Página Inicial
Livros de Alice Bailey

Cura Esotérica

Índice Geral das Matérias

PARTE DOIS

Capítulo VII

Os Processos de Integração

Ao considerar este evento inteligentemente utilizado pela alma quando funciona conscientemente nos três mundos, acharemos útil considerá-lo sob dois pontos importantes:

Primeiro: Os processos pelos quais o ciclo de encarnação é levado ao fim através da completa integração da alma e da personalidade. Isto será abordado a partir de três pontos de vista:

O significado da integração.
O estado mental da alma.
A eliminação do pensamento-forma da personalidade.

Segundo: O resultado disto:

No Ashram do Mestre, no que tange ao discípulo.

No modo pelo qual o discípulo liberto pode agora criar um corpo para estabelecer contato no plano físico e para o serviço nos três mundos - desta vez não sob a Lei da Necessidade, mas sob a Lei do Serviço, tal como entendida pelo iniciado.

A esta altura vocês já terão compreendido que temos discutido a morte no que ela afeta o corpo físico (coisa muito familiar) e também os invólucros astral e mental - esses agregados de energia condicionada com os quais não estamos tão familiarizados, mas cuja existência é admitida até pela psicologia, e que nós acreditamos deva desintegrar- se e desaparecer com a morte do corpo físico. Contudo, já lhes ocorreu que o principal aspeto da morte que diz respeito ao ser humano é a morte da personalidade? Não estou aqui falando em termos abstratos, como fazem todos os esoteristas ao negar a qualidade ou qualidades que caracterizam o eu pessoal. Eles falam em "matar” esta ou aquela qualidade, de suprimir completamente o “eu inferior”, e expressões semelhantes. Refiro-me literalmente à destruição, dissolução, dissipação ou dispersão final daquele amado e conhecido eu pessoal.

É preciso ter em mente que a vida da personalidade cobre as seguintes etapas:

1. Sua lenta e gradual construção durante um longo período de tempo.
Durante muitos ciclos de encarnações, um homem não é uma personalidade. É apenas um membro da massa.

2. A consciente identificação da alma com a personalidade durante esta etapa é praticamente inexistente. O aspeto da alma que está oculto pelos envoltórios é, durante um longo período, dominado pela vida desses envoltórios, e só faz sentir sua presença por meio daquilo que chamamos “a voz da consciência”. Todavia, com o passar do tempo, a vida inteligente ativa da pessoa é gradualmente aumentada e coordenada pela energia que flui das pétalas do conhecimento do lótus egoico ou da natureza inteligente perceptiva da alma em seu próprio plano. No devido tempo, isto produz a integração dos três envoltórios em um todo funcionante. O homem é, então, uma personalidade.

3. A vida da personalidade do indivíduo agora coordenado persiste por um vasto número de vidas, e também se divide em três fases:

a. A fase de uma vida de personalidade dominante e agressiva, basicamente condicionada pelo seu tipo de raio, de natureza egoísta e muito
individualista.

b. Uma fase de transição onde é travado um conflito entre a alma e a personalidade. A alma começa a buscar sua libertação da vida da forma, e contudo - em última análise - a personalidade depende do princípio vital que lhe é conferido pela alma. Em outras palavras: o conflito entre o raio da alma e o raio da personalidade tem início e a guerra prossegue entre os dois focos de energia. Este conflito termina na terceira iniciação.

c. O controle pela alma é a fase final, conduzindo à morte e destruição da personalidade. Esta morte começa quando a personalidade, o Morador do Umbral, fica diante do Anjo da Presença. A luz do Anjo solar oblitera a luz da matéria.

A fase de “controle” é condicionada pela completa identificação da personalidade com a alma; isto é o reverso da anterior identificação da alma com a personalidade. É a isto também que nos referimos quando falamos da integração dos dois - os dois são agora um. Era a esta fase que S. Paulo se referia quando, na Epístola aos Efésios, falou do Cristo fazendo “de dois, um novo homem”. É primariamente a fase das etapas finais do Caminho Probatório (onde o trabalho conscientemente começa) e é levado ao fim do Caminho do Discipulado. É a etapa do servidor prático e bem sucedido; a etapa onde todo o foco e produto da vida do homem são dedicados ao cumprimento da intenção hierárquica. O homem começa a trabalhar nos e a partir de níveis que não estão incluídos nos três mundos da evolução comum, mas que, não obstante, têm efeitos e objetivos planejados nesses três mundos.

O Significado da Integração

A maioria de mestres e aspirantes põe ênfase na integração da personalidade e sua correta orientação para o mundo dos valores espirituais. É preciso lembrar que esta é - e realmente tem de ser - uma das primeiras etapas. A integração da mente, da natureza emocional e do cérebro é a principal característica de qualquer ser humano avançado - os maus, os muito maus, os bons e os muito bons. No entanto, não é sinal de vida espiritual, e frequentemente é exatamente o oposto. Um “Hitler” ou uma pessoa ambiciosa, profundamente egoísta ou uma vida voltada para a crueldade, é uma personalidade com todos os poderes de sua mente devotados a propósitos malignos, de natureza emocional de tal modo constituída que não apresenta obstáculo algum para levar adiante intenções egoístas, e com um poderoso cérebro, receptivo aos planos e métodos dos dois veículos, cumprindo os mandatos da personalidade.

Quero destacar que a maioria das pessoas não é uma personalidade, não importa o quanto discorram sobre ela. Por exemplo, o objetivo inicial que têm diante de si a massa dos aspirantes e estudantes é, antes de tudo, integrar o homem triplo inferior de modo que eles possam tornar-se personalidades funcionantes, antes de tornarem-se almas funcionantes; o trabalho é dedicado ao propósito de produzir um foco consciente da personalidade, evitando, ao mesmo tempo, aquele ciclo de encarnações em que a personalidade está dedicada a fins inferiores e egoístas. Os estudantes mais avançados dedicam-se ao propósito de produzir uma integração mais elevada da alma e da personalidade, levando à integração final que introduz o aspeto da vida monádica - o mais elevado aspeto.

Há no mundo, hoje, muitas personalidades verdadeiramente integradas, as quais - porque a alma e a personalidade estão integradas - podem, palmilhar o Caminho do Discipulado Aceito. Este é um desenvolvimento que enche de esperança, pudessem vocês apenas compreender suas implicações e significado; a questão é como os outros que estão ainda somente no processo de reorientação podem desenvolver uma adequada integração da personalidade. Isto nunca será conseguida se eles se superestimarem ou vierem a depreciar-se. Muitos tendem a considerar-se personalidades devido à sua natural vontade própria, ou porque são estudantes de ocultismo. Esquecem-se que um estudante de ocultismo é alguém que procura o que está oculto - no seu caso, aquele oculto e integrador fio que lhes permitirá fundir os três corpos e assim, verdadeiramente merecer o nome de personalidade. Alguns não podem tornar-se personalidades durante esta vida, mas podem desenvolver um conceito mental de sua possibilidade e natureza; precisam lembrar-se que “assim como um homem pensa em seu coração, assim ele é”. Não é perda de tempo, e sim um processo muito necessário - um processo através do qual passaram todos os Membros da Hierarquia.

Estudo e meditação combinados são os fatores que todos os aspirantes devem empregar, se procuram produzir esta necessária integração e uma consequente vida de serviço. Assim o aspirante pode comprovar seu ponto de integração e a extensão da qualidade do serviço produzido por esta integração. Se os aspirantes estudassem cuidadosamente sua vida no plano físico, descobririam que trabalham automaticamente em resposta às ideias convencionais de boa vontade ou bondade existentes no plano físico, ou estão trabalhando emocionalmente porque gostam de ajudar, gostam de serem estimados, gostam de aliviar o sofrimento (devido à aversão que sentem pelo desconforto que o sofrimento lhes traz), acreditam em seguir os passos do Cristo Que distribuía o bem por onde andava, ou por causa de uma tendência de vida natural e profundamente arraigada. Este constitui o último e esperado desenvolvimento.

Os aspirantes oportunamente descobrirão (quando tenham terminado as fases de integração física e emocional) que se segue uma outra fase de serviço inteligente, a princípio motivada pela misericórdia, depois pela convicção de sua essencialidade, depois por uma etapa de ambição espiritual, depois seguindo submissivamente o exemplo da Hierarquia, e finalmente, pela atividade da qualidade do puro amor. Este puro amor se expressa de maneira crescente à medida que prossegue a integração superior da alma e da personalidade. Todas estas fases de intenção e de técnicas estão corretas no seu próprio plano desde que tenham um valor educativo e enquanto as fases superiores permaneçam vagas e nebulosas. Tornam-se erradas quando são perpetuadas e levadas avante quando a etapa seguinte é claramente vista, mas não seguida. Reflitam sobre isto. É importante que vocês se apercebam do verdadeiro significado destas variadas fases de integração realizadas - como realmente são - segundo a lei da evolução.

Todos estes passos no caminho da integração conduzem àquela etapa culminante quando a personalidade - rica em experiência, poderosa na expressão, reorientada e dedicada - torna-se simplesmente a mediadora da vida da alma entre a Hierarquia e a Humanidade. Novamente - reflitam sobre isto.

O Estado Mental da Alma

E enquanto todas estas fases, etapas e realizações têm lugar na vida da personalidade, qual é a atitude da alma no seu próprio plano? Esta consideração envolve, primeiro que tudo, um reconhecimento dos três aspetos da mente que se encontram no que chamamos plano mental:

1. A mente inferior concreta, que é a atitude de pensamento mantida pelo pequenino aspeto da alma que foi inicialmente "descido” à manifestação no momento da individualização. Este - durante o longo ciclo de encarnações - tornou-se cada vez mais sensível ao seu dominante. Eu. Este Eu dominante diz ao seu aspeto encarnado: "Tendo permeado todo o universo com um fragmento de mim mesmo, eu permaneço”. A atração deste “Eu que permanece” é o que atraí o pequeno fragmento de volta à sua fonte original.

2. O Filho da Mente, a alma, o produto do pensamento da Mente Universal, a Identidade ou Entidade Espiritual que pensa, percebe, discrimina e analisa. Este aspeto da Vida Una caracteriza-se pela mente pura, a razão pura, o amor puro e a vontade pura. Um "Senhor do Sacrifício” Que, através da experiência da encarnação, assumiu a tarefa de redimir a matéria e elevar a substância ao Céu! Estas são verdades familiares e antigas platitudes, mas ainda uma teoria, para vocês, cuja natureza teórica pode ser testada se perguntarem a si mesmos: Que estou fazendo, como alma (se é que funciono como alma), para elevar meu aspeto matéria, meus três veículos e a substância da qual eles são feitos, para planos mais elevados de expressão?

3. A mente superior abstrata que está para alma assim como o aspeto inferior da alma, personificado nas pétalas do conhecimento, está para a mente concreta. Esta mente abstrata é o aspeto inferior da Tríade Espiritual.

Uma vez realizada a integração entre a personalidade e a alma, então a alma - em seu próprio corpo e natureza e em seu próprio plano - pode começar a atentar para uma integração superior ou uma relação vinculadora que terá que ser realizada, no devido tempo, entre ela própria e a Tríade Espiritual. Uma consecução num nível inferior possibilita sempre uma realização em um nível superior. Não há verdadeira realização superior até que, passo a passo, o aspeto reflexo inferior esteja dominado, usado e reconhecido como um instrumento para levar a cabo atividades ainda mais elevadas.

O estado mental da alma durante os processos de integração inferior pode ser brevemente resumido assim:

1. De total desinteresse durante as primeiras etapas do ciclo de encarnação. Seu “aspeto encrustado”, como tem sido chamado, é bastante adequado para a lenta e tediosa tarefa de evoluir os corpos, desenvolver suas características e pagar pela amarga experiência de cegueira e ignorância. Este período é seguramente o mais longo, e enquanto prossegue, a alma continua, interessada em sua própria vida, em seu próprio nível de experiência, sobre seu próprio raio e sob a influência do Mestre Que afinal guiará o pensamento (através de uma impressão alegremente aceita) de uma personalidade em desenvolvimento. Não se esqueçam que este reino ou este agregado de almas é o que os cristãos chamam o Reino de Deus, e os ocultistas chamam de Hierarquia espiritual do planeta. Lembrem- se também que o propósito deste agregado de vidas consiste em induzir a consciência a compreender a polarização espiritual da VIDA planetária.

2. À medida que a evolução prossegue, os três veículos - já agora criados e desenvolvidos - tornam-se potentes e sua vibração suficientemente forte para atrair um pouco da atenção da preocupada alma. A primeira reação é irritação. A irritação ocultista não é a rudeza como a expressa o ser humano, mas sim uma resposta ao contato - uma resposta que não agrada. Em outras palavras, é fricção, e por isso compreenderão melhor o significado da declaração de que o último grilhão de que o Mestre se liberta é a irritação. A personalidade não mais atrai a atenção; portanto, a fricção cessa, e nada resta a não ser um canal puro através do qual a energia espiritual pode jorrar. A irritação, como vocês a entendem, tem lugar quando a vontade própria, a autoestima, as ideias e planos pessoais são infringidos por outra pessoa. Não é esta forma de irritação que o Mestre descarta.

A Segunda reação é a do processo de meditação ou geração de poder que mais tarde será usado nos três mundos para aumentar a energia da alma dentro da forma e para criar o campo de conhecimento povoado pelas formas de pensamento nas quais a personalidade mais tarde se aventurará. A alma está, portanto, preparando-se para sua própria reorientação para a Vida e sua expressão nos três mundos, e não para adquirir experiência de vida.

3. Quando a personalidade se torna dominante, a alma introduz um novo fator na vida de seu reflexo, a alma encarnada. Ela mobiliza e focaliza a energia do raio da alma, e por um ato da vontade, põe- no em contato direto com o raio da personalidade. Isto tem uma ação reflexa sobre os raios do homem triplo inferior, estimulando- os, despertando-os e condicionando o corpo etérico de modo que os centros por meio dos quais fluem os raios da personalidade, e o centro da cabeça que é responsável pelo raio da alma, possa tornar- se mais ativo. O centro ajna, através do qual a personalidade trabalha, intensifica sua atividade, e duas coisas ocorrem:

a. A vida da personalidade torna-se cada vez mais potente e o homem desenvolve uma individualidade intensa.

b. O centro da cabeça começa a exercer influência sobre o centro ajna, e lenta e gradualmente sobre o centro na base da espinha. A vontade própria cresce, assim como todas as qualidades.

4. A alma está agora naquilo que os esoteristas chamam “um processo de reversão”. Isto desperta um grande interesse no seu reflexo nos três mundos, e três coisas então acontecem:

a. A mente concreta inferior submete-se à iluminação da alma.

b. A energia do raio da alma flui cada vez mais para a personalidade, intensificando seu conflito.

c. O caminho do homem ao redor do zodíaco de Áries a Touro, via Peixes, é revertido e então é feito no sentido anti-horário.

Todos estes fatores produzem violento conflito no Caminho Probacionário, o qual aumenta à medida que o homem entra no Caminho do Discipulado. A potência da personalidade, dominante e sendo dominada, é o que induz a intensa atividade cármica. Eventos e circunstâncias amontoam-se rápida e furiosamente na experiência do discípulo. Seu meio ambiente é o de mais alta qualidade disponível nos três mundos; sua experiência flutua entre extremos; ele esgota suas obrigações cármicas e paga, com grande rapidez, as penalidades de erros passados.

Durante todo este tempo, as encarnações se sucedem e o familiar processo da morte, ocorrendo entre os ciclos de experiência, continua. Contudo, as três mortes - física, astral e mental - são efetuadas num crescente estado de percepção vigil, à medida que a mente inferior se desenvolve; o homem não mais se deixa levar - dormindo e sem conhecimento - dos veículos etérico, astral e mental, mas cada uma dessas mortes se torna um evento como o é a morte física.

Finalmente chega o tempo quando o discípulo morre com deliberação e em plena consciência e com real conhecimento abandona seus vários veículos. Firmemente a alma assume o controle, e então o discípulo provoca a morte por um ato da vontade da alma e sabe exatamente o que está fazendo.

A Eliminação do Pensamento-forma da Personalidade

Ao tratar deste tema (o que só posso fazer muito brevemente) é preciso levar em conta duas coisas:

1. Que estamos considerando somente uma ideia na mente da alma e tratando do fato básico da ilusão que tem controlado todo o ciclo da encarnação e assim mantida a alma prisioneira na forma. Para a alma, a personalidade significa duas coisas:

a. A capacidade de identificar-se com a forma; isto a alma percebe pela primeira vez quando a personalidade começa ao alcançar uma certa medida de real integração.

b. Uma oportunidade para a iniciação.

2. Que a eliminação do pensamento-forma da personalidade - o que é consumado na terceira iniciação - é uma grande iniciação para a alma no seu próprio plano. Por esta razão, a terceira iniciação é considerada como a primeira grande iniciação, uma vez que as duas iniciações anteriores têm pouquíssimo efeito sobre a alma, afetando apenas a alma encarnada, o “fragmento” do todo.

Estes são fatos poucas vezes percebidos e raramente enfatizados em qualquer literatura até aqui publicada. Até aqui tem-se enfatizado as iniciações no que elas afetam o discípulo nos três mundos, porém, eu estou especificamente tratando das iniciações no que elas afetam, ou não, a alma que paira sobre seu reflexo, a personalidade, nos três mundos. O que eu disse terá, portanto, pouco significado para o leitor comum.

Do ângulo do eu pessoal, considerando-se a si mesmo como o Morador do Umbral, a atitude ou estado mental tem sido inadequadamente descrita como de completa obliteração pela luz da alma; a glória da Presença, transmutada pelo Anjo, é de tal sorte que a personalidade, com suas demandas e aspirações, desaparece completamente. Nada resta se não a concha, o envoltório, e o instrumento através do qual a luz solar pode fluir para ajudar a humanidade. Isto é verdade até um certo ponto, mas é somente-em última análise - a tentativa do homem de pôr em palavras o efeito transmutador e transfigurador da terceira iniciação, o que não pode ser feito.

Infinitamente mais difícil é a tentativa que estou fazendo aqui para descrever a atitude e as reações da alma, o eu uno, o Mestre no coração, ao perceber o estupendo fato de sua liberação essencial e percebe, de uma vez por todas, que ela é agora incapaz de responder, seja de que modo for, às vibrações inferiores dos três mundos transmitidas à alma pelo seu instrumento de contato, a forma da personalidade. Aquela forma agora é incapaz de tal transmissão.

A Segunda reação da alma, uma vez esta percepção tenha sido focalizada e admitida, é que - tendo alcançado a libertação - esta apresenta suas próprias demandas:

1. Para uma vida de serviço nos três mundos, tão familiares e agora tão completamente transcendidos.

2. Um dominante sentido de amor que se dirige para aqueles que estão ainda em busca de libertação.

3. Um reconhecimento do triângulo essencial que agora se tornou o centro da vida conceitual da alma:


A alma agora vibra entre os dois pontos ou pares de opostos e atua como um centro invocativo e evocativo.

Nenhuma das percepções acima pode ser registrada na consciência cerebral ou na mente da personalidade iluminada. Teoricamente, pode-se perceber uma tênue visão das possibilidades inerentes, mas a consciência não é mais a do discípulo servidor nos três mundos, usando mente, emoções e corpo físico para realizar, tanto quanto possível, as injunções e intenções hierárquicas. Isso desapareceu com a morte da consciência da personalidade. A consciência agora é a da própria alma, sem percepção de separações, instintivamente ativa, espiritualmente obcecada pelos planos do Reino de Deus, e completamente livre do fascínio ou do menor controle da matéria da forma; contudo, a alma ainda responde à energia da substância na qual está imersa, e sua correspondência superior ainda está funcionando nos níveis superiores do plano físico cósmico - os planos búdico, átmico, monádico e logoico.

O que então precisa acontecer para que a vida da alma se torne plena e completa e tão inteiramente inclusiva que os três mundos formem parte de sua área de percepção e seu campo de serviço? O único modo de poder tonar claro para vocês o que a alma precisa fazer depois da terceira iniciação é resumido de duas maneiras:

Primeira: A alma agora torna-se um criador consciente porque o terceiro aspeto - desenvolvido e dominado mediante a experiência nos três mundos durante o longo ciclo de encarnações - atingiu um ponto de atividade aperfeiçoada. Falando tecnicamente: a energia das pétalas do conhecimento e a energia das pétalas do amor estão agora tão ativamente fundidas e mescladas que duas das pétalas internas ao redor da jóia do lótus, não mais velam esta jóia. Estou falando simbolicamente. Por causa deste acontecimento, a morte ou eliminação da personalidade é a primeira atividade no drama da criação consciente, e a primeira forma criada pela alma é um substituto para a personalidade. Assim é criado um instrumento para o serviço nos três mundos. Desta vez, contudo, é um instrumento sem vida, desejo, ambição ou poder de pensamento próprios. É somente um envoltório de substância, animado pela vida da alma mas - ao mesmo tempo - sensível e adequado ao período, raça e condições ambientais onde a alma criadora escolhe trabalhar. Reflitam sobre esta frase, dando ênfase à palavra “adequado”.

Segundo: A alma então prepara-se para a quarta iniciação. Basicamente, esta é uma experiência monádica e resulta - como sabem - no desaparecimento ou destruição do veículo da alma ou corpo causal, e portanto, do estabelecimento de uma relação direta entre a mônada em seu próprio plano e a recentemente criada personalidade, via o antahkarana.

Estes dois pontos, na sequência do ensinamento ocultista, estão sendo dados pela primeira vez; contudo algumas alusões prepararam o caminho para estes dois fatos. Também já foi dada informação sobre o mayavirupa através do qual o Mestre trabalha e contata os três mundos e que Ele deliberadamente cria para servir a Seus propósitos e planos. Constitui um substituto definido da personalidade e só pode ser criado quando a velha personalidade (construída e desenvolvida durante o ciclo de encarnação) tenha sido eliminada. Eu prefiro a palavra “eliminada” à palavra “destruída". A estrutura - no momento da eliminação - persiste, mas sua vida separada desaparece.

Se pensarem claramente sobre esta afirmação, verão que uma completa integração é agora possível. A vida da personalidade foi absorvida; a forma da personalidade resta ainda, mas sem qualquer vida própria; isto significa que ela agora pode ser o recipiente de energias e forças que o trabalhador iniciado ou Mestre necessita para levar adiante o trabalho de salvar a humanidade. Será valioso estudarem os “três aparecimentos do Cristo” registrados no Evangelho:

1. Sua aparição transfigurada no Monte da Transfiguração. Aquele episódio descreve simbolicamente a alma radiante, e também os três corpos esvaziados da personalidade, e alude também à futura construção de um veículo de manifestação. Pedro diz, “Senhor, deixe-nos construir aqui três cabanas” ou tabernáculos.

2. Sua aparição como a própria verdade (silenciosa, mas presente) diante do tribunal de Pilatos - repudiada pelo mundo dos homens, mas reconhecida pela Hierarquia.

3. Suas radiantes aparições depois da iniciação da ressurreição:

a. Para a mulher no sepulcro - simbolizando Seu contato com a Humanidade.

b. Para os dois discípulos a caminho de Emaus - simbolizando Seu contato com a Hierarquia.

c. Para os doze discípulos no aposento superior - simbolizando Seu contato com a Câmara do Conselho do Senhor, em Shambala.

Assim, podem ver a natureza factual dos resultados aos quais me referi anteriormente nesta instrução. O discípulo que eliminou (no sentido técnico assim como no sentido místico) o controle da personalidade tem agora a “liberdade do Ashram”, como é chamado; ele pode mover- se, à vontade, entre seus condiscípulos e iniciados. Nada haverá em sua vida vibratória ou sua qualidade que possa perturbar o ritmo do Ashram; nada haverá que obrigue o Mestre a uma “intervenção pacificadora”, como é frequentemente o caso durante as primeiras etapas do discipulado; nada pode agora interferir com aqueles contatos superiores e esferas de influência que até então estavam seladas ao discípulo devido à intrusão de sua própria personalidade.

Início