeu e os homens podem ser influenciados de uma forma benéfica neste momento, o que pode não ser possível no futuro. Não há sempre épocas de crise, porque são a exceção e não a regra.

Isto é, contudo, um tempo de crise fora do comum. Não obstante, um ponto está particularmente marcado em minha mente, e quero insistir nele. Nestes tempos de crise e, por conseguinte, de oportunidade, é essencial que os homens compreendam duas coisas: primeiro, é uma época de estimulação, e é também um momento de crise quer para a Hierarquia quer para a humanidade. Este último ponto esquece-se frequentemente; a crise hierárquica e' de grande importância, devido à sua relativa raridade. As crises humanas são frequentes e - do ponto de vista do tempo - produzem-se de uma forma regular. Mas não é este o caso concernente à Hierarquia. Assim também quando uma crise humana e uma crise hierárquica coincidem e são simultâneas, emerge uma hora de oportunidade dominante e pelas seguintes razões:

1- A atenção dos Grandes Seres focaliza-se totalmente nos assuntos planetários, numa direção particular. Surge uma síntese de esforço planificado.

2- Estas ocasiões são tão raras que, quando sucedem, indicam tanto significado solar como planetário.

3- Certas forças e poderes, exteriores ao governo do sistema solar, foram postos em jogo, devido às urgências das circunstâncias planetárias. Esta emergência é de tal importância (sob o aspecto de consciência) que o Logos Solar julgou necessário invocar a assistência de agentes externos. E Eles estão dando ajuda.

Se a estes fatos juntarmos a atenção reorientada e focalizada da humanidade sobre o que chamamos "o idealismo moderno", obteremos um momento ou um acontecimento dos mais interessantes - pois estas duas palavras são sinônimas.

Em toda a parte os homens aspiram à liberdade, compreensão mútua, boas condições de vida e corretos modos de pensar, em grupo e individualmente e corretas relações internas e externas. Isto é um fato geralmente reconhecido. A humanidade está fatigada e cansada dos modos de viver corruptos, da exploração dos indefesos, do crescente descontentamento, e da centralização do poder em mãos falsas e egoístas. Tem ânsia de paz, de corretas relações, de adequada distribuição do tempo, e da compreensão e utilização correta do dinheiro. Tais indicações são pouco comuns e de profunda natureza espiritual.

Quais são os resultados destes desenvolvimentos no governo espiritual subjetivo e no mundo dos assuntos humanos?

Em primeiro lugar, e predominantemente, a evocação de uma Aproximação conjugada: uma é constituída pela ânsia e pelo desejo da Hierarquia de ver solucionado o problema humano e o ajustamento da miséria humana, e também de uma justa emergência de um governo espiritual (o governo de valores corretos) e a outra consiste na determinação do homem para criar condições justas e situações gerais de ambiente apropriado nas quais os seres humanos possam desenvolver-se, e também onde os verdadeiros valores possam ser registrados e reconhecidos. E neste ponto que a Hierarquia e a humanidade se encontram em unidade. O fato de muitos seres humanos estarem tão pouco desenvolvidos que não podem captar corretamente estas aspirações é de pouca importância, trabalham inconscientemente para os mesmos fins que a Hierarquia.

Onde estas duas situações aliadas existem simultaneamente, o resultado é necessariamente uma resposta sincronizada, e isto (igualmente) resulta em estimulação. A situação em relação à humanidade como um todo é exatamente a mesma que a situação da vida de um místico individual. Isto deve ser cuidadosamente tido em conta, porque a tendência da aspiração humana é mística e não ocultista. Daí a justeza, em todo o mundo, das minhas palavras e a sua oportunidade.

Entretanto, penso limitar-me aos problemas do místico individual e deixar que meus leitores estabeleçam os paralelismos necessários.

Seria conveniente que primeiramente definíssemos a palavra estimulação, considerando-a sob o ponto de vista oculto e não somente do ponto de vista do dicionário técnico. A estimulação é o ponto crucial do nosso problema, e devemos enfrentá-la, bem como compreender, do que falamos e quais as suas implicações.

Tenho insistido na necessidade que há de reconhecer a existência da energia. Em ocultismo (ou esoterismo) utilizamos a palavra "energia" para conotar a atividade vivente dos reinos espirituais, e da entidade espiritual, a alma. Empregamos a palavra "força" para indicar a atividade da natureza da forma nos domínios dos diferentes reinos da natureza. Este é um ponto de interesse dominante e de implícita distinção.

Por conseguinte, estimulação poderia ser definida como o efeito que a energia tem sobre a força. E o efeito que a alma tem sobre a forma, e a que a expressão mais elevada da divindade tem sobre o que chamamos a expressão inferior. No entanto, tudo é igualmente divino no espaço e no tempo, e relativamente ao ponto de evolução e ao todo. Esta energia tem os seguintes efeitos, que passo a enumerar de várias formas, visando a esclarecer tipos de mentes diferentes:

1- Um grau crescente de ritmo e de vibração.

2- Uma capacidade de aproveitar o tempo, isto é, de realizar numa hora do chamado tempo, o mesmo que as pessoas medianas podem fazer em duas ou três horas.

3- Uma perturbação na vida da personalidade que conduz - se a reação é correta - a perceber claramente o cumprimento das obrigações cármicas.

4- Uma intensificação de todas as reações, incluindo as que emanam do mundo de vida diária (e por conseguinte, do ambiente), do mundo da vida de aspiração, da mente e da alma, a grande Realidade do indivíduo encarnado (ainda que este não o saiba). 

5- Um esclarecimento dos objetivos da vida e, daí, a ênfase dominante posta sobre a importância da personalidade e sobre a vida da personalidade.

6- Um desenvolvimento do processo de destruição que implica questões que parecem estar além da capacidade da personalidade resolvê-las.

7- Certos problemas fisiológicos e psicológicos que estão baseados na capacidade, nos inerentes pontos fracos e fortes e nas qualificações dos instrumentos de recepção.

Devemos recordar aqui que toda a estimulação está fundamentada na reação (ou poder de receber e de registrar) da natureza inferior quando posta em relação com a natureza superior. Não se baseia na reação do superior sobre o inferior. Quando se produz esta recepção, resulta uma aceleração dos átomos que compõem os veículos da personalidade; segue-se uma galvanização para atividade das células cerebrais que até então estiveram em letargia, assim como também das zonas do corpo que rodeiam os sete centros, particularmente nas correspondências orgânicas e fisiológicas dos centros, conjuntamente com uma compreensão das possibilidades e oportunidades. Estes resultados podem-se manifestar tanto como um desastroso fracasso ou na forma de um desenvolvimento significativo.

A tudo isto a estimulação do sistema nervoso do indivíduo responde e daí os efeitos tornarem-se nitidamente físicos. Estes efeitos podem significar uma liberação de energia que aflui por um consumo adequado e, por consequência, sem efeitos sérios, mesmo quando existem condições indesejáveis, ou podem significar que o instrumento se encontra em tal condição que a energia afluindo torrencialmente será destruidora e perigosa, podendo resultar em toda a espécie de maus resultados. Estes incluem:

Problemas mentais:

Vamos agora ocupar-nos principalmente deste tema. A estimulação mental é relativamente rara quando se considera a população total do planeta; contudo, entre as populações da nossa civilização ocidental encontra-se frequentemente, como também na elite da civilização oriental. Para maior clareza destes problemas pode-se dividi-los em três grupos ou categorias:

1- Os problemas que surgem de uma intensa atividade mental, que produz excessivos focos e ênfases mentais indevidos, uma abordagem intelectual uni-direcionada.

2- Os problemas que provêm dos processos da meditação, que com êxito conduziram à iluminação. Isto, por sua vez, provoca certas dificuldades tais como:

a- A excessiva atividade mental, que capta e percebe demasiado,

b- A revelação da miragem e da ilusão, o que conduz à confusão e ao desenvolvimento psíquico inferior.

c- A hipersensibilidade aos fenômenos da luz interna, registrada no corpo etérico.

3- Os problemas que surgem do desenvolvimento do psiquismo superior com consequente sensitividade para

a- Orientação.

b- Cooperação com o Plano,

c- Contato com a alma.

Os três últimos grupos dos problemas relacionados com a sensibilidade são bem definidos e reais na experiência dos discípulos.

O primeiro grupo dos problemas (os que provêm de intensa atividade mental) são os de tipo intelectual e percorrem toda uma gama desde o sectarismo estrito e cristalizado até o fenômeno psíquico chamado ideia fixa. Constituem em grande parte problemas relativos à construção de pensamento-forma e por seu intermédio o homem torna-se a vítima do que ele próprio construiu; ele é a criatura de um Franksentein da sua própria criação. Pode-se ver esta tendência manifestada em todas as escolas de pensamento e de cultura e aplica-se principalmente ao tipo de indivíduo condutor de homens - o líder - e ao homem que é independente nos seus pensamentos e na sua vida, e por consequência, capaz de pensar com clareza e de mobilizar livremente a substância mental ou chita. Portanto, é necessário nos dias que se aproximam tratar-se deste problema particular, pois que se encontrarão mentalidades deste tipo com crescente frequência. À medida que a raça avança para uma polarização mental, que será tão poderosa como a atual polarização astral da qual ela está emergindo, será necessário cada vez mais educar a raça sobre:

1- A natureza da substância mental.

2- O tríplice propósito da mente:

a- Como meio de expressar ideias, mediante a construção das necessária corporificação do pensamento-forma,

b- Como fator controlador na vida da personalidade pelo uso apropriado do poder do pensamento criador.

c- Como refletor dos mundos superiores de consciência perceptiva e intuitiva.

O pensamento criador não é a mesma coisa que o sentimento criador e esta diferença é raramente percebida. Tudo o que possa ser criado no futuro será baseado na expressão das ideias. Isto realizar-se-á, em primeiro lugar, pela percepção do pensamento, depois pela concretização do pensamento e finalmente pela vitalização do pensamento. É só mais tarde que o pensamento-forma criado descerá ao mundo do sentimento e lá assumirá a qualidade sensorial necessária que juntará cor e beleza ao pensamento- forma. já construído.

E neste ponto que o perigo ameaça o estudante. A forma mental de uma ideia foi poderosamente construída. Adquiriu também cor e beleza. Por conseguinte, é capaz de apoderar-se de um homem tanto mental quanto emocionalmente. Se ele não tiver senso de equilíbrio, de proporção, nem senso de humor, o pensamento-forma pode tornar-se tão poderoso que ele descobre ser um devoto confesso, incapaz de retirar-se da posição assumida. Não pode ver nada, nem crer em nada, nem trabalhar em nada senão na ideia corporificada que o mantém cativo. Tais pessoas constituem os partidários violentos de qualquer grupo, de qualquer igreja, ordem ou governo. Frequentemente têm temperamento sádico e são adeptos de cultos e ciência; estão prontos a sacrificar ou magoar quem quer que lhes pareça ser hostil à sua ideia fixa do que é justo e verdadeiro. Os homens responsáveis pela Inquisição espanhola e aqueles que foram responsáveis pelos excessos cometidos no tempo dos Covenatários são exemplos das piores formas desta linha de pensamento e desenvolvimento.

As pessoas afetadas por esta desordem psicológica de cega adesão às ideias, de devoção e de idolatria pessoal encontram-se em cada organização, cada igreja, religião, em grupos políticos e científicos e também em cada organização esotérica e ocultista. São psicologicamente doentes e os transtornos que sofrem são praticamente contagiosos. São uma ameaça, assim como a varíola o é. Este gênero de dificuldade não é considerado correntemente como um problema psicológico até à altura em que o homem se encontra tão afetado que se converte num problema para o grupo ou é considerado como um estranho e desequilibrado. É, portanto, claramente uma doença psíquica de caráter dos mais definidos, que requer um tratamento cuidadoso. O tratamento é também particularmente difícil, porque as primeiras etapas são aparentemente normais e sãs. Trabalhar com um grupo ou com algum instrutor é frequentemente considerado como um meio bem definido de salvação psicológica, porque tende a extroverter o místico e desse modo a proporcionar uma liberação adequada à energia que sobre ele influi. Enquanto não faz mais do que isso, não existe perigo, mas a partir do momento em que a visão que um homem tem de outras e de maiores possibilidades, começa a diminuir, quando um conjunto de doutrinas ou uma escola de pensamento ou um expoente de qualquer teoria absorve totalmente sua atenção, até à exclusão de todos os outros pontos de vista ou possibilidades, nesse momento, as sementes da desordem psicológica podem ser claramente observadas e o homem está em perigo.

Também o momento em que todo o poder mental de que o homem é capaz, se aplica numa só direção, como por exemplo, para alcançar êxito nos negócios ou dominar nas finanças, nesse momento então torna-se um problema psicológico.

Isto é peculiarmente um dos problemas de integração, porque é devido à estimulação da mente, ao esforçar-se por assumir o controle da personalidade. Sobrevém um sentimento de poder. O sucesso alimenta a estimulação, mesmo que se trate apenas de sucesso duvidoso de atrair a atenção de algum instrutor idealizado ou adorado, ou de ter tido êxito em alguma transação financeira.

Tempo virá em que o problema da personalidade será melhor compreendido e, então quando isto ocorrer, qualquer ênfase excessiva posta na profissão, na vocação, na ideologia ou pensamento será considerada como um sintoma indesejável, e então, será feito um esforço para produzir duas coisas: um desenvolvimento mais integral e uma fusão consciente com a alma e com o grupo.

Não tenho intenção de tratar dos problemas relacionados com a insanidade. Eles existem e são de constante ocorrência, e nós, esotericamente, os enquadramos em três divisões:

1- Os causados inteiramente por:

a- Uma doença de matéria cerebral.

b- A deterioração das células cerebrais.

c- Condição anormal da zona cerebral, como tumores, abscessos ou crescimentos.

d- Defeitos estruturais da cabeça.

2- Os que se devem à ausência do ego ou alma. Nestes casos se encontrará uma situação onde:

a- O verdadeiro dono do corpo está ausente; o fio da vida está ancorado no coração, mas o fio da consciência não está ancorado na cabeça. Foi retirado e, por conseguinte, a alma não está consciente da forma. Nestes casos, temos o idiota ou simplesmente um animal humano de grau muito baixo,

b- Certos casos de possessão ou obsessão encontram-se entre aqueles em que o fio da vida está ligado ao dono original do corpo, mas o fio da consciência é o de outra pessoa ou entidade - desencarnada e muito ansiosa de expressar-se no plano físico. De modo geral, quando o verdadeiro proprietário do corpo está ausente, a situação não permite à entidade obsessora continuar na sua possessão. Refiro-me aos casos em que o ego encarnante se retirou completamente e há, por conseguinte, uma casa perfeitamente vazia. Tais casos são raros e ninguém se ressente pela ocupação, enquanto que nos casos comuns de obsessão existe um problema de dupla personalidade e até de várias personalidades. Surge então um conflito com resultados muito penosos - aflitivos do ponto de vista do verdadeiro dono do corpo. Estes casos a que me refiro aqui são incuráveis, dado que não há nenhum ego para se chamar à atividade, pelo fortalecimento da vontade ou da condição física do ser humano de molde a expulsar os intrusos. Em muitos casos de possessão a cura é possível, mas aos que me referi não o é.

3- Os casos devidos ao fato do corpo astral ser de uma natureza incontrolável e em que o homem é a vítima vencida do seu próprio desejo desenfreado de qualquer ordem, e em que ele é ainda de um tal poder intelectual que pode criar um pensamento-forma dominante que personifique esse desejo. Estes "maníacos astrais" são os mais difíceis e certamente os mais tristes de tratar porque, mentalmente, há pouca coisa errada neles. Contudo, a mente não pode controlar e fica relegada definitivamente para segundo lugar; permanece inútil e inerte enquanto o homem exprime (com violência ou sutileza, segundo o caso) algum desejo fundamental. Pode ser o desejo de matar, ou de ter uma experiência sexual anormal, ou mesmo o desejo de estar sempre em movimento e, portanto, em constante atividade. Estes casos dão a impressão de serem muito simples e normais, mas não considero aqui a sua expressão normal mas algo que não pode ser controlado e para o qual não existe remédio, salvo naquilo que consiste em proteger o homem contra si mesmo e contra os seus próprios atos.

Estas três formas de demência, sendo incuráveis, não poderão receber ajuda psicológica. Tudo o que se pode fazer é melhorar a situação, proporcionar os cuidados adequados ao paciente, e proteger a sociedade até que a morte venha pôr fim a este interlúdio na vida da alma. Convém recordar que estas condições estão muito mais estreitamente ligadas ao carma dos pais ou daqueles que têm a seu cargo estes casos do que ao próprio paciente. Em muitos destes casos não há nenhuma pessoa na forma, havendo apenas um corpo vivo animado, informado pela alma animal, mas não por uma alma humana.

Estamos tratando primariamente de problemas que surgem na natureza mental do homem, e do seu poder de criar na substância mental. Há um aspecto deste problema a que não me referi ainda, e que é o poder do pensamento de tal caso, e a estimulação dinâmica da mente que estamos considerando, que evoca resposta da parte do corpo de desejos, projetando assim toda a natureza inferior numa estreita união com o impulso mental reconhecido e a demanda mental dominante. Esta, quando é suficientemente forte, pode atuar no plano físico como ação violenta e pode conduzir um homem a muitas dificuldades, a conflitos com a sociedade organizada, tornando-o assim antissocial e em oposição às forças da lei e da ordem.

Estas pessoas caem em três grupos e os estudantes de psicologia fariam bem em estudar estes tipos com cuidado, porque aparecerão em crescente número, porque a humanidade está deslocando o centro da sua atenção cada vez mais para o plano mental:

1- Os que permanecem mentalmente introvertidos e profunda e intensamente preocupados com os seus autocriados pensamentos-forma e com o seu mundo mental criado e centrado à volta do pensamento-forma dinâmico que eles construíram. Tais pessoas trabalham em direção a uma crise e interessa-nos notar que essa crise pode ser interpretada pelo mundo:

a- Como a revelação de um gênio, tal como sucede quando algum cientista nos explica as conclusões da sua atenção focalizada e do período consagrado aos seus pensamentos.

b- Como esforço de um homem para exprimir a si próprio numa qualquer linha criativa.

c- Como as violentas e por vezes perigosas manifestações de frustração, nas quais o homem trata de liberar os resultados das suas elucubrações internas segundo a linha escolhida.

Todos estes aspectos variam na sua expressão, por causa do equipamento original com o qual o homem começou a sua vida de pensamento no plano mental. No primeiro caso, temos um gênio; no segundo (se acompanhado de uma rica natureza emocional) produzirá algo por meio da imaginação criadora; no terceiro caso, teremos o que o mundo considera como insanidade, curável com o tempo e não permanente em seus efeitos, desde que se proporcione certa forma criativa de liberação imaginativa. Isto muitas vezes constitui o ponto de luta das personalidades dos 2o., 4o. e 6o raios.

2- Os que se tornam assombrosamente autoconscientes e conscientes de si mesmos como centros de pensamento. Eles são obsediados com a sua própria sabedoria, com o seu poder e pela sua capacidade criadora. Passam rapidamente a um estado de completo isolamento ou separatividade. Isto pode conduzir a uma megalomania aguda, a uma intensa preocupação com o ego e a uma admiradora satisfação do ego, do eu inferior, da personalidade. A natureza emocional do desejo sensível é absolutamente controlada pelo pensamento dinâmico autocentrado, que é tudo de que o homem está consciente neste momento. Por conseguinte, o cérebro e todas as atividades do plano físico estão igualmente controladas e dirigidas para o planejado engrandecimento do homem. Esta condição prevalece em vários graus, de acordo com o nível evolutivo e o tipo de raio; nas primeiras etapas é curável. Contudo, se se deixa persistir esta condição, o homem torna- se intocável porque ele entrincheira-se na muralha dos seus pensamentos-forma sobre si próprio e sobre as suas atividades. Quando é curável, deverá procurar-se descentralizá-lo, apresentando- lhe algo mais importante que lhe interesse, desenvolvendo-lhe a consciência social e - se for possível - pelo contato com a alma. Esta é a condição que frequentemente constitui a luta das personalidades dos 1° e 5° raios.

3- Os que se tornaram intensamente extrovertidos pelo desejo de impor as conclusões alcançadas (através da focalização mental de sentido físico) aos seus semelhantes. Isto constitui muitas vezes o ponto crucial da dificuldade dos que pertencem ao 3o. e 5o. raios. Estas pessoas encontram-se no caminho cuja consciência vai desde o teólogo e doutrinário dogmático bem intencionado, que se encontra em quase todas as escolas de pensamento, até ao fanático que torna a vida à sua volta insuportável ao procurar impor os seus pontos de vista, e o maníaco tão obsediado com a sua visão que, para proteção da sociedade, deve ser isolado.

Parecerá, portanto, evidente, quão promissora pode ser a perspectiva se os educadores e psicólogos (principalmente aqueles que se especializaram na formação da juventude) lhes ensinarem o cuidado necessário no equilíbrio dos valores, na visão de conjunto e na natureza da contribuição que os muitos aspectos e atitudes fazem para o todo. Isto é de uma profunda utilidade na época da adolescência, em que se requer fazer tantos reajustamentos difíceis. É geralmente muito tarde para o fazer quando se atingiu a idade adulta e durante muito tempo formas mentais foram construídas sobre elas até identificar-se tanto com elas que realmente não há existência independente. A destruição deste tipo de semelhantes pensamentos-forma que escravizam um homem pode conduzir a condições tão sérias que tragam como consequência eventualmente o suicídio, uma doença prolongada ou uma vida inútil devido à frustração.

Duas coisas apenas poderão realmente ajudar:

Primeiro a constante apresentação, feita com amor, de uma visão mais ampla, que deve ser mantida diante dos olhos do homem, por alguém tão inclusivo que a nota- chave da sua vida seja a compreensão ou, segundo, pela atividade da própria alma do homem. O primeiro método exige muito tempo e paciência.

O segundo pode ser instantâneo nos seus efeitos, como na conversão, ou pode ser uma demolição gradual das muralhas do pensamento pelas quais um homem está separado do mundo e dos seus semelhantes. As trombetas do Senhor, a alma, podem soar e provocar a queda dos muros de Jericó. Esta tarefa de evocar a ação da alma de forma dinâmica, em beneficio de uma personalidade aprisionada, inexpugnavelmente encerrada por um muro de matéria mental, constituirá uma parte da ciência da psicologia que se desenvolverá no futuro.

Os problemas provenientes da meditação e o seu resultado: a Iluminação.

Desejaria primeiramente fazer notar que, quando emprego aqui a palavra meditação, o faço apenas numa só das suas conotações. A intensa focalização mental, produzindo indevida ênfase mental, atitudes errôneas e um gênero de vida antissocial, é também uma forma de meditação, porém circunscrita à periferia de uma pequena área mental de um determinado indivíduo. Isto é um enunciado de fato e de importância. Isto inibe o homem e deixa-o sem qualquer contato com as outras zonas de percepção mental, provocando um intenso estímulo mental numa só direção, de tipo particularmente potente que não tem outra saída senão o cérebro, através da natureza do desejo. A meditação a que nos referimos nesta parte do nosso estudo consiste numa focalização mental e numa atitude que procura relacionar-se com o que está para além do mundo mental do indivíduo.

Constitui parte de um esforço para o colocar em contato com um mundo de seres e de fenômenos que estão mais além. Uso estas palavras para transmitir as ideias de expansão, de inclusão e de iluminação. Tais expansões e atitudes não deveriam converter um homem num ser antissocial, nem aprisioná-lo nem a cela por ele próprio fabricada. Deveriam fazer dele um cidadão do mundo; deveriam criar-lhe o desejo de fundir-se com os seus semelhantes; deveriam despertá-lo para mais altas questões e realidades; deveriam derramar a luz nos lugares sombrios da sua vida e da humanidade, como um todo. Os problemas que surgem resultantes da iluminação, são praticamente o reverso dos que acabamos de considerar. Não obstante, constituem por sua vez verdadeiros problemas que têm que ser enfrentados, e isto porque as pessoas inteligentes do mundo estão agora aprendendo a meditar numa ampla escala. Muitas coisas são responsáveis por esta tendência para a meditação. As vezes é a força das circunstâncias econômicas que obrigam o homem a concentrar-se, e a concentração é um dos primeiros passos do processo da meditação; às vezes, é o impulso para o trabalho criativo que leva um homem à busca de algum tema ou matéria paro o expressar criativamente. Quer os homens se interessem apenas academicamente pelo poder do pensamento, ou quer tocados por uma visão se convertem em estudantes da verdadeira meditação (mística ou ocultista), o fato é que surgem sérios problemas, aparecem condições perigosas e a natureza inferior evidencia em cada caso a necessidade de se adaptar aos impulsos ou demandas superiores, ou sofre consequência de natureza difícil, se não se fizerem estes ajustamentos necessários, pois se não os fizerem advirão dificuldades psicológicas, psicopáticas e nervosas.

Novamente permitam-me recordar-lhes que a razão disto „é que o homem vê, conhece e compreende muito mais do que é capaz de fazer simplesmente como personalidade, funcionando nos três mundos, e tão alheio ao verdadeiro sentido do mundo da atividade da alma. Ele "deixou entrar" energias que são mais fortes do que as forças de que está geralmente consciente. Estas energias são intrinsecamente fortes, se bem que aparentemente não sejam ainda as mais fortes, devido aos hábitos muito arraigados e aos velhos ritmos das forças da personalidade com as quais a energia da alma é posta em conflito. Necessariamente, isto conduz a tensões e dificuldades, e a não ser que haja adequada compreensão desta batalha, podem-se produzir terríveis resultados, que o psicólogo qualificado deverá estar preparado para enfrentar.

Não me ocuparei do tipo e natureza da concentração, nem do tema da meditação porque estou considerando aqui apenas os resultados e não os métodos para os produzir. Bastará dizer que os esforços que o homem tem feito na meditação, abriram-lhe uma porta pela qual pode passar (eventualmente com facilidade) para um mundo novo de fenômeno, de atividade dirigida e de ideais diferentes. Abriu uma janela pela qual pode entrar luz, revelando aquilo que é e que sempre existiu dentro do homem, e lançando a luz nos lugares sombrios da sua vida; nas outras vidas; e no meio ambiente em que atua. Liberou dentro de si um mundo de sons e de impressões que são, a princípio, tão diferentes e novos que ele não sabe o que fazer dele. A sua situação chega a ser tal que requer muitos cuidados e um ajustado equilíbrio.

Parecerá evidente que, se existe um bom equipamento mental e uma sã formação cultural, haverá um sentido equilibrado de proporções, uma capacidade interpretativa, paciência para esperar até que uma correta compreensão seja desenvolvida, e um feliz senso de humor. Contudo, onde isto não exista, haverá (de acordo com o tipo e o sentido da visão) confusão, incompreensão do que ocorre, uma exagerada ênfase sobre reações de personalidade e fenômenos, orgulho relativo às realizações efetuadas, um terrível complexo de inferioridade, excesso de palavras, a procura aqui e acolá de uma explicação, reconforto, segurança e um sentimento de companheirismo, ou talvez um colapso total das forças mentais, ou uma ruptura das células cerebrais devido à tensão a que foram submetidas.

Às vezes a exaltação é o resultado do contato com um mundo novo, e uma forte estimulação mental. A depressão constitui também frequentemente o resultado de se sentir incapaz de estar à altura oportunidade que se apresenta. O homem vê e sabe demasiado. Não pode estar satisfeito com a forma como vivia anteriormente, nem com as velhas satisfações e idealismos. Ele tocou em dimensões mais vastas, deseja ideias novas e vibrantes e visão mais ampla. O caminho da vida da alma apanhou- o e atraiu-o. Mas a sua natureza, o seu meio, o seu equipamento e as suas oportunidades parecem frustrá-lo continuamente, e ele sente que não pode seguir em frente neste novo e maravilhoso mundo. Sente a necessidade de contemporizar e de viver no mesmo estado que até ali, ou pelo menos assim o pensa, e assim o decide.

As expansões alcançadas, resultantes de uma meditação frutuosa não se produzem necessariamente por um evidente esforço de índole religiosa, nem por uma assim chamada revelação oculta. Podem chegar através do domínio da escolhida atividade da sua vida, pois não há nenhuma atividade na vida, nenhum apelo vocacional, nem ocupação mental, nem qualquer condição que não possam fornecer a chave que abra a porta do amplo mundo desejado ou que sirva para conduzir um homem ao cimo da montanha, de onde possa ver um horizonte mais vasto e captar uma visão maior. Um homem deve aprender a reconhecer que a escola de pensamento que escolheu, a sua vocação particular, a sua ocupação especial na vida e as suas tendências pessoais são apenas parte de um todo maior, e que o seu problema é integrar conscientemente a pequena atividade da sua vida à atividade do mundo.

E a isto que chamamos iluminação, à falta de melhor termo. Todo o conhecimento é uma forma de luz, pois ele lança luz nas zonas de percepção que eram até então inconscientes. Toda a sabedoria é uma forma de luz, porque nos revela o mundo de significados que se encontra por detrás da forma externa. Toda a compreensão é uma evocação da luz, pois nos torna conscientes das causas que produzem as formas externas que nos rodeiam (incluindo a nossa) e que condicionam o mundo dos significados, dos quais são a expressão. Mas quando este fato é observado e captado pela primeira vez, e quando a revelação inicial chegou, quando o lugar da parte em relação ao todo é sentido, e quando se estabeleceu o primeiro contato com esse mundo que inclui o nosso pequeno mundo, então há sempre um momento de crise e um período de perigo. Então, à medida que a familiaridade cresce e os nossos pés vaguearam para dentro e para fora da porta que temos aberta, e que nos habituamos à luz que a janela aberta libertou no nosso pequeno mundo da vida diária, surgem outros perigos psicológicos. Corremos o perigo de pensar que o que temos visto, é tudo o que há para ver, e assim - numa volta mais elevada da espiral e num sentido mais largo - repetimos os perigos (já considerados) de errada ênfase, de focalização errada, de crenças estreitas e ideia fixa. Deixam-nos obsediar com a ideia da alma; esquecemo-nos da necessidade que ela tem, de um veículo de expressão; começamos a viver num mundo afastado e abstrato de ser e de sentir, e deixamos de nos manter em contato com vida real do plano físico de expressão.

Assim repetimos - novamente numa volta mais alta da espiral - a condição que já estudamos, na qual a alma ou ego não estava presente, invertendo a condição de modo que não está nenhuma forma de vida realmente presente na consciência focalizada do homem. Há apenas o das almas e um desejo de atividade criadora. A direção da vida diária, no plano físico, cai para trás do limiar da consciência, e o homem torna-se um místico vago, um visionário, sem qualquer sentido prático. Estes estados mentais, se tolerados, tornam-se perigosos.

Contudo, há certas fases deste problema mental, provocado pela iluminação proveniente da meditação, que é proveitoso considerar. Só o poderei fazer superficialmente, pois o tempo é breve e apenas desejo dar indicações e não entrar em detalhes. Poderei apenas assinalar as linhas gerais do problema e os métodos pelos quais uma dificuldade ou um problema específico pode ser tratado ou resolvido. No tratamento da maioria dos casos, o normal senso comum é valioso, bem como o esforço de esclarecer o paciente de que os seus transtornos, embora insignificantes a princípio, podem abrir a porta a situações sérias. Referir-me-ei a três delas.

A primeira é a atividade exagerada da mente em grande número de casos - algumas vezes repentinamente e outras lentamente - que capta e vê demais. Torna-se consciente da vida do homem, e introduz nela tantas variações, fluidez e tanta agitação que ele fica sem cessar, num turbilhão efervescente. Através de tudo isto, ele está consciente dele próprio como alguém no centro, interpreta toda a atividade mental e contatos, toda a fluidez, toda a análise constante à qual é propenso, e os seus contínuos projetos, como uma indicação não apenas de habilidade mental mas também de verdadeira visão espiritual interna e de sabedoria. Isto produz situações difíceis para todos os que estão com ele associados e mantém-se frequentemente durante largos períodos de tempo. Enquanto durem estas condições pouco se pode fazer. As constantes "permutações da substância mental ou chitta" e a perpétua "atividade do corpo mental em produzir pensamentos-forma" absorvem o homem de modo tão constante que ele não registra mais nada na sua consciência. Ocupa-se de vastos planos, enormes esquemas, correlações e analogias, mais a tentativa de as impor aos outros e pedir-lhes ajuda (com as críticas que resultam se essa ajuda é negada) para pôr em execução o conjunto das ideias desconexas. Não realiza verdadeiramente um esforço para passar à execução esses planos e ideias, pois eles todos mantêm-se em tentativas no plano mental, no seu estado original vago. O esforço para perceber, captar e apreender mais ainda os detalhes e suas inter-relações recíprocas absorvem toda a atenção, e não fica nenhuma energia para levar qualquer dos projetos e ideias para o plano dos desejos, e dar assim os primeiros passos para a materialização física do plano objeto da visão. Se este estado mental dura muito tempo, produz tensão mental, crise nervosa e, às vezes, dificuldade permanente. A cura, no entanto, é simples.

Deve-se fazer compreender ao homem vítima destas desordens, a inutilidade da sua vida mental, como ele a está vivendo. Depois, escolhendo um dos muitos métodos possíveis de trabalho e um dos muitos canais de serviço, pelos quais o plano pressentido pode desenvolver-se, deve-se deixar que ele mesmo se esforce por levá-lo à manifestação física, abandonando todas as outras possibilidades. Desta maneira, ele pode começar a regularizar e a controlar a sua mente e a ocupar o seu lugar entre aqueles que estão realizando alguma coisa, por pequena que seja a sua contribuição. Ele torna-se então construtivo.

Ilustrei este tipo de dificuldade em termos do aspirante que, na meditação, entra em contato com as influências da Hierarquia e que está assim em posição de abrir a torneira da corrente dos pensamentos-forma criados por Ela e pelos Seus discípulos. Mas o mesmo gênero de dificuldade encontra-se entre aqueles (pela descoberta do plano mental e do uso da atenção focalizada) penetram no mundo mais vasto das ideias que estão justamente preparadas para precipitar-se nos níveis concretos da substância mental. Isto explica a futilidade e a aparente árida ineficácia de muitas pessoas bastante inteligentes. Estão ocupadas em tantas coisas que acabam por não realizar coisa alguma. Um plano realizado, uma linha de pensamento desenvolvida até à sua conclusão concreta, um processo mental desenvolvido e apresentado na consciência salvarão a situação, e trarão criatividade útil às existências que de outra maneira seriam negativas e inúteis. Emprego aqui o termo "negativo" para indicar a negatividade nos resultados obtidos. Um homem assim, é desnecessário dizer, é extremamente positivo nas implicações que atribui às suas pretendidas concepções sendo uma constante fonte de consternação para os que o rodeiam. Os seus amigos e companheiros de trabalho são o alvo das suas críticas incessantes, porque não realizam os planos como ele crê que deveriam ser aplicados, ou falham ao apreciar a corrente de ideias com que o esmagam. Deve-se compreender que o homem sofre de uma espécie de febre mental, acompanhada de alucinações, hiperatividade e irritabilidade mental. Como foi dito acima, a cura está nas mãos do paciente. Implica uma aplicação constante sobre um plano escolhido, com vistas a provar a sua eficácia, utilizando o senso comum e o bom julgamento comum. A luz que se pode contatar durante a meditação revelou um nível de fenômenos mentais e pensamentos-forma com os quais o homem não está acostumado a lidar. As suas manifestações, implicações e possibilidades impressionam-no tanto que o homem se persuade que elas devem ser divinas e, por consequência, essenciais. Por que continua a estar no centro dramático da sua própria consciência - mesmo que seja disso inconsciente - cheio de orgulho mental e ambição espiritual, tem o sentimento de que tem grandes coisas a fazer e que todos os que o conhecem devem ajudá-lo a realizá-las, ou então reconhecerem-se como fracassos.

A segunda é a revelação do Maia dos sentidos. Maia é um termo genérico que se aplica aos três aspectos da vida fenomênica dos três mundos ou os três resultados maiores da atividade-força. Serve para desorientar o homem e tornar mais difícil a situação dos discípulos sinceros. Conviria definirem-se os três termos que se aplicam a estes três efeitos fenomênicos: Ilusão, Miragem e Maia.

Durante muito tempo estas três palavras estiveram unidas entre os pretensos ocultistas e esotéricos. Elas representam o mesmo conceito ou a diferenciação deste conceito. Falando de modo geral, as interpretações dadas foram como segue, e são apenas interpretações parciais, sendo quase distorções da verdade real, devido às limitações da consciência humana.

A Miragem foi considerada como uma curiosa tentativa das chamadas "forças negras" para ludibriar e zombar dos aspirantes bem intencionados. Muita gente boa sente-se lisonjeada quando tem de "enfrentar" algum aspecto da miragem, sentindo que a sua demonstração de disciplina foi tão boa que as forças negras estão suficientemente interessadas em tentarem impedir o seu belo trabalho, submergindo-os nas nuvens da miragem. Nada está mais longe da verdade. Esta ideia é já parte da miragem do tempo presente e tem a sua origem no orgulho e na satisfação humana.

Maia é muitas vezes considerada como sendo da mesma natureza que o conceito difundido pela Ciência Cristã de que não existe tal coisa como matéria. Pede-se que consideremos o mundo fenomênico como maia, e que creiamos que a sua existência é um erro da mente mortal e uma forma de autossugestão ou auto-hipinotismo. Por meio desta crença induzida forçamo-nos a um estado mental que reconhece que o tangível e o objetivo não são senão uma ficção da mente imaginativa do homem. Isto, por sua vez, é uma caricatura da realidade.

Ilusão é considerada mais ou menos do mesmo modo, só que (ao defini-la) pomos a ênfase na finitude da mente humana. Não se nega a existência do mundo dos fenômenos, mas consideramos que a mente o interpreta mal e recusa-se a vê-lo como realmente é. Consideramos que esta falsa interpretação constitui a Grande Ilusão.

Queria notar que, falando em geral, estas três expressões são três aspectos de uma condição universal que é resultante da atividade, no tempo e espaço, da mente humana.

O Problema da Ilusão reside no fato de que se trata de uma atividade da alma, e é o resultado do aspecto mental de todas as almas em manifestação. E a alma que está imersa na ilusão e é a alma que falha em ver claramente, até o momento de aprender a derramar a luz da alma para e através da mente e do cérebro.

O Problema da Miragem aparece quando a ilusão mental se intensifica pelo desejo. O que os teósofos chamam "kama-manas" produz a miragem. E ilusão no plano astral.

O Problema de Maia é na realidade igual ao anterior, acrescido da atividade intensa que se produz quando ambos - ilusão e miragem - têm lugar nos níveis etéricos. E esta sujeira (sim, é este o termo que procuro usar) vital, irrefletida e emotiva na qual parecem sempre viver a maioria dos seres humanos. Por conseguinte:

1- A Ilusão é primariamente uma qualidade mental e é característica da atitude mental das pessoas mais intelectuais que emocionais. Elas já superaram a miragem tal como se compreende usualmente. É a má percepção das ideias e dos pensamentos-forma de que elas são culpadas e das erradas interpretações.

2- A Miragem é de caráter astral e hoje é muito mais poderosa que a ilusão, dado que a grande maioria das pessoas sempre funcionam astralmente.

3- Maia é de caráter vital e é uma qualidade de força. É essencialmente a energia do ser humano quando entra em atividade, impulsionada pela influência subjetiva da ilusão mental, da miragem astral ou pela combinação de ambas.

A vastidão do assunto é esmagadora e é preciso tempo para que o aspirante aprenda as regras pelas quais pode encontrar o caminho que o livrará dos mundos da miragem. Procuro aqui apenas tratar o tema na medida em que produz efeitos na vida do homem que evocou em si próprio certa medida de luz. Isto serviu para lhe revelar os três mundos de força inferior. Esta revelação, nas primeiras etapas, engana-se frequentemente e ele torna-se vítima daquilo mesmo que foi revelado. Poder-se-ia, com razão, notar que todos os seres humanos são vítimas da Grande Ilusão e das suas várias correlações e aspectos. Nos casos que aqui consideramos, a diferença reside no fato de que:

1- O homem é nitidamente consciente de si mesmo.
2- Também sabe que liberou certa medida da luz superior.
3- Que o que lhe foi revelado é interpretado em termos de fenômenos espirituais em vez de termos de fenômenos psíquicos. Considera-os como maravilhosos, verídicos, reveladores e desejáveis.

Porque obteve a integração e é capaz de atuar na natureza mental; porque a sua orientação é boa e correta; porque está no Caminho da Provação; e porque sabe que é um aspirante e até mesmo um discípulo, aquilo que as luzes lhe revelam no plano astral, por exemplo, é, naturalmente, de ordem muito elevada. Por consequência, os efeitos são muito enganosos. Os vastos esquemas cósmicos que surgiram das mentes dos pensadores do passado e que alcançaram o plano astral; as antigas formas que personificavam "anseio de vida" e as concepções imaginárias da raça e que são de tal poder que persistem na vida de desejo de muitos homens; as formas simbólicas empregadas através das idades, na tentativa de materializar certas realidades; a tentativa e as formas experimentais de grandes e bons esforços que foram feitos ou que se fazem atualmente, e mais ainda a atividade da vida do próprio plano astral, o mundo de sonho do planeta - tudo isso tende a preocupá-lo e a conduzí-lo para o perigo e o erro. Retarda o seu progresso no caminho e desvia as suas energias e atenção.

Devemos lembrar que isto constitui a linha de menor resistência para o homem por causa da potência do corpo astral no atual período mundial. O resultado de tudo isto é que se desenvolvem demasiadamente os poderes e as faculdades da mente, e os chamados "siddhis inferiores" (poderes psíquicos inferiores) começam a exercer controle. Na realidade, o homem volta a estados de consciência e a condições de funcionamento que eram normais e corretos nos tempos da Atlântida, mas que são indesejáveis e desnecessários nos nossos dias. Ele está recuperando - por meio da estimulação - antigos hábitos de percepção psíquica que deveriam permanecer normalmente abaixo do umbral da consciência.

A luz revelou este mundo de fenômenos; ele julga-o desejável e interpreta as suas atividades como um maravilhoso desenvolvimento espiritual interno. Esta estimulação pela mente (ela própria estimulada na meditação) à medida que desce para o plano astral, evoca renovada e redespertada reação ativa, dos poderes inferiores. Isto é nitidamente uma recuperação e nitidamente indesejável como o são certas práticas de Hatha-ioga em uso na índia que permitem ao iogue recuperar o controle consciente das suas funções corporais. Este controle consciente era uma característica distintiva das primeiras raças lemurianas, mas durante muito tempo a atividade dos órgãos do corpo permanecem, de forma desejável e sem perigo, abaixo do limiar da consciência, cumprindo o corpo as suas funções de maneira automática e inconsciente, exceto em casos de doença ou de mau ajustamento de qualquer ordem.

Não se pretende que a raça (uma vez realizado o trabalho do presente ciclo) funcione conscientemente em zonas esquecidas da consciência, como o fizeram as raças lemuriana e atlante. O que se pretende é que os homens funcionem como caucasianos, se bem que nenhum termo satisfatório tenha sido ainda encontrado para distinguir a raça que se está desenvolvendo sob o impacto da nossa civilização ocidental. Refiro-me aos estados de consciência e aos domínios de percepção que são a prerrogativa de todas as raças e povos em certas etapas de desenvolvimento, e emprego apenas as três nomenclaturas, científicas, raciais, como símbolo destes estágios:

A consciência Lemuriana - física.
A consciência Atlante - astral, emotiva, sensorial.
A consciência Caucasiana ou Ariana - mental ou intelectual.

Isto nunca se deverá esquecer.

O homem que sofre de revelações da luz nos três mundos (particularmente no mundo astral) está, por conseguinte, fazendo realmente duas coisas:

1- Está mantendo-se numa posição relativamente estática no que diz respeito ao seu progresso superior; está olhando o confuso caleidoscópio do plano astral com interesse e atenção. Ele pode estar não ativo nesse plano, nem se identificar conscientemente com ele, mas mental e emocionalmente está temporariamente satisfazendo o seu interesse, mantendo a sua atenção e despertando a sua curiosidade, ainda que ao mesmo tempo, se conserve crítico. Por conseguinte, ele perde o seu tempo envolvendo-se continuamente em novas camadas de pensamentos-forma que são o resultado do seu pensamento a respeito do que vê e ouve. Isto é perigoso e se deveria pôr fim nisso. É necessário que todos os aspirantes e discípulos se interessem inteligentemente pelo mundo da miragem e da ilusão para que se possam livrar da sua servidão, pois de outro modo nunca este mundo poderá ser compreendido nem controlado. Mas uma prolongada aplicação a essa vida e uma absorção nos seus fenômenos seria perigosa e escravizante.

2- O interesse evocado nestes casos indesejáveis é tal que o homem:

a- Torna-se completamente fascinado pela miragem,

b- Desce (falando simbolicamente) ao seu nível,

c- Reage sensitivamente aos fenômenos e muitas vezes com prazer e deleite.

d- Evoca as antigas faculdades de clarividência e claudiaudiência. ]

e- Torna-se um psíquico inferior e aceita tudo o que os poderes psíquicos inferiores revelam.

Desejaria fazer aqui uma pausa e assinalar duas coisas que devem ser guardadas na mente:

Primeiramente, que muitas pessoas hoje vivem no estado de percepção e de consciência atlante, e para elas, a expressão dos poderes psíquicos inferiores é normal, conquanto indesejável. Para o homem que é do tipo mental ou que está transcendendo gradualmente a natureza psíquica, estes poderes são anormais (ou deveria dizer subnormais?) e mais indesejáveis ainda. Nesta discussão em que estamos envolvidos não trato do homem com consciência atlante, mas do aspirante moderno. Para ele, desenvolver a consciência racial do passado e retroceder a um tipo inferior de desenvolvimento (que deveria há muito ter deixado para trás), é perigoso e constitui um atraso. É uma forma de manifestação atávica.

Segundo, que quando um homem está firmemente polarizado no plano mental, quando atingiu certa medida de contato com a alma, e quando está orientado totalmente para o mundo das realidades espirituais e leva uma vida de disciplina e de serviço, então por vezes, e quando necessário, pode, à vontade, fazer apelo e utilizar os poderes psíquicos inferiores para o serviço do Plano e com o fim de levar a cabo um trabalho especial no plano astral. Mas isso é um caso em que a consciência maior inclui normalmente a consciência menor. Contudo, isto raramente se faz, mesmo pelos adeptos, porque os poderes da alma - percepção espiritual, sensibilidade telepática e facilidade psicométrica - estão à altura das exigências e das necessidades a satisfazer. Intercalo estas notas, dado que há homens iluminados que utilizam estes poderes, mas é sempre na linha de algum serviço específico para a Hierarquia e humanidade e não para qualquer linha relacionada com o indivíduo.

Quando um homem vagueou pelos atalhos do plano astral e deixou o lugar seguro de equilíbrio mental e de altitude intelectual (novamente falo simbolicamente), quando sucumbiu à miragem e à ilusão (geralmente enganado, embora bem intencionado e sincero) e quando desenvolveu em si - por uma estimulação e experiência erradamente aplicada - hábitos velhos de contato, como a clarividência e clariaudiência, o que pode ele fazer, ou o que se poderá fazer por ele, para se estabelecer condições normais?

Muitas destas pessoas encontram-se nas mãos de psicólogos e de psiquiatras; outras estão internadas hoje em sanatórios e asilos, colocadas ali porque "veem coisas" ou ouvem vozes, ou sonham sonhos, e porque se desadaptaram da vida normal. Parecem constituir um perigo para eles próprios e para os outros. Constituem um problema e uma dificuldade. Os antigos hábitos devem desaparecer, mas por causa da sua antiguidade são muito poderosos, e quanto a abandoná-los, é mais fácil dizer que fazer. As práticas pelas quais os poderes psíquicos inferiores foram desenvolvidos devem cessar. Se as faculdades de resposta a um mundo astral circunvizinho parecem ter sido desenvolvidas sem dificuldade e serem naturais ao homem, devem contudo ser abandonadas e os caminhos de acesso a este mundo inferior de fenômenos devem ser fechados. Se os seres humanos têm pouco sucesso em viver conscientemente no plano físico e em manejar os fenômenos que eles contatam, e se a vida de atenção mental e de vivência mental é ainda tão difícil para a maioria, para quê complicar o problema, tentando viver num mundo de fenômenos que é admitido como o mais poderoso nesta época?

A tarefa de libertação da escravidão da sensibilidade astral é única e prodigiosa. Os detalhes do método pelos quais isto pode ser feito são muito numerosos para que os possamos considerar aqui. Mas certas palavras encerram as notas-chave da libertação e três sugestões básicas ajudarão o psicólogo a tratar destes gêneros de dificuldades. As palavras que encerram o segredo são:

1- Instrução.
2- Foco de atenção.
3- Ocupação.

A natureza do mecanismo humano de resposta nos três mundos deveria se cuidadosamente explicada ao homem que se encontra em dificuldades e a distinção entre as consciências lemurianas, atlante e caucasiana deveria ser, se possível, aclarada. Deve evocar-se aqui, novamente, se possível, o orgulho da sua posição na escala da evolução, e isto será uma evocação construtiva. O esforço de focalizar sua atenção deve ser tentado progressivamente e com simpatia. De acordo com o tipo a que ele pertence assim será dirigido o esforço para focalizar a sua atenção e direcionar o seu interesse no plano físico ou mental, afastando-se assim do plano intermediário. Uma ocupação física ou mental bem definida (novamente planejada segundo o tipo a que pertence) deveria ser organizada, e o homem forçado a se manter ocupado com algum comportamento escolhido.

As três sugestões que faria ao psicólogo ou curador mental seriam as seguintes:

1- Estudar cuidadosamente a natureza dos raios que presumivelmente constituem a natureza do homem, e lhe fornecem as forças e as energias que fazem dele o que ele é. Escolhi estas palavras com cuidado.

2- Determinar qual dos veículos de contato é o mais forte, o melhor organizado e melhor desenvolvido. Isto indicará através de que formas a expressão da vida, nesta encarnação particular, está fluindo.

3- Investigar com cuidado a condição física e, onde ela necessitar atenção, providenciar o tratamento devido. Ao mesmo tempo, observar o sistema glandular, estudando-o quanto à sua relação com os sete centros principais no corpo. Em muitos casos, as glândulas indicam as condições em que se encontram os centros. Assim compreenderemos o sistema de forças do paciente.

A Ciência dos Centros encontra-se ainda na sua infância, como o estão a Ciência dos Raios e a Astrologia. Mas muito está sendo apreendido e desenvolvido nestas três direções e, quando as barreiras atuais caírem e a verdadeira investigação científica for instituída nestas linhas, uma nova era começará para o homem. Estas três ciências constituirão os três departamentos principais da Ciência da Psicologia da Nova Era, a que se juntarão as contribuições da psicologia moderna e o conhecimento da natureza do homem (particularmente a natureza física) que alcançou um desenvolvimento tão prodigioso.

Problemas de Orientação, Sonhos e Depressão.

Trato destes problemas dada a sua exagerada preponderância na atualidade, devido ao rumo de certas escolas que se dedicam à divulgação religiosa ou psicológica e à atual situação mundial que mergulhou muitas pessoas sensíveis num estado de vitalidade espiritual diminuída, acompanhada geralmente de rebaixamento na vitalidade física. Esta condição espalhou-se por toda a parte e baseia-se em erradas condições econômicas. Ocupar-me-ei desses problemas antes de começar nosso quarto ponto, "As Doenças e os Problemas dos Místicos", porque estes constituem um grupo intermediário que inclui muitas pessoas inteligentes e cidadãos bem intencionados.

O Problema da Orientação é um problema particularmente difícil de tratar, porque está baseado num reconhecimento instintivo inato da existência de Deus e do Seu Plano. Esta reação espiritual, instintiva e inerente, é explorada hoje por numerosos reformadores bem intencionados, mas que não têm dedicado verdadeira atenção ao assunto, ou aos fenômenos da resposta externa a um anseio subjetivo. Na maioria dos casos, são cegos liderando cegos. Poderíamos definir o problema da orientação como o problema do método pelo qual o homem, através de processos de autossugestão, se precipita num estado de negatividade e (durante aquele estado) torna-se consciente de impulsos, inclinações, vozes, ordens claramente percebidas, revelações sobre normas de conduta que deve seguir ou a carreira que deve professar, além das indicações gerais sobre linhas de atividade que "Deus" propõe ao sujeito atento, receptivo e negativo.

Neste estado de quase sublimada consciência em relação às demandas insistentes dos domínios subjetivos de atividade que pode orientar a sua vida de modo permanente (muitas vezes de forma inofensiva e outras, até das mais indesejáveis) ou pode ter apenas um efeito temporário, logo que o meio de resposta se exauriu. Mas em qualquer dos casos, a fonte dc direção e a origem da orientação é vagamente chamada de "Deus", é considerada como divina, é qualificada como a voz do "Cristo Interno", ou como uma direção espiritual. Numerosos termos análogos são utilizados, segundo a escola de pensamento a que o homem pertença, ou que lhe captou a atenção.

Veremos esta tendência à orientação subjetiva desta ou daquela espécie, desenvolver-se crescentemente, à medida que a humanidade se torna mais orientada subjetivamente, mais nitidamente consciente nos domínios do ser interno, e mais inclinada para o mundo de significados. É por esta razão que desejo fazer uma análise relativamente cuidadosa das possíveis fontes de orientação, de maneira que as pessoas possam saber que o assunto no seu todo é mais vasto e complicado do que elas pensavam, e seria inteligente determinar as origens da direção acordada a que se submetem, e assim conhecer, com mais nitidez, a direção para onde eram dirigidos. Não esquecer que a submissão cega e irracional de alguém a um guia (como sucede hoje) torna, no final das contas, um homem num autômato negativo e impressionável.

Se isto universalmente prevalecesse e os métodos atuais se convertessem em hábitos arraigados, a raça perderia o direito à sua maior posse divina - o livre arbítrio. Não há perigo imediato de que isto aconteça, se os homens e mulheres inteligentes do mundo refletirem sobre o problema. São também inúmeros os egos avançados que veem agora encarnar para conjurar o perigo e há muitos discípulos hoje no mundo, cujas vozes se elevam, claras e fortes, na linha do livre arbítrio e da compreensão inteligente do Plano de Deus.

Seria sem dúvida proveitoso indicar novamente as várias escolas de pensamento cuja principal tarefa consiste em oferecer "direção orientada", ou cujos métodos e doutrinas tendem a desenvolver um atento ouvido interno, mas que falham no ensino de distinção das fontes de orientação ou de diferenciação dos vários sons, vozes e pseudo-instruções inspiradas, que esse ouvido interno pode ser treinado a registrar.

As pessoas de tendências emocionais nas Igrejas de todos os nomes ou crenças, tendem a procurar uma válvula de escape para as vicissitudes da vida, vivendo sempre com a sensação de que a Presença de Deus os guia, acompanhada de cega obediência, ao que é generalizado como a "vontade de Deus". A prática da Divina presença é na verdade um passo necessário e desejável, mas as pessoas deveriam compreender o que ela significa e mudar firmemente o sentimento de dualidade para o de identificação. A vontade de Deus pode tomar a forma de imposição das circunstâncias e condições de vida, das quais não há escapatória possível; aquele que está sujeito a esta imposição aceita-a e não faz absolutamente nada para melhorar (ou talvez evitar) as circunstâncias. Interpretam de tal forma a sua situação e destino que de determinam a viver plácida e submissamente, dentro do "círculo-não-se-passa" e das limitações impostas.

Desenvolve-se inevitavelmente um espírito de aquiescência e submissão, e convencendo-se de que a situação em que se encontram expressa a vontade de Deus, são incapazes de a manejar. Nos estados mais sublimados desta aquiescência, a pessoa sensitiva "sonoriza sua submissão, mas não consegue reconhecer que é o som da sua própria voz. Crê que é a voz de Deus. Para estas pessoas, o caminho da compreensão, o reconhecimento da grande Lei de Causa e Efeito (que atua vida após vida) e a interpretação do problema como lição a aprender deveria significar a liberação da negatividade e da aceitação cega e não inteligente. A vida não pede obediência nem aceitação. Pede atividade, separação dos valores bons e elevados dos indesejáveis, cultura do espírito de luta que produz organização, compreensão e, finalmente, a emergência de um domínio de atividade espiritual útil.

As pessoas que participam na atividade de escolas de pensamento, tais como as Escolas de Ciência Mental (Mental Science), os grupos do Novo Pensamento (New Thought), Ciência Cristã (Christian Science) e outras organizações semelhantes, têm propensão para cair num estado de negatividade, baseado na autossugestão. A constante reiteração do verbalizado, mas não realizado fato da realidade divina, evocará oportunamente uma resposta do aspecto forma da vida, a qual - ainda que não seja uma orientação em palavras - constitui, contudo, o reconhecimento de uma forma de orientação que impede o livre arbítrio. Isto é uma reação, em larga escala, à situação mencionada mais acima. Enquanto que no primeiro caso temos uma aceitação cega de um destino indesejável porque é a vontade de Deus e essa Vontade, portanto, deve ser boa e correta, no segundo grupo há o propósito de colocar o homem subjetivo na aceitação de uma condição totalmente oposta. Ele aprende que não há más condições senão aquelas que ele próprio cria, que não existe dor nem nada indesejável; é impelido a reconhecer que ele é divino e que o herdeiro das idades passadas e que as más condições, as circunstâncias limitadoras e os acontecimentos adversos são produto da sua própria imaginação criadora. Explica-se-lhe que tudo isso na realidade é não-existente.

Nas duas escolas de pensamento ensina-se e realça-se a verdade acerca do destino, no seu trabalho sob a Lei de Causa e Efeito, e a verdade quanto à divindade inata no homem; mas nos dois casos o homem é um sujeito negativo e a vitima de um destino cruel ou da sua própria divindade.

Escrevo isto deliberadamente porque anseio fazer compreender aos meus leitores que o destino nunca teve intenção de fazer do homem uma vítima sem defesa ante as circunstâncias ou um instrumento auto-hipnotizado de uma divindade afirmada, mas não desenvolvida. O homem está destinado a ser o árbitro inteligente do seu próprio destino e um intérprete consciente da sua divindade inata, o Deus interno.

As escolas esotéricas, teosóficas e rosacrucianas (particularmente as escolas internas) têm também os seus métodos ilusórios de orientação. A sua natureza difere das duas escolas consideradas acima, mas os resultados são, em grande parte, semelhantes, e reduzem o estudante à condição de um ser guiado e dirigido amiúde por vozes ilusórias. Frequentemente, os responsáveis por tais organizações proclamam estar em comunicação direta com um Mestre ou com a Hierarquia dos Mestres, dos Quais recebem ordens. Estas são transmitidas aos vários membros da organização dos quais é esperada uma rápida e indiscutível obediência. No sistema de treinamento, denominado de desenvolvimento esotérico, o objetivo de semelhantes relações com o Mestre ou a Hierarquia como incitamento ao trabalho ou à prática da meditação, e o aspirante é levado a pensar que um dia ouvirá a voz do seu Mestre, dando-lhe orientação, dizendo-lhe que deve fazer e traçando-lhe a participação em diversas atividades. Muitas dificuldades psicológicas que se encontram nos grupos esotéricos podem-se atribuir a esta atitude e à esperança ilusória dada ao neófito de conseguir o oferecido. Em vista disto não posso deixar de repetir muito firmemente os fatos seguintes:

1- Que o objetivo de todos os ensinamentos dados nas verdadeiras escolas esotéricas consiste em pôr o homem em contato consciente com a sua alma e não com o Mestre.

2- Que o Mestre e a Hierarquia de Mestres trabalham unicamente no plano da alma, como almas, com almas.

3- Que a resposta consciente à impressão e ao plano hierárquico depende da reação sensível que pode ser desenvolvida e tornada permanente entre a alma do homem e o seu cérebro, através da sua mente.

4- Que se deve ter presente os pontos seguintes:

a- Quando um homem se torna consciente de si mesmo como alma, pode então estabelecer contato com outras almas.

b- Quando é um discípulo consciente, fica então em contato com outros discípulos, e pode colaborar inteligentemente com eles.

c- Quando é um iniciado, outros iniciados tornam-se realidades na sua vida e na sua consciência.

d- Quando é um Mestre, a liberdade do Reino dos Céus é sua, e trabalha conscientemente como membro da Hierarquia. Mas - e isto é de primordial importância - todas estas diferenciações reportam-se a graus de trabalho e não a graus de pessoas; indicam expansões da alma e não contatos graduados com personalidades. De acordo com o desenvolvimento da alma realizado no plano físico, assim será a resposta ao mundo das almas, do qual a Hierarquia oculta constitui o coração e a mente.

A orientação a que os aderentes de muitas escolas respondem frequentemente não é a da Hierarquia, mas a um reflexo astral da Hierarquia; respondem, portanto a uma apresentação ilusória, desfigurada, e construído pelo homem de um grande fato espiritual. Poderiam, se fizessem a escolha, responder à realidade.

A parte das escolas vulgares de ocultismo e de esoterismo que se encontram no mundo de hoje, há grupos e também indivíduos isolados que praticam diversas formas de meditação e de ioga. Isto é verdade no que se refere aos estudantes tanto ocidentais quanto orientais. Algumas destas pessoas trabalham com verdadeiro conhecimento e, por conseguinte, fazem- no com segurança; outras não só ignoram totalmente as técnicas e os métodos, mas ainda os resultados a atingir com os seus esforços. Resultados há, inevitavelmente, e o principal é dirigir a consciência para o interior, desenvolver o espírito introspectivo e orientar o homem ou a mulher para os mundos internos e subjetivos e para os planos mais sutis do ser - geralmente para o domínio astral, e raramente, para o mundo verdadeiramente espiritual das almas. Raramente é evocada a natureza mental e os procedimentos aplicados produzem geralmente a negatividade e passividade das células cerebrais, enquanto a mente permanece inativa e muitas vezes não desperta. A única zona da consciência que permanece portanto visível é a do astral. Assim ficam excluídos o mundo dos valores físicos e tangíveis e igualmente o mundo mental. Peço-vos que reflitam sobre estas palavras.

O Movimento do Grupo de Oxford igualmente insistiu fortemente na necessidade da orientação, mas não parece ter desenvolvido uma verdadeira compreensão do assunto, nem ter dado nenhuma atenção real à investigação inclusiva das possíveis alternativas à voz de Deus. Místicos de toda a ordem, com predisposição natural para a vida negativa e introspectiva, ouvem vozes, na atualidade, recebem orientação e obedecem a impulsos que afirmam virem de Deus. Grupos por toda a parte estão ocupados na tarefa de orientar pessoas a vida espiritual ou dedicados a averiguar qual é o Plano de Deus ou como tarefa de afirmarem o Plano de Deus em colaborar com Ele de alguma maneira. Alguns destes grupos trabalham inteligentemente e por vezes as suas suposições e esforços são corretos, mas a maioria deles são incorretos na medida em que são largamente de natureza astral.

Daqui provêm dois resultados. Um, o desenvolvimento de uma grande esperança entre os trabalhadores espirituais do mundo, na medida em que observam a rapidez com que a humanidade se dirige para o mundo de corretos significados, dos verdadeiros valores espirituais e fenômenos esotéricos. Eles compreendem que a despeito dos erros e enganos, a tendência geral da consciência racial é para se dirigir "para o Centro interno da vida e paz espiritual". O outro resultado ou reconhecimento é que durante este processo de reajustamento aos valores mais puros, transcorrem períodos de verdadeiro perigo, e a não ser que haja uma compreensão imediata das condições e possibilidades psicológicas e que a mentalidade da raça seja despertada no aspecto de compreensão e senso comum, teremos de atravessar um ciclo de profunda perturbação psicológica e racial antes de findar este século. Presentemente, por exemplo, dois fatores ocasionam um profundo efeito psicológico sobre a humanidade:

1 - A incerteza, o temor e o receio prevalecem em todos os países, afetando da maneira mais adversa as massas, estimulando-as astralmente e, ao mesmo tempo, diminuindo-lhes a sua vitalidade física.

2- O impacto produzido pelas forças espirituais superiores nas pessoas mais inteligentes e animadas misticamente está motivando sérias e generalizadas dificuldades, quebrando barreiras etéricas protetoras e abrindo amplamente as portas para o plano astral. Estes são alguns dos perigos da estimulação espiritual.

Por conseguinte, é de valor real estudarmos as fontes de onde pode muito desta pretensa "orientação". Para maior clareza e nitidez proponho- me enumerar estas fontes, abreviadamente e sem fazer largos comentários. Isso permitirá ao investigador inteligente e sincero compreender que todo o tema é mais vasto e muito mais importante do que ele supunha e pode conduzi-lo a analisar mais cuidadosamente os "tipos de orientação" e uma compreensão dos possíveis agentes diretores dos quais o pobre e ignorante neófito pode cair como vítima.

1- A orientação ou instrução provem de uma pessoa do plano físico da qual a pessoa guiada, quase sempre inconscientemente, espera ajuda. Isto constitui em grande parte uma relação cerebral de natureza elétrica, estabelecida por contatos conscientes no plano físico, e é grandemente ajudada pelo fato do neófito saber muito bem o que o seu instrutor diria em qualquer circunstância. 

2- A atitude introspectiva do neófito ou do místico faz surgir à superfície toda a sua subconsciente "vida de desejos". Isto, devido a ser ele inclinado ao misticismo, e provavelmente aspirando à virtude e à vida de espírito, toma a forma de certas tendências adolescentes em relação à atividade e práticas religiosas. Contudo, ele interpreta-as em termos de orientação nitidamente exterior e formula-as para si de modo tal que se convertem para ele na voz de Deus.

3- A recuperação de antigas aspirações e tendências espirituais provenientes de uma vida ou vidas anteriores. Estas encontram-se profundamente ocultas na sua própria natureza, mas podem surgir à superfície por meio da estimulação grupal. Recupera assim desejos e atitudes espirituais que até ali não tinham aparecido nesta vida. Crê que são totalmente novos e considera-os como injunções provenientes de Deus. Contudo, sempre existiram (embora latentes) na sua própria natureza e resultam de uma tendência ou orientação extremamente antiga em direção à divindade, inerente a todos os membros da família humana. E o filho pródigo dialogando consigo próprio que exclama: "Eu me levantarei e irei" - passagem que Cristo, na parábola, torna magnificamente clara e bela.

4- A "orientação" registrada pode também ser simplesmente certa sensibilidade a vozes, prescrições e boas intenções de pessoas boas que estão no caminho de retorno para a encarnação. O atual dilema espiritual da raça causa hoje o retomo acelerado à existência no plano físico de numerosas almas avançadas. Enquanto elas pairam nas fronteiras da vida externa, esperando o momento de renascer novamente, elas são muitas vezes contatadas pelos seres humanos encarnados subjetiva e inconscientemente, particularmente à noite, quando a consciência está fora do corpo. O que dizem e ensinam (frequentemente bom, usualmente de qualidade indiferente e às vezes de assinalada ignorância) é recordado nas horas de consciência desperta e interpretada pelo neófito como a voz de Deus, guiando-o.

5- A orientação pode também ser de natureza astral, emocional, resultando de contatos estabelecidos pelo aspirante (firme na sua aspiração, mas fraco na sua polarização mental) no plano astral. Isto cobre tão vastas e variadas possibilidades que não me é possível estender-me aqui sobre elas. Todas são coloridas pela miragem e muitos líderes de grupos e organizações, bem intencionados, inspiram-se nestas fontes. Não há nestes contatos nenhuma orientação divina verdadeira e durável. Podem ser inofensivas, doces, bondosas e bem intencionadas; podem alimentar a natureza emocional, desenvolver a histeria ou a aspiração; podem desenvolver as tendências ambiciosas da sua vítima e baixá-la às veredas da ilusão. Mas não são de modo nenhum a voz de Deus, nem de nenhum Membro da Hierarquia, e não são mais divinas em natureza do que a voz de qualquer instrutor comum do plano físico.

6- A orientação captada pode também ser o resultado da sintonização telepática do indivíduo, com a mente ou mentes de outros. Isto sucede frequentemente com as pessoas mais inteligentes e com as que estão mentalmente focalizadas. É uma forma de telepatia direta, mas inconsciente. Portanto, a orientação provém de outras mentes ou mente grupal focalizada, de um conjunto qualquer de trabalhadores com os quais o homem pode ter afinidade, realizada ou não. A orientação assim dada pode ser compartilhada consciente ou inconscientemente e ser de boa qualidade, má ou neutra.

7- O mundo mental está, como o astral, cheio de pensamentos-forma com os quais é possível o homem fazer contato e interpretá-las como veiculando uma orientação. Os Guias da raça podem utilizar estes pensamentos-forma em certos momentos para ajudar a guiar a humanidade. Também podem ser utilizadas por forças e entidades indesejáveis. Poder ter, por conseguinte, a maior utilidade, mas quando um homem as interpreta como corporificando diretrizes divinas e constituindo uma orientação infalível (evocando então, uma cega e inquestionável aceitação) tornam-se uma ameaça para o livre arbítrio da alma e não têm nenhum valor real.

8- A orientação pode, portanto, provir de toda a espécie e tipos de seres encarnados ou desencarnados, de variados caracteres, desde o muito bom ao péssimo. Pode incluir a ajuda que prestam os verdadeiros iniciados e adeptos através dos seus discípulos e aspirantes ativos, às atividades mentais e astrais de pessoas comuns e inteligentes, incluindo as pessoas orientadas egoística e emocionalmente. Deve-se recordar que nenhum verdadeiro iniciado ou discípulo procura controlar uma pessoa nem lhe indicará, na forma de uma ordem positiva, qualquer ação que se deva realizar. Mas muitas pessoas sintonizam e captam ensinamentos que as mentes treinadas transmitem aos discípulos, ou captam telepaticamente os poderosos pensamentos-forma criados pelos pensadores do mundo ou membros da Hierarquia. Daí numerosos erros de interpretação e os falsos e pretensos registros de orientação. Às vezes os homens apropriam-se daquilo que é destinado a um grupo, ou de uma indicação dada por um Mestre a um discípulo.

9- A orientação provém também da própria integrada e poderosa personalidade de um homem que frequentemente não a reconhecerá como ela é. A ambição e desejo ou os propósitos arrogantes de uma personalidade podem descer do corpo mental e plasmar-se no cérebro e, contudo, o homem, na sua consciência cerebral, pode considerá-los como vindos de uma fonte externa e estranha. No entanto, durante este tempo, o homem físico tem respondido às injunções e impulsos da sua própria personalidade. Isto frequentemente ocorre a três tipos de pessoas:

a- Aquelas cujos egos ou personalidades pertencem ao sexto raio.

b- Aos que ficaram abertos às miragens do plano astral, devido a um estímulo exagerado do plexo solar.

c- Aos que são suscetíveis, por uma ou outra razão, à energia pisceana que se está retirando.

10- A orientação pode vir, como bem sabeis, da própria alma do indivíduo quando, graças à meditação, à disciplina e ao serviço, estabeleceu o contato, e existe, por conseguinte, um canal direto de comunicação entre a alma e o cérebro através da mente. Quando esta comunicação é clara e direta, constitui a verdadeira orientação divina, proveniente da divindade interna. Ela pode, contudo, ser mal interpretada e deformada, se a mente não está desenvolvida, se não houver pureza de caráter, e se o homem não estiver liberado de um controle indevido da personalidade. A mente deve fazer uma aplicação correta da verdade comunicada ou orientação. Quando há uma verdadeira e correta apreensão da voz divina interna - então e só então - temos uma orientação infalível, e a voz de Deus interno pode falar com clareza ao seu instrumento, o homem no plano físico.

11- Uma vez que esta forma de orientação foi estabelecida, desenvolvida, estabelecida, cultivada e compreendida, é possível alcançar outras formas de instrução espiritual. A razão disto é que essas formas passam através, ou serão submetidas aos padrões de valores que o fator alma constitui em si mesma. A consciência da alma é uma parte de todas as consciências. O reconhecimento desta consciência é um acontecimento gradual e progressivo, no que respeita ao homem no físico. As células do cérebro devem ser despertadas gradualmente e a resposta interpretativa correta, desenvolvida. Quando um homem, por exemplo, se torna consciente do Plano de Deus, pode considerar que um Mestre, ou qualquer membro da Hierarquia, lhe transmite o plano; poderá também pensar que o conhecimento lhe chega por meio do contato imediato com um pensamento-forma do Plano. Se ele consegue interpretar este conhecimento num correto e verdadeiro sentido, ele está, por força, simplesmente reconhecendo aquilo que a própria alma inevitavelmente sabe, porque ela é um aspecto da alma universal e parte integrante da Hierarquia planetária.

Há outras fontes de orientação, de inspiração e de revelação, mas para os propósitos psicológicos do nosso estudo, bastará o que foi dito acima.

Agora abordaremos o tema dos sonhos, que está assumindo tanta impotência na mente de certos psicólogos eminentes, e em determinadas escolas de psicologia. De nenhuma forma tenho intenção de criticar ou atacar as suas teorias Chegaram já a estabelecer um fato muito importante e significativo - o fato da realidade da vida interna e subjetiva da humanidade, que está baseada em antigas memórias, em ensinamentos presentes e em contatos de várias ordens. Uma verdadeira compreensão da vida dos sonhos da humanidade estabelecerá três fatos:

1- O fato da reencarnação.
2- O fato da existência de certa atividade durante o sono ou inconsciência.
3- O fato da alma, daquilo que persiste ou tem continuidade.

Estes três fatos fornecem uma nítida linha de aproximação dos problemas que estamos considerando e, se os analisarmos, justificam a posição dos esoteristas.

A origem da palavra "sonho" é discutível, e não se sabe verdadeiramente nada de positivo nem provado. Mas tem muita importância o que se infere e se sugere. O dicionário Webster, uma grande autoridade clássica, dá duas origens à palavra. Uma é que deriva da raiz sânscrita "prejudicar ou fazer mal" e a outra a de uma antiga raiz anglo-saxônica que significa "alegria ou felicidade". Não conterão as duas derivações certa medida de verdade, e ao procurar a sua antiga origem e raiz, não se poderá descobrir o verdadeiro significado? De qualquer modo, dois pensamentos emergem a partir de um estudo compreensivo destas derivações.

O primeiro é que os sonhos eram considerados, originalmente, indesejáveis, porque provavelmente revelavam ou indicavam, na maioria dos casos, a vida astral do sonhador. Nos tempos da Atlântida, quando a consciência do homem era fundamentalmente astral, a sua consciência exterior física era largamente controlada pelos sonhos. Naqueles dias, a orientação da vida diária, da vida religiosa e psicológica (tal como existia) baseava-se numa ciência perdida dos sonhos, e é esta ciência que o psicólogo moderno (ainda que lhe não agrade a ideia) está recuperando rapidamente e procurando interpretar. A maior parte das pessoas que requerem atenção e que recorrem aos cuidados e às diretrizes do psicólogo (ainda que não todas) são de consciência atlante; e é este fato que predispõe o psicólogo, inconscientemente, a colocar a atual ênfase nos sonhos e sua interpretação.

Desejaria voltar a repetir que a verdadeira psicologia só aparecerá, e que os métodos corretos só serão utilizados, quando os psicólogos investigarem (como primeira e necessária medida) os raios, as implicações astrológicas e o tipo de consciência ariana ou atlante que tenha o paciente.

De qualquer modo, com o decorrer do tempo, os sonhos das mentes mais inteligentes tornaram-se crescentemente idealistas e progressistas; estes sonhos, à medida que surgiram à superfície, e eram recordados e registrados, começaram a controlar o cérebro dos homens de tal modo que a insistência anglo-saxônica na alegria e na felicidade passou, a certa altura, a descrever muitos dos chamados sonhos. Temos então aqui, a emergência das utopias, fantasias e representações idealistas da beleza e alegrias futuras que caracterizam a vida mental do ser humano evolucionado, e que encontram a sua expressão nas suas esperanças apresentadas (não cumpridas ainda) como a República de Platão, o Paraíso Perdido de Milton e nas melhores utópicas, idealistas e criativas produções dos poetas e escritores ocidentais.

Assim o Ocidente e Oriente apresentam juntos uma teoria dos sonhos - de natureza astral inferior ou de natureza intuitiva superior - que constitui um quadro completo da vida do desejo da raça. Estes sonhos abarcam toda a gama, desde as ideias grosseiras e de bestialidade imunda que os psicólogos às vezes extraem dos pacientes (revelando uma vida de desejos e uma consciência astral de qualidade muito baixa), até os esquemas idealistas, e os cuidadosamente concebidos paraísos e ordens cósmicas que correspondem às classes superiores dos aspirantes. Tudo isso, contudo, entra no domínio dos Sonhos. Isto é verdade não só para os sonhos ligados à sexualidade frustrada, mas também aos idealismos não realizados. Todos indicam a existência de um impulso, de um anseio muito forte, seja para satisfazer o egoísmo, seja para melhoramento e bem-estar do grupo.

Estes sonhos podem corporificar, em si mesmos, ilusões e miragens antigas, fortes e poderosas, devido à sua remota origem e ao desejo racial, ou podem encarnar a resposta sensível da humanidade avançada aos sistemas e regimes de existência que, suspensos na zona periférica da manifestação, esperam uma precipitação e uma expressão futuras.

Isto indica a vastidão do tema, porque este inclui não só os hábitos astrais do passado da raça, prontos a imporem-se - quando se apresentarem certas condições patológicas ou quando são alimentados por irritantes frustrações. Mas os sonhos afirmam também a capacidade do aspirante espiritualmente inclinado no mundo atual, para contatar com os planos destinados à raça e considerá-los como possibilidades desejáveis.

Tendo explicado assim o alcance deste tema, desejava indicar que procuro apenas, no espaço limitado de que disponho, realizar duas coisas:

1- Tratar abreviadamente das condições que alimentam os sonhos.
2- Indicar as fontes de onde podem vir os sonhos e o que os produzem.

Não espero que o psicólogo comum aceite estas teorias, mas em algum lugar devem existir inteligências suficientemente abertas para aceitar algumas sugestões e portanto beneficiarem-se e certamente beneficiarem também os seus doentes.

As causas principais de uma vida de sonhos dolorosa é, em cada caso, uma frustração ou um inabilidade da alma para impor os seus anseios e propósitos ao seu instrumento, o homem. Estas frustrações dividem-se em três categorias:

1- Frustração sexual. Este tipo de frustração conduz, em muitos casos, especialmente na pessoa comum, a dar importância demasiada ao sexo, a uma vida mental sexual incontrolada, a ciúmes sexuais e a um subdesenvolvimento físico.

2- Ambição frustrada. Isto mantém represados os recursos da vida, produz um constante desgosto ou irritação interna, conduz à inveja, ao ódio, à amargura e a uma enorme aversão para com os que triunfam, e causa múltiplas anormalidades.

3- Amor frustrado. O psicólogo comum deveria incluir isto talvez na frustração sexual, mas o esoterista não o consideraria assim. Pode haver satisfação sexual ou uma completa liberdade da sua escravidão e, contudo, a natureza do amor magnético centrífugo pode ter encontrado apenas frustração e falta de resposta.

Onde estes três tipos de frustração existam, encontraremos frequentemente uma vida doentia, dificuldades físicas de diversas ordens e um estado de infelicidade que se acentua firmemente.

Observarão que todas estas frustrações constituem, como se poderia esperar, simples expressões de desejo frustrado, e é neste campo particular (ligado como está com a consciência atlante) que se encontra principalmente e necessariamente o trabalho do psicólogo moderno. No esforço para conduzir o paciente a uma compreensão das suas dificuldades e de acordo com o que constitui a linha de menor resistência, o psicólogo procura aliviar a situação, ensinando-lhe a evocar e a conduzir à superfície da sua consciência, episódios esquecidos e a sua vida onírica. Dois fatos importantes são às vezes esquecidos, e constituem por isso uma fonte abundante dos contínuos fracassos para proporcionar alívio.

Primeiramente, como o paciente desce às profundezas da sua vida onírica, trará à superfície não só coisas indesejáveis da sua "vida de desejos" não reconhecida, mas também o que esteve presente em vidas anteriores. Está penetrando num passado astral muito remoto. Não só neste caso, mas também - através da porta aberta da sua própria vida astral - ele pode abrir-se à vida astral da raça ou sintonizar-se com ela. Consegue então produzir a emergência do mal racial que pode não ter absolutamente nenhuma relação pessoal com ele. E muito perigoso fazer isso, pois pode ser mais forte que a capacidade do homem para o manejar.

Segundo, no seu desejo de se libertar de coisas que nele provocam dificuldades, no desejo de agradar ao psicólogo (o que é encorajado por alguns sob o método de "transferência") e no desejo de produzir o que crê que o psicólogo quer que ele faça, frequentemente basear-se-á na sua imaginação pessoal e na imaginação coletiva, ou telepaticamente, sintonizará com a imaginação de quem trata de aliviá-lo e ajudá-lo. Produz, portanto, algo que é fundamentalmente falso e enganoso. Estes dois pontos exigem uma atenção cuidadosa, pois o paciente tem que se salvaguardar de si mesmo, da vida mental racial circundante, e também do psicólogo de quem ele procura ajuda. Uma coisa difícil de fazer, não é verdade?

Desejava fazer aqui o que sinto se uma interpolação necessária e sugestiva. Há três maneiras principais pelas quais uma pessoa procurando ajuda psicológica pode ser ajudada, e isto se aplica a todos os tipos e casos. Há, antes de mais nada, o método de que estamos falando. Este método esquadrinha o passado do paciente; trata de desentranhar as condições básicas determinantes que jazem ocultas nos acontecimentos da meninice ou infância. Diz-se que os acontecimentos descobertos levam a uma má direção, ou torção, à natureza do desejo ou à vida mental; eles deram início a complexos de germes e, por consequência, constituem a fonte de todas as dificuldades. Este método (ainda mesmo que o psicológico não se aperceba) pode conduzir até às vidas anteriores, e abrir, assim, portas que seria bom manter fechadas, até que pudessem ser abertas sem perigo.

O segundo método, que algumas vezes se combina com o anterior, consiste em encher o momento presente com ocupações construtivas e criativas, e assim excluindo os elementos indesejáveis da existência, através do poder dinâmico expulsivo de novos interesses absorventes e superiores. Desejo indicar que este método poderia ser aplicado de forma mais segura, se se abstivesse de tratar, temporariamente pelo menos, da vida onírica subjetiva e das dificuldades escondidas. Este método é (para a pessoa comum, de consciência puramente atlante, mas que começa a desenvolver atividade mental) geralmente uma forma sã e segura de trabalhar, desde que o psicólogo possa ganhar a compreensão cooperante da pessoa em questão.

O terceiro método, que tem a aprovação da Hierarquia e que é aplicado pelos seus membros no Seu trabalho, consiste em introduzir conscientemente o poder da alma. Este poder flui então, através da vida da personalidade, dos veículos e da consciência, limpando e purificando assim todos os aspectos da natureza inferior. Será evidente, contudo, que este método só é útil para aqueles que, em seu desenvolvimento (e existem muitos, atualmente) hajam atingido aquele grau em que a mente possa ser alcançada e educada e, por consequência, onde a alma pode impressionar o cérebro por meio da mente.

Se estes três métodos forem estudados, vocês poderão chegar a um dos três sistemas que os psicólogos poderiam elaborar e desenvolver a fim de tratar os três tipos de consciência moderna - a lemuriana, a mais inferior que se encontra no nosso planeta; a atlante que prevalece hoje, e a ariana que se está desenvolvendo com grande rapidez. Presentemente, os psicólogos aplicam o método mais inferior para todos os grupos e estados de consciência. Isto não parece ser muito judicioso, não é verdade?

Agora põe-se a questão da origem dos sonhos. Também aqui, como nos casos que consideramos em relação com as origens da orientação, enumerarei simplesmente tais origens e deixarei que o estudante de psicologia faça a aplicação adequada destas informações, quando confrontado com algum problema de sonhos. Estas fontes são aproximadamente dez e podem se enunciadas do seguinte modo:

1- Sonhos baseados na atividade cerebral. Nestes casos, o indivíduo dorme muito superficialmente. Ele não deixa realmente o seu corpo e o fio de consciência não se retira completamente como sucede no sono profundo ou inconsciência. Portanto, ele mantém-se intimamente identificado com o seu corpo, e devido à retirada parcial do fio da consciência, está mais num estado de entorpecimento e de confusa autoidentificação do que num sono verdadeiro. Este estado pode persistir toda a noite ou durante um período do sono mas geralmente ocorre nas duas primeiras horas de sono e mais ou menos uma hora antes de voltar à plena consciência de vigília. Os problemas, preocupações, prazeres, aflições, etc., das horas de vigília continuam a agitar as células cerebrais, mas o reconhecimento e interpretação destas impressões vagas ou agitadas é inseguro e de natureza confusa. Não se deve dar importância a este gênero de sonho. Indicam nervosismo físico e pouca capacidade de dormir, mas não têm qualquer significado psicológico profundo ou espiritual. São os mais comuns nesta época, devido ao predomínio da consciência atlante, e à tensão em que as pessoas vivem hoje em dia. É fácil dar importância indevida às divagações desconexas, estúpidas e confusas de um cérebro inquieto, e no entanto, a única dificuldade está em que o homem não dorme profundamente. Não é bom induzir a sonhar nem treinar as pessoas para que se recordem da sua vida onírica, quando se trata de pessoas de sono saudável ou quando caem facilmente em um sono profundo e sem sonhos. A evocação dos sonhos tal como é conduzida pelos métodos de certas escolas de psicologia só se deveria praticar forçadamente (se se pode empregar esta palavra) pela determinação da vontade durante as últimas etapas do Caminho. Praticá-lo mais cedo produz frequentemente uma espécie de continuidade de consciência que soma as complexidades do plano astral às da vida diária do plano físico. Poucas pessoas têm competência bastante para fazer face aos dois e, quando se persiste no esforço de evocar a vida dos sonhos, as células corporais não descansam, e podem-se manifestar formas de insônia. A natureza quer que todas as formas de vida "durmam" durante certo tempo.

Chegamos agora a duas formas de sonho que estão ligadas à natureza astral ou emocional e que são muito frequentes.

2- Sonhos de recordação. São os sonhos que constituem a recuperação das coisas vistas e ouvidas no plano astral, durante as horas de sono. É neste plano que geralmente se encontra o homem quando o fio de consciência se separa do corpo. Neste caso, o homem participa de certas atividades, ou adota a posição de espectador que vê cenas reais, ações, pessoas, etc., exatamente como as vê quando anda na rua de qualquer cidade, ou quando olha por uma janela em qualquer direção. Estas coisas vistas e ouvidas dependerão muitas vezes da vida-de-desejo e das preferências do indivíduo, do que ele gosta ou não, dos seus desejos e atrações reconhecidos. Procurará, e frequentemente, encontrará, os que ama. Procurará algumas vezes, e encontrará, as pessoas que quer prejudicar e terá ocasião de fazer mal àquelas que detesta; favorecer-se-á participando na realização do que deseja, o que é sempre imaginativamente possível no plano astral. Tais desejos abarcam toda a gama, desde o desejo da satisfação sexual até ao do aspirante desejoso de ver o Mestre, o Cristo ou o Buda. Os pensamentos-forma criados por desejos semelhantes da multidão, irão satisfazer o seu desejo e - ao voltar ao corpo de manhã - traz consigo a recordação dessa satisfação na forma de um sonho. Estes sonhos, relacionados com satisfações astrais, são todos da natureza da miragem ou ilusão; são autoevocados e autorrelacionados. Indicam, contudo, uma experiência verdadeira, ainda que sejam só astrais na sua realização e podem ter certo valor para o psicólogo interessado, na medida em que indicam tendências do caráter do paciente. Não obstante, pode surgir uma dificuldade. Estes pensamentos-forma (aos quais o homem respondeu e neles encontrou uma satisfação imaginária) personificam a expressão da vida de desejo da raça e existem, portanto, no plano astral, para que todos as vejam. Muitas pessoas, com efeito, as veem e contatam-nas e podem identificar-se com elas ao regressarem à consciência de vigília. Na realidade, não fazem mais do que registrar estes pensamentos-forma, da mesma maneira que alguém registra o conteúdo da vitrine de uma loja quando passa por ela.

Um choque desgostoso pode, por exemplo, induzir uma pessoa a contar, bastante inocentemente, um sonho que, na realidade, não é mais do que o registro de uma cena ou de uma experiência de que ela fo: testemunha, enquanto dormia, mas com a qual o homem não tem nenhuma conexão real. Relata ao psicólogo esta experiência com temor e desgostosa; conta-a emocionadamente, e recebe, frequentemente, uma interpretação do psicólogo que lhe revela as profundezas do mal que os seus desejos não realizados aparentemente indicam. As suas aspirações inexpressadas são "trazidas à superfície" pelo psicólogo. É-lhe dito que estas necessidades, quando são confrontadas, desaparecerão, e que o fantasma das suas desordens mentais e psicológicas será então conjurado.

A menos que o psicólogo seja realmente iluminado, o indivíduo confiado aos seus cuidados é então atrelado a uma experiência que não é sua, mas que ele apenas testemunhou. Este exemplo acontece frequentemente e causa muitos danos. Enquanto os psicólogos não reconhecerem a realidade da vida da humanidade quando separada, à noite, do corpo físico, tais erros ocorrerão repetidamente.

3- Sonhos que constituem recordações de atividades reais. Estes sonhos são registros de atividades reais. Não são simplesmente testemunhados, registrados e relatados pelo indivíduo. Logo que uma pessoa alcançou

a- um estado de verdadeira integração do corpo astral e do corpo vital ou etérico e ainda do corpo físico, passam então estes três aspectos a funcionar harmoniosamente;

b- uma capacidade de empreender uma atividade durante a noite ou nas horas do sono. Então pode o homem imprimir no cérebro o conhecimento dessas atividades, e ao voltar à consciência de vigília, leva-as à prática, através do corpo físico.

Então os sonhos do homem, na realidade, serão, nada mais nada menos, a continuação das atividades diárias ao serem levadas adiante no plano astral. Serão simplesmente o registro impresso no cérebro físico das suas atividades e emoções, dos seus propósitos e intenções e das suas experiências reconhecidas. São tão reais e verdadeiras como qualquer das que são registradas no cérebro durante as horas de vigília. Constituem, apesar de tudo, na maior parte dos casos, registros parciais e de natureza mista, porque as miragens, as ilusões e percepções das ações de outras pessoas (como se registrou na segunda categoria dos sonhos) produzirão ainda algum efeito. Estes registros mistos e as identificações erradas, etc., conduzem a muitas dificuldades. O psicólogo deve ter em conta:

a- A idade ou experiência da alma do paciente. Deve determinar se o sonho relatado constitui uma participação ilusória, uma atividade percebida ou registrada, ou um acontecimento real e verdadeiro na experiência do homem durante as horas de sono.

b- A capacidade do indivíduo para recordar corretamente a experiência narrada. Esta capacidade depende do pré-estabelecimento da continuidade de consciência, de forma que no momento do regresso, o cérebro do homem implicado seja facilmente impressionado pela experiência do verdadeiro homem, quando se encontra fora do corpo.

c- A libertação do paciente do desejo de impressionar o psicólogo, a sua veracidade inata, o controle da sua imaginação e a sua capacidade de expressão verbal.

No caso dos aspirantes adiantados e de discípulos, temos uma situação um pouco diferente. A integração realizada envolveu a natureza da mente e está envolvendo também a natureza da alma. A atividade registrada, realizada e relatada, é a de um servidor no plano astral. As atividades que interessam ao servidor do mundo são, por conseguinte, muito diferentes, na sua natureza, das que foram experimentadas e relatadas anteriormente. Elas relacionam-se com fatos em relação a outras pessoas, com o cumprimento de deveres envolvendo outras pessoas, com o ensino de grupos mais do que indivíduos, etc.. Estas diferenças quando estudadas cuidadosamente pelo psicólogo do futuro (necessariamente também um esoterista) serão reconhecidas como muito reveladoras porque indicarão de maneira muito interessante a condição espiritual e as relações hierárquicas do paciente.

4- Sonhos de natureza mental. Estes originam-se no plano mental e pressupõem uma consciência que está pelo menos, tornando-se mais sensível mentalmente. De qualquer modo, não são registradas na consciência de vigília cerebral enquanto não houver certa medida de controle mental. Poderia acrescentar aqui que uma das dificuldades principais que enfrenta o psicólogo quando procura interpretar a vida onírica do seu paciente, fundamenta-se não só na sua incapacidade de "localizar" esotericamente o paciente no tipo de raio que lhe corresponde, o estado evolutivo, aspectos astrológicos e características inatas, mas também sobre o fato de que se está confrontando com a incapacidade do paciente para explicar corretamente os seus sonhos. O que se apresenta ao psicólogo é uma descrição confusa e imaginária das reações cerebrais, de fenômenos astrais (e onde há certo equilíbrio mental) também de algum fenômeno mental. Mas não há capacidade para diferenciar. Esta confusão deve-se à falta de alinhamento e de verdadeira relação mental entre a mente e o cérebro. Portanto repete-se frequentemente o caso do "cego a guiar outros cegos".

Os sonhos de origem mental são fundamentalmente de três classes:

a- Sonhos baseados no contato estabelecido com o mundo dos pensamentos-forma. Isto abarca um vasto reino de antigos e modernos pensamentos-forma, como também pensamentos-forma que são nebulosos e emergentes. A sua origem é puramente humana e fazem parte nitidamente da Grande Ilusão. Constituem, na maioria dos casos, o esforço do homem para interpretar a vida e o seu significado através das idades. Elas fundem-se com a alma da miragem que é de natureza astral. Fica evidente que estes pensamentos-forma abarcam todos os temas possíveis. Não personificam a vida de desejos da raça, mas estão vinculados aos pensamentos dos homens sobre ideias e ideais que, ao longo dos séculos, dirigiram a vida humana e que, por consequência, formam a base da história.

b- Os sonhos de natureza geométrica, nos quais o indivíduo se torna consciente dos modelos, formas, e símbolos, que são os projetos dos arquétipos que determinam o processo evolutivo, e que produzem finalmente a materialização do Plano de Deus. São também os grandes símbolos do desenvolvimento da consciência do homem. Por exemplo, o reconhecimento do ponto, da linha, do triângulo, do quadrado, da Cruz, do pentágono e de símbolos similares, significa simplesmente compreender a conexão e o fundamento de certas linhas de força que determinam o processo evolutivo até a data atual. Há sete de tais formas elaboradas e reconhecidas em todas as raças. Existem, portanto, para os nossos propósitos, vinte e um símbolos que encerram, geometricamente, os conceitos determinantes das civilizações lemuriana, atlante e ariana. É interessante verificar que ainda surgirão quatorze. Os símbolos que já evolucionaram, estão profundamente enraizados na consciência humana, e conduzem, por exemplo, ao uso constante da cruz em suas diversas formas. Presentemente dois símbolos estão adquirindo forma, como base da civilização vindoura - o lótus e a tocha flamejante. Daí o seu aparecimento frequente na vida meditativa e onírica dos aspirantes do mundo.

c- Os sonhos que são representações simbólicas dos ensinamentos recebidos nas horas de sono pelos aspirantes e discípulos na Câmara do Aprendizado, no nível mais elevado do plano astral, e na Câmara da Sabedoria, no plano mental. Na primeira Câmara está o melhor que a raça aprendeu através de sua experiência atlante e no mundo da miragem. Através disso pode-se desenvolver uma escolha inteligente. A Câmara de Sabedoria personifica o ensinamento que as duas raças futuras desenvolverão e desdobrarão e, portanto, treina o discípulo e o iniciado.

Não posso fazer mais do que indicar a natureza destas três experiências mentais básicas que se encontram na vida onírica do homem no plano físico. O homem as expressa sob a forma de sonhos associativos do trabalho criativo e são a expressão de ideais que estão forjando a consciência humana.

5- Os sonhos que são registro do trabalho realizado. O aspirante prossegue nesta atividade, quando está ausente do corpo.

a- Nas fronteiras entre o plano astral e o plano físico.

b- Na denominada "terra de eterno verão" onde se centraliza toda a vida de desejo da raça e todos os desejos raciais adquirem fora.

c- No mundo da miragem que é parte do plano astral que corporifica o passado antigo, fertiliza a vida de desejos do presente, e indica a natureza da vida de desejos do futuro imediato.

Estes aspectos e esferas de atividade são de natureza muito real. Os aspirantes que conseguem atuar, com certo grau de consciência, no plano astral, estão todos ocupados, em algum nível, com alguma forma de atividade ou trabalho construtivo. Esta atividade, executada egoisticamente (porque muitos aspirantes são egoístas) ou de forma desinteressada, constitui uma grande parte de material dos chamados sonhos, como são descritos pelos cidadãos comuns inteligentes. Não justifica que lhes seja dada maior atenção, nem misteriosa interpretação ou simbólicas elucidações, do que se dá às atividades correntes e acontecimentos da vida diária que ocorrem, na consciência de vigília, no plano físico. São de três tipos:

a- A atividade que o paciente desenvolve durante o sono, quando está ausente do corpo.

b- A sua observação das atividades dos outros. Ele está apto a apropriar-se involuntária e erradamente de tais atividades, devido à tendência egocêntrica da mente humana corrente.

c- As instruções que lhe são dadas por aqueles que são responsáveis pelo seu desenvolvimento e treinamento.

Esta categoria de sonhos torna-se crescentemente prevalecente à medida que o alinhamento dos corpos astral e físico se realiza e se desenvolve lentamente a continuidade de consciência. As atividades envolvem a atividade religiosa, a vida sexual, nas suas diversas facetas (porque não são todas físicas, se bem que todas se relacionem com o problema dos pares de opostos e com a dualidade essencial da manifestação), a atividade política, artística e criadora e muitas outras formas de expressão humana. São tão variadas e diversas como aquelas às quais a humanidade se entrega no plano físico; originam muita confusão no espírito dos psicólogos e exigem um exame e análise cuidadosos.

6- Sonhos telepáticos. São simplesmente o registro, no cérebro, de acontecimentos reais comunicados telepaticamente de uma pessoa para outra. Um amigo ou parente teve certa experiência. Procura comunicá-la ao seu amigo ou, num momento de crise, pensa intensamente nele. Isto registra-se na mente do amigo, mas muitas vezes só é recuperado nas horas de sono e, quando se desperta é recordado como se fosse uma experiência pessoal. Muitos dos sonhos contados pelas pessoas são registros de experiências de outras pessoas, das quais o homem se torna consciente e se apropria com toda a sinceridade.

Chegamos agora a um grupo de sonhos que faz parte da experiência das pessoas que estabeleceram um contato definido com a alma, e que estão a caminho de estabelecer um vínculo estreito com o mundo das almas. As "coisas do reino de Deus" abrem-se diante deles e os fenômenos, os acontecimentos, as ideias, a vida e o conhecimento do reino da alma são registrados com precisão crescente na mente e daí são transferidos ou plasmados nas células cerebrais. Temos, portanto:

7- Sonhos que são dramatizações pela alma. Este tipo de sonho corresponde à atuação simbólica da alma, com o propósito de instruir, advertir ou comandar ao seu instrumento, o homem, no plano físico. Estes sonhos simbólicos ou dramáticos são cada vez mais numerosos no caso dos discípulos e dos aspirantes, particularmente nas primeiras etapas de contato com a alma. Podem-se manifestar durante as horas de sono e também durante o processo da meditação. E unicamente o homem, com o conhecimento que tem de si mesmo, que pode interpretar com exatidão este gênero de sonhos. É evidente também que o tipo de raio da alma e da personalidade determinará, em grande parte, o tipo de simbolismo ou a natureza da ação dramática utilizada. Isto deve ser portanto determinado pelo psicólogo antes que uma interpretação possa ser dada inteligentemente e comprovada sua utilidade.

8- Sonhos relacionados com o trabalho de grupo. Neste tipo de sonhos a alma prepara ou capacita o seu veículo, o homem inferior, para a atividade de grupo. Estes sonhos são a correspondência superior dos sonhos tratados no ponto cinco. O trabalho de grupo incluído não é desta vez conduzido nos três mundos de expressão humanas mas no mundo da vida e experiência da alma. Os conhecimentos e propósitos da alma estão implicados; poderá registrar-se o trabalho que se realiza no grupo de um Mestre e considerá-lo como um sonho apesar do seu realismo e da sua ocorrência basicamente fenomênica. As realidades do reino de Deus podem, por um momento, infiltrar-se na consciência cerebral na forma de sonhos. Muitas das experiências relatadas nos escritos místicos do Ocidente durante os últimos séculos, pertencem a esta categoria. Este é um ponto que merece cuidadosa reflexão.

9- Sonhos que são instruções registradas. Este tipo de sonhos incorpora o ensino dado por um Mestre ao Seu discípulo aceito. Destes não me ocuparei. Quando um homem pode receber estas instruções durante a noite, quando está ausente do corpo, ou durante a meditação, deve aprender a dirigi-las corretamente da mente ao cérebro e a interpretá-las devidamente. São comunicadas pelo Mestre à alma do homem. A alma então imprime-se na mente que se manteve firme na luz, e que, por sua vez, as formula em pensamentos-forma que são então precipitados no cérebro, que espera calmamente. De acordo com o desenvolvimento mental e cultural do discípulo, assim serão a resposta e o emprego correto do ensino que foi comunicado.

10- Sonhos conectados com o plano mundial, o plano solar e o esquema cósmico. Estes podem abarcar desde o cérebro demente e desde as experiências registradas pelos desequilibrados mentais, até ao sábio e medido ensinamento dos Conhecedores Mundiais. Este ensinamento é comunicado aos discípulos de mundo e pode ser considerado por eles como uma expressão inspirada ou um sonho de profundo significado. Deve-se recordar que em ambos os casos (nos mentalmente desequilibrados e no discípulo treinado), existe uma condição semelhante; há uma linha direta da alma ao cérebro. Isto é verdade nos dois tipos. Estes sonhos ou instruções registradas indicam um alto grau de desenvolvimento evolutivo.

Uma análise de tudo o que foi dito indicará a complexidade do assunto. O estudante superficial ou a pessoa inclinada ao misticismo tende a crer que todos estes tecnicismos são de importância menor. Frequentemente alegam que o "jargão" ocultista e as suas informações acadêmicas não têm nenhum valor no que respeita ao conhecimento divino. Afirmam que é desnecessário conhecer os vários planos e níveis de consciência, ou da Lei da Reencarnação e da Lei de Atração; que é um esforço desnecessário imposto à mente humana estudar o fundamento técnico de uma crença na fraternidade ou considerar a nossa remota origem e possível futuro. Contudo, é possível que, se os místicos, no transcurso das idades, tivessem reconhecido estas verdades, nós poderíamos ter tido um mundo melhor dirigido. É só agora que estas forças estão sendo postas em atividade e que conduzirão a uma compreensão mais real da família humana, nos levarão a compreender mais inteligentemente o equipamento humano e, por conseguinte, a um esforço em alinhar a vida humana com as verdades espirituais fundamentais. A atual lamentável situação mundial não é um resultado do desenvolvimento intelectual do homem, como se pretende muitas vezes, mas é o produto dos inalteráveis efeitos de causas, originadas no passado da raça ariana.

Que o bem possa vir do mal, que os maus efeitos da indolência mental do homem possam ser transmutados em elementos de conhecimento no futuro, e que a humanidade é agora suficientemente inteligente para adquirir a sabedoria, será o resultado da ampla disseminação das verdades acadêmicas dos ensinamentos esotéricos e das suas corretas interpretações pelas mentes treinadas do ocidente. O oriente teve estes ensinamentos, durante épocas e épocas e produziu numerosos comentários sobre eles - o trabalho das melhores mentes analíticas que o mundo conheceu - mas não fez uso da massa deste conhecimento, e o povo do oriente, no seu conjunto, não se beneficiou disso. Será diferente no ocidente onde este ensinamento modifica e já influencia em larga escala o pensamento humano; está permeando a estrutura da nossa civilização e oportunamente salvará. Não tenham, portanto, medo dos tecnicismos da sabedoria, mas procurem razão da reação desfavorável a seu respeito na inércia latente das mentes místicas e no rebaixamento vital de toda a raça.

Isto me conduz a um ponto que desejaria abordar: o da extensa depressão que afeta tão seriamente toda a humanidade. A vitalidade física das raças é baixa, ou antes, está sendo estimulada para uma melhor condição, pela imposição do pensamento aplicado. Em vez de extrair recursos de vitalidade armazenadas no solo, nos alimentos, no ar puro e nas condições do meio ambiente, os homens começam a extraí-las do próprio corpo etérico, através do efeito galvanizante de duas coisas: ideias, tais como lhe são apresentadas, alinhando assim o cérebro e a mente, e incidentalmente, estimulando o corpo etérico; e o impulso da massa ou o contato que impele para o alinhamento da unidade com a intenção de massa e lhe abre, portanto, os enormes recursos da intenção da massa. Isto permite-lhe alimentar o seu corpo etérico no centro do poder etérico geral. Pode-se observar que isto está acontecendo, nas suas etapas iniciais, praticamente em todos os países. Entretanto, entre o momento em que se estabelece a facilidade de extrair à vontade dos recursos internos de estímulo vital e a mudança das condições antigas, as massas ficam sem qualquer fonte de sustentação que as ajude. Estão, por consequência, esvaziadas, cheias de medo e incapazes de fazer mais do que se aprontarem e manterem esperança num futuro melhor para a próxima geração.

É durante este intervalo que se sente a enorme dificuldade da depressão, e que constitui um dos maiores problemas com que se defronta a Hierarquia. Como pode ser restaurada a vitalidade da família humana? Como se poderá recuperar a antiga alegria de viver, a agudeza de espírito, e as atividades tranquilas que caracterizavam as antigas raças nas primeiras fases da civilização, e como se desembaraçará a humanidade desta depressão e infelicidade?

O conjunto da situação mostra o reverso dos problemas de estimulação que constituem a maior dificuldade da vida mística. Disto nos ocuparemos mais adiante.

Até agora nenhuma solução geral apareceu. Mas aparecerá inevitavelmente, e então, será o resultado direto da atividade do Novo Grupo de Servidores do Mundo. Será um processo lento, porque a humanidade está entrando no que se pode considerar uma longa convalescença. Será conduzida por três caminhos:

1- A descoberta de recursos não utilizados e de reservatórios vitais de força, latentes no próprio ser humano.

2- A promulgação de tais verdades como o poder da boa-vontade, por membros do Novo Grupo dos Servidores do Mundo. O poder curativo de tais realizações é imenso.

3- Certas potências e forças externas que os membros Maiores da Hierarquia estão agora em processo de invocar em ajuda da humanidade.

Chegamos agora a uma das partes mais valiosas e práticas do nosso estudo sobre os efeitos dos sete raios de energia, à medida que fazem sentir a sua presença no ser humano, particularmente quando afetam o aspirante, o discípulo e o místico. Durante as três últimas décadas, escreveu-se muito sobre a patologia do místico e as perturbações fisiológicas que acompanham a experiência mística; igualmente investigou-se muito em conexão com as neuroses características que se apresentam frequentemente nas pessoas espiritualmente polarizadas e as inexplicáveis condições que parecem existir - mental, emocional e fisicamente - juntamente com um profundo conhecimento espiritual com fenômenos nitidamente místicos e com uma alta aspiração ao contato divino. Estas condições crescem com grande rapidez. Por exemplo, cada vez é maior o número de pessoas que se tornam clarividentes e clariaudientes e essas reações ao estímulo e manifestações de poderes inatos são consideradas como evidências de desequilíbrio mental, de fantasias e alucinações e, por vezes, de insanidade. Certos estados nervosos que afetam de quando em quando os músculos e outras partes do corpo humano têm a sua origem numa estimulação exagerada; em vez de serem tratados (como se faz agora) pela prescrição de métodos de repouso, pelo uso de soporíferos e outras formas de tratamento, o paciente será ensinado quanto aos métodos para se divorciar temporariamente da fonte do seu potencial místico ou espiritual; ou ainda como desviar-se das forças que manejadas com maior segurança para produzirem assim uma atribuição mais equilibrada da energia. Também se lhe ensinará como as aplicar com êxito no campo de serviço.

As formas de inflamação nervosa e nevrites serão consideradas como sintomas de um mau uso da energia disponível no equipamento humano ou de uma ênfase indevida nele. Descobriremos as fontes de certas desordens e descobriremos que a dificuldade reside nos centros que estão situados perto do órgão particular do corpo que parece ser responsável externamente pelo mai. Isto é notavelmente verdade no que concerne a certas formas de distúrbios cardíacos e tensões cerebrais e, logicamente é claro, em todos os casos de hipertensão. É igualmente verdade em relação ao metabolismo do corpo que pode perder seriamente o seu equilíbrio pela superestimulação do centro da garganta, com consequentes maus efeitos sobre a glândula tireoide - essa glândula mestra que se relaciona com a transferência de várias forças (que se encontram no corpo) para a cabeça. Há dois centros principais relacionados com a ação de transferências:

1- O centro do plexo solar que é o centro que transfere todas as forças que se encontram abaixo do diafragma para os centros acima do diafragma.

2- O centro da garganta que é o centro que transfere todas as forças que se encontram acima do diafragma para os dois centros da cabeça.

Há três aspectos relacionados com este conjunto do tema das doenças e dificuldades da vida mística, que seria bom conservar na mente. As pessoas que se ocupam da educação e formação de crianças ou da formação esotérica dos discípulos e aspirantes do mundo deveriam estudar o assunto com cuidado; deveriam procurar compreender as causas de numerosas doenças nervosas e das condições patológicas que se encontram nas pessoas mais evoluídas do mundo, além dos problemas que surgem devido ao desenvolvimento prematuro das forças psíquicas inferiores, como também do desabrochar das faculdades superiores.

O problema inclui, portanto, pessoas que se encontram em todos os estágios de desenvolvimento e que deveriam ser cuidadosamente examinadas do ponto de vista da atividade da energia - coisa que até agora pouco se tem feito.

O primeiro destes três aspectos poderia resumir-se da forma seguinte: Estamos passando por um período de transição em que as antigas energias se retiram e novas influências de raio entram. Estamos em trânsito para um novo signo zodiacal. Por conseguinte, o impacto das novas forças, além da retirada das antigas, é capaz de produzir efeitos claramente sentidos na humanidade, como um todo, nos místicos e aspirantes em particular, e causar reações nítidas. Delas nos ocuparemos quando examinarmos a influência dos raios, hoje e na Era de Aquário. (Tratado dos Sete Raios, vol. III e O Destino das Nações).

Segundo, o atual problema mundial, o temor e a profunda ansiedade, a dor e o sofrimento, tão prevalentes, produzem um resultado duplo e misto. Estes dois resultados (com os seus estados intermediários) são:

1- A extroversão da consciência de massa.
2- A pronunciada introversão do indivíduo.

Há, portanto, um efeito de massa e um efeito individual, e estes dois devem ser cuidadosamente lembrados. Este processo de exteriorização pode ser observado através de todo o clamor e da ardente, e muitas vezes ruidosa, psicologia dos vastos movimentos e experimentos nacionais, que se manifestam hoje no mundo inteiro. Simultaneamente, indivíduos em todos estes países e praticamente em cada nação estão aprendendo uma necessária (e algumas vezes imposta pela força) supressão, controle da palavra e outras reações restritivas; estão sendo, nitidamente, forçados a voltar-se para o interior pela força das circunstâncias e de uma maneira tão intensa que - se pudéssemos ver o jogo das forças como nós podemos ver no lado interno - tornar-vos-íeis conscientes destes dois grandes movimentos do esforço humano, como se fossem correntes de força opostas:

1- O movimento dirigido para a extroversão ou exteriorização das grandes energias às quais a consciência das massas responde. Isso está sendo dirigido ou forçado através da atividade da energia do primeiro raio. Muito disto, por conseguinte, encontra-se no campo político e no campo da vontade das massas. Nestas primeiras etapas estamos testemunhando a evocação desta vontade das massas, por enquanto, não é sem inteligência, incipiente, fluídica e facilmente imposta pela vontade dirigida de um grupo, de qualquer país, que pode evidenciar bastante poder para absorver a atenção das massas. Isto pode também, algumas vezes, ser realizado por uma personalidade dominante e poderosa. O resultado - visto de um ponto de vista amplo- é fazer surgir à superfície da consciência profundamente oculta e submersa das massas, a força silenciosa e até agora não expressada e não orientada e que, contudo, constitui uma potência na vida planetária.

2 - O movimento tendente à introversão ou à "direção para o interior" da consciência inteligente (não a consciência de massa desta vez) de todos os homens e mulheres do mundo atual, cujas mentes estão despertando e podem atuar de forma criadora e ativa nos três mundos da percepção humana.

É este movimento dual - para o exterior e para o interior - que é a fonte de muito da presente crise mundial. O efeito desta "atração" em duas direções, afeta seriamente as pessoas sensíveis. São atraídas em duas direções: para o exterior, pela atração da consciência das massas, e pela força da vida política, econômica e a social da raça; para o interior, pela atração do mundo de valores superiores, pelo reino das almas, pelo trabalho organizado da Hierarquia espiritual, ajudada pela consciência religiosa desenvolvida ao longo de séculos.

Os psicólogos fariam bem em estudar os seus pacientes sob o ângulo destas duas energias divergentes. Equilibrariam assim a tendência à clivagem que constitui uma das maiores preocupações dos trabalhadores espirituais na atualidade. Devido ao excessivo esforço e tensão da vida moderna, os homens estão inclinados a pensar que a maior tarefa, e o dever mais importante hoje, são tornar a vida mais suportável e mais fácil para a humanidade. Para a Hierarquia espiritual do nosso planeta, a tarefa principal é, portanto salvaguardar a humanidade, de modo que, quando tiver terminado o período de transição e as forças que estão retirando as suas influências tenham cessado inteiramente de produzir qualquer efeito sobre a humanidade, haja então fusão e não clivagem no mundo. Assim se fundirão rapidamente o reino de Deus e o reino dos homens numa dupla manifestante expressão. A força que chega será então estabilizada e a sua nota ouvir-se-á claramente.

O terceiro fator a considerar pelo homem que trabalha para o bem estar dos seus semelhantes, é o estudo dos efeitos, das novas forças que chegam, sobre o atual mecanismo do homem. Isto não se faz ainda, mas é um fator determinante para o sucesso do desenvolvimento da unidade humana. É assim, de vital importância para os educadores, psicólogos, pais e esoteristas. Não há ainda reconhecimento real do fato, nem da urgência destas forças que chegam, nem há qualquer apreciação do potencial energético que emanam

1- Do signo do Zodíaco para o qual estamos passando;

2- Do efeito da relação existente entre as forças emanando do signo de

Aquário e do signo de Leão, que é o seu oposto polar, e, portanto, estreitamente ligado com ele. A inter-relação dos dois signos é, nesta época, responsável pelo aparecimento dos grandes movimentos humanos modernos, que envolvem grandes números de homens, e que são geralmente dirigidos por alguma individualidade dominante. É também responsável pelo intenso individualismo que se manifesta hoje em dia em cada departamento da vida humana.

3- Do efeito das novas influências zodiacais sobre os outros onze signos.

Este é um tema muito interessante e que tem sido pouco considerado. Que efeito terá a força do signo de Aquário (cujo predomínio cresce a cada década) sobre uma pessoa ou nação regida, por exemplo, pelo signo de Touro, Sagitário ou Peixes? Nos séculos futuros, este aspecto da ciência astrológica terá definida importância e será considerado por aqueles que terão a responsabilidade de criar e educar as crianças dos séculos vindouros. Será um dos temas mais importantes a ser considerado em todos os sistemas de serviço psicológico e esotérico da humanidade, e provocará, eventualmente, a reorganização dos métodos empregados até agora, com o objetivo de ajudar a liberar o homem.

Esforçar-me-ei para elucidar este ponto no vol. III de Tratado Sobre os Sete Raios, que contribuirá para uma abordagem inteiramente nova do assunto.

4- Do efeito da relação dos sete raios com as forças zodiacais. Deve-se recordar que há uma estreita interação entre os sete raios e os doze signos do zodíaco.

Outra tarefa do psicólogo é investigar o efeito ou a relação dos sete centros de força que se encontram no corpo humano, na contraparte etérica do corpo físico. Será então descoberta a verdadeira origem de muitos dos males físicos modernos e grande número de condições psicológicas indesejáveis. Isto é, a exagerada estimulação, juntamente com o fraco desenvolvimento dos centros de energia que se encontram no mecanismo humano, e estreitamente conectados com o sistema endócrino. Isto é parte da nova Ciência da Humanidade. Por tudo o que foi dito, vocês podem ver o quanto é vasto e complexo o nosso tema. Não me será possível fazer mais do que generalizar e assinalar a direção para certos caminhos ou certas linhas de investigação, ao longo das quais o estudante e o cientista modernos fariam bem seguir. Quisera também recordar-lhes que o problema do ser humano é essencial e basicamente o problema da consciência ou percepção. Os cinco aspectos do homem –

1- O corpo físico.
2- O corpo vital ou etérico.
3- O corpo astral.
4- O corpo mental.
5- O corpo da alma ou lótus egoico, são, fundamentalmente, apenas portas abertas para o todo maior do qual a unidade individual é uma parte. Põem o homem em relação com a expressão e manifestação divina, analogamente como os cinco sentidos o põem em contato com o mundo tangível e lhe permitem participar da vida geral.

Um grande número dos nossos problemas atuais (que surgem da vida mística ou espiritual) e um grande número das nossas dificuldades psicológicas estão ligadas a este fato. Muitas pessoas estão superdesenvolvidas em qualquer destas direções e, portanto '(por esta sensibilidade desenvolvida de certos aspectos do quíntuplo instrumento de contato) tornam-se conscientes do domínio da consciência e de estados de percepção que não estão ainda preparadas para manejar, devido ao pouco desenvolvimento da sua mente e à falta de contato com a alma.

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