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Livros de Alice Bailey

Um Tratado sobre o Fogo Cósmico

Índice Geral das Matérias

Seção Um - Divisão D
Kundalini e a Coluna Vertebral
I. Kundalini e os três triângulos
II. O despertar de kundalini

 KUNDALINI (60, 61) E A COLUNA VERTEBRAL

I. Kundalini e os três triângulos

1. Na cabeça.
2. No corpo.
3. Na base da coluna vertebral.

II. O despertar de kundalini

Devido à impossibilidade de revelar muitos detalhes deste assunto necessariamente perigoso, nós o abordaremos sucintamente.

É preciso lembrar que estamos tratando aqui da parte etérica da coluna e não da estrutura óssea que chamamos espinha ou coluna vertebral. Este é um fato não suficientemente reconhecido por aqueles que tratam deste assunto. Foi dada ênfase excessiva aos três canais que compõem o tríplice cordão espinhal.

Esses canais são importantes em conexão com o sistema nervoso do homem, mas, em relação ao assunto em pauta, não são tão importantes quanto o canal etérico que envolve os três. Portanto, é preciso lembrar que estamos tratando

a. do canal etérico,

b. do fogo que sobe por esse canal,

c. da conjunção deste fogo com o fogo energizante radiador do corpo físico, no ponto entre as omoplatas,

d. de sua unificada ascensão para a cabeça,

e. de sua fusão final com o fogo manásico que energiza os três centros da cabeça.

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I. KUNDALINI E OS TRÊS TRIÂNGULOS

O fogo que energiza o triângulo na cabeça é a correspondência superior do triângulo de prana no meio do corpo, e seu reflexo inferior na base da coluna. Temos, pois, na unidade humana, três triângulos:

1. Na cabeça: O triângulo dos três centros principais:

a. a glândula pineal.
b. a glândula pituitária.
c. O centro alta maior.

2. No corpo: O triângulo de prana

a. entre os ombros,
b. acima do diafragma,
c. o baço.

3. Na base da coluna: Os três inferiores

a. um ponto no final da coluna vertebral,
b. e c. os dois principais órgãos sexuais no homem e na mulher.

A mescla dos fogos da matéria e dos fogos da mente resulta na energização da soma total dos átomos da matéria do corpo. Este é o segredo do imenso poder sustentador dos grandes pensadores e trabalhadores da raça. Isto resulta também em uma tremenda estimulação nos três centros superiores no corpo, a cabeça, o coração e a garganta, e na eletrificação desta área do corpo. Estes centros superiores formam, então, um campo de atração para a descida do terceiro fogo, o do Espírito. O centro de mil pétalas no topo da cabeça torna-se extraordinariamente ativo. Ele é o centro sintético da cabeça, e a soma total de todos os outros centros. A estimulação dos centros em todo o corpo é acompanhada ou duplicada pela simultânea vivificação do lótus de mil pétalas, o qual é o ponto de encontro dos três fogos, o do corpo, o da mente e o do Espírito. A unificação com o Ego é completada quando ele é plenamente estimulado e segue-se a combustão. Esta é duplicada nos veículos sutis e causa a consumação final e a liberação do Espírito.

A fusão dos fogos da matéria é o resultado do crescimento evolutivo, quando deixado ao desenvolvimento normal e lento que somente o tempo pode trazer. A junção dos dois fogos da matéria é efetuada cedo na história do homem, e é a causa da robusta saúde de que normalmente goza o homem de vida limpa e pensamento elevado. Quando os fogos unificados da matéria sobem ainda mais pelo canal da coluna, eles fazem contato com o fogo de manas que irradia do centro da garganta. Aqui é essencial clareza de pensamento, e será necessário elucidar este assunto bastante abstruso.

1. Os três principais centros da cabeça, sob o ponto de vista físico, são

a. o centro alta,
b. a glândula pineal e
c. o corpo pituitário

2. Eles formam um triângulo manásico, depois de sua junção com os dois fogos dos dois triângulos inferiores, isto é, quando eles se tornam sintéticos.

3. Porém, o triângulo puramente manásico anterior a esta fusão é

a. o centro da garganta,
b. a glândula pineal, e
c. o corpo pituitário.

Isto ocorre durante o período em que a unidade humana conscientemente aspira e lança sua vontade para o lado da evolução, desta maneira tornando construtiva a sua vida.

O outro fogo da matéria, o fogo dual, é atraído para cima e mescla- se com o fogo da mente através de uma junção levada a cabo no centro alta maior. Este centro está situado na base do crânio, e há uma pequena brecha entre este centro e o ponto em que os fogos da matéria fluem do canal da coluna vertebral. Parte do trabalho que o homem que está desenvolvendo o poder do pensamento tem a realizar, é construir um canal temporário em matéria etérica para transpor esta brecha. Este canal é o reflexo, em matéria física, do antahkarana (63) que o Ego tem de construir para transpor a brecha entre o mental inferior e o superior, entre o veículo causal no terceiro subplano do plano mental, e o átomo manásico permanente no primeiro subplano. Este é o trabalho que todos os pensadores avançados estão, inconscientemente, realizando agora. Quando a ponte está completada, o corpo do homem torna-se coordenado com o corpo mental e os fogos da mente e da matéria fundem-se. Ela completa o aperfeiçoamento da vida da personalidade, e como dissemos anteriormente, este aperfeiçoamento traz o homem ao portal da iniciação - iniciação sendo o selo aposto ao trabalho realizado. Ela marca o fim de um ciclo menor de desenvolvimento, e o começo da transferência de todo o trabalho para uma espiral ainda mais alta.

É preciso lembrar sempre que os fogos da base da coluna vertebral e o triângulo esplênico são fogos da matéria. Eles não têm efeito espiritual, e apenas dizem respeito à matéria na qual os centros estão localizados. Estes centros de força são sempre dirigidos por manas ou mente, ou pelo esforço consciente da entidade que internamente habita. Essa entidade, porém, vê impedidos os efeitos que ela procura alcançar até que os veículos através dos quais o morador interno está procurando expressar-se e seus centros energizadores e diretores oferecem a resposta adequada. Por isso, é somente no devido curso da evolução, e quando a matéria desses veículos estiver suficientemente energizada por seus próprios fogos latentes que o homem pode alcançar o seu propósito longamente esperado. Daí também a necessidade do fogo da ascensão do fogo da matéria para o seu lugar apropriado e sua ressurreição após seu longo sepultamento, a aparente prostituição antes de poder unir-se ao Pai no Céu, o terceiro Logos, o Qual é a Inteligência da própria matéria. Mais uma vez a correspondência aplica- se aqui, pois até mesmo o átomo do plano físico tem sua meta, suas iniciações e seu triunfo final.

Outros ângulos deste assunto, tais como os centros e sua relação com manas, o fogo do Espírito e manas, e a fusão final dos três fogos, serão tratados nas duas divisões seguintes. Nesta divisão limitamo-nos ao estudo da matéria e do fogo para que não haja confusão.

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II. O DESPERTAR DE KUNDALINI

Como este fogo na base da coluna pode ser despertado, que formato sua progressão deve tomar (dependendo do Raio), como se fundem o fogo e o fogo prânico e como se realiza sua subsequente e unificada progressão são, para muitos, coisas do passado e, felizmente para a raça, o trabalho foi realizado sem esforço consciente. A segunda fusão com o fogo de manas tem de ser levada a cabo, uma vez que, por enquanto, poucos homens conseguiram fazer subir o fogo em mais de um canal da tríplice coluna e, por isso, dois terços de seu efeito, na maioria, estão ainda confinados à estimulação dos órgãos de propagação da raça. Somente quando o fogo tiver circulado desimpedido por um outro canal, estará completa a fusão com o fogo de manas, e somente quando ele avançar geometricamente pelos três canais - com ação simultânea e vibração uniforme - estará o verdadeiro fogo kundalini desperto plenamente e portanto, capaz de executar seu trabalho de limpeza através da queima da teia e das partículas separadoras. Quando isto for realizado, o canal tríplice torna-se o canal único. Reside aí o perigo.

Sobre este assunto nada mais pode ser dito. Aquele que dirige seus esforços para o controle dos fogos da matéria está, com perigosa certeza, brincando com um fogo que pode, literalmente, destruí-lo. Ele não deve voltar seus olhos para baixo; antes, deve erguê-los para o plano onde habita seu Espírito imortal, e então, pela autodisciplina, controle da mente e um firme refinamento de seus corpos materiais, sutis e físicos, qualificar-se para ser um veículo para o nascimento divino, e participar da primeira Iniciação. Quando o Cristo-criança (como tão lindamente dizem os cristãos) nasce na caverna do coração, então esse divino hóspede pode, conscientemente, controlar os corpos materiais inferiores por meio da mente consagrada. Somente quando budi assume um crescente controle da personalidade por meio do plano mental, (daí a necessidade de construir o antahkarana), é que a personalidade responde àquilo que está acima, e os fogos inferiores sobem e fundem-se com os dois superiores. Somente quando o Espírito, pelo poder do pensamento, controla os veículos materiais, é que a vida subjetiva assume seu devido lugar, brilha e resplandece o Deus interno até perder-se de vista a forma, e “O caminho do justo brilha cada vez mais até que o dia esteja conosco”.


Notas:
60 “Kundalini, o poder da serpente ou fogo místico; é chamado de poder serpentino ou anelar devido ao seu modo espiralado de progressão, no corpo, do desenvolvimento ascético do próprio poder. É um fogo elétrico oculto ou poder fohático, a grande força prístina que subjaz toda matéria orgânica e inorgânica”. H. P. Blavatsky.
61 “Kundalini é a forma estática da energia criativa nos corpos que são a fonte de todas as energias, incluindo Prana... “Esta palavra vem do adjetivo kundalin, ou “enrolada”. É referida como “enrolada” porque adormecida e enrolada, e porque a natureza do seu poder é espiralada... “Em outras palavras, esta kundalini shakti é aquilo que, quando se move para manifestar- se, aparece como o Universo. Dizer que ela está “enrolada” é dizer que ela está em descanso, isto é, na forma de energia potencial estática... Kundalini shakti nos corpos individuais é poder em descanso, ou o centro estático à volta do qual todas as formas de existência, como poder em movimento, revolvem”... O Poder da Serpente, de Arthur Avalon.
62 Não é minha intenção enfatizar o lado sexual deste assunto, porque o ocultista nada tem a ver com esses órgãos, e portanto não vou enumerá-los em detalhe. Indico somente que na transferência do fogo na base da coluna e o voltar da atenção para os dois triângulos superiores surge a redenção do homem.
63 1. "A alma Mestre é Alaya, a alma universal ou Atma, cada homem tendo em si um raio dela e sendo supostamente capaz de identificar-se e fundir-se com ela. Antahkarana é a parte inferior de Manas, o caminho de comunicação ou comunhão entre a personalidade e Manas superior ou alma humana. Na morte ele é destruído como meio de comunicação, e seus restos sobrevivem numa forma como Kama-rupa - a concha”. Voz do Silêncio, p. 71. “O antahkarana é o caminho imaginário entre o eu pessoal e o eu impessoal, e é a estrada da sensação; é o campo de batalha para se obter o domínio do eu pessoal. É o caminho da aspiração e onde o anelo pelo bem existe, o antahkarana persiste”. Voz do Silêncio, p. 50, 55, 56, 58.

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