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AS SEIS ETAPAS DO DISCIPULADO


Sétima Parte

Etapa IV. O Discípulo que está no Fio ou Sutratma

Com estas observações preliminares, passemos a outra das Etapas do Caminho do Discipulado. A quarta etapa é descrita como se segue:

"A etapa em que o discípulo é ensinado (nas emergências) a atrair a atenção do Mestre. Tem o nome peculiar de Discípulo que está no Fio ou Sutratma."

Toda a questão da sensibilidade psíquica de forma superior está envolvida nesta fase. Eu ensinei em meus escritos muito clara e definitivamente o indesejável das experiências psíquicas inferiores. Isto foi feito por ser muito importante alertar os aspirantes sobre este assunto. A dificuldade é reforçada pelo fato de que os médiuns inferiores não são facilmente acessíveis e advertidos, pois estão sempre determinados que seus poderes de clarividência e clariaudiência são indicativos do tipo avançado de elevado desenvolvimento espiritual. Suas mentes estão fechadas a qualquer advertência e eles funcionam muitas vezes por trás de uma barreira de presunçosa autossatisfação. Esquecem-se que as raças aborígines e animais são todos psíquicos e registram o que os tipos mais mentais não registram. A gente comum é inerentemente astral em suas atividades, suas interpretações dos fenômenos e suas atitudes e foco. É necessário, então, reforçar as advertências e despertar o psíquico comum para o indesejável de sua vida astral.

Os discípulos, no entanto, não colocam nenhum aspecto da manifestação divina fora do alcance de sua experiência. Eles sabem que psiquismo nas suas fases mais baixas é uma parte da expressão divina e é de natureza essencialmente mais elevada do que os processos puramente físicos de viver num corpo. Um discípulo não pode dizer que agora, porque ele é um discípulo, não está sujeito a esta, aquela, ou outra experiência. Ele tem que estar preparado para todas as experiências e para enfrentar o fato de que, eventualmente, todos os discípulos têm de se tornar médiuns, tanto superiores como inferiores, como foi o Cristo. A única salvaguarda para a qual ele trabalha é evitar que as potências inferiores se manifestem até que as faculdades psíquicas superiores estejam funcionando; então as inferiores são controladas e dirigidas (se é que posso expressar assim) a partir do nível elevado da consciência. Há, para a mente do discípulo, apenas vida e forma e ele está aprendendo a lidar com os processos da vida por meio da forma de modo a produzir uma manifestação divina.

O mundo hoje está entrando numa fase de extrema sensibilidade. Os discípulos devem treinar-se para ajudar. A mudança de consciência das pessoas comuns e medíocres será no sentido de níveis de astralismo consciente e o véu entre o visível e o invisível vai desaparecer rapidamente. Como os discípulos podem ser úteis nesse período difícil, se eles não têm experiência na distinção e interpretação que deve existir entre os aspectos fenomênicos? Como eles podem resgatar e proteger outras pessoas, se eles temem entrar em áreas da vida onde rege o psiquismo inferior? Não estou pedindo para vocês cultivarem os poderes psíquicos, mas eu peço que vocês mantenham-se em cuidadosa prontidão para ver e ouvir em todos os níveis de serviço, e saber o que vocês veem e ouvem, interpretando-o corretamente, não se tornando cegos pelo preconceito e medo. O Caminho do Discipulado não é um caminho fácil mas as suas compensações são adequadas. A compreensão desta fase do discipulado envolve sensibilidade psíquica.

Analisando muito resumidamente o empenho de estudar esta etapa, vê-se que existe uma correlação entre o discípulo, o Ashram em que ele está trabalhando e o Mestre. Esta correlação e o crescimento desta relação triangular é sempre induzida pelo discernimento da tensão. Muito material tem sido dado aos estudantes sobre o tema do fio, do sutratma e do antahkarana. Este fio leva, desde a Hierarquia e um ponto de tensão nesta Hierarquia (assim como o Mestre no centro de qualquer Ashram), a lugares distantes, a muitos planos e a muitos corações. Este fio permite ao discípulo (se ele foi permitido aprender como usá-lo) voltar instantaneamente ao seu centro de trabalho e chegar a qualquer momento desejado ao "Mestre de sua vida." Esta relação triangular pode ser representada da seguinte forma:

Uma extensão desta ideia está por trás do muito que ensinei sobre o Festival de Wesak e deve estar em suas mentes quando se prepararem para participar do Festival.

O tema completo sobre o discípulo que está no sutratma ou fio e as técnicas envolvidas neste estado de consciência estão todas relacionadas com a capacidade do ser humano, sob o controle da alma, para ser magnético e "emitir o chamado vibratório que pode chegar ao ouvido d'Aquele que mantém o sutratma ou fio." Esta é uma citação de um manuscrito muito antigo dos arquivos da Hierarquia, referindo-se a esta fase do discipulado. Pela primeira vez torno esta informação disponível de uma forma breve e necessariamente velada e inadequada para os discípulos que se reúnem neste ciclo ao chamado da Hierarquia. Somente aqueles que estão neste estágio do discipulado realmente compreenderão o que eu digo e tirarão proveito destas alusões.

Este quarto estágio só é possível para o discípulo que tem sido um discípulo aceito por mais de uma vida e que tem demonstrado sua capacidade de trabalhar com abnegação e pertinácia. Os requisitos podem ser demonstrados como se segue:

1. O discípulo conseguiu descentralizar-se e já não é o ponto de dramático interesse em seu próprio pequeno palco. Ele não está mais preocupado com a sua natureza sensorial, e o excessivo autointeresse, evidenciado por muitos, já não controla seus pensamentos e aspirações.

2. O discípulo pode agora trabalhar com impessoalidade, não importando o quanto sua própria natureza pessoal pode estar reagindo. Isto significa que seus próprios sentimentos, pensamentos, gostos, desgostos e desejos não são mais os fatores controladores; ele é condicionado em suas atividades diárias e relacionamentos só por aquelas intenções e atividades que são para o bem do grupo. Ele não sacrificará qualquer indivíduo para o bem do grupo até que seja feito o devido esforço para ajudar esse indivíduo a compreender e demonstrar corretas relações, mas não hesitará em tomar medidas firmes quando a necessidade e oportunidade surgir.

3. O discípulo tenha desenvolvido um senso de proporção quanto ao trabalho e ao valor relativo da sua contribuição para a obra do Mestre e a vida Ashram. Ele está voltado para a tarefa e a oportunidade, e não com o Mestre e com a sua posição individual nos pensamentos do Mestre. A maioria dos discípulos nas fases iniciais do seu noviciado nunca se esquece de que são discípulos. Isto é o que o Mestre Morya chamou de "presunçosa recordação da mente absorta em si mesma". É uma forma de orgulho velado que aos iniciantes é difícil evitar. Nunca, nem por um minuto, se esquecem do fato de seu discipulado e o Mestre, não importando quão ativo seja o serviço; entretanto - se fossem realmente trabalhar a partir de um ponto de tensão - esqueceriam por completo a existência do Mestre no trabalho a ser feito aos seus semelhantes.

4. O discípulo no sutratma ou fio chegou a um ponto onde se percebe a correspondência superior com a chamada "dupla personalidade", ou (em outras palavras) onde esse estado de consciência, do qual a dupla personalidade é a sombra e a distorção, faz a sua aparição. O discípulo é consciente simultaneamente de dois estados de consciência ou dois pontos de atividade concentrada:

a. O ponto de tensão espiritual em que ele se concentra e que ele se esforça para preservar inviolável e constante.
b. A esfera de atividade centrada nos três mundos, por meio da qual ele realiza seu trabalho e serviço como um discípulo.

Estes dois pontos relacionados não são na realidade duas atividades separadas, exceto à medida que surgem na consciência do discípulo no plano físico e expressam o seu objetivo e sua vida subjetiva. São resultado do trabalho em tempo e espaço através de um cérebro físico. O segundo ponto de foco deveria ser na realidade uma exteriorização do ponto interno de tensão. Nestas palavras, vocês tem a chave para a verdadeira ciência do discipulado, e do desenvolvimento da relação entre o centro humano e o hierárquico. Trata-se também do trabalho do Buda e do Cristo, porque Eles representam o ponto de tensão em Shamballa e na Hierarquia.

A maioria dos discípulos não está trabalhando a partir de um ponto de tensão espiritual, mas de um ponto de enfoque da personalidade - que na verdade representa um avanço em comparação com as pessoas comuns irrefletidas, mas a que se agarram indevidamente por longo tempo. Enquanto um homem se concentra em sua personalidade, o ponto de tensão espiritual lhe escapará. Ele será conduzido pela aspiração da personalidade e não pela força ashramica e este foco na forma irá conduzir a problemas tanto para o aspirante individual como para o seu grupo. A tensão espiritual, como resultado da dedicação integral da personalidade ao serviço da humanidade, estimula e fortalece, mas não evoca a vida inferior do eu pessoal.

Estes são os requisitos que o discípulo deve satisfazer antes que seja ensinado a alcançar o Mestre à vontade e quando surgir uma emergência.

Gostaria aqui de chamar a atenção para a atitude do Mestre, nesta fase de progresso do Seu discípulo. Como o nome indica, é permitido ao discípulo neste ponto chamar a atenção do Mestre, o que só é admissível quando o discípulo é confiável para usar o privilégio apenas para fins de serviço grupal e nunca para si ou para seu próprio benefício. Isto significa que o discípulo é capaz de lidar com sua vida e problemas por si mesmo e não é provável, portanto, de intrometer suas crises pessoais na vida do Ashram. Implica também um discípulo de tal devoção e altruísmo básico essencial que o Ashram não precisa da proteção de sua atividade vibratória, ele nunca exige do Mestre nenhum poder que repele, como é chamado esotericamente. O Mestre sabe que se receber um chamado de um discípulo que está no sutratma ou fio, não será um desperdício do Seu tempo para responder, porque o chamado será sempre emitido em nome da necessidade do grupo e para o estabelecimento de propósito grupal.

Não importa o que o Mestre está fazendo ou qual é Sua preocupação, Ele deve responder a esse apelo, pois é direito dotado ao discípulo de confiança para enviá-lo quando uma emergência exigir. Vocês podem perguntar como o discípulo sabe que pode "conseguir chegar" até o Mestre, usando aqui uma expressão coloquial. Posso assegurar-lhes que fica totalmente inibido quando o chamado não deve ser emitido - inibição que surge no lado dele na relação e não imposta pelo Mestre - e ele não quer nem tenta emitir o chamado quando há dúvida em sua mente. É uma questão de clara percepção intuitiva, o reconhecimento de um canal livre e um ato de vontade espiritual. É na realidade um processo de invocação e evocação. Todo este conceito do discípulo que está no sutratma ou fio está por trás do ensinamento distorcido sobre as prerrogativas e privilégios do sacerdócio e a relação do Papa, por exemplo, com Deus ou dos "eleitos" pela Divindade. Este ideal latente e não realizado é o do discípulo no sutratma e o do Mestre e Seu Ashram, interpretado pela consciência eclesiástica como a Igreja. Quando a vindoura religião mundial for erigida em torno do trabalho e da atividade dos discípulos mundiais e conhecedores, então veremos estes símbolos, chamados de "direitos e prerrogativas do sacerdócio", interpretados corretamente e verdadeiramente expressados. As mesmas inferências simbólicas devem também ser vistas na casta Brâmane na Índia.

Este relacionamento e interação responsivos só são alcançados depois de um longo ciclo de relação externa do discípulo aceito na periferia e, finalmente, dentro do Ashram. Não vem como resultado de qualquer esforço para se ajustar para esta posição de poder e de influência no serviço. É simplesmente o resultado silencioso e quase inconscientemente conseguido da autoanulação e autoesquecimento que distingue o discípulo aceito; ele é descentralizado e absorto no cumprimento do Plano Divino com todo seu poder. É a recompensa, se posso me expressar assim, do trabalhador que sabe o que veio fazer em encarnação e está se esforçando para fazê-lo com dedicação. O desejo diretor de sua vida é a necessidade da humanidade e sua crescente percepção do imediato próximo passo que o homem deve dar.

As principais tarefas do Mestre, quando um discípulo entra pela primeira vez em Seu Ashram é fazê-lo pensar ao longo das linhas de descentralização. Isso envolve a mudança da consciência do discípulo de si mesmo para o trabalho a ser feito e, incidentalmente, o atendimento das seguintes questões:

1. Você, na realidade, sabe qual é sua tarefa na vida?

2. Você já tentou fazer isso nas suas atuais rotinas de vida?

3. É seu objetivo principal a construção do caráter e o desenvolvimento de pureza? Se for assim, você não acha que você deveria estar no Caminho Probatório e não se iludindo com a ideia de que você está no Caminho do Discipulado?

4. Você está preocupado com a necessidade humana ou você está entretido com a sua própria posição como um discípulo, com seus próprios problemas espirituais, e com a desilusão das dificuldades terríveis em sua vida pessoal?

Enquanto você acreditar que sua vida é de grande importância e de excessiva dificuldade, você está apenas nos primeiros estágios do discipulado aceito e ainda não rejeitou antigos hábitos de pensamento. Estas questões têm, eventualmente, de serem respondidas antes que o estudante tenha o que eu poderia chamar de "a plena liberdade no Ashram."

O Ashram, vocês devem se lembrar, é exteriorizado apenas na medida em que proporciona um ponto de tensão espiritual. Desse Ashram, os discípulos saem para trabalhar no mundo. O grupo externo, trabalhando em todo o mundo, ou o Ashram exotérico, é exteriorizado refletindo o esplendor do Ashram interno e pelo estabelecimento de um campo magnético de poder espiritual. Isto é feito apenas na medida em que os membros do Ashram que se encontram na sua periferia exterior se relacionam com o Ashram interior e, portanto, reagem com a nota e a qualidade do grupo interno, reunido em torno do Mestre.

Um Ashram não é um grupo de pessoas que procuram realização espiritual. É um centro de atividade grupal impulsionada por energias que (quando outorgadas com pleno e adequado domínio) permite o grupo realizar o plano do Mestre e satisfazer as necessidades humanas. Vocês podem se perguntar, talvez, por que eu tão constantemente enfatizo essa necessidade. Faço isso porque essa necessidade é o princípio principal e urgente de invocação que pode e vai evocar resposta hierárquica e, portanto, coloca em relacionamento dois centros - a Humanidade e a Hierarquia. Esta é uma correspondência grupal para a invocação da alma pela personalidade e sua subsequente evocação no plano do dia a dia, levando a uma consequente fusão. Um Ashram ou grupo de um Mestre é, portanto, um centro de invocação e quando o discípulo individual torna-se um discípulo que está no sutratma ou fio, é como a recompensa do abnegado serviço - efetuado a qualquer custo pessoal. Então, o Ashram pode ser um centro de excepcional poder mundial.

Os discípulos que estão no sutratma ou fio empregam uma técnica peculiar de acordo com seu raio, eles trabalham sempre com o centro da cabeça. Por meio deste centro, eles emitem o chamado (um chamado inaudível do ângulo do plano físico), que (vibrando ao longo do fio) alcança o Mestre. Estas técnicas são, no entanto, ensinadas diretamente ao discípulo pelo Mestre quando Ele reconhece o direito de Seu discípulo a esse privilégio. Não posso dar essas técnicas diretamente a vocês. Quando estiverem "no fio", terão, inevitavelmente, a informação.

O sutratma não é o antahkarana, mas um fio vinculador de luz vivificante. O Mestre o projeta na medida em que o serviço do discípulo evoca uma resposta Dele. Esta evocação, no entanto, aumenta a sua potência à medida que o discípulo constrói o antahkarana entre a personalidade e a Tríade Espiritual. O discípulo no sutratma eventualmente tem o fio da vida (um aspecto do antahkarana) conectado com este fio ashramico e, por esta razão, o estabelecimento do controle monádico do indivíduo (na sua forma grupal) significa o controle da Hierarquia por Shamballa. A relação menor e maior deve sempre ser levada em conta.

Para o aspirante médio, as implicações deste estágio do discipulado são valiosas a partir do ângulo de enfatizar o que não foi alcançado. As implicações são, portanto, negativas. Isto é frequentemente desejável no que concerne aos discípulos aceitos cuja atitude deve ser positiva e inteligente. A Lei das Relações Positivas e Negativas subjaz em todos estes estágios. Aquilo que é maior é, inicialmente, sempre negativo para o que for menor; então ocorrem mudanças interinas que fazem o superior positivo para o inferior e leva, portanto, à constante ascensão do Caminho da Vida e da Escada de Ascensão Espiritual.

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