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Livros de Alice Bailey

Psicologia Esotéria - Volume II
Volume I
Volume II


Volume II
Capítulo I - O Raio Egoico - II. As Sete Leis da Alma ou a Vida Grupal
Apresentação
1.A Lei do Sacrifício
2- A Lei do Impulso Magnético
3- A Lei do Serviço
4- A Lei da Repulsão
5- A Lei do Progresso Grupal

6- A Lei da Resposta Expansiva

7- A Lei dos Quatro Inferiores

Apresentação

Esta é uma parte do estudo da alma e da sua vida, de grande importância para todos aqueles que vivem (ou começam a viver) e atuam como almas conscientes, por meio do alinhamento bem definido e de uma união total. Esta parte será portanto um tanto obscura para aqueles cujas vidas estão centralizadas na personalidade. No decorrer dos tempos, as Escrituras do mundo e os que têm procurado explicá-las têm-se preocupado em fazer a humanidade compreender a natureza das qualidades e características que vêm distinguir todos os verdadeiros crentes, todos os verdadeiros aspirantes e todos ou discípulos sinceros, quer sejam cristãos ou não. O ensinamento foi sempre dado em termos de boa conduta e reta ação e, portanto, com base nos efeitos, produzidos por causas internas nem sempre especificadas. Fundamentalmente, todas estas virtudes, boas inclinações e todos os esforços para exprimir as qualidades recomendáveis, representam a expressão, no plano físico, de certas energias e tendências, inerentes à própria alma. Estas, por sua vez, são governadas por energias e leis, de natureza diferente das que regem a personalidade. É importante dar ênfase a isto e ter presente que os poderes da alma, tal como se apresentam hoje no mundo, constituem (no seu desenvolvimento) um grupo de fenômenos que teriam sido considerados como mágicos, impossíveis e super-humanos há alguns séculos. As descobertas da ciência, a adaptação das leis que governam a matéria e dirigem a energia material para o serviço da humanidade e para suprir suas necessidades crescentes, o mecanismo delicado e sutil do corpo humano com sua sensibilidade em contínuo desenvolvimento, criaram uma consciência mundial e uma civilização que - apesar dos evidentes defeitos, todos baseados nas atitudes separatistas e egoístas das personalidades por meio das quais a alma deve ainda trabalhar - são uma garantia da divindade inata no homem, com tudo o que lhe pode ser inerente e do que se deduz dessa frase.

O que ainda não se alcançou é que estas qualidades emergentes "semelhantes a Deus", estas características salutares e as virtudes da humanidade que surgem lentamente, apenas indicam as potencialidades ocultas, ainda não estudadas cientificamente. As qualidades da bondade são assim chamadas porque representam, em essência, as energias que controlam as relações de grupo; os poderes chamados super-humanos são fundamentalmente aqueles que exprimem a atividade de grupo, e as virtudes são unicamente os efeitos da vida de grupo, corretamente utilizados, que procuram expressar-se no plano físico. A crescente ciência das relações sociais, da responsabilidade social ou da vida cívica coordenada, da economia científica e das inter-relações humanas, o constante desenvolvimento das relações internacionais, o sentido da unidade religiosa e a interdependência econômica, constituem indicações da presença de energias da vida da alma sobre o plano físico e no seio da família humana. Daí resulta o conflito dos ideais no mundo de hoje; daí o dualismo maciço de onde provém tanta perplexidade, daí os compromissos e daí as inconsistências. Eis onde se encontram a causa de todas as divergências no mundo dos ideais civilizados e os motivos completamente diferentes que impelem as pessoas de bons motivos e intenções e de elevados princípios, a empreenderem atividades antagônicas.

Há duas séries de princípios que controlam a vida humana; a egoísta e a altruísta, o bem individual e o bem coletivo, a meta objetiva e a meta subjetiva, o incentivo material e o estímulo espiritual, o patriotismo nacional e o ideal mundial, as crenças religiosas separatistas e a federação das religiões e o conjunto das numerosas dualidades importantes que simplesmente indicam o realismo das pessoas que são personalidades (integradas e separatistas) ou das almas (alinhadas e conscientes de grupo). Está aí a principal divergência no mundo de hoje; com o peso do poder do lado da separatividade, devido a ser esta a linha de menor resistência e das diferenciações críticas. Gradualmente, as duas se equilibrarão com o peso do idealismo mundial pouco a pouco transferindo-se para o reino da unificação da alma até que, finalmente (mas só depois de ter passado um certo tempo) a ênfase do pensamento mundial se coloque definitiva e permanentemente "do lado dos anjos". Observai a verdade ocultista que esta frase familiar encerra. Por conseguinte, podemos procurar por novas leis, regendo a vida da alma, que é a vida grupal, para começar a atuar e a fazer sentir a sua presença. A princípio, isto aumentará as dificuldades mundiais; daí a necessidade de tornar claro o significado destas leis, os seus objetivos simples e compreensíveis as suas potencialidades.

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1- A Lei do Sacrifício

O tema que vamos estudar agora é difícil e levantará controvérsias. O fio que nos guiará para fora do intrincado labirinto dos pensamentos confusos, nos quais deveremos forçosamente entrar, é o fio de ouro do amor grupal, da compreensão grupal, das relações e da conduta grupais.

Esta Lei do Sacrifício, que é a primeira das leis a ser apreendida pela inteligência humana e é, por conseguinte, a de mais fácil compreensão para o homem (porque já é governado por ela e tem disso consciência), alcançou a sua primeira expressão principal durante esta Era que lentamente está desaparecendo, a Era de Peixes. Esta Lei sempre funcionou e esteve ativa no mundo, porque é uma das primeiras, dentre as leis subjetivas internas, a se expressar conscientemente, como um ideal ativo, na vida humana. O tema de todas as religiões mundiais foi o sacrifício divino, a imolação da Divindade Cósmica, por intermédio do processo da criação universal e dos Salvadores do mundo, mediante Sua morte e sacrifício como meio de salvação, de libertação e redenção final. A cegueira e a influência contaminadora do homem separatista inferior são tais que esta lei divina do sacrifício tem sido utilizada com a intenção egoísta de uma salvação pessoal e individual. Mas a verdade travestida mantém a verdade imaculada no seu próprio plano e esta lei mundial dominante governa o aparecimento e desaparecimento de universos, de sistemas solares, de raças e de nações, de dirigentes mundiais, de seres humanos que encarnam e dos que se revelam como Filhos de Deus.

Vejamos se podemos interpretar ou definir o verdadeiro significado desta lei, que é realmente a expressão de um impulso divino, conduzindo a uma atividade definida, com os seus lógicos e subsequentes resultados e efeitos. Foi esse aspecto do sacrifício que conduziu à criação dos mundos e à manifestação do Criador divino.

Poder-se-ia sem dúvida compreender melhor a Lei de Sacrifícios se ela fosse expressa em termos sinônimos.

a- O SIGNIFICADO DA LEI DO SACRIFÍCIO

Ela significa o impulso de dar. O segredo todo das doutrinas do "perdão dos pecados" e da "união total" encontra-se oculto nesta simples frase. É a base da doutrina cristã do amor e do sacrifício. Daí a ênfase posta na era de Peixes e, através da influência do cristianismo, precisamente nestas duas coisas - o perdão e a unificação. Que o homem, como de costume, desfigurou e distorceu o ensinamento e a verdade e que o ensinamento, como sucede com tudo o mais na atualidade, tenha caído na fascinação e ilusão do plano astral, sob a influência de Peixes, é exato. O pensamento do homem dominou e deformou o ideal e produziu uma doutrina tão condenável como a dos eleitos de Deus, dos escolhidos do Senhor ou do único povo a se beneficiar com o sacrifício e morte do grande Filho de Deus e que passa, devido aos méritos adquiridos por essa morte expiatória, a um estado de bem-aventurança nos céus, simplesmente em virtude de uma escolha emocional. Esta doutrina ignora aqueles milhões que não fizeram tal escolha, nem tiveram a oportunidade de fazê-la. A atividade simbólica do grande Instrutor de Nazaré não será corretamente compreendida nem apreciada, senão quando as implicações grupais forem mais cuidadosamente estudadas, quando o sentido do sacrifício e da morte vierem para o lugar correto na consciência humana e também quando a lei de dar, com tudo quanto ela abarca, seja justamente compreendida e aplicada. Aqueles que assim se sacrificam são:

A Divindade solar que deu a Sua vida ao universo, ao sistema solar, ao planeta e aos mundos manifestados que consequentemente apareceram. A Divindade cósmica agiu igualmente da mesma forma. Mas que significa isso para nós? Nada, exceto como um símbolo. Foi o Seu impulso, a Sua vontade, o Seu desejo, o Seu incentivo, a Sua ideia e propósito de aparecer. Então o ato criador teve lugar e o processo de manifestação começou a sua existência evolutiva e cíclica. O Cristo Cósmico foi crucificado na cruz da matéria e, devido a esse grande sacrifício, foi oferecida uma oportunidade a todas as vidas em evolução em todos os reinos da natureza e em todos os mundos criados. Assim eles puderem progredir. Começou o trabalho, no tempo e no espaço, com a marcha prodigiosa dos seres viventes em direção à meta até agora incompreendida. Não nos é possível dar qualquer razão da escolha feita pela Divindade para assim obrar. Não conhecemos Seu fundamental propósito ou plano; e apenas aspectos da Sua técnica e método começam a aparecer nas mentes iluminadas. Aqueles que sabem muito mais que nós, devido ao seu maior ciclo de vida e experiência, insinuam que um fraco vislumbre dessa intenção eterna e cósmica está despontando na consciência d'Aqueles que passaram algumas das iniciações superiores. A sua natureza deve necessariamente permanecer incompreensível para a humanidade. Tudo o que a inteligência do ser humano pode captar, numa visão retrospectiva da história do planeta (até onde nos pode proporcionar a história moderna) é que houve:

1- Um progresso do poder humano em ficar consciente.

2- Um refinamento crescente e paralelo das formas de vida nos vários reinos da natureza.

3- Uma intensificação da atividade consciente, numa escala de vida acelerada e progressiva, que tende constantemente a transcender o tempo, tal como o conhecemos.

4- Uma ampla expansão na conscientização do progresso que se estende de uma a outra dimensão, até hoje falarmos em termos de um estado de consciência quadrimensional, podendo ainda apreender o fato de que são maravilhosamente possíveis cinco ou seis dimensões.

5- Um controle científico crescente dos elementos nos quais vivemos e das forças da natureza. Atualmente falamos em termos de domínio do ar, exatamente como há quinhentos anos (quando tal coisa se considerava impossível) se falava em termos do domínio dos mares. Estamos neutralizando a atração da força da gravidade da terra, de modo que possamos "voar até à face do sol".

6- Da vida instintiva da consciência sensorial nas formas materiais, progredimos até a vida intelectual dos seres humanos autoconscientes e até as conscientizações intuitivas daqueles que começam a atuar como entidades super-humanas.

Tudo isto resultou da atividade determinada e condicionada de uma grande Vida Que escolheu um sacrifício maior, sendo crucificada na Cruz cardinal dos Céus, passando por uma iniciação cósmica; Que, segundo o nosso medíocre e relativamente ignorante ponto de vista, encontra-se crucificada hoje na Cruz fixa dos Céus, e por meio da Cruz mutável está, todavia, produzindo mudanças no ciclo evolutivo, de forma a alcançar o desenvolvimento da consciência, o refinamento constante da forma e a intensificação da vida que caracteriza a Sua criação.

Um estudo desses objetivos assim expresso –

1- Um desenvolvimento da consciência.
2- Um refinamento das formas.
3- Uma intensificação da vida conscientemente,

proporcionará ao estudante sério uma compreensão pobre dos aspectos mais baixos do propósito divino. A imaginação humana vacila ante a maravilha que encerra tal ideia. Ainda que este seja um enunciado de fato e que estas ideias sejam a simples expressão de propósito cósmicos ainda mais profundos e mais belos, teremos que admitir que a meta está muito distante, muito além de toda a estimativa humana, dado que apenas a sua expressão mais inferior abarca os conceitos intuitivos e abstratos mais elevados de que é capaz a consciência humana mais evoluída? Peço-vos refletir muito seriamente sobre este pensamento e analisá-lo com viva consideração.

Será, portanto, evidente a razão pela qual a energia do quarto raio é a que está ligada a esta Lei do Sacrifício, e porque neste quarto esquema planetário e neste quarto globo (a Terra) se põe tanta ênfase na Lei de Sacrifício, "a Lei daqueles que escolheram morrer."

O quarto raio de conflito (conflito que acabe na harmonia) não é, na atualidade, um dos raios em manifestação, contudo - à luz de um ciclo mais vasto - este raio é um dos principais fatores controladores da evolução de nossa terra, assim como da evolução do nosso sistema solar, que é um sistema de quarta categoria. A compreensão do que ficou dito pode indicar a razão pela qual o nosso pequeno planeta, a Terra, tem aparentemente tanta importância no sistema solar. Não é por simplesmente querermos pensar desse modo e alimentar nossa arrogância, mas muito principalmente porque o quarto raio de conflito e esta primeira lei são – no tempo e no espaço - fatores dominantes no quarto reino da natureza, o reino humano. O nosso planeta, o quarto na série da expressão divina com que estamos associados, tem uma relação particular com a posição do nosso sistema solar, dentro da série dos sistemas solares que constituem o corpo de expressão d'Aquele de Quem Nada Pode Ser Dito.

Nunca deveremos esquecer que este quarto raio de conflito é o raio cujas energias, corretamente aplicadas e compreendidas, conduzem à harmonia e unificação. O resultado desta atividade harmonizadora é a beleza, mas uma beleza alcançada pela luta. Vivifica por meio da morte, harmoniza pela luta, produz uma unificação por intermédio da diversidade e da adversidade.

O sacrifício dos anjos solares trouxe à existência o quarto reino da natureza. Os "nirvanis que regressam" (como são designados na literatura esotérica), deliberadamente e com plena compreensão tomaram corpos humanos para elevar essas formas inferiores de vida até mais próximo da meta. Estes anjos eram e somos nós próprios. Os "Senhores do Conhecimento, da Compaixão e da perseverante e incessante Devoção (que somos nós) escolheram morrer para que as vidas inferiores pudessem viver e este sacrifício tornou possível a evolução da consciência da Divindade, ali manifestada. Esta consciência, tendo aberto caminho através dos reinos subumanos da natureza, necessitou da atividade dos anjos solares para possibilitar outros progressos. Nisto se baseia:

a- Nosso serviço a Deus, através do sacrifício e da morte;
b- Nosso serviço às outras almas, por meio do propósito deliberado de autosacrificio;
c- Nosso serviço a outras formas de vida nos demais reinos.

Tudo isso implica a morte e sacrifício de um Filho de Deus, um anjo solar, porque, do ponto de vista da Divindade, a descida à matéria, a manifestação através da forma, a tomada de um corpo, a expansão de consciência pelo processo de encarnação, tudo isto é considerado como sendo a morte, sob o plano ocultista. Mas os anjos "escolheram morrer e, morrendo, viveram". Pelo seu sacrifício, a matéria é elevada "aos Céus". Este é o tema que predomina nas páginas da Doutrina Secreta e está exposto com mais detalhes no Tratado sobre o Fogo Cósmico. O sacrifício dos anjos, a morte dos Filhos de Deus, a imolação do Cristo Místico, a crucificação no tempo e espaço de todas as entidades viventes chamadas almas - este é o tema daqueles livros. Este é o mistério oculto nas Escrituras do mundo e o segredo das idades, que somente é descoberto pelas almas dos homens quando cada um deles entra individualmente em relação consciente com a sua própria alma e descobre o que alegremente fez no passado e chega então à compreensão de que realizou o supremo sacrifício deliberadamente, nos albores do tempo, e que, em determinado momento na sua carreira como alma na terra, volta a repetir consciente e simbolicamente, em beneficio de outras almas, com o objetivo de acelerarem o seu progresso até a meta. Depois vem uma vida em que, numa ou noutra forma, personificará ou desenvolverá em si próprio e também ante o mundo espectador, o grande drama simbólico a que chamamos:

O Sacrifício de um Salvador do Mundo. É o tema do romance histórico de todos os grandes Filhos de Deus que, no curso dos tempos, chegaram a compreender o significado dó propósito divino de Deus, do Verbo encarnado através de um planeta, daqueles anjos solares que são, eles próprios, o Verbo encarnado através de uma forma humana. Quer eles aceitem aquele drama como fez o Cristo para apresentar ao homem o simbolismo da morte e do sacrifício ou, como fez o Buda, para apresentar o simbolismo do sacrifício da morte do desejo pessoal (para mencionar apenas dois dos Filhos de Deus manifestados, o Cristo e o Buda), o tema se conserva o mesmo - a morte do que é inferior para libertar o que é superior, ou - numa escala mais vasta - a morte do que é mais elevado na escala da existência, para libertar o que é inferior.

Mas a lição que deve ser aprendida (e o homem está atualmente empenhado em fazê-lo) é que a morte, conforme a compreende a consciência humana, as perdas, as desgraças, as alegrias e as aflições, somente persistem porque o homem ainda se identifica com a vida da forma e não com a vida e consciência da alma, o anjo solar, cujo estado de consciência é potencialmente o da Divindade planetária, Cujo maior grau de consciência é (por Sua vez) potencialmente o da Divindade solar. A partir do momento em que o homem se identifica com a sua alma e não com a sua forma, então ele compreende o significado da Lei do Sacrifício; ele passa a ser espontaneamente governado por ela; e se torna um daqueles que escolherão morrer com uma intenção deliberada. Mas não há sofrimento, nem tristeza, nem verdadeiramente morte.

Este é o mistério da ilusão e da fascinação. Todos os Salvadores do Mundo se libertaram destes dois fatores que os aprisionavam. Não se deixaram enganar. É bom também assinalar aqui que na Nova Era ampliaremos o nosso conceito sobre o termo Salvador do Mundo. Presentemente aplicamo-lo principalmente àquelas almas que emergem no raio do ensino, o segundo raio ou o do Cristo. Elas reproduzem o drama da salvação. Mas isso é um erro que se deve à poderosa fascinação emocional da era de Peixes. Esta influência astral tem as suas raízes na civilização atlante, que precedeu a nossa. Naquela época, a atenção dirigia-se para o corpo astral. Muitas coisas que ocorrem hoje e que podem vir a desenvolver-se, têm suas raízes naquele aspecto de energia. As sementes então lançadas, estão florescendo agora. Isto é muito bom e necessário, se bem que à custa de experiências angustiosas.

Mas é necessário reconhecer os Salvadores do Mundo como sendo aqueles que vêm para servir à raça, sacrificando-se em muitas direções e sob muitas formas. Podem aparecer como grandes governantes, ditadores, políticos, estadistas, cientistas e artistas. O seu trabalho é o de salvar, restituir ou renovar e revelar, e o cumprem à custa do próprio sacrifício. Como tais, devem ser reconhecidos pelo que são. Hoje incompreendidos, mal interpretados e julgados pelos seus erros, mais do que por seus objetivos. Mas são almas dedicadas. Eles salvam; elevam; integram; iluminam; e o resultado preciso de seu trabalho, sob o ponto de vista histórico, é bom.

A Lei do Sacrifício e o impulso para dar podem ser observados também em todos os reinos da natureza. É simbolizada para nós nos sacrifícios fundamentais que têm lugar nos vários reinos. As qualidades basilares dos minerais e das substâncias químicas da terra servem como exemplo. São necessárias para outras formas de vida e são dadas ao homem por meio do reino vegetal e através da água que bebe e, desta maneira, mesmo no primeiro e mais denso reino da natureza (cuja consciência está tão distante da nossa) este processo de dar se mostra bom. Mas não podemos delinear aqui esta Lei do Sacrifício nos reinos subumanos e devemos limitar a nossa atenção ao mundo da vida e da consciência humanas.

b- A OBRA DE REMISSÃO OU SALVAÇÃO

A Lei do Sacrifício também significa salvar e subjaz a todos os processos evolutivos e evidencia-se particularmente na família humana. O instinto de melhoria, o desejo de progresso (físico, emocional e intelectual), o esforço para aliviar as condições, a tendência à filantropia que tão rapidamente se estende pelo mundo e o sentido de responsabilidade que permite aos homens compreender que devem cuidar de seu irmão, representam, todos, expressões do instinto de sacrifício. Este fator, embora não desconhecido da psicologia moderna, é de uma importância muito mais vasta do que até agora reconhecida. Esta tendência instintiva é a que governa a Lei do Renascimento. É a expressão de um fator ainda maior no processo criativo. É o principal impulso determinante que impeliu a Alma do Próprio Deus a entrar na vida da forma; que impele a vida, através do arco involutivo, a prosseguir na descida até a matéria, produzindo assim a imanência de Deus. É também o que conduz a humanidade para diante na luta impiedosa pelo bem-estar material. É também o que exorta finalmente o homem a virar as costas no "mundo, à carne e ao diabo", como se diz no Novo Testamento, orientando-o para valores espirituais. O filho pródigo sacrificou a casa do pai quando escolheu errar pelos países longínquos. Desperdiçou e sacrificou a sua substância pelo uso que fez da experiência da vida na terra, até ter esgotado todos os seus recursos e nada mais lhe restar senão o sacrifício final do que tinha de mais querido, mas que verificou ser tão pouco satisfatório. Por estas coisas de menor valor sacrificara os valores superiores, e teve de regressar ao ponto de partida. Esta é a história da vida de todos os Filhos de Deus que vieram à encarnação como nos mostra a Bíblia simbolicamente. Mas o tema em todas as Bíblias do mundo é o mesmo.

Este impulso para o sacrifício, para renunciar a isto por aquilo, para escolher um caminho ou linha de conduta e assim sacrificar outro, perder para finalmente ganhar - tal é a história subjacente da evolução. Isto necessita de compreensão psicológica. É um princípio diretor que rege a própria vida e corre como um modelo de dourada beleza através dos elementos sombrios com os quais se constrói a história humana. Quando este impulso de sacrificar para vencer, para ganhar ou salvar o que se considera desejável, for compreendido, então a chave de todo o desenvolvimento do homem será revelada. Esta tendência ou impulso é alguma coisa diferente do desejo, tal como este é considerado e estudado hoje academicamente. Sua verdadeira conotação é a emergência do que há de mais divino no homem. É um aspecto do desejo, mas do lado dinâmico e ativo e não da sensação, do lado sensual. É a característica predominante da Divindade.

Para os estudantes do esoterismo seria interessante registrar que este impulso para salvar e sacrificar, no sentido de redimir, se manifesta por variadas maneiras nos diversos esquemas planetários. Cada Senhor de Raio de um esquema, manifestando-se por meio de um planeta, expressa esse impulso de várias maneiras, e cada expressão é tão diferente das outras que a única coisa que o ser humano pode fazer é sentir que esse método existe no nosso próprio planeta. Os iniciados sabem que as variadas características psicológicas das Vidas de raio condicionam muito particularmente o método para expressar o sacrifício, no transcurso da manifestação. A grande corrente de energia de vida que se manifesta no esquema evolutivo da nossa Terra é condicionada pelo temperamento, atitude e orientação de um "Divino Rebelde". É somente a rebelião que produz dor e tristeza, mas esta rebelião é inerente e inata à Própria Divindade do nosso planeta, "Aquele no Qual vivemos, nos movemos e temos o nosso ser". É, por conseguinte, uma tendência mais vasta do que a da unidade individual. Esta verdade assombrosa sobre a Vida planetária só se pode expressar veladamente pela simbologia e em termos do pensamento humano. Nisto há sempre um risco, dado que os homens interpretam tudo o que leem, ouvem e experimentam em termos relacionados e utilizados por eles próprios.

O Velho Comentário diz:

"Ele entrou na vida e soube que era a morte.
"Tomou uma forma e entristeceu-se porque a encontrou obscura.
"Decidiu sair do lugar secreto e procurou fora o lugar de luz e a luz revelou-lhe tudo o que não procurava.
"Desejava ardentemente permissão para voltar.
"Procurou o Trono, no alto, e Aquele que lá estava sentado; e exclamou: 'Eu não procurava isso. Aspirava ter paz, a luz, a liberdade para servir, para demonstrar o amor e para revelar o meu poder. Aqui não há luz. Não se encontra paz. Deixai-me regressar.'

Mas Aquele que estava sentado no Trono não voltou a cabeça. Parecia não escutar, nem ouvir. Mas da esfera inferior de trevas e de dor, uma voz surgiu e exclamou: 'Aqui sofremos. Procuramos a luz. Temos necessidade da glória de um Deus que intervenha. (Não encontrei outras palavras senão estas duas últimas para expressar o antigo símbolo do qual traduzo). Eleva-nos aos Céus. Entra, ó Senhor, na tumba. Ressuscita-nos para a luz e faze o sacrifício. Derruba os muros da prisão e penetra na dor.'

O Senhor da Vida voltou. Não lhe agradou e, daí, a dor."

As mesmas condições que misturam a Lei do Sacrifício com a dor, a tristeza e as dificuldades, encontram-se também nos planetas Marte e Saturno. Elas não são encontradas em outros planetas. Os que lerem atentamente A Doutrina Secreta e Um Tratado sobre o Fogo Cósmico sabem que a Terra não é um planeta sagrado. Todavia, Saturno, Marte e a nossa Terra constituem de uma maneira esotérica e curiosa, a personalidade de uma maravilhosa Vida de raio, Cuja energia é a do terceiro raio. Como já se especificou, há sete planetas sagrados, mas dez esquemas planetários e, em três casos (os dos três raios maiores), três planetas formam a personalidade de cada Vida de raio. Alguns pensadores esotéricos creem que o nosso sistema solar inclua doze planetas, estando bem fundamentada essa conclusão. A personalidade dessa Vida do terceiro raio atua por meio dos seguintes planetas:

1- O corpo mental, por intermédio do planeta Saturno;
2- O corpo astral, pelo planeta Marte; e
3- O corpo físico, pelo planeta Terra.

O valor potencial desta Vida é tal que Ela requer três esquemas completos - os três estreitamente ligados e interdependentes - através dos quais Ela se expressa. Urano, Júpiter e Vênus estão analogamente aliados para manifestar ou exprimir uma grande Vida.

Estes fatos constituem um tremendo mistério e não negam a afirmação de que Vênus tenha uma relação peculiar e íntima com a Terra. O ponto que se quer aqui acentuar é difícil de expressar, embora seja de grande importância. Procurarei ser mais explícito, utilizando os enunciados seguintes:

1- Só três esquemas planetários são conscientes da dor e da tristeza na medida em que entendemos estes termos; ninguém os conhece tão bem como o nosso Logos planetário.

2- A dor e a tristeza são o resultado da rebelião e do descontentamento divino. O instinto para obter melhorias, baseado no descontentamento, envolveu necessariamente o temperamento, ou atitude, planetário, que reconhece as dualidades.

3- Há uma etapa a ser alcançada na consciência humana, na qual aquilo que se encontra por detrás das dualidades - a etapa da unidade essencial - pode e deve ser reconhecido.

4- Quando isto se produzir, a consciência da nossa humanidade fundir-se-á com a consciência subjacente do todo, que não reconhece a dor nem a tristeza e, por conseguinte, escapou desta conscientização que governa predominantemente a consciência das três grandes Vidas do nosso sistema solar.

5- É esta verdade vagamente sentida que se encontra por detrás do mais elevado tipo de pensamento metafísico, tal como a Ciência Cristã (Christian Science) e da ênfase posta pela cristandade e escolas esotéricas na união.

Este instinto para alcançar o aperfeiçoamento através do sacrifício é, em si mesmo, multiforme.

Há, em primeiro lugar, o instinto para o aperfeiçoamento individual que conduz ao egoísmo, à cobiça e à tendência materialista para a aquisição de bens materiais.

Há, em segundo lugar, o instinto para alcançar melhoria de condições para outras pessoas, primeiramente por um motivo egoísta (que pretende evitar a aflição pessoal, pelo espetáculo de ver sofrer), e segundo, por um serviço desinteressado e puro, que é a qualidade da alma.

Há, finalmente, a aplicação ativa e o sacrifício total do eu inferior separado, através do poder de "manter-se na condição espiritual", o que significa logicamente ter atingido esse estado de consciência que transcende o que se pode chamar, simbolicamente, o estado de consciência da "Terra, Saturno e Marte".

Não se deve esquecer, contudo, que a contribuição dessas três grandes Vidas planetárias, ao personificarem de maneira proeminente a Lei do Sacrifício, através da dor e da rebelião, é uma grande contribuição ao todo, e grandemente enriquece o conjunto. As unidades de vida divina e os átomos de energia elétrica que passam através destes três esquemas planetários estão sujeitos a eles para adquirir essa sensibilidade psíquica que de outra maneira seria impossível. Apenas essas unidades de vida, que são predominantemente matizadas pelo terceiro raio de atividade, passam durante certo tempo por estes três esquemas. Uma alusão é aqui fornecida quanto à razão porque prevalecem as Mônadas do terceiro raio entre os filhos dos homens. O raio da inteligência ativa, expressando-se por meio dos sete tipos de raio, constitui, antes de tudo, o raio a que pertence a maioria das mônadas humanas, particularmente nesta época. Encontraremos, portanto, a gama dos tipos psicológicos colorindo a massa da nossa humanidade e o raio da inteligência ativa expressando-se por:

1- Vontade, evocando o propósito divino.

2- Amor, expressando a qualidade divina.

3- Intelecto, refletindo a Intuição.

4- Conflito, produzindo harmonia.

5- Conhecimento ou ciência, conduzindo ao esplendor.

6- Idealismo, estabelecendo o modelo divino.

7- Ritual ou organização, manifestando a Divindade.

Por conseguinte, psicologicamente falando, e quando se alcançou um maior conhecimento das energias que determinam o tipo de um homem, uma pessoa, por exemplo, cuja Mônada está presumivelmente no terceiro raio, o seu ego sendo do quarto raio e a sua personalidade no sétimo raio, será designada por um Três, IV.7. Nesta simples fórmula se encontrarão as diferenças menores e uma personalidade do sétimo raio pode ter um corpo mental do primeiro raio, um corpo astral do quinto raio e um corpo físico do terceiro raio. A fórmula que poderia descrevê-la seria:

Três, IV. 7. (1-5-3)

A interpolação disso seria:

Mônada Terceiro raio
Ego Quarto raio
Personalidade Sétimo raio
Corpo mental Primeiro raio
Corpo astral Quinto raio
Corpo físico Terceiro raio

De acordo com a fórmula apresentada, os próprios estudantes poderiam achar interessante estabelecer as suas próprias fórmulas pessoais e de outros. Conviria fazê-lo conjuntamente com os respectivos horóscopos. Trataremos do caso mais detalhadamente, depois de termos considerado as implicações astrológicas dos raios.

Portanto, a Lei do Sacrifício nunca poderá ser eliminada do esquema da nossa Terra na medida em que se trate das reações humanas e subumanas à tristeza e à dor, nem se poderá eliminá-la dos planetas Saturno e Marte. É algo relativamente desconhecido nos outros esquemas. A bem-aventurança e o Sacrifício são termos sinônimos no que respeita ao nosso Logos solar e também para a maioria dos Logos planetários. Isto não pode ser esquecido. Um aspecto dessa libertação das limitações da dor e da tristeza encontra-se entre os mais evoluídos filhos dos homens da Terra que conhecem o êxtase do místico, a exaltação do iniciado e a dolorosa agonia do sacrifício ou de outro sentimento levado ao ponto de sublimação. Quando este ponto tiver sido alcançado, o mecanismo do sofrimento e a capacidade de registrar as percepções sensoriais é transcendida e o homem momentaneamente evade-se para o plano da unidade. Ali não há dor, tristeza, rebelião, nem sofrimento. Quando o vivente e vibrante antahkarana, ou ponte, está construído, este "caminho de escape" converte-se no caminho normal da vida. Então, automaticamente, evade-se da dor, pois o foco de consciência encontra-se noutro lugar.

Nos casos já mencionados e onde o antahkarana não é ainda um fato estabelecido e consumado, o delgado fio do "caminho de escape" projeta-se para diante, sob uma tremenda pressão e estímulo, como um raio de luz vibrante e, momentaneamente, toca naquilo que é o Eu. Daí o êxtase e a exaltação. Mas isto não dura e não pode ser conscientemente reatado, enquanto não atingir a terceira iniciação.

Depois disso, o "caminho de escape" tornar-se o "caminho da vivência diária" (tradução inadequada para uma antiga frase ocultista). O sofrimento é então firmemente transcendido e os pares de opostos - prazer e dor - já não dominam o discípulo.

Tudo isto constitui o tema da psicologia esotérica e, quando for corretamente compreendido, explicará:

1- A influência saturnina na vida humana.

2- A cessação da rebelião, ou o fim da influência marciana.

3- A construção do antahkarana que liberta o homem do controle da vida da personalidade.

4- A evocação da consciência de grupo.

5- A consequente negação da dor e da tristeza.

6- A entrada no Nirvana e o começo do verdadeiro caminho.

A Lei do Sacrifício significa também:


c- RENÚNCIA AO GANHO

Este é o tema fundamental do Bhagavad Gita. Nesse tratado sobre a alma e o seu desenvolvimento, ensina-se a "agir sem apegos", e desse modo estabelecer as bases de renúncias posteriores que podem efetuar-se sem dor, nem sentido de perda, porque se terá adquirido poder, sempre latente em nós, de nos desprendermos das posses adquiridas.

Esta lei opera de diversas maneiras e só é possível indicar alguns significados gerais que encerram as principais lições para cada discípulo.

Primeiramente, a alma deve renunciar à personalidade. Durante largos períodos a alma identificou-se com o eu pessoal inferior, e por intermédio desse eu inferior, adquiriu experiência e muito conhecimento. Deverá chegar um tempo em que esse agente "não será mais querido" à alma e inverter-se-ão as respectivas posições. A alma já não identificará com a personalidade, mas esta se identificará com a alma e perderá a sua qualidade e posição separadas. Tudo o que adquiriu no transcurso de várias épocas de lutas e conflitos, através de desastres e de desejos satisfeitos e tudo o que a roda da vida, girando sem cessar, trouxe para a posse da alma - a tudo deve renunciar. A vida, para o discípulo, torna-se então uma série de processos de desapegos, até aprender a lei da renúncia.

A sequência é, primeiro, despaixão, depois discriminação e finalmente desapego. Todos os discípulos devem meditar sobre estas três palavras, se querem um dia colher os frutos do sacrifício.

"Tendo impregnado os mundos com um fragmento de Mim Mesmo, Eu permaneço". Tal é o tema do esforço da alma e tal é o espírito que deve ser a chave de todo o trabalho criativo. Neste pensamento reside a pista para o símbolo da Lei do Sacrifício - uma cruz rosada com um pássaro que voa sobre ela. Esta é a cruz amada (rosada é a cor do afeto) com o pássaro (símbolo da alma) a voar livre no espaço e no tempo.

Segundo, a alma deve igualmente renunciar, não apenas ao seu laço e aos seus ganhos alcançados através do contato com o eu pessoal, mas ainda renunciar definitivamente a todos os laços com os outros eus pessoais. A alma deve aprender a conhecer e a entrar em contato com outras pessoas unicamente no plano da alma. Esta é, para muitos discípulos, uma dura lição. Podem ter tido pouca atenção para com eles próprios e terem aprendido muito do desapego pessoal. Poderão ter aprendido a transcender tudo isso, e podem transcendê-lo a um alto grau, mas o amor pelos filhos, a família, os amigos e íntimos é para eles de suprema importância e esse amor os mantém prisioneiros dos mundos inferiores. Não se detêm para reconhecer que esse amor é, antes de mais nada, o amor pelas suas personalidades, e apenas secundariamente, pelas almas. É contra esta rocha que muitos discípulos se têm chocado durante várias vidas, até que pela dor e sofrimento, pelas perdas constantes daquilo que mais amavam, seu amor entra numa fase mais nova, mais elevada e verdadeira. Elevam-se para além do pessoal e voltam a encontrar depois das perdas e sofrimentos aqueles a quem agora amam como almas. Compreendem finalmente que houve ganho e não perda, e que somente o que era ilusório, efêmero e falso, desapareceu. O Homem verdadeiro ganhou e nunca mais poderá perder-se novamente.

Este é o problema que frequentemente enfrentam os pais que se encontram no Caminho do Discipulado e que por meio dos seus filhos aprendem a lição que pode levá-los à iniciação. Retêm para si os filhos e, por ser isto contrário à lei da natureza, isso acarreta-lhes desastres. É um egoísmo extremo. Além disso, se ao menos pudessem ver e compreender corretamente, compreenderiam que, para reter, é precioso desapegar-se e, para conservar, é preciso libertar. Tal é a lei. A alma deve também aprender a renunciar aos frutos ou ganhos de serviço e aprender a servir sem apegar-se aos resultados, aos meios, às pessoas ou aos aplausos. Tratarei mais adiante deste assunto.

Quarto, a alma deve desprender-se também do sentido de responsabilidade sobre aquilo que possam fazer os outros discípulos. Muitos servidores sérios retêm seus companheiros de trabalho e não querem perder o domínio sobre eles e suas atividades no plano externo. Isto é um erro sutil que se mascara sob um sentimento de legítima responsabilidade, acobertado de uma adesão a princípios, como são concebidos pelo indivíduo e pela experiência acumulada - mas forçosamente incompleta do discípulo.

A relação entre discípulos é egoica e não pessoal. O vínculo é o da alma e não o mental. Cada personalidade segue o seu próprio caminho, deve suportar suas próprias responsabilidades, cumprir o seu dharma e o seu carma e responder assim, por si mesmo, ao seu Senhor e Mestre - a Alma. E haverá uma resposta. Isto dá impressão de separação e de solidão? Sim, na medida em que se trata de atividades externas A única maneira de levar a cabo um trabalho unificado consiste na cooperação dos servidores, quando existe um vínculo interno, subjetivo.

Nesta época da história do mundo e da sua periódica salvação das condições que estão destruindo a atual civilização, é necessário que os aspirantes se deem conta do fato de que esse processo de salvação deve ser levado a cabo segundo a Lei do Sacrifício, e que somente uma unidade externa relativa pode ser alcançada atualmente. Para a maioria dos servidores a visão não é ainda muito clara, a ponto de fazê-los trabalhar com perfeita unidade de propósitos e objetivos, de técnica e método, ou completa compreensão e unidade de abordagem.

Esta cooperação fluida e perfeita jaz ainda no futuro. O estabelecimento de um contato e relações internas, baseadas na compreensão da unidade de propósitos e no amor da alma, é magnificamente possível, e por este objetivo devem lutar e esforçar-se todos os discípulos.

No plano externo, devido à preponderância da mente separatista desta época, não é possível um acordo completo quanto aos detalhes, métodos e interpretação de princípios. Mas - as relações e cooperação internas devem ser estabelecidas e desenvolvidas, apesar das divergências de opinião. Quando o vinculo interno é mantido pelo amor, quando os discípulos renunciam ao sentimento de autoridade recíproca e da responsabilidade sobre as atividades alheias e, ao mesmo tempo, se mantêm ombreados no Trabalho Uno, então as diferenças, as divergências e os pontos de desacordo serão automaticamente superados. Há três regras que são importantes para o discípulo de hoje.

Primeiro, cuidar para que não se permita nenhuma fenda nas relações internas entre vocês. A integridade do grupo de servidores internos deve ser preservada intacta.

Segundo, prosseguir com o cumprimento do próprio dever, assumir as próprias responsabilidades e depois deixar que os condiscípulos façam o mesmo, livres do impacto do seu pensamento e critica. São muitos os caminhos e os meios; os pontos de vista variam com cada personalidade. O principal neste trabalho é o amor a todos os homens e o serviço à raça, preservando ao mesmo tempo um mais profundo amor interno para com todos aqueles com quem se está destinado a trabalhar. Cada alma progride no caminho da luz por meio do serviço prestado, pela experiência adquirida, pelos erros cometidos e pelas lições aprendidas. Isso, necessariamente, deve ser pessoal e individual. Mas o trabalho, em si mesmo, é um. O Caminho é um. O amor é um. A meta é uma. Estes são os pontos que importam.

Terceiro, manter sempre, no trabalho, a atitude mental que deve provir das duas regras anteriores, fielmente observadas. Os pontos de vista e consciência de vocês pertencem a vocês mesmos e, portanto, para vocês são corretos. O que para um parece claro e de tamanha e vital importância, pode não ter necessariamente o mesmo valor e importância para outros irmãos. O princípio importante de vocês pode ser compreendido por uma mente melhor dotada que as suas, como por exemplo a de um discípulo mais avançado, ao encarnar um aspecto de um princípio maior uma interpretação de um princípio, correto e apropriado para um dado momento mas suscetível de aplicação diferente em outra ocasião, e por outra mente:

Sob a Lei do Sacrifício estas três regras podem ser assim interpretadas:

1- Renúncia ou sacrifício da velha tendência para criticar e imiscuir-se no trabalho dos outros, conservando-se, assim, a integridade do grupo interno. Mais planos para o serviço se perderam e mais trabalhadores foram entravados pela crítica do que por qualquer fator.

2- Renúncia ou sacrifício do sentido da responsabilidade em relação à ação dos outros e, particularmente, dos discípulos. Cuidem de suas próprias atividades e que estas se adaptem às dos outros; assim, na alegria da luta e no caminho do serviço as diferenças desaparecerão e a boa vontade será alcançada.

3- Renúncia ao orgulho mental que leva a considerar correto e verdadeiro o próprio caminho e suas interpretações e falsas e erradas as dos demais. Isto leva ao caminho da separatividade. Mantenham-se no caminho da integração que é o da alma e não o da mente.

Estas palavras são severas, mas constituem as regras pelas quais os Instrutores internos guiam as Suas ações e os Seus pensamentos quando trabalham em conjunto e com Seus discípulos. A integridade interna é necessariamente um fato provado para Eles. Para o discípulo não é. Mas os Instrutores internos consideram as diferenças externas honrosas. Eles deixam cada um livre para servir ao Plano. Treinam os Seus discípulos (sem distinção de grau) para servirem ao Plano livremente, porque o melhor trabalho realiza-se quando existe liberdade, alegria e força e amor interno cooperativo. É a sinceridade que Eles procuram. Estar prontos a sacrificar o menor quando o mais vasto é percebido, é o estado de espírito que Eles procuram. A renúncia espontânea aos ideais por tanto tempo mantidos, quando outros se apresentam ainda mais vastos e inclusivos, é para Eles uma direção. O sacrifício do orgulho e da personalidade quando a grandeza do trabalho e a urgente necessidade de lhe fazer frente são compreendidos, Os levam a cooperar. É essencial que os discípulos aprendam a sacrificar o não essencial para que o trabalho possa progredir. Por pouco que sejam compreendidos, as numerosas técnicas, métodos e caminhos, são secundários, comparados com as grandes necessidades do mundo. Há muitos caminhos e muitos pontos de vista, e muitos experimentos e muitos esforços - abortados ou triunfantes, e todos eles vêm e vão. Mas a humanidade fica. Todos evidenciam uma multiplicidade de intenções e experiências, mas a meta permanece. A diferença provém sempre da personalidade. Quando a Lei do Sacrifício governar o mental, inevitavelmente conduzirá todos os discípulos a renunciar ao que é pessoal em favor do que é universal e da alma, que não conhece nem separação nem diversidade. Então, nem orgulho, nem perspectiva estreita e míope, nem o amor pela interferência (tão querido de tanta gente), nem incompreensão de motivos, impedirão a mútua cooperação entre discípulos, nem o seu serviço no mundo.

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2- A Lei do Impulso Magnético

Seria bom recordar que não estamos considerando aqui aquele aspecto forma do segundo raio que diz respeito particularmente à forma e que constitui o agente magnético e de coesão em qualquer forma, quer seja a de um átomo, quer a de um homem ou a de um sistema solar. Nem estamos interessados nas relações entre as formas, mesmo que seja devido (como é realmente o caso) à energia do segundo raio. Nem nos ocuparemos das relações entre a alma e a forma, nem entre a Alma Una e as numerosas formas ou ainda entre a alma individualizada e a forma que aprisiona. As leis que estamos considerando referem-se unicamente à relação entre as almas e à síntese subjacente às formas. Elas governam o contato consciente existente entre os múltiplos aspectos da Alma Una. Redigi esta frase com muito cuidado.

Esta Lei do Impulso Magnético rege as relações, a interação, a intercomunicação e a interpretação entre os sete grupos de almas nos níveis mais elevados do plano mental que constituem as primeiras das principais diferenciações daforma. Estas só se podem estudar inteligentemente sob o ângulo dos sete grupos de raios que compõem o aspecto espiritual da família humana. Esta lei governa também as relações entre as almas que, durante a manifestação através da forma, estão em relação mútua. É, portanto, uma lei que diz respeito à inter-relação de todas as almas dentro do perímetro do que os cristãos chamam de "Reino de Deus". Pela compreensão correta desta lei, o homem chega a um conhecimento de sua vida subjetiva; pode exercer subjetivamente poder e assim trabalhar conscientemente na forma e com a forma, enquanto mantém a sua polarização e a sua consciência numa outra dimensão, agindo ativamente por detrás da cena. Esta lei refere-se às atividades esotéricas que não estão essencialmente ligadas à vida da forma.

Esta lei é da maior importância, devido ao fato de a própria Divindade pertencer ao segundo raio; porque este é um sistema solar do segundo raio e, por conseguinte, todos os raios e os vários estados ou graus, agrupamentos de consciência e todas as formas, dentro e fora da manifestação física, são coloridos e dominados por este raio e, portanto, finalmente controlados por esta lei. A Lei do Impulso Magnético está para o reino da alma como a Lei da Atração está para o mundo dos fenômenos. Encontramos aqui, realmente, o aspecto subjetivo desta Lei. É a Lei de Atração tal como funciona no reino das almas; devido ao fato de funcionar em níveis onde a "grande heresia da separatividade" não se pode estabelecer, torna-se-nos difícil compreender - com nossas mentes ativas e discriminativas, suas implicações e significado. Esta Lei governa o raio da alma, correspondente aos Anjos Solares, e pelo seu estímulo desabrocham os lótus egoicos. Ela talvez possa ser melhor compreendida se for considerada como:

a) A impulsiva interação entre as almas na forma e fora dela.

b) A base do reconhecimento egoico.

c) O fator que produz a reorientação nos três mundos.

d) A causa da relação magnética entre um Mestre e o Seu grupo ou entre um Mestre e o Seu discípulo.

Ela tem um nome ocultista e chamamos-lhe "a Lei da União Polar".

Ainda quando vos digo que isto implica uma ligação dos pares de opostos, a fusão das dualidades e o casamento de almas, pronuncio palavras sem sentido ou que - no melhor dos casos - representam um ideal que está tão intimamente ligado às coisas materiais na mente do aspirante e tão vinculado com o processo do desapego (no qual os discípulos trabalham tão ativamente!) que desanimo ao apresentar a verdade no que se refere às almas e às relações da alma.

Esta lei governa ainda a relação entre a alma de um grupo com outros grupos. Ela rege as inter-relações, vitais mas não ainda conscientemente, como uma potência entre a alma do quarto reino da natureza - a do homem - e a alma dos três reinos subumanos e igualmente a dos três super-humanos. Em virtude da parte predominante que a humanidade deve desempenhar no grande esquema ou Plano de Deus, será esta a lei determinante da raça. Contudo, isto não será o caso enquanto a maioria dos seres humanos não começar a compreender alguma coisa do modo como funciona uma alma. Então, sob o império desta lei, a humanidade atuará como transmissor de luz, de energia e de potência espiritual aos reinos subumanos e constituirá um canal de comunicação entre o que está "em cima e o que está em baixo". Tal é o alto destino que tem a humanidade à sua frente.

Assim como determinadas pessoas, por meio da meditação, disciplina e serviço fizeram contatos bem definidos com suas próprias almas e podem, portanto, tomar-se canais para expressá-las, e servirem de intermediários para distribuir a energia da alma ao mundo, também homens e mulheres, orientados em seu conjunto para a vida da alma, formam um grupo de almas, em relação com a fonte de distribuição espiritual. Terão, como grupo e do ponto de vista da Hierarquia, estabelecido um acesso e estão "em contato" com o mundo das realidades espirituais. Do mesmo modo como o discípulo estabelece esse contato e aprende a estabelecer um rápido alinhamento, e depois, e só então, consegue entrar em contato com o Mestre do seu grupo e responder inteligentemente ao Plano, analogamente esse grupo de almas alinhadas pode entrar em contato com certas Vidas maiores e Forças de Luz, tais como o Cristo e Buda. A aspiração coletiva, a consagração e a devoção inteligente do grupo eleva os indivíduos que o compõem a alturas impossíveis de alcançarem por si sós. O estímulo do grupo e o esforço unido impulsionam todo o grupo para uma intensidade de realização que de outro modo seria impossível. Assim como a Lei de Atração que atua no plano físico uniu os homens e mulheres num esforço de grupo, também a Lei de Impulso Magnético pode começar a controlá-los e, repito mais uma vez, somente quando, como grupo e não de outra maneira, constituírem canais para o serviço e no mais puro altruísmo.

Este pensamento encarna a oportunidade que se encontra imediatamente ante todos os grupos de aspirantes e homens de boa vontade do mundo hoje. Se trabalharem em conjunto como um grupo de almas, podem realizar muito. Este pensamento ilustra também o significado desta lei que produz a união polar. O que é necessário apreender é que neste trabalho não pode haver ambição pessoal nem de natureza espiritual, e não se procura qualquer união pessoal. Não nos referimos à união mística das Escrituras, nem à tradição mística. Não é um alinhamento e união com o grupo de um Mestre, nem fusão interna de discípulos consagrados, nem sequer com a própria vida do Raio. Todos estes fatores constituem implicações preliminares e são de aplicação individual. Peço-vos para refletirem nesta frase. Esta união é algo mais vasto e vital porque é uma união de grupo.

O que estamos procurando fazer é levar para diante um esforço grupal, com tal magnitude que, em dado momento, na hora exata, produza um impulso tão potente e magnético que chegue até essas Vidas que velam sobre a humanidade e a nossa civilização e que trabalham através dos Mestres de Sabedoria e da Hierarquia reunida. Este esforço grupal procurará invocar Deles um impulso magnético de resposta que reunirá, por intermédio de todos os grupos de aspirantes, as Forças protetoras e benéficas. Através do esforço concentrado destes grupos (que constituem subjetivamente um Grupo Único) no mundo de hoje, a luz, a inspiração e a revelação espiritual podem ser liberadas com tal afluxo de poder que provocarão mudanças definitivas na consciência humana e ajudarão a melhorar as condições de vida neste tão necessitado mundo. Abrirão os olhos dos homens às realidades fundamentais, até agora só vagamente sentidas pelo público pensante. A própria humanidade deve aplicar os necessários corretivos, acreditando no poder assim fazê-lo, apoiando-se na força de sua própria sabedoria e força pressentidas; entretanto, durante todo este tempo, por trás das cenas, permanece o conjunto dos aspirantes do mundo, trabalhando em silêncio, em uníssono, entre si e com a Hierarquia, mantendo deste modo aberto o canal pelo qual podem fluir a necessária sabedoria, a força e o amor.

Temos, portanto, de encontrar, nesta grande tarefa, as seguintes relações e agrupamentos que devem ser considerados:

1- As Forças da Luz e do Espírito de Paz, Vidas encarnadas de uma tremenda potencialidade de grupo.

2- A Hierarquia Planetária.

3- O Buda.

4- O Cristo.

5- O Novo Grupo de Servidores do Mundo.

6- A Humanidade.

Notarão que o Buda centraliza em Si Mesmo as forças que jorram, enquanto que o Cristo centraliza em Si Mesmo a emanação da demanda e as aspirações espirituais de todo o planeta. Daqui resulta um alinhamento planetário de grande poder. Se o trabalho necessário for realizado, os ajustamentos no mundo poderão fazer-se. O êxito ou fracasso está essencialmente nas mãos daqueles homens e mulheres dispersos, mas ligados espiritualmente, a quem chamamos o Novo Grupo de Servidores do Mundo.

Na tabulação acima está retratado um pouco do que implicam as palavras "A Lei da União Polar". Todo o processo refere-se à consciência e os resultados manifestados na consciência, acompanhados dos subsequentes acontecimentos no plano físico, de acordo com as realizações conscientes dos homens de boa vontade, pertencentes ou não, ao Novo Grupo de Servidores do Mundo.

Quando este trabalho prosseguir com êxito e inteligentemente, tornar-se-á possível iniciar uma nova relação entre a Hierarquia e a humanidade. Este esforço poderá marcar (e esperamos que sim) o princípio de um novo tipo de trabalho mediador - um trabalho desenvolvido por um grupo de servidores salvadores que se estão preparando para a criação desse grupo que finalmente salve o mundo pela indução da Lei do Sacrifício. Este trabalho de mediação, todavia, implica o reconhecimento da Lei do Impulso Magnético e um desejo para compreendê-la, e cooperar com Aqueles que a aplicam. Por este meio e pela compreensão correta da lei seria possível estabelecer a união necessária entre as almas liberadas (que são em si mesmas o símbolo da Alma em todas as formas) e as almas aprisionadas.

Uma grande parte do sucesso deste esforço planejado dependerá da capacidade do alcance intelectual dos membros do Novo Grupo de Servidores do Mundo atuando com a técnica necessária. Dependerá também de sua disposição em aceitar a ideia da oportunidade e da sua aceitação em trabalhar segundo as diretrizes indicadas. Não têm qualquer garantia quanto à exatidão das declarações feitas com respeito à importância deste período, nem possuem qualquer conhecimento pessoal da situação como foi descrita aqui. Alguns nem mesmo sabem que existe uma Hierarquia que vela, mas são almas consagradas e desinteressadas e, por isso, pertencem ao Novo Grupo de Servidores do Mundo. Se podem aspirar, orar, meditar e servir, concentrando-se em uníssono com outros servidores, a salvação da humanidade prosseguirá muito mais rapidamente do que até aqui tem sido e muitos responderão a este apelo.

Para o discípulo individual, o significado da Lei do Impulso Magnético e das relações correspondentes na sua própria vida poderiam igualmente ser apresentadas da seguinte forma:

1- O mundo das almas nos níveis mentais superiores.

2- O Mestre do seu grupo.

3- O anjo solar.

4- O discípulo aspirante que se encontra nos níveis mentais inferiores.

5- A personalidade integrada e muitas vezes causadora de dificuldades.

6- Os associados que rodeiam o aspirante.

Seria bom que os estudantes recordassem estas analogias, pois podem muitas vezes chegar a libertá-los das limitações da existência e obter assim uma compreensão mais real de problemas mais vastos, ao verem que as suas vidas, pequenas e sem importância, são apenas o reflexo de fatores maiores e mais transcendentes.

É conveniente recordar que no plano da existência da alma não existe nenhuma separação, não há a "minha alma, a tua alma". É unicamente nos três mundos da ilusão e de maya que pensamos em termos de almas e de corpos. Esta é uma verdade oculta muito repetida e conhecida, mas a repetição constante de uma verdade bem conhecida serve às vezes para que vocês se familiarizem com a sua exatidão.

A segunda explicação que talvez torne mais claro o sentido e o objetivo desta lei e que interessará vivamente aos esoteristas, está no símbolo que representa esta lei nos registros sagrados da Loja. Esse símbolo é formado por duas bolas de fogo e um triângulo. Isto não tem apenas um significado planetário e cósmico, mas uma relação muito nitidamente definida com o desenvolvimento individual (no corpo físico) da vida espiritual do discípulo. Vou explicar de maneira muito simples. Os estudantes sabem que existem dois centros de força na cabeça, o centro ajna e o centro da cabeça - duas bolas de fogo, que simbolizam a consciência ígnea da alma e não a consciência animal do corpo.

Estes dois centros exteriorizados pelas duas glândulas (a pineal e a hipófise) vibram e entram em intensa atividade pela ação do serviço, da meditação e da correta aspiração. Com o tempo, estabelece-se finalmente uma linha de contato entre ambas, a qual se afirma com uma potência crescente. Há também outra linha de poder ígneo se exteriorizando, que se dirige para o alto da coluna vertebral. À medida que a vida da alma se toma mais forte, a radiação dos centros aumenta e na periferia da sua esfera de influência estabelece-se um duplo campo magnético. Em termos esotéricos, são "magneticamente atraídos um para o outro" e também para a energia acumulada nos cinco centros ao longo da coluna vertebral. Finalmente, o efeito da interação é tão poderoso que aparece um triângulo de força interior dentro do raio do campo magnético e este triângulo de luz, de fogo vivo, une os três "centros laya". Então o símbolo se completa, indicando que o discípulo está agora controlado pelo lado subjetivo da sua natureza. Ele é agora governado pela Lei do Impulso Magnético (como demonstra a ligação dos centros da cabeça) e os dois aspectos da sua natureza, o superior e o inferior, que constituem os dois pólos com os quais está ligado, estão agora unidos. Assim é consumada a união polar.

O assunto desta interação magnética oferece vasto campo para reflexão e indica o rumo de serviço individual e grupal. À medida que os aspirantes individuais se esquecem de si próprios no serviço e alcançam um estágio de indiferença frente às exigências e acontecimentos da personalidade, aprendem a sustentar afetuosamente um espírito de confiança, de alegria e amor profundo e durável, recíproco; aprendem a trabalhar juntos com todo o coração para ajudar o mundo e assistir à Hierarquia.

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3- A Lei do Serviço

Chegamos agora ao exame da terceira Lei da Alma, que está destinada a governar toda a atividade da alma. É a Lei do Serviço. Contudo, antes de iniciarmos este tema, há três coisas que procuro expor e que merecem uma atenção especial da nossa parte.

Primeiramente, é o fato de o resultado de todo contato conseguido durante a meditação e a medida do nosso sucesso serem determinados pelo serviço subsequente prestado à raça. Se há uma correta compreensão, haverá necessariamente uma ação correta.

Foi previamente indicado que as três grandes ciências que prevalecerão na Nova Era e que levarão a humanidade do irreal ao real e da aspiração para a salvação são:

1 - Ciência da Meditação, a futura ciência da mente.

2 - A Ciência do Antahkarana ou a ciência da construção da ponte de ligação do mental superior com o mental inferior.

3 - A Ciência do Serviço, que é a técnica bem definida de unificação.

Consideraremos agora as grandes linhas desta ciência porque é o maior fator de libertação na vida do discípulo.

Segundo, esta Lei de Serviço é alguma coisa de que se não pode escapar. A evasão comporta as suas penalidades, se ela for consciente. A capacidade de servir marca uma etapa bem definida no progresso no Caminho e enquanto esse estado não for alcançado não se pode prestar com amor um serviço espontâneo e guiado pela sabedoria.

Até lá, haverá unicamente boas intenções, confusões e muitas vezes fanatismo. Mais tarde elucidaremos este assunto.

Esta lei imprime ao ritmo planetário certas energias e impulsos que emanam do signo do Zodíaco para o qual nos estamos dirigindo pouco a pouco. Portanto, não há escapatória. É o efeito destas forças que, em alguns países, arregimenta as massas de uma forma tal que o indivíduo serve ao grupo devido a uma negação forçada do seu eu pessoal. As suas próprias ideias, o seu bem-estar e sua própria individualidade estão subordinados ao todo e ele se torna relativamente fútil do ângulo de desenvolvimento da sua alma. É obrigado a conformar-se, voluntariamente ou não, às condições do grupo. Esta é uma das manifestações mais baixas do impacto desta lei sobre a consciência humana. Na sua mais alta expressão, temos o serviço prestado ao planeta, em todos os reinos da natureza, pela Hierarquia dos Mestres. Há uma grande diferença entre estas duas expressões extremas, mas ambas são produzidas da mesma maneira pela resposta (uma, feita conscientemente, e a outra, dirigida inconscientemente) à Lei do Serviço.

Terceiro, esta Lei do Serviço foi plenamente expressa pela primeira vez pelo Cristo, há dois mil anos. Foi Ele o precursor da Era de Aquário e daí provém Sua constante ênfase sobre o fato de que Ele era a "água da vida", a "água vivificante" que os homens necessitavam. Daí, também, a designação esotérica desta lei ser da "água e os peixes". A era pisceana preparou lentamente o caminho para a divina expressão do Serviço que será a glória dos séculos vindouros. Hoje o mundo está firmemente aproximando-se da conscientização de que "nenhum homem vive para si mesmo" e que somente na medida em que o amor, de que tanto se escreveu e falou, encontrar a sua expressão no serviço, então o homem estará à altura da sua capacidade inata.

O signo da Era de Aquário representa um homem com um cântaro d'água aos ombros, tão cheio que se derrama por tudo e todos, sem exceção, e, contudo, não diminui. Este signo é muito semelhante ao da Lei do Serviço, mas a diferença encontra-se nisto: o homem está em perfeito equilíbrio, formando uma cruz, com os braços estendidos e com o cântaro à cabeça. Esta diferença tem muito significado. O cântaro sobre os ombros é um símbolo da carga do Serviço. Não é fácil servir; só agora o homem está aprendendo a fazê-lo. O cântaro sobre a cabeça do homem que passou pela cruz do sacrifício durante tanto tempo que essa se tornou para ele uma posição natural, indica que a cruz que o sustentou por tanto tempo, agora desapareceu. O homem com o cântaro d'água à cabeça indica-nos aprumo, equilíbrio e ponderação. A compreensão da Lei do Impulso Magnético preparou-o para este equilíbrio. Essa é a Lei da União Polar e o seu símbolo tem origem no signo do Zodíaco correspondente à constelação da Libra - equilíbrio e serviço. Estas são as duas expressões da Divindade que são hoje para o homem o próximo grande objetivo.

Serviço geralmente interpreta-se como sendo extremamente desejável, mas raras vezes se compreende quanto é difícil servir. Envolve muito sacrifício de tempo, de interesse e das próprias ideias; obriga a um trabalho extremamente duro e intenso, pois requer esforço deliberado, sabedoria consciente e habilidade para trabalhar com desapego. Estas qualidades não são alcançadas facilmente pelo aspirante médio e, contudo, hoje a tendência para servir é uma atitude autêntica na maioria dos povos do mundo. Tal foi o êxito do processo evolutivo.

O serviço é frequentemente considerado como um esforço para atrair indivíduos para os pontos de vista dos que servem, porque o presuntivo servidor considera que aquilo que encontrou como bom, útil e verdadeiro para si, também deve sê-lo para os outros. Olha-se o serviço como dádiva que emprestamos ao pobre, ao aflito, ao doente e ao desgraçado porque pensamos que queremos ajudá-los, mal nos conscientizando de que tal oferta é devida principalmente ao incômodo causado em nós mesmos, por vermos as lastimáveis condições que apresentam os necessitados e que, portanto, procuramos melhorá-los para nos sentirmos outra vez à vontade.

O ato de assim ajudar nos livra de nosso sofrimento, mesmo que fracassemos em libertar ou aliviar aqueles que sofrem.

O serviço frequentemente indica um temperamento ocupado e super ativo ou uma atitude de auto-satisfação que impele o servidor a realizar grandes esforços para mudar situações e convertê-las no que ele crê que deveriam ser, forçando assim as pessoas a moldarem-se ao que o servidor entende que conviria fazer-se.

Ou também o serviço pode ter origem no desejo fanático de seguir os passos do Cristo, esse grande Filho de Deus, Aquele que "andou pelo mundo fazendo o bem", que deu exemplo para que seguíssemos os seus passos. Por conseguinte, muitas pessoas servem, movidas por um sentimento de obediência e não por espontânea inclinação para verdadeiramente ajudar os necessitados. Falta, portanto, a qualidade essencial para servir e desde o princípio não fazem mais do que praticar certas atitudes. Outros se inspiram para o serviço pelo desejo profundamente arraigado de alcançar a perfeição espiritual, por ser considerado uma qualificação necessária para o discipulado e, por isso, se alguém quer ser um discípulo, deve servir. A teoria é correta mas está ausente o substrato vital do serviço. O ideal é justo, verdadeiro e meritório, mas o motivo que o impele é totalmente falso. Presta-se serviço por estar mais ou menos em moda e ter-se o hábito de se ocupar com alguma forma de serviço. A maré sobe. Muita gente serve ativamente em sociedades filantrópicas, como a Cruz Vermelha, em obras culturais e em tarefas tendentes a melhorar as condições miseráveis do mundo. Servir está na moda. O serviço dá uma sensação de poder, traz amigos e é uma forma de atividade que frequentemente beneficia mais o servidor (no sentido mundano do termo) que propriamente o beneficiado. Apesar de tudo isto que indica motivos errados e falsa aspiração, não há dúvida que algum serviço se presta, um certo tipo de serviço, espontâneo e proveitoso. A humanidade caminha para a compreensão correta do serviço e pouco a pouco se vai tornando cada vez mais capaz de responder a esta nova lei, aprendendo a reagir à vontade dessa grande Vida que se impõe incessantemente e que está animando a constelação de Aquário. Identicamente é assim que o Logos Solar anima o sistema solar e que também o nosso Logos planetário, por sua vez, anima o planeta Terra.

No tempo atual, a ideia do Serviço é a de maior importância, pois, ao captá-la, tornamo-nos mais abertos às novas influências. A Lei do Serviço é a expressão da energia de uma grande Vida que, ao cooperar com "Aquele em que vivemos, nos movemos e temos a nossa existência" está submetendo a família humana a certas influências e correntes de energia que, finalmente, produzirão três efeitos, a saber:

1 - Despertar o centro do coração em todos os aspirantes e discípulos.

2 - Capacitar a humanidade emocionalmente polarizada a focalizar-se inteligentemente na mente.

3 - Transferir a energia do plexo solar para o coração.

Este desenvolvimento a que poderíamos chamar "a consciência do coração" ou o desenvolvimento do verdadeiro sentimento é o primeiro passo para a consciência de grupo. Esta consciência coletiva e esta identificação com o aspecto sentimento de todos os grupos são a qualidade que conduz ao serviço - que deve ser prestado como os Mestres o fazem e como o Cristo demonstrou na Galileia.

a- ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE O SERVIÇO

O serviço que se presta hoje, por conseguinte, é o que é, porque a resposta dos homens a essas influências de Aquário está sendo registrada no corpo astral e atuando por meio do plexo solar. Assim se explica a natureza emocional posta na maior parte do serviço de hoje; ela é responsável pelo ódio gerado no mundo por aqueles que reagem ao sofrimento pelo sentimento e que, devido à sua identificação emocional com o mesmo culpam pessoas e grupos pelas más condições existentes. É também responsável pelo caráter geralmente pouco satisfatório de muito do que está agora sendo feito para melhorar a situação. É insatisfatório do ângulo mais elevado da alma.

Contudo, quando o serviço prestado é baseado numa reação mental à necessidade humana, então toda a problemática transcende o véu da ilusão e eleva-se acima do vale da fascinação do mundo. Então os impulsos para servir registram-se no centro do coração e não no plexo solar e deste modo quanto mais assim se generalizar esta atividade, tanto mais teremos uma demonstração de serviço mais feliz e melhor sucedida.

Procuro ser intensamente prático, porque esta nova ciência do serviço deve-se fundamentar em sólidas bases e perfeita compreensão. Talvez que o caminho mais simples para se tratar um tema tão novo e, contudo, tão debatido seja o de formulação de certas perguntas e depois respondê-las tão completa e tão concisamente quanto possível.

1 - Como definir a palavra "serviço"?

2 - Qual é o campo desta ciência e por que é chamada de ciência?

3 - Quais são as características do verdadeiro servidor?

4 - Que efeitos produz o serviço

a) sobre a mente?
b) sobre as emoções?
c) sobre o corpo etérico?

5 - Esta ciência comprova que as sete chaves ou tipos de raio empregam métodos distintos no serviço?

As considerações destas questões permitir-me-ão fazer três coisas:

1 - Demonstrar nas minhas respostas que o serviço não é um sentimento ou um ideal, mas sim um efeito e um procedimento científico, simultaneamente.

2 - Assinalar a necessidade que há, hoje, de uma correta compreensão da técnica que, quando aplicada pelo Novo Grupo de Servidores do Mundo, produzirá no mundo verdadeiros significados e valores reais. Tratarei de mostrar como trabalhará o Novo Grupo de Servidores do Mundo.

3 - Dar ideia como outros grupos de Mestres de Sabedoria servem neste planeta atualmente.

Responderemos às perguntas formuladas, uma por uma, e pela sua ordem.

Como definir a palavra "Serviço"?

A definição desta palavra não é fácil. Tentou-se muitas vezes fazê-lo segundo o ângulo da personalidade. O serviço pode-se definir abreviadamente como o efeito espontâneo do contato com a alma. Este contato é tão nítido e definido que a vida da alma pode fluir através do instrumento que ela deve utilizar forçosamente no plano físico. É a maneira como a natureza da alma se pode manifestar no mundo da atividade humana. O serviço não é qualidade ou uma ação; nem uma atividade em que as pessoas se devam esforçar vigorosamente, nem um método para salvar o mundo. Deve-se compreender claramente esta distinção, porque do contrário será falsa a atitude sobre esta transcendente demonstração da vida. É um impulso da alma e é tanto um impulso evolutivo da alma quanto o instinto da própria conservação ou da reprodução das espécies é uma demonstração da alma animal. Esta é uma declaração importante. É um instinto da alma, se nos permitem uma expressão tão inadequada e é, portanto, inato e peculiar ao desenvolvimento da alma. É a característica predominante da alma, exatamente como o desejo é a característica da natureza inferior. É um desejo de grupo do mesmo modo que na natureza inferior é o desejo da personalidade. É um impulso para o bem do grupo. Não se pode, portanto, ensiná-lo a qualquer pessoa como uma desejável evidência de aspiração, atuando do exterior, e com base numa teoria de serviço. É simplesmente o primeiro efeito real, evidenciado no plano físico, do fato de que a alma está começando a expressar-se externamente.

Nem a teoria, nem a aspiração farão nem podem fazer de um homem um servidor verdadeiro. Então, por que se levam a cabo tantas atividades de demonstração de serviço no mundo?

Simplesmente porque a vida, as palavras e as obras do primeiro Grande Servidor do Mundo, Aquele que veio fazer-nos ver claramente o que é essencialmente o serviço, produziram efeitos e os homens hoje tentam sinceramente imitar o Seu exemplo, sem compreenderem bem que a imitação não os conduz a verdadeiros resultados, mas apenas indica uma possibilidade crescente.

Todas estas leis da Alma (e a Lei do Serviço não é uma exceção) manifestam-se inevitavelmente de duas maneiras. Primeiro, há o efeito sobre o indivíduo. Isto sucede quando se estabeleceu definitivamente contato com a alma e o seu mecanismo começou a responder. Tal fato já se deveria evidenciar agora entre os estudantes esotéricos, disseminados pelo mundo, porque chegaram ao ponto em que o verdadeiro servidor pode sair das suas fileiras e dar prova de ter estabelecido contato com a alma. Segundo, essas leis da alma começam a ter efeito grupal na própria humanidade e a influenciar a raça humana como um todo. Este efeito tem, em certa medida, a natureza de um refletor sobre a natureza de uma consciência superior e, por conseguinte, procura-se hoje com muito afinco poder servir e assim se realizam tantos esforços filantrópicos. Tudo isto, ainda assim, está colorido profundamente pela personalidade e frequentemente produz muitos danos, porque as pessoas procuram impor as suas ideias de serviço e as suas técnicas pessoais aos outros aspirantes. Talvez se tenham tornado sensíveis à impressão, mas muitas vezes interpretam mal a verdade e são influenciados pelos objetos da personalidade. Devem aprender a pôr ênfase no contato com a alma e em uma familiarização ativa com a vida egoica e não com o lado forma do serviço.

Queria pedir àqueles que respondem a estas ideias e que são sensíveis à impressão da alma (muitas vezes interpretando mal a verdade, preconcebidos pelos fins da personalidade) que ponham em relevo o contato com a alma e não o aspecto forma do serviço. A atividade ao lado forma põe ênfase sobre a ambição da personalidade, dissimulando-a pelo véu da miragem do serviço. Se pusermos cuidadosa atenção na essência do serviço - contato com a alma - e o tivermos alcançado, então o serviço prestado fluirá espontaneamente, correto e com bons frutos. Deste fato, o serviço desinteressado e profundo fluxo de vida espiritual, como foi demonstrado ultimamente no trabalho mundial, é uma indicação esperançosa.

Qual é o campo desta ciência e por que é chamada ciência?

Vamos considerar agora o campo onde se desenrola o serviço e a sua natureza como ciência.

O campo do serviço é antes de tudo a manifestação da vida do Espírito, operando na esfera da própria natureza humana.

A primeira coisa que a alma tem a fazer quando se estabelece contato com a mesma e o homem a reconhece na consciência do seu cérebro, e devido à impressão ativa da mente, é conseguir que tome consciência de que ele é, de fato, um princípio vivente da divindade e depois prepare sua tripla natureza inferior para que esta se submeta automaticamente à Lei do Sacrifício. Então ela não será impedimento para a vida que deve jorrar através dele, e o fará. Esta é a primeira e a mais difícil tarefa e nela estão empenhados atualmente os aspirantes do mundo. Será que não indicará o ponto de evolução alcançado pela maioria? Quando o ritmo desta lei tiver sido imposto e o ímpeto natural do homem se tornar uma expressão da alma, e quando este ritmo se tornar natural e habitual, então o homem começará a "permanecer em estado de ser espiritual" e a vida que jorra através dele, suave e naturalmente, exercerá o seu efeito no seu meio ambiente e nos seus associados. A este efeito pode-se chamar "vida de serviço".

Pôs-se muita ênfase sobre o processo pelo qual a natureza inferior deve ser subjugada à Lei do Serviço superior e desenvolveu-se a ideia de sacrifício, nas suas piores implicações. Esta ideia insiste no choque inevitável e necessário entre a natureza inferior que age sob as suas próprias leis e os aspectos superiores que atuam segundo as leis espirituais. Então o sacrifício do inferior para com o superior assume grandes proporções e a palavra sacrifício torna-se perfeitamente apropriada. Há sacrifício. Há sofrimento. Há um processo de desapego. Há um prolongado esforço para permitir que a vida flua, enquanto que, firmemente, a personalidade interpõe barreiras e obstruções, uma após outra. Esta etapa e atitude podemos vê-la com simpatia e compreensão, pois há muitos que possuem tanta teoria sobre o serviço e a sua expressão, que falham ao prestá-lo e carecem de compreensão para entender o período de sofrimento que sempre precede toda a ampliação do serviço. As suas teorias bloqueiam-lhes o caminho para a verdadeira expressão e fecham a porta à compreensão do real. O elemento mental está demasiado ativo.

Quando o eu inferior se subordina aos ritmos superiores e obedece à nova Lei de Serviço, então a vida da alma começa a fluir através do homem e chega aos outros, e o efeito que produz na família e no seu grupo imediato será o de demonstrar uma verdadeira compreensão e uma assistência real. À medida que a corrente de vida se fortalece pela prática, o efeito propaga-se do pequeno grupo familiar à vizinhança. Tornam-se então possíveis contato cada vez mais vastos, até que com o tempo (se várias vidas tiverem sido assim gastas sob a Lei de Serviço), o efeito do derramamento do fluxo de vida pode-se verificar sobre a nação e no mundo. Mas isto não foi assim previsto nem se procura impor como um fim em si mesmo. Será uma expressão natural da vida da alma, adquirindo forma e direção conforme o raio a que pertença o homem e a expressão das vidas passadas do indivíduo; será colorida e ordenada pelas condições do ambiente - tempo, período, raça e idade. Será um fluxo vivente, uma entrega espontânea, e a vida, o poder e o amor assim manifestados, provenientes dos níveis da alma, possuirão uma força poderosa e atrativa sobre as unidades do grupo com as quais o discípulo se põe em contato nos três mundos de expressão da alma. Não há outros mundos atualmente em que a alma se possa expressar desta forma. Nada poderá reter ou interromper o poder desta vida de serviço natural e amoroso, exceto nos casos em que a personalidade procura interpor-se no caminho. Quando assim sucede, os Instrutores do lado interno da vida entendem que o serviço se altera e se deforma no negócio. Transforma-se em ambição, num esforço para fazer com que os outros sirvam como pensamos que o serviço deva ser prestado, num amor ao poder que impede o verdadeiro serviço, em vez de ser amor por nossos semelhantes. Há um ponto perigoso em cada vida, quando a teoria do serviço é reconhecida e a lei superior compreendida; porque então, devido à qualidade imitadora da personalidade, à sua natureza simiesca e ao ardor de um elevado grau de aspiração, pode facilmente confundir a teoria com a realidade, e os gestos externos da vida de serviço pela natural e espontânea corrente de vida da alma que flui através do seu mecanismo de expressão.

É necessário ter uma constante e crescente sutileza de discriminação e todos os estudantes dedicados são convidados a fazer o seu próprio inventário nesta altura. Estão em presença de um novo ciclo de serviço e devem valer-se de um novo dia de oportunidade. Há uma grande necessidade em permanecer no ser espiritual; onde há este equilíbrio, permanentemente, não haverá necessidade que outros os incitem ao serviço. Deixem fluir as "Forças de Luz" e as fileiras dos servidores do mundo aumentarão rapidamente. Permitam que o "Espírito de Paz" utilize a natureza inferior como instrumento, e reinarão a paz e a harmonia no campo do serviço pessoal. Permitam que o "Espírito de Boa Vontade" domine nossas mentes e não haverá lugar para a crítica e difusão de controvérsias destruidoras. É por esta razão, e com o fim de desenvolver um grupo de servidores que possam trabalhar segundo as linhas reais e espirituais, que se deve dar uma ênfase crescente à necessidade da Inofensividade. A inofensividade prepara o caminho para que a vida flua; faz desaparecer os obstáculos que se opõem à livre difusão do amor; a inofensividade é a chave que libera a natureza inferior das garras da ilusão mundial e do poder da existência fenomenal.

Expressamos a nossa convicção de que uma das mais importantes ciências da Era que agora começa se desenvolverá em torno da prestação ativa do serviço. Usamos a palavra "Ciência" porque o serviço, como qualidade espiritual, será rapidamente reconhecido como expressão fenomênica de uma realidade interior, e à medida que se avance em correta compreensão do serviço, muitas coisas sobre a natureza da alma se revelarão.

O serviço é um método que produz resultados fenomênicos externos e tangíveis no plano físico. Chamo atenção para isto como prova de sua ativa qualidade criadora. Em virtude desta qualidade, o serviço será considerado como uma ciência mundial. É uma ânsia criadora, um impulso criador, uma formidável energia criadora. Esta criatividade do serviço foi já vagamente reconhecida no mundo das questões humanas sob diversos nomes como, por exemplo, o da ciência de orientação profissional. Já se reconhece o impulso proveniente da compreensão correta e do estado das relações sociais. Estuda-se também muito o aspecto em relação à criminologia e à orientação da juventude em todas as nações e grupos nacionais.

O serviço é por excelência, a técnica das corretas relações de grupo, quer seja na orientação de se tratar uma criança anti-social numa família, quer se trate da inteligente assimilação de um desordeiro num grupo, na manipulação de grupos anti-sociais nas nossas grandes cidades, na técnica correta a empregar na orientação das crianças dos nossos centros educativos ou na relação entre as religiões e partidos políticos, ou ainda entre nações. Tudo isto faz parte da nova e crescente Ciência do Serviço. A imposição desta lei da alma projetará, com o tempo, luz sobre um mundo perturbado e canalizará as energias humanas nas direções convenientes. Não é possível dar aqui mais do que estas breves indicações. O assunto é muito vasto, pois inclui o despertar da consciência espiritual com as suas responsabilidades, e a integração do indivíduo num grupo despertado; implica também a imposição de um novo ritmo mais elevado aos assuntos mundiais. Por conseguinte, constitui um esforço decididamente científico e impõe a atenção das melhores mentalidades. Além disso, deveria também vivamente atrair o esforço consagrado dos discípulos do mundo.

Quais são as características do verdadeiro servidor?

Estas características podem ser fácil e sucintamente apresentadas. Não são exatamente aquelas que nos fizeram crer que eram. Não me refiro aqui às qualidades requeridas para se trilhar o Caminho do Discipulado ou o Caminho Probatório. Estes são bem conhecidos. São os lugares comuns da vida espiritual e constituem o campo de batalha, ou o Kurukshetra, da maior parte dos aspirantes. Refirimo-nos aqui às qualidades que aparecerão no homem quando atuar de acordo com o impulso da Lei do Serviço. Manifestar-se-á quando ele se tornar um verdadeiro canal para a vida da alma. As suas características principais são:

1 - Distinguir-se-ão, como se poderia esperar, pela qualidade da inofensividade e pela abstenção ativa da prática de atos ou palavras que possam ferir ou causar alguma incompreensão. Não prejudicará o seu grupo por palavra, sugestão, implicação, insinuação ou algo que produza descontentamento. Reparem que não digo "não ferirá qualquer indivíduo". Os que trabalham sob a Lei do Serviço não necessitam de ser lembrados de que nenhum indivíduo deve ser ferido. Frequentemente necessitam, sob a exuberância do estímulo espiritual e a intensidade de sua aspiração, de serem lembrados para demonstrar a inofensividade grupal.

2 - A segunda característica é a de permitir que os outros sirvam como melhor lhes parecer, pois é sabido que a vida que flui através do servidor individual deve encontrar os seus próprios canais e expressões, e a direção dessas correntes pode ser perigosa e impedir a execução do serviço projetado. Os esforços do servidor serão orientados em duas direções:

a - Ajudar os outros a "permanecer no ser espiritual", como ele próprio está aprendendo.

b - Ajudar o indivíduo a expressar o seu serviço no campo por ele escolhido, tal como é seu desejo e não como o assistente que o acompanha julga que ele o deva fazer.

Pode-se aqui aclarar um ponto. A tarefa dos que trabalham hoje no mundo sob a Lei do Serviço não é exercida, primariamente, por esse grupo que atua hoje no mundo sob o efeito da resposta geral a que fizemos referência acima. Esses efeitos são facilmente dirigidos para as atividades que, em seu conjunto, conhecemos como trabalho filantrópico, experiências educacionais ou assistência social na vida da comunidade. O nome dos que respondem a estes impulsos é legião e a vontade de servir dessa particular maneira não precisa de estímulos. Isto é perfeitamente evidente na admirável resposta dada às diversas campanhas de boa vontade. Mas o trabalho do novo tipo do servidor é dirigido para aqueles que estabeleceram contato com as suas almas e, portanto, prepararam-se para trabalhar sob a nova Lei de Aquário. Isto gira à volta da capacidade de permanecer não apenas "no ser espiritual", mas também na capacidade de trabalhar em conjunto com outros, em trabalho subjetivo, telepático e sintético. Esta diferença merece cuidadosa atenção porque pode-se facilmente fazer malograr esforços ao pretender alguém introduzir-se em campos já suficientemente organizados e atendidos, a julgar pelo que já tenham alcançado as unidades que agem em tais campos.

3 - A terceira característica do novo servidor é a qualidade de ser alegre. Esta toma o lugar do espírito crítico (o terrível criador da miséria); é o silêncio que ressoa.

Seria bom que refletissem sobre estas últimas palavras, porque o seu verdadeiro significado não se pode exprimir por palavras, mas apenas por meio de uma vida dedicada aos novos ritmos e ao serviço do todo. Então aquele "alegre som" e aquela "ressoante alegria" podem fazer pressentir o seu verdadeiro significado.

Que efeito produz o serviço sobre a mente, as emoções e o corpo etérico?

Deve-se recordar que será pelos seus efeitos que o cientista do futuro começará a deduzir a existência efetiva de uma causa e de uma realidade internas, ou de um ego ou alma. Vimos que o serviço não é simplesmente uma atividade desenvolvida por certas pessoas ou grupos, fazendo alguma coisa com boa intenção para com outra pessoa ou grupo. O serviço, propriamente, é o resultado de um grande acontecimento interno e, quando esse resultado se verifica, descobre-se que se produziram por sua vez numerosas causas criadoras secundárias, que são principalmente uma mudança da consciência inferior, uma tendência para prescindir das coisas do eu pessoal em benefício de mais vastas consequências grupais; uma reorientação que é real e expressiva e um poder para mudar as condições (por meio da atividade criadora), que é a demonstração de algo dinamicamente novo. À medida que este acontecimento interno se estabiliza numa condição interior equilibrada, a evidência dessas mudanças tornar-se mais regular e menos espasmódica e os efeitos das novas forças que fluem à personalidade, para serem mais tarde utilizadas criativamente, serão vistos nos três corpos. Desta maneira, o verdadeiro servidor entra na posse dos seus instrumentos de serviço e daí para diante o trabalho criativo, de acordo com o Plano, poderá avançar nos três planos. Assim Deus, na Sua sabedoria, escolheu limitar a Si próprio e o trabalho da evolução prossegue unicamente por intermédio dos Seus construtores eleitos e sob a direção - neste planeta - dos homens cujas vidas vão sendo transformadas pelo contato com a alma e pelo serviço criativo, os quais constituem a Hierarquia Planetária.

Quando o alinhamento tiver sido efetuado, quando a união total for realizada de forma mais constante e se prosseguir no processo de construção do antahkarana (ponte que liga o superior com o inferior) então a verdadeira natureza do servidor, praticada por qualquer indivíduo, começará a evidenciar-se. O primeiro efeito da força da alma, que jorra, que é o principal fator levando ao serviço demonstrado, é a integração com a personalidade e o levar todos os três aspectos inferiores do homem a uma unidade, para servir. Esta é uma etapa difícil e elementar do ponto de vista do estudante da Câmara da Sabedoria. O homem torna-se consciente do seu poder e da sua capacidade e, depois de se comprometer a servir, começa impetuosamente a fazê-lo. Cria canais para expressar a força que o impulsiona; derruba e constrói tão depressa como cria. Por algum tempo converte-se num verdadeiro problema para os outros servidores a que está associado porque só se apercebe da sua própria visão e a aura de crítica que o circunda e o vigoroso impulso da força agressiva que nele se manifesta produzem atropelos nos "pequeninos" e os discípulos mais velhos e experimentados têm constantemente de reparar (em seu favor) o trabalho comprometido. Torna-se então a vítima da sua própria aspiração de servir e da força que flui através dele. Esta etapa, em alguns casos, transformará em chamas as latentes sementes da ambição. Esta ambição é, em última análise, apenas o desejo da personalidade para melhorar e, em seu adequado tempo e lugar, constitui um recurso divino, mas terá de ser extirpado quando a personalidade se torne instrumento da alma. Noutros casos, o servidor entrará numa visão mais vasta e amorosa e, subtraindo-se das suas próprias realizações, lançar-se-á ao trabalho silenciosamente, em uníssono com outros grupos de verdadeiros servidores. Dominará as suas tendências pessoais, ideias e ambições para o maior bem do todo e perderá de vista o seu eu inferior. Talvez não haja melhor sugestão a dar ao homem ou mulher que procura agir como verdadeiro servidor, do que lhes pedir para repetir diariamente, com todo o coração e a mente, as palavras de consagração final do Catecismo Esotérico que se encontram no fim do livro "Iniciação Humana e Solar". Recordaria aos servidores que se revoltam ou se desalentam com as ideias contidas nesta obra, que será talvez uma indicação do quanto eles necessitam da impressão destes objetivos de vida nas suas consciências:

"Desempenho minha parte com firme decisão, com séria aspiração; olho para o alto, ajudo em baixo; não sonho nem descanso; ajo; sirvo; colho; oro; sou a Cruz; sou o Caminho; caminho na obra que faço; elevo-me sobre meu imolado ego; mato o desejo e luto sem esperar recompensa. Renuncio à paz; perco o repouso e, na tensão da dor, perco o meu ego e acho o Meu ego e entro na paz. Nisto solenemente empenho minha palavra, invocando meu Eu superior".

À medida em que o trabalho de aprender a servir prossegue e que o contato interno se afirma, tornar-se-á mais profunda a vida meditativa e uma iluminação mais frequente da mente, pela luz da alma. Desta forma se revelará o Plano. Isto não consistirá em derramar essa luz sobre os planos do servidor, quer se trate da sua própria vida, quer do campo de serviço escolhido. Deve-se compreender isto claramente. O que acabamos de expor apenas pode indicar (se parecer ocorrer) a agilidade mental do servidor para encontrar meios para justificar sua própria ambição. Aquela iluminação será o reconhecimento, por meio da mente, do Plano de Deus para o mundo na época particular em que o servidor vive e do papel que pode desempenhar, ajudando os objetivos daqueles que têm a responsabilidade de levar a cabo a execução do Plano. Ele se sente assim inclinado a ser uma parte mínima de um grande Todo e a sua atitude nunca mais variará, mesmo quando o discípulo se tornar um Mestre de Sabedoria. Entra agora em contato com um conceito muito mais vasto do Plano e a Sua humildade e o Seu sentido de proporção permanecem imutáveis.

Uma personalidade integrada e inteligente é adequada para se ocupar da parte que lhe corresponde como servidora no trabalho ativo do mundo, contanto que sua visão não esteja toldada pela ambição pessoal nem sua atividade tal, que degenere num sentimento de agitação, de exibição e de atividade febril. Cabe à alma revelar à mente equilibrada e calma o próximo passo a dar no trabalho da evolução do mundo, por meio da divulgação dos ideais. Tal é o Plano para a humanidade.

À medida em que a força flui através da personalidade e dá ao servidor a visão necessária e o sentimento de poder que lhe permitirá cooperar, ela encontra o caminho para entrar no emocional ou corpo astral. Aqui novamente o efeito será duplo, devido à condição do corpo astral do servidor e da sua orientação interna. Pode ser que ele aumente a miragem e aprofunde a ilusão, levando-o a sofrer os efeitos psíquicos ilusórios inerentes a esse estado. Quando isso se produz, o homem volta ao plano físico fascinado, por exemplo, com a ideia de assombrosos contatos pessoais, embora só tenha contatado pensamentos-forma grupais dos Grandes Seres. Estará debaixo da ilusão de que é o veículo eleito e o intérprete da Hierarquia, quando na verdade foi enganado por muitas vezes, porque a Voz do Silêncio apagou-se pelo clamor do plano astral; manterá o equívoco de que não há outro caminho senão o seu. Estes enganos e decepções são comuns entre instrutores e trabalhadores de hoje, em toda a parte, porque são inúmeras as pessoas que estabelecem com as suas almas um contato bem definido e são então atraídas pelo desejo de servir; não estão ainda livres, todavia, da ambição, e a sua orientação basilar é ainda dirigida para expressar a personalidade e não para se fundirem com o Novo Grupo de Servidores do Mundo. Contudo, se podem escapar à miragem e discriminar entre o Real e o irreal, então o fluxo de força se derramará sobre as suas vidas, com efetivo amor desinteressado e com devoção ao Plano, àqueles a quem o Plano serve e ainda aos que servem ao Plano. Reparem na sequência destas atitudes e procurem deixar-se guiar por elas. Desta forma não haverá oportunidade para interesses próprios, auto-asseveração ou ambição egoísta. Tudo o que se considera é a necessidade e a premente urgência de dar o passo imediato para enfrentar essa necessidade que se manifesta ante os olhos do servidor.

Quando o coração e a mente estão atuando (quer seja por uma união egoísta para representar uma personalidade ativa ou por um altruísmo consagrado e uma atitude harmônica com as diretrizes da alma), a força, derramando-se através do servidor, estimulará o corpo etérico, pondo-o em atividade. Então, automaticamente, o corpo físico responderá. Em consequência, é muito necessário que o servidor faça uma pausa no plano astral e, aí, num santificado silêncio controlado, aguarde, antes de permitir que a força se precipite diretamente nos centros do corpo etérico. Este período de silêncio constitui um dos mistérios do desenvolvimento espiritual. Uma vez que a força ou energia da alma - preservada na sua pureza ou manchada e desviada do seu caminho, devido a uma manifestação física - tenha alcançado o corpo etérico, nada mais pode fazer o discípulo comum. O resultado, quando se chega a este ponto, é inevitável e efetivo. O pensamento interno e a vida de desejo determinam atividades que se exprimirão fisicamente. Quando a força chega pura, sem interrupção, põe em atividade os centros de força situados acima do diafragma; quando a força chega, manchada pelas tendências da personalidade, utiliza primeiramente o plexo solar, e em seguida arrasta à manifestação todas as ilusões do astral, as alucinações grandiosas e as miragens dos fenômenos egoístas, tomando a palavra "egoísta" no sentido corrente e psicológico. É isto que se pode facilmente ver hoje entre os líderes de vários grupos.

b- MÉTODOS PARTICULARES DE SERVIÇO DOS RAIOS

Prova esta ciência que os sete tipos de raio empregam métodos particulares no serviço?

À medida que o tempo passar, isso será comprovado de modo decisivo, e ver-se-á cada servidor e trabalhador do raio prestar o seu serviço segundo linhas particulares e específicas. Essas lhe indicam a linha de menor resistência e, por consequência, de maior eficiência. Estes métodos e técnicas constituirão a estrutura interna da futura Ciência e pela observação dos métodos empregados pelos vários tipos e grupos, nitidamente isolados. As várias formas de servir, todas elas, trabalham de acordo com o Plano e, no seu conjunto, produzem uma síntese. O raio ou raios em manifestação, não importa em que época, determinarão a tendência geral do mundo do serviço e os servidores cujo raio egoico esteja em encarnação e que se esforçam por uma reta atividade, terão o seu trabalho facilitado se compreenderem que a tendência dos assuntos mundiais os acompanha e que eles seguem a linha de menor resistência dessa época. Trabalharão com mais facilidade que os discípulos e aspirantes cujo raio egoico esteja fora de manifestação. Este reconhecimento conduzirá a um cuidadoso estudo do tempo e das estações, para assim não se desperdiçar esforços que poderiam ser melhor aproveitados, bem como as aptidões dos servidores disponíveis. Tudo estará conforme o Plano. O exame dos raios em manifestação ou fora dela, e a identificação dos discípulos e servidores disponíveis no plano físico, numa determinada altura, é parte do trabalho a ser realizado pelos Mestres da Hierarquia.

O aparecimento do Novo Grupo de Servidores do Mundo é uma indicação, hoje, de que há suficientes tipos de raio egoico em manifestação física, e um número suficiente de personalidades estão respondendo ao contato com a alma, de modo que um conjunto pode ser formado, que pode, definitivamente, ser impressionado como grupo. Esta é a primeira vez que tal situação pode existir. Até este século puderam ser impressionados indivíduos dispersos, aqui e ali, em diversas partes do mundo e muito separados em tempo e espaço. Mas hoje um grupo é capaz de responder e o número desses grupos é relativamente tão elevado que se pode formar no planeta um grupo composto de certo número de pessoas com uma atividade tão irradiadora que as suas auras se poderão encontrar e estabelecer contato entre si. Deste modo um único grupo - subjetivo e objetivo - pode estar em funcionamento.

Existem hoje inúmeros centros de luz, espalhados pelo mundo, com muitos discípulos e aspirantes, nos quais os pequenos feixes ou linhas de luz (para falar simbolicamente) irradiando de cada um deles encontram-se, entrecruzam-se e formam uma rede de luz no mundo. Isto constitui a aura do Novo Grupo de Servidores do Mundo. Cada indivíduo do grupo é sensível ao Plano, quer isso provenha do próprio conhecimento adquirido pessoalmente pelo contato com a própria alma, quer porque a sua intuição lhe diga que o Grupo, que o atrai, aceita como seu trabalho imediato, é para ele o verdadeiro e apropriado e, com ele, tudo que é mais elevado e melhor pode cooperar. Cada indivíduo desse Grupo trabalhará no seu próprio meio particular, de acordo com o seu raio e tipo. Isto novamente estará colorido pela sua raça e nação. Mas o trabalho prosseguirá em melhores condições se as unidades de Grupo satisfizerem às necessidades do seu próprio ambiente particular, trabalhando da maneira mais simples e melhor, no seu lugar próprio, conforme seus hábitos e formação dentro desse mesmo ambiente.

Cada um dos sete tipos de raio atuará seguindo caminhos que descreverei abreviadamente, porque fazê-lo de outro modo limitaria a expressão daqueles que não têm ainda bastante conhecimento para discriminar sobre as suas características, o que poderia indevidamente qualificar e colorir a experiência daqueles de raio dominante em suas almas, antes que o raio da personalidade esteja adequadamente reconhecido ou controlado. Outros servidores confundem frequentemente os dois raios e supõem que o raio de sua alma seja de um dado tipo, quando afinal se trata do raio de sua personalidade, ao qual obedecem predominantemente, e por ele são governados. Não será possível, para nós, observar aqui o cuidado com que os Instrutores destas verdades e os guardiões da próxima revelação devem agir? Eles têm de proteger os aspirantes contra o conhecimento prematuro que poderiam captar teoricamente, mas que não estão ainda preparados para aplicar praticamente.

PRIMEIRO RAIO.

Os servidores que pertencem a este raio, se são discípulos treinados, trabalham através do que se poderia chamar a imposição da Vontade de Deus sobre a mente dos homens. Realizam-no por meio do poderoso impacto das ideias sobre as mentes dos homens e pela ênfase dos princípios governantes que devem ser assimilados pela humanidade. Estas ideias, quando compreendidas pelo aspirante, provocam dois desenvolvimentos: Primeiro, iniciam um período de destruição e uma ruptura daquilo que é velho e caduco e, mais tarde, segue-se um brilho claro e luminoso de novas ideias e a consequente captação destas pela humanidade inteligente. Estas ideias encerram grandes princípios e constituem as ideias da Nova Era. Estes servidores trabalham, pois, como anjos destruidores de Deus, desfazendo as velhas formas; contudo, por detrás do processo encontra-se o impulso do amor.

No que respeita ao aspirante que de qualquer modo se encontre no primeiro raio, as suas atividades não são de natureza tão inteligente. Capta a ideia de que a raça tem necessidade, mas ele procura impô-la como ideia sua, qualquer coisa que ele viu e captou e que impacientemente quer impor aos seus semelhantes, como ele crê. Inevitavelmente destrói com a mesma rapidez como constrói e finalmente destrói-se a si próprio. Muitos valorosos aspirantes e discípulos em treinamento para o serviço, atualmente, trabalham dessa maneira lamentável.

Alguns Mestres de Sabedoria e Seus grupos de discípulos estão ativamente ocupados em procurar impor certas ideias e necessidades sobre a raça humana e grande parte do Seu trabalho está sendo preparado por um grupo de Discípulos Destruidores e também por um grupo de Discípulos Enunciadores, porque estes dois grupos de trabalho realizam a sua tarefa como uma só unidade. A ideia que predominará no futuro é proclamada por escrito e pela voz de um desses grupos. O Grupo de Destruidores apodera-se e começa a quebrar as antigas formas e conceitos da verdade, para dar lugar e abrir caminho às novas ideias que emergem.

SEGUNDO RAIO.

Os servidores deste raio ponderam, meditam e assimilam as novas ideias associadas ao Plano e pelo poder atrativo de seu amor reúnem aqueles que estão naquele grau evolutivo em que podem responder à medida e ao ritmo do Plano. Podem selecionar e treinar os que conseguem "introduzir" mais profundamente a ideia à massa da humanidade.

Não devemos esquecer que o trabalho da Hierarquia neste momento e a tarefa do Novo Grupo de Servidores do Mundo estão principalmente associados com ideias. Os discípulos e servidores do segundo Raio estão "ocupados na construção das moradas para as entidades dinâmicas cuja função sempre foi reabastecer os pensamentos dos homens, para assim introduzir esta nova e melhor era que permitirá alimentar as almas dos homens". Assim diz o Velho Comentário, embora tenha modernizado o seu antigo vocabulário. Os servidores deste raio trabalham por uma compreensão magnética, atrativa e simpática e pela inteligente aplicação da ação lenta, com base no amor. O seu poder hoje predomina.

TERCEIRO RAIO.

Os servidores deste raio têm presentemente uma função especial, que consiste em estimular o aspecto do intelecto da humanidade, aguçando-o e inspirando-o. O seu trabalho é o de manipular ideias, de maneira a torná-las mais facilmente compreendidas pela massa de homens e mulheres inteligentes do mundo atual, cuja intuição não despertou ainda. Poder-se-á observar que o trabalho dos verdadeiros servidores se relaciona largamente com as novas ideias e não com organização e crítica (pois estas duas vão de mãos dadas). O aspirante do terceiro raio toma as ideias quando estas surgem da elevada consciência Daqueles para quem o primeiro raio trabalha, as quais os servidores do segundo raio tornam atraentes (no sentido esotérico), adaptando-as às necessidades imediatas e expressando-as pela força intelectual dos indivíduos do terceiro raio. Nestas linhas há uma sugestão para as pessoas deste raio que trabalham nos diversos campos de serviço, presentemente.

QUARTO RAIO.

Este raio não está atualmente em encarnação e, por conseguinte, poucos egos do quarto raio estão disponíveis para o serviço mundial. Há, contudo, muitas personalidades deste raio que podem aprender muito se estudarem o trabalho do Novo Grupo de Servidores do Mundo. A principal tarefa do aspirante do quarto raio é a de harmonizar as novas ideias com as antigas, para que se não formem brechas ou rupturas perigosas. São os que fazem um "justo equilíbrio" e adaptam o novo e o velho, de modo a se preservar o verdadeiro modelo. Dedicam-se ao processo da construção da ponte, porque são verdadeiros intuitivos e possuem a arte da síntese, podendo a maior parte ajudar definitivamente a levar a cabo a verdadeira apresentação do quadro divino.

QUINTO RAIO.

Os servidores deste raio estão-se destacando rapidamente. São os que investigam a forma a fim de encontrar a ideia oculta, seu poder dinamizador e, com este objetivo, trabalham com ideias, comprovando se são verdadeiras ou falsas. Nas suas fileiras se congregam as personalidades deste raio e praticam a arte da investigação científica. Baseando-se em ideias espirituais pressentidas, que se ocultam por trás do lado forma da manifestação, baseando-se em muitas descobertas relativamente aos caminhos de Deus com o homem e a natureza, partindo das invenções (que não são mais do que ideias que se materializam) e ainda nos testemunhos sobre o Plano que a lei representa, preparam o novo mundo no qual os homens trabalharão e viverão uma vida mais profunda, consciente e espiritual. Os discípulos, atuando segundo estas linhas em todos os países, estão mais ativos hoje do que em qualquer outro momento da história da humanidade. Conscientemente ou não, estão conduzindo os homens para o mundo de significados e as suas descobertas finalmente porão fim à presente era de desemprego, e suas invenções e melhoramentos, somando-se à ideia rapidamente crescente da interdependência do grupo (que é a principal do Novo Grupo de Servidores do Mundo) melhorarão finalmente as condições humanas a um ponto em que a era de paz e de lazer possa aparecer. Reparem que não digo "aparecerá" porque nem o próprio Cristo pode predizer exatamente o limite do curso em que estas mudanças poderão produzir-se, nem como a humanidade reagirá a qualquer dos pontos revelados.

SEXTO RAIO.

Os efeitos da atividade deste raio, durante os dois mil anos passados, foi o de preparar a humanidade na arte de reconhecer os ideais que são os projetos das ideias. O trabalho principal dos discípulos deste raio é o de aproveitar a tendência crescente da humanidade para o reconhecimento de ideias e - evitando os escolhos do fanatismo e os perigosos recifes dos desejos superficiais - formar os pensadores do mundo tão ardentemente no desejo do bom, do verdadeiro e do belo, que a ideia que há de materializar-se de qualquer forma na Terra, possa transferir-se do plano mental e adotar determinada forma no plano físico. Estes discípulos e servidores trabalham conscientemente com o elemento desejo no homem; trabalham cientificamente com a sua evocação correta. A sua técnica é científica porque se baseia numa justa compreensão do material humano com que têm que trabalhar.

Algumas pessoas precisam ser galvanizadas à atividade por uma ideia. Para estas o discípulo do primeiro raio lhes pode ser muito útil. Outros indivíduos são mais facilmente tocados por um ideal e então subordinarão a sua vida e dos seus desejos pessoais a esse ideal. Com estes o discípulo do sexto raio trabalha facilmente, e deve esforçar-se em fazer isto, ensinando os homens a reconhecer a verdade, mostrando-lhes constantemente o ideal, mas controlando-os para que o interesse não se manifeste de modo demasiado enérgico e fanático, tanto mais que a luta necessária é prolongada. Deve-se recordar que o sexto raio, quando constitui o raio da personalidade de um homem ou grupo, pode ser muito mais destruidor que o primeiro raio, porque neste não existe tanta sabedoria e, como opera por meio de alguma espécie de desejo, segue a linha de menor resistência das massas e, por conseguinte, pode produzir mais facilmente efeitos no plano físico. As pessoas do sexto raio devem ser tratadas com cuidado porque estão centralizadas num dado sentido e muito dominadas por desejos pessoais e com esse tipo de raio têm seguido o curso da evolução durante largo tempo. Mas é indispensável o método do sexto raio para evocar o desejo de materializar um ideal, e felizmente há muitos aspirantes e discípulos disponíveis deste raio atualmente.

SÉTIMO RAIO.

Este raio provê atualmente um grupo ativo e necessário de discípulos que anseiam ajudar o Plano. O seu trabalho efetua-se naturalmente no plano físico. Estão em condições de organizar o ideal evocado que corporificará tanto a ideia de Deus quanto a época e a humanidade podem evidenciar e produzir na forma, na Terra. O seu trabalho é poderoso e necessário e exige habilidade na ação. É o raio que está entrando no poder. Ninguém deste raio que participe na atual cruzada hierárquica pode realmente trabalhar sem os demais, nem tampouco qualquer grupo pode adiantar-se e desenvolver-se isoladamente. A diferença entre os métodos da antiga era e os da nova pode ser expressa na ideia da liderança por um indivíduo, e na liderança por um grupo. É a diferença entre a imposição feita da resposta de um indivíduo a uma ideia sobre os seus semelhantes, e a reação de um grupo a uma ideia, produzindo o idealismo grupal e o centralismo de forma bem definida, estimulando-lhe a ideia mas sem a intervenção de um indivíduo isoladamente. É esta tarefa principal hoje para o discípulo do sétimo raio e para onde deve canalizar todas as suas energias. Deve pronunciar as Palavras de Poder que sejam as de um grupo, e que encerrem a aspiração do grupo num movimento organizado, o qual, como se verificará, é completamente diferente de uma organização. Um notável exemplo da utilização da Palavra de Poder enunciada por um grupo foi ultimamente dado pela Grande Invocação, cujo uso tem tido um efeito marcante. Deve-se continuar a utilizá-la porque é a primeira vez que a atenção da humanidade é chamada para um mantram desta natureza e que inaugura a entrada do sétimo raio.

Todos esses raios trabalham hoje para levar a cabo a ideia específica de um grupo de sete Mestres, através dos Seus servidores selecionados e escolhidos, estão ativamente participando no trabalho iniciático do sétimo raio. Está também ligado à influência da entrada de Aquário. Os Mestres com os Seus numerosos grupos de discípulos, operando nos cinco planos do desenvolvimento humano, estudaram minuciosamente os Seus discípulos aceitos, os discípulos sob a Sua supervisão e ainda não aceitos e os aspirantes de todo o mundo. Selecionaram um certo número deles, a forma de os fundir num grupo no plano físico externo. A seleção baseia-se em:

a) Sensibilidade à influência de Aquário.

b) Vontade de trabalhar num grupo como parte integrante do mesmo, sem qualquer ideia de ambição, nem desejo de ser um líder. Quando o discípulo manifesta o desejo de ser chefe está automaticamente (ainda que temporariamente) desqualificado para este esforço particular. Pode ainda fazer um bom trabalho, mas este será secundário, ligado mais estritamente à era que termina do que ao trabalho do Novo Grupo de Servidores do Mundo.

c) Uma dedicação tão altruísta que nada o detenha no que possa corretamente dar.

d) Uma inofensividade que, embora ainda imperfeita, existe como ideal para o qual o aspirante se esforça constantemente.

Muitos são os que podem participar neste trabalho. A Lei do Serviço foi assim traçada num esforço para aclarar em nossas mentes uma das mais esotéricas influências do sistema solar.

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4- A Lei da Repulsão

Primeiro que tudo, será conveniente compreender que esta lei tem certas características e produz efeitos básicos que podem ser sucintamente enumeradas:

1- A energia manifestada é dissipadora nos seus efeitos. Esta lei atua como agente dissipador.

2- Quando em expressão ativa, causa uma viva dispersão ou rejeição dos aspectos da vida da forma.

3- Produz um contato discriminativo que conduz ao que se chama esotericamente "O Caminho da divina recusa".

4- É, contudo, um aspecto da Lei do Amor, o aspecto de Vishnu ou do Cristo e relaciona-se com uma atitude da alma, cuja natureza essencial é amor.

5- Esta lei expressa-se por meio da natureza da mente e, em consequência, só pode fazer sentir a sua presença e influência no Caminho do Discipulado.

6- É o principal pré-requisito para o verdadeiro autoconhecimento e revela, ao mesmo tempo, que divide ou dispersa.

7 - Trabalha através do amor e no interesse da unidade - a forma e a existência que por fim repudia a forma.

8- É um aspecto de uma das maiores leis cósmicas, a Lei da Alma, que é a Lei Cósmica da Atração, porque, o que é atraído é, com o tempo, repelido automática e oportunamente por aquilo que antes o atraiu no primeiro caso.

Esta lei primariamente começa a imprimir o propósito divino na consciência do aspirante e dita-lhe os mais altos impulsos e decisões espirituais que marcam o seu progresso no Caminho. É a demonstração da qualidade do primeiro raio (uma influência de sub-raio do segundo raio), porque deve recordar-se que o repelir uma forma, uma situação ou uma condição, pode evidenciar o amor espiritual no agente de repulsão. Isto é-nos descrito no muito antigo símbolo do Anjo da espada flamejante que se encontra diante do portal do Paraíso para afastar aqueles que procuram a segurança imaginária desse refúgio e desta condição. Este anjo atua com amor e assim procede através das idades porque esse estado de realização a que chamamos Paraíso é um lugar essencialmente perigoso para todos, exceto para aqueles que adquiriram o direito de permanecerem ali. O anjo protege o aspirante que não está preparado (e não o lugar em que procura entrar) e o salvaguarda dos riscos e perigos da iniciação a que se deve submeter antes de passar através das cinco divisões do Paraíso até chegar ao lugar onde se encontra a luz, e os Mestres de Sabedoria habitam e trabalham. Este é o pensamento que se encerra no procedimento maçônico, onde o Guardião permanece do lado de fora da porta da Loja com uma espada desembainhada, para proteger os segredos da Maçonaria contra aqueles que não estão preparados.

Quero recordar-lhes também que esta lei, sendo um aspecto fundamental da Lei do Amor, diz respeito à psique ou alma. Sua função, por conseguinte, é a de impulsionar os interesses espirituais do verdadeiro homem, e de demonstrar o poder do segundo aspecto, a consciência crística, e o poder da divindade. Ela "rejeita o indesejável, de forma a encontrar aquilo que o coração anela, e conduz assim o peregrino fatigado, de uma rejeição a outra, até que escolhendo sem se enganar, toma a Grande Decisão". Isto foi extraído do Antigo Comentário.

Dividiremos em três partes o que vamos dizer sobre o funcionamento e efeito da Lei de Repulsão:

a) A Lei de Repulsão, a função, e a qualidade do desejo.

b) A Lei de Repulsão, tal como se expressa nos Caminhos do Discipulado e da Iniciação.

c) A Lei de Repulsão, que "conduz em sete direções e força tudo com que cantata, a voltar ao seio dos sete Pais espirituais".

Esta lei opera através da alma em todas as formas. Literalmente não afeta a matéria, exceto na medida em que a forma é afetada quando a alma se "retira" ou, ocultamente "repudia". É, portanto, evidente, que a compreensão que temos das suas atividades dependerá largamente da medida da força da alma que individualmente podemos perceber e da amplitude do nosso contato com a alma.

Pelo grau que tenhamos alcançado na escala evolutiva determinaremos a maneira pela qual dominaremos esta lei (se podemos empregar este termo) e será definida a capacidade de sermos sensíveis ao seu impacto. Se não somos capazes de responder, por pouco que seja, à sua influência, isso por si, é suficiente para indicar onde nos situamos quanto ao nosso desenvolvimento. Se, pelo menos, a mente não estiver ativa, se não começarmos a utilizá-la inteligentemente, não esperemos qualquer intermediário ou canal pelo qual esta influência possa fluir ou atuar. Nunca esqueçamos que a influência ou lei do nosso ser espiritual é o que revela a vontade, o plano ou propósito da vida divina, como se expressa no indivíduo ou na humanidade como um todo. Tão pouco esqueçamos que, se não houver um raio de luz atuando como canal, o que esta lei pode fazer conhecer permanecerá desconhecido, incompreendido e inútil. Estas leis são as que predominantemente governam a Tríade espiritual, exatamente como os três aspectos da alma, por sua vez, se refletem através da personalidade.

Por conseguinte, tudo o que se pode comunicar relativamente a esta lei só pode ser compreendido pelo homem que comece a despertar espiritualmente. As três leis que já consideramos tratam da influência espiritual específica que emana das três pétalas do lótus egoico.

1- A Lei do Sacrifício As pétalas do sacrifício. A vontade do sacrifício da alma.
2- A Lei do Impulso Magnético As Pétalas do Amor.
3- A Lei do Serviço As Pétalas do Conhecimento.

Esta quarta Lei de Repulsão atua através da Primeira Lei do Sacrifício e permite ao aspirante a qualidade, a influência e a tendência da Tríade Espiritual, a tríplice expressão da Mônada. A sua plena força só pode ser sentida depois da terceira iniciação, quando o poder do espírito é pela primeira vez conscientemente sentido. Até lá é o controle crescente da alma que foi sobretudo registrado. Temos portanto:

1- A Lei de Repulsão
Quarta Lei
Atma. Vontade espiritual. Esta influência chega pela mediação das pétalas egoicas do sacrifício e da Lei subsidiária de Sacrifício.
2- A Lei do Progresso do Grupo
Quinta Lei
Budi. Amor espiritual. Vem através das pétalas do lótus egoico e da Lei subsidiária do Impulso Magnético.
3- A Lei da Ampla Resposta
Sexta Lei
Manas. Mental espiritual superior. Vem através das pétalas do Conhecimento e da subsidiária Lei do Serviço.

Estas leis superiores refletem-se nas três leis espirituais inferiores e chegam à consciência inferior mediante o lótus egoico e o antahkarana. Esta afirmação constitui o segundo postulado básico relativo ao estudo desta Lei de Repulsão, sendo o enunciado anterior o primeiro postulado; mas, se não surgir um fio de luz para servir de canal, o que esta lei comunica ficará incompreendido.

Estas seis leis dão-nos a chave para todo o problema psicológico de cada ser humano e não há nenhuma condição que não seja produzida pela reação consciente ou inconsciente do homem para com estas leis básicas - as leis naturais e espirituais. Se os psicólogos aceitassem as três leis básicas do universo e ainda as sete leis por meio das quais estas exercem a sua influência, chegariam a compreender o ser humano muito mais rapidamente, do que o fazem presentemente. As três leis principais, como já foram enunciadas, são:

1- A Lei da Economia que rege essencialmente a natureza instintiva do homem.

2- A Lei da Atração que rege o aspecto alma no homem e em todas as formas de vida, desde o átomo até o sistema solar.

3- A Lei da Síntese que governará o homem quando chegar ao Caminho da Iniciação, mas que ainda significa pouca coisa no atual desenvolvimento do homem.

Também existem sete Leis menores que produzem o desenvolvimento evolutivo do homem como pessoa e homem-alma. Essas Leis são:

1- A Lei da Vibração, a lei atômica do sistema solar.

2- A Lei da Coesão, um aspecto da Lei de Atração.

3- A Lei da Desintegração.

4- A Lei do Controle Magnético que rege a personalidade pela natureza espiritual, por meio da natureza da alma.

5- A Lei da Fixação, por meio da qual a mente controla e estabiliza.

6- A Lei do Amor, pela qual se transmuta a natureza inferior de desejos.

7 - A Lei do Sacrifício e da Morte.

Estas sete leis relacionam-se com o aspecto forma da vida. Às dez leis devem-se agregar as sete leis da alma que estamos considerando. Elas começam a agir sobre o homem e a produzir nele um desenvolvimento espiritual mais rápido, depois de ter sido submetido à disciplina do Caminho Probatório, ou Caminho de Purificação. Está então preparado para trilhar as etapas finais do Caminho.

Estas sete leis constituem a base de toda a verdadeira compreensão psicológica e, quando a sua influência for melhor compreendida, o homem chegará ao verdadeiro conhecimento de si próprio. Estará então pronto para a quarta iniciação que o libertará da necessidade de renascer. Esta é a verdade que subjaz no ensino maçônico e que é dada sob o simbolismo dos dezoito primeiros degraus. Estes podem ser divididos em quatro grupos de graus: Aprendiz, Companheiro, (a que segue o grau da "Marca"), Mestre Maçom (a que segue o H.R.A.) e os graus agrupados de quatro a dezessete, no Rito escocês. Estes dezessete graus preparam o homem para o quarto grau ou grau fundamental tomado pelo homem que é um Mestre Maçom. Só se pode recebê-lo quando o Mestre está de posse da verdadeira Palavra Perdida. Ressuscitado de entre os mortos; encerra um grande mistério. Os dezessete graus que levam ao primeiro grande passo (dado pelo Mestre ressuscitado) estão subjetivamente relacionados com as dezessete leis que temos mencionado. Há um paralelismo digno de observar-se entre:

1- As dezoito leis:

a) As três leis maiores do universo.

b) As sete leis menores do sistema solar.

c) As sete leis fundamentais da alma,

mais o que poderíamos chamar a grande lei da Própria Divindade, a lei do propósito sintético de Deus.

2- Os dezoito sub-planos através dos quais o homem abre o seu caminho:

a) Os sete sub-planos físicos.
b) Os sete sub-planos astrais ou do desejo emocional.
c) Os quatro sub-planos mentais inferiores.

3- Os dezoito graus da Maçonaria, desde o Aprendiz até o iniciado perfeito do capítulo Rosacruz.

4- Os dezoito centros de força com os quais o homem espiritual deve trabalhar:

a) Os sete centros do corpo etérico.
b) Os sete centros do corpo astral.
c) As três filas de pétalas do lótus egoico.
d) A "Jóia no Lótus", no coração da "flor da alma", que representa o décimo oitavo centro.

A compreensão destas relações simbólicas ajudará a aclarar consideravelmente o caminho da alma no corpo e constituirá a base de todo o verdadeiro estudo da psicologia esotérica.


A- A LEI DE REPULSÃO E DO DESEJO

Vamo-nos ocupar, neste capítulo, do problema principal da humanidade. Contudo, tocaremos no tema muito abreviadamente e trataremos mais particularmente do aspecto, dele, que transfere o problema no que tange ao aspirante, para o problema do discípulo. Subjacente ao problema psicológico da humanidade tomada como um todo, encontra-se a atitude máxima em face da existência e que caracterizamos como Desejo. É sobre este impulso fundamental que estão baseadas todas as complexidades de menor importância, e a ele subordinadas, ou melhor, emergindo dele. Freud chamou a este impulso "sexo" - que, entretanto, é apenas outro nome dado ao impulso de atração pelo não-eu. Outros psicólogos falam desta atividade predominante como "a vida de desejo" da humanidade e explicam todas as tendências e características afins, todas as reações emocionais e tendências da vida mental em termos de desejos latentes, aspirações ardentes e aquisitivas, como "mecanismos de defesa" ou "meios de escape" à inevitabilidade das condições circundantes. A estas aspirações e desejos, e ao trabalho que comporta a sua realização, todos os homens dedicam a sua vida; tudo o que se faz representa um esforço com vistas a satisfazer à necessidade sentida, a fazer face ao desafio da existência com o seu anseio de felicidade, de céu e finalmente de alcançar um estado ideal esperado.

Tudo está governado por uma certa forma de necessidade urgente de satisfação e isto distingue a busca do homem em cada estágio de seu desenvolvimento - quer se trate do impulso instintivo da auto-conservação, como se observa no selvagem, na conquista do sustento, ou nos problemas econômicos do homem moderno e civilizado; quer seja da necessidade da procriação e da satisfação do apetite demonstrado hoje na complexidade da vida sexual da raça; quer seja o desejo de ser popular, amado e estimado; ou pela ânsia do prazer intelectual e da apropriação mental da verdade; ou ainda pelo desejo profundamente arraigado de alcançar o céu e o descanso que caracteriza o cristão; ou a aspiração para obter a iluminação que constituiu o pedido do místico; ou o anelo para identificar-se com a realidade, como é "desejo" do ocultista. Tudo é desejo sob uma ou outra forma e é por estas necessidades que a humanidade está governada e controlada. Diria melhor que ela está definitivamente controlada, pois isto é uma simples definição do caso.

A compreensão desta inclinação fundamental ou fator controlador do homem encontra-se por detrás dos ensinamentos dados por Buda e estão personificados nas Quatro Nobres Verdades da filosofia budista, que podem resumir-se da seguinte maneira:

As Quatro Nobres Verdades

a) A existência no universo fenomênico é inseparável do sofrimento e da tristeza.

b) A causa do sofrimento é o desejo da existência no universo fenomênico.

c) A cessação do sofrimento alcança-se pela eliminação do desejo da existência fenomênica.

d) O Caminho que conduz à cessação do sofrimento é o nobre caminho óctuplo.

Foi a conscientização da urgente necessidade de se libertar o homem da sua natureza de desejos que levou o Cristo a insistir na necessidade de procurar o bem dos nossos semelhantes em vez do próprio bem, e a aconselhar a vida de serviço e do auto-sacrifício, do esquecimento-próprio e do amor para com todos os seres. Só neste caminho a mente e o "olho do coração" do homem podem afastá-lo das suas próprias necessidades e satisfazer as demandas mais urgentes da própria raça.

Enquanto o homem não se encontra no Caminho da Perfeição não pode captar realmente a demanda imperiosa da sua própria alma para libertar-se da procura de satisfações externas materiais, tangíveis e do desejo. Foi esta demanda que indicou a necessidade da alma encarnar e de atuar, durante um período determinado, segundo a Lei da Reencarnação. À medida que o trabalho de pureza prossegue no Caminho da Purificação, esta demanda para a libertação toma-se mais forte e clara e, quando o homem acelerar os passos no aminho do Discipulado, então a Lei de Repulsão, pela primeira vez, poderá começar a controlar as suas reações. A princípio, isto produz-se inconscientemente, mas à medida que o discípulo vai recebendo as iniciações, aquela lei age mais poderosamente e aguça cada vez mais a sua compreensão.

Não temos a intenção, aqui, de nos ocuparmos do desenvolvimento do homem não evoluído e pouco desenvolvido em relação com as Leis da Alma. Procuro apenas desembaraçar o caminho do homem muito inteligente, dos aspirantes e dos discípulos do mundo. O progresso do homem não desenvolvido e do homem comum pode ser englobado no enunciado que segue e pela ordem apresentada, e que descreve os sucessivos estágios do seu progresso, sob o aguilhão do desejo:

1- O anseio de experimentar, existir e satisfazer a natureza instintiva.

2- A experiência, a ganância, a existência, seguidas de renovada exigência para a satisfação de mais complacência da sorte ou destino.

3- Ciclos sucessivos de exigências destas satisfações, um período de satisfação de caráter temporário, depois seguido de novas pretensões. Tal é a história da raça.

4- A experiência firme e constantemente procurada nos três planos da evolução humana.

5- A mesma experiência, mas desta vez como personalidade integrada.

6- A demanda é satisfeita até à saciedade, porque com o tempo todos os homens acabam por atingir o que desejam.

7- Depois vem a demanda de satisfações espirituais internas, de felicidade e de bem-aventurança. O "desejo celeste" torna-se poderoso.

8- Uma vaga compreensão de que duas coisas são necessárias: a purificação e a faculdade de escolher corretamente o que constitui a justa discriminação.

9- A visão dos pares de opostos.

10- O conhecimento do caminho estreito que se estende entre estes pares de opostos.

11- O discipulado e a repulsão ou repúdio (durante um largo período de tempo) do não-eu.

Tal é, abreviada e insuficientemente enunciada, a história do homem quando procura a felicidade, a alegria e a bem-aventurança, ou melhor (expressando em termos de realização) como ele progride da vida do instinto, passando para a vida do intelecto e, depois, desta apreensão intelectual até o estágio da iluminação e final identificação com a realidade, quando, daí em diante, ele se liberta da Grande Ilusão.

Duas coisas determinam a rapidez com que se pode - no Caminho do Discipulado - fazer atuar a Lei de Repulsão. Uma é a qualidade do seu motivo. Só o desejo de servir é suficiente para provocar a reorientação e a sujeição necessária à nova técnica da existência. A outra é a espontaneidade, para, a todo o custo, obedecer à luz que está nele e à sua volta. O serviço e a obediência são os grandes métodos de libertação e constituem as causas subjacentes que farão atuar a Lei da Repulsão, ajudando assim o aspirante a alcançar a anelada libertação. O serviço liberta-o de sua própria vida de pensamento e autodeterminação. A obediência à própria alma integra-o no todo maior, no qual seus próprios desejos e impulsos são negados, no interesse da vida mais vasta da humanidade e do Próprio Deus. Deus é o Grande Servidor e expressa a Sua vida divina por meio do Amor que sente no Seu coração pela humanidade.

Contudo, quando estas simples verdades são enunciadas e nos instam a servir ao irmão e obedecer à nossa alma, parece-nos coisa tão familiar e tão pouco interessante que só uma fraca resposta ecoa em nós. Mas se nos disserem que determinada meditação, praticada com uma definida fórmula de respiração e acompanhada de uma concentração regular sobre um centro específico, nos libertaria da roda da vida e nos identificaria com o eu espiritual e o seu mundo de ser, com que prazer, voluntária e alegremente, seguiríamos essas instruções.

Mas quando, em termos de ciência ocultista, nos dizem que devemos servir e obedecer, não estamos tão interessados. Não obstante, servir é o método por excelência, a forma de despertar o centro cardíaco; e a obediência é igualmente potente para evocar a resposta dos dois centros da cabeça ao impacto da força da alma e para unificá-los num só campo de reconhecimento da alma. Como os homens compreendem tão pouco a potencialidade dos seus impulsos! Se o impulso para satisfazer o desejo é o estímulo fundamental da vida da forma do homem, também o impulso de servir é igualmente um estímulo fundamental da alma. Este é um dos enunciados mais importantes neste capítulo. Raras vezes é satisfeito. Contudo, sempre se encontram indicações de sua presença, mesmo até entre os seres humanos mais indesejáveis; e é evocado nos momentos cruciais do destino, ou em momentos de premente necessidade e de dificuldade suprema. O coração do homem é são, mas em geral está adormecido.

Servir e obedecer! Eis as palavras de ordem da vida do discípulo. Deturparam estas palavras com propaganda fanática e produziram fórmulas de filosofia e teologia religiosa; mas essas fórmulas velam ao mesmo tempo uma verdade. Foram também apresentadas ao exame dos homens como devoção à personalidade e obediência aos Mestres e aos dirigentes, em vez de serviço e da obediência à alma de todos os homens. Contudo, a verdade emerge constantemente de forma segura e deve inevitavelmente triunfar. Logo que o aspirante no Caminho Probatório tenha obtido a visão dela (por mais ligeira que seja), então a lei do desejo que o governou durante muito tempo, cederá lugar, lenta mas seguramente, à Lei de Repulsão que, com o tempo, o libertará da escravatura do não-eu. Isto o conduzirá à prática da discriminação e da ausência de paixão (despaixão - imparcialidade) que são características do homem que está no caminho da libertação. Recordemos, todavia, que um discernimento fundamentado numa determinação de ser livre e uma ausência de paixão - que é a indicação de um coração duro- aprisionarão o aspirante numa concha cristalizada que para um aspirante nessas condições é muito mais difícil romper do que a prisão normal da vida do homem egoísta comum. O desejo espiritual egoísta é muitas vezes o maior pecado dos pretensos esoteristas e deve ser cuidadosamente evitado. Portanto, a pessoa inteligente aplicar-se-á a servir e a obedecer.


B- A LEI DE REPULSÃO NOS CAMINHOS DO DISCIPULADO E DA INICIAÇÃO

Quando o sentido discriminativo (que espiritualmente corresponde ao sentido do olfato, o último dos cinco sentidos que apareceu na humanidade) for suficientemente desenvolvido no aspirante, quando esteconhecer os pares de opostos e adquirir a visão daquilo que não é nenhum dos dois, então poderá entrar no Caminho do Discipulado e empreender a árdua tarefa de cooperar com as leis espirituais, especialmente com a Lei de Repulsão. A princípio mal reconhece a influência desta Lei. É-lhe tão difícil compreender as suas implicações e medir os seus efeitos possíveis, quanto o seria para o trabalhador comum, com fraca cultura e uma total ignorância do esoterismo, chegar a compreender o significado de uma verdade oculta, como a que se expressa por estas palavras: "A construção do antahkarana entre o manas superior e o inferior, pelo divino Agnishvatta, o anjo solar que atua por meio do lótus egoico, constitui a tarefa que se deve alcançar durante o estágio contemplativo da meditação". Esta afirmação pode ser compreendida intelectualmente com facilidade pelo estudante médio de ocultismo, mas carece de significado para o homem comum. A Lei de Repulsão é igualmente difícil de compreender pelo discípulo que entra no Caminho. É preciso primeiramente que ele conheça a sua influência e depois realize três coisas:

1- Por meio do serviço, descentralizar-se firmemente e assim começar a "repudiar" ocultamente a personalidade. Deve vigiar para que o seu móbil seja o amor para com todos os seres e não a sua própria libertação.

2- Pela compreensão dos pares de opostos começa, esotericamente, a "isolar" o "nobre caminho do meio" de que falou Buda.

3- Pela compreensão das palavras do Cristo que exortou os homens a que "deixassem brilhar a sua luz", começar a construir o "caminho de luz" que conduz da obscuridade para a luz, do irreal para o real e da morte para a imortalidade. Este é o verdadeiro caminho do antahkarana que o discípulo vai tecendo com materiais tomados de si mesmo (simbolicamente falando), analogamente à aranha que tece a sua teia.

O serviço, uma compreensão do Caminho, e a construção da verdadeira linha de escape - eis a tarefa a realizar no Caminho do Discipulado. Tal é o objetivo colocado diante de todos os estudantes das ciências esotéricas nesta época - desde que desejem suficientemente trabalhar abnegadamente por seus semelhantes. À medida que realizam isto e se aproximam cada vez mais daquilo que não constitui os pares de opostos (assim atingindo o "Caminho Central"), de maneira firme a Lei de Repulsão começa a atuar. Quando se recebe a terceira iniciação, aquela lei começa a tomar lugar preponderantemente na condução da vida.

A palavra "repulsão" tem uma ressonância pouco feliz em muitas mentes e esta reação à palavra indica a inclinação inata do homem. A repulsão, o desejo de repudiar e o sentido das palavras e dos atos de repulsão evocam em nossa mente tudo o que nos é desagradável contemplar. Contudo, examinado espiritualmente e visto cientificamente, o termo "repulsão" indica simplesmente "uma atitude para com o que não é desejável". Isto, por sua vez, (dado que procuramos definir o que é desejável) é um apelo à atividade das qualidades de discriminação, da ausência de paixão (imparcialidade) e disciplina na vida do discípulo, assim como ao poder de descentralização. Estas palavras indicam a necessidade de desvalorizar o que é irreal e o indesejável, de disciplinar a natureza inferior até que se tenham feito pronta e facilmente as escolhas que levarão ao abandono do que aprisiona a alma. Os principais conceitos constituem o caminho ou procedimento, definitiva e cuidadosamente escolhido, que liberará a alma do mundo das formas e a identificará, antes do mais, consigo mesma, (libertando-a assim do mundo da ilusão) e, em seguida, com o mundo das almas, que é a consciência da Alma Universal.

Não é necessário nos alongarmos aqui sobre a técnica pela qual esta escolha deverá ser feita. O caminho de discriminação, o método da despaixão (imparcialidade) e a disciplina da vida foram simplificados e aclarados pelos ensinamentos destes últimos dois mil anos e pelas numerosas obras escritas que acentuam os ensinamentos do Cristo e do Buda. Desses ensinamentos pode-se fazer uma escolha correta, por meio da justa compreensão e "rejeitar" o que não se deve querer nem desejar. A muitos estudantes sinceros (como aqueles que lerão este tratado) pareceu útil anotar por escrito o que compreendem pelas palavras seguintes:

1- Discriminação,

2- Ausência de paixão,

3-Disciplina,

4- Descentralização.

Seria suficiente uma página para definir cada um destes termos se contivesse verdadeiramente o mais elevado pensamento de cada leitor. Os estudantes compreenderão que ao praticar estas quatro virtudes, principais características de um discípulo, põe-se automaticamente em ação a Lei de Repulsão que, no Caminho da Iniciação, conduz à revelação e realização. A expressão desta Lei no Caminho da Iniciação é muito avançada para aqueles que não estão versados nas discriminações fundamentais e estão ainda longe da despaixão (imparcialidade).

Portanto, será necessário explicar como atua esta lei na vida do iniciado? Creio que não. O discípulo procurará estabelecer, sem paixão, sem dor e sem sofrimento, a distinção que existe entre:

1- O certo e o errado,

2- O bem e o mal,

3- A luz e a treva, entendidas espiritualmente,

4- A prisão e a liberdade,

5- O amor e o ódio,

6- A introversão e a extroversão. Seria conveniente refletir sobre esta dualidade,

7 - A verdade e o falso,

8- O conhecimento místico e o conhecimento ocultista,

9- O eu e o não-eu,

10- A alma e o corpo.

Muitas e muitas outras dualidades se poderiam citar. Depois de se descobrir a existência destes pares de opostos, o discípulo terá como tarefa verificar aquilo que ele não é em qualquer deles. É este caminho central e intermediário que é revelado ao iniciado pelo trabalho da Lei de Repulsão que lhe permite ocultamente "afastar com suas mãos, do seu caminho, aquilo que obstrui e vela o seu caminho central de luz. A segurança para o homem que busca o caminho iluminado não se encontra nem à direita nem à esquerda". Esta frase significa alguma coisa para a maior parte de vós? Procuremos expressar para nós mesmos em palavras as qualificações e nomear esse terceiro caminho central que não é, por exemplo, nem luz, nem trevas, nem amor, nem ódio. Não podemos ver com clareza o que possa ser, nem é isso possível, antes que o maior estímulo liberado em nós no Caminho da Iniciação, tenha efetuado o trabalho designado. Uma ideia certa do que isto significa, ainda que vagamente, aparecerá quando tratarmos da nossa terceira parte.


C- LEI DE REPULSÃO E O PEREGRINO NO CAMINHO DA VIDA

Vamos fundamentar nossos pensamentos sobre as palavras citadas acima:

"A Lei da Repulsão alarga-se em sete direções e obriga tudo que com ela contata a voltar ao seio dos sete Pais espirituais".

Agora abordaremos peremptoriamente o exame do Caminho de Repulsão regido por esta lei que é o caminho ou técnica particular para cada tipo de raio. Ainda que se possa observar que a mesma lei opera em todos os sete casos e em cada uma das sete direções, os resultados, contudo, diferirão, porque a qualidade e a aparência fenomênica sobre as quais a lei da vontade divina efetuará o seu consequente impacto e a sua consequente impressão, diferem de forma considerável. Por conseguinte, a complexidade do problema é grande. Estas sete leis da alma estão por detrás de todas as diversas apresentações da verdade, como as que foram dadas pelos Instrutores mundiais no curso das idades. Requerem, todavia, uma grande percepção espiritual que ajude o discípulo comum a compreender a analogia ou a correspondência das ideias que, por exemplo, vinculam:

1- As bem-aventuranças (enunciadas pelo Cristo) e estas sete leis.

2- Os estágios do Nobre Caminho Óctuplo e as potencialidades da alma.

3- Os oito Meios para o Ioga, ou união da alma, e este setenário de influências.

4- Os dez Mandamentos da religião semítica e estas sete leis espirituais.

Os estudantes terão interesse em comprovar a compreensão sobre as relações esotéricas que existem nestes grupos de ensino, e ver se podem, por si mesmos, reconhecer os significados fundamentais. A título de ilustração e exemplo traçarei ou indicarei a relação existente entre as sete leis e os oito meios para o ioga, porque ela nos elucidará quanto à diferença que existe entre os meios do iogue ou do esoterista comuns, e como podem ser compreendidos pelo discípulo treinado ou o iniciado.

1- Os cinco Mandamentos
O dever universal
A força do Segundo raio A Lei do Impulso Magnético.
Inclusão. Atração.
2- As regras
Para autopreparação
A força do Quarto raio A Lei do Sacrifício.
"Morro diariamente".
3- Postura
Atitude equilibrada para com o mundo.
A força do Sexto raio A Lei do Serviço.
Corretas relações e corretos ideais.
4- Pranayama
A Lei da existência rítmica.
A força do Sétimo raio. A Lei do Progresso Grupal.
A lei do desenvolvimento espiritual.
5- Abstração
Pratyahara.
Retraimento do desejo.
A força do Primeiro raio. A Lei de Repulsão.
O repúdio do desejo.
6- Atenção
Orientação apropriada.
A força do Terceiro raio. A Lei da Ampla Resposta.
7- Meditação
Correta utilização da mente.
A força do Quinto raio. A Lei dos Quatro inferiores.
"A alma está em profunda meditação".
8- Resultado Contemplação. Completo desapego espiritual.

Um estudo atento destas relações dará sugestivas e fundamentais ideias ao discípulo e iluminação ao iniciado. Mas não confundamos iluminação com uma ideia nova e brilhante! É muito diferente disso A diferença é a que existe entre a luz de uma estrela e a luz de um sol que aumenta constantemente. Uma revela a realidade da noite; a outra, o mundo da luz do dia e do Ser consciente.


D- AS SETE DIREÇÕES DA LEI DE REPULSÃO

Deve recordar-se que a Lei de Repulsão, que é a Lei dos Anjos destruidores, atua em sete direções; produz efeitos em sete tipos diferentes de seres e de homens e devido à sua atividade atrai o filho pródigo de volta à casa do Pai. Ela o faz "levantar-se e partir". Mas devemos lembrar-nos que, quando o Cristo relatou esta história, explicou claramente que não houve nenhum impulso para fazer voltar o peregrino ao país longínquo, antes que retomasse a posse de si próprio ou da sua razão, depois da situação resultante de ter saciado os seus desejos numa vida de dissipação. À consequente saciedade e perda de satisfações seguiu-se um período intenso de sofrimento que quebrou a sua vontade de deambular e desejar. Um estudo desta história seria revelador. Em nenhuma Escritura se encontra tão bem tratada a sequência deste acontecimento (ao considerar a existência do peregrino, a sua vida num país longínquo e o seu regresso), e de maneira tão bela e concisa. Tomai a Bíblia e estudai esta história; lede, vós mesmos, o caminho seguido pelo peregrino.

O efeito da Lei de Repulsão atuando no mundo do discípulo, destruindo o que entrava, faz regressar o peregrino rápida e conscientemente ao longo dos sete raios que conduzem ao centro. Isto não se pode detalhar aqui. A nossa tarefa atual é a de percorrer o Caminho Probatório ou do Discipulado e de aprender a disciplina, a despaixão (imparcialidade) e as outras duas necessidades do Caminho - discriminação e descentralização. Não obstante, é possível indicar a meta e assinalar a potencial idade das forças às quais vamos estar submetidos, de maneira crescente, quando entrarmos - como alguns de nós poderá assim fazê-lo no Caminho do Discipulado aceito. Vamos fazê-lo, explicando as sete estâncias que darão uma sugestão da técnica (se o leitor é um aspirante) a que será preciso submeter-se; se o leitor percorreu parte do Caminho, estas estâncias darão uma sequência que, como discípulo com visão espiritual interna, obedecerá, porque já despertou; se é um iniciado, estas estâncias levarão a exclamar:

"Isto eu sei."

A Direção do Raio I

"O jardim está aí revelado. Em ordenada beleza vivem as suas flores e árvores. O zumbido das abelhas e dos insetos, em suas evoluções aladas, ouve-se por todos os lados. O ar está rico de perfume. As cores rivalizavam com o azul do céu ...

O vento de Deus, Seu alento divino varre o jardim... As flores se dobram. Curvadas, as árvores são devastadas pelo vento. À destruição de toda a beleza segue-se a chuva. O céu é negro. Só se veem ruínas. Depois a morte ...

Mais tarde, outro jardim! mas parece estar muito longe no tempo. Invocai um jardineiro. O jardineiro, a alma, responde. Chamai a chuva, o vento, o sol ardente. Invocai o jardineiro. Em seguida deixai que o trabalho prossiga. A destruição precede sempre o reino da beleza. A ruína precede o real. O jardim e o jardineiro devem despertar. O trabalho prossegue."

A Direção do Raio II

"O Sábio conhece a verdade. Tudo lhe é revelado. Rodeado dos seus livros e protegido no mundo do pensamento, escava como uma toupeira o seu caminho na obscuridade; chega ao conhecimento do mundo das coisas naturais. Seu olho está fechado. Os seus olhos estão largamente abertos. Ele habita em seu mundo com profunda satisfação.

De detalhe em detalhe penetra no conteúdo do seu mundo mental. Acumula as pepitas do conhecimento do mundo, como o esquilo guarda as nozes. O armazém está cheio... Repentinamente desce uma enxada, porque o pensador mantém o jardim do seu pensamento e assim destrói as passagens da mente. A ruína chega, destruindo rapidamente o armazém da mente e a segurança adquirida, a obscuridade e o calor de uma busca satisfeita. Tudo foi levado. A luz do verão penetra e os nichos obscuros do mental veem a luz ... Nada mais resta senão a luz que não se pode utilizar. Os olhos estão cegos e o olho único não vê nada ainda...

Lentamente, o olho da sabedoria deve abrir-se. Lentamente o amor foi encontrado, acumulado e utilizado. Ele repele isto e encontra o seu caminho que conduz à Câmara da Sabedoria erigido sobre uma colina e não debaixo da terra. Só o olho aberto pode encontrar este caminho."

A Direção do Raio III

"Rodeado de uma enorme quantidade de fios e enterrado em pilhas de materiais tecidos está sentado o Tecelão. Luz alguma pode entrar onde se encontra. À luz de uma minúscula vela que ele traz à cabeça, vê vagamente. Junta um punhado de fios e depois outro e trata de tecer o tapete dos seus pensamentos, dos seus sonhos e desejos. Os seus pés movem-se firmemente; as suas mãos trabalham com agilidade; a sua voz canta, sem cessar, as palavras: 'Teço o modelo que procuro e gosto. A urdidura e a trama são planejados pelo meu desejo. Junto aqui um fio, ali uma cor; tomo além outro. Misturo as cores e combino os fios. Não posso ainda ver o desenho, mas certamente será de acordo com o meu desejo.'

Ouvem-se vozes fortes e percebe-se um movimento vindo de fora da câmara tenebrosa onde o Tecelão está sentado; crescem em volume e poder. Quebra-se uma janela e, quando o Tecelão grita em alta voz, cego pela luz súbita, a do sol a brilhar sobre o tapete tecido. Assim fica revelada a sua fealdade...

Uma voz exclama: 'Tecelão, olha pela tua janela e observa o original nos céus, o desenho do plano, a cor e a beleza do todo. Destrói o tapete em que trabalhaste durante idades. Não satisfaz as tuas necessidades... Logo, tece de novo, Tecelão. Tece à luz do dia. Tece como vês o plano."

A Direção do Raio IV

"Tomo misturo e combino. Reconcilio ao mesmo tempo aquilo que desejo. Harmonizo o todo". Assim falou o Misturador quando permanecia na sua câmara obscura. 'Compreendo a beleza invisível do mundo. Conheço a cor e o som. Ouço a música das esferas e de nota em nota, de acorde em acorde, comunicam-me os seus pensamentos. As vozes que escuto intrigam-me e atraem-me, e com as origens destes sons procuro trabalhar. Tento pintar e misturar as cores necessárias. Devo criar a música para atrair a mim aqueles que amam os quadros que executo, as cores que misturo, a música que posso evocar. Portanto, eles me quererão e me adorarão...

Mas uma nota de música estridente retumba, um acorde que silenciou o Misturador de doces sons. As suas notas morreram no seio do Som e só o grande acorde de Deus se ouviu. Um fluxo de luz surgiu. As suas cores desvanecem-se. À sua volta só existem trevas inferiores e a luz. que cegava. O seu mundo em ruínas jazia à sua volta. Os seus amigos tinham desaparecido. Em vez de harmonia havia dissonância. Em vez de beleza encontrou as trevas da tumba...

Então, a voz entoou estas palavras: 'Cria de novo, meu filho, constrói, pinta, mistura os tons de beleza, mas desta vez para o mundo e não só, para ti'. O Misturador recomeçou então o seu trabalho e de novo se lançou à sua obra."

A Direção do Raio V

"No fundo do interior de uma pirâmide ladeada por uma estrutura de pedra, na impenetrável obscuridade desse maravilhoso lugar, uma mente e um cérebro - personificados num homem - trabalhavam. Fora da pirâmide estabelecera-se o mundo de Deus. O céu era azul; os ventos sopravam livremente; as árvores e as flores abriam-se ao sol. Mas na pirâmide, em baixo, no seu obscuro laboratório, encontrava-se um Trabalhador em exaustiva atividade. Utilizava com destreza as suas provetas e aparelhos delicados. Fileiras e fileiras de retortas para fundir, misturar cristalizar e para o que procurava dividir, alinhavam-se, com os seus fogos chamejantes. O calor era intenso. A tarefa árdua...

Passagens obscuras, rampas inclinadas, conduziam para cimo. Ali, por uma vasta janela, aberta para o azul do céu, passava um raio de luz até abaixo, onde o trabalhador, nas profundidades, trabalhava... Trabalhava e fatigava-se. Avançava lutando pelo seu sonho, a visão da descoberta final. Às vezes encontrava o que buscava, outras fracassava; mas nunca encontrou desespero, deplorava a Deus que o tinha esquecido: 'Dá-me a chave. Sozinho não posso fazer nada de bom. Dá-me a chave'. Depois remou o silêncio...

Através da abertura do alto da pirâmide, descendo do azul do céu caiu aos pés do trabalhador desalentado uma chave. A chave era de ouro puro; o raio de luz; na chave estava fixa uma etiqueta escrita em azul, onde se liam estas palavras: 'Destrói o que construíste e volta a construir de novo. Mas só construí quando tenhas ascendido pelo caminho que sobe, atravessando a galeria da tribulação e penetrado na luz do interior da câmara do rei. Contruí falando das alturas e assim, mostra o valor das profundidades".

O Trabalhador destruiu então os objetos de seu duro trabalho anterior reservando três tesouros que sabia serem bons e sobre os quais a luz poderia bilhar. Subiu penosamente até à câmara do rei. E ainda continua a lutar."

A Direção do Raio VI

"Amo e vivo e volto a amar", gritou o exaltado Seguidor, cego pelo seu desejo de chegar ao instrutor e à verdade, mas não vendo nada mais do que estava diante dos seus olhos. Levava de cada lado os antolhos de toda a aventura fanática e divina. Somente o túnel longo e estreito constituía a sua casa e o lugar onde realizava o seu elevado esforço. Não tinha espaço Visual, salvo aquele que se lhe apresentava diante dos olhos. Não tinha campo para a vista - nem altura, nem profundidade ou larga extensão. Apenas podia ir numa só direção e por ela arrastando consigo aqueles que lhe perguntavam qual era o caminho. Teve uma visão que variava quando se movia e adquira diversas formas, cada visão era para ele o símbolo dos seus sonhos mais elevados, as culminâncias dos seus desejos.

Precipitou-se através do túnel, procurando o que havia diante dele.

Não viu muito, apenas uma coisa de cada vez - uma pessoa, ou uma verdade, uma bíblia ou uma Imagem de Deus, um apetite, um sonho, mas só uma coisa! Às vezes apanhava nos seus braços a visão que tinha tido e não achava nada. Outras vezes chegava até a pessoa que amava e encontrava em vez da visão de beleza que tinha visualizado, uma pessoa como ele. E assim tentava. Fatigou-se na sua busca; obrigou-se a novos esforços.

A abertura diminuiu a sua luz. Uma persiana pareceu fechar-se. A visão que teve já não brilhava. O Seguidor tropeçou na obscuridade. A vida terminava e o mundo do pensamento estava perdido... Pareceu suspenso. Pendia sem nada debaixo, diante, atrás ou à frente. Para ele já nada existia.

Das profundidades do templo do seu coração ouviu uma Palavra. Soou com clareza e poder. 'Olha profundamente para dentro de ti, à tua volta. A luz está por toda a parte, no seio do teu coração, em Mim, em tudo o que respira, em tudo o que é. Destrói o teu túnel, que construíste durante idades. Permanece livre, protegendo o mundo todo'. O Seguidor contestou: 'Como posso destruir o meu túnel? Como posso encontrar um caminho?' Não teve qualquer resposta...

Um outro peregrino chegou das trevas e às apalpadelas encontrou o Seguidor. 'Guia-me com os outros para a luz', exclamou. O Seguidor não encontrou palavras, nem Guia, nem fórmulas da verdade, nenhuma forma ou cerimônias. Descobriu-se a si mesmo como guia e atraiu os outros, conduzindo-os para a luz - a luz que brilhava por toda a parte. Trabalhou e avançou lutando. A sua mão susteve outros e por eles escondeu a sua vergonha, o seu medo, O seu desespero e desesperança. Proferiu palavras de confiança e fé na vida, na luz e em Deus, no amor e na compreensão...

O seu túnel desapareceu. Não sentiu a sua perda. Na arena do mundo permaneceu com vários companheiros, em plena luz do dia. Na grande distância havia uma montanha azul e do seu cume surgiu uma voz que disse: 'Vem até o alto da montanha e no seu cume aprende a invocação de um Salvador'. Para esta grande tarefa o Seguidor, agora um condutor, dedicou todas as suas energias. Todavia, ainda segue este caminho..."

A Direção do Raio VII

"Debaixo de um arco entre duas salas, o sétimo Mago permanecia de pé. Uma das salas estava cheia de luz, de vida e de poder, de quietude que era propósito, e de uma beleza que era espaço. A outra sala estava cheia de movimento, um som de grande atividade, um caos sem forma, de trabalho que não tinha verdadeiro objetivo. Os olhos do Mago fixaram-se no caos. Não lhe agradou. Nas suas costas estava a sala com intensa calma. Não o sabia. O arco oscilava sobre a sua cabeça...

Desesperado murmurou: 'Durante idades suportei e procurei resolver o problema desta sala; reordenar o caos de forma que resplandecesse a beleza como era meu desejo. Procurei tecer essas cores num sonho de beleza, e harmonizar os diversos sons. A empresa falhou. Só posso ver o meu fracasso. E, contudo, sei que há uma diferença entre o que tenho diante dos olhos e aquilo que começo a sentir às minhas costas. Que devo fazer?'

Então, por cima da cabeça do Mago e exatamente por trás das suas costas, dentro da sala ordenada de beleza, um enorme ímã começou a oscilar... Este fato obrigou o homem a rodar sobre si mesmo, debaixo do arco, e este começou a estremecer, prestes a cair. O ímã fez virar o homem até ficar de frente à cena da sala que antes não tinha visto...

Então, através do centro do seu coração, o ímã emanou a sua força atrativa. O ímã emanou sua força repulsiva. Reduziu o caos até deixar de perceber-se as suas formas. Alguns aspectos de uma beleza não revelada antes, surgiram. E da sala resplandeceu uma luz que pelos seus poderes e sua vida, obrigou o Mago a deslocar-se para a luz e afastar-se do arco perigoso."

Estes são alguns dos pensamentos traduzidos de um antigo pedaço de poesia, que podem lançar alguma luz sobre a dualidade da personalidade e o trabalho que devem realizar os seres que se encontram no setenário dos raios. Sabemos onde nos encontramos? Sabemos o que devemos fazer? Como nos esforçamos por entrar na luz, nenhum preço nos deve parecer elevado de mais para pagar essa revelação.

Vamos estudar uma série de Leis interessantes. Na primeira Lei surgem três ideias principais:

Primeiramente, o Eterno Peregrino, por sua livre e espontânea vontade escolheu "ocultamente" a morte e adotou um corpo ou série de corpos com o fim de ressuscitar ou elevar as vidas da natureza da forma que ele encarnou. Durante este processo ele próprio "morreu", no sentido em que, para uma alma livre são termos sinônimos a morte, o tomar uma forma e sofrer a fusão da vida na forma.

Segundo, ao agir assim, a alma recapitula em pequena escala o que analogamente realizaram e estão realizando o Logos solar e o Logos planetário. Estas grandes Vidas aparecem regidas pelas leis da alma durante os períodos de manifestação, ainda que não estejam governadas pelas leis do mundo natural, como nós o designamos. Suas consciências não se identificam com o mundo dos fenômenos, embora a nossa consciência esteja identificada com este mundo, até o momento em que ficamos sob o controle das mais elevadas leis. Mas é pela "morte" oculta destas grandes Vidas que todas as outras vidas menores têm a oportunidade de viver.

Terceiro, que através da morte leva-se a cabo um grande processo unificador. Na "queda de uma folha" e na sua subsequente identificação com o solo onde caiu, temos uma pequeníssima ilustração deste vasto e eterno processo de união total, mediante o processo de "vir-a-ser", e morrer como um resultado desse "vir-a-ser".

Na Segunda Lei, a unidade que se sacrifica - é influenciada pelo método através do qual esta morte foi produzida. Pelo impacto dos pares de opostos e pelo fato do seu ser estar "pendente" entre os dois, conhece as trevas externas como o Cristo as conheceu na Crucificação, de onde pendia, simbolicamente, entre o céu e a terra, e pela potência das Suas vibrações e magnetismo internos atraiu, e sempre atrairá, os homens para Si. Esta é a primeira grande ideia que surge. A segunda ideia que emerge, refere-se ao equilíbrio das forças que foram dominadas. O símbolo da balança é aqui apropriado, e as três Cruzes no Monte do Gólgota são símbolos desta verdade. Libra governa esta lei e certas forças desta constelação podem ser compreendidas, quando a consciência da alma estiver sob a influência da lei. Estas forças estão em repouso no que respeita à personalidade; o seu efeito não se registra, embora esteja naturalmente presente.

Na Terceira Lei, O Deus que se sacrifica e o Deus das dualidades sob certas influências que produzem efeitos facilmente reconhecidos. Pela sua morte e pela sua vitória sobre os pares de opostos, o discípulo chega a ser tão magnético e vibrante que serve à raça, convertendo-se naquilo que ele sabe que é. Submergido, fisicamente, sob o ângulo da personalidade, nas águas da existência terrena, é, contudo, ao mesmo tempo, consciente - em consciência - de outras condições, do seu propósito essencial de morrer para outras vidas e consciente também do método que deve empregar para atingir, e levar a cabo, o equilíbrio liberador. Quando estas ideias forem dominantes na mente, ele poderá servir aos seus semelhantes. Estas leis só produzem efeito quando emergem na consciência do homem que está ocupado em construir o antahkarana e que pratica a Ciência da União.

Quando a quarta Lei de Repulsão começa a produzir os seus efeitos, o discípulo toma-se consciente do Anjo da Espada Flamejante Que se encontra diante do portal da iniciação. Por este augúrio sabe que pode agora entrar mas, desta vez, não como pobre candidato cego e sim, como um iniciado nos mistérios do mundo. Esta verdade foi resumida num cântico antigo que se costumava ouvir na antecâmara dos Templos. Algumas das palavras podem expressar-se aproximadamente da seguinte forma:

Entra livre quem conheceu os muros da prisão. Entra na luz com os olhos abertos quem durante eons tateou no corredor obscuro. Segue o seu caminho quem permaneceu durante idades ante uma porta hermeticamente fechada.

Enuncia com poder a Palavra que abre de par em par o Portal da Vida. Permanece ante o Anjo e tira-lhe a espada, liberando assim o Anjo para tarefa mais elevada. Agora ele guarda o Lugar Sagrado.

Morreu. Entrou na luta. Aprendeu o caminho do serviço. Agora está diante da porta".

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5- A Lei do Progresso Grupal

Esta lei começa a funcionar e a ser registrada na consciência pessoal quando o aspirante alcançou certas realizações definidas e reconhece certos ideais como fatos na sua experiência. Estes poderiam ser anotados como um simples caminho e fariam então conhecer, ao estudante superficial, as realizações mais simples do Caminho Probatório. Seria bom se pudéssemos captar este fato com toda a clareza, que este simples enunciado de condições requeridas e a sua conquista na consciência do aspirante se manifestassem como reações veladas e externas do seu mental para com certas verdades cósmicas profundas e esotéricas. Este enunciado contém a própria essência do conhecimento esotérico. As descrições perfeitamente vulgares da vida amorosa e do auto-sacrifício instintivo diário sofrem fortemente, pois são muito familiares, e, no entanto, - se as pudéssemos compreender - apenas tocaríamos nos limiares exteriores das mais profundas verdades do mundo. São o ABC do esoterismo e por eles, e só por eles, chegaremos às palavras e frases que são, por sua vez, a chave essencial do conhecimento mais elevado.

Um breve exemplo ilustrará isso e depois poderemos então considerar alguns simples fatos que indicam que o aspirante começa a atuar como alma e está preparado para a vida consciente no reino de Deus.

Ao discípulo que se prepara para estas conscientizações superiores exorta-se a que pratique a discriminação. A vocês também se faz a mesma exortação. A interpretação inicial e normal e o resultado imediato desta prática é o de ensinar o discípulo a distinguir os pares de opostos. Da mesma maneira o discípulo descobre, no decorrer do seu treinamento, que o processo da discriminação nada tem a ver com a capacidade de distinguir entre o bem e o mal (como se diz), mas refere-se, sim, aos pares de opostos mais sutis, como sejam o correto silêncio e o criminoso silêncio o correto ou incorreto uso da palavra, a compreensão correta, a correta indiferença e seus opostos, da mesma forma que o homem que reage a estas leis superiores descobre que a discriminação a ser demonstrada é ainda mais sutil, e é - para a maioria dos aspirantes do mundo de hoje - ainda sem significação objetiva. Este gênero de discriminação nem sequer é evocado. E o que deve ser mostrado nas relações dos contatos sutis seguintes:

1- A vibração da própria alma.
2- A vibração do grupo interno ao qual está, mesmo inconscientemente, filiado.
3- A vibração do Mestre como ponto focal do grupo.
4- A vibração do seu raio, tal como sentido através da alma e do Mestre.
5- A vibração resultante da interação entre a sua alma e a sua personalidade.
6- As três diferentes vibrações, do seu corpo vital, do seu corpo emocional e o da sua mente.
7- A vibração dos grupos ou do grupo com os quais deve trabalhar no plano externo.
8- A vibração da alma de outras pessoas com quem ele se relaciona.
9- A vibração de um grupo tal como o Novo Grupo de Servidores do Mundo.

O que se expôs são alguns exemplos do gênero de discriminações que são requeridas. O discípulo aprenderá a distinguir instintivamente, quando tiver maior desenvolvimento. Desejo lembrar-lhes que, quando experimentamos fazer uma discriminação estritamente mental, o problema parece insuperável. Quando a autoridade da alma e o seu reconhecimento forem firmemente estabelecidos, estes diferentes reconhecimentos tornarão reações instintivas. Resposta intuitiva é o nome que damos à vida instintiva da alma - a correspondência superior à vida instintiva do corpo humano. Os parágrafos acima dão-nos um resumo de alguns significados dos mais profundos da simples prescrição: "Aprende a discriminar". Até que ponto teremos compreendido esta prescrição? Intelectualmente o mental dirá que isso foi compreendido. Praticamente, as palavras frequentemente nada significam. Terá para nós algum valor dizermos que a alma tem poder para separar as vibrações em diferentes categorias? Por outro lado, dizem que a alma não conhece separações! São paradoxos do esoterismo com que se depara o não iniciado.

A Lei do Progresso Grupal somente pode começar a ter um efeito consciente na vida do discípulo que foi admitido e aceito. Quando estabelece certos ritmos, quando atua eficazmente segundo certas linhas grupais bem reconhecidas e quando está trabalhando definitiva e conscientemente com compreensão, preparando-se para as expansões iniciáticas, então ele começa a ser influenciado por esta lei e aprende a obedecê-la instintiva intuitiva e intelectualmente. É observando esta lei que o discípulo inicia a sua preparação para a iniciação. A frase precedente é assim redigida porque é muito importante que todos cheguem a compreender que devem criar em si próprios a necessidade de alcançar a iniciação. Compreenderemos a importância que isto tem? Enumeraremos alguns dos efeitos já mencionados quando se considerou a quinta lei. Não esqueçamos o seu significado esotérico e invisível.

1- O discípulo aprenderá a descentralizar-se eficazmente. Isto significa que:

a) Nada reclamará para o eu separado. Pode-se, portanto, ver facilmente porque se ensina aos aspirantes fazer a promessa de obedecer ao seu Eu Superior e a renunciar a todas as exigências do eu separado. Também se poderá igualmente notar porque muitos reagem contra este enunciado. Não estão ainda preparados e, por conseguinte, um tal compromisso atua como um grande agente discriminador. Todos aqueles em quem o padrão de renúncia é posto muito alto, não o compreendem nem o desejam. Por esta razão, os que não estão preparados criticam isso. Mais tarde voltarão e compreensivamente aceitarão esta obrigação à luz das suas almas.

b) Os seus olhos estão voltados para a luz e não para o desejo de contatar o Mestre. Isto, portanto, elimina o egoísmo espiritual expresso pelo desejo inato e profundo de ser reconhecido por um dos Grandes Seres. Quando se houver libertado das coisas pessoais, então o Mestre poderá, sem riscos, entrar em contato e estabelecer uma relação com o discípulo. Conviria meditar sobre isto.

2- Terá aprendido a servir instintivamente. Pode ter necessidade, e geralmente tem, de aprender a discriminar nos serviços que presta; mas a atitude que adota para com a vida e os homens torna-se um impulso divino para ajudar, elevar, amar e socorrer.

3- Terá aprendido a utilizar a mente em duas direções, de maneira crescente, voluntária e instantaneamente:

a) Pode dirigir a lanterna mental para o mundo da alma e conhecer e reconhecer as verdades que, para ele, devem converter-se em conhecimento vivenciado.

b) Pode também projetá-lo para o mundo da ilusão e dissipar as fascinações da personalidade. Quando assim pode fazer, então começa a dissolver as miragens do mundo e para ele a iniciação está próxima.

a- O VÍNCULO DOS GRUPOS MUNDIAIS

Poderíamos continuar a enumerar os vários desenvolvimentos que indicam à observadora Hierarquia que um discípulo ou um grupo de discípulos estão agora preparados para receber "mais luz". A principal indicação é, contudo, sua reação à Lei do Progresso Grupal. Esta Lei é que constitui a nova e futura lei que os discípulos do mundo devem ter pressentido e a sua eficácia torna-se cada vez mais poderosa, ainda mesmo que a humanidade leve muito tempo a se conscientizar dela. Ela trará à atividade o trabalho dos grupos mundiais. No passado, formaram-se grupos para obterem mútuos benefícios, interesses, estudos e fortalecimento. Essa foi a sua glória mas também a sua desgraça, porque, por grandes e bons que tenham sido os seus motivos, estes grupos foram fundamental e essencialmente egoístas, numa forma de egoísmo espiritual muito difícil de superar, o que exigia a aplicação da verdadeira discriminação, à qual já atrás me referi. Estes grupos foram sempre o campo de batalha em que os menos aptos e menos integrados acabaram absorvidos, padronizados ou arregimentados e onde os mais poderosos vinha a dominar e os indecisos foram eliminados e totalmente impossibilitados de agir. O grupo vencedor averiguou, finalmente, ser formado de almas irmãs pensando da mesma maneira, porque ninguém pensa intuitivamente, mas regidas por alguma escola de pensamento, ou porque alguma personalidade central do grupo domina todos os outros, hipnotizando-os até reduzi-los a uma condição instintiva, sem reação e estáticos. Isto pode ser uma glória do instrutor e do grupo, mas nunca de Deus.

Atualmente, os novos grupos estão vindo lenta e gradualmente à existência e são governados pelas leis da alma. Podem, portanto, imprimir uma nova nota e formarão grupos que se fundirão numa unidade de aspirações e de objetivos. Ainda assim, serão constituídos por almas livres, individuais e evoluídas que não reconhecerão qualquer autoridade senão a da própria alma e que subordinarão seus interesses ao propósito da alma do grupo como um todo. Do mesmo modo que a realização de um indivíduo, no transcurso das idades, serviu para elevar a raça, assim também uma realização paralela, de uma forma grupal, tenderá a elevar a humanidade ainda mais rapidamente. Por esta razão, esta lei se chamou a lei da Elevação.

É chegado o tempo em que este método para elevar a raça pode começar a ser experimentado. Aqueles que entraram no Caminho Probatório tentaram elevar a humanidade, mas fracassaram. Os que passaram para o Caminho do Discipulado também tentaram fazê-lo e fracassaram. Os que já dominam os acontecimentos e a ilusão da morte e, por conseguinte, ressuscitam para a vida, podem agora tentar realizar essa tarefa em formação unida. Eles triunfarão. Já foi lançado o apelo, para se manifestar essa atividade unida e urge que se façam todos os esforços tendentes a ressuscitar o corpo morto da humanidade. Está agora iminente uma grande e possível realização por parte da Loja dos Mestres levados a um reconhecimento sintético de poder e de oportunidade.

Com esta finalidade se fundou e foi largamente difundido o ensino relativo ao Novo Grupo de Servidores do Mundo. É esta a primeira tentativa para formar um grupo que trabalharia como tal e que tentaria realizar uma tarefa mundial. Poderá servir como grupo intermediário entre o mundo dos homens e a Hierarquia. Está colocado entre o que ocultamente se chama o "Mestre morto" e os "Mestres vivos". Os maçons compreenderão o que se quer dizer. O verdadeiro esoterista igualmente perceberá a mesma verdade, mas sob outro ponto de vista.

Desejo dar-lhes aqui algumas ideias relativas aos novos grupos que entram em atividade e que funcionam sob a Lei do Progresso Grupal. Deve-se recordar constantemente, quando se considera a vinda destes novos grupos, que constituem essencialmente uma experiência na Atividade Grupal e que não são formados com o propósito de aperfeiçoamento individual dos membros de nenhum grupo. Esta é uma declaração fundamental e essencial, se quisermos compreender corretamente os objetivos. Nestes grupos os seus membros completam-se e fortalecem reciprocamente e, no conjunto das suas qualidades e das suas capacidades, devem vir finalmente a criar grupos suficientemente capazes de expressar a espiritual idade de maneira útil e para, através dos quais possa fluir a energia espiritual, sem entraves, para ajudar a humanidade. O trabalho a ser realizado deve em grande parte ser feito em níveis mentais. As esferas de serviço diário dos membros individuais dos novos grupos continuam sendo o que o seu destino e impulso interno lhes indicar no plano físico; mas - nos diversos campos de esforço individual - será acrescentada (e isto é o mais importante) uma atividade grupal que deve ser um serviço unido e de conjunto. Cada membro desses grupos deve aprender a trabalhar em estreita colaboração mental e espiritual com todos os outros, e isto leva tempo, devido ao atual grau de desenvolvimento evolutivo dos aspirantes do mundo. Cada um deve derramar muito amor para todos, o que não é fácil de realizar. Cada um tem de aprender a subordinar as ideias da sua própria personalidade e do seu progresso pessoal às necessidades do grupo, porque presentemente alguns terão de acelerar o seu progresso em certas direções e outros reluzi-lo, para poderem prestar serviço a outros. Este processo realizar-se-á automaticamente, à medida que a identidade e integração do grupo se tornem um pensamento dominante na consciência do mesmo e que o desejo de progresso pessoal e satisfação espiritual sejam relegados para segundo plano.

Esta desejada unidade grupal terá as suas raízes na meditação grupal ou na vida contemplativa (na qual a alma sabe que é uma com todas as demais almas). Isto por sua vez, realizará alguma forma de atividade grupal que poderá constituir uma contribuição característica de qualquer grupo determinado, para elevar esotericamente a raça humana. Na vida interna do grupo, o aspecto pessoal de nenhum dos membros poderá ser tratado por aqueles que procuram preparar, educar e unir o grupo num instrumento de serviço. Cada um será considerado como um transmissor de um dado tipo de energia - energia predominante de determinado raio - quer seja o raio egoico, quer o da personalidade. A seu devido tempo, cada um pode aprender a transmitir ao grupo a qualidade de raio da sua alma, estimulando os seus irmãos, infundindo-lhes valor, clara visão, pureza de motivos e profundo amor, evitando, portanto, o perigo de vitalizar as características da sua personalidade. Esta é a maior dificuldade. Para realizá-lo de maneira correta e eficaz impõe-se o aprender a pensar reciprocamente como almas e não como seres humanos.

Por essa razão, à maneira de declarações preliminares, temos os seguintes objetivos no trabalho de grupo da Nova Era que começa presentemente. Mais tarde outros objetivos mais esotéricos surgirão, à medida que os primeiros forem alcançados:

1- Unidade Grupal. Esta deve ser alcançada pela prática do amor que faz parte da prática para expressar a Presença de Deus, através da subordinação da vida da personalidade à vida do grupo e de uma vida constante de serviço amoroso.

2- Meditação Grupal. Esses grupos oportunamente estabelecerão as suas bases no reino das almas e o trabalho a ser realizado será animado e prosseguirá através dos níveis mentais superiores, numa demonstração da vida contemplativa. É uma indicação da atividade dual da vida do discípulo, uma atuação consciente como personalidade e ao mesmo tempo como alma. A vida da personalidade deverá ser a de uma atividade inteligente; a da alma, uma contemplação amorosa.

3- Atividade Grupal. Cada grupo distinguir-se-á por certas características que corresponderão a determinada forma característica de serviço.

Quando os grupos estiverem convenientemente estabelecidos (e esse tempo está iminente) e quando tiverem trabalhado juntos subjetivamente durante um período necessário (que será determinado pela qualidade da vida dos indivíduos que os compõem, pelo seu desapego e serviço), então começarão a funcionar externamente e o aspecto vida do grupo começará a fazer sentir a sua presença. As diversas linhas de atividade surgirão quando a vibração do grupo for suficientemente forte para efetuar um impacto bem definido na consciência da raça. Por conseguinte, é evidente que os primeiros e principais requisitos são a integridade e coesão grupais. Nada se pode realizar sem eles. O laço subjetivo entre os membros do grupo e o surgimento de uma consciência de grupo são um objetivo vital para as próximas décadas. Assim se estabelecerá uma circulação grupal ou transmissão de energia que terá grande valor para a salvação do mundo. No que se refere ao indivíduo, é preciso sublinhar que a pureza do corpo, o controle das emoções e a estabilidade mental são requisitos fundamentais que o indivíduo deve alcançar e deverão ser a meta da prática diária. Muitas vezes temos de lembrar estes requisitos essenciais quanto ao caráter, e mesmo que se torne enfadonha esta repetição, insistirei em exortá-los a cultivar estas qualidades. Por intermédio desses grupos será possível restabelecer alguns dos antigos Mistérios; alguns grupos mencionados nas Cartas sobre Meditação Ocultista encontram-se entre os grupos que surgirão na Nova Era.


b- AS CARACTERÍSTICAS DOS NOVOS GRUPOS

Este breve resumo servirá para indicar algumas das condições elementares requeridas e mediante uma larga generalização se indicarão as principais razões por que tais grupos foram formados possamos agora alargar um pouco nossa visão e ao mesmo tempo considerar os grupos mais detalhadamente.

Uma das características que distinguirá os grupos de servidores e conhecedores do mundo consiste em que a organização externa, que assegurará a sua integração, será tão nebulosa e sutil que para um observador de fora parecerá praticamente inexistente. O grupo manter-se-á unido por uma estrutura interna de pensamento e por uma estreita inter-relação telepática. Os Grandes Seres, a Quem procuramos servir, estão ligados assim e podem, sempre que necessitam, com um mínimo de gasto de energia, entrar em contato uns com os outros. Estão sintonizados numa vibração particular e é assim igualmente que devem estar os grupos. Desta forma se agruparão pessoas de natureza extremamente diferente, que pertencerão a raios diversos, que serão de nações diversas, provenientes de variados meios ambientes e vias hereditárias as mais distintas. Ao lado destes aspectos que atrairão imediatamente a atenção, se encontrará também uma diversidade com respeito à experiência da vida que tenham as almas. A complexidade do problema que enfrentam os membros do grupo aumenta extraordinariamente, quando se recordar o longo caminho percorrido por cada um e ainda os numerosos fatores e características que emergem de um distante e obscuro passado que contribuiu para fazer de cada um o que ele é agora. Quando, portanto, se insiste nas dificuldades e possíveis barreiras ao sucesso, surgem logicamente as perguntas: Como se tornará possível o estabelecimento das inter-relações de grupo? O que é que proporcionará o terreno para uma igualdade comum? A resposta a estas perguntas tem uma importância transcendental e precisa ser tratada abertamente.

Encontramos na Bíblia estas palavras: "Nele vivemos, nos movemos e temos a nossa Existência". Temos aqui a declaração de uma lei fundamental da natureza e o enunciado básico da relação existente entre a unidade da alma, atuando num corpo humano, e Deus. Este enunciado determina, igualmente, até onde se pode compreender, a relação entre uma alma e outra. Vivemos num oceano de energias. Nós próprios somos acumuladores de energias; e todas estas energias estão em estreita relação mútua e constituem o corpo único e sintético de energia do nosso planeta.

Deve-se recordar que o corpo etérico de cada forma da natureza é uma parte integrante da forma substancial do Próprio Deus - não a forma física densa, mas o que os esotéricos consideram como substância que cria forma. Empregamos a palavra "Deus" para significar a expressão da Vida Una que anima todas as formas do plano externo objetivo. Portanto, o corpo etérico, ou de energia, de cada ser humano, é parte integrante do corpo etérico do próprio planeta e, por conseguinte, do sistema solar. Por intermédio deste, cada ser humano está fundamentalmente ligado a cada uma das outras expressões da Vida Divina, quer sejam minúsculas ou imensas. A função do corpo etérico é receber os impulsos de energia e ser lançada à atividade por estes impulsos ou correntes de forças, que emanam de certas fontes. Na realidade, o corpo etérico nada mais é que energia. Compõe-se de miríades de linhas de força ou minúsculas correntes de energia, que estão relacionadas com os corpos emocional, mental e com a alma, pelos seus efeitos coordenadores. Estas correntes de energia, por sua vez, têm um efeito sobre o corpo físico que impulsiona para as atividades de um ou outro reino, de acordo com a natureza e o poder do tipo de energia que possa predominar no corpo etérico num dado momento.

Através do corpo etérico circula, portanto, energia que emana de alguma mente. No que respeita à humanidade, as massas respondem inconscientemente às decisões da Mente Universal; nesta época e neste momento, isto complica-se pelo fato de uma crescente disposição em responder às ideias da massa - algumas vezes chamada opinião pública - como consequência da rápida evolução da mente humana. Na família humana encontram-se também os que respondem a esse grupo interno de Pensadores Que, trabalhando com matéria mental, controlam do lado subjetivo da vida, a emergência do grande Plano e a manifestação do propósito divino.

Este grupo dos Pensadores distribui-se por sete divisões principais e é presidido pelas três grandes Vidas ou entidades super-conscientes e que são o Manu, o Cristo e o Mahachohan. Os Três empregam como método de trabalho a influência sobre as mentes dos adeptos e dos iniciados. Estes últimos, por sua vez, influenciam os discípulos do mundo, e estes, do lugar em que se encontram e por sua própria responsabilidade, desenvolvem o seu conceito do Plano e procuram dar-lhe expressão no limite de sua possibilidade. Estes discípulos até agora têm trabalhado principalmente sós, exceto quando, por razões cármicas, lhes é revelada a presença de outros, pois que a intercomunicação telepática foi com efeito reservada à Hierarquia dos adeptos e iniciados, quer encarnados ou não, e ao Seu trabalho individual com os discípulos.

Por conseguinte, os grupos que até agora têm trabalhado de maneira inteiramente subjetiva, poderão ser duplicados externamente e os novos grupos que venham a existir, virão na sua maioria como uma exteriorização - experimental ainda - dos grupos que têm funcionado por trás da cena motivados pelo grupo central, a Hierarquia dos Mestres. Esta experiência é ainda principalmente uma experiência de integração grupal e do método que pode ser desenvolvido. A razão pela qual os seres que atuam no Lado Interno experimentam agora esta ideia de grupo, deve-se a ser uma tendência principal da Nova Era. Procuram utilizar a tendência crescente do ser humano para a coesão e a integração. Contudo, é preciso recordar constantemente que, se não houver uma coesão subjetiva, todas as formas externas se deverão desintegrar, ou melhor, nunca chegarão a adquirir coesão. São unicamente os laços e o trabalho subjetivos que determinam o sucesso e estes devem (particularmente no trabalho dos novos grupos) ser fundados em relações egoicas e não nos apegos e preferências pessoais. Estas ajudam onde exista ao mesmo tempo um reconhecimento da relação egoica. Quando isto tem lugar, então alguma coisa pode ser construída que seja imortal e também durável como a própria alma.

Um ponto prático deve ser bem esclarecido. Durante algum tempo estes grupos que poderiam chamar-se "grupos modelos", devem ser formados muito lentamente e com muito cuidado. Cada pessoa que faça parte dos novos grupos será submetida a severas provas. Isto será necessário se se quiser que os grupos atravessem com sucesso o atual período de transição. Não será fácil para os discípulos formar estes grupos. Os métodos e as técnicas serão muito diferentes dos do passado. As pessoas poderão evidenciar um verdadeiro desejo de participar na vida do grupo e tomar parte das atividades dele, mas a principal dificuldade está em adaptar a sua vibração e vida pessoais ao ritmo do grupo. O estreito caminho que todos os discípulos devem percorrer (e nas primeiras etapas estes grupos serão compostos essencialmente por pessoas que se encontram no Caminho Probatório ou no Caminho do Discipulado) exige obediência a certas instruções que nos foram transmitidas de um remoto passado. Devem ser seguidas voluntariamente e com os olhos bem abertos, não se exigindo, contudo, uma anuência à letra da lei, o que nunca foi pedido, nem se esperava que o fosse. É sempre necessário que exista certa flexibilidade nos limites auto-impostos, mas essa flexibilidade não deve ser posta em jogo por qualquer inércia pessoal ou dúvida mental.

Esta enorme experiência de preparação do grupo agora iniciada na terra para uma nova atividade da Hierarquia, mostrará aos vigilantes Guias da raça até que ponto os discípulos e aspirantes do mundo estão prontos para subordinar os seus interesses ao bem grupal; até que ponto são sensíveis, como grupo, à instrução e à orientação; em que medida estão livres como canais de comunicação entre grupos do plano externo e o Grupo Interno, e também entre eles e as massas às quais esperam alcançar. O grupo de discípulos de um Mestre, no lado interno da vida, forma um organismo integrado por amor mútuo, uma vida e efeitos recíprocos. As relações nesse grupo são inteiramente mentais e astrais; por essa razão, as limitações do corpo etérico, do cérebro e do corpo físico densos não são sentidas. Isto facilita grandemente a compreensão interna e a interação recíproca. Seria bom recordar que o poder astral é muito mais fortemente sentido do que nos níveis físicos e, por isso, em todos os tratados sobre a preparação do discipulado se insiste tanto sobre o controle das emoções e dos desejos.

Atualmente, se faz um esforço para ver se é possível estabelecer tais atividades e interação grupais no plano físico, o que, como consequência, incluiria o equipamento do corpo físico, o que, como consequência, incluirá o equipamento do corpo físico e o cérebro. As dificuldades são, portanto, muito grandes. Que técnica poderá ser empregada para fazer face a esta tão difícil situação surgida como resultado do eficaz trabalho realizado nos grupos pelos Mestres? Muito dependerá de como reagiremos a esta interação e do quanto ela significará em nossas vidas. Isto insere-se num método oculto de trabalho extremamente prático. As reações físico-astrais do cérebro devem ser consideradas como não existentes e deve-se deixá-las cair abaixo do limiar da consciência do grupo para aí morrerem por inanição. Deve-se dar firme ênfase às relações mentais e egoicas.


c- A NATUREZA EXPERIMENTAL DOS GRUPOS

Diz-se que estes grupos constituem uma experiência. Esta é de natureza quádrupla e o seguinte enunciado conciso pode aqui aclarar a situação:

I- Estes grupos representam uma experiência para criar os alicerces ou pontos focais de partida na família humana, através dos quais certas energias podem afluir a toda a raça humana. Essas energias são dez.

II- Representam uma experiência relativa à inauguração de novas técnicas de trabalho e nos meios de comunicação. Notar-se-á que estas últimas três palavras resumem toda a questão. Tais grupos são destinados a facilitar a interação ou comunicação da seguinte forma:

1- Estarão ocupados no esforço empreendido para facilitar as comunicações entre indivíduos, de modo que as regras e métodos pelos quais a palavra possa ser transcendida se tornem conhecidos e o novo sistema de intercâmbio implantado. Oportunamente, as comunicações far-se-ão:

a) De alma para alma, aos níveis superiores do plano mental. Isto implica um alinhamento completo, de modo que alma-mente-cérebro estejam em uníssono.

b) De mente para mente, nos níveis inferiores do plano mental. Isto implica uma integração total da personalidade ou eu inferior, de modo que a mente e o cérebro estejam totalmente unificados.

Os estudantes devem recordar estes dois contatos distintos e ter também presente na mente que não é necessário que o contato maior inclua o menor. A comunicação telepática entre os diferentes aspectos do ser humano é inteiramente possível, nos vários graus de evolução.

2- Estes grupos trabalharão no estabelecimento da comunicação entre o plano da iluminação e a razão pura (ou plano búdico) e o plano da ilusão, que é o plano astral. Deve-se recordar que a nossa grande tarefa é dissipar a ilusão do mundo, derramando a iluminação ou a luz. Quando houver grupos que tenham sido iniciados com esse objetivo, em número suficiente, ter-se-ão canais de comunicação no plano físico que agirão como medianeiros entre o mundo da luz e o mundo da ilusão. Serão transmissores de um tipo de energia que dissipará maya, ou ilusão, e destruirá as antigas formas de pensamento. Liberarão a luz e a paz, iluminarão o plano astral e dissiparão assim a natureza ilusória da vida.

3- Através de outros grupos deve afluir um outro gênero de energia que produzirá um tipo diferente de inter-relação e comunicação. Tais grupos realizarão a cura correta das personalidades nos indivíduos, em todos os aspectos da natureza das suas personalidades. O trabalho em questão consiste em transmitir inteligentemente energia às diversas partes da natureza - mental, astral e física - do ser humano, por meio da correta circulação e organização da força. A cura deve finalmente prosseguir pelos grupos que atuam como intermediário entre o plano de energia espiritual (seja ela a energia da alma, energia intuitiva ou da vontade) e o paciente ou grupo de pacientes. Deve anotar-se este último ponto. A ideia de grupo deve sempre estar presente porque é o que distinguirá os métodos da Nova Era dos do passado; o trabalho será feito pelo grupo e para o grupo. Os seus membros trabalharão como almas e não como indivíduos. Aprenderão a transmitir aos pacientes energia curativa extraída do reservatório de força vital.

4- Outros grupos de comunicadores atuarão como transmissores de dois aspectos de energia divina - o conhecimento e a sabedoria - que devem ser considerados em termos de energia. O seu trabalho será educar as massas, como medianeiros diretos entre a mente superior e a mente inferior, e com a construção do antahkarana; a sua tarefa consiste em ligar os três pontos de interesse no plano mental - a mente superior, a alma e a mente inferior - para deste modo se estabelecer um antahkarana de grupo, entre o reino das almas e o mundo dos homens.

5- Outros grupos ocupar-se-ão de uma atividade política de forma mais específica do que qualquer outro ramo de trabalho. Esses grupos comunicarão essa "qualidade de imposição" e uma autoridade que falta nos muitos outros ramos desta atividade grupal divina. O trabalho será em grande parte um labor do primeiro raio. Personifica o método pelo qual a Vontade divina opera na consciência das raças e nações. Os membros deste grupo possuirão muito do primeiro raio na sua constituição. O seu trabalho será agir como canais de comunicação entre o departamento do Manu e a raça humana. Chegar a tornar-se um canal da Vontade de Deus é algo nobre.

6- Alguns grupos serão, num sentido pronunciado, canais entre a atividade do segundo raio, o do Instrutor do Mundo (o Cristo na atualidade, dirige este departamento) e o mundo dos homens. A energia do segundo raio deve fluir através de tais grupos de estudantes, de crentes e de pensadores e trabalhadores afins, que serão legião. Deve ter-se em conta este fato. Haverá muitos grupos destes que criarão a plataforma da nova religião do mundo.

7 - Alguns grupos terão uma função interessante, mas ela só se materializará após um longo período, ou não antes que o trabalho das forças construtoras do Universo seja melhor compreendido. Isto coincidirá com o desenvolvimento da visão etérica. Tais grupos atuarão como canais de comunicação ou intermediários entre as energias que constituem as forças construtoras de formas, os fabricantes da vestimenta exterior de Deus, e os espíritos humanos. Por conseguinte, notaremos que existe a possibilidade do principal trabalho inicial se relacionar com o problema da reencarnação. Este problema refere-se à adoção de uma roupagem externa, ou forma, sob a Lei de Renascimento. Portanto, quando estes grupos se organizarem, é com esse assunto que os seus membros ocupar-se-ão, em primeiro lugar, em seu trabalho. Empreenderão um estudo mais profundo e diferente do que foi realizado até agora, relativamente à Lei do Renascimento.

8- Alguns grupos de comunicadores e de transmissores de energia levarão a Iluminação aos grupos de pensadores. São os iluminadores dos pensamentos de grupo. Transmitem energia de um centro de pensamento para outro. Transmitem, acima de tudo, a energia das ideias. É essa a sua maior função. Deve notar-se que o mundo das ideias é um mundo de centro de força dinâmica. Não se deverá esquecer isto. Essas ideias devem ser contatadas e registradas. A sua energia deve ser assimilada e transmitida e é a função desses centros de força que se expressará segundo linhas de atividade.

9- Grupos que trabalham em outra função terão como tarefa específica estimular o mental dos homens para que possa ocorrer o alinhamento. Trabalham essencialmente como canais de comunicação entre a alma do homem e a alma em qualquer forma. Serão os grandes trabalhadores psicometristas, pois que um psicômetra é aquele cuja alma e capaz de sentir a alma das outras formas de vida - humanas e não humanas. Evocam essencialmente a alma do passado e ligam-na ao presente e aí descobrem indicações relativas ao futuro.

10- Os membros de outros grupos serão os comunicadores entre o terceiro aspecto da Divindade tal como se expressa através do processo criador, e o mundo do pensamento humano. Religarão ou fundirão, criativamente, a vida e a forma. Hoje, sem que se apercebam e sem qualquer verdadeira compreensão da sua parte, provocam uma concretização de coisas. Têm uma tarefa muito difícil, razão pela qual nos últimos cento e cinquenta anos é que apareceu a ciência das finanças do mundo. Ocupar-se-ão do aspecto divino do dinheiro. Considerá-lo-ão como o meio pelo qual o propósito divino pode realizar-se. Manejarão o dinheiro como agente mediador das forças construtoras do universo para levarem a cabo o trabalho necessário; essas forças construtoras (e aqui reside a chave) estarão progressivamente ocupadas na construção do Templo subjetivo do Senhor, antes que se materialize o que corresponde aos desejos do homem. Esta diferença deve ser levada em consideração.

III- Estes grupos representam a exteriorização de uma condição interna já existente. Temos que compreender que estes grupos não são uma causa, mas sim um efeito. Indubitavelmente é verdade que podem ter um efeito iniciador enquanto trabalham no plano físico, mas eles mesmos são o produto de uma atividade interna e de um conjunto de forças subjetivas que forçosamente se tornam objetivas. O trabalho dos membros de grupo consiste em preservar-se como grupo, em estreita relação com os grupos internos que, contudo, formam um só grande grupo ativo. Esta força de grupo central derramar-se-á então através dos grupos, na medida em que os membros do grupo, como um grupo

a) se mantenham em relação com as fontes internas de poder;

b) nunca percam de vista o objetivo grupal, qualquer que seja esse objetivo;

c) cultivem a dupla capacidade de aplicar as leis à vida individual e as leis de grupo à vida grupal;

d) utilizem, para servir, todas as forças que podem fluir no grupo e, portanto, aprendam a captar essa força e a utilizá-la corretamente.

A seguinte lista dos enunciados significará alguma coisa para a nossa mente em relação a isto? É a enunciação de um fato que nada tem de simbólico na sua terminologia, exceto na medida em que todas as palavras constituem símbolos inadequados para expressar verdades internas.

1- Cada grupo tem a sua contraparte interna.

2- A contraparte interna é um todo completo. O resultado externo é apenas parcial.

3- Estes grupos internos formam um só grupo e cada um é a expressão de certas leis ou é governado por elas, as quais encarnam os fatores controladores do trabalho grupal. Uma lei não é mais do que a expressão ou manifestação de força, aplicada sob o poder do pensamento por um pensador ou grupo de pensadores.

4- Estes grupos internos encarnam diferentes tipos de força e trabalham sinteticamente para expressar certas leis, representando um esforço feito para estabelecer novas e diferentes condições e, portanto, produzir uma nova civilização. É a Nova Era, a de Aquário que verá a sua consumação.

5- Os grupos externos são uma tentativa e um esforço experimental para comprovar até que ponto a humanidade está preparada para tal esforço.

IV- Estes grupos são também uma experimentação que tem como objetivo a manifestação de certos tipos de energia que estabelecerão na terra a coesão ou a unificação total. As atuais condições de graves crises no mundo, como o "impasse" internacional, o descontentamento religioso, a confusão econômica e social das últimas décadas, são resultado de energias tão poderosas - devido à sua enorme força viva - que somente podem ser postas em atividade rítmica pela imposição de energia ainda mais fortes e melhor dirigidas. Quando os grupos funcionarem adequadamente e tiverem alcançado, não só uma unidade grupal interna, mas também entre eles próprios, então poderá realizar-se um trabalho específico.

Tais são alguns dos planos que a Hierarquia está tentando levar adiante e nos quais os verdadeiros discípulos e aspirantes podem desempenhar uma parte. Chamam-nos a atenção para estes planos a fim de evocar a nossa permanente colaboração.


d- A ASTROLOGIA E OS NOVOS GRUPOS

A Lei do Progresso Grupal encarna uma das energias que foram gradualmente liberadas durante os últimos séculos. Uma maré mais forte provocou uma atividade durante a lua cheia de Maio de 1936 e agora o crescimento da ideia de grupo, quer em seus bons, quer nos maus aspectos, pode ser esperado a cada momento. Como já várias vezes se chamou a atenção dos estudantes, esta lei se relaciona com certo impulso realizado nas mentes dos homens que, por sua vez, é o efeito produzido por diversos tipos de energia que estão sendo lançados sobre a terra. O nome "Lei do Progresso de Grupal" é o modo como os seres humanos designam certo tipo particular de energia que está produzindo a coesão das unidades de um grupo, estruturando-as num só organismo vivo. Os reconhecimentos que daí resultam são os da afinidade grupal, do objetivo grupal e da meta do grupo. Em última análise, é o surgimento, na consciência subjetiva, do mesmo tipo de energia que produz esse aspecto de ação coesiva que se demonstra como unidade de tribo, nação ou raça. Neste caso, contudo, o fator determinante não é de conotação física, nem neste plano os grupos têm base. Fundamentam-se num idealismo de grupo que só pode ser conscientemente captado quando as unidades do grupo começarem a funcionar no plano mental, desenvolvendo a capacidade de "pensar a fundo nas coisas" isto é a registrar no cérebro o que a alma comunicou ao mental. Temos aqui uma definição do processo da meditação tal como deve ser aplicado por aqueles que, através do alinhamento, efetuaram já certo contato com a alma. Estes grupos funcionam inteiramente por meio de uma relação subjetiva, que produz uma integração e atividade subjetivas.

Quando chegarmos ao estado das implicações astrológicas em conjugação com estas leis, descobriremos que as energias dos signos do Zodíaco têm um efeito específico sobre a energia de um Ser, Cujo propósito se cumpre através da manifestação dessas leis, consideradas por nós como grandes e inevitáveis leis naturais e também como elos espirituais. Este efeito produz uma fusão de energias, a qual tanto equilibra quanto impulsiona.

Em Dezembro de 1935 as energias de Capricórnio foram acrescidas pelo derramamento de forças provenientes de uma constelação ainda maior, que representa, para o nosso Zodíaco, o que o Zodíaco é para o nosso planeta. Outro aumento terá lugar novamente em 1942. Deve-se recordar que, sob certo ponto de vista, o ciclo de doze signos ou constelações constitui uma unidade especial que gira no seio do nosso universo de céus, da mesma maneira como o nosso planeta gira no centro do nosso ciclo de influências. Por meio deste acréscimo - durante o ciclo zodiacal de Aquário que está entrando em atividade - os grupos na terra podem aproveitar a maré das influências de Capricórnio que se derramarão no seu raio de ação de sete em sete anos. O que acabou de ocorrer deu um tremendo impulso para o trabalho do Novo Grupo dos Servidores do Mundo e provocou em todo o mundo ótima receptividade a esse impulso particular. Isto manifestou-se em cada país e em cada grupo com uma acentuada tendência para a boa vontade. Em 1942 haverá outro influxo planetário que beneficiará quem para ele estava preparado. A "semana de Impacto grupal" produz-se a cada sete anos e tem sempre extraordinário significado o período entre 21 a 28 de Dezembro e se isto ocorrer no período da lua cheia, a oportunidade será sempre de grande proveito. Essa semana devia ser considerada como "a semana do festival" do Novo Grupo dos Servidores do Mundo. Para este fato chama-se a atenção de todos.

Os novos grupos começam a aparecer em todas as partes do mundo. Os do plano externo, com uma diversidade de nomes e de formas estabelecidos, não estão ligados com o grupo interno que sustenta ou "projeta" os novos grupos, exceto quando tenham uma relação definida, ainda que nebulosa. Isto será sempre possível quando haja três membros do Novo Grupo de Servidores do Mundo, e pode ser utilizado até certo ponto. Este vasto agrupamento espiritual de servidores está, no plano físico, ligado apenas muito debilmente. No plano astral o laço é mais forte e baseia-se no amor da humanidade; no plano mental ocorre o principal vínculo, sob o ponto de vista dos três mundos como um todo. Portanto, é evidente que certos desenvolvimentos devem produzir-se no individuo antes que ele possa ser conscientemente um membro ativo do Novo Grupo dos Servidores do Mundo, que é o grupo principal na atualidade, trabalhando precisamente sob a Lei do Progresso Grupal.

1- O indivíduo deve ter despertado o centro cardíaco e exteriorizado o seu "comportamento" de tal forma que o coração se vincule rapidamente com os centros cardíacos de, pelo menos, oito pessoas. Então o grupo composto de nove aspirantes que despertaram esse centro pode ocultamente ser absorvido no centro cardíaco do Logos Planetário. Por intermédio do grupo, a Sua vida pode derramar, e os membros do grupo podem contribuir com a sua cota de energia para as influências da vida que circula através de todo o Seu corpo. A indicação dada acima só tem interesse para aqueles que já despertaram espiritualmente, tendo pouco ou nenhum significado para os que estão adormecidos.

2- O centro da cabeça (coronário) deve também estar em vias de despertar, e a capacidade para "manter a mente firme na luz" deve estar parcialmente desenvolvida.

3- Certas formas de atividade criativa devem igualmente existir e o servidor deve manifestar uma atividade qualquer no plano humanitário, artístico, literário, filosófico ou científico.

Tudo isto implica o alinhamento e a integração da personalidade e essa simpatia atrativa e magnética que de um modo ou de outro distingue todos os discípulos. Assim, sob o ponto de vista esotérico, encontram-se no indivíduo certos grandes triângulos de energia e, consequentemente, em crescente grau na humanidade. Então, também as "forças da vida criativa" circularão a partir do "ponto da cabeça" (centro coronário) ao longo da "linha que vai ao coração" e em seguida ao centro laríngeo formando um "triângulo de luz ardente". Tal é o Caminho do Progresso do Grupo e quando isto se consumar então a Lei do Progresso Grupal começará definitivamente a funcionar e a controlar. Seria interessante enunciar os efeitos reconhecidos das cinco leis que temos considerado:

Unidade no Plano Físico - As Massas
Lei Efeito Efeito Físico Geral Reação Qualidade
1 - Sacrifício Salvadores do Mundo Morte Deliberada. "Morro diariamente". Amor ao Salvador. Desejo de Seguir. Abnegação
Unidade Etérica ou Vital - Os Aspirantes
Lei Efeito Efeito Físico Geral Reação Qualidade
2- Impulso Magnético Religião Mundial. Escolas de Pensamento. Igrejas. Organizações. Amor às Ideias. Filosofia. Devoção. Idealismo.
Unidade Astral - Os Probacionários
Lei Efeito Efeito Físico Geral Reação Qualidade
3 - Serviço Atividade Humanitária Cruz Vermelha e atividades afins. Amor à Humani-dade. Simpatia. Compaixão.
Unidade Mental - Os Discípulos
Lei Efeito Efeito Físico Geral Reação Qualidade
4 - Repulsa Luta contra o mal. Cruzadas de todas as espécies. Amor ao Bem. Discriminação.
Unidade de Alma - Os Iniciados
Lei Efeito Efeito Físico Geral Reação Qualidade
5 - Progresso de Grupo. Novos Grupos. Novo Grupo de Servidores do Mundo. Amor à Síntese. Inclusividade.

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6- A Lei da Resposta Expansiva

Podemos agora referir-nos, embora abreviadamente, à sexta e sétima leis que trataremos em conjunto. As outras cinco desenvolveram uma atividade bem definida no plano físico. Os efeitos ou consequências dos impulsos que estão por trás delas conduzem à execução do propósito do Altíssimo e podem todos ser reconhecidos no plano fenomênico; mas, na atualidade, o conhecimento consciente da humanidade é tal que só em cinco casos pode ser observado o efeito destas leis e apenas pelos aspirantes mais avançados do mundo. Os discípulos e iniciados podem vagamente começar a reconhecer os efeitos da sexta e sétima leis e ninguém mais agora.

Estas duas leis não podem ser interpretadas como as anteriores, porque só aqueles que são iniciados ou a caminho da iniciação, podem começar a compreendê-las. A iluminação, resultante da iniciação, é necessária antes de se poder abordar a ideia que se encontra por detrás do desígnio destas expressões. Por conseguinte, não perderemos tempo em lidar com a Lei da Resposta Expansiva nem com a Lei dos Quatro Inferiores, apenas nos limitaremos a transcrever duas antigas estâncias que terão muito significado para o iniciado, mas que para o leitor e estudante comum parecerão palavras ressonantes, frases simbólicas sem sentido.

"O Sol, em toda a sua glória, despontou e lançou os seus raios para o céu oriental. A união dos pares de opostos produz nos ciclos de espaço e tempo, nuvens e névoa. Estas ocultam uma poderosa conflagração...

O dilúvio extravasa-se. A arca flutua livremente... As chamas devoram. Os três estão livres e, então, novamente a névoa envolve.

Por cima das nuvens da terra brilha um sinal... Só o olho da visão vê este sinal. Só o coração em paz pode ouvir a troante Voz que surge das profundezas obscuras da nuvem. Somente a compreensão da lei que eleva e exalta, pode ensinar o "homem de fogo e o filho da água" a penetrar na névoa. Dalí ascende ao cimo da montanha e novamente se encontra livre.

A tripla liberdade assim obtida nada tem que ver com a terra, a água ou o fogo. E uma libertação de natureza tripla que acolhe o homem que passa livremente da esfera da terra para o oceano da esfera aquosa e dali para a terra ardente do sacrifício. O sol aumenta o fogo, dissipa a névoa e seca a terra. E, desta forma, o trabalho realiza-se".

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7- A Lei dos Quatro Inferiores

"Quatro filhos de Deus partiram. Mas só um regressou. Quatro Salvadores fundiram-se em dois e depois os dois converteram-se em UM"

É difícil ver-se que estas duas escrituras antigas - uma mística e outra ocultista - comunicam bem pouco à maior parte das mentes. Portanto, não haveria proveito em considerá-las muito minuciosamente. Não chegou ainda o momento. Contudo, foram-nos dadas porque contém poder magnético que ajudará a estimular a compreensão.

Estamos hoje em vésperas de grandes acontecimentos. A humanidade está a caminho de um impulso renovado. Ela não está mais na encruzilhada dos caminhos, mas tomou decisões irrevogáveis e a raça caminha na senda que a conduzirá para a luz e a paz. Ela encontrará o caminho que conduz "à paz que supera toda a compreensão" porque será uma paz independente de condições externas, não baseada no que atualmente a humanidade define como paz. A paz que aguarda a raça no futuro é a paz de alegria serena - de uma serenidade baseada na compreensão espiritual e na alegria, não afetada pelas circunstâncias externas. Esta alegria e serenidade não são de natureza astral, mas sim uma ação da alma. Estas qualidades não resultam da disciplina da natureza emocional, mas provêm da ação natural e automática da alma. É a recompensa de um alinhamento alcançado definitivamente. Estas duas qualidades da alma - serenidade e alegria - indicam que a alma, o Ego, o Uno, que permanece só, está controlando ou dominando a personalidade, as circunstâncias e todas as condições ambientais da vida nos três mundos.

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