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Livros de Alice Bailey

Um Tratado sobre o Fogo Cósmico

Índice Geral das Matérias

Introdução
Introdução
Prefácio
Fogo
Conteúdo
Postulados Introdutórios
Estâncias de Dzyan

INTRODUÇÃO

“Ao Deus que está no Fogo e Que está nas águas;
Ao Deus Que Se espalhou por todo o mundo;
Ao Deus Que está nas plantas do verão e nos senhores da floresta;
A esse Deus adoremos, adoremos”.
-Sh’vet Upanishad, II.17.

A história dos muitos anos de trabalho telepático do Tibetano com Alice A. Bailey é revelada em sua Autobiografia Inacabada, publicada em 1951. Isso inclui as circunstâncias de seu primeiro contato com ele, no plano físico, ocorrido na Califórnia em Novembro de 1919. Trinta anos de trabalho foram planejados. Quando isso foi completado, e dentro de trinta dias após esse período, a Sra. Bailey obteve sua liberação das limitações do veículo físico.

A Autobiografia também contém certas declarações do Tibetano em relação ao seu trabalho e algumas informações sobre as razões pelas quais ele foi realizado. Nos estágios iniciais, o trabalho envolvia atenção cuidadosa às condições do plano físico que poderiam ajudar a tornar o processo telepático mais bem-sucedido. Mas, durante os últimos anos, a técnica foi tão aperfeiçoada e o mecanismo etérico de A.A.B. tão habilmente sintonizado e ajustado que todo o processo foi praticamente sem esforço, e a realidade e a utilidade prática da interação telepática foram demonstradas em um grau único.

As verdades espirituais tratadas envolviam, em muitos casos, a expressão pela mente concreta inferior (muitas vezes com as restrições insuperáveis da língua inglesa) de ideias abstratas e conceitos até então bastante desconhecidos de realidades espirituais. Essa limitação inescapável da verdade tem frequentemente chamada à atenção dos leitores dos livros assim produzidos, mas é frequentemente esquecida. Sua lembrança constante constituirá nos anos vindouros um dos principais fatores para evitar que a cristalização do ensinamento produza mais um culto sectário dogmático.

O presente volume, Um Tratado sobre o Fogo Cósmico, publicado pela primeira vez em 1925, foi o terceiro livro produzido em conjunto e traz evidências inerentes de que permanecerá como a parte principal e de maior alcance dos ensinamentos de trinta anos, apesar da profundidade e utilidade dos volumes publicados na série intitulada Um Tratado sobre os Sete Raios ou de qualquer outro dos livros.

Durante o longo curso do trabalho, as mentes do Tibetano e A.A.B. tornaram-se tão sintonizados que eram de fato - no que diz respeito a grande parte da produção do ensino - um único mecanismo de projeção conjunta. Até o fim A.A.B. frequentemente falava de seu espanto com os vislumbres que obteve através do contato com a mente do Tibetano, de visões ilimitadas de verdades espirituais que ela não poderia ter contatado de outra forma, e muitas vezes de uma qualidade que ela não poderia expressar. Essa experiência foi a base de sua afirmação muitas vezes proclamada, mas frequentemente pouco compreendida, de que todos os ensinamentos que ela estava ajudando a produzir eram, de fato, apenas o A B C do conhecimento esotérico e que, no futuro, ela abandonaria com prazer qualquer pronunciamento do ensino atual, quando ela encontrar um ensino esotérico melhor e mais profundo disponível. Por mais claro e profundo que seja o ensino dos livros publicados em seu nome, as verdades transmitidas são tão parciais e sujeitas a revelações e expansões posteriores que esse fato, se constantemente lembrado, nos dará uma segunda salvaguarda muito necessária contra essa qualidade da mente concreta que constantemente tende a produzir sectarismo.

Logo no início do esforço conjunto e após cuidadosa consideração, foi decidido entre o Tibetano (D.K.) e A.A.B. que ela, como a discípula trabalhadora no plano exterior, deve arcar com o máximo possível de responsabilidade cármica naquele plano e que o ensinamento deve ir ao público por meio de sua assinatura. Isso envolvia o peso da liderança no campo esotérico e precipitava ataques e condenações de pessoas e organizações cujas posições e atividades eram mais Piscianas e autoritárias.

Toda a plataforma sobre a qual o ensino esotérico se encontra diante do público hoje foi liberada das limitações e tolices do mistério, glamour, reivindicação e impraticabilidade, pela posição assumida pelo Tibetano e pela A.A.B. A posição tomada contra a afirmação dogmática ajudou a estabelecer uma nova era de liberdade mental para os estudantes da revelação progressiva da Sabedoria Eterna.

O antigo método de chegar à verdade pelo processo de aceitar novas autoridades e compará-las com doutrinas previamente estabelecidas, embora de valor indubitável no treinamento da mente, está gradualmente sendo transcendido. Em seu lugar está surgindo, tanto no mundo religioso quanto no filosófico, uma nova capacidade de assumir uma posição mais científica. O ensinamento espiritual será cada vez mais aceito como uma hipótese a ser provada menos pela escolástica, fundamento histórico e autoridade, e mais pelos resultados de seu efeito sobre a vida vivida e sua utilidade prática na solução dos problemas da humanidade.

Até agora, o ensino esotérico avançado quase invariavelmente foi obtido apenas pela aceitação da autoridade do professor pelo aluno, vários graus de obediência pessoal a esse professor e promessas de sigilo. À medida que a nova dispensação Aquariana progride, essas limitações desaparecerão. A relação pessoal do discípulo com o Mestre permanece, mas o treinamento do discipulado já foi empreendido na formação de Grupo. O registro de uma dessas experiências e tentativas de usar esse método da Nova Era foi disponibilizado ao público no livro intitulado Discipulado na Nova Era, que dá instruções pessoais diretas do Tibetano a um grupo selecionado.

Em Um Tratado sobre o Fogo Cósmico, o Tibetano nos deu o que H. P. Blavatsky profetizou que daria, ou seja, a chave psicológica para a Criação Cósmica. H.P.B. afirmou que no século 20 viria um discípulo que daria a chave psicológica para sua própria obra monumental, A Doutrina Secreta, em cujo tratado o Tibetano trabalhou com ela; e Alice A. Bailey trabalhou em total reconhecimento de sua própria tarefa nesta sequência.

FOSTER BAILEY

Tunbridge Wells
Dezembro de 1950

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PREFÁCIO

Dedicado com gratidão a
HELENA PETROVNA BLAVATSKY,
A grande discípula que acendeu sua tocha no Oriente
e levou sua luz à Europa e América em 1875.

Este Tratado sobre o Fogo Cósmico tem em vista um propósito quíntuplo:

Primeiro, oferecer, concisamente e em linhas gerais, um esquema de cosmologia, filosofia e psicologia que possa talvez ser empregado por uma geração como um livro-texto e de referência, e talvez servir como um andaime sobre o qual, mais tarde, possa ser construída uma instrução mais detalhada, à medida que a grande onda de ensinamento evolutivo se espraia.

Segundo, expressar, em termos compreensíveis, aquilo que é subjetivo, e indicar o passo seguinte no entendimento da verdadeira psicologia. É uma elucidação da relação existente entre Espírito e Matéria, relação essa que se demonstra como consciência. Veremos que o Tratado trata principalmente do aspecto da mente, da consciência e da psicologia superior, e não tanto da matéria como a conhecemos no plano físico. O perigo que envolve a divulgação de informações sobre as várias energias da matéria atômica é bastante grande, e a raça é ainda egoísta demais para que se lhe confiem estas potências. Através do competente trabalho dos cientistas, o homem já está descobrindo o conhecimento necessário com adequada rapidez. Neste livro, serão enfatizadas aquelas forças que são responsáveis pela manifestação objetiva de um Logos solar e do homem, e, somente na primeira seção, serão dadas indicações quanto à natureza daquelas energias estritamente confinadas ao plano físico.

Terceiro, mostrar o desenvolvimento coeso de tudo aquilo que é encontrado dentro de um sistema solar; demonstrar que tudo que existe - desde a ínfima forma de vida no seu mais denso ponto de concreção até à mais elevada e rarefeita manifestação - evolui, e que todas as formas nada mais são do que a expressão de uma imensa e divina Existência. Esta expressão é causada pela combinação de dois aspectos divinos através da influência de um terceiro, e produz a manifestação que chamamos uma forma, iniciando-a no seu ciclo evolutivo no tempo e espaço. Assim, a forma é trazida a um ponto em que se torna um meio adequado para a demonstração da natureza daquele a quem chamamos Deus.

Quarto, oferecer informação prática a respeito daqueles pontos focais de energia que são encontrados nos corpos etéricos do Logos solar, o macrocosmo, e do homem, o microcosmo. Conforme for compreendido o substrato etérico que é a verdadeira substância subjaz

a cada forma tangível, certas grandes revoluções terão lugar nos domínios da ciência, da medicina e da química. O estudo da medicina, por exemplo, será abordado sob um novo prisma, e a prática médica será baseada na compreensão das leis da radiação, das correntes magnéticas, e dos centros de força encontrados nos corpos dos homens e na sua relação com os centros e correntes de força do sistema solar.

Quinto, dar algumas informações que ainda não foram apresentadas exotericamente, a respeito do lugar e trabalho dessas miríades de vidas sencientes que formam a essência da objetividade; indicar a natureza daquelas Hierarquias de Existência que, de sua própria substância, dão forma a tudo que é visto e conhecido, e que são, elas próprias, Fogo e a causa de todo o calor, vida e movimento no universo. Desta maneira, a ação do fogo sobre a Água, do Calor na Matéria, seja esta ação considerada, macrocósmica ou microcosmicamente, será abordada e assim lançada alguma luz sobre a Lei de Causa e Efeito (a Lei do Carma) e sua significância no sistema solar.

Em suma, o ensinamento neste livro deve levar a uma expansão da consciência, e deve provocar o reconhecimento da adequação - tanto para a ciência como para a religião - desta interpretação dos processos da natureza que nos foi formulada pelas Mentes dos Mestres eternos. Ele deve provocar uma reação a favor de um sistema filosófico que ligará Espírito e Matéria, e demonstrará a unidade essencial da ideia científica e religiosa. Atualmente, as duas estão como que divorciadas, e nós apenas começando a tatear num caminho intelectual que nos tire dessa interpretação materialista. É preciso, porém, não ser esquecido que, sob a Lei de Ação e Reação, o longo período de pensamento materialista foi necessário para a humanidade, porque o misticismo da Idade Média nos conduziu longe demais na direção oposta. Há agora uma opinião mais equilibrada, e esperamos que este tratado seja parte do processo através do qual cheguemos ao verdadeiro equilibrium.

No estudo deste tratado, pede-se ao estudante que tenha em mente certos pontos:

a. Que, ao tratar destes assuntos, estamos ocupados com a essência daquilo que é objetivo, com o lado subjetivo da manifestação, e com a consideração da força e da energia. É quase impossível reduzir tais conceitos a fórmulas concretas e expressá-los de modo que eles possam ser facilmente compreendidos pelo homem comum.

b. Que, quando usamos palavras e frases na linguagem moderna, o assunto necessariamente se torna limitado e apequenado, e grande parte da verdade é, assim, perdida.

c. Que tudo que está neste tratado é oferecido não como dogma, mas simplesmente, como uma contribuição à massa de pensamentos sobre o tema das origens do mundo, e aos dados já acumulados sobre a natureza do homem. A melhor solução que o homem pode oferecer para o problema mundial forçosamente terá uma forma dual e se demonstrará através de uma vida de serviço ativo, tendente à melhoria das condições circundantes, e através da formulação de algum plano ou esquema cosmológico que procurará explicar tanto quanto possível as condições existentes. Argumentando os homens, como atualmente o fazem, tomando como base o que é conhecido e demonstrável, e deixando, intocadas e inexplicadas, aquelas causas profundas que se presume estejam produzindo o que é visto e conhecido, todas as soluções falham e continuarão a falhar em seus objetivos.

d. Que, todas as tentativas para formular em palavras aquilo que precisa ser sentido e vivido para ser verdadeiramente compreendido, têm que, necessariamente, ser aflitivamente inadequadas. Tudo que pode ser dito, serão, afinal de contas, afirmações parciais de uma grande Verdade velada, e têm de ser oferecidas ao leitor e estudante simplesmente como hipóteses de trabalho e explanações sugestivas. Para o estudante de mente aberta e para o homem que guarda, em sua mente, a lembrança de que a verdade é revelada progressivamente, será claro que a mais completa expressão da verdade, possível em qualquer época, será vista mais tarde como apenas um fragmento de um todo, e mais tarde ainda, somente como porções de um fato, e assim, em si mesma, uma distorção do real.

Este tratado é publicado na esperança de que ele possa ser útil para todos que, com a mente aberta, buscam a verdade, e que possa ser de valor para todos aqueles que investigam a Fonte subjetiva de tudo aquilo que é tangivelmente objetivo. Ele visa oferecer um plano, razoavelmente lógico, da evolução sistêmica, e indicar ao homem a parte que ele deve desempenhar como uma unidade atômica em um grande e unido Todo. Este fragmento da Doutrina Secreta, no girar da roda evolucionária, é dada ao mundo sem quaisquer reivindicações quanto à sua fonte, sua infalibilidade ou correção no detalhe de suas declarações.

Nenhum livro se beneficia por declarações dogmáticas quanto ao valor ditatorial de sua fonte de inspiração. Ele deve apoiar-se unicamente na base de seu próprio valor intrínseco, no valor das sugestões feitas, e no seu poder de fomentar a vida espiritual e a compreensão intelectual do leitor. Se este tratado contém algo de verdade e de realidade, ele, inevitável e infalivelmente, realizará seu trabalho, transmitirá sua mensagem, e assim, alcançará os corações e mentes de buscadores em toda parte. Se ele não tiver valor, e não estiver baseado em fatos, ele desaparecerá e morrerá, e assim deve ser. Tudo que se pede ao estudante deste tratado é que o aborde com isenção de ânimo, com disposição para levar em consideração as opiniões apresentadas, e com aquela honestidade e sinceridade de pensamento que levará ao desenvolvimento da intuição, do diagnóstico espiritual, e de uma discriminação que conduzirá à rejeição daquilo que for falso e à apreciação do que for verdadeiro.

As palavras do Buda têm um lugar bem apropriado aqui, e constituem-se numa conclusão adequada para estes comentários preliminares:

O SENHOR BUDA DISSE

que não devemos acreditar em algo dito meramente porque foi dito; nem em tradições porque nos foram transmitidas pela antiguidade; nem nos rumores, como tais; nem nos escritos dos sábios, só porque sábios os escreveram; nem em fantasias que possamos suspeitar nos tenham sido inspiradas por um Deva (isto é, uma inspiração presumivelmente espiritual); nem em inferências extraídas de alguma suposição casual que possamos ter feito; nem devido a algo que parece ser uma necessidade analógica; nem na simples autoridade de nossos professores ou mestres. Mas devemos acreditar quando o escrito, a doutrina ou o que é dito é corroborado por nossa própria razão e consciência. “Para isto”, diz ele em conclusão, “eu os ensinei que não acreditassem meramente porque ouviram, mas que quando acreditassem por sua própria consciência, então agissem plenamente de acordo com ela."

Doutrina Secreta III, 401.

Possa esta ser a atitude de todos os leitores deste Tratado sobre o Fogo Cósmico.

Alice A. Bailey

Nota: Nas notas inseridas ao longo deste tratado, "A Doutrina Secreta" de H. P. Blavatsky é designada pelas iniciais D. S. As referências de página são para a "Terceira Edição Revisada" da edição inglesa.

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FOGO

“O que diz o ensinamento esotérico a respeito do Fogo?”

O Fogo é o mais perfeito e não adulterado reflexo, no Céu como na Terra, da Chama Una. É vida e morte, a origem e o fim de toda e qualquer coisa material. É a substância divina. Doutrina Secreta 1.146

Nossa Terra e o homem (são) os produtos dos Três Fogos. Doutrina Secreta II. 258

Fogo e chama destroem o corpo de um Arhat; sua essência tornam- no imortal. Doutrina Secreta I. 35

OS TRÊS FOGOS

I. O Fogo Interno ou Fogo por Fricção

“Há calor interno e calor externo em cada átomo, o sopro do Pai (Espírito) e o sopro (ou calor) da Mãe (matéria).” Doutrina Secreta 1.112

II. O Fogo da Mente ou Fogo Solar

“O fogo do conhecimento arde em todas as ações no plano da ilusão, portanto, aqueles que o adquiriram e estão emancipados são chamados ‘Fogos’”. Doutrina Secreta 1.114

III. O Fogo do Espírito ou Fogo Elétrico

“Levanta tua cabeça, ó Lanu; vês apenas uma ou incontáveis luzes acima de ti, acesas no escuro céu da meia-noite?”

“Eu percebo uma Chama, ó Gurudeva; vejo incontáveis e inseparadas faíscas brilhando nela.” Doutrina Secreta 1.145

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CONTEÚDO

SEÇÃO UM
OS FOGOS INTERNOS - O FOGO POR FRICÇÃO

Observações Preliminares

Divisão A. Dos revestimentos macrocósmicos e microcósmicos
Divisão B. O Raio da Personalidade e o primeiro fogo
Divisão C. Prana e o corpo etérico
Divisão D. Kundalini e a coluna vertebral
Divisão E. Movimento nos planos físico e astral

1. Nos Revestimentos
2. Nos Centros

Divisão F. A Lei de Economia

SEÇÃO DOIS
O FOGO DA MENTE - O FOGO SOLAR

Questões Preliminares

Divisão A. A Natureza de Manas ou Mente
Divisão B. Manas como um fator cósmico, sistêmico e humano
Divisão C. O Raio Egoico e o Fogo Solar
Divisão D. Os elementais do pensamento e os elementais do fogo
Divisão E. Movimento no plano da mente
Divisão F. A Lei de Atração

SEÇÃO TRÊS
O FOGO DO ESPÍRITO - O FOGO ELÉTRICO

Divisão A. Certos fundamentos básicos
Divisão B. A Natureza dos sete caminhos cósmicos
Divisão C. Sete Estâncias Esotéricas

Esta tabulação dos assuntos abordados neste tratado é de grande importância, porque ela forma a base daquilo que iremos considerar. A total falta de uma consciência mais alargada do que a individual e pessoal, constitui-se numa barreira à verdadeira compreensão de coisas macrocósmicas, mas se seguirmos o método ocultista, se a Lei de Correspondência for estudada, e se sempre raciocinarmos mais alto, do microcosmo para o Todo maior, então captaremos relances de vastos reinos de realização e perspectivas de desenvolvimento espiritual jamais sonhadas se abrirão diante de nós.

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POSTULADOS INTRODUTÓRIOS

O ensinamento que é dado neste Tratado sobre o Fogo Cósmico pode ser formulado nestes postulados, os quais são simples extensões dos três fundamentos encontrados no prefácio do primeiro volume da Doutrina Secreta, de H. P. Blavatsky. (1) Recomenda-se que os estudantes os estudem cuidadosamente, o que os ajudará grandemente a entender este Tratado.

I. Há um Princípio Imutável e Ilimitado; uma Realidade Absoluta que antecede a todo Ser condicionado manifestado. Está muito além de qualquer pensamento ou expressão humanos.

O Universo manifestado está contido dentro desta Realidade Absoluta e é dele um símbolo condicionado. Na totalidade deste Universo manifestado, três aspectos devem ser concebidos.

1. O primeiro Logos Cósmico, impessoal e não-manifestado, o percurso do Manifestado

2. O Segundo Logos Cósmico, Espírito-Matéria, Vida, o Espírito do Universo.

3. O Terceiro Logos Cósmico, Ideação Cósmica, a Alma-do-Mundo Universal.

A partir destes princípios criativos básicos, em gradações sucessivas, saem em sequência ordenada, os inumeráveis Universos abrangendo incontáveis Estrelas em Manifestação e Sistemas Solares.

Cada Sistema Solar é a manifestação da energia e vida de uma grande Existência Cósmica, a Qual chamamos, na falta de um termo melhor, um Logos Solar.

Este Logos Solar encarna, ou vem à manifestação, por intermédio de um sistema solar.

Este sistema solar é o corpo, ou forma, desta Vida cósmica, e é ele próprio tríplice.

Este tríplice sistema solar pode ser descrito em termos de três aspectos, ou como a teologia cristã os chama, em termos de três Pessoas.

FOGO ELÉTRICO, ou ESPÍRITO

1a Pessoa – Pai, Vida, Vontade, Propósito, Energia positiva.

FOGO SOLAR, ou ALMA

2a Pessoa Filho – Consciência, Amor-Sabedoria, Energia equilibrada.

FOGO POR FRICÇÃO, ou CORPO, ou MATÉRIA

3a Pessoa - Espírito Santo, Forma, Inteligência Ativa, Energia negativa.

Cada um destes três é também tríplice em manifestação, perfazendo assim

a. As nove Potências ou Emanações.
b. Os nove Sefirotes.
c. As nove Causas de Iniciação.

Estas, com a totalidade de manifestação, ou o Todo, produzem os 10 (dez) da manifestação perfeita, ou o HOMEM perfeito.

Estes três aspectos do Todo estão presentes em todas as formas.

a. O sistema solar é tríplice, manifestando-se através dos três acima mencionados.

b. Um ser humano é igualmente triplo, manifestando-se como Espírito, Alma e Corpo, ou Mônada, Ego e Personalidade.

c. O átomo do cientista é também tríplice, sendo composto de um núcleo positivo, de elétrons negativos, e a totalidade da manifestação externa, o resultado da relação dos outros dois.

Os três aspectos de todas as formas são inter-relacionados e susceptíveis de intercâmbio, porque

a. A energia está em movimento e circula.

b. Todas as formas no sistema solar formam parte do todo, e não são unidades isoladas.

c. Esta é a base da fraternidade, da comunhão dos santos, e da astrologia.

Estes três aspectos de Deus, o Logos Solar, e a Energia Central ou Força (os termos são ocultamente sinônimos) demonstram-se através de sete centros de força - três maiores e quatro menores. Estes sete centros de Força logoicos são eles próprios constituídos de tal modo que eles formam Entidades incorporadas, isto é, associadas. Eles são conhecidos como

a. Os sete Logoi planetários.
b. Os sete Espíritos diante do Trono.
c. Os sete Raios.
d. Os sete Homens Celestiais.

Os sete Logoi incorporam sete tipos de força diferenciada, e neste Tratado, são conhecidos pelos nomes de Senhores dos Raios. Os nomes dos Raios são

Raio I – Raio da Vontade ou Poder – 1° Aspecto
Raio II – Raio – da Amor-Sabedoria – 2° Aspecto
Raio III – Raio – da Inteligência Ativa – 3° Aspecto

Estes são os Raios maiores

Raio IV – Raio da Harmonia, Beleza e Arte.
Raio V – Raio do Conhecimento Concreto ou Ciência.
Raio VI – Raio da Devoção ou do Idealismo Abstrato.
Raio VII – Raio da Magia Cerimonial ou Ordem.

II. Há uma lei básica chamada a Lei da Periodicidade

1. Esta lei governa toda manifestação, seja ela a manifestação de um Logos solar por intermédio de um sistema solar, ou a manifestação de um ser humano por meio da forma. Esta lei controla igualmente todos os reinos da natureza.

2. Há certas outras leis no sistema que estão ligadas a esta; algumas delas são

a. A Lei de Economia – a lei que governa a matéria, o
3° aspecto

b. A Lei de Atração – a lei que governa a alma, o
2° aspecto

c. A Lei de Síntese – a lei que governa o espírito, o
1° aspecto.

3. Estas três são leis cósmicas. Há sete leis sistêmicas, as quais governam a manifestação do nosso Logos solar:

a. A Lei de Vibração
b. A Lei de Coesão
c. A Lei de Desintegração
d. A Lei de Controle Magnético
e. A Lei de Fixação
f. A Lei de Amor
g. A Lei de Sacrifício e Morte

4. Cada uma destas Leis manifesta-se primariamente em um ou outro dos sete planos do sistema solar.

5. Cada lei periodicamente toma o poder, e cada plano tem seu período de manifestação e seu período de obscurecimento.

6. Cada vida manifestada tem seus três grandes ciclos.


Nascimento Vida Morte.
Aparecimento crescimento desaparecimento.
Involução evolução obscurecimento.
Movimento inerte atividade movimento rítmico.
Vida tamásica vida rajásica vida sátvica.

7. O conhecimento dos ciclos envolve o conhecimento de número, som e cor.

8. O pleno conhecimento do mistério dos ciclos é somente possessão do adepto aperfeiçoado.

III. Todas as almas são idênticas à Superalma

1. O Logos do sistema solar é o Macrocosmo. O homem é o Microcosmo.

2. A alma é um aspecto de todas as formas de vida, desde um Logos até um átomo.

3. Esta relação entre todas as almas e a Superalma constitui a base para a crença científica da Fraternidade. Fraternidade é um fato na natureza, não um ideal.

4. A Lei de Correspondências explicará os detalhes deste relacionamento. Esta Lei de Correspondências, ou de Analogia, é a lei interpretativa do sistema e explica Deus ao homem.

5. Assim como Deus é o Macrocosmo para todos os reinos na Natureza, também o homem é o Macrocosmo para todos os reinos subumanos.

6. A meta para a evolução do átomo é a autoconsciência, como exemplificada no reino humano.

A meta para a evolução do homem é a consciência grupal, como exemplificada por um Logos planetário. (2)

A meta para o Logos planetário é a consciência de Deus, como exemplificada pelo Logos solar.

7. O Logos solar é a soma total de todos os estados de consciência dentro do sistema solar. (3)

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ESTÂNCIAS DE DZYAN

ESTÂNCIA I

O segredo do Fogo jaz oculto na segunda letra da Palavra Sagrada. O mistério da vida está escondido dentro do coração. Quando o ponto inferior vibra, quando o triângulo sagrado fulge, quando o ponto, o centro do meio, e o vértice se conectam e circula o Fogo, quando o triplo vértice igualmente queima, então, os dois triângulos - o maior e o menor - fundem-se numa só chama, a qual consome completamente o todo.

ESTÂNCIA II

“AUM”, disse o Poderoso Uno, e a Palavra soou. As setenárias ondas de matéria resolveram-se, e formas variadas apareceram. Cada uma tomou seu lugar, cada uma na esfera estabelecida. Elas esperaram que a corrente sagrada entrasse e as preenchessem.

Os Construtores atenderam ao som sagrado. Em musical colaboração, eles começaram a trabalhar. Eles construíram em muitas esferas, começando com a terceira. Neste plano, teve início seu trabalho. Eles construíram o revestimento de atma e ligaram-no ao seu Primeiro.

“AUM”, disse o Poderoso Uno. “Que o trabalho agora prossiga. Que os Construtores do ar continuem com o plano.”

O Senhor Deva e os Construtores no plano do ar trabalharam com as formas dentro daquela esfera que é reconhecida como principalmente deles. Eles trabalharam pela união, cada um no grupo que lhe fora designado. Os moldes cresciam rapidamente sob as suas mãos.

O sagrado plano de junção, o quarto grande plano, tornou-se a esfera dentro do círculo maior que marcava a meta para o homem.

“AUM”, disse o Poderoso Uno, Ele soprou para o quinto, o plano que é o solo ardente, o lugar de encontro para o fogo. Desta vez, ouviu- se, sob o som sistêmico, uma nota cósmica. O fogo interno, o fogo externo, encontram-se com o fogo ascendente. Os guardiões do fogo cósmico, os devas do calor fohático velavam sobre as formas que informes permaneciam, aguardando um ponto no tempo.

Os construtores de um grau menor, devas que trabalham com matéria, trabalhavam nas formas. Eles permaneciam em ordem quádrupla. Nos três níveis, em vazio silêncio, estavam as formas. Elas vibravam, respondiam ao tom, contudo, permaneciam inúteis e desabitadas.

“AUM”, disse o Poderoso Uno,” que as águas também produzam”. Os construtores da esfera aquosa, os moradores da umidade, produziram as formas que se movem no reino de Varuna. Elas cresceram e se multiplicaram. No constante fluxo, elas balançavam. Cada vazante de movimento cósmico fazia aumentar a infindável correnteza. O ondular das formas foi visto.

“AUM”, disse o Poderoso Uno, “que os Construtores se ocupem com a matéria”. O que era liquefeito solidificou-se. As formas sólidas foram construídas. A crosta esfriou-se. As rochas congelaram-se. Os construtores trabalharam, em tumulto, para produzir as formas de maya. Quando as camadas rochosas estavam completas, o trabalho ficou terminado.Os construtores do grau mais baixo anunciaram que o trabalho estava terminado.

Das camadas rochosas emergiu o revestimento seguinte. Os construtores do segundo concordaram que o trabalho estava feito. O primeiro e o segundo no caminho para cima permaneceram em forma quádrupla. O cinco interno foi vagamente visto por aqueles cuja visão era aguda.

“AUM”, disse o Poderoso Uno, e recolheu Seu Alento. A centelha dentro do povoado terceiro impeliu a um maior crescimento. Os construtores das formas inferiores, manipulando a mais densa maya, fundiram sua produção com as formas produzidas pelos construtores da água. Matéria e água fundindo-se produziram, a seu tempo, o terceiro. Assim progrediu a ascensão. Os construtores trabalharam em união. Eles chamaram os guardiões da zona ardente. Matéria e água misturaram-se ao fogo, a centelha interna dentro da forma, todas se misturaram.

O Poderoso Uno olhou para baixo. As formas mereceram Sua aprovação. Soou o grito por mais luz. Novamente Ele recolheu o som. Ele levou para níveis superiores a delicada centelha de luz. Um novo tom foi ouvido, o som do fogo cósmico, oculto nos Filhos de Manas. Eles invocaram seus Primeiros. Os quatro inferiores, os três superiores, e o quinto cósmico encontraram-se no grande hausto. Um novo revestimento foi formado.

ESTÂNCIA III

A grande Roda girou sobre si mesma. As sete rodas menores atiraram-se à corrente da vida. Como sua Mãe elas giraram ao redor, para dentro e para fora. Tudo que existe surgiu.

Diversas eram as rodas e, em unificação, uma única. No revolver da grande Roda, o fogo interno explodiu. Ele trouxe à vida a primeira roda. Ele circulou. Um milhão de fogos surgiram. A qualidade da matéria densificou-se, mas a forma ainda não existia. Os Filhos de Deus ergueram-se, esquadrinharam a profundeza da Chama, de cujo coração arrancaram a sagrada Pedra de Fogo, e prosseguiram.

Na volta seguinte, a Grande Roda lançou a segunda. Novamente a chama explodiu, levou para seu coração a Pedra e continuou sua revolução. Os Filhos de Deus novamente se ergueram e procuraram dentro da flama. “A forma não é satisfatória”, disseram eles, “removam-na do fogo”.

Mais rapidamente girou a Roda maior, o branco azulado emergiu na flama. Os Filhos de Deus novamente desceram e uma roda menor girou. Sete vezes a revolução, e sete vezes grande o calor. Mais sólida se tornou a massa informe, e mais profundamente afundou a Pedra. Para o mais interno coração do fogo desceu a Pedra sagrada. Desta vez o trabalho foi mais bem feito, e o produto mais aperfeiçoado. Na sétima revolução, a terceira roda devolveu a Pedra. Tríplice a forma, rósea a luz, e setenário o princípio eterno.

Saída da Roda maior, descendo da abóbada do céu, veio à luz a roda menor que se contava como a quarta. Os eternos Lhas olharam para baixo, e os Filhos de Deus procuraram alcançá-los. Para baixo, para o mais profundo ponto de morte, Eles atiraram a Pedra sagrada. Ergueram-se os aplausos dos Chohans. O trabalho passara um ponto. Do abismo da escuridão exterior, Eles recolheram a Pedra, agora translúcida e sem mistura, de cor rosa e azul.

O revolver da quinta roda e sua ação sobre a Pedra tornou-a ainda mais qualificada. Amarelo, o matiz da mistura, laranja, o fogo interno, até que amarelo, rosa e azul misturassem suas sutis tonalidades. As quatro rodas com a maior trabalharam assim sobre a Pedra até que todos os Filhos de Deus aclamassem e dissessem: “O trabalho está feito”.

N. T: Lhas - espíritos das esferas mais elevadas.

ESTÂNCIA IV

Na revolução quinta da grande Roda, o período determinado foi alcançado. A roda menor, que respondeu àquela quinta grande volta, atravessou o ciclo e entrou na paz.

As rodas menores apareceram e igualmente realizaram seu trabalho. A grande Roda reúne de volta as centelhas emanantes. O Cinco tratou do trabalho, os dois menores apenas trabalharam com os detalhes. A Pedra tinha reunido fogo que, com chama bruxuleante, brilhava. O revestimento exterior não correspondeu à necessidade até que a sexta roda e a sétima tivessem passado através de seus fogos.

Os Filhos de Deus emergiram de sua fonte, contemplaram o trabalho setenário, e declararam-no bom. A Pedra foi colocada sozinha. Em revolução dual moveu-se a Roda maior. O quarto Senhor dos Doze maiores tratou do trabalho do fogo setenário. “Não está apropriado”, disse Ele, “fundi vós esta Pedra dentro da roda que iniciou a revolução.”

Os senhores dos sete maiores lançaram a Pedra dentro da roda em movimento. Os senhores do quinto e do sexto maiores igualmente lançaram sua Pedra.

Dentro do fogo, na profundeza da esfera mais interna, enquanto girava através do espaço a grande Roda, carregando os sete menores, as duas se fundiram. O quarto, o quinto, o sexto combinaram-se, fundiram-se e entre mesclaram-se.

O aeon terminou, o trabalho estava feito. As estrelas permaneceram imóveis. Os eternos Unos clamaram ao céu interno: “Mostrai o trabalho. Fazei sair as Pedras”. E eis que as Pedras eram uma.

ESTÂNCIA V

O momento manvantárico, pelo qual tinham estado aguardando todas as Tríades, a hora que marcava o ponto solene de junção, chegou dentro do alcance do tempo, e eis que o trabalho foi feito.

A hora pela qual os sete grupos purushicos, cada um vibrando ao som da Palavra, procurando a adição do poder, estavam aguardando há milênios, passou num instante, e eis que o trabalho fora feito.

O Primeiro Escalão em potente aclamação considerando propícia a hora, soou a nota tripla em tríplice reverberação. O eco atingiu o objetivo. Três vezes eles a enviaram. Inquieta, a esfera de azul sentiu a vibração e, respondendo, ergueu-se e apressou-se em direção ao chamado.

O Segundo, com sábia insistência, ouvindo soar o Primeiro, sabendo que a hora igualmente chegara, imitou o som em nota quádrupla. Esta quádrupla reverberação circulou a escala das esferas. Novamente foi ela emitida. Três vezes soou a nota, repicando através dos céus. Na terceira entoação, veio a resposta ao chamado. Vibrante como uma nota afinada, o eterno Primeiro replicou. O azul respondeu ao denso e correspondeu à necessidade.

Trêmula, a esfera ouviu o terceiro tomar a nota e, fazendo-a repicar, um acorde pleno abateu-se sobre os ouvidos dos Guardiões da Chama.

Os Senhores da Chama ergueram-Se e prepararam-Se. Era a hora da decisão. Os sete Senhores das sete esferas, com a respiração suspensa, observavam o resultado. O grande Senhor da quarta esfera aguardava a aproximação.

O inferior estava preparado. O superior estava resignado. O grande Cinco esperava pelo ponto de equidistante fusão. A nota da fundação ascendeu. Profundeza respondia à profundeza. O acorde quíntuplo aguardava a resposta Daqueles Cuja hora era chegada.

Escuro tornou-se o espaço entre as esferas. Radiantes se tornaram dois globos. O triplo trinta e cinco, achando justa a distância, reluziu como um lençol de flama intermitente, e eis que o trabalho estava feito. O grande Cinco encontrou o Três e o Quatro. O ponto intermédio fora encontrado. A hora do sacrifício, o sacrifício da Chama, chegara e durante aeons havia durado. Os eternos Unos entraram no tempo. Os Guardiões começaram Sua tarefa, e eis que o trabalho prossegue.

ESTÂNCIA VI

Dentro da escura caverna o quádruplo andava às cegas em busca de expansão e mais luz. Não havia luz em cima, e tudo ao redor estava envolvido em escuridão. Negra era a escuridão que o cercava. Até o mais profundo centro do coração, pulsando sem a Luz que Aquece, insinuou- se o gélido frio da mais profunda escuridão.

Acima da caverna escura, brilhava a plena luz do dia; porém, o quádruplo não a via, nem a luz penetrava.

O fender da caverna precede a luz do dia. Grande, então, tem de ser o estilhaçar. Nenhuma ajuda é encontrada dentro da caverna, nem qualquer luz oculta. Ao redor do quádruplo jazia a abóboda de pedra; embaixo dele ameaçava-o a raiz da escuridão, da mais profunda densidade; ao lado e acima dele, só a mesma coisa é vista.

Os tríplices Guardiões conhecem e veem. O quádruplo está agora pronto; o trabalho de densidade está completado; o veículo preparado.

Soa o trombetear do despedaçamento, obscurecendo o poder da chama que se aproxima. O terremoto místico sacode a caverna; as chamas ardentes desintegram a maya, e eis que o trabalho está feito.

Desaparecem a sombra e o negrume; rasgado está o teto da caverna. A Luz da vida brilha no seu interior; o calor inspira. Os Senhores que observam veem o trabalho começar. O quádruplo torna-se o sétuplo. O cântico daqueles que flamejam ergue-se até toda a criação. O momento da realização foi alcançado.

De novo prossegue o trabalho. A criação avança em seu caminho, enquanto cresce a luz dentro da caverna.

ESTÂNCIA VII

Ergue-se a gruta de rara beleza, de cor iridescente. Brilham as paredes com azul celeste, banhadas na luz de rósea cor. A misturada tonalidade de azul irradia o todo e tudo é fundido em fulgor.

Dentro da gruta de iridescente cor, dentro da abóbada circular, ergue-se o Uno quíntuplo exigindo mais luz. Ele luta por expansão, ele esforça-se em direção ao dia. O Cinco exige o Sexto e o Sétimo maiores. A beleza circundante ainda não satisfaz a necessidade. O calor interno é suficiente apenas para alimentar a ânsia pelo FOGO.

Os Senhores da Chama observam; eles cantam em voz alta: “Chegou a hora, a hora pela qual Nós esperamos. Que a Chama se torne o FOGO e que a luz brilhe”.

O esforço da Chama dentro da gruta de cristal torna-se cada vez maior. Ecoa o grito por ajuda vindo de outras Almas Flamejantes. Vem a resposta.

O Senhor da Chama, o Ancião, o Poderoso Senhor do Fogo, o Ponto de Azul dentro do diamante oculto, o Jovem de Infinitos Aeons, auxilia no trabalho. A luz que queima internamente e o fogo exterior que aguarda - juntamente com o CETRO - encontram-se sobre a esfera de cristal, e eis que o trabalho está feito. O cristal fende-se e estremece.

Sete vezes o trabalho prossegue. Sete os esforços feitos. Sete as aplicações do Cetro, empunhado pelo Senhor da Chama. Três são os toques menores; quatro a divina assistência. Na quarta final, o trabalho está feito e a gruta toda se despedaça. A chama interna acesa espalha- se através das paredes rasgadas. Ela ergue-se até a sua Fonte. Um outro fogo se funde; um outro ponto de azul encontra seu lugar dentro do diadema logoico. 

ESTÂNCIA VIII

Os Três maiores, cada um com suas sete rodas menores, em evolução espiralada, giram dentro do eterno Agora, e movem-se como se fossem um. Os Senhores cósmicos, do Seu alto lugar, olham o passado, controlam o Agora, e meditam sobre o Dia.

Os Lhas do som eterno, o produto do tempo que foi, encimam a sétupla exposição. Dentro do Círculo-não-se passa, ressoa a Palavra do Amor.

Os sétuplos Senhores prosseguem apenas com a vibração para levar avante o trabalho. Cada um faz soar uma nota do profundo acorde logoico. Cada um ao Seu Senhor maior faz o devido registro. Na solene exalação as formas são construídas, a cor apropriadamente distribuída, e a chama interior revela-se com luz sempre crescente.

O Senhor do Azul, Que tudo reúne dentro do arco de Budi, emite Sua nota. Para Sua fonte retornam os outros seis, mesclando Suas cores diversas com Seu Primário.

Azul é adicionado ao verde e de imediato é vista a fusão. A vibração do terceiro é juntada ao um. Azul e laranja fundem-se, e em sua sábia mistura vê-se o estável esquema. Ao amarelo e ao vermelho, ao púrpura e o último é a vibração do sétimo ajustada como o Primário.

Cada um dos sete Senhores, dentro de Seus sete esquemas, justaram-se ao segundo círculo cármico, mesclaram Suas esferas migrantes e fundiram as miríades de Seus átomos.

As formas através das quais Eles trabalham, os milhões de esferas menores, a causa da separação e a maldição dos Asuras, despedaçam- se quando soa a Palavra Sagrada dentro de um ponto no tempo.

A vida logoica surge de súbito. As correntes de cor fundem-se umas nas outras. As formas são deixadas para trás, e Parabrahm ergue- se completo. O Senhor do Terceiro cósmico pronuncia uma Palavra desconhecida. A Palavra dos sétuplos menores forma parte de um acorde mais vasto.

O Agora torna-se o tempo que foi. O aeon funde-se no espaço. A Palavra de Movimento foi ouvida. A Palavra do Amor seguiu a ela. O Passado controlou a forma. O Agora evolve a vida. O dia que virá a ser faz soar a Palavra de Poder.

A forma aperfeiçoada e a vida evoluída guardam o terceiro segredo da Roda maior. É o mistério do movimento vivo. O mistério, perdido no Agora, mas conhecido pelo Senhor da Vontade Cósmica.

ESTÂNCIA IX

Os trinta mil milhões de Observadores recusaram-se a atender ao chamado. “Não entramos nas formas”, disseram eles, “até o sétimo aeon”. As duas vezes trinta mil milhões escutaram o chamado e tomaram as formas designadas.

Os rebeldes riram interiormente, e procuraram a paz praláica até o sétimo aeon. Porém, os sete grandes Senhores apelaram para os Chohans maiores, e juntamente com o eterno Lhas do terceiro céu cósmico, entraram em debate.

Foi ouvida a sentença. Os retardatários nas esferas superiores ouviram-na ecoar através do esquema. “Não até o sétimo aeon, mas no décimo-quarto sétimo é que haverá nova oportunidade. Os primeiros serão os últimos e perdido o tempo durante aeons”.

Os obedientes Filhos da Mente ligaram-se aos Filhos do Coração, e a evolução prosseguiu no seu caminho espiralado. Os Filhos do Poder permaneceram em seu lugar indicado, embora o carma cósmico forçasse um pequeno número a juntar-se aos Filhos do Coração.

No décimo-quarto sétimo aeon, os Filhos da Mente e Coração, absorvidos pela chama infinita, juntar-se-ão aos Filhos da Vontade, em manifestação manvantárica. Três vezes a roda girará.

No centro permanecem os budas de atividade, ajudados pelos senhores do amor, e seguindo o seu trabalho duplo virão os radiantes senhores do poder.

Os budas da criação vieram do passado. Os budas do amor estão reunindo-se agora. Os budas da vontade, na volta final da terceira roda maior, irromperão. O fim estará então consumado.

ESTÂNCIA X

O Quinto prosseguiu e os remanescentes do Quarto multiplicaram- se e reproduziram-se. As águas subiram. Tudo afundou e ficou submerso. O sagrado resíduo, no lugar indicado, emergiu, numa data posterior, da zona de segurança.

As águas dissiparam-se. O chão sólido emergiu em certos lugares destinados. O Quinto inundou a Terra Sagrada, e em seus quíntuplos grupos desenvolveu o Quinto inferior.

Eles passaram de etapa em etapa. Os senhores que observavam, reconhecendo as rupas formadas, deram um sinal ao Quarto que circulava e ele acelerou o caminho. Quando o Quinto menor já passara do meio do caminho e todos os quatro menores estavam povoando a terra, os Senhores do Escuro Intento ergueram-se. Disseram eles: “A força não tomará este rumo. As formas e rupas do terceiro e do quarto, dentro do correspondente Quinto, aproximam-se demais do arquétipo. O trabalho está bom demais”.

Eles construíram outras formas. Eles apelaram para o fogo cósmico. Os sete profundos buracos do inferno vomitaram as sombras animadas. O sétimo seguinte reduziu sob medida todas as formas - as brancas, as escuras, as vermelhas e as de marrom sombrio.

O período de destruição prolongou-se em ambos os lados. O trabalho foi tristemente desfigurado. Os Chohans do plano superior fitavam o trabalho em silêncio. Os Asuras e os Chaitans, os Filhos do Mal Cósmico, e os Rishis das mais escuras constelações, reuniram suas hostes inferiores, a mais escura desova do inferno. Eles escureceram todo o espaço.

Com a vinda do Um enviado pelo céu, a paz passou sobre a terra. O planeta estremeceu e vomitou fogo. Parte se ergueu. Parte caiu. A forma foi mudada. Milhões tomaram outras formas ou ascenderam para o lugar indicado de espera. Eles esperaram até que a hora do progresso soasse novamente para eles.

O primitivo Terceiro produziu os monstros, grandes feras e formas malignas. Elas rondavam furtivamente a superfície da esfera.

O Quarto aquoso produziu dentro de sua aquosa esfera, répteis e ovas de má reputação, o produto de seu carma. As águas vieram e varreram para longe os progenitores das fluídicas ovas.

O Quinto separatista construiu na esfera rupa as formas concretas de pensamento e espalharam-nas. Elas povoaram o quarto inferior, e como uma negra e maligna nuvem impediam a entrada da luz do dia. Os três superiores ficaram ocultos.

A guerra no planeta fora empreendida. Os dois lados desceram ao inferno. Depois, veio o Conquistador da forma. Ele atraiu o Fogo Sagrado e purificou os níveis rupa. O fogo destruiu as terras nos dias do Sexto menor.

Quando o Sexto apareceu, a terra estava mudada. A superfície do globo circulava através de um outro ciclo. Os homens do Quinto superior dominaram os três inferiores. O trabalho foi mudado para o plano onde se encontrava o Peregrino. O Triângulo menor dentro do ovo áurico inferior tornou-se o centro da dissonância cósmica.

ESTÂNCIA XI

A roda da vida gira dentro da roda da forma externa.

A matéria de Fohat circula, e seu fogo endurece todas as formas. A roda que não é vislumbrada move-se em rápida revolução dentro da capa exterior mais lenta, até que desgastou a forma.

Os quarenta e nove fogos ardiam no centro interior. Os trinta e cinco vórtices circulantes de fogo estendiam-se ao longo do círculo da periferia. Entre os dois passam, em sequência ordenada, as várias chamas coloridas.
Os grandes Triângulos, em sua justa organização, mantêm oculto o segredo da roda da vida. O fogo cósmico irradia dirigido a partir da segunda esfera, controlado pelo Regente do raio unificador. As coortes da terceira esfera circundante, com variadas graduações, marcam os três menores.

A roda da vida ainda se move dentro da forma. Os devas do quarto conectam os trinta e cinco, e misturam-nos com os quarenta e nove centrais. Acima, eles trabalham, procurando fundir o todo. Para cima, eles se esforçam, aqueles que em suas miríades de formas revolvem dentro das rodas de menor magnitude. O todo é um, contudo, nas esferas inferiores somente as formas aparecem. Em suas divisões elas parecem mais do que pode ser apreendido ou encontrado.

Os muitos circulam. As formas são construídas, tornam-se excessivamente firmes, são quebradas pela vida, e circulam novamente. Os poucos giram, mantendo os muitos no calor do movimento. O um abraça todos e leva-os da grande atividade para o coração da paz cósmica.

ESTÂNCIA XII

Os Abençoados unos ocultam Sua natureza tríplice, mas revelam Sua tríplice essência por meio dos três grupos de átomos. Três são os átomos e tríplice a irradiação.

O núcleo interior do Fogo esconde-se e somente é conhecido através da radiação e daquilo que ele irradia. Somente depois que a labareda se extingue e o calor não mais é sentido é que o fogo pode ser conhecido.

ESTÂNCIA XIII

Através da faixa de violeta que circunda os Céus passa o globo de púrpura escura. Ele passa e não retorna. Ele fica extasiado no azul. Três vezes o azul o envolve, e quando o ciclo é completado o púrpura perde a cor e torna-se rosa, e o caminho é novamente atravessado.

Três as grandes cores no ciclo que contam como a quarta, violeta, azul e rosa, com o púrpura básico em revolução.

Quatro são as cores secundárias no ciclo de discriminação no qual a revolução tem lugar. Ela é circulada até o ponto mais central e algo passou. Amarela a faixa que vem, laranja a nuvem que esconde, e verde para a vivificação. Contudo, o tempo não é ainda chegado.

Muitos os fogos circulantes; muitas as rondas que giram, mas somente quando as cores complementares reconhecem sua fonte, e o todo se ajustar aos sete será a conclusão vista. Então será vista cada cor em correto ajustamento, e o cessar da revolução.


Notas:
1 D.S., I, 42,44
2 Ancient of Days. Daniel VII, pp. 13, 22.

3 “Todos nós adquirimos o hábito de ver o universo como um vasto grupo de corpos isolados com muito pouca conexão uns com os outros, enquanto o fato é que o universo é uno em sua essência e muitos em suas manifestações, descendendo de uma homogeneidade nn plano mais alto para uma heterogeneidade cada vez mais acentuada à medida que atinge os planos mais baixos.”- Alguns Pensamentos sobre o Gita, p. 54.

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