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Livros de Alice Bailey

Psicologia Esotéria - Volume II
Volume I
Volume II


Volume II
Capítulo I - O Raio Egoico - IV. Regras para Induzir ao Controle da Alma
Regras para Induzir ao Controle da Alma
1 - O Objetivo Destas Regras
2 - As Sete Regras

IV - Regras para Induzir ao Controle da Alma

Ao considerar as regras que podem induzir ao controle da alma, não tenho a intenção de recapitular as numerosas regras que o aspirante deve seguir quando persevera no seu esforço para trilhar o caminho até a fonte de origem - o caminho que os budistas chamam Nirvana. Este Caminho é, com efeito, apenas o início do Caminho superior que conduz a uma vida incompreensível, até mesmo para o mais desenvolvido dos Seres de nossa Hierarquia planetária. Tampouco é essencial insistir na acentuação de detalhes quanto à maneira de viver que deve controlar o homem quando procura atuar como uma alma no comando da personalidade. Isto tem sido convencionalmente delineado e condensado em muitas palavras pelos discípulos no curso das idades. Foi igualmente focalizado no meu livro anterior, Um Tratado sobre Magia Branca, e noutras obras. O nosso problema imediato consiste na aplicação destas regras para o discipulado e num progresso contínuo em sua técnica e na sua prática. O meu objetivo atual é ainda mais difícil, porque este Tratado foi escrito sobretudo mais para os futuros estudantes do que para os atuais. Procuro indicar as regras fundamentais que determinam o governo hierárquico e, por conseguinte, condicionam os assuntos mundiais. Portanto, estamos interessados nas atividades sutis das energias que, do lado interno, animam as atividades exteriores e provocam os acontecimentos no mundo dos homens, que mais tarde fazem a história.

O problema com que se defronta a Hierarquia é duplo e pode ser expresso por meio das seguintes perguntas:

1- Como pode expandir-se a consciência da humanidade de modo que ela se possa desenvolver a partir do germe da autoconsciência (como sucedeu na individualização) e possa chegar à completa consciência e identificação grupais, como acontece quando se recebe a última iniciação?

2- De que forma a energia ascendente do quarto reino da natureza poderá ser levada a uma relação tão estreita com a energia descendente do espírito, que outra grande expressão - uma expressão grupal - da Divindade possa emergir e manifestar-se através do homem?

E preciso registrar aqui, portanto, dois pontos:

Primeiro, que a atenção dos membros da Hierarquia que atualmente trabalham com a humanidade não se centraliza no aspirante individualmente, para que isso não se interprete como manifesto interesse pessoal. Ela só evoca o interesse por um indivíduo, na medida em que ele esteja ocupado com assuntos que digam respeito ao bem do grupo.

O segundo ponto é bem conhecido e frequentemente acentuado, ultimamente. Atravessamos neste momento um período de oportunidades e crises sem precedentes e a atenção da Hierarquia está, consequentemente, enfocada nos homens de maneira extraordinariamente uni-direcionada, enquanto os Seus membros procuram tirar partido destas oportunidades para o bem dos homens. Estão ai, ao mesmo tempo, a responsabilidade e a razão da esperança.

Portanto, as regras que vamos considerar não são as leis da alma, nem as que controlam as etapas do desenvolvimento humano no Caminho. Têm um objetivo muito mais amplo e pertencem ao vasto movimento do ciclo evolutivo, pois dizem respeito à família humana como um todo, particularmente em relação à sua contribuição para o esquema evolutivo inteiro. Contudo - dada a falta de compreensão desenvolvida - limitar-nos-emos exclusivamente à consideração destas regras, ao governarem o desenvolvimento humano.

O que procuramos revelar (se possível) são alguns dos fatores que regem o esforço feito pela Hierarquia Controladora e que os Guardiães do Plano utilizam, quando Eles prosseguem no trabalho com os fatores já presentes no homem e com as energias que se empregam objetivamente neste planeta. O que diremos não será muito simples, porque é difícil, mesmo para um discípulo adiantado, perceber o propósito de alguns destes fatores. O que se expõe aqui sobre estes assuntos deve aguardar posteriores desenvolvimentos durante o século futuro; e certas linhas de desenvolvimento científico e espiritual deverão manifestar-se antes que implicações ocultistas possam ser adequadamente compreendidas. Se o sentido lhes parece simples e claro, seria inteligente desconfiar de uma interpretação muito evidente. O assunto é muito obscuro e convém refletir sobre os pensamentos aqui apresentados, mas não creiam que venham a compreendê-los rapidamente. Há muitos modos pelos quais se pode expressar o trabalho da Hierarquia e a interpretação estará conforme com o tipo de mente que o faz.

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1- O Objetivo Destas Regras

Os objetivos (para nossos fins) podem ser afirmados como sendo em número de quatro, mas cada um pode ser reexpresso de várias maneiras. Indicam simplesmente as quatro metas principais que os Trabalhadores do Plano fixaram. Enunciá-los-emos sucintamente e depois as detalharemos melhor.

1- O primeiro e principal objetivo é estabelecer, por intermédio da humanidade, um posto avançado da Consciência de Deus no sistema solar. É uma correspondência, macrocosmicamene compreendida, da relação existente entre um Mestre e o Seu grupo de discípulos. Se refletirmos sobre isto, pode-se obter a chave do significado do nosso trabalho planetário.

2- Fundar na terra (como já se indicou) uma central de tal poder e um ponto focal de tal energia que a humanidade - como um todo - possa ser, no sistema solar, um fator que provoque mudanças e acontecimentos de natureza ímpar na vida planetária e noutras vidas planetárias (e, portanto, no próprio sistema), induzindo a uma atividade interestelar.

3- Desenvolver uma estação de luz, por meio do quarto reino da natureza, que servirá não só ao nosso planeta e ao nosso sistema solar, mas também aos sete sistemas de que o nosso faz parte. Esta questão de luz, ligada como está às cores dos sete raios, é por agora uma ciência embrionária e seria inútil alongarmo-nos sobre o assunto.

4- Estabelecer um centro magnético no universo, no qual o reino humano e o das almas, unidos ou unificados, sejam o ponto de mais intenso poder, e que servirá às Vidas evoluídas dentro do raio de irradiação d'Aquele de Quem nada se Pode Dizer.

Nestas quatro afirmações procuramos expressar as amplas possibilidades ou oportunidades, tais como as vê hoje a Hierarquia. Seus planos e propósitos estão destinados e orientados para uma tão vasta realização como ainda não foi possível ao homem comum visualizar. Se não fosse assim, o desenvolvimento da alma do homem seria o objetivo principal no planeta. Mas não é o caso. Poderá ser, sob o ponto de vista do homem, considerando-o como uma unidade essencialmente separável e identificável no grande esquema cósmico. Mas não é assim para o todo maior do qual a humanidade é apenas uma parte. Os grandes Filhos de Deus que superaram o ponto do desenvolvimento dos Mestres Que trabalham exclusivamente com o reino humano, têm planos de envergadura mais vasta e mais larga e os Seus objetivos incluem a humanidade apenas como um detalhe que figura no Plano da grandiosa Vida "na Qual vivemos, nos movemos e' temos a nossa existência".

Talvez se interroguem (e com razão) para que servirão todos estes esclarecimentos no meio de um mundo atormentado e confuso. Por razões óbvias, uma nebulosa visão do Plano, como necessariamente deve ser, confere um sentido de proporção e também de estabilidade. Conduz a um reajustamento de valores muito necessários, o qual indica que existe propósito e objetivo por trás de todos os acontecimentos difíceis da vida diária. Essa visão alarga, faz crescer e expande a consciência, à medida que estudamos o grande livro da vida planetária que abarca, como realmente faz, a estrutura terminada e detalhada do homem, e toda a vida planetária e a sua relação com o Todo maior. Isto tem muito maior importância que o minúsculo detalhe da capacidade individual do ser humano em compreender o lugar particular que lhe corresponde num quadro mais vato. É fácil e natural que o homem insista nos aspectos do trabalho hierárquico que lhe digam respeito. Os Mestres de Sabedoria Que estão suficientemente avançados para trabalhar em largas zonas do plano espiritual, acham graça da importância que os discípulos e aspirantes do mundo Lhes atribuem e do modo como são superestimados. Não poderemos nos conscientizar de que haja membros da Hierarquia Cujo alcance da verdade e conhecimento do Plano divino sejam tão mais avançados em relação ao selvagem e ao homem não evoluído? Deveríamos refletir sobre este fato.

Contudo, não é tarefa inútil para os discípulos e aspirantes captar o tênue esboço do delineamento da estrutura, do propósito e do destino que resultarão da consumação e da fruição do Plano na terra. Necessariamente não se evoca um sentido de futilidade ou de um interminável esforço ou de uma luta quase permanente. Uma vez admitido o fato de que o homem e a sua vida são limitados, dada a formidável periferia do cosmos a minúscula natureza do nosso planeta, dados os inumeráveis (textualmente incontáveis) universos maiores e menores, contudo estão presentes no homem e no nosso planeta, um fator e uma qualidade que permitem que todos estes fatos sejam vistos e conscientizados como partes de um todo, permitindo ao homem (libertando-se, como pode, de sua autoconsciência humana) expandir o seu sentido de percepção e de identificação, de modo que os aspectos forma da vida não ofereçam impedimentos ao seu espírito oniabarcante. E também útil escrever estas frases e ocupar-se destas ideias para que aqueles que agora encarnam possam tomar conhecimento delas quando os leitores atuais já tenham morrido. Eu e vós também passaremos a outro trabalho, mas haverá na terra quem possa visualizar o Plano com clareza e cuja visão será mais inclusiva e abrangente do que a nossa. A visão é de natureza divina. A expansão é um poder vital e uma prerrogativa da Divindade. Por conseguinte, lutemos para captar o que seja possível no nosso estágio particular de desenvolvimento e deixemos a eternidade revelar os seus segredos ocultos.

Os fatores que determinam este processo particular de trabalho hierárquico e que por tal razão constituem as principais regras da vida evolutiva de Deus na família humana, são em número de sete. Estes fatores - se assim podemos nos expressar - determinam a atividade hierárquica, deixando uma larga margem para o esforço individual, mas proporcionando as tendências vitais e ativas além das quais nenhum trabalhador do Plano ousará ir. Devemos estar conscientes de que existem forças e energias mantidas em suspenso, como resultado da intervenção, conscientemente efetuada, pela Hierarquia. É possível captarmos o fato de que existem vidas e tipos de atividade que não puderam manifestar-se (felizmente para o planeta) desde que foi fundada a Hierarquia na terra. Nem sempre houve uma Hierarquia de Almas perfeitas e esta ideia abre perspectivas em domínios da expressão onde não foi atingida a maturidade (sob o ângulo da visão humana), de horizontes tão difíceis de compreender como aqueles que se nos abrirão quando passarmos de um estado de consciência imaginativa, vaga e nebulosa, para além do setor da Hierarquia que se ocupa dos assuntos humanos e captamos fracos lampejos de outros departamentos que operam em campos mais vastos e inclusivos.

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2- As Sete Regras

As sete regras ou fatores para "induzir ao Controle da Alma" são:

1- A tendência inata e irremovível, de fundir e de sintetizar. Constitui a lei ou regra da própria vida.

a) Esta tendência termina, no lado da forma, na destruição e na ruína, com o seu corolário de sofrimento e dor. Do lado da vida ela termina na libertação e por conseguinte na expansão.

b) Esta tendência é a causa fundamental de toda a iniciação - individual, racial, planetária e do sistema.

c) E o resultado de um ato da vontade, causado pelo impulso do propósito, concebido e inato, de Deus. Contudo, (e isto c um ponto tantas vezes esquecido), esta tendência é motivada pelo reconhecimento do Logos planetário, de que o Seu plano está condicionado, por sua vez, e que é parte integrante de um plano ainda mais vasto - o da Divindade solar. Deus, o Logos solar, está igualmente condicionado por um propósito de vida ainda mais elevado.

2- A qualidade da visão oculta

a) Esta qualidade, do lado da forma, produz a visão física, a ilusão astral e o conhecimento concreto. No aspecto vida, produz a iluminação. Esta inclui a extensa iluminação refletida pelo nosso planeta no céu, dc maneira idêntica à iluminação que faz de um indivíduo um portador de luz - e que afinal permitirá à humanidade (tomada como um todo) constituir-se numa estação de luz na terra.

b) Esta qualidade é a causa fundamental de toda a percepção sensorial e constitui o impulso instintivo para chegar à própria consciência, em todas as suas numerosas fases. E com esta qualidade que a Hierarquia tem de trabalhar, intensificando-a e transmitindo-lhe um poder magnético.

c) E o resultado superior do desejo que está intrinsecamente fundamentado na vontade de formar um plano e um propósito

3- O instinto para formular um plano. Este instinto rege todas as atividades que, no processo evolutivo, se dividem cm atividade instintiva, atividade inteligente, intuitiva ou deliberada, e na atividade iluminada, no que se refere à humanidade. Isto inclui o departamento da Hierarquia que trabalha com a humanidade. As fases mais elevadas de atividade planejada são muitas e diversas e todas se sintetizam na atividade do terceiro raio, focalizadas presentemente no sétimo raio.

a) Visto do lado da forma, esta faculdade de planificação conduz à atividade separatista e egoísta. Observada do lado vida conduz à cooperação que lança cada unidade de energia em cada forma, em todos os aspectos subjetivos e unificados, na tarefa da unificação. Isto está hoje a produzir-se poderosamente no mundo. E a tendência para a unificação total que conduz o ser humano, antes de mais nada, a desenvolver uma personalidade ao bem do todo.

b) Constitui a causa fundamental da própria evolução - individual, planetária e do sistema.

c) É o resultado da mente ou manas e do surgimento da inteligência. É a qualidade particular ou natureza instintiva, por meio da qual a humanidade exprime o primeiro Raio ou Vontade concentrada, fomentada pelo desejo e transmutada em atividade inteligente.

4- O impulso para uma vida criativa, por meio da faculdade divina da imaginação. Como se pode facilmente ver, este impulso está estreitamente ligado ao quarto Raio de Harmonia, produzindo unidade e beleza, através do conflito.

a) No aspecto forma conduz à guerra, ao esforço e à construção de formas que devem ser destruídas mais tarde. No aspecto vida, conduz à qualidade, à irradiação vibratória e à revelação do mundo de significados.

b) É portanto a causa fundamental dessa sutil essência ou revelação que procura expressão, através de cada forma, em cada reino da natureza. Não há melhor termo para exprimir a maravilha oculta que deve ser revelada do que estas palavras: a revelação do significado. Presentemente começa a realizar-se.

c) É o resultado da capacidade - umas vezes adequada e outras insuficiente - da consciência interna, em revelar a medida de controle do Plano e a sua resposta a uma intenção mais vasta. Atualmente os membros da Hierarquia dependem desta resposta, enquanto se esforçam por pôr em evidência o significado oculto na consciência do homem.

5) O fator de análise. Este fator pode surpreender aqueles que sofrem as consequências do mau uso do poder de discriminação, de análise e crítica. É, contudo, uma qualidade divina fundamental que se traduz por uma participação inteligente no Plano e competência na ação.

a) Do lado forma, manifesta-se como a tendência a separar, a dividir e a se situar em posições contraditórias. Do lado vida, conduz à compreensão que tende à identificação, pela escolha e compreensão mais amplas.

b) É o impulso e a causa fundamental que conduzirão finalmente à aparição do reino na natureza, superior ao reino humano, que é estritamente o da alma, e resultará na manifestação sobre a terra do quinto reino da natureza, o reino dos deuses. Deve-se meditar sobre esta frase.

c) É o resultado do trabalho ativo dos filhos de Deus, os filhos da mente e também a sua contribuição na participação total planetária, como parte do grande Plano do sistema. A própria Hierarquia é a manifestação externa e interna do sacrifício dos divinos Manaputras (como são chamados na Doutrina Secreta), e os seus membros respondem à Sua visão pressentida do Plano para o Todo. A Hierarquia é essencialmente o germe, ou o núcleo, do quinto reino da natureza.

6- A qualidade, inata no homem, para formular ideais. Fundamenta-se no êxito do próprio Plano. Este procurou originalmente despertar no homem as seguintes respostas: o correto desejo, a justa visão e a correta atividade criativa, baseados numa justa interpretação de ideais. Estes três propósitos merecem ser considerados detalhadamente.

a) Do lado forma, desenvolve-se como desejo material, conduzindo finalmente à crueldade e, frequentemente, a uma expressão sádica. Do lado vida, conduz ao sacrifício, a um centrado propósito, ao progresso no caminho e à devoção.

b) É a causa fundamental de toda organização e cooperação. O ideal para a Hierarquia é a realização do Plano Isto é apresentado à humanidade sob a forma de ideias que, com o tempo, se convertem em ideais - que são desejáveis e pelos quais se deve lutar. Para materializar estes ideais, manifesta-se a tendência para organizar.

c) É o resultado - bastante curioso - obtido do trabalho de um grupo peculiar de trabalhadores do mundo que são conhecidos por Salvadores do Mundo. São os Fundadores das formas pelas quais as ideias divinas se convertem cm ideais das massas em todos os domínios do pensamento humano. Todo grande condutor mundial é, necessariamente, um "Salvador sofredor".

7- A sétima regra ou força controladora com a qual trabalha a Hierarquia é a interação das grandes dualidades. Devido à atividade gerada pela interação, e aos resultados obtidos (produz-se sempre um terceiro fator), o mundo manifestado como um todo é impulsionado na direção do Propósito divino. Isto não se evidencia ao homem mergulhado nos detalhes da vida; mas se pudéssemos ver a vida planetária tal como a podem ver os Mestres, observaríamos o protótipo emergindo em toda a sua beleza, e a estrutura do pensamento de Deus acerca do universo, aparecendo hoje com delineação mais clara, numa síntese c numa beleza de detalhes muito maiores do que nunca antes.

a) Do lado da forma, produz o sentimento de estar aprisionado pelo fator tempo, vítima da velocidade e pelas implacáveis forças de todas as atividades da vida que atuam sobre o ser humano aprisionado. Do lado vida, o resultado é uma existência rítmica e uma adaptação consciente da energia ao propósito e à meta imediatos.

b) É necessariamente a causa fundamental do aparecimento e desaparecimento das formas construídas, do próprio homem ou construídas pelo homem.

c) E o resultado da união efetuada no plano físico, que produz as uniões inferiores, assim como as uniões realizadas ate agora na consciência humana que efetuaram a unificação com a alma. As uniões superiores que se efetuaram até agora no plano mental, devem ser expressas finalmente no plano da vida física.

Nesta introdução geral consideramos abreviadamente as regras que podem induzir, na terra, ao controle a ser exercido pela alma e que é a meta imediata do processo evolutivo. Vimos que não estamos considerando simples exercícios ou disciplina, nem tratamos do desenvolvimento das características requeridas que precedem o estado da Iniciação técnica. Na realidade, ocupamo-nos das tendências fundamentais e inclinações inatas contidas na expressão divina que finalmente produzirão a manifestação da Alma Suprema sobre o nosso planeta. Vimos também que estas tendências dirigentes começam a ser expressas e realizadas, e que o quarto reino da natureza, o reino humano, ocupa uma posição ímpar neste desenvolvimento. No fluxo de vida divina descendente e ascendente, tal como se expressa por meio dos impulsos involutivos e evolutivos, a humanidade constitui um dos fundamentais "centros originais de força" que pode formar, e formará, um posto avançado da Consciência divina, uma expressão da Psiqué divina, manifestando finalmente as três características psicológicas da divindade: a Luz, a Energia e o Magnetismo. No ser humano, reflexo microcósmico do Macrocosmo, estas qualidades expressam-se pelas palavras: Iluminação ou Sabedoria, Atividade Inteligente e Atração ou Amor. Seria bom meditar sobre esta tentativa de simplificar e expressar pela palavra as potencialidades divinas e assim indicar como se podem manifestar e expressar num veículo humano.

Poderíamos agora ampliar um pouco mais os enunciados anteriores para que se tenha uma ideia mais clara sobre estas duas questões:

1- Como pode o homem captar e desenvolver as relações destas qualidades divinas.

2- A responsabilidade futura da humanidade iluminada, quando entrar na Nova Era. Estabeleceremos assim os alicerces para o ensinamento a ser dado posteriormente neste tratado.

Um dos pontos que procurei ressaltar em todas as obras precedentes e já publicadas é que as Leis do Universo, as Leis da Natureza e os fatores básicos controladores que determinam toda a vida e todas as circunstâncias, mantêm-se fixos e inalteráveis e são expressão - até onde o homem as pode compreender - da Vontade de Deus. As regras ou fatores vitais que estamos a considerar agora e que (quando compreendidos e obedecidos) induzirão ao controle da alma no indivíduo e no universo, constituem a expressão da Qualidade ou Natureza de Deus. Conduzirão finalmente à plena expressão da Psique divina. Evidenciarão a natureza instintiva e emocional da Divindade, se é que estas palavras podem, de qualquer forma, expressar as potencialidades divinas.

As Leis do Universo expressam a Vontade divina e conduzem à manifestação do Propósito divino. Isto é sabedoria. Elas ordenam e alimentam o Plano.

As Regras que induzem ao controle da alma expressam a qualidade divina e conduzem à revelação da Natureza de Deus que é amor.

As Leis da Natureza ou as chamadas leis físicas exprimem as etapas da manifestação ou o ponto alcançado na expressão divina. Referem-se à multiplicidade, ou aspecto qualidade. Regem ou expressam o que o Espírito divino (que é vontade atuando no amor) pode realizar em conjunção com a matéria, para produzir formas. Esta emergente revelação fará reconhecer a beleza.

A primeira categoria, a das Leis do Universo, foi abordada ligeiramente em Um Tratado Sobre o Fogo Cósmico e ocasionalmente mencionada nas outras obras. A ciência moderna fez muito para se alcançar uma compreensão das Leis da Natureza e confiamos que isso prosseguirá, pois a alma impele todas as coisas ao conhecimento. No que está aqui exposto, procuro lançar as bases da nova ciência da psicologia que deve fundamentar-se numa larga e geral compreensão da psique divina, tal como ela busca expressão através do Todo manifestado, o sistema solar, e, para os nossos propósitos, o planeta e tudo o que nele há.

Quando o poder da psicologia divina e as suas tendências e características principais forem reconhecidos, e quando a psicologia moderna deslocar a sua atenção do minúsculo estudo da psique do homem individual (e geralmente a de um indivíduo anormal) para concentrar a sua atenção sobre os atributos psicológicos do Todo maior do qual somos apenas uma parte, chegaremos a uma nova compreensão da Divindade e das relações entre o microcosmo e o macrocosmo. No passado isso foi muito abandonado nas mãos dos filósofos, mas deve agora absorver a atenção dos psicólogos. Tão desejado acontecimento será efetuado quando se apreender o verdadeiro significado da história, quando for compreendida a amplitude do desenvolvimento humano durante as diversas épocas, e quando se comprove que a alma atua através de todas as formas. Presentemente é somente ao homem que se atribui alma e negligencia-se a alma de todas as coisas. No entanto, o homem não é senão o macrocosmo dos outros reinos da natureza.

As sete regras que estamos agora estudando são, portanto de suprema importância, porque elas representam as ideias-chave que revelarão a Divindade atuando como a Alma de todas as coisas. Revelarão a natureza e o método da atividade do Cristo Cósmico, e indicarão as tendências qualitativas que governam e determinam a vida psíquica de todas as formas - desde um universo até um átomo - no corpo de qualquer assim chamada revelação material da vida. Tenhamos presente estes pensamentos enquanto lemos e estudamos.

Estas regras expressam-se com um potencial igual em todos os sete raios e produzem a manifestação da consciência, na terra, em toda e qualquer forma. Trataremos primeiramente do Todo maior, sem acentuar as diferenciações entre os raios. Os sete raios, como amiúde se diz, colorem ou qualificam os instintos e poderes divinos, mas isso não é tudo. Eles mesmos são determinados e controlados por tais poderes. Não se deve esquecer que os raios são as sete principais expressões da qualidade divina que limita (e de fato limita) os propósitos da Divindade. O Próprio Deus se amolda a um padrão estabelecido, para Ele, numa visão ainda mais distante. Este propósito, ou vontade definida, está condicionado pela Sua qualidade instintiva ou psique, exatamente da mesma forma que o propósito de vida de um ser humano é ao mesmo tempo limitado e condicionado pelo equipamento psicológico com o qual chega à manifestação. Declarei anteriormente que tratamos de coisas obscuras e difíceis que uma larga parte do que é apresentado poderia bem encontrar-se para além da nossa compreensão imediata. O enunciado acima, entretanto, é relativamente simples, se for interpretado em termos do propósito e da qualidade da nossa própria vida.

Poderíamos abordar aqui outro ponto antes de prosseguirmos no estudo das sete tendências psicológicas da Divindade.

Falamos aqui de Deus em termos de Pessoa e empregamos os pronomes Ele e Seu. Dever-se-ia concluir que tratamos de uma Personalidade prodigiosa a que chamamos Deus e que, portanto, pertencemos a essa escola de pensamento chamada antropomórfica? O ensino budista não reconhece nenhum Deus nem Pessoa alguma. A nossa compreensão e o nosso ponto de vista estarão, portanto, falsos ou corretos? Só uma compreensão do homem como expressão divina em tempo e espaço poderá revelar este mistério.

As duas escolas de pensamento estão certas e de modo nenhum se contradizem. Na sua síntese e na sua fusão, a verdade, tal como realmente existe, pode começar - sim, vagamente - a aparecer. Existe um Deus Transcendente Que "tendo permeado todo o universo com um fragmento de Si mesmo" pode todavia dizer: "Eu permaneço". Há um Deus Imanente Cuja vida é a origem de toda a atividade, inteligência, crescimento e atração de todas as formas, em todos os reinos da natureza. Paralelamente, há em cada ser humano uma alma transcendente que, quando o ciclo de vida, depois de manifestado, termina, torna-se novamente o sem-forma imanifestado, e que também pode dizer: "Eu permaneço". Quando se manifesta e toma forma, a única maneira da mente e do cérebro humanos poderem expressar o seu reconhecimento da vida divina condicionante, é falar em termos de Pessoa, de Individualidade. Daí falarmos de Deus como de uma Pessoa, da Sua vontade, da Sua natureza e da Sua forma.

Contudo, por trás do universo manifestado permanece o Uno sem forma, Aquele que não é um indivíduo, nem está limitado pela existência individualizada. Por conseguinte, os budistas têm razão quando acentuam a natureza não-individualizada da Divindade. O Pai, o Filho e o Espírito- Santo da teologia cristã, personificando, como o fazem, as triplicidades de todas as teologias, desaparecem também no Uno quando o período de manifestação termina. Permanecem como Uno, com a qualidade e vida intocadas e não-diferenciadas, tal como o são durante a manifestação.

Analogamente sucede quando morre um homem. Desaparecem, então os três aspectos - mente ou vontade, emoção ou amor e aparência física. Então, já não existe pessoa. Contudo, se se aceita o fato da imortalidade, o ser consciente permanece; sua qualidade, propósito e vida estão unidos à sua alma imortal. A forma externa, com as suas diferenciações numa trindade manifestada, desapareceu para nunca mais retornar exatamente à mesma forma ou manifestação em tempo e espaço.

A interação entre a alma e a mente produz o universo manifestado, com tudo o que nele existe. Enquanto estas relações persistem, quer em Deus, quer no homem, utilizamos termos de origem humana (pois de que outro modo poderíamos falar com clareza?) e, por conseguinte, limitados, porque é esse o nosso atual estágio de iluminação - ou deveria dizer-se, desiluminação? Assim se constrói a ideia da individualidade, da personalidade e da forma. Quando estas relações cessam e a manifestação termina, semelhantes termos não têm significado. Contudo, o que é imortal, seja Deus ou um homem, persiste.

No pensamento humano, preservado para nós pelo grande Mestre do Oriente, o Buda, temos o conceito da Divindade Transcendente, divorciada de triplicidades, de dualidades e da multiplicidade da manifestação. Só existe vida, sem forma, libertada da personalidade, desconhecida. Nos ensinamentos do Ocidente, preservados e formulados para nós pelo Cristo, persiste o conceito de Deus imanente - Deus em nós e em todas as formas. Na síntese dos ensinamentos do Oriente e do Ocidente e na fusão destas duas escolas de pensamento, pode ser pressentida alguma coisa do Todo superlativo - pressentido, apenas, mas não conhecido.

a. A Tendência para a Síntese

O primeiro fator revelador da natureza divina, e o primeiro dos grandes aspectos psicológicos de Deus, é a tendência para a síntese. Esta tendência constitui a própria vida em todo o curso da consciência e da natureza. O impulso animador de Deus, o Seu relevante desejo, é procurar a união. Foi esta tendência, esta qualidade, que Cristo procurou ao mesmo tempo revelar e dramatizar para a humanidade.

No que se refere ao quarto reino da natureza, Suas majestosas alocuções, como as que se encontram no Evangelho segundo São João (cap. XVII), fazem apelo à síntese e incitam-nos a alcançar a nossa própria meta.

"Eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai Santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós somos...

Dei-lhes a tua palavra e o mundo as aborrecer porque não são do mundo, como eu não sou do mundo.

Não peço que os tires do mundo, mas sim que os guardes do mal.

Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo.

Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que sejam todos um, como tu, ó Pai, o és em mim e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.

E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.

Pai, a minha vontade é que, aqueles que me deste, onde eu estiver, estejam comigo, para verem a glória que me deste; porque me amaste antes da fundação do mundo".

Está aqui, indicada para nós, a síntese da alma e do espírito e também acentuada a síntese da alma com a matéria, completando-se desta maneira a unificação e a desejada libertação.

Mas a síntese da Divindade, Sua tendência para fundir, é muito mais inclusiva e universal que qualquer outra possível expressão no reino humano que, afinal, é só uma pequena parte do grande todo. O homem não é tudo o que é possível ser, nem constitui a consumação do pensamento de Deus. O deslocamento deste instinto para a síntese abarca todos ou universos, constelações, sistemas solares, planetas e reinos da natureza, como também o aspecto atividade e a conquista do homem, o indivíduo. Este instinto é o princípio governante da própria consciência e a consciência é a psique ou alma produzindo a vida psíquica; é uma percepção - sub- humana, humana e divina.

Relativamente ao homem, postulamos as seguintes expressões psicológicas:

1- O Instinto, situado abaixo do nível da consciência, mas protegendo e governando a maior parte da vida e dos hábitos do organismo. Uma grande parte da vida emocional é assim governada. É o instinto que controla por meio do plexo solar e dos centros inferiores.

2- O Intelecto, que é a autoconsciência inteligente; guia e dirige a atividade da personalidade integrada, por intermédio da mente e do cérebro, operando através do centro da garganta e do centro ajna.

3- A Intuição, refere-se predominantemente à consciência de grupo e controlará finalmente todas as nossas relações com os outros, na medida em que funcionamos como unidades grupais, Opera através do coração e do centro cardíaco e é o instinto superior que permite ao homem reconhecer que tem de submeter-se à sua alma, ao seu controle e à sua impressão de vida.

4- A Iluminação é uma palavra que deveria ser empregada para designar a consciência super-humana. Este instinto divino permite que o homem reconheça o todo de que faz parte. Atua através da alma do homem, utilizando o centro da cabeça e finalmente inunda de luz ou energia todos os centros, vinculando o homem conscientemente a todas as partes correspondentes do divino Todo.

Assim, a tendência para a síntese é um instinto inerente em todo o universo e, só agora, o homem mal começa a despertar para a sua proximidade e o seu poder.

E este atributo divino no homem que faz do seu corpo físico parte integrante do mundo físico; que o torna psiquicamente gregário e disposto a viver associado (por escolha própria ou obrigação) com os seus companheiros, os homens. Este princípio, operando por intermédio da consciência humana, conduziu à formação das nossas modernas e grandes cidades - símbolos de uma futura civilização mais elevada a que chamaremos o reino de Deus, na qual as relações entre os homens serão psiquicamente muito mais íntimas. E este instinto para unificar que está latente em todo o misticismo e em todas as religiões, dado que o homem procura sempre uma mais íntima união com Deus e nada pode deter esta unificação (em consciência) com a Divindade. Este instinto é a base do seu sentido da imortalidade, e garante a união com o polo oposto da personalidade - a Alma.

Sendo um atributo da Divindade e um instinto divino e, por conseguinte, parte da vida subconsciente do Próprio Deus, é evidente que dada a premissa original de que há um Deus, transcendente e imanente, não há portanto nenhuma razão para se ter medo ou maus pressentimentos. Os instintos de Deus são mais fortes, vitais e puros que todos os da humanidade e, com o tempo, triunfarão, expressar-se-ão e florescerão em toda a sua plenitude. Todos os instintos inferiores com os quais o homem está em luta, não são senão distorções (no tempo e espaço) da realidade e daí provêm o valor do ensino ocultista, segundo o qual se diz que refletindo sobre o bom, o belo e o verdadeiro, transmutamos os nossos instintos inferiores em qualidades superiores e divinas. O poder atrativo da natureza instintiva de Deus, com a sua capacidade para a síntese, para atrair e fundir, coopera com os poderes não realizados da própria natureza do homem e efetua a sua redenção final com Deus, na vida e propósito, como um acontecimento irresistível e inevitável.

Os estudantes podem associar o instinto ou a tendência para a síntese e para a unificação com as leis do Universo e da natureza. Está estreitamente relacionado com a Lei de Atração e o Princípio de coesão. Mais tarde, realizar-se-ão grandes estudos sobre estas relações. Esta série de livros de texto sobre ocultismo e forças ocultas que escrevi, está destinada a servir de postes de sinalização e de fachos de luz no caminho do conhecimento.

Contêm conselhos e sugestões, mas devem ser interpretados pelos estudantes de acordo com a luz que possuam. Que estudem o que se desenrola à sua volta à luz do Plano e do conhecimento aqui apresentado, e tratem de descobrir por si a emergência da natureza psíquica instintiva da Divindade, nos assuntos mundiais e na sua própria vida, porque é isso que sempre se produziu. Devem também lembrar-se que possuem uma natureza psíquica que é parte do todo maior e que estão, portanto, sujeitos às impressões provenientes das fontes divinas. Que cultivem a tendência para a síntese; devem considerar as palavras: "Não serei separatista em minha consciência", como um dos pensamentos chave da sua vida diária.

Devemos notar aqui um ponto. O instinto para a síntese (referente à natureza psíquica da Divindade) nada tem que ver com a expressão física do sexo Esta está regida por outras leis e é controlada pela natureza física. Não esqueçamos que H.P.B. disse (e com razão) que o corpo físico não é um princípio. As sete tendências fundamentais que estamos analisando são puramente psíquicas ou de natureza psicológica.

A compreensão da natureza destes impulsionadores e atributos psíquicos de Deus deveria levar o homem a pôr todo o peso da sua aspiração psíquica sobre estas qualidades emergentes. Por exemplo, na vida diária, trabalhará para a unificação com todos os seres, procurando penetrar no coração do seu irmão, esforçando-se para ser um com a vida de todas as formas, rejeitando qualquer tendência às reações separatistas, porque ele sabe que elas são inerentes à psique dos átomos da matéria e da substância que compõem a sua natureza. Estes foram atraídos, reordenados e reagrupados nas formas que se encontram na manifestação atual de Deus. Levam consigo as sementes da vida psíquica material, adquiridas em um universo anterior. Não há outro mal.

Muitas coisas nos foram ensinadas sobre a grande heresia da separatividade; é esta que é repelida e equilibrada quando o homem permite à "tendência para a síntese" fluir através dela, como uma potência divina, e assim condiciona a sua conduta. Estas tendências divinas constituem os impulsos básicos e subconscientes desde a aurora da evolução. Hoje, a humanidade pode ajustar-se conscientemente a elas e assim acelerar a chegada do momento em que reinarão a verdade, a beleza e a bondade.

Os discípulos mundiais e o Novo Grupo de Servidores do Mundo, como também todos os aspirantes inteligentes e ativos, têm hoje a responsabilidade de reconhecer estas tendências, e particularmente, a tendência para a unificação. O trabalho da Hierarquia na atualidade está peculiarmente relacionado com esta tendência, e Ela, e todos nós, devemos desenvolver e alimentar esta tendência onde quer que ela seja encontrada. A padronização e a regimentação das nações não é senão um aspecto do movimento que leva à síntese, mas é um aspecto que tem sido mal aplicado e posto em vigor prematuramente.

Todos os movimentos que tendem à síntese nacional e mundial são bons e corretos, mas devem ser empreendidos consciente e voluntariamente pelos homens e mulheres inteligentes, e os métodos empregados para levar a cabo esta fusão não devem infringir a lei do amor. O impulso atual para a unidade religiosa é também uma parte da beleza emergente e embora as formas tenham que desaparecer (porque são a origem da separatividade), a síntese espiritual interna deve ser desenvolvida. Estes dois notáveis exemplos desta tendência divina, emergindo na consciência humana, são aqui mencionados e todas as almas que estão despertando devem trabalhar para estes fins. No momento em que há o conhecimento e um lampejo de compreensão, a responsabilidade do homem começa a manifestar-se.

Estudemos, portanto, as tendências do mundo de hoje que indicam a presença ativa desta tendência e desenvolvamo-la até onde pudermos.

Descobriremos que é uma tarefa prática e difícil. A imposição de um atributo divino e psíquico pressentido na vida da forma (que tem os seus próprios hábitos psíquicos) porá à prova os poderes de qualquer discípulo. Somos chamados para esta tarefa para o bem do grande Todo.

b - A Qualidade da Visão Oculta

Esta é a tendência seguinte e uma das mais difíceis de expressar. Não é fácil encontrar as palavras exatas que definam o significado da qualidade da visão interna. Não é possível exprimir isto por palavras que o homem compreenda, porque não nos referimos à visão que o homem tem de Deus, mas sim à própria visão que tem Deus do Seu propósito.

No decorrer das idades, os homens pressentiram uma visão; viram-na e fundiram-se nela depois de muitas lutas e de esforços; em seguida, saíram da vida humana e entraram no silêncio do desconhecido. O místico e o ocultista testemunharam esta visão e toda a beleza e policromia no mundo da natureza e do pensamento são também testemunhas silenciosas. Mas quê é? Como se o define? Os homens não se contentam em chamá-la Deus e têm razão, porque é, em última análise, aquilo a que Deus dedica todos os esforços.

Contudo, a qualidade e a natureza da visão que é a própria visão de Deus, o Seu próprio sonho e pensamento, mantiveram firmes e motivaram, através da eternidade os Seus processos criativos. Os grandes Filhos de Deus vieram e partiram e instaram para que seguíssemos a luz, em busca da visão da realidade e abríssemos os olhos para vermos a verdade tal como ela é. Através dos tempos, os homens procuraram fazer isso e chamaram aos métodos empregados na sua busca, por muitos nomes - experiência da vida, investigação científica, questionamentos filosóficos, história, aventura, religião, misticismo, ocultismo e muitos outros termos aplicados nas excursões aventureiras da mente humana na descoberta do conhecimento, da realidade, de Deus. Alguns acabaram a sua investigação penetrando num labirinto de fenômenos astrais e deverão continuar as suas pesquisas mais tarde quando, disciplinados, saírem das profundezas da Grande Ilusão.

Outros se perderam até voltarem à caverna obscura de um pronunciado materialismo, de fenomenismo, e devem igualmente voltar e reorientar-se, ou talvez, quem sabe, completem o ciclo, pois quem poderá dizer que Deus está aqui ou ali, ou de que ponto se poderá ter uma visão Dele? Alguns se perdem em processos mentais e em fantasias fruto de sua própria imaginação e a visão fica oculta por detrás de uma multidão de palavras faladas e escritas. Outros ainda se acham perdidos nas brumas de sua própria devoção e autoconsciência e nas obscuras especulações das suas próprias mentes e desejos. Estão imobilizados, perdidos na névoa dos seus próprios sonhos sobre o que deveria ser a visão e ela, assim, os ilude.

Outros - os teólogos de qualquer escola de pensamento - procuram definir a visão e esforçam-se por reduzir a intenção e a meta ocultas de Deus a formas e rituais e afirmam com ênfase: "Nós sabemos". Contudo, jamais contataram a realidade e, até agora, desconhecem a verdade. A possibilidade da Visão que está além ou por detrás da visão do místico, está esquecida nas formas construídas no tempo; e os símbolos dos ensinamentos desses Filhos de Deus que viram a realidade, perderam-se de vista nos rituais e nas cerimônias que (mesmo tendo o seu lugar e valor educativo) devem ser utilizados para revelar e não para obscurecer.

A visão está sempre diante de nós; escapa à nossa compreensão; ronda os nossos sonhos e os nossos momentos de alta aspiração. Só quando um homem consegue atuar como alma e dirigir o olho interno desenvolvido para o mundo externo dos fenômenos e para o mundo interno da realidade, pode então começar a perceber o verdadeiro objetivo e propósito de Deus e obter um breve vislumbre do próprio padrão de Deus e do Plano que tão voluntariamente condiciona a Sua própria Vida, para o qual é essencial o Eterno Sacrifício do Cristo Cósmico.

São estas duas tendências divinas (para a síntese e para a visão) que ocupam a atenção da Hierarquia nesta época. A sua palavra de ordem é unificação e visão. Estes desenvolvimentos, no que se refere à humanidade, produzirão a integração da alma com a personalidade e despertarão a visão interna que permitirá chegar-se a um vislumbre da Realidade na consciência do homem. Isto não é um vislumbre da própria divindade do homem ou uma percepção como Criador. Mas é um vislumbre da divindade inerente no Todo, como o que se desenvolve num esquema mais vasto do processo evolutivo do que até agora pode ser captado ou pressentido pelas mentes mais aguçadas da terra. Este vislumbre refere-se à visão que será alcançada pelo homem quando atingir o Nirvana e entrar na primeira etapa do Caminho infinito que conduz a uma beleza, compreensão e desenvolvimento ainda não alcançados pela mais elevada visão interna humana.

Seria bom observar que para além da etapa da iluminação, tal como pode ser atingida pelo homem, encontra-se o que poderíamos chamar de desenvolvimento da Visão interna. Temos, portanto, os desenvolvimentos e os possíveis incrementos seguintes, cada um dos quais constitui uma expansão de consciência que permite ao homem, definitiva e estreitamente, aproximar-se mais do coração e da mente de Deus.

Instinto Todos conduzindo à Visão Interna
Intelecto
Intuição
Iluminação

Nestas palavras, apresentadas pela ordem, talvez se torne um pouco mais claro O fato da própria visão de Deus. Mais não é possível fazer, antes que cada uma dessas palavras tenha algum significado prático para a nossa própria experiência interna.

Esta qualidade da visão interna com a qual a Hierarquia está procurando trabalhar e desenvolver nas almas dos homens (seria conveniente meditar sobre esta última frase porque apresenta um aspecto do esforço hierárquico ainda não considerado nos livros de ocultismo), é uma expressão do Princípio de Continuidade, que encontra a sua reflexão deformada na palavra tantas vezes empregada pelos discípulos: Resignação. Este princípio de continuidade constitui a capacidade de Deus para persistir e "permanecer". É um atributo do Raio do Amor cósmico, como são todos os princípios que estamos considerando agora em relação com estas regras ou fatores da alma - essas tendências da divindade e as tendências da vida divina.

Não esqueçamos que cada um dos sete raios são sub-raios do Raio cósmico do Amor. Veremos, portanto, porque razão estes princípios são determinantes das atividades da alma, e só poderão entrar em ação quando o reino de Deus, ou das almas, começar a materializar-se na terra.

Este princípio de continuidade baseia-se numa visão mais clara da Divindade e na consequente continuidade do plano e do propósito de Deus que resultem quando o objetivo é claramente considerado por ele e formulado e plenamente desenvolvido por meio de planejamento. E a correspondência macrocósmica da continuidade e da integridade que se encontra no homem quando - depois de uma noite de sono e de inconsciência - retoma as ocupações diárias e conscientemente empreende as atividades projetadas.

Pelas indicações dadas acima será percebido como o trabalho da Hierarquia, em relação ao homem, se divide em duas categorias: primeiro, o trabalho com os seres humanos individualmente, para que despertem para a consciência da alma, e depois, o trabalho com eles como almas para que (atuando, então, nos níveis da alma e como unidades conscientes no reino de Deus) possam começar a ter a visão do objetivo do Próprio Deus. Esta segunda divisão de Seu esforço está apenas agora se tornando possível em larga escala, na medida em que os homens começam a responder à tendência em direção à síntese, e a reagir ao divino princípio da coesão, para que (estimulados pela sua relação grupal) possam sentir conjuntamente a visão e reagir ao princípio de continuidade. Aqui foi dada uma ideia em relação ao verdadeiro e futuro propósito da meditação grupal. Não é possível dizer mais sobre este assunto.

c - O Impulso para Formular um Plano

O terceiro instinto divino, ou tendência interna oculta, é o impulso para formular um plano. Ficará claro que este impulso cresce ou depende das duas tendências anteriores consideradas. Encontra seu reflexo microcósmico nos numerosos planos e projetos do homem finito, enquanto vive sua vidinha ou perambula pelo planeta, ligado aos seus insignificantes negócios pessoais. É a capacidade universal para trabalhar e planejar que assegura haver no homem a capacidade para responder, por fim, e em formação grupal, ao plano de Deus, baseado na visão de Deus. Todos esses instintos divinos, básicos, progressivos, e expressões da consciência e da percepção de Deus encontram seu reflexo embrionário em nossa humanidade moderna. Não faz parte de meus objetivos indicar qual é a minha compreensão sobre o Plano de Deus. Logicamente isso está limitado pela minha capacidade. Só posso pressenti-lo vagamente e apenas ocasional e confusamente se delineiam em meu espírito as grandes linhas do prodigioso objetivo de Deus.

O Plano pode ser percebido, visualizado e conhecido em toda a sua realidade pela Hierarquia e ainda, somente em grupo, por aqueles Mestres que podem atuar em plena consciência monádica. Eles são os únicos que começam a compreender o que é. Os demais componentes da Hierarquia - os iniciados e os discípulos dos diversos graus e categorias - conformam- se em dar a sua cooperação ao aspecto imediato do Plano que podem captar e que chega até eles através das mentes inspiradas de seus Mentores, em determinados momentos e em certos anos específicos. 1933 foi um deles e outro, o ano de 1942. Em tais ocasiões, quando a Hierarquia se reúne em silencioso conclave, uma parte da visão de Deus e a Sua formulação para o presente imediato é-Lhes revelada e abrange o ciclo seguinte de nove anos.

Então, em perfeita liberdade e cooperação mútua, Eles estabelecem os Seus planos para os objetivos desejados pelos Chefes da Hierarquia, os Quais, por Sua vez, cooperam com Forças e Conhecedores ainda mais elevados.

É possível que as informações dadas acima interessem muito àqueles estudantes que não estão ainda sintonizados com os valores superiores. Seria bom que todos aqueles que as leram, compreendessem que estas informações são a parte menos importante deste capítulo e que têm para eles muito pouca utilidade. Observarão, com efeito, que não têm para nós qualquer aplicação prática. Portanto, perguntarão com razão: Então por que nos dão estas informações? Responderei que este Tratado foi escrito para os futuros discípulos e iniciados, e tudo o que se expôs faz parte de uma revelação da verdade que se deseja tornar conhecida. Atualmente ele se manifesta através de muitos canais e de múltiplas fontes: - tal é o prodigioso poder que está por trás dos atuais reajustamentos do mundo!

O instinto da Divindade está estreitamente ligado à Lei de Economia, que é uma expressão do Princípio de Materialização. No que se refere ao homem, ele deve estudar, captar e elaborar este instinto, por meio do emprego correto do corpo mental, agindo sob a influência de Atma ou Espírito. O Princípio de Continuidade deve ser transformado em conhecimento consciente, pela utilização apropriada da natureza astral ou do desejo, trabalhando sob a influência de Budi. Finalmente, a Tendência para a Síntese deve ser trazida para a consciência cerebral no plano físico, sob a influência da Mônada, mas a sua expressão e a verdadeira resposta do homem a este impulso só se tornam possíveis depois da terceira iniciação. Desta forma se vê que este Tratado, em verdade, foi escrito para o futuro.

Temos aqui muita matéria para refletir, pensar e meditar. Procuremos o fio de ouro que nos conduzirá, em plena consciência vigil, à casa do tesouro da nossa própria alma e, ali, aprendamos a estar em uníssono com tudo o que respira e pressentir a visão do todo até onde pudermos, e de trabalhar em união com o plano de Deus, na medida em que tem sido revelado por Aqueles Que sabem.

Estas antigas regras ou fatores determinantes - as leis condicionantes essenciais na vida da Alma - são, na sua natureza, fundamentalmente psicológicas. Por esta razão, se justifica este estudo. No seu próprio plano a alma não conhece separação, e o fator síntese governa todas as relações da alma. Esta não se ocupa só com a forma que a visão do seu objetivo possa, mas sim com a qualidade ou o significado que essa visão vela ou oculta. A alma conhece o Plano; a sua forma, as grandes linhas, os seus métodos e o seu objetivo são conhecidos. Utilizando a imaginação criativa, a alma cria; constrói os pensamentos-forma no plano mental e objetiva o desejo no plano astral. Depois exterioriza o seu pensamento e desejo no plano físico por meio da aplicação da força, incentivada de forma criativa pela imaginação do corpo vital ou etérico. Contudo, como a alma é inteligência, animada pelo amor, pode (dentro da síntese conscientizada que governa estas atividades) analisar, discriminar e dividir. Do mesmo modo a alma aspira àquilo que é maior que ela e procura alcançar o mundo das ideias divinas, ocupando assim uma posição intermediária entre o mundo da idealização e o mundo das formas. Esta é a sua dificuldade e a sua oportunidade.

Por este caminho, a vida da alma afirma-se em termos dos seus fatores condicionantes. O seu valor está em que, no Caminho do Discipulado, tais fatores devem começar a desempenhar a sua parte na vida da personalidade.

Devem começar a condicionar o homem inferior de modo que a sua vida, os seus hábitos, desejos e pensamentos se alinhem com os impulsos superiores estimulados pela alma. Isto é apenas outra maneira de tratar essas expressões da vida espiritual que todo iniciado deve manifestar.

Cada aspirante, à medida que o tempo passa, deve desenvolver o poder de ver o conjunto e não apenas a parte, e considerar a sua vida e a sua esfera de influência em termos de relações coletivas e não do eu separado. Deve não apenas ver a visão (porque isso, o místico sempre fez) mas deve também penetrar além, até essas qualidades essenciais que dão significado à visão. O instinto para formular planos, que é inerente a todos, e tão predominante nos seres altamente evoluídos, deve ceder o passo à tendência de fazer projetos em harmonia com o Plano de Deus, tal como é expresso pela Hierarquia planetária. Isto, com o tempo, produzirá o impulso para criar aquelas formas que, expressando o seu significado, transmutarão o mal em bem e transfigurarão a vida.

Mas para realizar isto de acordo com o Plano e, ao mesmo tempo, reconhecer a síntese fundamental na qual vivemos e nos movemos, o discípulo deve aprender a analisar, a discriminar e a discernir os aspectos, qualidades e forças que devem ser de fato utilizadas criativamente na materialização do Plano, percebido intuitivamente e baseado na visão pressentida.

Faríamos bem em meditar sobre a relação entre o homem e a Hierarquia, por meio da própria alma humana. A Hierarquia existe para tornar possível na forma o Plano e a Visão divina pressentidos. O homem encontra-se no ponto a meio do caminho para provocar a emergência da verdade e sua manipulação das grandes dualidades da vida deve produzir o novo mundo.

Durante o nosso estudo das regras para obter o controle pela alma, não deveria ser necessário repetir constantemente as três relações fundamentais da alma:

1- A relação com as outras almas no seio da vida da Super-Alma. Só através da compreensão desta relação chegaremos ao conhecimento prático de que todas as almas formam uma única Alma.

2- A relação com a Hierarquia das almas governantes. Ainda que esta Hierarquia contenha em si cada um dos sete elementos que constituem a diferenciação essencial à qual a Vida Única, como consciência, se submete, deve ter-se em conta que esta Hierarquia é essencialmente uma personificação do aspecto vontade do Logos - vontade para o bem, vontade de amar, a vontade de conhecer, a vontade de criar. Esta vontade é servida pela Mente Universal da Divindade, mas é a expressão de uma consciência ainda mais elevada da qual aquela Divindade compartilha. Este conceito, logicamente, ultrapassa a nossa compreensão, mas devemo-nos lembrar que esta parte do livro destina- se ao futuro e não apenas para ser compreendida hoje.

3- A relação com o Plano de Deus tal como se executa presentemente.

Estes pensamentos servirão para preparar o caminho ao que deve ser agora esclarecido. Às vezes é útil dirigir a consciência de volta para o centro, quando a órbita percorrida pela mente é muito extensa. A síntese do conceito divino, a visão das grandes linhas da sua estrutura e o plano para a sua materialização - são fatores que governam as almas no seu plano, condicionam as suas atividades e, nos limites em que operam, constituem os fatores condicionantes e limitadores da Divindade (no espaço e no tempo), pois tal é a Sua divina Vontade.

Considerando o conjunto deste tema sob outro ponto de vista, estas regras de contato com a alma estabelecem o ritmo e determinam a pulsação da vida de Deus enquanto ela palpita constantemente sobre os ritmos inferiores até finalmente fazê-los desaparecer. É o que acontece no caso dos seres humanos individualmente; dia virá em que isto acontecerá a toda a humanidade; por fim determinará a vida, o propósito e a atividade de todas as formas em, e sobre o nosso planeta.

d - O Impulso para a Vida Criativa

Esta realização leva-nos a considerar mais detalhadamente, o quarto ponto: o impulso para a vida criativa, por meio do uso divino da imaginação. Como vimos, é necessário que a humanidade reconheça que existe um mundo de significados por trás das aparências, da forma - do que se chamou "o mundo das aparências". A raça tem ante si a revelação imediata deste mundo interno de significados. Até agora - como raça - temo-nos ocupado do símbolo e não daquilo que ele representa, que não é senão a aparência externa. Mas hoje, esgotamos largamente o nosso interesse pelo símbolo tangível e procuramos - novamente como raça - o que o mundo externo da aparência está destinado a expressar.

Fala-se muito hoje da Nova Era, da revelação futura, do iminente salto à frente para o reconhecimento intuitivo, do que até agora só foi pressentido confusamente pelo místico, o vidente, o poeta inspirado, o cientista intuitivo e o investigador ocultista que não se preocupa muito com os aspectos técnicos nem com as atividades acadêmicas do mental inferior. Mas uma coisa é muitas vezes esquecida na grande expectativa. Não é necessário fazer um esforço muito grande ou investigação externa muito intensa, para empregar termos que os limitados pontos de vista habituais possam alcançar. Tudo o que deve ser revelado está dentro de nós ou à nossa volta. Tudo tem o seu significado na forma e nela está corporificada, o significado por trás da aparência, a realidade velada pelo símbolo, a verdade expressa na substância.

Apenas duas coisas permitirão ao homem penetrar no reino interno das causas e da revelação. São elas:

Primeira, o esforço constante, baseado num impulso subjetivo, para criar formas que expressarão alguma verdade sentida; desse modo, e com esse esforço, a ênfase muda constantemente do mundo exterior da aparência para o lado interno dos fenômenos. Por estes fatos produz-se uma centralização de consciência que oportunamente se estabiliza e se retira da intensa exteriorização atual. Um iniciado é essencialmente alguém cujo senso de percepção se ocupa dos contatos e impactos subjetivos e não se preocupa predominantemente pelo mundo das percepções sensoriais externas. Este interesse que ele cultiva no mundo interno de significados é, para a humanidade, o único mundo de realidade. A compreensão deste fato, por sua vez, conduzirá a dois efeitos subsequentes:

1- Uma estreita adaptação da forma aos fatores significativos que a trazem à existência no plano externo.

2- A produção de uma beleza mais verdadeira no mundo e, por conseguinte, uma aproximação mais estreita no mundo das formas criadas, à verdade interna emergente. Poder-se-ia dizer que a divindade é velada e oculta na multiplicidade das formas com os seus detalhes infinitos e que na simplicidade das formas que finalmente serão vistas chegaremos a uma nova beleza, a um sentido mais amplo da verdade e à revelação do significado e do propósito de Deus em tudo o que Ele realizou através das idades.

Segunda, o esforço constante para tornar-se sensível ao mundo das realidades significativas e, por consequência, produzir formas no plano externo que se revelarão fiéis ao impulso oculto. Isto conduzirá ao desenvolvimento da imaginação criativa. Até agora, a humanidade pouco sabe desta faculdade latente no homem. Um lampejo de luz faz a sua aparição na mente que aspira; um sentimento de esplendor desvelado penetra, por um instante, através do aspirante, cujo ponto de tensão foi intensificado pela revelação; uma súbita conscientização de uma cor, uma beleza, uma sabedoria e uma glória inefáveis, abre-se ante a consciência sintonizada do artista num momento elevado de atenção intensa e, por um segundo, a vida é então vista como essencialmente é. Mas a visão desaparece, desvanece-se o fervor e a beleza dissipa-se. O homem fica com um sentimento de angústia, de perda e, contudo, com a certeza do conhecimento e de um desejo de expressar aquilo que contatou, o que representa uma experiência nunca antes vivida. Deve reencontrar o que viu e revelá-lo aos que não experimentaram esse momento secreto de revelação; deve expressá-lo de alguma forma e revelar aos outros o significado que existe por trás da aparência fenomênica. Como o poderá fazer? Como recuperará aquilo que foi seu uma vez e que parece ter desaparecido do seu campo de consciência? Deve compreender que o que viu e tocou continua lá, e encarna a realidade; que foi ele que se retirou e não a visão. A dor que sofre nesses momentos intensos deve se suportada e vivida uma vez mais e ainda novamente, até que o mecanismo de contato se acostume à elevada vibração e possa, não apenas perceber e tocar, mas reter e tomar contato à vontade com esse mundo oculto de beleza. O cultivo deste poder de entrar, reter e transmitir, depende de três coisas.

1- A vontade de suportar a dor da revelação.

2- O poder de se manter no elevado ponto de consciência de onde vem a revelação.

3- A centralização da faculdade imaginativa sobre a revelação, ou sobre uma grande parte desta que a consciência cerebral pode trazer à zona iluminada do conhecimento externo. E a imaginação ou a faculdade de criar imagens que vincula a mente e o cérebro juntos e assim produzir a exteriorização do esplendor velado.

Se o artista criativo meditar sobre estas três condições requeridas - paciência, meditação e imaginação - desenvolverá em si próprio o poder de resposta a esta quarta regra do controle pela alma e finalmente conhecerá a alma tal como ela é: o segredo da persistência, a reveladora das recompensas da contemplação, e a criadora de todas as formas no plano físico.

Este emprego da imaginação criativa e os frutos do seu esforço, atuarão nos vários campos da arte humana de acordo com o raio do artista criativo. Não devemos esquecer que o artista se encontra em todos os raios; não há um raio particular que produza mais artistas do que outro. Aparentemente, a forma tomará uma expressão espontânea, quando a vida interna do artista for ordenada, produzindo assim a organização externa das suas formas de vida. A verdadeira arte criativa é uma função da alma; a principal tarefa do artista é, portanto, o alinhamento, a meditação e a focalização da sua atenção no mundo de significados.

A isto segue-se a tentativa para exprimir as ideias divinas em formas adequadas, de acordo com a capacidade inata e as tendências de raio do artista, em qualquer campo escolhido, e que constitui para ele o melhor meio para realizar o seu esforço. Isto é acompanhado do esforço, efetuado constantemente no plano físico, para equipar, instruir e formar o mecanismo cerebral, da mão e da voz, por meio dos quais deve fluir a inspiração, para expressar de forma exata e exteriorizar corretamente a realidade interna.

A disciplina que isto implica é grande e é aqui que fracassam muitos artistas. O seu fracasso baseia-se em muitas causas - no temor de que o uso da mente possa paralisar o seu esforço e a crença de que a arte criativa espontânea seja, e deva ser, principalmente, emocional e intuitiva e não mutilada nem inibida por uma atenção demasiada ao treinamento da mente.. Esta atitude fundamenta-se na inércia que considera trabalho criativo a linha de menor resistência e que não procura compreender a maneira como chega a inspiração, nem como se exterioriza a visão, nem compreender a técnica das atividades internas, mas que simplesmente obedece a um impulso. Também indica um desenvolvimento irregular e desequilibrado, resultado do fato que, através da especialização ou do intenso interesse centralizado numa série de encarnações, tem uma capacidade de estabelecer contato com a alma, segundo uma única linha de esforço, mas não a capacidade para entrar em contato com a alma. Isto é facilitado pelo fato do artista durante muitas vidas ter estado sob a influência de um determinado raio da personalidade. Daí o paradoxo ocultista enunciado mais acima, que justifica a atenção dos artistas. Outro e frequente fator de fracasso é a extrema vaidade e ambição de muitos artistas.

Há a capacidade para sobressaírem em determinado campo e, nele, evidenciarem maior capacidade do que o homem comum. Mas a capacidade de viver como almas não existe e a sua alardeada capacidade existe numa só direção. Frequentemente não têm disciplina de vida, nem autocontrole, mas em seu lugar há criações geniais, realizações prodigiosas no ramo artístico escolhido, e uma existência vivida em contradição com a divindade expressada pelas realizações artísticas. A compreensão do significado e da técnica do gênio é uma das tarefas da nova psicologia. O gênio é sempre a expressão da alma em alguma atividade criativa que revela, assim, ao mundo dos significados, da divindade e da beleza oculta, velado geralmente pelo mundo dos fenômenos mas que demonstrará um dia a sua verdade.

e - O Fator Analítico

A quinta qualidade ou atividade da alma é o fator analítico. Constitui uma lei que rege a humanidade. Isto deve ser sempre lembrado. A análise, a discriminação, a diferenciação e o poder de distinguir, são atributos divinos. Quando produzem um sentimento de separatividade e de diferença estimulam as reações da personalidade e são, portanto, mal aplicadas e utilizadas pelo indivíduo. Contudo, quando são mantidas num sentimento de síntese e usadas na aplicação do Plano para o todo, são qualidades e leis da alma e essenciais para o correto desenvolvimento do propósito divino. O Plano de Deus vem à existência por meio da correta aplicação da ênfase e, quando realçamos um aspecto ou qualidade, excluímos temporariamente ou relegamos a uma breve passividade um ou mais aspectos. Esta é uma parte principal da atividade da lei dos ciclos com a qual trabalham os Mestres. Implica, da Sua parte, o emprego constante da faculdade de análise e do poder de discriminar.

O fato de que, no tempo e no espaço, os pares de opostos prevalecem e são utilizados pelos Mestres para tecerem a trama da vida, é uma indicação desta diferenciação primordial do Um nos dois, dos dois nos três e dos três nos sete fundamentais e estes sete na multiplicidade.
Da unidade à diversidade o trabalho prossegue e tudo o que o compõe emerge sob a lei da alma que é a lei da análise dentro do campo da síntese.

As "sementes da diferença", como são chamadas, são os fatores principais empregados para produzir o mundo fenomenal. A Hierarquia trabalha com as sementes como o jardineiro trabalha com as sementes das flores e destas aparecem as formas necessariamente diferenciadas, produzindo ainda mais distinções. A semeadura destas sementes, o seu cuidado e tratamento são parte da tarefa fenomênica da Hierarquia, particularmente na inauguração da Nova Era, como acontece hoje. Os Mestres devem compreender, antes de mais nada, qual o sentido que a vontade de Deus procura expressar em determinado ciclo particular do mundo. Devem compreender o significado dos impulsos que emanam das fontes mais elevadas do que Seus próprios campos de expressão e do dharma e cuidar para que as sementes das novas formas sejam adequadas à intenção desejada. Devem avaliar a natureza da realidade que cada Era tem que revelar no desenvolvimento progressivo do propósito divino; tem também a responsabilidade de trabalhar de tal maneira que a realidade externa se aproxime o mais possível (em aparência e qualidade) à verdade interna. Tudo isto se torna possível por meio da compreensão do fator ou regra analítica, considerando-a como uma lei que rege ou produz o controle pela alma, tanto nos níveis da alma quanto nos níveis das aparências. Aí está uma das principais tarefas da Hierarquia e implica um tipo muito apurado do controle mental, de apreensão intuitiva e um intenso desejo de análise. Faríamos bem em refletir sobre estas palavras.

Deve-se lembrar que a análise governa o aparecimento do quinto reino da natureza, o reino de Deus, no plano fenomênico. Esta aparição pressupõe uma distinção entre o quinto reino e os outros quatro reinos. Contudo, esta distinção tem uma só direção, isto é, a direção da consciência. Aqui reside o principal interesse, pois, nisso, o quinto reino difere dos outros. Os quatro reinos têm tipos fenomênicos separados e diferenciados grupos de formas. Os fenômenos do reino vegetal e do reino animal, por exemplo, são extremamente distintos. Porém, no quinto reino observar-se-á uma nova condição ou estado de coisas. A aparência externa fenomênica será conservada, no que se refere à forma, embora o refinamento e a qualidade serão intensificados. O reino de Deus materializar-se-á na humanidade e através dela. Mas no domínio da consciência encontrar-se-á um estado de coisas muito diferente.

Um Mestre de Sabedoria parece ser, fenomenicamente, um ser humano. Tem os atributos, funções, hábitos e mecanismo físicos no quarto reino da natureza, mas dentro da forma, a consciência é completamente distinta. Por conseguinte, a análise feita nestas páginas reporta-se a uma diferença de consciência e não a uma diferença de forma. O símbolo permanece imutável, embora no plano externo seja perfeito, mas a sua qualidade e o seu estado de consciência são tão diferentes como os que existem entre um ser humano e um vegetal. De certo modo este é um novo conceito e as suas implicações são prodigiosas. Está aí o segredo de toda a transformação, nesta época, no mundo de significados; e implica um novo conhecimento e uma nova apreciação, por toda a humanidade, de um mundo mais vasto de valores, mas - e aqui há algo interessante - é uma percepção levada para um novo reino da natureza e contudo permanecendo numa parte do antigo. Eis onde tem lugar a nova síntese e a nova fusão.

Não constitui parte do plano de Deus uma contínua e indefinida aparição cíclica de novas e imprevisíveis formas. A humanidade seguirá aperfeiçoando o mecanismo humano para manter paralelamente o crescimento da consciência divina no homem, mas uma vez que nestas três linhas da divindade se encontrem e se fundam, não é necessário que continuem a aparecer novas e drásticas diferenciações no mundo externo dos fenômenos, à medida que se alcançam outros estados de consciência. No passado, cada novo desenvolvimento de consciência precipitou novas formas. Isso não ocorrerá mais, A consciência de Deus atuando em e sobre a substância do reino mineral produziu formas totalmente diferentes daquelas que a mesma consciência - operando sobre a substância superior - empregou no reino animal e no reino humano. Conforme o plano divino para este sistema solar, a diferenciação da forma tem as suas limitações e não pode ultrapassar certo ponto, o qual, para este ciclo mundial, foi atingido no reino humano. Agora, no futuro, o aspecto consciência da Divindade continuará a aperfeiçoar as formas do quarto reino da natureza por meio daqueles cuja consciência é a do quinto reino.

Esta é a tarefa da Hierarquia de Mestres, e delegada ao Novo Grupo dos Servidores do Mundo que, no plano físico, pode chegar a ser um instrumento da Sua vontade. Por meio deste grupo, as qualidades divinas internas de boa vontade, paz e amor, podem aumentar e expressar-se através dos seres humanos, atuando nas formas do quarto reino.

Expusemos estes pontos interessantes por que é essencial que se compreenda o fator analítico no campo da síntese.

Confunde-se frequentemente análise com separatividade. O problema é complexo e difícil, mas a compreensão das implicações subjacentes emergirá à medida que a raça cresça em sabedoria e conhecimento. O que nos interessa aqui é a concepção do Plano tal como os iniciados o captaram.

f - A Qualidade, Inata no Homem, para Idealizar

É interessante observar quão automática e naturalmente os fatores que induzem ao controle pela alma, como foram descritos até agora, nos trouxeram à sexta lei ou regra, o poder - inato, inerente e espiritualmente instintivo - de idealizar. O instinto, o intelecto, a intuição, a idealização e a iluminação, são apenas diferenciações e aspectos característicos de uma grande capacidade inerente ao homem, e que se encontram em todas as formas de todos os reinos e em diversos graus. Quer seja o poder da pequena semente, profundamente escondida na terra escura, de atravessar barreiras circundantes que a levam a emergir para a luz, quer seja o poder de um ser humano de elevar-se da morte na matéria para a vida de Deus, e de penetrar no mundo do Real procedendo do reino do irreal, é tudo o único fator fundamental do idealismo.

A antropologia e a história dão-nos conta da evolução do homem, individualmente e das nações e das suas atividades no plano das aparências.

Mas existe uma história que hoje está sendo lentamente formulada: é a história da semente da consciência na natureza e do crescente poder de reconhecer ideias e de prosseguir na sua realização. Esta é a nova história que - tal como se pode esperar - nos está conduzindo firmemente ao mundo dos significados e nos revelando gradualmente a natureza dos impulsos e das tendências que têm conduzido a raça firmemente para diante, desde o ponto mais denso da vida concreta e primitiva até o mundo da percepção sensível.

É neste campo que trabalham os Mestres e no qual eles convocam Seus discípulos para que sejam ativos. O poder das ideias só agora começa a ser compreendido. A potencialidade da idealização, as formas que as ideias devem tomar, e a promoção do culto das ideias corretas representam os principais problemas a serem abordados na Nova Era.

g - A Interação das Grandes Dualidades

A sétima Regra - a da interação das grandes dualidades - é uma das regras fundamentais para obter o controle pela alma e não é nada fácil para o estudante compreendê-la. É uma lei fundamental da vida da alma. A razão porque é tão difícil compreender o paradoxo da unidade da alma por meio da dualidade é que, falando dos pares de opostos, a ênfase for posta, durante épocas, nas dualidades astrais e na necessidade, para a humanidade, de escolher o caminho estreito que passa entre os pares de opostos.

O estudante encontra-se no campo de batalha das dualidades e deve encontrar o caminho estreito como o fio da navalha que se abre diante dele e que o conduz ao portal da iniciação. Mas, essencialmente, estes pares de opostos são apenas reflexos dc uma correspondência superior e divina. Aqui a lei considerada é a que governa as relações entre a vida e a forma, entre o espírito e a matéria.

Não posso alongar-me neste assunto, pois só os iniciados que transcenderam, nas suas vidas, o reflexo inferior das dualidades, podem começar a abranger o verdadeiro significado espiritual desta regra para o controle pela alma, no seu significado mais amplo e essencial. Portanto, não é necessário penetrar nesta questão tão complexa neste Tratado Nossa tarefa consiste, antes, em adquirir uma sábia compreensão da visão até onde nos permite a nossa capacidade. Só assim nos chegará a libertação final, mas também a força para vivermos neste mundo e sermos úteis aos nossos semelhantes.

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