Livros de Alice Bailey
Um Tratado sobre o Fogo Cósmico
Índice Geral das Matérias |
Seção Três - O Fogo Elétrico do Espírito |
Divisão A - Certas Declarações Básicas |
A. CERTAS DECLARAÇÕES BÁSICAS
Em conexão com esta seção final deste Tratado sobre o Fogo Cósmico, abordando o Fogo Elétrico do Espírito, é preciso lembrar que será quase impossível oferecer informações de caráter definido; este assunto é considerado, sob o ponto de vista do estudante de esoterismo, desprovido de forma, e portanto, irreconhecível pela mente concreta inferior. A natureza do Espírito só pode ser inteligivelmente revelada aos iniciados de grau superior, isto é, àqueles que por meio do trabalho efetuado na terceira Iniciação entraram em contato consciente com seu “Pai no Céu”, a Mônada. Estudantes do esoterismo, discípulos e iniciados de grau inferior estão desenvolvendo contato com a alma, ou o segundo aspecto, e somente quando este contato estiver firmemente estabelecido é que poderemos cogitar do conceito superior. A natureza do Espírito está descrita no Novo Testamento em um dos pronunciamentos esotéricos proferidos pelo Grande Senhor dirigindo-se ao iniciado Nicodemus. Como ele era um iniciado do segundo grau, podemos supor que ele possui um vislumbre de entendimento quanto ao significado das palavras a ele dirigidas como parte do treinamento preparatório para a terceira Iniciação.
“O vento (prana ou Espírito) sopra onde lhe apraz - e tu ouves o som, mas não sabes dizer de onde ele vem ou para onde vai. Assim é com todos que nascem do Espírito.”
Duas são as ideias transmitidas neste pensamento-forma - a da emanação e direção do som, e a do resultado do som. Isto é evolução e o efeito da energia direcionadora ou atividade do Espírito. Do ponto de vista da consciência estas são as únicas coisas que o discípulo pode inteligentemente compreender.
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Tudo que nos será possível fazer nesta seção é comunicar a verdade de três modos. Através da iluminação da mente do estudante à medida que ele estuda as estâncias de Dzyan encontradas na parte inicial deste Tratado. Segundo, através da percepção que chegará ao estudante à medida que ele Correlaciona e reflete sobre os vários fragmentos ocultistas espalhados por estas páginas, principalmente centrando sua atenção nas seguintes palavras:
“O segredo do Fogo jaz oculto na segunda letra da Palavra Sagrada. O mistério da vida encontra-se escondido dentro do coração. Quando vibra o ponto inferior, quando o Triângulo sagrado fulgura, quando o ponto, o centro médio e o ápice se unem e o Fogo circula, quando o tríplice ápice também queima, então, os dois triângulos - o maior e o menor - fundem-se em uma única chama que tudo consome.”
Terceiro, pelo estudo dos vários gráficos e tabelas que também se encontram espalhados através deste Tratado. O estudante da nova era terá que abordar grande parte do que ele precisa saber pelo olhar, aprendendo a apreciar e resolver o que lhe é apresentado sob a forma de linhas e diagramas. Tudo é símbolo e esses símbolos têm de ser bem conhecidos.
É também preciso lembrar que os estudantes que estão abordando o tema do Espírito precisam absorver os seguintes fatos.
I. Enquanto estão em manifestação e portanto, durante todo o período de existência do sistema solar, não é possível ao mais elevado Dhyan Chohan pensarem termos de negação da substância organizada e da não-existência da forma. A meta da realização para o homem é a consciência da natureza da Alma, o meio através do qual o aspecto Espírito trabalha sempre. Mais do que isso ele não pode fazer. Tendo aprendido a funcionar como alma, desapegada dos três mundos, o homem torna-se então parte ativa e consciente daquela Alma que permeia tudo que está em manifestação. Então, e somente então, a pura luz do Espírito per se torna-se-lhe visível através da justa apreciação da Joia oculta no coração do seu próprio ser; somente então ele se conscientiza daquela Joia maior que permanece oculta no coração da manifestação solar. Mesmo então, nessa avançada etapa, tudo que ele pode perceber, contatar e visualizar, é a luz que emana da Joia e a radiância que vela a glória interna.
O vidente torna-se visão pura. Ele percebe, mas ainda não compreende a natureza daquilo que é percebido, e será preciso um outro sistema solar e um outro kalpa para revelar-lhe o significado dessa revelação, a fonte dessa iluminação, e a essência daquela Vida cuja qualidade ele já conhece por sua velocidade vibratória, seu calor e sua luz. Portanto, é inútil estudarmos e considerarmos aquilo que um iniciado de elevado grau pode apenas sentir vagamente; é inútil buscar termos para expressar aquilo que está oculto em segurança por trás de todas as ideias e todo pensamento, quando o próprio pensamento não é perfeitamente compreendido e o mecanismo da compreensão não está ainda aperfeiçoado. O próprio homem - uma grande e específica ideia - não conhece a natureza daquilo que ele está procurando expressar.
Tudo que podemos fazer é apreender o fato de que existe AQUILO que ainda não pode ser definido, compreender que uma vida central persiste, a qual permeia e anima a Alma que procura utilizar a forma através da qual a alma se expressa. Isto aplica-se a todas as formas, a todas as almas, humana, subumana, planetária e solar
II. O estudante inteligente considerará que todas as formas de expressão são símbolos. Um símbolo tem três interpretações; ele próprio é a expressão de um ideal, e essa ideia, por sua vez, tem atrás de si um propósito, por enquanto, inconcebível. As três interpretações de um símbolo podem ser consideradas da seguinte maneira:
1. A interpretação exotérica de um símbolo baseia-se em grande parte na sua utilidade objetiva, na natureza da forma. O que é exotérico e substancial serve a dois propósitos:
a. Dar algumas leves indicações quanto à ideia ou conceito. Isto vincula o símbolo em sua natureza exotérica ao plano mental, mas não o libera dos três mundos da apreciação humana.
b. Limitar, confinar e aprisionar a ideia e assim adaptá-la ao ponto de evolução que o Logos solar, o Logos planetário e o homem já alcançaram. A verdadeira natureza da ideia latente é sempre mais potente, completa e plena do que a forma ou símbolo através do qual ela busca expressar-se. A matéria é apenas um símbolo de uma energia central. As formas de todos os tipos em todos os reinos da natureza, e os invólucros manifestados em sua conotação mais ampla e totalidade são apenas símbolos de vida - o que essa Vida possa ser permanece ainda um mistério.
Estas formas exotéricas simbólicas são de muitas espécies e servem a muitos propósitos, e isto é largamente responsável pela confusão na mente dos homens sobre estes assuntos. Todos os símbolos emanam de três grupos de Criadores.
O Logos solar, Que está construindo um “Templo nos Céus, não feito por mãos humanas.”
Os Logoi Planetários, que - em Seus sete grupos - criam por meio de sete caminhos e métodos, e assim produzem uma diversidade de símbolos, e são responsáveis pela concreção.
O homem, que constrói formas e cria símbolos em seu labor diário, mas, que por enquanto, trabalha às cegas e, em grande parte, o faz inconscientemente. Não obstante, ele merece o nome de criador, porque ele utiliza a faculdade da mente e emprega a qualidade racional.
Os devas menores e todas as unidades subumanas e todos aqueles criadores que precisam, em um futuro ainda distante, passar através do estado humano de consciência, não são considerados criadores. Eles trabalham sob impulsos que emanam dos outros três grupos. Cada um dos três grupos é livre, dentro de certos limites específicos.
2. A interpretação subjetiva é a que revela a ideia subjacente à manifestação objetiva. Esta ideia, a qual em si mesma é incorpórea, torna- se uma concreção no plano da objetividade e, como dissemos acima, uma ideia subjaz a todas as formas, sem exceção, não importando qual grupo de criadores é responsável por sua criação. Estas ideias tornam-se aparentes ao estudante depois que ele entra na Câmara do Aprendizado, assim como a forma exotérica do símbolo é tudo que é notado pelo homem que se encontra ainda na Câmara da Ignorância. Assim que o homem começa a usar seu aparelho mental, e estabelece mesmo um pequeno contato com seu ego, três coisas acontecem:
a. Ele alcança algo além da forma e busca a razão para tal.
b. Com o tempo, ele alcança a alma que se encontra velada em todas as formas, e isto é conseguido através do conhecimento de sua própria alma.
c. Ele próprio então começa a formular ideias, no sentido oculto do termo, e a criar e manifestar aquela energia da alma, ou substância, que ele é capaz de manipular.
Treinar pessoas para trabalhar na matéria mental é treiná-las para criar; treinar pessoas a conhecer a natureza da alma é colocá-las em contato consciente com o lado subjetivo da manifestação, e colocar em suas mãos o poder de trabalhar com a energia da alma; capacitar pessoas a desenvolver os poderes do aspecto alma é colocá-las em sintonia com as forças e energias ocultas no akasha, e na anima mundi.
Um homem pode então - à medida que o contato com sua alma e sua percepção subjetiva se fortalecem e desenvolvem - tornar-se um criador consciente, cooperando com os planos da Hierarquia de Adeptos, que trabalha com ideias, e procura trazer estas ideias planetárias à manifestação no plano físico. À proporção que ele passa pelos diferentes graus na Câmara do Aprendizado, faz crescer sua habilidade para assim trabalhar, e sua capacidade para captar o pensamento Existente por trás de todos os símbolos, aumenta. Ele não mais se deixa enganar pelas aparências, porque agora sabe que elas são formas ilusórias, que velam e aprisionam algum pensamento.
3. O significado espiritual é aquele que se encontra por trás do sentido subjetivo e que está velado pela ideia ou pensamento, assim como a própria ideia está velada pela forma que ela assume quando se encontra em manifestação exotérica. Isto pode ser considerado como o propósito que incita a ideia e a conduz para a sua emanação no mundo das formas. É a energia dinâmica central a responsável pela atividade subjetiva.
Estes três aspectos de um símbolo podem ser estudados em conexão com todas as formas atômicas. Há, por exemplo, aquela unidade de energia que chamamos o átomo físico, ou químico, o qual apresenta uma forma que é o símbolo da energia que o produz. Esta forma do átomo é sua manifestação exotérica. Há também aqueles aspectos atômicos que chamamos - por falta de um melhor termo - de elétrons, os quais são grandemente responsáveis pela qualidade de qualquer átomo em particular, assim como a alma de um homem é responsável por sua natureza peculiar. Eles representam o aspecto subjetivo, ou vida. Finalmente, há o aspecto positivo, a energia responsável pela coesão do todo e pela uniformidade da manifestação dual, exotérica e subjetiva. Isto é análogo ao significado espiritual, e quem pode ler esse significado?
Também no homem, o átomo humano, esses três aspectos são encontrados. No plano físico, o homem é o símbolo exotérico de uma ideia subjetiva interior, possuidora de qualidades e atributos, e de uma forma, através da qual, essa ideia procura expressar-se. Essa alma, por sua vez, é o resultado de um impulso espiritual, mas quem poderá dizer o quê esse impulso é? Quem poderá definir o propósito por trás da alma ou ideia, seja ele logoica ou humana? Todos estes três fatores estão ainda em processo de evolução; todos são ainda “Deuses imperfeitos”, cada um segundo o seu grau e, portanto, incapazes de expressar plenamente aquilo que é o fator espiritual por trás da alma consciente.
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III. O estudante inteligente refletirá cuidadosamente sobre “o mistério da eletricidade”, que é o mistério que circunda esse processo, o qual é responsável pela produção da luz e, pois, da própria vibração. Nas outras duas seções, ocupamo-nos principalmente dos efeitos, dos resultados produzidos pela operação do lado subjetivo da natureza (o único lado que o ocultista considera e com o qual trabalha) e a consequente produção da manifestação objetiva. Agora chegamos à compreensão de que há uma causa por trás daquilo que até agora tem sido considerado como uma causa, pois descobrimos que, por trás dos fenômenos subjetivos existe, essencialmente, um incentivo espiritual. Este incentivo, esta causa espiritual latente, é o objeto de atenção do homem espiritual. O homem mundano ocupa-se com fenômenos objetivos, com aquilo que pode ser visto, tocado e manipulado; o estudante ocultista está voltado para o estudo do lado subjetivo da vida, e ocupado com as forças que produzem tudo que é familiar no plano terrestre. Essas forças dividem-se em três grupos principais:
a. Forças que emanam do plano mental, em suas duas divisões.
b. Forças de natureza kâmica.
c. Forças do tipo estritamente físico.
Estas forças são estudadas, experimentadas, manipuladas e correlacionadas pelo estudante ocultista; através do conhecimento assim obtido, o estudante chega à compreensão de tudo que pode ser conhecido nos três mundos, e chega também à compreensão de sua própria natureza.
O homem espiritual é aquele que, tendo sido não só um homem mundano, mas também um estudante ocultista, chegou à conclusão de que por trás de todas essas causas com as quais ele se tem ocupado até aqui, existe uma CAUSA, e esta unidade causal torna-se, então, a meta de sua busca. Este é o mistério que subjaz a todos os mistérios; este é o segredo que tem sido velado por tudo aquilo que até agora temos conhecido e concebido; este é o coração do Desconhecido que mantém oculto o propósito e a chave de tudo que EXISTE, e que somente é posta nas mãos daqueles exaltados Seres Que - tendo desbravado os múltiplos caminhos da vida - conhecem-Se, de fato e na verdade, como Atma, ou Espírito, e verdadeiras centelhas da grande Chama Una.
Por três vezes se ouve a injunção dirigida aos Peregrinos no Caminho da Vida. “Conhece-te a ti mesmo” é a primeira injunção, e longo é o processo para atingir esse conhecimento. A seguir, “Conhece o Eu” e quando este conhecimento é alcançado, o homem conhece, não só a si mesmo, mas a todos os outros eus; a alma do universo deixou de ser para ele o livro selado da vida, mas passou a ser o livro cujos sete selos foram rompidos. Então quando o homem já é um Adepto, surge o chamado “conhece o Uno” e as palavras soam aos seus ouvidos, “Busca Aquele que é a Causa responsável, e tendo conhecido a alma e sua expressão, a forma, busca AQUILO que a alma revela.”
É aqui que encontramos a chave para a busca que o adepto, ou homem perfeito, empreende quando ele põe o seu pé em um dos sete caminhos possíveis. O único modo pelo qual alguma luz possa ser lançada sobre o mistério, encontra-se na consideração destes sete Caminhos cósmicos, seus nomes e símbolos. Muito pouco podemos dizer, pois os segredos das iniciações superiores não podem ser revelados, nem informações dadas em um livro para publicação exotérica. Tudo que podemos fazer é apresentar certas sugestões, e indicar determinados símbolos, que podem trazer alguma iluminação, quando nos detemos a refletir sobre eles.