Livros de Alice Bailey
Psicologia Esotéria - Volume I
Volume I
Volume
II
Volume I Seção I - Capítilo 1 - Observações Preliminares |
1 - Os Três Objetivos ao Estudar os Raios |
2 - Vida - Qualidade -Aparência |
3 - Enumeração dos Sete Raios |
4 - A Função do Cristianismo |
Observações Preliminares
1 - Os Três Objetivos ao Estudar os Raios
O estudo dos raios, com uma profunda e verdadeira compreensão do significado interno do ensinamento, proporcionar-nos-á três coisas:
A - Lançará muita luz sobre os tempos e os ciclos no panorama evolutivo da história. Em última análise, a história é uma avaliação do crescimento e desenvolvimento do homem desde o estágio do homem da caverna, com sua consciência centrada em sua vida animal, até o tempo presente em que a consciência humana está-se tornando, firmemente, mais inclusiva e mental e, assim por diante, até o estágio de um perfeito filho de Deus. É uma avaliação da conquista, pelo homem, das ideias criativas que modelaram a raça e estão estabelecendo seu destino. Ele nos dá um quadro dramático do progresso daquelas almas que, pelo aparecimento ou desaparecimento de um raio, são trazidas à manifestação ou dela removidas.
Verificaremos, enquanto estudarmos, que as palavras em grande parte limitarão nossa expressão das realidades envolvidas e teremos de nos esforçar para penetrarmos sob o significado aparente, até alcançarmos a estrutura esotérica da verdade. Esses raios estão em constante movimento e circulação e demonstram uma atividade progressiva e cíclica cuja importância é de evidência crescente. Eles são dominantes, em um tempo e recessivos, em outro; de acordo com o particular raio que estiver fazendo sentir sua presença em qualquer tempo em particular, assim serão as qualidades da civilização, o tipo de formas que farão seu aparecimento nos reinos da Natureza e os consequentes estágios de conscientização (estados de consciência) dos seres humanos que estiverem sendo trazidos à forma da vida naquela particular era. Essas vidas encarnadas (outra vez em todos os quatro reinos) responderão à peculiar vibração, qualidade, tonalidade e natureza do raio em questão. O raio em manifestação afetará potentemente os três corpos que constituem a personalidade do homem; a influência do raio produzirá modificações no conteúdo mental e na natureza emocional do homem e determinará o calibre do corpo físico.
Estou consciente, portanto, de que, ao expor este relativamente novo ensinamento sobre os raios, poderei, em minha tentativa de lançar uma luz nova, aumentar temporariamente a complexidade do assunto. Mas, à medida que se façam os experimentos, que as pessoas sejam estudadas nos laboratórios dos psicólogos e dos psicanalistas, em conexão com as indicações dos seus raios e à medida que as ciências mais novas entrem em uso adequado, em sua esfera apropriada, ganharemos muito e o ensinamento encontrará corroboração. Veremos emergir uma nova abordagem para as antigas verdades e um novo modo de investigar a humanidade. Enquanto isso, concentremo-nos na clara enunciação da verdade relativa aos raios e procuremos tabular, delinear e indicar sua natureza, propósitos e efeitos.
Os sete raios, tendo aparecimento cíclico, têm continuamente entrado e saído de manifestação e, assim, deixado sua marca na humanidade através dos tempos e, por isso, conservam a pista para qualquer verdadeiro levantamento histórico. Tal levantamento ainda está para ser feito.
B - Um segundo resultado do estudo dos raios será esclarecer nosso conhecimento quanto à natureza do homem. A psicologia moderna, experimental e acadêmica, tem feito muito para reunir informações relativamente a como um homem atua, qual a natureza de suas reações, o calibre de seu equipamento mental, a qualidade de seu mecanismo físico, seu modo de pensar e a totalidade de complexos, psicoses, neuroses, instintos, intuições e as fixações intelectuais que indiscutivelmente o compõem. A psicologia médica também nos trouxe muito e aprendemos que o ser humano está inteiramente condicionado por seu instrumento de expressão e não pode expressar mais do que seu sistema nervoso, cérebro e glândulas permitem. Verificamos, contudo, que algumas das teorias, mesmo as melhor comprovadas, falham, se houver variação nas condições. O campo coberto pela psicologia hoje é tão vasto, suas escolas são tantas e variadas e sua terminologia tão complicada, que não será possível tentar lidar com ele, aqui.
A dívida do mundo para com os psicólogos especializados não pode ser medida, mas, a não ser que uma ideia chave seja inserida no campo inteiro do pensamento, ela cairá pelo seu próprio peso e produzirá (como já está ocorrendo) problemas, complexos e doenças mentais que são resultados diretos de seus próprios métodos. O conhecimento que agora temos de como os homens trabalham no plano físico como personalidades integradas e de como, dadas certas condições, pode-se esperar que trabalhem, é vasto e claro e a amplitude de seu alcance pode ser, de certo modo, avaliada, se nós compararmos o que sabemos hoje com o que era conhecido há cento e cinquenta anos. Mas isso foi em grande parte apoiado no estudo do patológico e no aspecto forma (este último sendo o verdadeiro método científico) e é, portanto, limitado e circunscrito, quando testado em última análise, à luz do indiscutivelmente existente supranormal.
O que procuro fazer e esta é a contribuição que procuro trazer ao assunto, tem a ver com a ênfase que poremos na natureza do princípio integrante, encontrado em todas as formas resultantes da coesão e sobre aquilo a que podemos (por falta de uma palavra melhor) chamar de alma ou "Self". Este princípio, que dá forma à natureza do corpo e expressa suas reações através dos estados emocionais e mentais, é evidentemente reconhecido por muitas escolas de psicologia, mas permanece, contudo, uma quantidade desconhecida e indefinível. Eles acham impossível descobrir sua origem, eles não sabem o que ela é, se é uma entidade formadora ou não, destacada e separada da natureza corporal; eles questionam se ela é uma totalidade energética íntegra, trazida à existência pela fusão das células corporais e, por isso, através do processo de evolução, constituindo uma entidade pensante, sensível ou não, passa da vida agregada e da consciência das próprias células.
Tudo isso é uma generalização que servirá ao nosso propósito e cobrirá a proposição geral. À medida que estudarmos, parecerá que as energias que formam as personalidades e que constituem a natureza do ser humano caem naturalmente em três grupos:
1- Aquelas energias a que nós chamamos "os espíritos nos homens". Vocês notam aqui a extrema superficialidade da frase. Ela não significa coisa alguma nem leva a parte alguma. O Espírito é Uno, mas dentro daquela unidade essencial os "pontos de fogo" ou "as centelhas divinas" podem ser vistas e registradas. Essas unidades dentro da unidade são coloridas por três tipos de energia, aos quais reagem qualitativamente, pois é cientificamente verdadeiro e um fato espiritual na Natureza, que Deus é o Três em Um e o Um em Três. O espírito do homem veio à encarnação segundo uma linha de emanação de força de uma ou outra dessas três correntes que formam uma corrente, emanando do Altíssimo.
2 - Essas correntes de energia se diferenciam em um três principal, contudo, permanecem uma só corrente. Este é um fato ocultista digno da mais profunda meditação. Por sua vez, eles se diferenciam em sete correntes que, como se diz, "conduzem para a luz" os sete tipos de alma. E com esses sete que nós lidaremos.
3 - As energias nas quais os três se distribuem, tornando-se, assim, sete, por sua vez, produzem os quarenta e nove tipos de força que se expressam por meio de todas as formas nos três mundos e nos quatro reinos da Natureza. Vocês têm, pois,
a) Três grupos monádicos de energias. A unidade essencial expressa, através desses três, as qualidades da Vontade, Amor e Inteligência.
b) Sete grupos de energias que são o meio, através do qual os três grupos principais expressam as qualidades divinas.
c) Quarenta e nove grupos de forças às quais todas as formas respondem e que constituem o corpo de expressão para os sete - os quais, por sua vez, são reflexos das três qualidades divinas.
Por alguns caminhos misteriosos, portanto, as diferenciações que se manifestam na Natureza se acham no reino da qualidade e não no reino da realidade.
É com os sete grupos de almas (ou energias da alma) e com as formas tríplices no quarto reino da Natureza que eles criam, que nós lidaremos e por meio dos quais eles têm de expressar a qualidade do seu raio grupal e a energia daquele, dentre os três grupos essenciais, com o qual seu raio da alma está relacionado. Tentaremos, pois, se possível, enriquecer o conteúdo da moderna psicologia e acrescentar a ela essa psicologia esotérica que lida com a alma ou "Self", a entidade animadora dentro da forma.
C - O terceiro efeito do estudo desses raios deveria ser duplo. Não somente, de certo modo, compreenderemos o lado interno da história; não somente ganharemos uma ideia das qualidades divinas que emergem dos três aspectos e determinam as formas de expressão no plano físico, mas também teremos um método prático de análise pelo qual poderemos chegar a uma correta compreensão de nós mesmos, como entidades, contendo almas, uma compreensão mais sábia de nossos semelhantes.
Quando, por meio de nosso estudo, nós afirmamos, por exemplo, que a tendência de nosso raio da alma é a da vontade ou poder e que o raio, governando a personalidade, é o da devoção, podemos mais efetivamente aferir nossa oportunidade, nossas capacidades e nossas limitações; poderemos mais justamente determinar nossa devoção e serviço, nossos ativos e nossos débitos, nosso verdadeiro valor e força. Quando podemos acrescentar a esse conhecimento uma análise que nos capacita a compreender que o corpo físico está reagindo predominantemente ao raio da alma, ao passo que o corpo emocional está sob a influência do raio da personalidade que está historicamente em manifestação atualmente, ficamos numa posição de determinar nosso particular problema na justa medida. Podemos, então, lidar mais inteligentemente conosco, com nossos filhos e com nossos amigos e demais pessoas com quem convivemos.
Nós nos descobriremos capacitados para cooperar mais sabiamente com o Plano, à medida que ele procura expressão em qualquer momento.
É uma tolice dizer que o verdadeiro significado da "psicologia" é a "palavra da alma". Ela é o som, produzindo um efeito na matéria, que um particular raio pode fazer. Este é, de alguma maneira, um modo difícil de expressá-lo, mas se se compreender que cada um dos sete raios emite seu próprio som e, assim o fazendo, põe em movimento aquelas forças que devem trabalhar em uníssono com ele, a inteira questão do livre-arbítrio humano, de seu destino eterno e de seu poder de ser autoafirmativo surge pedindo solução. Procuraremos encontrar a resposta para essas questões, à medida que prosseguirmos.
Alguns dos pontos que procuro tornar claros não serão passíveis de substanciação e não poderão ser provados por vocês. Esses, seria prudente aceitá-los como hipóteses de trabalho, para compreender aquilo a respeito do que procuro falar. Alguns dos pontos que poderei abordar poderão encontrar vocês sem condições para confirmá-los em sua própria experiência de vida e eles exigirão uma identificação, vindo da própria mente concreta ou eles poderão produzir em vocês uma reação da mais forte convicção, emanando de seu "Self", intuitivamente consciente. Em qualquer caso, leiam cuidadosamente, apliquem as leis da analogia e da correspondência, estudem a si próprios e a seus irmãos, procurem ligar o que eu digo com qualquer conhecimento que possam ter das teorias modernas e lembrem-se de que, quanto mais verdadeiramente viverem como uma alma, tanto mais seguramente compreenderão aquilo a que possam estar sendo submetidos.
Enquanto fizerem esse estudo, não se esqueçam do conceito básico de que, em todo trabalho ocultista, estamos ocupados com energia - unidades de energia, energia corporificada nas formas, correntes de energia em fluxo e que essas energias se tornam potentes e encarnam nosso propósito pelo uso do pensamento; elas acompanham as bem definidas correntes de pensamento do grupo.
Deve-se lembrar, todavia, de que é nessa região do pensamento que vem a ruptura entre a magia branca e a negra. É no uso do poder do pensamento que os dois aspectos da magia podem ser vistos em atividade e, por isso, é verdade que não há magia negra, per se, enquanto não se alcança o reino da mente. Só se pode ser um mago negro, quando a vontade e o trabalho mental trabalham em uníssono; quando o controle da mente e o trabalho criativo da mente focalizada possam ser vistos. Muitas vezes, tem-se dito que o mago negro é de fato raro e isso é verdadeiro, porque o pensador criativo, com o poder para usar a vontade sustentada, é igualmente raro.
Vou ilustrar. Há necessidade de pensamento claro sobre esses assuntos, pois, ao estudarmos a psicologia do microcosmo e chegarmos a uma compreensão dos seus impulsos e energias de raio, necessitaremos ver claramente o caminho pelo qual seguimos, de modo a que trilhemos o caminho do altruísmo, levando à consciência grupal e não o caminho do individualismo, conduzindo, final e inevitavelmente (à proporção que o aspecto mente se torna organizado) ao caminho da mão esquerda, da magia negra.
Essas almas fortes que conscientemente penetram nos reinos da força espiritual e tomam de lá aquilo de que necessitam e aquilo que escolhem, devem trabalhar com inteligência, de modo a que possa haver uma subsequente sábia distribuição de força dentro de uma área escolhida.
Aqueles que se identificam como estando nas fileiras dos aspirantes, mas que possuem a persistência que os levará à meta, devem lembrar que é sua a responsabilidade de acrescentar sua quota à totalidade e que isso é feito sempre que eles pensam no grupo, correspondem-se com outro aspirante ou meditam.
Estendam a ideia, depois, de um estudante no grupo para o próprio grupo, considerando-o como uma unidade grupal dentro de um grupo maior. Vocês têm aí uma perfeita analogia com a maneira pela qual os Grandes Seres trabalham, causando efeitos que são inevitáveis e contribuindo para a potência do pensamento-forma do grupo.
O segundo ponto no qual procuro tocar diz respeito às provas que, no tempo atual, os aspirantes e discípulos são inevitavelmente submetidos. Não é tanto uma prova para testar seu lugar no Caminho ou sua capacidade de viver no mundo como cidadãos de outro reino e como guardiães daquilo que o mundo, via de regra, não reconhece. Na medida em que o teste é aplicado e em que ele pode ser padronizado, procuro demonstrar que o teste não é aplicado, como pensam alguns, devido à ligação deles com qualquer grupo ou devido à sua firme determinação de trilhar o Caminho. É aplicado, porque as próprias almas dos aspirantes assim o ordenaram, antes de encarnarem e foi a vontade de suas almas que certa medida de crescimento, até então desconhecida, viesse a ser alcançada, um certo desapego da forma conquistado e que uma certa preparação ocorresse, capaz de levar a uma liberação da vida na forma. A ideia de que um renovado esforço em direção à meta da luz espiritual seja a causa de perturbações ou precipite um desastre não é um fato que se possa confirmar. A extensão da disciplina a que um discípulo se sujeita é estabelecida e conhecida por sua alma, mesmo antes que ele assuma uma forma corpórea; ela é determinada pela lei.
É esse problema das unidades e seu mútuo intercâmbio que fundamenta o assunto inteiro dos raios que procuraremos investigar.
Cada grupo no mundo é um núcleo para a focalização e intercâmbio dos sete tipos de força, assim como todo ser humano é também um ponto de encontro para os sete tipos de energias - dois no ascendente e cinco menos potentes. Cada grupo pode, consequentemente, ser um centro criativo e produzir aquilo que é uma expressão das energias controladoras e do pensamento dirigido dos pensadores no grupo. Do ponto de vista d'Aqueles Que veem e guiam, pois, todo grupo está construindo algo que é relativamente tangível e governado por certas leis construtoras. O grande trabalho dos Construtores prossegue firmemente. Muitas vezes, aquilo que é construído, é incipiente, fútil e sem forma ou propósito e sem finalidade, seja para os deuses, seja para os homens. Mas a humanidade como um todo está agora entrando numa era em que a mente se está tornando um fator potente; muitos estão aprendendo a manter a mente firme na luz e, consequentemente, estão receptivos às ideias até então não reconhecidas. Se um grupo de mentes pode ser assim reunido e fundido numa adequada síntese e se elas (em sua meditação individual e diária) se mantêm focalizadas ou orientadas na direção daquilo que pode ser apreendido, grandes conceitos podem ser percebidos e grandes ideias intuídas. Os homens podem treinar-se - como um grupo - para pensar essas ideias intuídas do verdadeiro e do belo e do Plano até a existência manifestada e, assim, uma criação de beleza, encarnando um princípio divino, pode ser construída. Reflitam sobre isso, procurando ajustarem-se ao registro dessas ideias e preparem-se para a formulação delas em pensamentos e para sua transmissão, de modo a que outros também possam alcançá-las. Essa é a natureza do verdadeiro trabalho a ser feito pelos novos grupos e os estudantes de hoje, que podem captar essa ideia, tem a oportunidade de fazer algum desse trabalho pioneiro.
O progresso e estabilidade individual sempre foram possíveis, intuindo e concretizando a ideia. Grupos de estudantes meditando sincronicamente deveriam agora tentar o mesmo. O esforço para sincronizar o esforço não se relaciona tanto aos elementos do tempo corno à unidade de intenção e de propósito.
No reino da intuição há, hoje, muito a ser encontrado de maravilhoso, isso pode ser contatado. É, agora, o privilégio da raça, conquistar aquele "arco-íris de coisas cognoscíveis" ao qual o antigo Vidente Patanjali se refere em seu quarto livro; a humanidade, por meio de seus muitos aspirantes, pode hoje precipitar esse "arco-íris", de modo a que os cérebros dos homens em toda parte possam registrar o contato. Até então, este fora o privilégio do raro e iluminado vidente. Dessa maneira, a Nova Era será introduzida e o novo conhecimento entrará nas mentes da humanidade.
Isso poderá ser demonstrado praticamente, se os que estão interessados neste Tratado sobre os Sete Raios puderem sintonizar-se mutuamente para pensar claramente e, com uma mente iluminada e equilibrada, procurarem compreender o que é relativamente um novo aspecto da verdade.
Ao me propor a revelar algo sobre a natureza dos sete raios, sinto ser necessário lembrar a todos vocês que começam a se dedicar a esse estudo, que qualquer especulação, quanto à fonte emanadora dos raios deverá permanecer sem qualquer proveito, até que seja desenvolvido, dentro de cada estudante, aquele equipamento de resposta e aquele mecanismo sensitivo que os capacitem a registrar um campo mais abrangente de contatos do que é atualmente possível. Muitos estão, por enquanto, no estágio inicial de registro da conscientização de um campo de expressão cuja existência eles conhecem - o campo de consciência da alma - mas que ainda não é para eles o campo normal de expressão. Muitos sabem, teoricamente, bastante a respeito dele, mas os efeitos práticos do conhecimento aplicado ainda não estão ao seu alcance. Muitos estão cônscios da consciência e estão alertados quanto ao reino da alma e de uma ocasional reação à impressão daquele reino, mas eles ainda não são a própria consciência nem tão identificados com a alma, que a consciência de tudo o mais se desvaneça. Conquistar isso é sua meta e objetivo.
Também gostaria que lembrassem que a carreira da Mônada (um aspecto da energia encontrado em algum dos três principais raios) pode ser grosseiramente dividida em três partes, levando a uma quarta:
1 - Uma conscientização inferior de uma unidade que é a unidade da natureza da forma. Nessa unidade, a alma se identifica tão inteiramente com o aspecto matéria, que ela não vê distinção, mas é a forma e não se conhece como alma. Isso, muitas vezes, alcança seu acme em alguma vida de plena expressão da personalidade, na qual a alma está completamente centrada em reações da personalidade; a vida inferior é tão forte e vital, que uma expressão poderosa e material acaba por se manifestar.
2 - Uma subsequente e dolorosa diferenciação da consciência em uma dualidade tornada consciente. Nessa condição, o homem está nitidamente alertado quanto ao que se denomina sua dualidade essencial; ele sabe que é espírito-matéria, é vida-forma e é a alma em manifestação. Durante essa etapa, que cobre muitas vidas e leva o homem pelo caminho probatório e do discipulado, na medida em que a terceira iniciação, o centro de gravidade (se assim posso chamá-lo) transfere-se firmemente do lado forma e se centra mais e mais no da alma. Há uma consciência crescente de que há uma Realidade que abarca e, ao mesmo tempo, extingue a dualidade.
Lembrem-se de que a história inteira da evolução é a história da consciência e de uma crescente expansão do princípio de "tornar-se consciente e alerta", de modo que, do interesse microscópico do homem autoconsciente - pois reteremos a parábola nos limites do quarto reino da Natureza - nós temos uma inclusividade, em lenta evolução, que finalmente o conduz até a consciência do Cristo cósmico.
3 - A conscientização superior da unidade acompanha este senso de dualidade e, nessa etapa final, o sentido de ser alma e corpo se perde. A consciência identifica-se com a Vida habitante do planeta e do sistema solar. Quando isso acontece, há o registro de um estado de ser que jaz por trás da palavra, da mente e da forma de expressão de qualquer espécie.
O grande vidente Hebreu procurou sintetizar essas três etapas nas palavras:Eu Sou - Aquele - Eu Sou. Ele assim as expressou, trivial, sucinta e adequadamente, o que se perceberia, tivéssemos nós apenas o desenvolvimento para sabê-lo. A terceira (conquanto compreendida) desafia expressão e dá o indício para um quarto tipo de conscientização que é o da própria Divindade, sobre o que não nos adianta especular.
2 - Vida - Qualidade - Aparência
Em nossos estudos dos raios, deve-se, portanto, ter presente que estamos lidando com a expressão da vida, por intermédio da forma-matéria. A mais elevada unidade somente será identificada, quando essa relação dual for aperfeiçoada. A teoria da Vida Una pode ser conservada, mas aqui não lido basicamente com a teoria e sim com aquilo que possa ser conhecido, desde que haja crescimento e inteligente aplicação da verdade. Eu lido com a possibilidade e com aquilo que se pode conquistar. Nos dias atuais, muitos gostam de falar e pensar em termos daquela Vida Una, mas fica-se no falar e pensar, ao passo que a verdadeira consciência daquela essencial Unidade permanece um sonho e uma criação da imaginação. Sempre que esta realidade é posta em palavras, a dualidade é enfatizada e a controvérsia espiritual (usando a palavra em seu significado básico e não em sua conotação ordinária belicosa) é enaltecida.
Tomem por exemplo as palavras: "Eu acredito na Vida Una" ou "Para mim, há apenas uma Realidade" e observem como, em sua fraseologia, elas são uma expressão da dualidade. Nem a Vida nem sua perfeição consciente podem ser expressas em palavras. O processo de "tornar-se", que leva ao "ser", é um evento cósmico, envolvendo todas as formas e nenhum filho de Deus está separado daquele mutável processo até agora. Enquanto está na forma, ele não pode saber o que a Vida é, embora, ao atingir certos passos e, assim, conseguir atuar nos planos superiores do sistema em plena consciência, ele possa começar a ter relances daquela assombrosa Realidade.
Certos grandes iniciados, no correr dos séculos, cumpriram sua função de reveladores e conservaram diante dos olhos dos discípulos pioneiros da vida o ideal da Qualidade de ser Uno e da Unidade. Contudo, isso tem sido uma questão de transferir o foco da atenção, progressivamente, de uma forma para outra e, assim, de um ponto de referência mais elevado, obter um relance novo de uma possível verdade. Cada era (e a presente não faz exceção) tem acreditado que sua apreensão da Realidade e sua sensibilidade à Beleza interior sejam maiores e mais próximas à Verdade do que fora até então possível. A mais alta compreensão do que é chamada a Vida Una é a conscientização (do iniciado de elevado grau) do Logos encarnado, da Divindade e sua identificação com a consciência daquele estupendo Criador Que procura expressar-se por intermédio do sistema solar. Nenhum iniciado do planeta pode identificar-se com a consciência daquele Ser Identificado (no sentido esotérico do termo) Que, falando no Bhagavad Gita diz: "Tendo permeado o universo inteiro com um fragmento de Mim mesmo, eu permaneço".
Trago esses pensamentos à consideração de vocês e à sua cuidadosa reflexão, pedindo que procurem fazer com que haja uma firme expansão de sua capacidade de percepção consciente e uma crescente capacidade de fazer compreensíveis contatos com aquela emergente Verdade, Realidade e Beleza que o universo declara. Guardem-se, ao mesmo tempo, das rapsódias místicas sobre a Vida Una, que podem não passar da negação de toda a apreensão mental e uma condição luxuriante na percepção sensorial de uma natureza altamente desenvolvida e com alto grau de emotividade.
Por conseguinte, todas as nossas considerações, neste Tratado sobre os Sete Raios, estarão necessariamente contidas no reino do pensamento que envolve o ter presente a consciência da dualidade. Empregarei a linguagem da dualidade e, assim o farei, não porque queira enfatizá-la para negligenciar a unidade (pois essa unidade parte da realidade e eu antevejo mais do que uma possibilidade), mas porque todos os aspirantes e discípulos e todos os iniciados até a terceira iniciação - como eu disse antes - estão oscilando como um pêndulo entre os pares de opostos, espírito e matéria. Não me refiro aqui aos pares de opostos dos planos astral e mental, que são reflexos ilusórios dos verdadeiros pares de opostos, mas da dualidade básica de manifestação. Procuro lidar com aquele material que tem valor prático e que pode ser alcançado pela inteligência iluminada do homem comum. É necessário que todos os estudantes que buscam a iluminação e uma correta percepção da verdade, abandonem a ênfase tão frequentemente posta sobre certos aspectos e apresentações da verdade, atribuindo-lhes qualidades espirituais e considerando outros como sendo mentais. É no reino da assim chamada mente que se encontra o princípio da separatividade. É também no reino da mente que a grande unificação é feita. As palavras do iniciado Paulo se ajustam bem aqui, quando ele diz: "Seja esta mente em vós a que também estava no Cristo" e acrescenta, em outra parte, que o Cristo havia feito "em si próprio, em dois, um novo homem". É por meio da mente que a teoria é formulada, a verdade distinguida e a Deidade apreendida. Quando estamos mais avançados no Caminho, nada mais veremos, a não ser o espírito em toda parte e o aforismo, enunciado pela grande discípula, H.P.B., que ”a matéria é espírito no ponto mais baixo de sua atividade cíclica e espírito é a matéria no sétimo plano” (ou o mais elevado), será um fato realizado em nossa consciência. Ele é, por enquanto, apenas uma formação intelectual que significa pouco, exceto a anunciação de uma verdade que não pode ser provada. Tudo é uma expressão de uma consciência espiritual, a qual espiritualiza, por sua inerente vida, todas as formas de matéria. Uma larva ou um verme, elaborando sua pequena vida em uma massa de substância em decomposição, é tanto uma manifestação espiritual quanto um iniciado que cria seu destino em uma massa de formas humanas rapidamente cambiantes. Tudo é Divindade manifestada, tudo é expressão divina e tudo uma forma de consciência sensível e de resposta ao meio ambiente e, portanto, uma forma de expressão consciente.
Os sete raios são a primeira diferenciação da triplicidade divina de Espírito - Consciência - Forma e eles provêm o campo inteiro de expressão para a Divindade manifestada. As escrituras do mundo nos dizem que a interação ou a relação entre Pai- Espírito e Mãe-Matéria produz finalmente um terceiro, que é o Filho ou o aspecto consciência. Aquele Filho, o produto dos dois, é esotericamente definido como ”o Uno Que era o terceiro, mas é o segundo”.
A razão para este linguajar é que, primeiro, existiram os dois aspectos divinos, Espírito- Matéria ou matéria impregnada com vida e somente, quando esses dois realizaram sua unidade mútua (notem a necessária ambiguidade da expressão) foi que o Filho emergiu.
O esoterista, todavia, considera o Espírito-Matéria como a primeira unidade e o Filho, portanto, será o segundo fator. Este Filho, Que é Vida divina encarnada na matéria e, consequentemente, o produtor da diversidade na imensidade das formas, é a encarnação da qualidade divina. Poderíamos, portanto, utilizar - para maior clareza - os termos: Vida - Qualidade - Aparência, como intercambiáveis com a mais usual triplicidade do Espírito: Alma - Corpo ou Vida - Consciência - Forma.
Utilizarei a palavra Vida ao me referir ao Espírito, à Energia, ao Pai, ao primeiro aspecto da Divindade e àquele essencial dinâmico Fogo elétrico que produz tudo que é e é a sustentadora e originadora Causa e Fonte de toda manifestação.
Usarei a palavra Aparência para expressar aquilo a que chamamos matéria ou forma, ou expressão objetiva; ela é aquela ilusória e tangível aparência exterior que é animada pela vida. Este é o terceiro aspecto, a Mãe, encoberta e fertilizada pelo Espírito Santo ou Vida, unida com a substância inteligente. Este é o fogo por fricção, uma fricção produzida pela vida e pela matéria e sua interação e produzindo trocas e constante mutação.
Usarei a palavra Qualidade como expressiva do segundo aspecto, o Filho de Deus, o Cristo cósmico, encarnado na forma - uma forma trazida à existência pela relação entre espírito e matéria. Este intercâmbio produz aquela Entidade psicológica à qual chamamos o Cristo. Este Cristo cósmico demonstrou-nos Sua perfeição, no que tange à família humana, por intermédio do Cristo histórico. Esta Entidade psicológica pode pôr em atividade uma qualidade dentro das formas humanas que esotericamente pode "obliterar as formas" e, assim, absorver a atenção quanto a ser finalmente considerado como o principal fator e como constituindo tudo o que existe. Essa verdade, quanto à vida e qualidade e forma, é tornada muito clara e aparente para nós na narrativa sobre o Cristo da Galiléia. Ele constantemente alertava as pessoas para o fato de que Ele não era o que Ele parecia ser nem era Ele o Pai nos Céus e é sempre referido pelos que O conheceram e amaram em termos de qualidade.
Ele nos demonstrou a qualidade do amor de Deus e n'Ele Próprio Ele encarnou não somente aquilo que houvera elaborado das qualidades dos sete raios, mas também - como poucos dos filhos de Deus o fazem - um princípio básico do raio do Próprio Logos Solar, a qualidade do Amor. Isso estudaremos mais intimamente, quando tivermos de considerar o segundo Raio, o do Amor-Sabedoria. Os sete raios são, portanto, encarnações dos sete tipos de força que nos demonstram as sete qualidades da Divindade. Essas sete qualidades têm, consequentemente, um efeito sétuplo sobre a matéria e sobre as formas que são encontradas em todas as partes do universo e têm também uma sétupla inter-relação recíproca.
Vida - qualidade - aparência são conjugadas numa síntese no universo manifestado e no homem encarnado e o resultado desta síntese é sétuplo, produzindo sete tipos de formas qualificadoras que emergem em todos os planos e em todos os reinos. Deve-se lembrar de que todos os planos que nós, de nosso pequeno ponto de vista, consideramos sem forma, não são assim, realmente. Nossos sete planos são apenas os sete subplanos do plano cósmico físico. Não lidaremos com os planos, exceto em sua relação com o desenvolvimento do homem nem lidaremos com o macrocosmo nem com a vida em desenvolvimento do Cristo cósmico. Confinaremos nossa atenção inteiramente ao homem e às suas reações psicológicas às formas qualificadas em três direções: as que se encontram nos reinos sub-humanos da Natureza, aquelas com quem ele se associa na família humana e à Hierarquia dirigente e ao mundo das almas. Os tipos dos sete raios devem ser manipulados inteiramente a partir do ângulo humano, pois esse trabalho destina-se a dar a nova abordagem psicológica ao homem, por meio de uma compreensão das energias, em número de sete, com suas quarenta e nove diferenciações, que o animam e o tornam o que ele é. Mais tarde, quando analisarmos cada tipo, submeteremos o homem a uma cuidadosa análise e estudaremos suas reações nessas três direções.
Esses sete raios são as sete correntes de força, emanando de uma energia central depois que (no momento justo) aquele vórtice de energia se tenha estabelecido. Espírito e matéria se tornaram mutuamente interativos e a forma ou aparência do sistema solar começa seu processo de vir a ser - um processo levando a um finalmente ser. Essa ideia é antiga e verdadeira. Encontramos referência aos sete éons e às sete emanações, à vida e natureza dos sete "Espíritos que se encontram diante do Trono de Deus" nos escritos de Platão e de todos os iniciados que, nos tempos antigos, registraram as proposições básicas que guiaram a mentalidade humana através dos tempos. Essas grandes Vidas, atuando nos limites do sistema solar, atraíram a Si aquela substância que Elas requeriam para manifestação e as elaboraram naquelas formas e aparências por meio das quais Elas pudessem melhor expressar suas qualidades inatas.
Dentro do raio de sua influência, Elas reuniram tudo que agora aparece. Esse material agregado, qualificado, constitui Seu corpo de manifestação, assim como o sistema solar é o corpo de manifestação da Trindade dos aspectos.
Essa ideia poderá ser melhor apreendida, se lembrarmos que cada ser humano é, por sua vez, um agregado de átomos e células constituídos em forma e se tendo espalhado, por meio daquela forma em órgãos e centros de vida diferenciada que funcionam em ritmo e relação, mas que sofrem variadas influências e atendem a diferentes propósitos. Esses agregados e formas animadas apresentam uma aparência de uma entidade ou vida central que é caracterizada por sua própria qualidade e que atua, de acordo com o ponto na evolução, assim fazendo uma impressão por sua radiação e vida sobre cada átomo e célula e organismo no raio de imediata influência e também sobre cada outro ser humano contatado. O homem é uma entidade psíquica, uma Vida Que, por meio da influência irradiadora, construiu uma forma, coloriu-a com Sua própria qualidade psíquica e, assim, apresentou uma aparência ao mundo à volta, que persistirá pelo tempo em que Ele viva na forma.
Essa afirmação cobre também a história da vida e do aparecimento qualificado de qualquer um dos sete raios. Deus, Raio, Vida e Homem são todos entidades psicológicas e construtoras de formas. Portanto, uma grande vida psicológica está aparecendo por intermédio de um sistema solar. Sete vidas psicológicas, qualificadas pelos sete tipos de força, estão surgindo através dos sete planetas. Cada vida planetária repete a mesma técnica de manifestação (vida qualidade - aparência) e, em seu segundo aspecto de qualidade, demonstra-se como uma entidade psicológica.
Todo ser humano é uma réplica em miniatura do plano inteiro. Ele é também espírito - alma - corpo, vida - qualidade - aparência. Ele colore sua aparência com sua qualidade e a anima com sua vida. Devido ao fato de todas as aparências serem expressões da qualidade e do menor estar incluído no maior, toda forma na Natureza e em todo ser humano é encontrada sob algum dos sete raios qualificadores e seu aparecimento, numa forma fenomênica, é colorido pela qualidade de seu raio básico. Ele é qualificado predominantemente pelo raio da vida particular sobre cuja emanação surge, mas incluirá também, numa medida secundária, os seis outros tipos de raio.
Vamos, pois, pressupor - como uma analogia simbólica - o fato de uma Vida Central (estranha e fora de nosso sistema solar, contudo, dentro dele durante o processo de manifestação) Que decida, dentro de Si mesma, tomar uma forma material e encarnar. Um vórtice de força é estabelecido como um passo preliminar e, depois, temos Deus imanente e Deus transcendente, ao mesmo tempo. Este vórtice, como um resultado dessa atividade inicial, demonstra-se por intermédio do que nós chamamos substância ou (para usar um termo técnico da ciência moderna, que é o que de melhor podemos fazer no momento) através do éter do espaço.
A consequência desse ativo intercâmbio de vida e substância é que uma unidade básica fica constituída. Pai e mãe estão em unidade. Essa unidade é caracterizada pela qualidade. Por meio dessa triplicidade de vida - qualidade - forma, a Vida central evoca e manifesta a consciência ou capacidade de resposta consciente a tudo que se está concretizando, mas num grau que, para nós, é impossível reconhecer, limitados como somos por nosso ponto na evolução atual, relativamente não desenvolvido.
Os estudantes deste tratado devem ter em mente, a partir do próprio início de seus estudos, a necessidade de se familiarizarem com esses quatro fatores condicionantes vida - qualidade -aparência e seu resultado ou síntese, ao qual chamamos de Consciência.
Sempre, portanto, nós predicamos aquilo que fica para fora da aparência e que está cônscio daquela aparência. Isso envolve estar consciente e alerta, quanto ao seu desenvolvimento material e consequente adequação de expressão e também estar consciente e alerta, quanto ao seu desenvolvimento psíquico. Nenhum estudo dos raios é possível fora desse reconhecimento quádruplo. Nossa apreensão do assunto será muito facilitada, se nos prepararmos para nos considerarmos como uma expressão acurada (ainda que por desenvolver) e reflexo deste quaternário criativo inicial. Nós somos vidas fazendo uma aparição, expressando qualidade e, lentamente, tornando-nos conscientes do processo e do objetivo, à medida que nossa consciência se torna mais como a da Própria Divindade.
3 - A Enumeração dos Sete Raios
Como parte do Plano inicial, a Vida Una procurou expansão e os sete éons ou emanações vieram do vórtice central e ativamente repetiram o processo anterior em todos os detalhes. Eles também vieram à manifestação e, no trabalho de expressar a vida ativa, qualificada pelo amor e limitada por uma aparência fenomênica externa, eles se estenderam em uma atividade secundária e se tornaram os sete Construtores, as sete Fontes de Vida e os sete Rishis de todas as antigas escrituras. Eles são as Entidades psíquicas originais, imbuídas com a capacidade de expressar amor (que envolve o conceito de dualidade, pois o amante e o amado, o que deseja e o desejado, devem ser aqui colocados) e de emergir do ser subjetivo até tornar-se objetivo. Damos a esses sete vários nomes, como segue:
1 -O Senhor do Poder ou Vontade. Esta Vida quer amar e usa o poder como uma expressão de divina beneficência. Para Seu corpo de manifestação, Ele usa aquele planeta para o qual o Sol é considerado como o substituto esotérico.
2 - O Senhor do Amor-Sabedoria, Que é a encarnação do puro amor, é considerado pelos esoteristas como estando tão perto do coração do Logos Solar como estava o discípulo amado próximo do coração do Cristo da Galileia. Essa Vida instila, em todas as formas, a qualidade do amor, com sua mais material manifestação no desejo e é o princípio atrativo na Natureza e o guardião da Lei da Atração, que é a vida-demonstração do puro Ser. Este Senhor do Amor é o mais potente dos sete raios, porque Ele está no mesmo raio cósmico que a Deidade solar. Ele se expressa primariamente por intermédio do planeta Júpiter, que é Seu corpo de manifestação.
3 - O Senhor da Inteligência Ativa. Seu trabalho está mais intimamente ligado à matéria e Ele trabalha em cooperação com o Senhor do segundo raio. Ele é o impulso motivador no trabalho inicial da criação. O planeta Saturno é Seu corpo de expressão no sistema solar e por intermédio da matéria (que beneficentemente obstrui e bloqueia). Ele provê a humanidade, com um vasto campo de experimentos e experiência.
Gostaria de destacar aqui que, quando eu falo em termos de personalidade e, por força, emprego o pronome pessoal, não devo ser acusado de personalizar essas grandes forças. Falo, em termos de entidade, de Ser puro e não em termos da personalidade humana. Mas a dificuldade com a linguagem persiste e ao ensinar aos que pensam em termos da mente concreta inferior e cuja intuição está adormecida ou somente se manifestando por lampejos, sou compelido a falar em parábolas e usar a linguagem dos símbolos mundiais. Gostaria também de destacar que todas as afirmações que eu possa fazer estão em relação com nosso particular planeta e apoiadas em termos que possam ser compreendidos pela humanidade que nosso planeta produziu. O trabalho, tal como aqui o delineio, constitui somente uma fração da obra assumida por esses Seres.
Eles têm, cada qual, Seu próprio propósito e raio de influência e como nossa Terra não é um dos sete planetas sagrados (nem o corpo de manifestação de um dos sete raios básicos), Eles têm propósitos e atividades nos quais nossa Terra desempenha somente uma parte menor.
4 - O Senhor da Harmonia, Beleza e Arte. A principal função deste Ser é a criação da Beleza (como uma expressão da verdade) por meio da livre interação da vida e da forma, apoiando o perfil da beleza sobre o plano inicial como ele existe na mente do Logos Solar. O corpo de manifestação dessa vida não é revelado, mas a atividade que emana dele produz aquela combinação de sons, cores e partituras musicais que expressa - através da forma do ideal - aquela que é a ideia original. Este quarto Senhor da expressão criativa resumirá a atividade na Terra dentro de cerca de seiscentos anos, embora já a primeira tênue impressão de Sua influência esteja sendo sentida e o próximo século verá um redespertar da arte criativa em todos os seus ramos.
5 - O Senhor do Conhecimento Concreto e da Ciência. Esta é uma Grande Vida em íntimo contato com a mente da Divindade criativa, assim como o Senhor do segundo raio está em íntimo contato com o coração daquela mesma Divindade. Sua influência é grande, atualmente, embora não tão potente como virá a ser mais tarde. A ciência é um desenvolvimento psicológico no homem devido à influência desse raio e está somente iniciando seu verdadeiro trabalho. A força de sua influência está se ampliando, assim como a influência do sexto Senhor está esmaecendo.
6 - O Senhor da Devoção e do Idealismo. Esta Divindade solar é uma expressão peculiar e característica da qualidade do Logos Solar. Não se esqueçam de que, no grande esquema do universo universal (não precisamente nosso universo) nosso Logos Solar é tão diferenciado e distintivo em qualidade, quanto qualquer um dos filhos dos homens. Essa força do raio, com o segundo raio, é uma expressão vital e verdadeira da natureza divina. Uma focalização militante sobre o ideal, uma devoção direcionada para a intenção das exigências da vida e uma sinceridade divina são as qualidades deste Senhor e registram sua impressão sobre tudo que se encontre em Seu corpo de manifestação. Esoteristas avançados debatem quanto a se Marte é ou não o planeta por meio do qual Ele se manifesta. Vocês devem ter presente que somente poucos planetas são os corpos de expressão dos Senhores dos raios. Há dez "planetas de expressão" (para empregar o termo empregado pelos antigos Rishis) e somente sete Vidas de raio são consideradas como as Construtoras do sistema. O grande mistério, que é finalmente revelado nas iniciações superiores, é a relação de um raio com um planeta. Portanto, não procurem plena informação no tempo atual. A influência deste sexto Senhor está agora passando.
7 - O Senhor da Ordem Cerimonial ou Magia está agora ganhando força e está, lentamente, mas com firmeza, fazendo sentir Sua pressão. Sua influência é mais potente no plano físico, pois há uma íntima inter-relação numérica entre (por exemplo) o Senhor do sétimo raio e o sétimo plano, o físico, assim como a sétima raça raiz verá completa conformidade à lei e à ordem e uma perfeita expressão delas. Este raio de ordem e sua penetração são parcialmente responsáveis pela atual tendência, nos assuntos mundiais, para governos ditatoriais e o controle imposto a partir de um corpo governante central.
Poderá ser útil, se eu der aqui uma relação dos raios, conforme sua atividade ou não, pedindo para não esquecerem que ela se refere somente à nossa Terra e às suas evoluções.
Raio Um - Não em manifestação.
Rio Dois - Em manifestação desde 1575.
Raio Três - Em manifestação desde 1425.
Raio Quatro - A entrar lentamente em manifestação após 2025.
Raio Quinto - Em manifestação desde 1775.
Raio Sexto - Saindo rapidamente de manifestação. Começou a sair em 1625.
Raio Sétimo - Em manifestação desde 1675.
Esses todos são, naturalmente, ciclos menores dentro da influência do signo de Peixes. Vocês verão que quatro raios estão atualmente em manifestação: o segundo, o terceiro, o quinto e o sétimo.
Surge aqui a questão: Como pode acontecer que encontremos pessoas encarnadas em todos os raios praticamente ao mesmo tempo? A razão é que, como se pode ver facilmente, o quarto está começando a se aproximar e o sexto está saindo, o que põe seis dos raios em posição de ter seus egos em manifestação.
Todavia, há na Terra, atualmente, muito poucos egos do quarto raio e um grande número de egos do sexto raio, pois levará cerca de duzentos anos até que todos os egos do sexto raio tenham saído de encarnação. Quanto aos egos do primeiro raio, não há tipos puros do primeiro raio no planeta. Todos os assim chamados egos do primeiro raio estão no primeiro sub-raio do segundo raio, que está em encarnação. Um ego do primeiro raio puro em encarnação nesta época a seria um desastre. Não há suficiente inteligência e amor no mundo para equilibrar a vontade dinâmica de um ego no raio do destruidor.
Assim como a família humana tem uma relação com o Logos planetário de nossa Terra - que é melhor expresso pela afirmação de que Ela constitui Seu coração e cérebro, também a totalidade de evoluções análogas no sistema solar inteiro constitui o coração e o cérebro do Logos Solar. A atividade inteligente e o amor são as características predominantes de um filho de Deus evoluído, ao passo que seus reflexos inferiores - sexo e desejo - são as características do homem comum e dos filhos de Deus não desenvolvidos.
Essas sete qualificadas emanações vivas do vórtice central de força são compostas de incontáveis miríades de unidades de energia que são, inerente e inatamente, aspectos da vida, dotados de qualidade e capazes de se manifestar. Abaixo do humano, a combinação desses três produz resposta consciente ao meio ambiente, considerando o meio ambiente composto da totalidade de todas as vidas, qualidades e aparências - a síntese dos sete raios ou emanações da Divindade.
Elas produzem, no reino humano, uma autoconsciente condição de estar atento e alerta e, no mundo supra-humano, uma inclusividade sintética. Todas as mônadas humanas, trazidas à manifestação pela vontade e desejo do Senhor de algum raio, são parte de Seu corpo de manifestação. Potencialmente, elas expressam Sua qualidade e aparecem fenomenicamente, de acordo com o ponto na expressão evolutiva que tenha sido alcançado. "Tal como Ele é, assim somos nós neste mundo", mas, por enquanto, só potencialmente, sendo a meta da evolução tornar o potencial uma realidade, e expressar o latente. O trabalho do esoterista é precisamente esse: exteriorizar, da condição latente, a qualidade oculta.
4 - A Função do Cristianismo
Lancei agora a premissa básica de que tudo que é conhecido para nós é uma Entidade divina em manifestação, expressando-se por meio de três aspectos que (para os propósitos deste tratado e porque eles estão mais alinhados com a terminologia do pensamento moderno emergente) eu escolhi chamar de Vida - Qualidade - Aparência. Esses são apenas outros nomes para a Trindade de todas as grandes religiões e são sinônimos da expressão cristã, Pai, Filho e Espírito Santo (esses velhos termos antropomórficos!) com a fraseologia corrente, Espírito, Alma e Corpo e com Vida, Consciência e Forma, da filosofia hindu.
Cabe interpolar, aqui, o comentário que os pensadores modernos fariam bem, se tivessem em mente que a importância do Cristianismo jaz na conscientização de que ele é uma religião ponte. Isso é simbolizado para nós pelo fato de que o Mestre de todos os Mestres encarnou na Palestina, aquela fatia de terra que fica a meio caminho entre a Ásia e a Europa e que guarda características de ambas. O Cristianismo é a religião do período de transição que liga a era da existência autoconsciente com a do mundo consciente do grupo. Ela ainda existirá na era que verá aquele tipo de pensamento prevalente que (quando corretamente aplicado) servirá como o elo de conexão entre os mundos da mente concreta e da mente abstrata. O Velho Comentário põe o tema assim:
"Quando chegar a hora em que a luz da alma revelar o antahkarana (a ponte entre a consciência da personalidade e a consciência da alma - A.A.B.) então, os homens serão conhecidos por seu conhecimento, coloridos pelo desespero do desejo não saciado, divididos entre os que reconhecem seu dharma (enfrentam todas as obrigações e deveres) e aqueles que só veem o cumprimento do carma e, a partir da própria natureza de sua necessidade, encontram, por fim, a luz e a paz."
O Cristianismo é primariamente uma religião de ruptura, demonstrando ao homem sua dualidade e, assim, lançando o fundamento para a futura unidade. Este é um estágio muito necessário e serviu bem à humanidade; o propósito e intenção do Cristianismo foram definidos e elevados e ele realizou sua obra divina. Hoje, ele está no processo de ser substituído, mas por qual nova formulação da verdade ainda não está revelado. A luz está lentamente jorrando na vida do homem e, nessa iluminada irradiação, ele formulará a nova religião e chegará à enunciação renovada da antiga verdade. Pela lente da mente iluminada, ele logo verá aspectos da divindade, até então desconhecidos. Jamais terá passado por vocês que pode haver qualidades e características da natureza divina, por enquanto latentes na forma, que permaneceram até agora totalmente desconhecidas e mesmo fracamente percebidas? Que elas sejam, até agora literalmente sem precedência e para as quais não tenhamos palavras nem outros quaisquer meios de expressão? Assim é. Tal como a expressão "consciência grupal", para os primeiros homens primitivos não teria qualquer significação e não passaria de uma sequência de formas alfabéticas sem sentido, também jazem qualidades divinas e um propósito (situam-se logo abaixo da superfície de nosso mundo manifestado) tão afastado da consciência de nossa presente humanidade, quanto a ideia da consciência coletiva estava da consciência da humanidade pré-histórica. Encorajem-se com esse pensamento. O passado garante a infinita expansão do futuro.