Livros de Alice Bailey
Um Tratado sobre o Fogo Cósmico
Índice Geral das Matérias |
Seção Um - Preliminar |
Observações Preliminares |
I. Fogo no Macrocosmo |
II. Fogo no Microcosmo |
III. Fogo em Manifestação |
OBSERVAÇÕES PRELIMINARES
I. Fogo no Macrocosmo
II. Fogo no Microcosmo
III. Fogo em Manifestação
Nestas poucas observações preliminares, propomo-nos a traçar os fundamentos para um “Tratado sobre o Fogo Cósmico”, e considerar o tema do fogo tanto macrocósmica quanto microcosmicamente, tratando assim do tema sob o ponto de vista do sistema solar e de um ser humano. Para isto serão necessárias tecnicalidades preliminares que, à primeira leitura, poderão parecer um tanto abstrusas e complicadas, mas que, após alguma meditação e estudo, provarão ser de natureza iluminadora e elucidadora; e também quando a mente se familiarizar com alguns dos detalhes, essas tecnicalidades reconhecidamente oferecerão uma hipótese lógica concernente à natureza e origem da energia. Em um de nossos livros anteriores, falamos ligeiramente sobre este assunto, mas desejamos recapitular e ao mesmo tempo ampliar, desse modo apresentando uma fundação mais ampla sobre a qual o tema possa ser estruturado, e fornecendo um esboço geral que servirá para mostrar os limites de nossa discussão.
Vamos, pois, olhar o assunto macrocosmicamente, e a seguir, delinear a correspondência no microcosmo, ou ser humano.
I. FOGO NO MACROCOSMO
Em sua natureza essencial, o Fogo é tríplice, mas quando em manifestação, ele é visto como uma demonstração quíntupla e pode ser assim definido:
1. Fogo por fricção, ou fogo interno vitalizante. Estes fogos animam e vitalizam o sistema solar objetivo. Eles são a soma total da kundalini logoica, quando em plena atividade sistêmica.
2. Fogo solar, ou fogo mental cósmico. Este é aquela porção do plano mental cósmico que vai para a animação do corpo mental do Logos. Podemos considerar este fogo como a soma total das centelhas da mente, os fogos dos corpos mentais e o princípio animador das unidades da raça humana em evolução nos três mundos.
3. Fogo elétrico, ou a Chama divina logoica. Esta chama é a marca que distingue o nosso Logos e aquilo que O diferencia dos demais Logoi; é Sua característica dominante, e o sinal de Seu lugar na evolução cósmica.
Este fogo tríplice pode ser expresso em termos de raio, como segue:
Primeiro, temos os fogos animadores do sistema solar, que são os fogos do raio primordial da inteligência ativa da matéria, os quais constituem a energia de Brahma, o terceiro aspecto do Logos. A seguir, encontram-se os fogos do divino Raio de Amor-Sabedoria, o raio do amor inteligente, que constitui a energia do aspecto Vishnu, o segundo aspecto logoico (4). Finalmente, encontram-se os fogos do plano mental cósmico, que são os fogos do raio cósmico da vontade. Eles podem ser descritos como os raios da vontade inteligente e são a manifestação do primeiro aspecto logoico, o aspecto Mahadeva (5). Portanto, temos três raios cósmicos em manifestação:
O Raio de Atividade Inteligente. Este é um raio de grande glória demonstrável, e de um ponto de desenvolvimento mais elevado do que os outros dois, sendo o produto de um mahakalpa anterior, ou de um sistema solar anterior (6). Ele incorpora a vibração básica deste sistema solar, e é seu grande fogo interno, animando e vitalizando o todo, e penetrando do centro para a periferia. Ele é a causa do movimento rotativo, e portanto, da forma esferoidal de tudo que existe.
O Raio do Amor Inteligente. Este é o raio que corporifica a vibração mais elevada de que é capaz o nosso Logos solar, ou Deidade, no presente sistema solar. Não está vibrando adequadamente, nem alcançou ainda o auge de sua atividade. Ele é a base do movimento em espiral cíclica do corpo logoico, e assim como a Lei de Economia é a lei que governa os fogos internos do sistema, assim a cósmica Lei de Atração e Repulsão é a base deste Raio divino.
O Raio da Vontade Inteligente. Pouco pode ser ainda dito sobre este raio. É o raio da mente cósmica e sua evolução segue paralela à do amor cósmico, porém sua vibração é mais lenta e seu desenvolvimento mais retardado. Isto é assim definitiva e deliberadamente, e é devido ao propósito subjacente e escolha do Logos solar, Que procura no Seu alto nível (assim como fazem Seus reflexos, os filhos dos homens) alcançar um mais completo desenvolvimento, e Ele, por isso, concentra-Se no desenvolvimento do amor cósmico neste ciclo maior.
Este raio é governado pela Lei de Síntese, e é a base do movimento sistêmico que pode ser melhor descrito como o de fazer avançar através do espaço, ou a progressão para diante. Pouca coisa se pode afirmar sobre este raio e sua expressão. Ele controla os movimentos de todo o círculo-não-se-passa em conexão com seu centro cósmico.
A Tabela I pode tornar as ideias acima um pouco mais claras.
Estas três expressões da Vida divina podem ser consideradas como
expressando o tríplice modo de manifestação. Primeiro, o universo objetivo,
ou tangível; segundo, os mundos subjetivos ou forma; e terceiro, o aspecto
espiritual que é encontrado no coração de tudo (8).
Os fogos internos que animam e vitalizam mostram-se de maneira dupla:
TABELA I
Fogo | Raio | Aspecto | Expressão | Lei | Qualidade |
1. Interno | Primordial | Atividade inteligente | Movimento rotativo | Economia | Fogo por fricção |
2. Da mente | Amor | Amor inteligente | Movimento cíclico em espiral | Atração | Fogo solar |
3. Chama Divina | Vontade | Vontade inteligente | Progressão para frente | Síntese | Fogo elétrico |
Primeiro, como calor latente. Esta é a base do movimento rotativo e a causa da manifestação coerente esferoidal de toda existência, desde o átomo logoico, o círculo-não-se-passa solar, até o mais pequenino átomo do químico ou físico.
Segundo, como calor ativo. Isto resulta na atividade e impulso para diante da evolução material. No plano mais elevado, a combinação destes três fatores (calor ativo, calor latente e a substância primordial que eles animam) é conhecida como o “mar de fogo”, do qual akasha é a primeira diferenciação da matéria pré-génetica. Akasha, em manifestação, expressa-se como Fohat, ou Energia divina, e Fohat, nos diferentes planos, é conhecido como aeter, ar, fogo, água, eletricidade, éter, prana e termos semelhantes (9, 10, 11) . É a soma total daquilo que é ativo, animado ou vitalizado, e de tudo que diz respeito à adaptação da forma às necessidades da chama interna da vida.
Seria útil destacar aqui que o magnetismo é o efeito do raio divino em manifestação no mesmo sentido de que a eletricidade é o efeito manifestado do raio primordial da inteligência ativa. Seria interessante refletir sobre isto, pois aqui está oculto um mistério.
Os fogos do plano mental também se demonstram de duas maneiras:
Primeiro, como o Fogo da Mente, a base de toda a expressão e, num peculiar sentido oculto, a soma total da existência. Ele provê a relação entre a vida e a forma, entre espírito e matéria, e é a base da própria consciência.
Segundo, como os Elementais do Fogo, ou a soma total da expressão
ativa do pensamento, mostrando-se por meio daquelas entidades que, na sua
própria essência, são o próprio fogo.
Estas dualidades de expressão formam os quatro fatores necessários no
quaternário (12) logoico, ou a natureza inferior do Logos, vendo Sua
manifestação a partir de um ângulo esotérico; exotericamente, elas são a
soma total do quaternário logoico, mais o quinto princípio logoico, a mente
cósmica.
A centelha divina não se manifesta ainda (como o fazem os outros dois fogos) como uma dualidade, embora aquilo que jaz oculto em um ciclo posterior, somente a evolução irá desvendar. Este terceiro fogo, juntamente com os outros dois, forma o cinco, necessário do desenvolvimento evolutivo logoico, e por sua perfeita fusão com os outros dois fogos à medida que o processo evolutivo se desenvolve, a meta da consecução logoica para este ciclo maior ou período deste sistema solar é vista.
Quando o raio primordial da atividade inteligente, o raio divino de amor inteligente, e o terceiro raio cósmico da vontade inteligente se encontram, mesclam-se, se fundem e resplandecem, o Logos fará Sua quinta iniciação, completando assim um de Seus ciclos. Quando os movimentos cíclicos de rotação, para adiante e em espiral estão trabalhando em perfeita síntese, então a vibração desejada terá sido alcançada. Quando as três Leis - da Economia, de Atração e de Síntese - trabalharem com perfeito ajustamento entre si, então a natureza mostrará, de modo perfeito, o necessário funcionamento e a correta adaptação da forma material ao espírito que a habita, da matéria à vida, e da consciência ao seu veículo.
II. FOGO NO MICROCOSMO
Consideremos agora brevemente a correspondência entre o todo maior e a unidade homem, e então, delinearemos nosso tema em detalhe e consideraremos as seções em que será conveniente dividi-lo.
O Fogo no Microcosmo é igualmente triplo em sua essência e quíntuplo na manifestação.
1. Há o Fogo Vitalizante Interno, o qual é a correspondência do fogo por fricção. Ele é a soma total da kundalini individual; ele anima a estrutura corporal, e também se demonstra de duas maneiras:
Primeiro, como calor latente, que é a base da vida da célula esferoidal, ou átomo, e seu ajustamento rotativo a todas as outras células.
Segundo, como calor ativo, ou prana, o qual anima tudo, e é a força impulsionadora da forma em evolução. Ele mostra-se nos quatro éteres e no estado gasoso, e encontramos aqui uma correspondência no plano físico em conexão com o homem ao Akasha e sua quíntupla manifestação no plano do sistema solar.
Este fogo é a vibração básica do pequeno sistema no qual a mônada, ou espírito humano, é o logos, e mantém a personalidade, ou homem material inferior, em manifestação objetiva permitindo assim que a unidade espiritual faça contato com o plano da mais densa matéria. Ele tem sua correspondência no raio da atividade inteligente, e é controlado pela Lei de Economia em uma de suas subdivisões, a Lei de Adaptação no Tempo.
2. A seguir, há o Fogo ou Centelha da Mente, que no homem, é a correspondência do fogo solar. Ele constitui a unidade pensante, autoconsciente, ou alma. Este fogo da mente é governado pela Lei de Atração, assim como no caso de sua correspondência maior. Mais tarde poderemos desenvolver este ponto. É esta centelha de mente no homem, manifestando-se em atividade cíclica em espiral, que conduz à expansão e ao seu eventual retorno ao centro de seu sistema, a Mônada - a origem e meta do Jiva reencarnante, ou ser humano. Assim como no macrocosmo, este fogo também se manifesta de dupla maneira.
Ele mostra-se como aquela vontade inteligente que liga a Mônada, ou espírito, com seu mais inferior ponto de contato, a personalidade, funcionando através de um veículo físico.
Ele demonstra-se, também, por enquanto de modo imperfeito, como o fator de vitalização nos pensamentos-forma fabricados pelo pensador. Por enquanto, poucos pensamentos-forma, comparativamente, podemos dizer serem construídos pelo centro de consciência, o pensador, o Ego. Poucas pessoas, por enquanto, estão em contato tão estreito com o seu eu superior, ou Ego, que elas possam construir formas com a matéria do plano mental que possam ser verdadeiramente uma expressão dos pensamentos, propósitos ou desejo de seus Egos, funcionando através do cérebro físico. No presente, podemos dizer que a maioria dos pensamentos-forma em circulação são agregados de matéria, formas construídas com o auxílio de kama-manas (ou desejo com um leve toque de mente produzindo assim uma mistura de matéria astral e mental, mas principalmente astral), e largamente devido à ação reflexa elemental.
Estas dualidades de expressão são:
1. Fogo ativo, ou prana.
Fogo latente, ou calor corporal.
2. Energia mental no corpo mental.
Pensamentos-forma puramente mentais, animados pelo fogo autogerado, ou pelo
quinto princípio, e portanto, parte da esfera, ou sistema de controle, da
Mônada.
Estes formam um quaternário esotérico que, com o quinto fator, a divina centelha da vontade inteligente, perfazem o cinco da manifestação monádica - manifestação neste caso significando uma manifestação puramente subjetiva que não é nem totalmente espiritual, nem totalmente material.
3. Finalmente, há a Divina chama Monádica. Esta incorpora a mais alta vibração de que a Mônada é capaz, é governada pela Lei de Síntese, e é a causa do progressivo movimento para diante do Jiva que evolui.
Chegamos agora, no devido tempo, ao ponto de fusão, ou ao fim da manifestação, e à consumação (vista monadicamente) do grande ciclo, ou manvantara. O que, pois, encontraremos? Assim como no macrocosmo a combinação dos três fogos essenciais de cosmo marcou o ponto de consecução logoica, também na combinação dos fogos essenciais do microcosmo, chegamos à apoteose da consecução humana para este ciclo.
Quando o fogo latente da personalidade, ou eu inferior, se combina com o fogo da mente, o do eu superior, e finalmente se mistura com a Chama Divina, então o homem faz a quinta Iniciação neste sistema solar, e completa um de seus ciclos maiores (13). Quando os três cintilam como um único fogo, é alcançada a liberação da matéria, ou forma material. A matéria foi corretamente ajustada ao espírito e, finalmente, a vida que a habita escapa para fora de seu invólucro, o qual forma agora somente um canal de liberação.
III. FOGO EM MANIFESTAÇÃO
Para continuar nossa consideração dos fogos que sustentam a economia do sistema solar visível, e do ser humano objetivo visível, que produz o desenvolvimento evolutivo, e que são as bases de toda eflorescência objetiva, é preciso notar que eles se demonstram como a soma total da vida vital de um sistema solar, de um planeta, da constituição inteira do homem ativo funcionando no plano físico, e do átomo de substância.
Falando em termos gerais, diríamos que o primeiro fogo lida inteiramente com:
a. Atividade da matéria.
b. O movimento rotativo da matéria.
c. O desenvolvimento da matéria por meio da fricção, sob a Lei de Economia. H.P.B. toca neste assunto na A Doutrina Secreta (14).
O segundo fogo, que vem do plano mental cósmico, lida com:
a. A expressão da evolução da mente ou manas.
b. A vitalidade da alma.
c. A expressão evolutiva da alma à medida que ela se mostra na forma daquele algo evasivo que provoca a síntese da matéria. Ao se fundirem as duas por meio deste ativo fator energizante, aquilo que é chamado consciência aparece (15). À medida que a fusão prossegue e os fogos tornam-se mais e mais sintéticos, essa totalidade de manifestação que consideramos como uma existência consciente torna-se cada vez mais aperfeiçoada.
d. A operação deste fogo sob a Lei de Atração.
e. O subsequente resultado no movimento cíclico em espiral que chamamos, dentro do sistema, de evolução solar, mas que (sob o ponto de vista de um cosmo) é a aproximação do nosso sistema ao seu ponto central. Isto precisa ser considerado sob o ponto de vista do tempo. (16)
O terceiro fogo lida com
a. A evolução do espírito
Praticamente, nada nesta etapa pode ser dito sobre esta evolução. O desenvolvimento do espírito, por enquanto, somente pode ser expresso em termos da evolução da matéria, e somente através da proporcionalidade do veículo, e através da adaptabilidade do revestimento, o corpo ou forma, pode o ponto de desenvolvimento espiritual alcançado ser de alguma forma avaliado. Cabe aqui um aviso: Assim como não é possível, no plano físico, para o veículo físico expressar completamente o ponto total de desenvolvimento do Ego ou eu superior, tampouco é possível, mesmo para o Ego, perceber e expressar a qualidade do espírito. Daí, a total impossibilidade da consciência humana aquilatar corretamente a vida do espírito, ou Mônada.
b. O trabalho da chama divina sob a Lei de Síntese - um termo genérico que eventualmente incluirá as outras duas leis como subdivisões.
c. O subsequente resultado do movimento progressivo para adiante - um movimento que é rotativo, cíclico e progressivo.
O assunto todo deste Tratado diz respeito à essência subjetiva do sistema solar, e não primariamente nem ao aspecto objetivo ou ao aspecto espiritual. Ele diz respeito às Entidades que habitam a forma, que se demonstram como fatores animadores por intermédio da matéria, e primariamente por intermédio da matéria etérica; que estão desenvolvendo uma segunda faculdade, o fogo da mente, e que são, eles próprios, essencialmente pontos de fogo lançados através da fricção cósmica, produzidos pelo girar da roda cósmica, arrastados temporariamente para a limitada manifestação e que, eventualmente, devem retornar ao seu centro cósmico central. Eles retornarão tendo acrescentado os resultados do crescimento evolutivo, e através da assimilação, eles terão intensificado sua natureza fundamental e o fogo espiritual mais o fogo manásico.
O fogo interno da matéria é chamado na Doutrina Secreta “Fogo por Fricção”. Ele é um efeito e não uma causa. É produzido pelos dois fogos, o do espírito e o da mente, (fogo elétrico e solar) fazendo contato por intermédio da matéria. Esta energia demonstra-se na própria matéria como os fogos internos do sol, e dos planetas, e encontra um reflexo nos fogos internos do homem. O homem é a Chama Divina e o fogo da Mente postos em contato por intermédio da substância ou forma. Quando a evolução termina, o fogo da matéria não é cognoscível. Ele persiste somente quando os outros dois fogos estão associados, e não persiste separado da própria substância.
Vamos agora, brevemente, reconhecer certos fatos relativos ao fogo na matéria e tomá-los em ordem, dando tempo para elucidar sua significância. Primeiro, podemos dizer que o fogo interno sendo tanto latente quanto ativo, mostra-se como a síntese dos fogos reconhecidos do sistema, e demonstra-se, por exemplo, como radiação solar e combustão planetária interna. Este assunto já foi parcialmente coberto pela ciência, e está oculto no mistério da eletricidade no plano físico, a qual é uma expressão dos fogos internos ativos do sistema e do planeta assim como a combustão interna é uma expressão dos fogos internos latentes. Estes últimos encontram-se no interior de cada globo, e são a base de toda vida física objetiva.
Segundo, podemos notar que os fogos internos são a base da vida nos três reinos inferiores da natureza, e no quarto reino, o humano, em conexão com os dois veículos inferiores. O Fogo da Mente, quando mesclado com os fogos internos, é a base da vida no quarto reino e, unidos, eles controlam - parcialmente agora e mais tarde inteiramente - o homem inferior triplo, ou a personalidade. Este controle dura até a hora da primeira Iniciação.
Finalmente, o fogo do Espírito, quando mesclado com os outros dois fogos - mescla essa que começa no homem na primeira iniciação - forma a base da vida espiritual, ou existência. À medida que a evolução prossegue no quinto reino, o espiritual, esses três fogos ardem simultaneamente, produzindo a consciência aperfeiçoada.
Este resplendor resulta na purificação final da matéria e sua consequente adequação. No final da manifestação, ele provoca eventualmente a destruição da forma e sua dissolução, e a terminação da existência como a compreendemos nos mundos inferiores. Em termos da teologia budista, ele produz aniquilação; isto envolve não a perda da identidade, mas sim o cessar da objetividade e o escapar do Espírito, mais a mente, para o seu centro cósmico. Isto tem sua analogia na iniciação em que o adepto fica livre das limitações da matéria nos três mundos.
Os fogos internos do sistema, do planeta, e do homem são triplos:
1. Fogo interior no centro da esfera, aqueles fornos internos que produzem calor. Este é o fogo latente.
2. Fogo radiatório. Este tipo de fogo pode ser expresso em termos de eletricidade do plano físico, de raios de luz, e de energia etérica. Este é fogo ativo.
3. Fogo essencial, ou os elementais do fogo que são, eles próprios, a essência do fogo. Eles são divididos em dois grupos:
a. Devas do fogo ou entidades evolucionárias.
b. Elementais do fogo ou entidades no caminho oposto à evolução.
Mais tarde isto será desenvolvido quando considerarmos o Fogo da Mente e tratarmos da natureza dos elementais do pensamento. Todos estes elementais e devas estão sob o controle do Senhor do Fogo, Agni. Quando viermos a considerá-Lo e ao Seu reino, o assunto será tratado com mais vagar.
Podemos aqui destacar, porém, que nossas duas primeiras declarações a respeito dos fogos internos, expressam o efeito que têm as entidades do fogo sobre o seu meio ambiente. Calor e radiação são outros termos que podem ser aplicados neste sentido. Cada um desses efeitos produz uma classe diferente de fenômenos. O fogo latente causa o crescimento ativo daquilo no qual ele está embebido e causa aquele impulso para cima que traz à manifestação tudo aquilo que é encontrado nos reinos da natureza. O fogo irradiador causa o crescimento contínuo de tudo aquilo que progrediu, sob a influência do fogo latente, até um ponto receptivo do irradiador. Vamos tabular isto da seguinte maneira: Sistêmico ou Macrocósmico: O Logos solar ou o Grande Homem dos Céus.
O fogo latente ou interior produz o calor interno que faz o sistema solar produtivo de todas as formas de vida. É o calor inerente que causa toda fertilização, seja humana, animal ou vegetal.
O fogo ativo ou irradiador retém a vida e causa a evolução de tudo que chegou à objetividade por meio do fogo latente.
Planetário, ou os Homens Celestiais:
O que foi dito sobre o sistema, como um todo, pode estender-se a todos os planetas, os quais, em sua natureza, refletem o Sol, seu irmão mais velho.
Humano, ou o Homem Microcósmico:
O fogo latente humano, o calor interior da constituição humana, causa a produção de outras formas de vida, como
1. As células do corpo físico.
2. Organismos nutridos pelo fogo latente.
3. A reprodução de si mesmo em outras formas humanas, a base da função
sexual.
O fogo irradiador humano, ou fogo ativo, é um fator ainda pouco compreendido. Ele está relacionado à aura da saúde e também àquela radiação do etérico que faz de um homem um curador, e capaz de transmitir calor ativo.
É necessário diferenciar entre esta radiação do etérico, que é uma radiação de prana, e o magnetismo, que é uma emanação de um corpo mais sutil (geralmente o astral), e tem a ver com a manifestação da Chama Divina dentro dos envoltórios materiais. A Chama Divina é formada no segundo plano, o monádico, e o magnetismo (que é um método de demonstrar o fogo irradiador) é, portanto, sentido principalmente no quarto e sexto planos, ou através dos veículos búdico e astral, os quais, como sabemos, estão estreitamente associados com o segundo plano. Esta distinção é importante e deve ser cuidadosamente reconhecida.
Tendo apresentado as declarações acima, podemos prosseguir e abordar em maiores detalhes os fogos interiores dos sistemas microcósmico e macrocósmico.
Notas:
4 “Aquele que em tudo penetra, vishanti, é Vishnu; aquele que cobre,
envolve, rodeia e de tudo se encarrega é Brahma; aquele que dorme em tudo é
Shiva. Shiva dorme, jaz oculta, em todos e em tudo como o nexus, o laço, e
esta é a natureza do desejo. Vrinite significa o envolvimento, a cobertura com
um envelope, a demarcação dos limites, ou da periferia, e assim, a formação
ou criação (de todas as formas); e esta é ação presidida por Brahma.
Vishanti sarvani indica que todas as coisas estão Nele e Ele em tudo, e assim
é o EU, conectado à cognição e a Vishnu. A soma, ou totalidade, desses é
Maha-Vishnu.
“Maha-Vishnu, o suserano de todo este sistema mundial, é descrito como o
Ishvara, de branco, com quatro braços, adornado com a concha, o disco, o
bastão, o lótus, a grinalda, e a joia kanstubha, brilhando, vestido de azul e
amarelo, infinito e imperecível na forma, sem atributos, contudo dando alma e
subjazendo a todos os atributos. Aqui, o epíteto Ishvara indica a regra; os
quatro braços, as quatro atividades de cognição, etc.; o branco
resplandecente é a iluminação de todas as coisas; o shankha, ou a concha,
indica todo o som, e o chacra, roda ou disco, todo o tempo, havendo uma
conexão entre os dois; gada, o girante bastão, é o método em espiral da
precessão do mundo, e a flor de lótus é o todo dessa precessão; o
vana-mala, a coroa de flores da floresta, indica o entrelaçamento de todas as
coisas numa unidade e necessidade; o nila-pit-ambara, vestimentas azul e
amarelas, são escuridão e luz; a Kaustubha jóia indica inseparável conexão
com tudo; Nirguma, sem atributos, mostra a presença da natureza da Negação;
enquanto saguna, plena de atributos, indica possessão de nome e forma. O
processo do Mundo (como incorporado no nosso sistema mundial) é o resultado da
ideação de Maha-Vishnu".
Pranava-Vada, p. 72-74, 94-95.
5 Mahadeva é literalmente “grande Deva". O termo é frequentemente aplicado à primeira pessoa da Trindade manifestada, a Shiva, o aspecto destruidor do Criador.
"Um dia desta longa vida de Brahma é chamado um Kalpa; e um Kalpa é aquela porção de tempo que ocorre entre uma conjunção de todos os planetas no horizonte de Lanka, no primeiro ponto de Áries, e uma similar conjunção subsequente. Um Kalpa abrange o reinado de quatorze Manus e seus sandhies (intervalos); cada Manu permanece entre dois sandhies. Cada governo de um Manu contém setenta e um Maha Yugas - cada Maha Yuga consiste de quatro Yugas - Krita, Treta, Dwapara e Kali; e a duração de cada uma dessas quatro Yugas é, respectivamente, como as dos números 4, 3, 2 e 1.
O número de anos siderais abrangidos nos diferentes períodos são como segue:
Descrição | Anos mortais |
---|---|
360 dias dos mortais perfazem um ano | 1 |
Krita Yuga contém | 1.728.000 |
Treta Yuga contém | 1.296.000 |
Dwapara Yuga contém | 864.000 |
Kali Yuga contém | 432.000 |
O total das quatro Yugas constitui uma Maha Yuga | 4.320.000 |
Setenta e uma Maha Yugas formam o período do reino de um Manu | 306.720.000 |
O reinado de 14 Manus tem a duração de 994 Maha Yugas | 4.294.080.000 |
Juntando os Sandhis, intervalos entre o reinado de cada Manu, que chega a 6 MahaYugas, chegamos a | 25.920.000 |
O total destes reinos e intervalos de 14 Manus é 1.000 Maha Yugas, o que constitui um Kalpa, isto é, um dia de Brahma | 4.320.000.000 |
Como a noite de Brahma é de igual duração, um dia e noite de Brahma conterá | 8.640.000.000 |
360 de tais dias e noites perfazem um ano de Brahma, igual a | 3.110.400.000.000 |
100 desses anos constituem o período todo da era de Brahma, isto é, Maha Kalpa | 311.040.000.000.000 |
Que estes números não são fantasiosos, mas sim fundamentados em fatos astronômicos, foi demonstrado por Mr. Davis, em um ensaio em Pesquisas Asiáticas; isto depois corroborado pelas investigações geológicas e cálculos feitos pelo Dr. Hunt, antigo Presidente da Sociedade Antropológica, e também, em alguns aspectos, pelas pesquisas feitas pelo Professor Huxley.
Grande como pareça o período do Maha Kalpa, somos assegurados de que
milhares e milhares de tais Maha Kalpas jà se passaram, e muitos mais ainda
virão. (Vide Brahma-Vaivarta e Bhavishyre Puranas; e Linga Purana, cap. 171,
verso 107, e cont.) e isto, em linguagem simples, significa que o Tempo passado
é infinito e o Tempo ainda por vir é igualmente infinito. O Universo é
formado, dissolvido, e reproduzido em sucessão indeterminada. (Bhagavata-gita,
VIII, 19)” - O Teosofista, Vol. VII, p. 115.
7 O termo “círculo-não-se-passa” é usado em literatura ocultista para indicar a periferia da esfera de influência de qualquer força central de vida, e é aplicado igualmente a todos os átomos, desde o átomo da matéria conhecido pelo físico e o químico, passando pelos átomos humano e planetário até o grande átomo de um sistema solar. O círculo- não-se-passa do ser humano comum é a forma esferoidal do seu corpo mental que se estende consideravelmente além do corpo físico e lhe permite funcionar nos níveis inferiores do plano mental.
8 1. O Primordial é o Raio e a emanação direta do Quatro Sagrado. D.S. I, 115, 116.
O Quatro Sagrado são:
Unidade
a. Pai.... . Mahadeva .. 1o Logos . Dualidade .. Vontade Espirito
b. Filho . . Vishnu .. 2° Logos . Trindade .. Amor-Sabedoria
c. Mãe.. . Brahma .. 3o Logos . ..Atividade inteligente
O Quatro Sagrado
d. A unificada manifestação dos três - o Macrocosmo
2. O Quaternário manifestado e os sete Construtores procedem da Mãe. D. S.
I, 402
a. Os sete Construtores são os Manasaputras, os filhos nascidos da Mente de
Brahma, o terceiro aspecto. D. S. III, 540
b. Eles vêm à manifestação para desenvolver o segundo aspecto. D. S. I,
108
c. Seu método é objetividade.
3. As Energias redespertadas lançam-se no espaço
a. Elas são a síntese velada. D.S. I, 362
b. Elas são a totalidade da manifestação. D.S. I, 470
c. Elas são pré-cósmicas. D.S. I, 152, 47
9 Akasha Definição D.S. II, 538
É a síntese do éter D.S. I, 353, 354
É a essência do éter D.S. I, 366
É o éter primodial D.S. I, 585
É o terceiro Logos em manifestação D.S. I, 377
10 H.P.B. define o Akasha nos seguintes termos: D.S. II, 538 “Akasha, a Luz astral, pode ser definida em poucas palavras: É a alma Universal, a Matriz do Universo, o Mysterium Magicum do qual é nascido tudo que existe, por separação ou diferenciação. Nos vários livros ocultistas é chamado por diferentes
termos, e talvez fosse útil se enumerássemos alguns deles. Há um efemento universal
com suas diferenciações.
Homogêneo Diferenciado
1. Substância cósmica indiferenciada 1. Luz astral.
2. Éter primordial 2. Mar de fogo
3. Entidade elétrica primordial 3. Eletricidade
4. Akasha 4. Prakriti
5. Luz superastral 5. Matéria atômica
6. Serpente de fogo 6. A serpente do mal
7. Mulaprakriti 7. Éter, com suas quatro
divisões: ar, fogo, água, terra.
8. Matéria pré-genética
“Fohat é pensamento divino ou energia (Shakti) como manifestada em qualquer plano do cosmos. É a interação entre espirito e matéria. As sete diferenciações de Fohat são:
1. O Plano da vida divina Adi Mar de fogo
2. O Plano da vida monádica Anupadaka Akasha
3. O Plano do Espirito Atma Éter
4. O Plano da intuição Budi Ar
5. O Plano da mente Mental Fogo
6. O Plano do desejo Astral Luz astral
7. O Plano da densidade Físico Éter
D.S. I, 105, 134, 135, 136.
12 O quaternário é composto dos quatro princípios inferiores e dos quatro envoltórios através dos quais eles se manifestam como uma unidade coesa, sendo assim mantidos durante a manifestação pela força da vida da entidade que o habita.
13 Estes termos, Eu Inferior, Eu Superior, Eu Divino podem confundir até que
apreenda os vários sinônimos a eles relacionados. Esta tabulação pode s
Pai Filho Mãe
Espírito Alma Corpo
Vida Consciência Forma
Mônada Ego Personalidade
Eu Divino Eu Superior Eu Inferior
Espírito Individualidade Eu Pessoal
0 Ponto A Tríade 0 Quaternário
Mônada Anjo Solar Os Senhores Lunares
14 VerD.S. I, 169, 562, 567, 569; II, 258, 390, 547, 551, 552.
15 Em Estudo da Consciência a Sra. Besant diz (página 37): “Consciência é a realidade una no mais pleno sentido dessa expressão tão usada; segue-se daí que qualquer realidade encontrada em qualquer parte é tirada da consciência. Daí, tudo que é pensado, é. Essa consciência na qual tudo, literalmente tudo, é “possível” assim como “real" - real sendo aquilo que é pensado como existente por uma consciência separada no tempo e espaço, e possivel tudo aquilo que não está sendo pensado em qualquer período no tempo e em qualquer ponto no espaço - nós chamamos Consciência Absoluta. É o Todo, o Eterno, o Infinito, o Imutável. Consciência, pensando em tempo e espaço, e em todas as formas como existentes neles em sucessão e lugares, é a Consciência Universal, o Uno, chamado pelos hindus o Saguna-Brahman - o Eterno com atributos - Pratyag-Atma - o Eu Interno; pelos parsi, Hormuzd; pelos muçulmanos, Allah. A consciência lidando com um tempo definido, seja longo ou curto, com um espaço definido, seja vasto ou restrito, é individual, é de um Ser concreto, um Senhor de muitos universos, ou de um universo, ou de qualquer chamada porção de um universo, sua porção e, portanto para ele um universo - estes termos variando o alcance com o poder da consciência; o tanto do pensamento universal como uma consciência separada pode pensar completamente, isto é, sobre a qual ele possa impor sua própria realidade, possa pensar nela como existindo tal como ele, é seu universo”.
16 A consciência universal, manifestando-se como consciência no tempo e espaço, como a Sra. Besant tão habilmente a expressa, inclui todas as formas de atividade e evolução cíclica em espiral do ponto de vista da evolução cósmica, e em termos de consciência absoluta, pode, por outro lado, ser rotativa.