A Exteriorização da Hierarquia
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A CRISE MUNDIAL
Setembro de 1939
A humanidade está atravessando uma crise aguda, e seu carma ou destino está pesando muito. Por estar tão próxima dos acontecimentos, não é fácil para a humanidade vê-los em sua real perspectiva, e é para que possam ver com maior clareza que lhes escrevo hoje. Uma visão mais ampla e um horizonte mais extenso podem ajudá-los a compreender, e, sem dúvida, será útil para vocês uma ajuda que lhes permita ver a situação tal como se apresenta a nós, os instrutores do lado interno, e tal como existe em relação com seu contexto.
Há dois pontos destacados e importantes que atualmente estão presentes na consciência da Hierarquia quando observa a humanidade que trava a estupenda luta atual. O primeiro ponto é que a humanidade hoje tem consciência, em grande escala, de que o que acontece é resultado de seus próprios atos e de seus próprios erros. Ou os homens se sentem responsáveis pelo que está acontecendo, ou jogam a responsabilidade aberta e deliberadamente nas costas de outros. O Tratado de Versalhes é apenas o símbolo e o ponto focal prático destes erros, intermináveis e de longa data.
O segundo é que, apesar da guerra, da separação, da crueldade, das paixões e do egoísmo desenfreados, existe hoje mais compreensão real, mais boa vontade e mais expressão de amor do que em qualquer momento anterior da história da raça. Digo isto com deliberação e porque tenho à minha disposição o conhecimento hierárquico. Portanto, não se deixem enganar pelo clamor externo da guerra. Sustento que os corações dos homens de todas as partes são compassivos, tanto para si como para todos os homens; o imenso alcance e a vasta extensão do conflito indicam uma unidade interna e uma inter-relação subjetiva, das quais todos são relativamente conscientes, e que o próprio conflito não anula. Estas palavras são duras? Procuro lhes indicar a verdade fundamental, mas é preciso que vocês reflitam sobre o que digo e com a mente aberta. A tarefa dos aspirantes e de todos os homens de boa vontade de todas as partes é cuidar para que este prolongado sofrimento não mine as atitudes justas e essenciais do presente, e que o caos e os clamores não impeçam a resposta à voz da alma, a qual tem falado com crescente clareza nos últimos quatorze anos. O estímulo estabelecido e a luz que se permitiu infiltrar depois do último conselho hierárquico de 1925 foram reais e eficazes. Essa reunião dos Mestres de Sabedoria nos planos espirituais produziu três resultados ou acontecimentos, que estamos vivenciando hoje.
O primeiro foi uma nova afluência do princípio crístico de amor verdadeiro ou espiritual, que é sempre isento de emotividade e de intenção egoísta. Esta afluência resultou no imediato e rápido desenvolvimento de todos os movimentos pela paz, pelo concerto mundial, pela boa vontade, pelos esforços filantrópicos e pelo despertar das massas para as questões ligadas à fraternidade.
O segundo foi o estímulo do princípio de relações, o que levou ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de todas as fontes de intercomunicação, tais como a imprensa, o rádio e as viagens. O objetivo interno de tudo isto foi aproximar os seres humanos no plano externo da existência, a fim de equiparar objetivamente com o desenvolvimento da unidade espiritual interna.
O terceiro foi a afluência da força de vontade ou poder, proveniente de Shamballa. Esta, como já expliquei antes, é hoje a força mais poderosa do mundo e só duas vezes antes na história da espécie humana esta energia de Shamballa apareceu e fez sentir sua presença por meio das mudanças consideráveis que implementou. Recapitulemos brevemente.
A primeira se passou durante a grande crise humana que ocorreu no momento da individualização dos homens na antiga Lemúria.
A segunda vez foi por ocasião da luta entre os "Senhores da Luz e os Senhores da Expressão Material” nos dias atlantes.
Esta energia divina pouco conhecida está fluindo agora de Shamballa. Ela encarna em si mesma a energia que se encontra por trás da crise mundial atual. É Vontade de Deus produzir certas mudanças raciais na consciência da raça, mudanças muito significativas que modificarão completamente a atitude do homem em relação à vida, assim como o que compreende dos fatores espirituais, esotéricos e subjetivos fundamentais da vida. É esta força que produzirá (em conjunto com a energia do amor) aquela enorme crise - iminente na consciência humana - que chamamos de segunda crise, a iniciação da raça no Mistério das Eras, para aquilo que esteve oculto desde o início.
Seria relevante considerarmos os três grandes centros planetários e suas relações de maneira esquematizada, para assim termos em mente uma ideia geral mais clara.
I. Shamballa A Cidade Santa Aspecto Vida Regente:Sanat Kumara, o Senhor do Mundo, O Ancião dos Dias, Melquisedec |
Vontade ou Poder Propósito, Plano |
Centro planetário da cabeça Glândula pineal espiritual |
II. A Hierarquia A Nova Jerusalém Consciência de grupo Regente: O Cristo, o Salvador Mundial |
Amor-Sabedoria Unidade |
Centro planetário do coração Unificação |
III. Humanidade A Cidade quadrangular Autoconsciência Regente: Lúcifer, o Filho da Manhã, o Filho Pródigo |
Inteligência Ativa Criatividade |
Centro planetário da garganta |
Esta energia de Shamballa está agora pela primeira vez exercendo impacto sobre a humanidade de maneira direta e sem amortecer, como acontecia até agora, sendo transmitida via a Hierarquia de Mestres. Esta mudança de direção foi um experimento um tanto perigoso, pois estimulou inevitavelmente as personalidades dos homens, em especial aqueles cujas personalidades se encontravam na linha de vontade ou poder, e naqueles em que o aspecto amor da divindade não se expressava suficientemente. Entretanto, esta mudança foi autorizada porque se compreendeu que não afetaria o homem comum, as massas que não responderiam a ela, embora pudesse estimular e intensificar grandemente o tipo de homem mais mental e potente.
Os efeitos deste estímulo generalizado corresponderam ao que se esperava, e os pretensos "maus resultados” da força de Shamballa sobre as personalidades ambiciosas e poderosas de todos os países e em todas as escolas de pensamento foram em parte compensados pela intensificação do senso de relações em todas as partes e pela difusão da energia do Cristo, que gera unificação, compreensão amorosa e boa vontade.
Nesta altura poderiam perguntar, com razão, como pode ser assim, neste momento em que a humanidade está oprimida por uma terrível guerra mundial. Lembro a vocês que a Hierarquia é guiada, em suas conclusões, pela luz das massas e pelas reações subjetivas internas, muitas vezes não expressas, das multidões e nunca pelos acontecimentos externos no plano físico. O destino da vida da forma e das organizações externas é considerado de pouca importância se comparados com o desenvolvimento espiritual interno que é percebido. Este desenvolvimento deve necessariamente exceder as manifestações externas. A humanidade está mais avançada hoje, espiritual e mentalmente, do que pode parecer segundo os acontecimentos externos. O primeiro resultado deste desenvolvimento é, em algum momento, a destruição da forma externa, pois ela se mostra inadequada às pulsações da vida interna, espiritual; depois, em segundo lugar, vem a construção da expressão externa, nova e mais adequada. Isto explica a crise mundial atual. A causa baseia-se em quatro fatores principais, sobre os quais gostaria de me estender:
1. A etapa alcançada na evolução racial, que justifica hoje a construção de um veículo melhor para a expressão humana e racial.
2. As causas cármicas que - no que diz respeito à humanidade atual - podem ser atribuídas a um antigo conflito na antiga Atlântida.
3. A vinda à encarnação de certas personalidades poderosas, cujo dharma, ou destino, é impulsionar grandes mudanças evolutivas.
4. Certos eventos planetários relacionados com a vida "d’Aquele em Quem vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”. Estes eventos envolvem o impacto de Forças e Energias sobre o nosso planeta que serão instrumentais na modificação da civilização e da cultura existentes, que levarão a necessidade cármica ao ponto culminante, e assim arquitetarão a liberação, oferecendo à humanidade a etapa da experiência do discípulo, chamada de "o encontro do Morador do Umbral com o Anjo da Presença”, induzindo, como consequência, certa iniciação planetária.
Essas quatro etapas da Lei de Causa e Efeito (tal como afeta atualmente a humanidade) poderiam ser assim denominadas:
1. O aperfeiçoamento da expressão da forma - Lei da Evolução.
2. A precipitação do carma Lei de - Causa e Efeito.
3. A conquista da personalidade (O Morador no Umbral) - Lei dos Opostos Polares
4. O cumprimento da iniciação planetária - Lei da Iniciação.
Neste ponto é possível que pensem que estou sendo acadêmico e que, neste período de tensão mundial, o amor, a simpatia e as palavras amáveis sejam muito mais necessários do que a erudita retrospectiva histórica e a projeção de hipóteses. Procuro, porém, fomentar em vocês o espírito de compreensão. Esta verdadeira compreensão necessita do conhecimento da cabeça, tanto como da reação do coração. Os discípulos do mundo de hoje devem se esforçar para captar a razão e a finalidade da ocorrência dos terríveis acontecimentos atuais. É preciso expor e afirmar claramente as causas - sem qualquer inclinação emocional e sem insistência partidária. O que está acontecendo atualmente não é resultado de eventos de um passado recente. Quando digo "recentes”, refiro-me ao que aconteceu durante a era cristã. Gostaria que se esforçassem para considerar a crise atual como sendo causada ou iniciada por fatos de origem tão antiga, que os historiadores modernos conservadores não têm o menor indício deles.
Apenas dois pontos de vista servirão realmente para esclarecer o que está acontecendo neste momento.
Primeiro, o reconhecimento de que a história moderna acadêmica é apenas uma página entre os vastos arquivos históricos, e que os acontecimentos que os originaram, que estamos investigando e que estão se expressando na vida planetária desta época pertencem a uma era tão distante, que nenhum historiador moderno os reconhece. As informações sobre este período antigo devem ser procuradas nos inúmeros textos sagrados mundiais, nos monumentos antigos, na ciência dos símbolos, nos mitos das raças e nas lendas herdadas e transmitidas.
Segundo, pelo estudo do microcosmo o homem descobrirá que contém, como sempre, a chave para o estudo dos assuntos humanos em seu conjunto. Assim como os aspirantes e discípulos têm que passar por provas e experiências na hora atual, submetendo-se aos efeitos de inexplicáveis conflitos e mudanças drásticas em suas vidas, o mesmo é válido para o aspirante mundial, a Humanidade.
A essas duas razões poderíamos agregar, talvez, aquilo que terá significação e sentido para os esoteristas e para aqueles que, de alguma maneira, captaram o ensinamento que procurei transmitir em meus livros sobre os três centros mundiais - a Humanidade, a Hierarquia e Shamballa. Esta crise mundial está relacionada à aproximação, ou à relação, da Hierarquia com a Humanidade. Esse grande centro de força espiritual que é o reino humano, alcançou agora um ponto de tal potência e de atividade vibratória tão elevada que sacudiu até suas próprias profundezas; todos os seus graus e grupos evolutivos estão respondendo ao estímulo gerado no próprio centro e estão também sendo estimulados por Forças que emanam do centro hierárquico e de Shamballa.
Isto precipita uma crise que não tem paralelo na história da humanidade, mas que encontra um fraco reflexo na crise que sobreveio no reino animal e ocasionou a formação de um novo reino da natureza - o reino humano. Como já disse, se a crise mundial atual for encarada e controlada corretamente, propiciará a manifestação do quinto reino, o espiritual, na Terra. Isto, como bem sabem, será efetuado pela unificação dos dois centros - o centro humano e a Hierarquia. Uma das principais sínteses planetárias está ocorrendo, ou talvez deveria dizer, pode ocorrer (estou formulando isso com cuidado e chamaria sua atenção para minha redação).
Pode servir a um propósito útil ampliar um pouco as quatro etapas das causas iniciais mencionadas acima. Assim fazendo, posso lhes dar uma ideia do propósito subjacente a todos os acontecimentos presentes e certa compreensão das condições predisponentes e que repousam lá atrás, na noite dos tempos. Se puder fazê-lo de forma adequada, e se puderem ler e estudar com entendimento e mente aberta, parte da sua confusão poderá desaparecer. Poderão então ajudar outras pessoas a atravessar esta crise com calma e a manter uma atitude de paciência, boa vontade, equilíbrio e compaixão. Portanto, consideremos estes quatro pontos e, assim fazendo, deveremos cobrir a questão suficientemente - creio - para trazer pelo menos um pouco de luz para vocês. Em seguida procurarei explicar o significado da Grande Invocação e lhes dar uma ideia da natureza das Forças invocadas e do sentido esotérico que estas palavras (que usam com tanta frequência) se destinam a transmitir.
A Causa da Crise Atual
É bem sabido que a grande Lei do Renascimento é a principal lei que controla todos os processos da manifestação. Ela rege a expressão exotérica de um Logos solar como de um ser humano, e a finalidade deste processo, que se reproduz constantemente, é proporcionar uma forma cada vez mais perfeita para o serviço em expansão da alma. Pela primeira vez, desde seu início, a família humana está em posição de observar por si mesma os processos do renascimento de uma civilização como expressão da cultura espiritual em uma etapa determinada de sua evolução. Daí a magnitude desta crise, à medida que penetra na consciência humana. Muitas crises menos importantes aconteceram, provocando experiências especificamente tribais, nacionais e raciais no campo da renovação da forma; foram registradas por um ou outro grupo em uma nação ou pela própria nação (se suficientemente avançada). Um registro nacional se produziu pela primeira vez na Revolução Francesa. Esses registros dos desígnios da evolução ocorreram com crescente clareza e compreensão ao longo dos duzentos últimos anos. Essas crises aconteceram em praticamente todas as nações na época moderna, foram reconhecidas de certa maneira e foram alvo de desenvolvimentos por parte dos historiadores e de especulações por parte dos filósofos. A crise hoje, porém, é muito mais vasta, já que abarca a maioria das nações nos dois hemisférios. Neste momento, nenhuma nação deixa de estar afetada e os resultados são e devem ser registrados em algum aspecto da vida nacional.
Devido à efetiva inter-relação entre as nações de todas as partes e à rapidez das comunicações, a crise atual é a primeira e maior crise internacional dos assuntos humanos e cobre um período de vinte e oito anos (de 1914 a 1942). Números interessantes, porque 28 corresponde a 4 x 7, duração de um ciclo completo da personalidade. Não desejo que deduzam pelo dito acima que o período de combates e conflito ativos devam necessariamente se prolongar até 1942. Não é esse o caso. O rápido fim do conflito ou seu prolongamento indefinido está nas mãos da própria humanidade. Cada vez mais os homens devem determinar seu próprio destino, ao passar da etapa da adolescência para a maturidade, responsabilidade e realização. Este período de vinte e oito anos é, porém, de suma importância, e muito depende dos próximos três anos.
Novamente digo a vocês que mesmo a própria Hierarquia, com todo seu conhecimento, visão e compreensão, e com todos seus recursos, não pode exercer coerção nem pode prever o que fará a humanidade. Ela pode estimular, e estimula, na direção da ação correta; pode indicar, e indica, possibilidades e responsabilidades; pode enviar, e envia, seus instrutores e discípulos para instruir e guiar a raça; mas em nenhum ponto e em nenhuma situação dá ordens nem assume o controle. Pode extrair, e extrai, o bem do mal, iluminando situações e indicando a solução de um dado problema, mas a Hierarquia não pode ir além disto. Se assumisse controle autoritário, uma raça de autômatos se desenvolveria e não uma raça de homens responsáveis, autodirigidos e com aspirações. Certamente isto deve ser evidente para vocês e pode servir para responder a principal pergunta que paira nas mentes dos desatentos estudantes ocultistas de hoje: Por que a Hierarquia não impediu esta catástrofe? Indubitavelmente os Mestres de Sabedoria com Seu conhecimento e domínio de forças poderiam ter interferido, mas assim fazendo teriam quebrado uma lei oculta e prejudicado o verdadeiro desenvolvimento da humanidade. Isto nunca fariam. A qualquer preço, o homem deve aprender a se sustentar e agir sozinho. Tendo feito tudo que lhes era permitido, Eles agora permanecem ao lado da humanidade sofredora e desnorteada e - com a mais profunda compaixão e amor - ajudarão os homens a corrigir os erros que iniciaram, a aprender as lições necessárias e a superar esta crise (que eles próprios precipitaram), enriquecidos e purificados pelos fogos da adversidade. Não temos aqui palavras triviais, mas verdades eternas.
Esta crise mundial, com todo seu horror e sofrimento é - em última análise - resultado de processos evolutivos bem-sucedidos. Estamos prontos a reconhecer que quando o ciclo da vida de um homem foi percorrido e ele aprendeu as lições que a experiência de determinada vida específica tencionava lhe ensinar, seu corpo físico e os aspectos internos da forma (que compõem o somatório da expressão de sua personalidade), começarão a se deteriorar; os agentes destruidores dentro da própria forma entrarão em atividade e, oportunamente, ocorrerá a morte, resultando na liberação da vida que mora internamente, para que uma forma nova e melhor possa ser construída. Aceitamos isto forçosamente, de maneira cega ou inteligente, considerando-o como um processo natural e irremissível, mas normal e inevitável. No entanto, tendemos a esquecer que o que é válido para o indivíduo é também para a humanidade. Ciclos de civilização como esse, que chamamos de nossa civilização moderna são análogos a uma encarnação humana específica e individual, com seu início, progresso e crescimento, sua maturidade útil e a deterioração que se segue até a subsequente morte ou desaparecimento da forma.
As formas são sempre vulneráveis ao ataque. As duas proteções são uma forte vida subjetiva e o desapego espiritual. Quando a forma é mais poderosa que a vida, o perigo é iminente; quando há apego ao aspecto ou à organização material, perdem-se os valores espirituais.
Estamos assistindo hoje à morte de uma civilização ou ciclo de encarnação da humanidade. Em todos os campos da expressão humana, a cristalização e a deterioração, se instalaram. Os dogmas religiosos desgastados e o domínio da teologia e das igrejas ortodoxas já não bastam para manter submissa a potente e interna vida espiritual; a humanidade é profundamente espiritual, dotada de um senso religioso inato, mas necessita agora de uma nova forma com a qual revestir as antigas verdades. As antigas escolas políticas foram consideradas inadequadas e as novas ideologias testemunham o vigor da vida que está procurando uma expressão mais adequada; os sistemas educacionais, tendo servido ao seu propósito, estão sendo rapidamente reconhecidos como inadequados para atender as exigências crescentes da vida da raça humana; por todas as partes há um clamor por mudanças e por formas novas que permitam uma expressão espiritual melhor e mais livre na vida religiosa, política, educativa e econômica da raça. Esta mudança está chegando rapidamente e alguns a veem como a morte - terrível e a evitar se for possível. Com efeito, é a morte, mas uma morte benéfica e necessária. É esta percepção do desaparecimento de uma civilização que dá origem ao grito recorrente e funesto: "É a morte da civilização, e isto não deve acontecer”. "É o fim do sistema, e o sistema antigo deve ser salvo”, "É a destruição dos antigos e apreciados valores, e isto não deve ser permitido”.
Com efeito, é verdade que a humanidade está promovendo esta necessária mudança por meios que são inutilmente cruéis e dolorosos, tal como os seres humanos, por seus pensamentos errados, hábitos de vida física insensatos e atitudes emocionais indesejáveis, precipitam o colapso físico final e, afinal, a morte. No entanto, para o progresso da alma do indivíduo e da alma da humanidade, a morte é inevitável, boa e necessária; é também uma prática com a qual estamos todos familiarizados por nossa própria experiência e por observá-la nos demais. Temos que lembrar, porém, que a pior morte de todas (no que diz respeito à humanidade) seria se uma forma de civilização, ou um corpo, se tornasse estático e eterno, se aquela organização do passado jamais se alterasse e se os antigos valores não se transmutassem em valores mais elevados e melhores; seria um verdadeiro desastre!
Mantenhamos também em mente que as forças da destruição ou morte são duplas: primeiro, há a vida que emerge e se desenvolve rapidamente, exigindo mais espaço para se expressar e ter uma experiência mais completa, e com sua aspiração espiritual para a mudança e o progresso; segundo, há as forças reacionárias e as atitudes conservadoras, que aderem ao que é conhecido e familiar e que detestam o novo, desconhecido e não experimentado. Ambas produzem a grande transição divina do passado para o futuro e do velho para o novo, da experiência à frutificação, e depois, novamente, à experiência. As realidades são eternas e imperecíveis; as formas, efêmeras e temporárias; a alma é persistente e imortal; a forma, mutável, está condenada a morrer. Os processos da evolução demonstraram ter êxito no passado, e terão no futuro para levar as formas ao nascimento, à maturidade e à morte.
Mas, (e temos aqui um ponto interessante e significativo) pela primeira vez a humanidade está consciente do processo. Pela primeira vez decidiu inteligentemente observar o que está acontecendo e relacioná-lo com a experiência e o ambiente. Isto em si já indica uma etapa de verdadeiro desenvolvimento, muito desejável. O raciocínio, a análise e a apresentação de diferentes pontos de vista estão se processando em todos os países, em grande escala, com variados resultados, segundo as diferenças de temperamento, de tradição, de desenvolvimento e de instrução.
Esta etapa de morte e nascimento (pois os dois são simultâneos) pode ser facilmente compreendida pelo esoterista à medida que estuda a guerra mundial em seus dois períodos característicos: 1914 a 1918 e 1939 a 1942. A primeira etapa (se pudessem ver a situação tal como realmente é) foi muito claramente a etapa da morte; a segunda etapa, na qual nos encontramos, é integralmente a etapa do nascimento, das dores do parto da nova estrutura e da nova civilização, pelas quais a humanidade poderá expressar seu modo de vida. A mãe morre para que o filho possa viver; a forma é sacrificada à vida. Hoje, porém, o aspecto forma, a Mãe, o aspecto matéria, está morrendo conscientemente, e tão conscientemente também o filho, a civilização em sua infância, está vindo à existência. Eis o que é novo, e nele estamos todos participando. É a morte da personalidade da humanidade e a chegada da alma.
Uma morte assim é sempre um processo doloroso. A dor foi sempre um agente de purificação, empregado pelos Senhores do Destino para gerar a liberação. A dor acumulada da guerra atual e a herdada do estágio anterior (iniciado em 1914) está provocando uma consciência mundial salutar e em mudança. O Senhor da Dor desceu do Seu trono e está percorrendo hoje os caminhos da Terra, trazendo angústia, agonia e terror àqueles que não são capazes de interpretar Seus fins, mas também trazendo um estímulo novo ao instinto da autopreservação que - em seu aspecto superior - é o instinto para a imortalidade; isto tende a enfocar a atenção da humanidade no aspecto vida, e não na forma. Os nomes dos Senhores do Carma significam, simbolicamente e do ângulo de seu significado interno, Relação, Iluminação, Dor e Retorno. Reflitam sobre isto. Todos Eles estão particularmente ativos neste momento, e a esperança da humanidade repousa em sua atividade.
Antigos Acontecimentos Cármicos
Não tenho a intenção de explicar ou elaborar o tema do carma. Este tema oculto e, no entanto, fundamentalmente exotérico, a Lei de Causa e Efeito, evoca algo que é reconhecido por todos quando é assim mencionado. Quando nos referimos à Lei do Carma, ela é imediatamente considerada como misteriosa, oriental e nova. Se a chamamos de Lei de Retribuição (como acontece às vezes), toda uma conotação errada lhe é atribuída. Hoje, o carma da humanidade desce sobre ela. Lembraria a vocês, porém, que a contínua ênfase sobre os aspectos perversos do carma produz uma impressão equivocada e impede que se capte plenamente a verdade. Há carma bom e mau; mesmo na situação mundial atual, o bom carma que emana da alma da humanidade equilibra o mau que provém do aspecto material, e que é enfatizado demais. É o ritmo da matéria em oposição ao ritmo da alma, é o que constitui as causas iniciais do conflito atual, tanto na vida dos indivíduos como na situação mundial geral. Quando isto for entendido corretamente, a verdadeira imagem poderá aparecer em seus corações e mentes com maior clareza.
No esforço de tornar a imagem bem clara, terei que passar por cima de muitos detalhes essenciais, e me verei também forçado a adotar a sempre discutível posição de fazer enunciados que não podem ser comprovados e para os quais o único argumento válido (para o pensador comum) está em uma dedução feita a partir dos efeitos produzidos pelas causas que não aparecem para quem não tem formação ocultista. No futuro, o homem desenvolverá a atitude mental que consiste em considerar as causas como mais importantes que os efeitos; aprenderá então a atentar cuidadosamente para os primeiros passos ao iniciar qualquer linha de ação, refletindo e deduzindo os efeitos prováveis, antes de se dedicar a qualquer ato específico. Somente pela dor, pelo erro e pelo preço a pagar em consequência, esta etapa salutar será alcançada.
Hoje, tudo que está acontecendo se deve em primeiro lugar à dualidade essencial do homem; em segundo lugar, a certas linhas importantes de separação, provocadas por esta dualidade essencial em uma etapa anterior da história humana; e, em terceiro lugar, à crescente tendência para a síntese que a afluência da força de Shamballa está produzindo atualmente. É esta a explicação mais simples que posso dar sobre este complexo problema. Com amplas generalidades, vou cobrir o passado, indicar quais são os efeitos que estamos experimentando no presente, e prever o futuro.
A vinda à encarnação do ser humano espiritualmente autoconsciente é a causa determinante do conflito atual. Se os filhos de Deus não tivessem "vindo para as filhas dos homens” (segundo os termos bíblicos e simbólicos de expressar a grande relação entre o espírito e a matéria, estabelecida no reino humano), se as entidades espirituais que são a própria humanidade não tivessem tomado formas materiais, e se o elemento espiritual positivo não tivesse se atado ao aspecto material negativo, o conflito mundial atual não teria acontecido. Mas o Plano divino da evolução fundamentava-se na realização desta relação entre o homem espiritualmente consciente e o aspecto forma, e assim entrou em atividade a grande Lei da Dualidade, dando lugar à "queda dos anjos”, que desceram do seu estado de existência livre e sem pecado a fim de desenvolver na Terra uma consciência divina plena por intermédio da encarnação material e do emprego do princípio mente. Foi este o Plano divino que emanou da Mente de Deus e foi posto em atividade e em desenvolvimento progressivo por um ato de Sua Vontade. No início ocorreu a "guerra nos céus” original, quando os filhos de Deus, que responderam ao desejo divino de experiência, serviço e sacrifício, se separaram dos filhos de Deus que não responderam a essa inspiração, preferindo permanecer em seu estado de ser original e elevado. O próprio Cristo deu testemunho desta verdade no relato do Filho Pródigo e sua relação com seu irmão mais velho que não havia deixado a casa do pai. Segundo esta parábola, fica óbvio onde estava a aprovação do Pai, não é? Um cuidadoso estudo desta história e uma compreensão intuitiva de suas implicações podem evocar algum dia uma resposta ao "pecado da experiência”, como foi chamado, e levar a uma compreensão das duas leis principais que regem o processo: a Lei da Evolução e a Lei do Renascimento. Aqui está a suprema causa que se encontra na origem do que está acontecendo em nossos dias.
A segunda causa derivou lentamente da primeira. A matéria e o espírito, enfocados na família humana e expressando suas qualidades básicas e sua natureza essencial, estavam perpetuamente em conflito. Nas primeiras etapas e durante o longo ciclo lemuriano, a infante humanidade evoluiu regularmente, mas, embora as linhas de separações estivessem presentes, não foram reconhecidas. A chispa latente da mente só serviu para levar uma relativa iluminação aos cinco sentidos e sua aplicação puramente física. A vida física era intensa, e a vida de dedução, de auto-registro, era praticamente nula. Nesse tempo a vida da humanidade estava centrada no corpo físico, fortificando e estimulando assim a natureza animal e desenvolvendo o organismo físico e os diversos órgãos internos pelo desenvolvimento dos cinco sentidos. O homem se tornou primordialmente um animal egoísta e combativo, mas às vezes tinha vagas tendências para algo tenuemente pressentido como melhor, e momentos de desejos elevados que não eram a aspiração nem o impulso para o progresso como conhecemos, mas apenas suas formas embrionárias.
Ao homem moderno não é possível visualizar nem compreender tal estado de consciência, pois o deixou muito atrás dele. O foco desta força vital estava também na região das glândulas suprarrenais, produzindo a coragem animal e a resistência ao choque. Porém, a dualidade da natureza essencial do homem estava sempre presente, as linhas de separação aparecendo gradualmente; lenta, embora regularmente, as almas precursoras (uma minoria muito reduzida) trasladaram de forma gradual sua consciência, elevando-a até o plexo solar, causando o reconhecimento do fator desejo pelo que era material, e também a capacidade de reagir emocionalmente. Até então, nos tempos lemurianos, o desejo e o instinto eram idênticos. Reflitam sobre isto, pois é interessante, e diz respeito a um estado de consciência do qual o homem moderno praticamente nada sabe. Porém, na época atlante, as linhas de demarcação entre o que constituía a vida puramente física e o que - embora ainda material - podia ser a meta alcançada pelo esforço, começaram a dominar a natureza puramente animal; o homem começou assim a ser aquisitivo e a se cercar do que desejava. As linhas de separação entre o animal instintivo e o homem aquisitivo começaram então a se definir com mais clareza.
Entre estes precursores se desenvolveu gradualmente o elemento mental, assim como o elemento intuicional está se desenvolvendo hoje entre os tipos mentais; os homens começaram a adquirir alguma forma de percepção mental e a consagrar o pouco de mente que tinham no processo de aumentar as suas posses materiais. Iniciou-se a etapa da civilização (que basicamente é o reconhecimento da relação grupal). Um período de vida urbana substituiu aquela puramente nômade e agrícola. Os homens começaram a se reunir, a fim de garantir mais proteção e conforto material, e tiveram início os processos rítmicos de concentração e de extensão mundial. Estes ciclos são semelhantes à inspiração e expiração do organismo físico do homem. Algum dia serão estudados estes fatores básicos e dominantes da existência humana que são a dispersão ou descentralização e a vida comunitária, ou a expressão do instinto de rebanho, em uma volta superior ou inferior da espiral da existência. Os últimos cem anos viram o surgimento de um grave problema na atual tendência da humanidade de se reunir em grandes cidades e se aglomerar em vastos rebanhos, deixando o campo despovoado e criando sérios problemas de sustento, saúde e delinquência. Atualmente este ritmo está mudando diante dos nossos olhos e este sério problema está em vias de resolução: as cidades estão sendo evacuadas e - à medida que os homens e mulheres são impelidos para o campo por alguma razão - os Senhores da evolução estão impondo a ruptura do ritmo da concentração, substituindo-o pelo ritmo da dispersão. Isto contribuirá grandemente para o bem da raça e facilitará o desenvolvimento da síntese subjetiva, que enriquecerá notavelmente à humanidade e dará novos valores à vida.
As linhas de separação entre a natureza animal instintiva e alguma forma de desejo (aspiração embrionária) aumentaram regularmente durante a época atlante, e esta primitiva civilização começou a manifestar sua própria nota e a estabelecer novas normas de bem-estar material e dominação egoísta, cada vez em maior escala, à medida que a existência urbana se desenvolvia. Talvez seja difícil visualizar o mundo tão densamente habitado naquele tempo como hoje, mas era assim. Como a natureza animal era dominante, a tendência era ter relações sexuais e criar grandes famílias, assim como acontece hoje entre as camadas inferiores das nossas áreas civilizadas, pois os camponeses e os moradores das favelas produzem mais filhos que os intelectuais. Naqueles dias distantes, as únicas pessoas que tinham certa medida de inteligência eram os discípulos e iniciados; eles guiavam e protegiam a humanidade infantil, em grande medida como fazem os pais modernos em relação aos seus filhos e como o Estado assume a responsabilidade pelo bem-estar social da nação. Naquele tempo a Hierarquia estava presente na Terra como reis sacerdotes que atuavam como pontos focais de energia atrativa, atraindo para si aqueles nos quais os valores mais intangíveis assumiam lentamente um vago controle, definindo assim com mais clareza as linhas de separação entre o materialismo e a espiritualidade.
Cabe lembrar que a espiritualidade de então era de uma qualidade muito diferente do que hoje se conhece por esse nome. Era uma espécie de aspiração para um futuro pressentido, para uma beleza que gratificasse e para uma realização emocional. Nesta atitude não havia pensamento - tal como o conhecemos - apenas uma tendência para o inalcançável, mas pressentido, e o que era desejável. A Hierarquia fomentou isto nos povos, doando-lhes diversas invenções e usando as massas instintivas para construir grandes e belas cidades e estupendas estruturas, cujas ruínas subsistem ainda hoje. Isso se fez sob a competente direção dos iniciados e adeptos, que empregaram os conhecimentos que possuíam sobre a natureza da matéria e da energia para produzir o que o homem tenta descobrir e tornar possível. Aquilo que os processos modernos da civilização possibilita já era conhecido na antiga Atlântida, como também muitas outras coisas que ultrapassam o que hoje chamamos de descobertas científicas; nada disso foi desenvolvido pelos próprios homens, mas dado a eles como presente, tal como hoje as pessoas dão lindos e maravilhosos objetos às crianças, que elas usam com alegria, embora sem compreendê-las. Em todas as partes havia grandes e belas cidades cheias de templos e grandes edifícios (dos quais as ruínas dos caldeus e babilônios são vestígios deteriorados e o arranha-céu moderno é filho). Os reis sacerdotes possuíam a maioria dos nossos conhecimentos científicos modernos que eram, aos olhos das massas, uma forma de magia maravilhosa. Existiam o saneamento, a higiene, os meios de transporte e os aviões, e eram de tipo muito elevado; não era uma realização do homem, mas dons da Hierarquia, desenvolvidos ou construídos sob uma sábia direção. Havia o controle do ar e da água, pois os guias da raça sabiam como controlar e dirigir as forças da natureza e os elementos, mas nada disso era resultado da compreensão, do conhecimento ou do esforço humano. As mentes dos homens não estavam desenvolvidas nem aptas para semelhante tarefa, da mesma forma como a mente de uma criança também não está.
A separação entre os dois grupos (um expressando as forças do materialismo e o outro a energia da luz) aumentou gradualmente, até que ao término da era atlante era tão grande, e as linhas de demarcação entre as duas escolas de vida e de pensamento tão claras, que uma crise se precipitou no mundo civilizado de então, da qual o conflito atual é precisamente um efeito. Esperemos também que seja a culminação, e que nunca volte a ocorrer. Foi então que ocorreu a grande guerra entre os Senhores da Forma e os Senhores da Vida ou entre as Forças da Matéria e a Grande Loja Branca. Um estudo cuidadoso do volume dois da Doutrina Secreta será esclarecedor, em especial das páginas 275 a 466 (da edição em inglês). Para nossa compreensão, este relato pode parecer vago e obscuro, mas na época as questões em causa eram muito claras. As Forças da Luz triunfaram porque a Hierarquia se viu obrigada a intervir poderosamente e, com a ajuda de certas grandes Vidas que não pertencem à nossa vida planetária, pôs um fim abrupto à civilização atlante, depois de um longo período de caos e desastres. O meio empregado foi uma máxima catástrofe, que varreu da face da terra centenas de milhares de seres humanos. Este acontecimento histórico foi preservado na lenda universal do grande dilúvio.
Os que sobreviveram foram salvos pela Arca de Noé, segundo os termos simbólicos da Bíblia; os textos sagrados antigos se expressam nos seguintes termos:
"Assim como a serpente dragão desenrola lentamente seu corpo, também os filhos dos homens, guiados pelos Filhos da Sabedoria, se abriram e se espalharam como uma corrente de águas doces... Muitos dos menos corajosos entre eles pereceram no caminho. Mas a maioria se salvou."
Um detido estudo do relato dado em A Doutrina Secreta revelará a falta de maturidade da humanidade de então (do ponto de vista das normas modernas) e o fato de ser ela centrada basicamente nos aspectos emocionais e físicos; mostrará também as habilidades mágicas do homem para subjugar e dominar os reinos subumanos e as forças elementais do planeta. Estes dois pontos foram pouco estudados.
No entanto, enfatizou-se, corretamente, a interferência e a intervenção divinas; isto possibilitou salvar uma minoria eticamente sadia (a palavra "espiritual” não se aplicaria ainda, exceto de forma relativa) e destruir aqueles que estavam mal orientados e, portanto, dedicados a uma vida de aspiração e percepção materiais.
O núcleo salvo formou a base da nossa atual raça raiz, a raça ária. Todo o tema do Antigo Testamento se desenvolve em torno da evolução e do crescimento deste núcleo. Os habitantes da arca, seus descendentes e a raça judia são, em termos simbólicos, a parte da humanidade que se salvou - salva pela Grande Loja Branca, apesar deles mesmos, e de grandes dificuldades.
Aqui, dois pontos merecem a atenção. O primeiro e menos importante, do ponto de vista da alma, é o desaparecimento da Terra de praticamente todos os indícios da maravilhosa civilização atlante, exceto os poucos tesouros arqueológicos que intrigam e suscitam o interesse dos modernos pesquisadores, assim como as vagas lembranças de antigas realizações científicas que levam o estudante moderno à investigação e à invenção, e o incitam a descobrir e produzir o que chamamos de triunfos da ciência moderna.
O segundo ponto é que, para o bem da humanidade, a Hierarquia se retirou para o segundo plano, deixando ao homem a tarefa de abrir caminho para fora da miragem e da ilusão do materialismo por métodos corretos e, oportunamente, eliminar as antigas separações. A guerra deve ser levada à consumação e expressão finais, para que seja descartada definitivamente como meio de se alcançar os fins desejados.
A Era Moderna
Nesta altura, gostaria de fazer uma pausa e lhes lembrar um ou dois pontos que devem ser reconhecidos à medida que abordamos esta era moderna em que ocorrem todos estes efeitos culminantes. Permitam-me apresentá-los com concisão e clareza.
As linhas de separação entre o materialismo e a espiritualidade (como agora entendemos os termos) tornaram-se cada vez mais claras. Duas coisas contribuíram para isso: Primeiro, a declaração dos Dez Mandamentos, que embora de forma negativa e de atitude dogmática, colocaram os assuntos e as atitudes desejáveis perfeitamente claras. Devido à etapa da inteligência humana universal estar relativamente baixa na época em que foram pronunciados (as datas dadas pela Bíblia não são corretas, e a data de sua formulação é muito mais antiga do que se crê), foram expressos sob a fórmula "Tu não farás..." dirigindo assim a atenção dos homens para a expressão material das tendências materiais. Em dias futuros, os Dez Mandamentos serão expressos de maneira inversa, sendo o Sermão da Montanha e as Bem-aventuranças a forma embrionária.
Segundo, a Hierarquia se retirou para que a humanidade, ao alcançar a maturidade e a idade da razão, não fosse limitada nem entravada pela coerção ou por uma proteção indevida, mas que expressasse suas características divinas maiores; destas, o livre- arbítrio e o uso discriminador da mente são as qualidades dominantes. Nos dias atlantes não existia livre-arbítrio. Hoje há uma tendência para o livre-arbítrio (observemos este termo) que chamamos de liberdade e independência, liberdade de pensamento e direito do indivíduo de determinar as decisões que controlarão ou que deveriam controlar o grupo do qual faz parte. Todos estes fatores são atributos e qualidades do livre-arbítrio, mas não o princípio divino do livre-arbítrio em si, do qual pouco sabemos. Somente os discípulos e iniciados conhecem o verdadeiro significado e implicação da liberdade de escolha e do correto emprego da vontade, e isto porque sua motivação é o bem do grupo e a necessidade da maioria.
A prova à qual a humanidade deveria ser submetida e que é hoje o fator dominante seria - dado o desenvolvimento da mente e o conhecimento adquirido - se ela consagraria esse conhecimento e as realizações científicas e mentais ao bem do grupo ou para fins egoístas, aos assuntos materiais ou aos impulsos espirituais. Este antigo conflito foi levado agora a outro campo da expressão humana, o da mente e - como a raça progrediu e as personalidades dos seres humanos alcançaram um alto nível de integração e de conquista - o conflito se tornou agudo, os problemas mais claros e os adversários se alinharam tão completamente em dois grupos bem definidos que a luta final se tornou possível.
A apreciação inteligente da situação e a capacidade de apresentar à mente as condições subjacentes foram agora alcançadas pela maioria dos homens inteligentes do planeta. Embora seu ponto de vista esteja necessariamente matizado pelas tradições nacionais, pelas ideias e políticas herdadas, como também pela influência e os preconceitos do ambiente, a raça avançou bastante para sua emancipação final. Há, portanto, certa medida de livre-arbítrio, o que é um fator inteiramente novo e um desenvolvimento muito satisfatório. Gostaria de lembrar a vocês um ponto dos mais importantes: as massas, a classe média, a burguesia e o proletariado (emprego estas palavras em seu sentido geral e simplesmente devido à sua significação e alcance), continuam sendo vítimas da autoridade, do controle; elas não pensam e permanecem relativamente infantis. Isto significa que o verdadeiro conflito se dá entre uma pequena minoria, para a qual as questões são de uma clareza luminosa e que se alinhou de um lado ou de outro das forças em luta. Um pequeno número de homens, os descendentes diretos, ou melhor, as reencarnações dos líderes do antigo conflito atlante, estão agora na Terra dirigindo as forças da luz e as forças da escuridão e provocando uma confluência de milhões de homens cuja vontade é a de seu chefe.
As linhas de separação se acentuaram regularmente, de tal maneira que agora se pode falar de uma humanidade orientada para os valores espirituais e altruístas, cuja nota-chave é o sacrifício, o bem do grupo e o entendimento mundial, e de outra humanidade, cujo foco de interesse é predominantemente material e cujos objetivos egoístas são animados pela ambição e o espírito de aquisição.
A gravidade desta situação e a ampla extensão da separação fizeram a vigilante Hierarquia permitir que a força de Shamballa afluísse diretamente ao mundo (apesar dos riscos concomitantes). O objetivo foi estimular o livre-arbítrio das massas; o resultado obtido sobre elas foi relativamente bom, pois levou à formulação e à expressão das grandes ideologias mundiais - o fascismo, a democracia e o comunismo, como também a essa mescla peculiarmente distorcida de fascismo e comunismo que tem o nome de hitlerismo ou nazismo. Todas estas ideologias são fomentadas pelo desejo das massas de melhorar as condições de vida das pessoas de todos os países; este desejo se concentrou, se expressou e se tornou criador sob a influência da força de Shamballa. Mas um outro resultado desta afluência da vontade-para-o-poder foi estimular um certo grupo de personalidades marcantes em muitos países, de maneira que assumissem a direção das massas e pudessem assim determinar as políticas e os métodos - religiosos, políticos e sociais - das diferentes nações. Em todas as nações, um grupo relativamente pequeno de pessoas toma todas as decisões importantes e determina todas as atividades nacionais mais importantes, seja pela força, pelo terror e pela tramoia, ou pela persuasão, belas palavras e a aplicação de motivações ideológicas. Os Senhores do Destino aproveitam esta situação para pôr fim a um antigo conflito e permitir assim que a humanidade entre na nova Era de Aquário relativamente livre e com uma compreensão mais clara das metas corretas, das relações humanas corretas e do futuro predestinado do homem.
De nada serviria indicar a relação entre o conflito mundial atual e os líderes mundiais, com o conflito e os líderes da época atlante. Basta dizer que muitas das mesmas personalidades (em uma volta superior da espiral) desempenham novamente seus diversos papéis no grande drama. De nada lhes serviria, nem ajudaria a sua compreensão mental sobre a situação, se eu enfatizasse os detalhes desta grande guerra e suas correspondências modernas. Seria inútil comparar os antigos métodos com os usos modernos pelos quais uma das partes leva a luta à supremacia. Vocês não estão em posição de comprovar o que digo nem a exatidão das minhas afirmações. O ponto mais importante, porém, é que cheguem a uma clara compreensão do que está em jogo, e a uma justa apreciação dos valores envolvidos, além de um correto entendimento dos ideais que animam os dois grupos adversários.
Nos dias atlantes, foi declarado que a batalha era travada entre as Forças da Escuridão (chamadas de "Loja Negra de Adeptos”), e as Forças da Luz (chamadas de "Grande Loja Branca, a Hierarquia de Mestres”). Naquele tempo era aproximadamente verdade, pois o conflito se limitou a dois pequenos grupos, sendo as massas simplesmente vítimas cegas e miseráveis desta luta e desta situação.
Hoje não é possível estabelecer uma distinção tão clara entre as forças comprometidas, nem é propriamente admissível. Nenhuma nação, nem nenhum grupo de nações pode ser classificado em uma ampla generalização como branco ou negro. Tenham isso em mente. Somente as pessoas sem visão, de espírito intolerante e parcial poderiam falar assim. Todas as nações têm, aos milhares, aqueles que pertencem à categoria dos homens influenciados pelas Forças da Luz e, portanto, que respondem normal e facilmente ao conceito da boa vontade, ao desejo de corretas relações entre todos os homens e ao ideal do verdadeiro entendimento em todo o mundo e internacional. Em todas as nações há aqueles para os quais esta posição não atrai em absoluto e que ainda estão na escuridão e cegos para os verdadeiros problemas. É um fato. Aqueles que almejam o estabelecimento da boa vontade e do entendimento são maioria, mas - como assinalei em outras obras - foram até agora relativamente inoperantes no sentido de controlar a situação ou para forçar seus líderes a seguirem a vontade-para-o-bem da massa. São inspirados e protegidos pela Hierarquia da Luz e é com eles que a tarefa de estimular a livre expressão desta boa vontade deve ser implementada quando acabar o conflito.
Quanto ao outro grupo, é composto por aqueles que, por inclinação ou carma antigo, são os descendentes dos Senhores da Escuridão; suas ações e ideais viabilizam a atividade das forças do materialismo. Gostaria que observassem esta construção de frase. Até mesmo os mais perigosos destes descendentes, porém, são conscientes de alguma forma de idealismo; no entanto, se extraviaram e respondem plenamente à vontade-para-o-poder (poder no plano físico por meio da atividade da forma). Isto é estimulado pela afluência da energia de Shamballa. Devido a estas reações e tendências, são pontos focais para as vidas e energias que são inerentes à própria matéria, cuja influência e trabalho são dedicados à conservação da forma e do que existe. Esforçam-se constantemente para extirpar o que é novo e para retardar a evolução e o desenvolvimento da consciência humana. Não se esqueçam de que a verdadeira questão se situa no campo da consciência, e que a luta é travada entre a forma e a vida na forma, entre o progresso que leva à liberação do espírito humano e a atividade reacionária que leva ao aprisionamento da consciência humana e à restrição de sua livre expressão.
Nesta altura faço uma pausa para lhes rogar solenemente que não ampliem as linhas de separação, colocando vocês e todos os que adotam a mesma ideologia do lado das Forças da Luz e as demais pessoas e suas ideologias, que podem não aprovar, do lado das Forças da Escuridão. A questão é, em última análise, ter o direito de expressar a vontade-para-o-bem, o direito de expressar relações humanas sem as travas das barreiras territoriais e dos hábitos de pensamento nacionais. Implica no direito e na necessidade percebida de manifestar amor a todos os seres, desta maneira eliminando todo ódio e separatividade. Diz respeito ao direito de todas as nações de viver em paz com seus vizinhos e em harmonia entre si, de expressar a verdadeira síntese subjetiva da humanidade e de não antepor posses, fronteiras, cultura, poder e ambição nacionais ao bem geral e à felicidade de todos os homens. É este o problema real e subjacente. Todos os desafios nacionais e os apelos patrióticos são simples tentativas, por parte dos líderes do mundo inteiro de manter o povo em uma linha de pensamento e de ação específica. Tornar o mundo seguro para a democracia, adquirir o espaço vital, defender os direitos das pequenas nações, manter o equilíbrio do poder, enfrentar a força pela força, restabelecer antigas fronteiras históricas, impor a cultura considerada desejável, evitar a destruição econômica, manter as finanças e os interesses nacionais, são esses os argumentos dos governantes atuais. Mas o verdadeiro problema é a Direção una e intangível. Que caminho tomará a humanidade? Seguirá a via do altruísmo, expresso em uma disposição de agir sempre no interesse de todos, promovendo assim o entendimento e a unidade mundiais, ou a via do egoísmo e da agressão, expressos por um intenso nacionalismo, sacrificando assim os verdadeiros e superiores valores de liberdade, independência e autonomia de pensamento? Este egoísmo pode se manifestar pela agressão ou pela neutralidade. As nações que não participam desta luta perderão muito e - promovendo sua própria luta egoísta e obscurecendo a real situação com belas palavras - ajudarão a prolongar a batalha, evitando que seu próprio povo se beneficie de uma oportunidade que lhe seria útil.
Assinalaria que assim como em todas as famílias, empresas comerciais e organizações existem aqueles que são pontos focais de autoridade e que planejam as atividades futuras, também dentro desse grupo ou corpo organizado, denominado humanidade, há pontos focais similares, que planificam, dirigem e produzem as ocorrências e os eventos externos. Eles estão no período de realização da personalidade - período em que os seres humanos, tendo alcançado a integração e uma expressão unificada de sentimentos, percepção e mente, trabalham de forma ativa e eficaz no plano físico. Estes pontos focais são empregados para fomentar duas grandes mudanças no mundo: primeiro, a fusão e a mescla das populações com as minorias, a fim de que os estados coordenados e as nações que têm interesse na cultura comecem a aparecer em toda parte; segundo, a modificação das fronteiras, visando um reajuste completo do mapa do mundo na Ásia, Europa e África.
Observarão que há três grandes métodos ou modos para realizar estas fusões. A Grã-Bretanha, os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) estão desenvolvendo o princípio de federação, de relação e de fusão de corpos organizados em conjuntos concentrados, que respondem à mesma inspiração, mas empregam seus próprios métodos especializados para alcançar os fins desejados. Não se surpreendam se incluo a Rússia nesta triplicidade. Sua ideologia é fundamentalmente tão sadia como a dos outros grupos, a diferença reside nos fatores da personalidade e no modo de aplicação da ideologia. O controle exercido por personalidades poderosas e perigosas e o emprego de métodos de força e crueldade foram evitados nos dois primeiros grupos de nações, e a razão se encontra na diferente fonte de inspiração que produz os efeitos. Outra razão é que o poder foi posto nas mãos de pessoas historicamente não preparadas para governar, cujo desenvolvimento passado os levou somente à etapa infantil da evolução.
No entanto, nestes três grupos há muitas coisas interessantes a observar. Uma delas é que a Grã-Bretanha representa uma fusão, cujas bases foram estabelecidas em um longo passado histórico de preparação para governar; outra, que os Estados Unidos representam uma fusão que está se manifestando e se desenvolvendo no presente, sendo uma experiência nova, embora empregando fatores oriundos de todas as nações da Europa; a URSS, por sua vez, representa uma fusão a vir, uma síntese futura. Nos três grupos temos uma expressão interessante e imediata dos três aspectos divinos; inspiram e matizam a civilização embrionária. A Grã-Bretanha expressa a vontade-para-o-poder, mas, devido à idade e à experiência adquirida a alto preço, esta vontade-para-o-poder está hoje temperada pela justiça e uma crescente compreensão da necessidade humana. Por sua vez, isso resulta do domínio da aristocracia, no passado e durante muitos séculos, com seu paternalismo, conservadorismo e métodos de lentos reajustes. Os Estados Unidos expressam a vontade-para-amar, que se manifesta pela aptidão de absorver elementos muito divergentes e, ainda assim dar a todos as mesmas oportunidades. Em grande parte, isto ocorre porque o controle, nesta federação de estados, está nas mãos da burguesia, com seus objetivos financeiros, seu poder de determinar as condições de vida e sua relação ativa e compassiva com a vida. Seu método não é o de uma adaptação lenta, mas de rápida assimilação. É neste país que as pessoas são mais sensíveis à influência da Hierarquia. A URSS expressa a vontade-para-criar e produzir novas condições e um modelo diferenciado - planejado, determinado e previsto. Muitas vezes isso foi imposto pela crueldade, pela disposição de fazer concessões, pela mudança ou o pelo afrouxamento do ideal original. Isso, por sua vez, é produzido pela atividade do proletariado, com sua incapacidade de governar, seu desejo de retaliar e sua ignorância da tradição e dos procedimentos herdados.
Portanto, um experimento muito interessante está se realizando nestes três grupos de elementos inter-relacionados e de distintos ideais nacionais. A certa altura, a URSS terá a Ásia como relevante e seu principal interesse, promovendo grandes mudanças nesse continente, até o Oceano Pacífico. A Grã-Bretanha, devido à demonstração bem- sucedida do princípio de federação, pode efetuar grandes mudanças na Europa, se tiver uma visão atenta, uma justiça verdadeira e solidária e uma sábia paciência. Os Estados Unidos têm uma tarefa similar a realizar nas Américas, o que exigirá ações políticas de qualidade elevada e espírito de compreensão.
Se compreenderam bem as sugestões acima, estará evidente que a força de Shamballa está atuando nesta comunidade de nações federadas que chamamos de Império Britânico, e expressa a vontade-para-a-síntese e a vontade para procedimentos justos e legais. A força da Hierarquia pode se expressar cada vez mais através dos Estados Unidos da América, porque o reconhecimento intuitivo das realidades subjetivas e um verdadeiro senso dos valores superiores podem governar, e muitas vezes governam, os movimentos que regem este grupo de estados federados. A vontade-para-ser da Humanidade, com sua exaltação quase extravagante dos valores humanos, e a vontade-para-governar de maneira criativa é a contribuição da URSS, aquela grande federação de repúblicas. Assim a influência destes três grandes centros mundiais aos quais me referi em minhas obras anteriores, está em vias de expressão por meio destes três grupos de nações. Ao mesmo tempo, a força de Shamballa está ativa em todos eles, pois produz federação e síntese. Sua primeira grande expressão ou demonstração do espírito de fusão ocorreu nos séculos XVIII e XIX, e propiciou a formação de países como a Itália e a Alemanha, criados a partir de estados menores, ducados e reinados. Uma história desta tendência para a fusão no mundo moderno seria um estudo dos mais reveladores. Perceberíamos os primeiros e fracos indícios; foram sentidos por volta de 1575, quando a afluência desta força foi autorizada, tendo sido exigida na Conferência Centenária da Hierarquia celebrada em 1425. Já me referi a esta conferência em obras anteriores.
No segundo grupo de ideologias em mudança e de reação às necessidades da massa, temos a França, a Alemanha, a Itália, a Espanha e Portugal; essas nações mudaram sua antiga política, sua forma de governo e reagiram gradual e lentamente à força de Shamballa. Porém, elas reagiram a esta força por intermédio de grandes e marcantes personalidades, particularmente sensíveis à vontade-para-o-poder e à vontade-de-mudança, as quais (nos últimos 150 anos) alteraram a natureza da vida nacional e fizeram ressaltar de maneira crescente os valores humanos mais amplos. Os homens que inspiraram e iniciaram a revolução francesa; o grande conquistador Napoleão, Bismark, o criador de uma nação, Mussolini, que regenerou seu povo, Hitler que carregou nos ombros um povo angustiado, Lênin, o idealista, Stalin e Franco, todos eles são expressões da força de Shamballa e de certas energias pouco compreendidas. Eles realizaram mudanças significativas em seu tempo e para sua geração; modificaram a face da Europa, neste processo afetando também a Ásia e condicionando a linha de conduta e as políticas na América.
Os resultados, ainda que perigosos e terríveis, desenvolveram duas características vitais na humanidade. Uma foi o amplo desenvolvimento da faculdade de discriminação; a outra, a tendência à dispersão com suas consequências, isto é, a difusão dos valores de cultura e de civilização, como também os diversos dons dos inúmeros povos à alma do mundo. A movimentação de pessoas da Grã-Bretanha para as colônias, a movimentação de pessoas de todas as nações da Europa para a América do Norte e do Sul, a dispersão de pessoas no interior das fronteiras nacionais devido à guerra e por medidas práticas, como o que causou hoje a evacuação das cidades, o deslocamento de pessoas que saíram da Itália e de grupos que se deslocaram no interior da Rússia, mais o constante fluxo dos judeus errantes, tudo isso indica uma ruptura, em escala mundial, de todas as fronteiras externas e a instauração de um processo de mistura e combinação como o mundo nunca viu. Constitui um sistema educacional de incalculável valor, pois leva à necessidade constante de reajustar pontos de vista, de modificar modos de vida, leva a casamentos entre grupos diferentes e às assim chamadas relações ilícitas. A mudança externa está produzindo uma síntese interna e uma dispersão externa, as rupturas se transformam internamente em relações mais estreitas e em um espírito de compreensão mais tolerante. A faculdade de examinar, de escolher, de pensar e de discriminar vai se desenvolvendo rapidamente entre todas as classes, em todos os lugares, como resultado dos muitos acontecimentos cataclísmicos, e do fato de que se oferecem inúmeras mudanças nas circunstâncias de vida, nos pontos de vista, teorias de governo e religião. Tudo isso desponta naturalmente dos novos contatos e da rápida apresentação dos acontecimentos por meio da imprensa e do rádio.
É isso que é importante do ponto de vista da evolução e do desenvolvimento da consciência mundial. Os acontecimentos no plano físico são incidentais e não têm poder de durar permanentemente.
Os eventos e precipitações do plano físico acontecem e são viabilizados pelos pontos focais de energia que são os ditadores e os estadistas do mundo, assim como os seres humanos excepcionais de todos os países, os grupos que trabalham ativamente em todos os países para seus próprios fins ou - o que é mais frequente - sob a influência de um ideal ou sabedoria de grupo, acompanhada de ambição pessoal, de vontade de poder pessoal e de engrandecimento pessoal. A estas pessoas denominamos ditadores, demagogos, guias inspirados ou homens justos e sábios, de acordo com a nossa ideologia particular, nossas tradições, nossa atitude para com os nossos semelhantes e nossa educação política, econômica e religiosa. Porém, todos estes guias são simplesmente seres humanos como os outros - idealistas, equivocados, patriotas, egoístas, impressionáveis, insensatos, astutos, poderosos, concentrados em alguma meta ou ambição, com clara visão e, ao mesmo tempo, com reações míopes, cruéis ou sábias, conforme o caso - mas, em última análise, personalidades altamente desenvolvidas. São usados para realizar grandes mudanças necessárias, e para modificar a face da civilização. Quanto aos maus métodos empregados, às coisas más que fazem, a responsabilidade recai sobre a humanidade toda e os hábitos de pensamento que tornaram os homens egoístas e cruéis e que provocam a manifestação tão potente e cruel deste grande e universal espírito da vontade-para-a-mudança.
Não culpem as personalidades envolvidas nem os homens que produzem estes acontecimentos ante os quais estamos hoje desnorteados e apavorados. São apenas resultado do passado e vítimas do presente. Ao mesmo tempo, são agentes do destino, criadores de um modelo diferente e iniciadores de outra civilização; são os destruidores do que deve ser destruído para que a humanidade possa avançar no Caminho Iluminado. São a personificação da personalidade da humanidade. Portanto, culpem a vocês mesmos pelo que está acontecendo hoje, e não tentem fugir da responsabilidade colocando-a nos ombros de homens de atitudes espetaculares ou de estadistas, ditadores, ou de um grupo qualquer. Não apontem para uma pessoa ou um grupo de pessoas e as acuse de ser responsáveis pelo estado atual do mundo. Também não esperem que uma pessoa ou um grupo de pessoas trará a liberação ou encontrará a solução para o problema mundial. Cabe à humanidade fazê-lo. A humanidade deve começar a agir, e assim fará quando chegar o momento oportuno. Reconhecer a responsabilidade comum, os erros comuns, os antigos erros de julgamento, as más atitudes e os hábitos de pensamento errados, os propósitos e as intenções egoístas em escala mundial, o espírito universal de agressão que, ao longo das eras, influenciou primeiro tal ou tal nação, a tendência, no século passado, de se cristalizar e se tornar estático, as forças reacionárias por todo lado - são essas características universais, e nenhuma nação nem raça está isenta de culpa e tem as mãos totalmente limpas. Além disso, nenhum grupo nacional é puramente mau ou errado, nem puramente bom e altruísta. Em toda parte há motivações mescladas. O nacionalismo, a agressão, o egoísmo e a crueldade coexistem em todos os países, assim como o desejo de um entendimento mundial, de relações pacíficas com um espírito altruísta e salutar. As Forças da Luz têm seus partidários e trabalhadores em todos os países, embora alguns sejam sujeitos a maiores desvantagens de expressão do que outros. O mesmo acontece com as forças do materialismo. Entre estes dois grandes grupos se encontram as massas, esperando o surgimento de novas oportunidades e revelações.
É a universalidade destas condições e a clareza bem definida das questões em jogo que fazem com que este período ofereça oportunidades planetárias favoráveis à iniciação planetária. A iniciação é essencialmente se desembaraçar dos antigos controles e passar para o controle de valores mais espirituais e cada vez mais elevados. É também uma expansão de consciência que leva a um crescente reconhecimento das realidades internas. É também o reconhecimento de um renovado senso da necessidade de mudança e de sábia direção destas necessárias mudanças, para que possa haver um progresso real; a consciência se expande e se torna mais generosa e divinamente includente, e há um controle novo e mais potente por parte da alma, à medida que assume cada vez mais a direção da vida do indivíduo, de uma nação e do mundo.
Em última análise, e do ponto de vista da Hierarquia, o conflito atual entre a personalidade da humanidade (que expressa os valores materiais como fator dominante da experiência da vida) e a alma da humanidade (que expressa os valores espirituais como fator dominante dos assuntos humanos) é idêntico ao conflito que se produz na consciência de um ser humano quando alcança a etapa do discipulado e enfrenta o problema dos pares de opostos. O conflito se manifesta de muitas maneiras, de acordo com o ponto de vista e a estrutura do pensamento. Seria possível denominar de conflito entre o Cristo e o Anticristo, mas não como o compreendem aqueles que empregam esta expressão. Nenhuma nação expressa o espírito do Anticristo, assim como nenhuma nação expressa o espírito do Cristo. O Cristo e o Anticristo são a dualidade da espiritualidade e do materialismo, tanto no indivíduo como em toda a humanidade. Pode- se falar de Deus e do diabo com as mesmas implicações básicas. Não é o homem uma expressão da divindade (Deus) em uma forma material (o demônio) e não é a matéria senão o meio pelo qual a divindade deve afinal se manifestar em toda sua glória? Mas quando isso ocorrer, a matéria já não será o fator dominante, mas simplesmente um meio de expressão.
Portanto, a batalha é travada entre o aspecto forma da vida e a alma. O Morador do Umbral (o umbral da divindade, meus irmãos) é a própria humanidade com seus antigos hábitos de pensamento e seu egoísmo e ganância. A humanidade hoje está diante do Anjo da Presença - a alma, cuja natureza é amor, luz e compreensão inclusiva. O grande problema de hoje é saber qual dos dois sairá vitorioso deste conflito e qual destes dois grandes agentes da vida determinará o futuro da humanidade e indicará o caminho que a humanidade decidirá tomar.
As questões em causa estão claras para todas as pessoas que pensam corretamente. A intolerância, o intenso orgulho nacional e a autossatisfação podem cegar os homens para as realidades atuais, mas há pessoas em número suficiente que pensam com clareza para tornar um futuro de corretas decisões mais provável do que nunca, em nenhum período anterior da história da raça.
Preparação para a Boa Vontade Mundial
As causas da guerra atual são antigas. Podemos traçar claramente a sequência histórica dos fatores predisponentes nos registros exotéricos de todas as nações, como também nos registros esotéricos da Hierarquia. As qualidades inerentes ao homem que levaram ao desenvolvimento da guerra atual são bem conhecidas. Todos aqueles que são conscientes dela e observam a guerra que se trava dentro de suas próprias naturezas, entre o egoísmo da personalidade e o altruísmo da alma, se dão conta das implicações e correspondências. Onde então está a solução? O que podemos fazer para deter os fogos do ódio, da agressão, da vingança e do medo? O que podemos fazer como preparação para quando chegar o momento da reconstrução do mundo dos homens e a instauração de uma nova e melhor civilização? Podemos agora tratar brevemente desta questão.
No que diz respeito à participação ativa no trabalho de preparação do mundo para a expressão da boa vontade, pouco se pode fazer no momento presente que seja de natureza ativa e exotérica. É preciso esperar com paciência, ver o que vai acontecer e quais serão as linhas de atividade das nações. Mas muito se pode fazer de natureza preparatória e esotérica, e é isto que procuro plasmar em suas mentes.
Até esta data, e apesar das aparências, as Forças da Luz são vitoriosas e estão mantendo claramente as coisas assim. Por esta razão, nada pode ainda extinguir o espírito de boa vontade nem de compreensão solidária que existe entre os povos de todas as nações, sem excluir a Alemanha; é esta a característica significativa e marcante do conflito atual. Há pouco ódio ou animosidade, e este fato representa a diferença entre esta guerra e a anterior, de 1914. Isto indica um triunfo das Forças da Luz, e nisto reside a esperança do futuro. Mas é aqui, porém, que é preciso examinar o fator tempo, pois uma guerra prolongada poderia modificar esta atitude desejável, e experiências muito severas poderiam produzir profundas mudanças psicológicas e inevitáveis no pensamento e na ação dos homens. Isto deve ser neutralizado conscientemente. Embora ainda não tenha acontecido, poderia ocorrer e, se assim for, causará muita dor, terror, expectativa angustiada e sofrimento agudo, provocados pelo espetáculo do sofrimento que poderia em dado momento transformar esta boa vontade em um espírito dinâmico de ódio e de vingança, a menos que seja compensado de maneira definida e consciente. Os grupos que aderem aos princípios das Forças da Luz e que dedicam todo esforço a pôr fim ao espírito de agressão e a livrar o mundo dos pontos focais de influência e poder material devem, ainda, empreender a tarefa de unir os homens e mulheres de todas as nações em um espírito de compreensão amorosa, e devem apresentar as nações, umas às outras, em termos de fraternidade e de uma nova estruturação.
Não é coisa fácil de se fazer no momento. O corpo astral ou emocional dos seres humanos (que constituem o corpo astral da humanidade como um todo) está hoje em estado de caos, arrastado por antigos desejos, antigas atitudes egoístas profundamente arraigadas, e antigos ódios. A tarefa também se complica pela atividade dos processos mentais do homem, caracterizados por ilusões pronunciadas e desenvolvidas, por atitudes separatistas e argumentos ilusórios. Porém, ao mesmo tempo, há no mundo pessoas em número suficiente que respondem ao espírito de boa vontade, de compreensão tolerante e que estão animadas pelo desejo de relações humanas corretas e permanentes.
Já sugeri que deveria ser possível - em data futura - celebrar, em nível mundial, um Dia da Deslembrança, do Perdão e do Cumprimento da ordem formal contida na Bíblia de "esquecer as coisas que ficaram para trás e seguir adiante” para a nova era, as novas relações e uma nova civilização. Podemos todos começar a planejar e a trabalhar para essa época e momento psicológico em que esta ideia possa ser apresentada, que virá imediatamente depois da cessação das hostilidades. Mas hoje e em todos os países onde isto é possível, é preciso educar as pessoas para esta expressão de síntese e de inter-relações humanas.
Isso implica, porém, em enfatizar os valores que citei acima. Cabe à humanidade assumir esta responsabilidade em conjunto, devido aos seus erros e às antigas atitudes e diretrizes erradas. Implica, em consequência, em abandonar a atitude de crítica e deixar de atribuir responsabilidades para empreender em conjunto a enorme tarefa de mudar as condições atuais e dar uma guinada política contrária que viabilizará uma estrutura unida para o mundo. Tarefa nada fácil. Ela convoca todos os homens e mulheres de boa vontade do mundo, e os desafia a se prepararem, enquanto o conflito ainda acontece, para o que poderão fazer quando ele terminar.
Já lhes dei muito, no passado, que poderá servir de plataforma de objetivos e métodos. Nada do que delineei foi anulado, apenas o cumprimento foi adiado. Durante sete anos críticos esteve nas mãos dos homens espiritualmente orientados, das igrejas de todos os países, dos homens de boa vontade e dos aspirantes mundiais a possibilidade de trabalhar para evitar o conflito atual. Mas o espírito crístico estava perdido em meio às organizações clericais; enfatizava-se a teologia técnica; o espírito de boa vontade não se expressou de maneira dinâmica e prática, mas teórica e negativamente. Os aspirantes do mundo não possuíam um verdadeiro senso dos valores, mas se contentavam em dedicar um pouco de tempo à vida espiritual e a seus semelhantes, e perderam muito tempo em objetivos pessoais, individuais. O espírito de inércia se instalou nas pessoas mais orientadas e compreensivas; nada do que pudemos fazer serviu para despertá-los para ações eficazes nem para que sacrificassem valores pessoais temporários em prol dos valores duradouros e universais. O individual foi mais importante que o bem da totalidade.
Não fiquem muito angustiados, meus irmãos, pois não estão sozinhos, são
parte de um extenso número de pessoas, se isto lhes traz alguma
satisfação.
Têm diante de si uma renovada oportunidade de natureza prática, que
corresponde a esferas bem definidas de trabalho e de atividade planejada. Antes
de tudo, peço que se preparem para a grande oportunidade que virá ao final
deste conflito, e que:
1. expliquem com clareza a todas as pessoas a causa que suscita a oportunidade favorável e que deve pôr fim ao atual estado de coisas, e que
2. projetem algum acontecimento expressivo e universal que servirá de inspiração e inauguração da nova era, a de boa vontade e de corretas relações humanas.
Em seguida, que mantenham um firme processo de pensamento correto, de correta interpretação dos acontecimentos atuais e a devida preparação enquanto durar a guerra, a fim de compensar todo debilitamento do espírito de boa vontade já alcançado, e para que a compreensão aumente em potência e não haja obscurecimento. Para conseguir isto, sugiro as seguintes atividades, começando pelas que dizem respeito ao trabalhador individual:
1. Uma estreita vigilância pessoal sobre toda palavra falada ou escrita, de maneira que nada do que seja dito ou escrito por nenhum de vocês contenha ódio ou parcialidade equivocada, e que suas mentes e corações se mantenham livres de toda reação indesejável. Eis algo pessoal e prático a cumprir, além da difícil tarefa diante de cada um de vocês que leem minhas palavras.
2. Estudem e compreendam com clareza as questões que estão por trás deste conflito, a fim de não haver nenhuma hesitação interna de ter colocado seus interesses do lado certo, o lado das Forças da Luz. Em paralelo, apreciem com compreensão o problema das pessoas que estão desnorteadas pela insistência e as atividades dinâmicas daqueles através dos quais atuam as Forças do Materialismo. Ao mesmo tempo, eliminem de suas mentes toda crítica maldosa.
3. Procurem empregar todos os dias a seguinte fórmula ou mantra. É uma versão modernizada, em termos místicos, do mantra utilizado nos dias atlantes, durante o antigo conflito, sendo o conflito atual um efeito daquele. Para muitos de vocês este mantra será como uma recuperação de uma antiga e bem conhecida fórmula de palavras:
"Os filhos dos homens são um e eu sou um com eles.
Procuro amar e não odiar;
Procuro servir e não exigir serviço;
Procuro curar e não ferir.
Que a dor traga a devida recompensa de luz e amor.
Que a alma controle a forma externa,
A vida e todos os acontecimentos,
E traga à luz o amor
Que subjaz em todos os acontecimentos do tempo.
Que venham a visão e a percepção internas.
Que o futuro seja revelado.
Que a união interna seja demonstrada
E que desapareçam as separações externas.
Que o amor prevaleça.
Que todos os homens amem.”
Estas palavras podem parecer inadequadas, mas enunciadas com força e compreensão de sua significação e com a potência da mente e do coração por trás delas, podem se mostrar incrivelmente potentes na vida de quem as pronuncia. Também produzirão efeito no ambiente, e o acúmulo de efeitos no mundo, à medida que difundem o conhecimento desta fórmula, será grande e eficaz. Os efeitos modificarão as atitudes, tornarão a visão mais clara e conduzirão o aspirante a um serviço mais pleno e a uma colaboração mais ampla, baseada no sacrifício. Meus irmãos, não podem fugir ao sacrifício a longo prazo, mesmo que tenham escapado até agora.
4. Em seguida, dediquem-se a difundir o emprego da Grande Invocação e ajudem a levar adiante o plano de distribuição. A Grande Invocação, como verão no artigo seguinte que estou escrevendo para sua informação, é um potente instrumento solar, destinado a criar as mudanças e reajustes necessários. É tão poderosa, que quando seu emprego generalizado foi sugerido no mundo dos homens isso suscitou certa oposição entre os membros da Hierarquia, porque temiam que seus potentes efeitos sobre as pessoas pouco evoluídas e não preparadas. Entretanto, seu uso se justificou e é desejável que aumente, tanto o uso como uma ampla divulgação.
5. Gostaria que, à sua maneira, se preparassem para um grande esforço espiritual que deve ter lugar quando este conflito estiver concluído e quando houver certa medida de paz e calma. Cada um de vocês tem sua própria esfera de influência e de contatos, e cada um de vocês está relacionado com pessoas que questionam, pessoas de maneira de pensar semelhante, com grupos e igrejas, clubes, organizações e sociedades comprometidas em algum esforço pelo melhoramento humano, pela boa vontade e em uma iniciativa de algum tipo pelo bem-estar humano. É o momento de fazer um trabalho importante junto aos líderes e trabalhadores avançados desses grupos e com pessoas que cada um de vocês pode preparar para o esforço ativo, quando chegar o momento propício. Convoco cada um de vocês para esta tarefa. Mais adiante podem impelir estas pessoas a iniciarem um ativo trabalho de boa vontade e um esforço orientado para a fusão e compreensão mundiais. Vocês e elas poderão ajudar a curar as feridas da humanidade, o que será grandemente necessário, e para isto podem se preparar desde já. Deverão entrar em contato com tais pessoas, manter registro dos nomes e endereços, e as possibilidades de servir e ajudar, estabelecer contatos grupais e sistematizar seu trabalho de tal maneira que, quando surgir o chamado (como aconteceu em 1936), estará disponível para os organizadores uma quantidade de contatos e de pessoas interessadas e preparadas, que então trabalharão inteligentemente para estabelecer o futuro modelo.
6. As instruções dadas em meus folhetos anteriores permanecem válidas e devem ser seguidas cuidadosamente, como preparação para a campanha a fazer ao término das hostilidades. As listas de endereços devem ser mantidas em dia mediante uma regular correspondência, e novas listas criadas; a Grande Invocação pode ser cada vez mais empregada se o método indicado por mim for estudado e corretamente organizado por todos vocês. Assim, a boa vontade já presente no mundo pode ser levada a uma etapa de vida dinâmica, pronta para ser utilizada posteriormente. Porém, meus irmãos, nada poderá ser feito, a menos que vocês façam.
A GRANDE INVOCAÇÃO
Primeira estrofe
Que as Forças da Luz tragam iluminação a toda a
humanidade.
Que o Espírito da Paz se irradie pelo mundo.
Que os homens de boa vontade de todas as partes se unam em espírito de
cooperação.
Que o perdão por parte de todos os homens seja a nota-chave neste momento.
Que o poder acompanhe os esforços dos Grandes Seres.
Que assim seja e que sejamos auxiliados a cumprir a nossa parte.
Outubro de 1939
Em meu último artigo mencionei que lhes daria alguns fatos a respeito da Grande Invocação e alguma explicação sobre sua significação e alcance. Isso habilitaria os estudantes de ocultismo do mundo de hoje a usá-la com mais fervor e maior compreensão e, em consequência, com mais êxito.
Há várias dessas fórmulas mântricas e Palavras de Poder em uso por tais estudantes, mas deixam de realizar muito porque a pessoa que as usa não tem real compreensão de seu significado e propósito e geralmente está tão concentrada em sua natureza emocional, aspiracional e astral, que tudo o que diz e faz (em conexão com as Palavras de Poder) é inteiramente inócuo e ineficaz. As Palavras de Poder, os antigos mantras (tais como o Pai Nosso) e a Grande Invocação, só são eficazes se utilizados no plano mental e com o poder de uma mente controlada, centrada em sua intenção e significado, sustentando o esforço verbal. Então se tornam potentes. Quando são pronunciados com o poder da alma, além da atenção dirigida da mente, tornam-se automaticamente eficazes e dinâmicos.
Estudantes do mundo todo usam, há anos, a Palavra Sagrada e emitem o O.M. com grande empenho. Gostaria de lhes perguntar: com que resultados? Responderei. Praticamente nenhum, exceto um ligeiro estímulo da aspiração e um pequeno despertar da imaginação criadora. Isto significa que os resultados alcançados só tiveram efeito dentro da aura da pessoa em questão e não penetraram em seu ambiente nem produziram nenhum efeito reconhecível. O O.M. é potente e de eficácia dinâmica quando é usado de maneira correta e produzirá mudanças, destruirá o que deve ser eliminado ou finalizado e construirá, por atração e consolidação, o que se deseja na trama da vida grupal, produzindo, incidentalmente (no entanto, certamente) as mudanças necessárias e a criteriosa reconstrução da vida individual. Reflitam sobre isto.
Se o exposto é válido para o O.M. e aos seus efeitos grupais, é muito mais válido com relação à Grande Invocação. As Palavras de Poder (o que também se aplica ao O.M.) têm origem no segundo raio, que é o da manifestação da consciência e, portanto, destinam-se a uso da alma, porque a alma é a expressão do segundo aspecto da divindade, e somente a alma pode realmente empregar estas Palavras e sons e assim produzir os resultados desejados, que estão sempre em linha com o Plano divino. Esquece-se com frequência que devem ser usadas pela alma de maneira dinâmica, envolvendo o sério reconhecimento do aspecto vontade. A Grande Invocação, o O.M. e todas as Palavras de Poder devem ser entoadas a partir da alma (cuja natureza é amor e cujo propósito é unicamente o bem do grupo), respaldadas ou “ocultamente impulsionadas” (tradução de uma ideia oculta quase intraduzível) pelo aspecto dinâmico da vontade, e exteriorizadas como uma forma-pensamento integrada, sobre uma corrente de substância mental viva, iluminada. Em consequência, este processo põe em atividade a vontade, o amor e a inteligência do homem que está usando estas palavras e fórmulas. Entretanto, com frequência se produz um hiato, mesmo quando um homem integrou estes três fatores controladores dentro de si mesmo, até onde é capaz de fazê-lo em seu ponto particular de evolução. Tudo o que conseguiu fazer foi reter a forma-pensamento criada no plano mental; não consegue fazer sentir a presença da forma-pensamento no plano físico nem obter os resultados desejados porque seu cérebro (o centro inferior de recepção e distribuição dentro da cabeça) é incapaz da necessária atividade dupla - manter a consciência da intenção, do significado e do propósito da fórmula usada e, ao mesmo tempo, continuar a tarefa de emitir a potência oculta, mas transmitida pelas Palavras ou sons. As duas atividades devem ser realizadas de maneira simultânea pela alma em seu próprio plano por meio da mente e do cérebro. Temos aqui novamente um dos objetivos de todo trabalho de meditação, que não é enfatizado por se tratar de um acontecimento sequencial e não de um objetivo. Portanto, a eficácia depende da compreensão dos fatos acima e da desenvolvida e treinada integração entre alma, mente, desejo, cérebro e a Palavra ou som enunciados.
O que estou lhes dizendo aqui não se refere somente ao uso da Grande Invocação, mas também ao uso diário e constante da Palavra Sagrada pelos estudantes de ocultismo e aspirantes em sua meditação diária. Poderiam mudar suas vidas, reorientar seu propósito e foco de vida e alcançar o desenvolvimento e expansão espirituais, se pudessem usar o O.M. como deve ser. A Grande Invocação, corretamente usada pelas muitas centenas de milhares de pessoas que já procuraram usá-la, poderia reorientar a consciência da humanidade, estabilizar os homens no ser espiritual, desbaratar e reconstruir a forma-pensamento planetária que os homens criaram no passado e que teve (e está tendo) resultados tão desastrosos e cataclísmicos, e abrir a porta para a Nova Era, deste modo marcando o início da nova e melhor civilização. Isto poderia ser feito tão rapidamente, que as mudanças necessárias se produziriam quase que da noite para o dia; o atual reinado do terror terminaria e a raça dos homens poderia se estabilizar para levar uma vida de boa vontade grupal, inofensividade individual e corretas relações humanas.
Porém, para encorajá-los, diria que seu uso acelerou materialmente os eventos mundiais, embora tenha claramente agitado grande parte dos problemas, trazendo-os à manifestação no plano físico. O propósito basicamente egoísta (embora não reconhecido) daqueles que usaram a Grande Invocação serviu para estimular os propósitos egoístas das forças do materialismo. Perguntaria a vocês: Quantos de vocês empregaram a Grande Invocação de uma maneira estritamente desapegada, com força espiritual e com total compreensão? Uns poucos. Quantos pronunciaram a Grande Invocação em um espírito de amor puro e com uma atitude completamente imparcial? Pouquíssimos, de fato. Quantos a emitiram por meio de uma mente controlada, com um reconhecimento e uma profunda crença de que corporificava a vontade do Logos planetário e devia, portanto, tornar-se dinamicamente eficaz no plano físico? Apenas um número escasso. A maioria que a usou estava interessada pela novidade, ou percebia que ela cobria o problema de maneira abrangente, embora de uma maneira irrealizável, ou considerou que ela devia ser eficaz do ponto de vista ocultista porque tinha ouvido dizer que ela emanava de um membro da Hierarquia, era usada pela Hierarquia oculta do planeta e apoiada por aqueles nos quais confiava, ou porque - a principal razão - qualquer coisa que melhorasse o mundo e o tornasse mais agradável, mais confortável e feliz e que finalmente proporcionasse condições de vida mais fáceis, devia ser pelo menos experimentada; não tomava muito tempo pronunciá-la e provavelmente valia a pena fazê-lo. Mas o poder dinâmico por trás do esforço, nos casos individuais, era quase sempre o interesse pessoal, a aflição diante das terríveis e lamentáveis condições mundiais e uma reação emocional à dor, ao horror e ao medo. De muitas maneiras, foi esta uma reação normal à tensão mundial, o que era de se esperar. Sei bem que o padrão que indiquei acima é demasiado alto e demasiado impossível para o aspirante comum, e a maioria das pessoas é comum. Mas a necessidade mundial é tal, que devem agora sair do normal e, em bem do serviço, elevar a consciência e trabalhar mais definidamente de um plano de entendimento mais elevado.
Hoje estou procurando em todo o mundo um grupo de aspirantes e discípulos que pudessem e usariam a Grande Invocação da maneira correta e que, em consequência, seriam voluntários a um treinamento para isso. Desta maneira haverá um grupo no plano físico e na vida diária um grupo capaz de combinar seus esforços com os da Hierarquia e assim produzir o uso eficaz da Grande Invocação com seus estupendos resultados.
Lembraria a vocês que, no propósito de desenvolver a vontade do homem e sua liberdade de ação, motivadas pela consciência grupal, a Hierarquia opta por produzir os desejados desenvolvimentos e mudanças no plano físico apenas por intermédio de uma humanidade consciente e que desperta. Uma humanidade assim (e ela já está chegando rapidamente a este estado de claro entendimento mediante a dor e o sofrimento conjunto) será receptiva à impressão pelo pensamento dirigido dos Irmãos Mais Velhos que guiam a raça, mas em todo momento terá liberdade para rejeitar a impressão e proceder como decidir pessoalmente. A Hierarquia não assume nenhum controle autoritário sobre as mentes dos homens; todos os aspirantes e discípulos têm liberdade para seguir um caminho diferente do que lhes é sugerido, se assim preferirem, ou se não estiverem convencidos da justeza do método de trabalho indicado, ou se temem a árdua tarefa de levar adiante a etapa do plano que lhes foi indicada, ou se querem se esquivar da disciplina implícita e requerida por aqueles que procuram tornar o homem corretamente receptivo ao contato e aos ensinamentos espirituais e, deste modo, ser capaz de interpretar corretamente a intenção da Hierarquia.
A habilidade de usar a Grande Invocação de maneira eficaz pode ser desenvolvida, se aqueles que estão trabalhando nas linhas da verdadeira meditação começarem a usar corretamente a Palavra Sagrada, o que não requer um esforço tão sustentado na concentração ocultista. Devem aprender a exalar da maneira que indiquei acima, quando falei da Grande Invocação, e também devem aprender a medir os resultados em suas vidas individuais, deste modo vendo essas vidas do ângulo do Observador espiritual treinado.
Gostaria de abordar brevemente e por alguns minutos a significação de todo o processo e método de invocação.
No passado, o investigador curioso e aqueles que se dedicavam ao trabalho mágico de qualquer tipo muito falaram e escreveram sobre o uso da invocação ao se aplicar sobre as forças elementais e agentes subumanos, com a consequente evocação de agentes ativos e energias responsáveis de um tipo ou de outro no plano físico. Muitas vezes se esquece de que este processo consiste inteiramente em entrar em contato e em seguida dominar as forças da terra, da água, do fogo e do ar. Esta é uma das metas dos trabalhadores mágicos, mas diz respeito à natureza material e ao controle da substância e, na esfera do ocultismo inferior, está aliada à invocação e evocação do dinheiro, da boa saúde e dos resultados materiais tangíveis, tais como são praticadas na esfera do misticismo por muitas escolas de pensamento. Observem bem isto, pois contém uma chave da relação entre o ocultismo e o misticismo nos níveis inferiores da consciência e é o que indica a necessidade de que ambos os grupos desloquem o centro do seu interesse e ênfase para os valores superiores e mais espirituais. O controle das forças naturais e a evocação das recompensas materiais desejadas chegarão normal e inevitavelmente, mas como efeitos secundários; dependerão também do carma ou destino do homem, reconhecido e considerado, e o homem escapará do perigo de ser ele mesmo dominado e motivado pelas forças do maléfico e perigoso.
A invocação, a evocação e a atividade resultante da Hierarquia e das Forças, Energias e Seres que de nenhuma maneira são dominados pela matéria ou pela substância (polo inferior da manifestação), mas que estão identificados com o polo espiritual positivo, é uma nova atividade, e até agora um experimento relativamente não explorado por parte da humanidade; as fórmulas não são conhecidas. De que teria servido comunicar as fórmulas para a humanidade quando ainda estava controlada pelos valores inferiores e era incapaz de permanecer sob o aspecto alma e atuar no plano de consciência onde a alma reside? Só podem usar estas fórmulas eficazmente aqueles que vivem, trabalham, pensam e sentem como almas, o que sempre significa em termos de grupo.
Hoje, porém, em todos os países, há aqueles que estão rapidamente se tornando conscientes da alma como fator controlador da consciência, que reagem aos assuntos e às condições mundiais cada vez mais como almas e que, em consequência, podem ser instruídos para trabalhar no plano físico. Quando isto acontece, é possível comunicar certas Palavras de Poder e mantras e instituir a nova e potente atividade que permitirá que a Hierarquia e a Humanidade entrem em cooperação consciente e direta; o mesmo ocorrerá com Shamballa e certas grandes Forças que são interplanetárias ou solares, como também com grandes energias cósmicas. Agora é possível descobrir aqueles que - sendo livres em seu interior e que estão aprendendo rapidamente a ser desapegados e altruístas - podem instaurar e promover a tarefa de invocar estas forças espirituais superiores, reforçando assim os esforços da Grande Loja Branca. É este processo de invocação espiritual que motivará a nova e futura religião mundial. Não se trata de uma invocação mágica, tal como o homem a entende, e que diz respeito à invocação e ao controle das forças substanciais e elementais do mundo manifestado, mas da invocação que suscitará o contato com as vidas espirituais e as energias divinas corporificadas, e também com a Hierarquia (que é Sua intermediária) a fim de propiciar a manifestação na Terra da alma da humanidade e das qualidades da vida divina interna e subjetiva que todas as formas externas encobrem. Isto agora é possível pela primeira vez na vida do planeta.
O objetivo destes processos de invocação é tríplice:
1. Invocar a alma da humanidade e assim fazer com que se expresse mais livremente no plano físico, o que pode se produzir de duas maneiras:
a. Pelo estímulo das almas dos homens em todas as partes, graças ao maior afluxo do princípio de amor crístico, que se expressará no mundo pela compreensão, boa vontade, cooperação e paz.
b. Pela instauração, dentro da própria humanidade, de uma vibração de tal potência que atrairá magneticamente uma resposta da atenta e expectante Hierarquia e dará como resultado uma relação muito mais estreita e também consciente entre os dois centros planetários, a Hierarquia e a Humanidade.
É o que se chama de invocação da Grande Loja Branca. Grande parte desta invocação do princípio crístico é empreendida pelos verdadeiros crentes de todos os países (cristãos e não-cristãos) que se dirigem ao Cristo, qualquer que seja o nome com que O reconheçam, e ao sentir amor por Ele e por seus semelhantes, procuram melhorar as condições mundiais, pôr fim ao ódio e ao sofrimento e a demonstrar boa vontade em todas as partes. Isto se refere à primeira etapa da evocação de uma resposta ao amor e à compreensão, nos corações e mentes humanos, como resultado da invocação do Cristo e do princípio crístico. Reflitam sobre estas palavras e vejam que o processo avança em todas as partes. Os estudantes de esoterismo são propensos a superestimar a efetividade do trabalho que eles realizam. A aspiração concentrada e a luta altruísta para prestar serviço, que caracterizam milhões de pessoas no mundo que realmente oram, seguem e procuram invocar o grande Guia espiritual da Hierarquia, o Mestre de Mestres, o Cristo, chegou agora a um ponto de verdadeira e real eficácia. É possível, e em geral assim é, que não haja muitos traços de atividade mental ou de percepção intelectual das implicações ou da natureza científica de seu procedimento, mas é, por esta mesma razão, poderosa. Os estudantes de esoterismo e ocultismo manifestam quase inevitavelmente um enfoque dividido, devido à atividade da mente e à incapacidade de fusionar perfeitamente, por ora, a alma e a personalidade. Isto leva à dissipação da energia e muitas vezes faz com que suas boas intenções sejam inúteis. Mas destes grupos estão surgindo rapidamente aqueles que sabem trabalhar da maneira correta e os resultados serão cada vez mais eficazes.
A evocação da Hierarquia mediante a correta invocação, está avançando rapidamente, produzindo grande atividade e resposta da Hierarquia da Luz.
2. Estabelecer uma relação mais estreita com Shamballa, o terceiro centro maior divino do nosso planeta. Desse centro parte a vontade de Deus, e o poder de Deus se converte no mensageiro de Sua vontade. Até agora, essa forma mais elevada de energia espiritual só chegou à humanidade (como lhes disse antes) através da Hierarquia. Hoje se considera desejável verificar se no planeta há pessoas altruístas e conscientes-de-grupo em número suficiente para justificar que a humanidade receba uma afluência direta dessa energia superior, produzindo assim, no plano físico, um aceleramento do plano divino e um desenvolvimento mais rápido do que há de ser. Este contato direto se produzirá se a Grande Invocação for utilizada pelos aspirantes e discípulos do mundo em colaboração com a Hierarquia. Daí minha insistência para que todos vocês usem esta Grande Invocação como almas e como aqueles que estabeleceram certa pequena medida de contato com a Hierarquia.
Quando a nota da humanidade e a nota da Hierarquia se sincronizarem pelo uso da Grande Invocação, virá uma resposta dinâmica e imediata de Shamballa e se produzirá rapidamente o que a Hierarquia e os discípulos do mundo desejam ver.
O principal resultado do uso correto da Grande Invocação (no que diz respeito à humanidade) é aceleração. Como assinalei, esta aceleração comporta seus riscos e, em consequência, temos o surgimento de problemas verdadeiramente tremendos e dos funestos acontecimentos que, durante muitos anos, se abateram sobre os aspirantes e discípulos no mundo. Por este processo, eles estão aprendendo o trabalho de salvação do mundo, capacitando-se gradualmente para ocupar o posto de salvador do mundo e ser aqueles que absorvem o mau carma. Talvez vocês assinalem, corretamente, que hoje todo o mundo está padecendo e que os últimos vinte e cinco anos foram de um generalizado e mais que penoso carma mundial. Onde se situa a diferença entre a dor e o sofrimento do mundo em geral e o dos aspirantes e discípulos em particular? Direi que os aspirantes e discípulos são conscientes deste carma e seus resultados nos três veículos simultaneamente - na mente, como também no corpo emocional, com as resultantes reações físicas. Isto produz uma intensificação, retrospecção e expectativa que a grande massa não registra, pois envolve toda a personalidade. Acrescente-se a isto, no caso do discípulo em particular, a sensibilidade e a capacidade de sintonizar e absorver a dor do mundo, as reações do mundo e as condições do mundo, aumentando desse modo, consideravelmente, o que eles devem suportar em termos individuais. A capacidade de registrar e aguentar a dor grupal, além de suportar seu próprio carma pessoal, agrava grandemente a tarefa do discípulo.
Portanto, quando conclamo os aspirantes e discípulos mundiais para usarem a Grande Invocação, também os estou chamando para a "comunhão dos sofrimentos do Cristo”, que é sempre preliminar à ressurreição, ou à liberação da consciência humana para reinos superiores de percepção espiritual. As Forças contatadas pelo uso desta Grande Invocação, em conjunto com o competente esforço da Hierarquia, são assim atraídas e impelidas magneticamente a responder, de maneira que potentes energias podem ser enviadas diretamente ao expectante centro planetário, a Humanidade. Como consequência, durante um período específico de tempo, são provocados dois efeitos de natureza imediata:
a. A energia da Vontade de Deus serve para despertar a iluminada, mas latente, vontade-para-o-bem nos homens e que, quando dinamicamente desperta, florescerá como boa vontade. Há muito disto que permanece latente e não expresso, porque a vontade de demonstrar atividade de boa vontade ainda não foi ativada; será automaticamente ativada no público em geral uma vez que os discípulos do mundo tenham invocado e evocado a afluência desta energia dinâmica superior. A humanidade assim espera, e sua chegada depende dos esforços daqueles que sabem o que deve ser feito e que agora devem converter as teorias espirituais em fatos de expressão externa. Nada pode deter o progresso desta vontade-para-o-bem e sua atividade planejada, como um botão que começou a abrir as pétalas para a luz do sol e se submeteu ao estímulo adequado não pode voltar à condição de botão firmemente fechado, potencial, mas não expresso. A expressão do que foi potencial será o resultado do impacto da força de primeiro raio, da vontade-para-o-bem neste momento, induzida pelos esforços dos discípulos mundiais.
b. O segundo efeito será a formação ou constituição de um triângulo planetário ou tríade reconhecível, que será a correspondência entre os três centros planetários e a tríade espiritual: Mônada, Alma e Personalidade (atma-budi-manas da literatura teosófica). Até agora a palavra alinhamento é a que melhor descreve a situação planetária; houve uma linha direta pela qual afluiu energia de Shamballa para a Hierarquia e da Hierarquia para a Humanidade, mas isto não significou nenhuma interação direta entre a Humanidade e Shamballa. Se a Grande Invocação puder se tornar eficaz, a humanidade poderá então estabelecer uma relação direta com Shamballa. O resultante triângulo de relação de força promoverá a circulação de energias espirituais entre os três centros de um ponto a outro, de maneira que haverá uma tríplice relação. Um processo planetário de dar e receber se estabelecerá então entre os três, e a ênfase em dar será muito mais pronunciada.
Agora vocês compreenderão um pouco o objetivo oculto por trás das palavras que pedi a todos que entoassem em conexão com a Grande Invocação:
Conhecemos, Oh Senhor de Vida e de Amor, a necessidade;
Toca novamente nossos corações com amor,
Para que também nós possamos amar e dar.
É esta ideia da livre circulação de energia entre os três centros mundiais que motiva esta frase mântrica. Ao estudá-la, veremos como a implicação e o significado de palavras aparentemente simples podem ser muito mais profundos e de maior alcance em seu efeito do que vocês seriam capazes de conceber. Um reconhecimento disto e um criativo e ardoroso uso da imaginação podem servir para agregar maior potência ao pensamento e à vontade-para-o-bem pessoal quando usam a Grande Invocação e seu mantra subsidiário. A nota-chave do primeiro aspecto é Sacrifício e, a do segundo, Amor. Portanto, as palavras "para que também nós possamos amar e dar” podem estabelecer um contato os dois.
Uma indicação quanto à significação da dor e do sofrimento penetrará também gradualmente na consciência do mundo, à medida que se fizer um estudo das afirmações acima. O sofrimento é o modo mais eficaz e rápido de evocar a compreensão mundial e de queimar as barreiras que os seres humanos ergueram à expressão da vontade-para-o-bem. Um dos resultados mais benéficos da afluência da força de Shamballa pela demanda enfocada dos aspirantes e discípulos do mundo será o inteligente reconhecimento da utilidade da dor e do sofrimento. Esta verdade - distorcida e egoisticamente mal aplicada e interpretada - levou certos tipos de pessoas e certos blocos de governantes entre as nações a adotar a posição de que quanto maior é o sofrimento infligido (como, por exemplo, em épocas de guerra) e maior o procedimento de terror, tanto mais rápido é o fim desejável e correto; muitas vezes sustentam que quanto mais atrozes forem os efeitos das condições planejadas, tanto mais rapidamente se obterá a correta consumação. Entretanto, não é dever ou direito do homem dirigir a força de primeiro raio para fins egoístas ou objetivos materiais; a responsabilidade não pode ser velada por trás de enganosas e distorcidas meias verdades nem se pode fazer o mal para obter um bem. O que o Senhor do Mundo aplica em Shamballa sob a motivação do amor, da sabedoria e do altruísmo, com seguro tato e critério com relação a períodos e ciclos, não pode ser assim utilizado por aqueles que estão motivados por objetivos da personalidade, seja em escala individual ou da personalidade - porque as nações, como os indivíduos, têm personalidade. Reflitam sobre isto e busquem iluminação a partir da alma.
3. Quando a Grande Invocação é assim usada de maneira correta e, em consequência, os centros mundiais estão conscientemente em inter-relação, certas Energias extraplanetárias podem ser atraídas pelo Regente de Shamballa, a fim de ajudar nos reajustes necessários para a Nova Era e sua futura civilização. Estas Forças - de natureza espiritual e potentes - existem em duas categorias: forças solares interplanetárias e forças cósmicas que penetram em nosso sistema solar via Júpiter, como transmissor de energias divinas oriundas de Virgem e Aquário, que Júpiter rege esotericamente. Virgem é esotericamente a mãe do Cristo-menino e, portanto, emana energias que nutrem e ajudam a desenvolver a consciência crística; Aquário é a expressão vindoura da consciência de grupo, que é a primeira e imediata revelação da sempre presente consciência crística, em vasta escala, na humanidade. Também Júpiter, exotericamente e do ângulo da astrologia ortodoxa, rege Sagitário, o signo do discipulado, e também Peixes, o signo dos salvadores do mundo. As implicações serão evidentes, portanto, para os verdadeiros estudantes.
Ao considerar estas grandes Energias, pouco podem fazer vocês além de aceitar - se assim estiverem dispostos - minhas declarações sobre as mesmas, considerando-as como hipóteses interessantes e simplesmente explanatórias. Pouco vocês (como eu também não) podem fazer para chegar ao conhecimento de primeira mão dos fatos nesta linha. Inclusive, poucos membros da Hierarquia são conscientes do impacto da força proveniente de centros extrassolares ou reservatórios de força espiritual. Somente o grupo de Contemplativos na Hierarquia, aos quais se dá o nome exotérico de Nirmanakayas, são responsivos à Sua influência de maneira algo consciente e somente quando essa influência foi atenuada por certos poderosos agentes em Shamballa. Não é necessário para mim nem para vocês dizer algo mais a respeito d’Eles, mas Os mencionarei brevemente de novo mais adiante neste artigo.
Antes de considerar a Grande Invocação frase por frase, gostaria de mencionar brevemente o método necessário, à medida que vocês procuram entoá-la de maneira correta e eficaz:
Primeiro, lembrem-se do necessário processo de alinhamento, no qual fazem duas coisas:
1. Esforçam-se conscientemente (o que para a maioria de vocês hoje significa imaginativamente) por alinhar ou vincular alma, mente e cérebro, a fim de que haja uma afluência direta e livre do Eu Superior para o inferior.
2. Esforçam-se por compreender ou registrar a relação de vocês com a Hierarquia, via seu próprio grupo de discípulos (se sabem qual é) ou em relação com qualquer dos Grandes Seres ou Mestres que mais atraia seu coração e mente. Se nenhum destes atrai a sua consciência, os mesmos resultados serão alcançados se procurarem se conectar com o Cristo.
Aqui eu poderia assinalar que a diferença entre a relação que vocês podem estabelecer efetivamente e a que realiza um Membro da própria Hierarquia, é que vocês se conectam via Hierarquia e em seguida, por meio da Grande Invocação, chegam a Shamballa, enquanto os iniciados e os Mestres se vinculam Eles Mesmos diretamente com Shamballa e usam a Grande Invocação de uma maneira totalmente distinta da que vocês fazem. Para vocês e para o aspirante comum, não há contato direto, e isso é definitivamente uma sorte para vocês. Não posso esclarecer mais.
A segunda coisa que fazem é se enfocar na consciência mais elevada que puderem alcançar. Então visam o completo autoesquecimento e, quando for obtido, dirigem a atenção para a dupla atividade do verdadeiro discípulo à qual me referi acima, isto é, a tarefa de enfatizar uma compreensão significativa das implicações e significados das palavras pronunciadas e dos resultados a alcançar. Segue-se a emissão das palavras com sua potência oculta e isto deve ser feito por vocês como alma, usando a mente e o cérebro como agentes.
Integração, atividade consciente e a expressão do trabalho a ser feito no plano físico cobre toda a questão. Levados adiante corretamente se mostrarão eficazes. Esclareceria as coisas para vocês se eu dissesse que:
1. A Integração corresponde, na consciência, à aspiração. É o retraimento da consciência para o ponto mais elevado possível.
2. A Atividade consciente corresponde ao uso correto do intervalo entre aspiração e a expiração. Implica o reconhecimento das forças contatadas e no propósito delas.
3. A Expressão correta corresponde ao período de expiração. É lançar as forças contatadas por um ato da vontade para que possam produzir os resultados desejados.
Não se esqueçam de que tem de ser um esforço grupal e deve ser realizado em cooperação com a Hierarquia. Implica também o reconhecimento de que a alma é uma só e que não há tal coisa de minha alma - somente nossa alma.
Ao considerar as cinco frases que formam o que poderíamos chamar de mandado da Grande Invocação (consulte neste livro), gostaria, antes de tudo, de destacar algumas ideias básicas subjacentes.
Esta Grande Invocação é empregada pela Hierarquia desde o ano 1425 da nossa era, embora date de milhares de anos antes disso. Entretanto, como a humanidade não estava preparada para colaborar em seu emprego, os resultados foram retardados e considerados como "suspensos”. Não sei como expressar de outra maneira os resultados já obtidos. Hoje podem ser acelerados se a humanidade colaborar corretamente, e tal colaboração parece ser possível agora, de imediato.
A primeira frase, Que as Forças da Luz tragam iluminação a toda a humanidade invoca de maneira precisa potências que se encontram em níveis monádicos da consciência e que no ocultismo é chamado de segundo plano da manifestação divina. Estas Forças incluem o Senhor do Mundo e os Representantes dos sete planetas sagrados, mencionados pela Bíblia cristã sob o nome de "sete Espíritos ante o Trono de Deus”. Compreendem também os três Agentes da Trindade Divina, conhecidos esotericamente no Oriente como os três Kumaras ou os três Budas de Atividade.
O que significam estes nomes e estas grandes Individualidades para vocês e a humanidade comum? Absolutamente nada, e necessariamente tem que ser assim. São simples nomes e possíveis expressões hipotéticas da divindade, até depois da terceira iniciação, quando é possível o reconhecimento consciente da Mônada. Então poderá se demonstrar que as Forças e Energias, personificadas para nós nestas grandes e maravilhosas Vidas, têm existência real. Antes de chegar a estes reconhecimentos fundamentais, seus três Representantes nos limites da Hierarquia devem ser conhecidos e aceitos como as Atividades em função que Lhes correspondem. São Eles: o Manu, ponto focal do primeiro Raio de Vontade ou Poder; o Cristo, Guia da Hierarquia e representante do segundo Raio de Amor-Sabedoria e o Senhor da Civilização, a Expressão do Terceiro Raio de Inteligência Ativa. Este conhecimento se adquire durante o processo de instrução para as primeiras três iniciações. Portanto, tudo o que lhes digo aqui deve ser considerado como passível de verificação, tendo sido testemunhado por todos os textos sagrados do mundo e pelos iniciados de todos os países, mas necessariamente não verificado por vocês pessoalmente até uma data futura e bem distante do seu desenvolvimento.
O Espírito da Paz invocado na segunda frase, Que o Espírito da Paz se irradie pelo mundo, é a Entidade divina misteriosa com a qual o Cristo entrou em contato e cuja influência atuou através d’Ele quando adquiriu o direito de ser chamado de "Príncipe da Paz”. Como já lhes disse em outra parte, em meus escritos anteriores, o Cristo encarnou em Si mesmo o princípio cósmico do amor, cuja expressão, na manifestação, se revelará como "Glória a Deus, paz na Terra e boa vontade entre os homens”. Em seu nascimento, os anjos o testemunharam. Ele expressou este princípio do amor em sua vida e serviço mundial, e com isso vinculou definitivamente o nosso planeta e a humanidade, em particular, com a Fonte de luz, de amor e de vida à qual nos referimos nesta segunda frase e que não será amplamente reconhecida até que esta poderosa Invocação tenha produzido o devido efeito.
Quando os aspirantes e discípulos do mundo usam esta Invocação, a primeira frase leva a consciência até a Hierarquia de Luz, centro intermediário entre a Humanidade e Shamballa. Serve então para destacar e estabelecer um estreito contato, mesclando e fusionando os centros humano e hierárquico. Quando isto ocorre, a Hierarquia pode então usar esta Grande Invocação com maior potência, levar esta relação a um estado mais elevado ainda, e produzir uma fusão com o centro Shamballa, onde se encontram as Forças da Luz como Presenças encarnadas e onde Sua enfocada energia serve para prover grandes reservas de luz e amor, as quais até agora não estavam disponíveis para distribuição planetária, devido à falta de relação entre os três centros: a Humanidade, a Hierarquia e Shamballa. Esta relação está começando a se estabelecer a afluência de luz e de amor para a humanidade é possível agora, se os discípulos e aspirantes do mundo puderem ser guiados para fazer o esforço necessário para permanecer no ser espiritual e, nesta atitude equilibrada e atenta, invocar estas grandes Entidades. A história do Novo Testamento se refere a esta possibilidade, quando menciona o reservatório que às vezes era agitado pelo Anjo e assim produzia uma condição que propiciava cura aos doentes. O Anjo da Presença, a alma da humanidade, encarnada pela Hierarquia e aqueles que estão conscientemente se empenhando para atuar como almas podem agora agitar esses reservatórios de força e de luz nos níveis etéricos em Shamballa para que possa ocorrer uma decisiva "cura das nações”.
Quando a ideia que subjaz na Grande Invocação puder se elevar suficientemente na consciência de quem a emprega mediante o esforço conjunto dos discípulos do mundo e da Hierarquia da Luz - com o reforço das Forças da Luz - então o Espírito da Paz poderá ser invocado.
Em uma volta inferior da espiral observarão que o Festival de Wesak representa uma invocação e um processo similares. Trata-se de um ensaio e de um processo de treinamento. Naquela oportunidade, os três Representantes de Shamballa na Hierarquia - o Manu, o Cristo e o Mahachoan - invocam o Buda que, por sua vez, é o transmissor de Forças ainda mais elevadas. Ele é invocado por um mantra especial e transmite este chamado ao Ser do qual Ele é o agente. Se a Grande Invocação que estamos estudando puder ser pronunciada corretamente, os três grandes centros planetários poderão se relacionar da mesma maneira. O Senhor da Civilização, o Mestre R., representando a humanidade, o Cristo, representando a Hierarquia e o Senhor do Mundo, vinculado por meio do Manu e representando Shamballa, poderão ser postos em estreita relação. O resultado será a instauração de uma vibração e de uma nota tão potentes que o Espírito da Paz será invocado e contatado. A expressão vocal deste apelo obrigará sua atenção a se voltar para o nosso planeta. As consequências serão significativas e potentes, mas, quanto à forma que tomarão, me é impossível dizer. Talvez leve a uma peculiar e poderosa demonstração do significado da paz como expressão do amor universal e planetário; talvez provoque o envio de um Avatar ou Mensageiro da Paz que guie as nações para a ação correta; talvez ocorra um acontecimento de tal significado que sua importância será imediatamente reconhecida pela humanidade como um todo, induzindo- a a tomar as medidas necessárias para restaurar as corretas relações humanas. A natureza das atividades que o Espírito da Paz irá instituir não é nossa responsabilidade. Nosso dever é aprender a entrar corretamente em contato com a Hierarquia, por intermédio de nossas próprias almas; empregar corretamente a Grande Invocação como almas e responder corretamente e ser sensíveis aos efeitos resultantes. Reflitam sobre isso.
Portanto, poderíamos observar que as Forças da Luz se expressam por intermédio da Hierarquia de Luz, sendo seu efeito principal iluminar as mentes dos homens com amor e luz. Isto se precipita no plano mental. Assim, a personalidade, o aspecto forma da humanidade, é compenetrada e iluminada. Desta maneira, o terceiro grande centro planetário, a Humanidade, se torna criador e magnético, e os dois aspectos divinos - inteligência e amor - alcançarão a maturidade no plano físico, viabilizando que o primeiro aspecto, a vontade de Deus (compreendida pela humanidade como o Plano) seja executada conscientemente na Terra, de acordo com a atividade instituída em Shamballa. A vontade de Deus é Desígnio e esse, pela primeira vez, será reconhecido conscientemente pelo homem.
Quando chegar o momento oportuno, o Espírito da Paz vitalizará, via a influência da Hierarquia, a receptividade da humanidade à vontade de Deus, que tem por intenção básica trazer a paz sobre a terra. O que é a paz? É essencialmente o estabelecimento de corretas relações humanas, de relações de síntese que levam à cooperação, de correta interação entre os três centros planetários e de compreensão iluminada e amorosa da vontade de Deus, na medida que afeta a humanidade e executa o desígnio divino. Por esta razão o Cristo, Que pela primeira vez na história planetária estabeleceu contato entre a Hierarquia, a Humanidade, Shamballa e o Espírito da Paz, em Seu próprio plano elevado, em Sua primeira declaração registrada disse que Ele devia se ocupar dos assuntos de Seu Pai e depois, no final de Sua vida, reiterou o mesmo pensamento nas palavras: "Pai, não minha vontade, mas a Tua seja feita”, levando assim o pensamento a um plano mais elevado, porque Se dirigia ao Pai, o primeiro aspecto da divindade. Então, enfocou em Si Mesmo os dois atributos e aspectos divinos principais - a vontade e o amor (atma-budi) - e, devido a isso, Sua consciência se tornou extraplanetária, como é a consciência do Senhor do Mundo. Foi então possível para Ele entrar em contato com certas alturas da consciência e contatar certos Agentes solares, com os quais o homem nunca tinha entrado em contato. Esta realização O capacitou a colocar a Humanidade em contato com o Espírito da Paz. Ele próprio se tornou, assim, a Luz do Mundo e o Príncipe da Paz.
Desta maneira Shamballa e a Hierarquia se colocaram em estreita relação e duas grandes correntes de força se fusionaram, estabelecendo-se uma verdadeira influência recíproca entre elas. Quando o Buda alcançou a iluminação, estabeleceu o primeiro grande vínculo com as Forças de Luz. O Cristo estabeleceu o primeiro grande vínculo com o Espírito da Paz, por Sua capacidade de expressar a vontade de Deus pelo amor e pela salvação do mundo.
Se estudarem as informações acima com cuidado, perceberão que a importância do Festival de Wesak, no momento da Lua cheia de Touro, em maio, assumirá uma importância maior em suas mentes. Neste festival se relacionam três fatores importantes para a humanidade:
1. O Buda, a personificação ou agente das Forças da Luz, pode ser contatado e o que essas forças procuram transmitir à humanidade pode ser conscientemente apropriado.
2. O Cristo, a personificação do amor e da vontade de Deus e agente do Espírito da Paz, também pode ser contatado e a humanidade pode ser treinada para se apropriar deste tipo extraplanetário de energia.
3. Por intermédio do Cristo e do Buda, a humanidade pode agora estabelecer uma estreita relação com Shamballa e em seguida dar a própria contribuição - como centro mundial - à vida planetária. Compenetrada pela luz e controlada pelo Espírito da Paz, a expressão da vontade-para-o-bem da humanidade pode emanar poderosamente deste terceiro centro planetário. Então a humanidade iniciará, pela primeira vez, a tarefa que lhe foi designada na qualidade de intermediária inteligente e amorosa entre os estados superiores de consciência planetária, os estados super-humanos e os reinos subumanos. Assim a humanidade se tornará, oportunamente, o salvador planetário.
Se mantiverem estas ideias na mente, as três primeiras frases da Grande Invocação assumirão um grande significado. Permitam-me colocar algumas destas significações de maneira esquematizada:
Que as Forças da Luz tragam iluminação a toda a humanidade | |
---|---|
Intermediário | A Hierarquia. Consciência egoica. |
Agente | O Buda |
Expressão | Luz. Compreensão. Mente iluminada. |
Planos enfatizados | Segundo plano (monádico). Plano búdico (intuicional). Plano mental. |
Ponto focal | Centro da cabeça. |
Centro planetário | A Hierarquia. |
Que o Espírito da Paz se irradie pelo mundo | |
Intermediário | Shamballa. Consciência espiritual. |
Agente | O Cristo. |
Expressão | A vontade de Deus como amor e paz Resposta sensível. |
Planos enfatizados | O plano logoico (primeiro plano). O plano búdico (intuicional). O plano astral (emocional). |
Ponto focal | O centro do coração. |
Centro planetário | Shamballa. |
Que os homens de boa vontade de todas as partes se unam em espírito de cooperação | |
Intermediário | A humanidade. Autoconsciência. |
Agente | O Senhor da Civilização. |
Expressão | O amor inteligente, dedicado ao Plano. Criatividade. A vontade-para-o-bem. |
Planos enfatizados | O plano átmico (plano da vontade espiritual). O plano mental. O plano físico. |
Ponto focal | O centro da garganta. |
Centro planetário | A Humanidade. |
Assim todos os grandes centros se vinculam e todos os planos se inter-relacionam; o passado contribuiu com seu trabalho finalizado; o presente está evocando seu justo e correto desenvolvimento; aparece o maravilhoso futuro de possibilidades divinas - seus resultados dependem de um espírito de correta compreensão e invocação. Três enunciados do Novo Testamento começam a demonstrar sua profunda significação esotérica e sua extraordinária potência de vida:
Eu sou a Luz do Mundo | As Forças da luz. Frase Um. Segundo aspecto. |
Eu vos dou a minha paz | O Espírito da Paz. Frase Dois. Primeiro aspecto. |
Ama a teu próximo como a ti mesmo | Os Homens de Boa Vontade. Frase Três. Terceiro aspecto. |
Os três aspectos da divindade do homem chegam à expressão prática devido à influência da Grande Invocação, tanto por sua utilidade viva como por sua verdadeira compreensão - verdadeira pelo menos na medida em que a etapa de evolução do homem lhe permita a compreensão correta de seu significado. A Boa Vontade, como uma expressão prática e possível do amor, se manifesta na Terra, fomentando corretas relações. A Luz, como expressão da Hierarquia, é vertida na consciência humana, iluminando todos os recantos obscuros e evocando uma resposta de todas as formas de vida nos três mundos da manifestação e nos três reinos subumanos por intermédio do humano. A paz, como expressão da vontade de Shamballa, produz equilíbrio, síntese e compreensão e um espírito de invocação que, sendo basicamente uma ação, dá origem a uma reação. Isto se revela como o primeiro grande trabalho criador e mágico de que a humanidade é capaz, levando os três aspectos divinos a uma atividade simultânea, de acordo com a vontade de Deus.
Chegamos agora às duas últimas frases que resumem os efeitos - de síntese, eternos (e, portanto, duradouros) que o estabelecimento de uma relação direta com Shamballa produzirá nos outros dois centros planetários, a Hierarquia e a Humanidade. Refiro-me aos efeitos que se expressarão como atividade grupal, motivada pelos valores essenciais do altruísmo e do esforço perseverante (que, em última análise, é concentração sustentada), produzindo assim condições que o Senhor do Mundo, o Ancião dos Dias, espera há muito. A paciência e o amor sustentador de Shamballa são infinitos.
A quarta frase diz: Que o perdão (o dom de si) por parte de todos os homens seja a nota-chave desta época. Como bem sabem, a palavra "perdão”é curiosa e pouco comum e significa simplesmente (de acordo com as melhores fontes de estudo de palavras derivadas) "dar para”, "esquecimento das ofensas” . Portanto, "forgiveness” não é sinônimo de perdão, embora os círculos teológicos tenham distorcido o seu significado, tão pouco a Igreja compreendeu o poder fundamental e motivador subjacente à expressão divina em nosso sistema solar. Os teólogos pensam sempre em termos da mente humana, e não da mente divina. "Forgiveness” é o sacrifício, o dom de si, até mesmo o dom da própria vida em benefício dos outros e de todo o grupo. Este espírito de sacrifício está sempre presente quando há um contato correto com a força de Shamballa, mesmo na mais ínfima medida, e se sente e compreende o impulso subjacente na amorosa vontade de Deus, acompanhada, como sempre, do desejo de participar dessa vontade e de seu espírito de sacrifício divino. A própria manifestação é o Grande Dom de Si . As extraordinárias vidas - externas à existência manifestada - vieram à manifestação para se darem às vidas e formas de existência inferiores, para que elas possam progredir para a meta que só a Deidade conhece, e alcançar assim, um dia, graus elevados de expressão espiritual. A realização é sempre seguida do sacrifício, o maior doando ao menor. É um aspecto da Lei de Evolução. Assim são a nota e o tema do processo de criação e o significado básico da frase "Deus é Amor”, pois amor significa dom e sacrifício, pelo menos neste sistema solar.
É por esta razão que o ensinamento esotérico acentua o fato de que a alma do homem é um Senhor do Sacrifício e da persistente e amorosa Devoção - as duas destacadas qualidades das Vidas de Shamballa, que sustentam a vida e dão. É a consagração perpétua ao bem do todo ou expressão do espírito de síntese e de sacrifício, para que todas as vidas menores (como as que estão encarnadas na personalidade do homem) possam se elevar à "ressurreição que está no Cristo” mediante a crucificação ou o sacrifício da alma na Cruz da Matéria.
Este pensamento, além disso, confere significação à vida do Cristo na Terra, durante a qual ele repassou para nós um eterno processo, exteriorizando-o de tal maneira que se tornou o símbolo do motivo de todo o universo manifestado e do impulso que deveria dirigir cada um de nós - a crucificação e a morte, a ressurreição e a vida, e a consequente salvação do todo.
É este pensamento que está encarnado no apelo lançado pela quarta frase da Grande Invocação e que significa literalmente: “Que os homens, de todas as partes, respondam à nota-chave do universo e se deem aos outros”.
E não é esta, de maneira indistinta e incerta, a nota-chave atual do esforço humano? Apesar de uma real incapacidade de pensar de maneira correta, efetiva e intuitiva, as massas de todos os países estão respondendo clara e nitidamente a esta nota de sacrifício. Os governantes das grandes nações de toda parte estão usando esta nota para convocar seus povos ao sacrifício. Os líderes da Alemanha chamaram seus homens à luta com a exortação ao sacrifício, dizendo-lhes que deveriam dar suas vidas para que a Alemanha pudesse viver. Um estudo dos discursos dos líderes alemães comprovará que contêm esta nota. O outro grupo, que vocês chamam de Aliados (porque defendem mais especificamente o bem do todo e não o bem da nação ou unidade separada) também está convocando as massas para lutar pelo bem da civilização e pela preservação dos valores que, na escala da evolução representam o futuro imediato e são essenciais para o bem geral. As palavras que formulam essas convocações e seus objetivos podem diferir, mas o tema é o mesmo; e o efeito é fazer surgir o espírito de sacrifício nas nações. Embora as motivações subjacentes nessas convocações possam ser mistas, e os líderes impelidos tanto pelo oportunismo, o egoísmo, pelos interesses nacionais egoístas, como pelo bem geral, eles sabem que, a nota que evocará uma resposta imediata por parte da unidade e do indivíduo é fundamentalmente o bem da unidade maior, a nação, ou o grupo de nações. Portanto, o dom de siou o sacrifício para salvar os outros é cada vez mais reconhecido como a nota-chave necessária nos tempos presentes. Neste reconhecimento reside muito do que justifica a penosa história dos processos e métodos de evolução do passado. Quando se reconhecer que “dar” implica um correto viver no plano físico e não (como muitas vezes se crê) na morte do corpo físico, veremos um mundo revitalizado. É o Cristo vivo (o Salvador mundial vivo) que salva a humanidade. É o sacrifício, dia após dia, no processo da vida diária que pode salvar o mundo dos homens - o sacrifício dos interesses pessoais egoístas para bem de todos e a consagração da vida prática à salvação do mundo. Viver a fim de que outros também possam viver é o tema do Novo Testamento. Portanto, quando este modo de sacrifício entrar no reino dos valores mais sutis e subjetivos, e o verdadeiro significado do “forgiveness” for compreendido de maneira intelectual, prática e espiritual, a nova era será abundantemente realizada com sua civilização de fato humana e uma cultura que encarnará as realidades do ensinamento esotérico e também o melhor do exteriorizado no passado. Então, e somente então, o novo esoterismo será revelado a uma raça de homens que tiver feito da aspiração uma realidade em sua experiência externa. A atitude das massas no conflito atual é a garantia disso, como também a prova do êxito da missão do Cristo.
O resultado do que está acontecendo hoje produzirá, cedo ou tarde, uma unificação de todas as nações e povos. A unificação é sempre (segundo a lei da evolução) consequência do sacrifício. O sacrifício do Cristo foi o símbolo e a garantia disto, pois Sua vida e atividades foram impulsionadas pelo Espírito da Paz. Assim como Ele fez "de dois um homem novo, trazendo a paz” (Ef. 2:15), da mesma maneira hoje, a partir da dualidade alma-corpo, a humanidade está alcançando a mesma meta, e o resultado desta etapa final da era de Peixes será uma fusão em consciência de alma e corpo. A Era de Aquário demonstrará uma crescente expressão desta unificação, forjada na crucificação da humanidade no momento atual. A diferença entre esta etapa vindoura e a do passado está em que, no passado, a alma procurou este desenvolvimento e unificação e (do ângulo da evolução) chegou a ela de maneira lenta e gradual. No futuro, esta unificação será conscientemente buscada, alcançada e reconhecida pelo homem no plano físico, como resultado do período atual de “giving-for” ao todo o melhor que o indivíduo for capaz de dar.
Gostaria de assinalar que, tal como as energias liberadas pelo emprego das três primeiras frases da Invocação se relacionam com a cabeça (Shamballa), o coração (a Hierarquia), com o centro da garganta (a Humanidade), assim também o emprego correto desta quarta frase fomentará a atividade consciente e ativa do centro entre as sobrancelhas, o centro ajna no homem individual e na humanidade como um todo. Este centro começa a se tornar ativo e a atuar de maneira dinâmica, governando e dirigindo as energias individuais quando uma real medida de integração da personalidade estiver realizada. Como bem sabem, o quarto centro se encontra acima do diafragma no corpo humano, e a frase que o desperta (tanto individual como grupalmente) é a quarta. Portanto, há uma correspondência numérica. Quando for empregada com sabedoria e inteligência pelos seres humanos, uma grande parte da potência unificada, liberada pelas três primeiras frases, será invocada e disponibilizada para o indivíduo e para o grupo. Será então possível fazer convergir estas forças para o centro ajna e utilizá-las. Portanto, e de muitas maneiras, esta quarta frase da Grande Invocação é de primordial importância tanto para o indivíduo como para a humanidade, pois ela invoca grandes e vitais potências e indica o processo (o sacrifício) e o desígnio, assim como a identificação da unidade e do grupo, com a intenção básica da manifestação.
A quinta frase: Que o poder acompanhe os esforços dos Grandes Seres, está claramente relacionada ao efeito, na Hierarquia, do uso construtivo da Grande Invocação, assim como a frase anterior se relaciona com o efeito na humanidade. Este efeito na Hierarquia é relativamente novo e se deve à participação da humanidade no processo de invocação, o que produz novos efeitos e novos contatos. É o esforço conjunto dos dois grandes centros que é de suma importância e é nele que desejo que vocês se concentrem. O esforço unido dos dois grandes centros é de tão primordial importância, que eu gostaria que se concentrassem sobre ele. Quando o homem entoa esta frase, ele coloca o peso do apelo e do desejo humano por trás dos esforços ancestrais da Hierarquia, o que agora, pela primeira vez, é realmente possível em grande escala. Durante eons a Hierarquia lutou sozinha para ajudar e elevar a humanidade, para estimular o poder do centro planetário humano, para que um dia sua atividade vibratória fosse potente o suficiente para fazê-la entrar no campo magnético da atividade hierárquica. Esta longa tarefa teve êxito finalmente. A Hierarquia e a humanidade estão por fim em relação. É o reflexo ou a correspondência superior do que acontece na consciência de um ser humano que - tendo alcançado a etapa do discipulado - está a ponto de fusionar a luz da personalidade (tal como se expressa por meio do centro ajna e sua exteriorização, o corpo pituitário) com a luz da alma (tal como, por sua vez, se expressa pela luz na cabeça, ou centro da cabeça e sua exteriorização, a glândula pineal).
Observem novamente o significado prático das quarta e quinta frases da Grande Invocação. Uma atua para despertar a humanidade (como centro planetário) para a atividade e a realização; a outra para ajudar a Hierarquia em seus esforços milenares, de maneira que os dois centros se relacionem com o campo magnético recíproco; isso produz uma união e uma síntese que conduzirá a uma expressão mais plena da alma da divindade por meio da humanidade. Reflitam sobre esta afirmação.
No ensinamento esotérico, isto acontece na vida do indivíduo quando - por um ato da vontade - o centro na base da coluna vertebral desperta e o fogo e a luz da tríplice vida pessoal (das quais um dos aspectos muitas vezes é denominado de fogo kundalini) são levados para cima e fusionados com o poder e a luz da alma. Estas duas energias básicas, a da forma e a da alma (como expressão do espírito), são assim reunidas dentro do ser humano; ocorre então o "matrimônio nos céus”, e a tarefa do processo criador da encarnação ou manifestação individual está por encerrar. O mesmo processo acontece na vida planetária. A vida de toda a humanidade (a vida inteligente da forma) e a vida da Hierarquia (a vida da alma), sob o impulso do Espírito, o aspecto vontade simbolizado por Shamballa, são fusionadas e mescladas, possibilitando um novo começo no processo evolutivo. O reino de Deus (o reino das almas) e o reino humano, exprimindo-se mutuamente e estando inter-relacionados, formam uma síntese perfeita e são ancorados na Terra. A glória do Uno é então fracamente percebida; é a glória de Shamballa. O Morador do Umbral e o Anjo da Presença se colocam frente a frente.
É esta a situação hoje. Amanhã Eles se fusionarão e farão a síntese, e a Glória de Deus aparecerá na Terra. A segunda grande Aproximação estará então concluída.