Cura Esotérica
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PARTE DOIS
Capítulo VI
A Arte da Eliminação
Para retomar o fio de nossa instrução, consideraremos agora a atividade do homem espiritual interno que se descartou de seus corpos físico e etérico e encontra-se agora na concha do corpo sutil - um corpo composto de substância astral ou sensorial e de substância mental. Devido à forte polarização emocional e sensorial do homem comum, prepondera a ideia de que, após a verdadeira morte, o homem se retira primeiro para o seu corpo astral, e então mais tarde, para o veículo mental. Mas este não é realmente o caso. A base desta ideia é que um corpo está construído predominantemente de matéria astral. Poucas pessoas ainda estão tão desenvolvidas que o veículo em que se encontram após a morte seja largamente composto de substância mental. Somente discípulos e iniciados que vivem principalmente em suas mentes encontram-se, após a morte, imediatamente no plano mental. A maioria das pessoas encontra-se no plano astral, envolvida numa concha de matéria astral e forçadas a um período de eliminação dentro da área ilusória do plano astral.
Como já disse anteriormente, não tem existência real, mas é uma criação ilusória da família humana. De agora em diante, contudo, (devido à derrota das forças do mal e ao desastroso revés sofrido pela Loja Negra), o plano astral tornar-se-á uma criação que irá morrendo aos poucos, e no período final da história humana - na sétima raça-raiz - deixará de existir, porém hoje não é assim. A substância sensorial que constitui o plano astral ainda está sendo reunida em formas ilusórias e ainda forma uma barreira no caminho da alma que busca libertação. Ainda “mantém prisioneiras’’ as muitas pessoas que morrem enquanto sua principal reação à vida é a do desejo, os pensamentos ambiciosos e as sensações emocionais. Estas são ainda a vasta maioria. O plano astral veio à existência na época atlante; o estado mental de consciência era praticamente inexistente, embora os “filhos da mente” tivessem seu lugar naquilo que hoje constituem os planos superiores desse plano. O átomo mental permanente também se achava praticamente passivo dentro de cada forma humana, e consequentemente não havia o impulso atrativo partindo do plano mental, como hoje acontece. Muitas pessoas ainda são de consciência atlante, e quando deixam o estado físico de consciência e descartam o corpo físico dual, enfrentam o problema da eliminação do corpo astral, mas pouco tem a fazer para libertarem-se de qualquer prisão mental da alma. Estas são as pessoas comuns e não-desenvolvidas que, após a eliminação do corpo kâmico ou de desejo, pouco mais têm a fazer; não há veículo mental para puxá-los para uma integração mental, porque não existe potência mental focalizada; a alma nos níveis mentais superiores está ainda “em profunda meditação” e totalmente inconsciente de sua sombra nos três mundos.
A arte da eliminação divide-se, pois, em três categorias:
1. Como a praticada pelas pessoas que são puramente astrais em qualidade e constituição, que chamamos pessoas “kâmicas”.
2. Como a praticada por aquelas pessoas equilibradas que são personalidades integradas e que são indivíduos “kama-manásicos”.
3. Como a praticada pelas pessoas evoluídas e discípulos de todos os graus que são principalmente mentais em seu “enfoque de vida”. Essas são pessoas “manásicas”.
As mesmas regras básicas controlam todos eles, mas a ênfase difere em cada caso. Quero que tenham em mente que onde não há cérebro físico e onde a mente não está desenvolvida, o homem interno encontra-se praticamente sufocado num envelope de matéria astral e, durante muito tempo, imerso no que chamamos plano astral. A pessoa kama-manásica tem o que é chamada “a liberdade da vida dual”, e encontra- se possuída de uma forma dual que lhe permite contatar, à vontade, os níveis superiores do plano astral e os níveis inferiores do plano mental. Quero lembrar novamente, que não há cérebro físico para registrar esses contatos. A percepção do contato depende da atividade inata do homem interno e seu peculiar estado de captação e de apreciação. A pessoa manásica possui um veículo mental translúcido com uma leve densidade proporcional à sua liberdade do desejo e emoção.
Todos estes três tipos de pessoas usam um processo similar de eliminação, mas empregam uma técnica diferente no processo. Para maior clareza, podemos dizer que:
1. A pessoa kâmica elimina seu corpo astral por meio de atrito, e o abandona através do centro correspondente ao plexo solar. Este atrito é provocado porque todos os desejos inatos e as emoções inerentes estão, nesta etapa, relacionados à natureza animal e ao corpo físico - ambos agora inexistentes.
2. O indivíduo kama-manásico usa duas técnicas, o que é natural, porque ele elimina primeiro que tudo seu corpo astral, e a seguir o veículo mental.
a. Elimina o corpo astral devido ao seu crescente desejo pela vida mental. Retira-se gradual e firmemente para o corpo mental, e o corpo astral esotericamente “deixa-se cair” e finalmente desaparece. Em geral, isto passa-se inconscientemente e pode levar um bom tempo. Contudo, quando o homem está acima da média, e prestes a tornar-se uma pessoa manásica, o desaparecimento produz-se súbita e dinamicamente, e o homem fica livre dentro de seu corpo mental. Isto tem lugar consciente e rapidamente.
b. Ele despedaça o corpo mental por um ato de vontade humana, e também porque a alma está começando lentamente a conscientizar-se de sua sombra. O homem interno está, portanto, atraído para alma, embora ainda tenuemente. Este processo é relativamente rápido e depende da extensão da influência manásica.
3. O homem manásico, focalizado agora no seu corpo mental, tem também duas coisas a realizar:
a. Dissolver e livrar-se de qualquer sedimento astral que possa estar descolorindo seu translúcido corpo mental. O chamado corpo astral é agora praticamente inexistente como fator de expressão. Isto é conseguido pela crescente afluência de luz vinda da alma. É a luz da alma que, nesta etapa, dissolve a substância astral, assim como a luz combinada da alma da humanidade (como um todo), dissolverá finalmente aquilo que chamamos de plano astral - novamente assim chamado - novamente assim chamado.
b. Destruir o corpo mental mediante o uso de certas Palavras de Poder, as quais são comunicadas ao discípulo através do Ashram de seu Mestre. Elas trazem um grande poder da alma e, em consequência produzem uma tal expressão de consciência no interior do corpo mental que este é feito em pedaços e não mais constitui uma barreira para o homem interno. Ele agora é um livre filho da mente dentro do Ashram de seu Mestre e dele “não sairá mais”.
Atividades Imediatas após a Morte
Imediatamente após a morte, e particularmente se tiver havido a cremação, o homem, em seu corpo kama-manásico, está tão ciente de, e atento ao seu meio ambiente como quando estava vivo no plano físico. Essa fraseologia permite uma maior ou menor abrangência no que tange à extensão do grau de observação e de registro de fatos, pois similar abrangência deve ser assegurada aos que se acham no plano físico. As pessoas não estão igualmente despertas ou igualmente conscientes das circunstâncias ou da experiência imediata. Contudo, como a maioria das pessoas está mais consciente emocionalmente do que fisicamente, e vivem grandemente focalizadas nos seus veículos astrais, o homem está bem familiarizado com o estado de consciência no qual ele se encontra. Não se esqueçam que um plano é essencialmente um estado de consciência e NÃO uma localidade, como tantos esoteristas parecem pensar. Ele é reconhecido pela reação focalizada do indivíduo que estando - constante e distintamente - consciente de si mesmo, é sensível ao tema do seu meio ambiente e à exteriorização de seus desejos, ou, (quando se trata de pessoas avançadas, funcionando nos níveis superiores do plano astral), sensíveis à manifestação do amor e aspiração; o homem, durante a experiência da encarnação, fica absorvido por aquilo que prende sua atenção e envolve o princípio kâmico. Quero lembrar-lhes novamente que agora não existe o cérebro físico para responder aos impactos gerados pelo homem interno, como também o sexo - como é entendido fisicamente - é inexistente. Os espiritualistas fariam bem em lembrar-se disto e assim compreender a tolice, assim como a impossibilidade, desses casamentos espirituais que certas escolas de pensamento ensinam e praticam. O homem, no seu corpo astral, está agora livre dos impulsos estritamente animais, os quais, no plano físico, são normais e corretos, mas que agora nada significam para ele no seu corpo kâmico.
Portanto, quanto ao homem comum, quais são suas primeiras reações e atividades depois da restituição do corpo físico ao reservatório universal da substância? Enumeremos algumas dessas reações:
1. Ele se torna conscientemente percebedor de si mesmo. Isto envolve uma clareza de percepção desconhecida para o homem comum enquanto fisicamente encarnado.
2. O tempo, como nós o entendemos, (uma sucessão de eventos registrados pelo cérebro físico) não existe agora e, à medida que o homem volta sua atenção para o seu eu emocional - agora mais claramente definido - segue-se invariavelmente um momento de contato direto com a alma. Isto porque, mesmo no caso do homem mais ignorante e menos desenvolvido, o momento de completa restituição não deixa de ser percebido pela alma. Isso tem um definido efeito na alma, algo como o forte puxão na corda de um sino, se me permitem uma analogia tão simples. Por um breve segundo, a alma responde, e a natureza da resposta é tal que o homem, no seu corpo astral, ou melhor, no seu veículo kama-manásico, vê a experiência da recente encarnação estendida diante de si como um mapa. Ele registra então o sentido da ausência de tempo, a intemporalidade.
3. Como resultado do reconhecimento dessas experiências, o homem isola as três que foram os principais fatores condicionantes da vida que terminou e que contêm a chave para a futura encarnação que ele iniciará mais tarde. Tudo mais é esquecido, e todas as experiências menos importantes apagam-se de sua memória, nada deixando na sua consciência a não ser o que é esotericamente chamado “as três sementes ou germes do futuro”. Estas três sementes estão relacionadas, de modo peculiar, com os átomos permanentes físico e astral, e assim produzem a força quíntupla que criará as formas que aparecerão mais tarde. Podemos dizer que:
a. A primeira semente determina, mais tarde, a natureza do ambiente físico no qual, ao retornar, o homem encontra o seu lugar. Ela está relacionada com a qualidade do ambiente futuro e assim condiciona o necessário campo ou área de contato.
b. A segunda Semente determina a qualidade do corpo etérico como veículo por meio do qual as forças de raio podem fazer contato com o corpo físico denso. Ela delimita a estrutura etérica ou rede vital ao longo da qual circularão as energias entrantes, e está relacionada, em particular, a um dos sete centros que será o mais ativo e desperto durante a encarnação futura.
c. A Terceira Semente dá a chave para o veículo astral no qual o homem estará polarizado na encarnação seguinte. Não se esqueçam que estou tratando aqui do homem comum e não com os seres humanos adiantados, discípulos ou iniciados. É esta semente que - através das forças que ela atraí - põe o homem de novo em relação com aqueles que anteriormente amou ou com os quais teve íntimo contato. Podemos aceitar como um fato que a ideia do grupo governa subjetivamente todas as encarnações, e que o homem é trazido à encarnação não apenas pelo seu próprio desejo de experiência no plano físico, mas também sob o impulso grupal e de acordo com o carma grupal assim como o seu próprio. Este é um ponto que deveria ser mais enfatizado. Uma vez que isto seja verdadeiramente compreendido, muito do medo gerado pelo pensamento da morte desapareceria. O que foi familiar e amado continuará a ser familiar e amado, porque a relação foi estreitamente estabelecida através de muitas encarnações e, como está dito no Antigo Comentário.
“Estas sementes que determinam o reconhecimento não são únicas para mim e para vós, mas também para o grupo; dentro do grupo elas relacionam um membro ao outro no tempo e no espaço. Somente na terceira inferior encontrarão os que estão relacionados sua verdadeira existência. Quando uma alma conhecer outra alma no lugar de reunião ao alcance do chamado do Mestre, estas sementes desaparecerão”.
Torna-se clara, portanto, a grande necessidade de treinar as crianças para reconhecer e aproveitar a experiência, pois esta, uma vez aprendida, facilitará grandemente esta terceira atividade, no plano astral, após a morte.
4. Tendo completado esta “experiência de isolamento”, o homem buscará, e automaticamente encontrará, aqueles que a influência da terceira semente indica serem parte constante na experiência de grupo do qual ele é um elemento, consciente ou inconscientemente. Uma vez estabelecida novamente a relação (se aqueles que são procurados ainda não eliminaram o corpo físico), o homem atua como o faria na terra na companhia de seus íntimos e de acordo com seu temperamento e ponto na evolução. Se aqueles que lhe são mais próximos e a quem ele muito ama ou odeia estão ainda fisicamente encarnados, ele os procurará e novamente, como fazia na terra, ele permanecerá nas cercanias, ciente de suas atividades, embora (a menos que altamente evoluído) eles não se apercebam das atividades dele. Não posso dar detalhes quanto à reciprocidade de dar e receber ou quanto aos modos e métodos de contato. Cada pessoa é diferente; cada temperamento é único. Procuro apenas tornar claras certas básicas de comportamento seguidas pelo homem antes do ato ou atos de eliminação.
Estas quatro atividades abarcam vários períodos de tempo - sob o ângulo "daqueles que vivem embaixo” - embora o homem, no plano astral, desconheça o tempo. Gradualmente, o engano e a miragem (de ordem inferior ou superior) se dissipa e o homem entra numa etapa em que ele sabe - porque a mente é agora mais incisiva e dominante - que ele está pronto para a segunda morte e para a total eliminação do corpo kâmico ou veículo kama-manásico.
Uma das coisas a lembrar aqui é que, uma vez tenha lugar a restituição do físico em seus dois aspetos, o homem interno, como já disse antes, encontra-se plenamente consciente. O cérebro físico e o redemoinho das forças etéricas (muito desorganizadas na maioria dos homens) não estão mais presentes. Estes são os dois fatores que levaram estudantes a acreditar que as experiências do homem nos planos internos dos três mundos consistem em um vago perambular para lá e para cá, em uma experiência semiconsciente, ou a repetição da vida, exceto no caso de pessoas muito adiantadas ou discípulos e iniciados. Porém tal não se dá. O homem nos planos internos não só está consciente de si mesmo como indivíduo - com seus próprios planos, vida e assuntos - como estava no plano físico, mas também do mesmo modo está consciente dos estados de consciência circundantes. Ele pode estar iludido pela existência astral ou sujeito à impressão telepática das várias correntes de pensamentos emanando do plano mental, mas está também consciente de si mesmo e de sua mente (ou da medida de vida manásica desenvolvida) de modo mais potente do que quando ele tinha que trabalhar por meio do cérebro físico, quando o foco de sua consciência era o de um aspirante, porém ancorado no cérebro. Sua experiência é muito mais rica e completa do que jamais conhecera quando encarnado. Se refletirem um pouco, verão que necessariamente isto seria assim.
Podemos inferir, portanto, que a Arte da Eliminação é praticada de modo mais definido e efetivo do que a restituição do veículo físico. Há outro ponto também a ser considerado. No lado interno, os homens sabem que a Lei do Renascimento governa o processo de experiência da vida no plano físico, e compreendem que antes da eliminação dos corpos kâmico, kama-manásico ou manásico, eles estão apenas passando por um interlúdio entre encarnações e que, consequentemente, estão diante de duas grandes experiências:
1. Um momento (longo ou breve, de acordo com o ponto de evolução alcançado) em que será feito contato com a alma ou com o anjo solar.
2. Após esse contato, tem lugar uma reorientação relativamente violenta para a vida terrena, que leva àquilo que é denominado “o processo de descida e chamado”, quando o homem:
a. Prepara-se para nova encarnação física.
b. Emite sua própria e verdadeira nota para a substância dos três mundos.
c. Revitaliza os átomos permanentes, que formam um triângulo de força dentro do corpo causal.
d. Reúne a necessária substância para formar seus futuros corpos de manifestação.
e. Colore-os com as qualidades e características que ele já adquiriu por meio das experiências vividas.
f. No plano etérico, organiza a substância de seu corpo vital de modo que os sete centros tomem forma e possam tornar-se recipientes das forças internas.
g. Deliberadamente, escolhe aqueles que o proverão da necessária cobertura física e, então, aguarda o momento da encarnação. Os estudantes esotéricos devem lembrar-se que os pais oferecem apenas o corpo físico denso. Em nada mais contribuem, exceto com um corpo de determinada qualidade e natureza que proverá o necessário veículo de contato com o meio ambiente exigido pela alma encarnante. Podem também prover, até certo ponto, a relação grupal, onde a experiência da alma é longa e uma verdadeira relação grupal foi estabelecida.
Estes dois momentos críticos são conscientemente enfrentados pelo homem desencarnado, o qual sabe o que está fazendo dentro dos limites estabelecidos pelo seu ponto na evolução.
A Experiência do Devachan
Quero destacar que esta tarefa de empreender, de modo consciente, a arte da eliminação, e esta percepção do processo e propósito constituem, na realidade, o estado de consciência que tem sido chamado de devachan pelos teosofistas ortodoxos. Esta experiência tem sido muito mal entendida. A ideia geral tem sido que, depois do processo de se livrar dos corpos astral e mental, o homem entra numa espécie de estado de sonho onde ele reexperiencia e reconsidera eventos passados à luz do futuro e passa por uma espécie de período de descanso, uma espécie de processo digestivo preparatório para empreender um novo nascimento.
Esta ideia um tanto errônea surgiu porque o conceito de tempo ainda governa as apresentações teosóficas da verdade. Porém, se nos conscientizarmos que o tempo só é conhecido na experiência do plano físico, todo o conceito do devachan se esclarece. A partir do momento da completa separação dos corpos físico e etérico, e quando o processo de eliminação é empreendido, o homem fica consciente do passado e do presente; quando a eliminação é completada e chega o momento de fazer contato com a alma e o veículo manásico está em processo de destruição, o homem fica imediatamente consciente do futuro, pois a previsão é um dos dons da consciência da alma e dela o homem agora partilha temporariamente. Portanto presente, passado e futuro, são vistos como um; o reconhecimento do Eterno Agora desenvolve-se gradualmente de encarnação a encarnação e durante o contínuo processo de renascimento. Este constitui um estado de consciência (estado normal característico do homem avançado) que podemos chamar devachânico.
Não é minha intenção deter-me na técnica do processo eliminativo. A humanidade em tantos estágios diferentes - intermediários dos três já apresentados - que me seria impossível ser definido ou conciso. O atrito é relativamente fácil de entender; o corpo kâmico morre porque não havendo o apelo da substância física para evocar o desejo, nada existe para alimentar este veículo. O corpo astral vem à existência por meio da interação recíproca entre o plano físico, que não é um princípio, e o princípio do desejo. No processo do renascer, este princípio é utilizado pela alma com intenção dinâmica no veículo mental para reverter o chamado, e a matéria então responde ao chamado do homem reencarnante. O homem kâmico, depois de um longo processo de atrito, fica livre dentro de um embrionário veículo mental; este período de vida semimental é extremamente breve e é terminado pela alma que repentinamente “dirige seu olho para aquele que espera”, e pelo poder daquela potência direcionada instantaneamente reorienta o homem kâmico para o caminho de descida para o renascimento. O homem kama-manásico exerce um processo de retirada e responde ao “puxão” de um corpo mental em rápido desenvolvimento. Esta retirada torna-se cada vez mais rápida e dinâmica até chegar ao estado onde o discípulo probacionário - sob constante e crescente contato com a alma - destrói o corpo kama-manásico, como uma unidade, por um ato de vontade mental, reforçado pela alma.
Vocês observarão que a experiência “devachânica” será necessariamente mais breve em relação a esta maioria do que com a minoria kâmica, porque a técnica devachânica de recapitulação e reconhecimento das implicações da experiência está lentamente controlando o homem no plano físico, de modo que ele traz a significância do significado e aprende constantemente através da experiência enquanto encarna. Assim vocês compreenderão também que a continuidade de consciência está sendo também lentamente desenvolvida, e a percepção do homem interno começa a demonstrar- se no plano físico, primeiro por meio do cérebro físico, e depois independentemente dessa estrutura material. Dei aqui uma definida pista sobre um assunto que será alvo de grande atenção durante os próximos duzentos anos.
A pessoa manásica, a personalidade integrada, trabalha, como já vimos, de dois modos que dependem, necessariamente da integração alcançada, a qual é de dois tipos:
1. A da personalidade integrada focalizada na mente e alcançando uma crescente relação com a alma.
2. A do discípulo, cuja personalidade integrada está agora sendo integrada à alma e por ela absorvida.
Nesta etapa de desenvolvimento da mente e de constante controle mental (baseada no fato de que a consciência do homem está agora definidamente focalizada e permanentemente centrada no veículo mental), os anteriores processo de destruição do corpo astral por meio do atrito e pela “negação dinâmica”, são levados a efeito durante a encarnação física. O homem encarnado recusa-se a ser governado pelo desejo; o que resta do ilusório corpo astral é agora dominado pela mente, e os anseios pela satisfação do desejo são recusados com plena e consciente deliberação, seja devido a ambições egoístas e intenções mentais da personalidade integrada, seja sob a inspiração da intenção da alma que submete a mente aos seus propósitos.
Quando este ponto na evolução é alcançado, o homem pode então dissolver os últimos vestígios de qualquer desejo por meio da iluminação. Nas primeiras etapas da vida puramente manásica ou mental, isto é feito através da iluminação trazida pelo conhecimento, e envolve principalmente a luz inata da substância mental. Mais tarde, quando a alma e a mente estão estabelecendo uma estreita relação, a luz da alma acelera-se e suplementa o processo. O discípulo agora usa métodos mais ocultistas, porém sobre eles não me posso expandir. A destruição do corpo mental não é mais provocada pelo poder destrutivo da própria luz, mas é acelerado por meio de certos sons emanados do plano da vontade espiritual. Estes sons são reconhecidos pelo discípulo e lhe é permitido usá-los em forma de palavras por algum iniciado mais antigo no Ashram ou pelo próprio Mestre, próximo ao fim do ciclo de encarnação.
Décima Lei da Cura
Gostaria agora de apresentar certos postulados que precisaremos considerar no estudo da Parte Três, onde abordaremos as Leis Fundamentais da Cura. Estas Leis e Regras já foram apresentadas, mas quero agora desenvolvê-las.
Estudamos com certa profundidade os processos imediatos que têm lugar quando o princípio da vida se retira ou é retirado do corpo. Há uma distinção, baseada no desenvolvimento evolutivo, nestes dois processos. Nós descrevemos a retirada do princípio da vida, mais a consciência, dos corpos sutis nos três mundos, e chegamos agora ao ponto em que não mais lidamos com o homem comum ou com o homem não desenvolvido. Agora nos ocuparemos com a atividade consciente da alma em relação ao seu aspeto forma.
Com o homem não desenvolvido ou o comum, a alma tem uma atuação muito pequena no processo da morte, além da contribuição de uma simples determinação de pôr fim ao ciclo da vida encarnada, antes de retornar ao plano físico. As "sementes da morte” são inerentes à natureza da forma e demonstram-se como doença ou senibilidade (usando a palavra no seu sentido técnico, e não coloquial), e a alma trata de seus próprios interesses em seu próprio plano até aquele momento em que o processo evolutivo cause uma situação onde a integração ou estreita relação entre a alma e a forma seja tão real que a alma fique íntima e profundamente identificada com sua forma de manifestação. Pode dizer-se que, quando este estágio é alcançado, a alma está, pela primeira vez, verdadeiramente encarnada; está realmente “descendo à manifestação", e a natureza da alma inteira está por ela envolvida. Este ponto tem sido pouco destacado ou compreendido.
Nas primeiras vidas da alma encarnante e durante a maioria dos ciclos da vida de experiência, a alma pouca importância dá ao que se está passando. A redenção da substância da qual todas as formas são feitas prossegue sob processo natural e o “o carma da matéria” é a força governante inicial; com o tempo, este é sucedido pelo carma gerado pela fusão da alma e da forma, embora - nas etapas iniciais-pouca responsabilidade possa ser atribuída à alma. Aquilo que ocorre dentro do tríplice envoltório da alma é, necessariamente, o resultado das tendências inatas da própria substância. Contudo, com o passar do tempo e as encarnações que se sucedem, o efeito da qualidade da alma gradualmente evoca a consciência e - por meio da consciência, que é o exercício do sentido discriminativo, desenvolvido à medida que a alma assume crescente controle - uma consciência despertada é evocada. A princípio, isto se manifesta como senso de responsabilidade, e é isto que gradualmente estabelece uma crescente identificação da alma com seu veículo, o homem triplo inferior. Os corpos tornam-se então progressivamente mais refinados; as sementes da morte e da doença não são tão potentes; aumenta a sensibilidade quanto às realizações internas da alma, até que chega o momento quando o discípulo iniciado morre por um ato de sua vontade espiritual ou em resposta ao carma grupal, nacional ou planetário.
A doença e a morte são essencialmente condições inerentes à substância. Enquanto o homem se identificar com o aspeto forma, ele continuará condicionado pela Lei da Dissolução, que é uma lei fundamental e natural governando a vida da forma em todos os reinos da natureza. Quando o discípulo ou o iniciado se identifica com a alma, e quando o antahkarana foi construído por meio do princípio da vida, então o discípulo passa ao largo do controle desta lei natural universal e descarta seu corpo à vontade - pela demanda da vontade espiritual ou pelo reconhecimento das necessidades da Hierarquia ou dos propósitos de Shambala.
Chegamos agora à enunciação de uma nova lei que substitui a Lei da Morte e que se refere apenas àqueles que estão nas etapas finais do Caminho do Discipulado e começo das etapas no Caminho da Iniciação.
LEI X
Escuta, ó Chela, ao chamado que parte do Filho para a Mãe, e então obedece. A Palavra anuncia que a forma serviu ao seu propósito. O princípio da mente (o quinto princípio - A.A.B.) organiza-se então, e a seguir repete a Palavra. A forma, que espera, responde e se desprende. A alma fica livre.
Responde, ó Uno Ascendente, ao chamado que vem do interior
da esfera da obrigação; reconhece o chamado que emerge do Ashram ou da
Câmara do Conselho onde o próprio Senhor da Vida aguarda. O Som é emitido.
Ambas, alma e forma juntas devem renunciarão princípio da vida e permitir
assim que a Mônada se liberte. A alma responde. A forma então rompe a
conexão. A vida está agora liberada e de posse da qualidade do conhecimento
consciente e dos frutos da experiência. Estes são os dons da alma e da forma
combinadas.
Eu tenho desejado deixar claro em vossas mentes a distinção entre a doença e a morte experienciadas pelo homem comum e certos processos correspondentes de dissolução tais como os praticados pelo discípulo adiantado ou iniciado. Estes últimos processos envolvem uma técnica de lento desenvolvimento na qual (nas primeiras etapas) o discípulo é ainda vítima das tendências da forma em produzir doenças, como sucede com todas as formas da natureza. Esta tendência traz a morte como consequência, passando através das diferentes etapas da doença até a morte suave, para outros estágios onde a morte é provocada por um ato da vontade - sendo a hora e o modo determinados pela alma e conscientemente registrados pelo cérebro. A dor demonstra- se em ambos os casos, mas no Caminho da Iniciação a dor é grandemente negada, não porque o iniciado tente fugir da dor, mas porque a sensibilidade da forma a contatos indesejáveis desaparece, e com ela desaparece também a dor. A dor é a guardiã da forma e a protetora da substância; ela previne do perigo; indica certas etapas definidas no processo evolutivo; está relacionada com o princípio por meio do qual a alma se identifica com a substância. Quando a identificação cessa, a dor, a doença e também a morte perdem seu controle sobre o discípulo; a alma deixa de estar sujeita às suas exigências e o homem fica livre, porque a doença e a morte são qualidades inerentes à forma, e sujeitas às vicissitudes da vida da forma.
A morte é para o homem exatamente aquilo que a liberação do átomo parece ser; isto foi demonstrado pela grande descoberta científica da liberação da energia atômica. O núcleo do átomo é dividido em dois. (Este modo de falar é cientificamente incorreto). Este acontecimento na vida de experiência do átomo libera uma grande luz e uma grande potência. No plano astral, o fenômeno da morte tem um efeito algo semelhante e um estreito paralelismo com o fenômeno provocado pela liberação da energia atômica. Até certo ponto, cada morte em todos os reinos da natureza tem este efeito; ela despedaça e destrói a forma substancial e assim serve a um propósito construtivo; este resultado é largamente astral ou psíquico e serve para dissipar um pouco da miragem ambiente. A destruição de formas por atacado, que teve lugar durante os mais recentes anos de guerra produziu fenomenais mudanças no plano astral e destruiu grande parte da miragem existente no mundo, o que é realmente muito, muito bom.
Estes acontecimentos devem resultar em menos oposição ao influxo de novo tipo de energia. Deverá facilitar o aparecimento de ideias que incorporam os necessários reconhecimentos; os novos conceitos serão agora vistos e seu aparecimento no reino do pensamento humano dependerá da formulação de novos” caminhos ou canais de impressão" pelos quais as mentes dos homens poderão tornar-se sensíveis ao plano hierárquico e aos propósitos de Shambala.
Contudo, isto é dito de passagem. Minha proposição servirá para mostrar-lhes algumas das relações entre a morte e a atividade construtiva, e a vasta utilidade da morte como um processo na reconstrução. Trago-lhes a idéia de que esta grande Lei da Morte - ao governar a substância nos três mundos - é um evento benéfico e corretivo. Sem me alargar sobre o assunto, quero lembrar-lhes que a Lei da Morte, que governa com tal potência os três mundos da evolução humana, é um reflexo de um propósito cósmico que governa os planos etéricos cósmicos de nosso sistema solar, o plano astral cósmico e o plano mental cósmico. A energia que lida com a morte emana como uma expressão do princípio vital daquela VIDA maior que abarca todos os sete sistemas planetários que Neles Mesmos expressam a Vida do nosso sistema solar. Quando em nossa reflexão e esforço para compreender, nós entramos neste terreno de pura abstração, é o momento de pararmos e trazermos nossa mente de volta a modos mais práticos de vida planetária e para as leis que governam o quarto reino da natureza, o humano.
Depois desta tentativa de debater do universal ao particular - que é sempre o método ocultista - estamos agora em posição de abordar, na Terceira Parte, o último ponto que lida com os Requisitos Básicos, e precisamos agora considerar o uso do princípio da morte pelo discípulo ou iniciado. Quero que notem o meu modo de expressar este conceito, que será tratado sob o título de Os Processos de Integração.