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Livros de Alice Bailey

Cura Esotérica

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PARTE DOIS

Capítulo V

DUAS QUESTÕES IMPORTANTES

Procurei, nas páginas precedentes, dar certa noção da verdadeira natureza daquilo que chamamos morte. A morte é a retirada, consciente ou inconscientemente, da entidade vivente de sua concha externa, sua correspondência vital interna, e finalmente o abandono do corpo ou corpos sutis, de acordo com o ponto de evolução da pessoa. Procurei também mostrar a normalidade deste familiar processo. O horror suscitado pela morte no campo de batalha e por acidente consiste no choque que ela precipita no interior da área do corpo etérico, impondo um rápido reajuste de suas forças constituintes e uma súbita e inesperada reintegração de suas partes componentes em resposta à definida ação que forçosamente tem que ser realizada pelo homem em seu corpo kama-manásico. Esta ação não envolve recolocar o homem interno dentro do veículo etérico, mas exige a reunião dos aspectos dispersos desse corpo, sob a Lei da Atração, para que sua final e completa dissolução ocorra.

Antes de abordar o nosso tema, a Arte da Eliminação, quero responder a duas perguntas que me parecem importantes e que são feitas com frequência por estudantes interessados e inteligentes.

A primeira pergunta é, na realidade, a expressão do desapontamento com esta série de instruções, e que pode ser formulada assim: “Por que o Mestre Tibetano não se ocupa das enfermidades básicas, não descreve sua patologia, dá a cura ou sugere o tratamento, indica suas causas e dá, com detalhes, os processos de recuperação?” Porque, meus irmãos, pouco há que eu possa acrescentar tecnicamente ao que já foi averiguado pela ciência médica quanto aos sintomas, as localizações e as tendências gerais onde as condições mórbidas são encontradas. A observação, experimentação, ensaia e erro, sucesso e fracasso têm proporcionado ao homem moderno um amplo, definido e exato conhecimento dos aspectos exteriores e efeitos das doenças. O tempo e o treinamento na observação constante têm igualmente indicado curas ou processos paliativos ou medidas preventivas, como a vacinação contra a varíola, e estes têm provado ser úteis após muitos anos. A investigação e experimentação e as crescentes facilidades que a ciência proporciona estão aumentando a capacidade do homem em ajudar, curar às vezes, aliviar frequentemente e diminuir a reação à dor. A ciência médica e a habilidade cirúrgica têm dado saltos tão grandes que o que se conhece hoje é de natureza tão vasta e tão complexa em seus aspectos científicos e terapêuticos que deram origem aos especialistas - aqueles que se concentram num determinado campo, e que por isso lidam somente com certas condições patológicas, e adquirem assim grande destreza, conhecimento e frequente sucesso. Tudo isto é bom, apesar do que alguns ranzinzas ou pessoas com métodos prediletos de cura possam dizer, ou mesmo aqueles que voltam as costas à profissão médica e preferem algum culto ou alguma das novas abordagens aos problemas de saúde.

A razão para a existência destas novas abordagem existirem é que a ciência médica tem feito tal progresso que alcançou agora os limites de seu campo puramente físico e está agora a ponto de avançar para o reino do intangível e assim, aproximando-se do reino das causas. É por esta razão que não desperdicei o tempo com detalhes de doenças, enumerando ou considerando doenças específicas, seus sintomas ou tratamento porque isto está plenamente coberto pelos livros disponíveis; elas podem ser igualmente vistas em seus muitos e variados estágios em nossos grandes hospitais.

Todavia, ocupei-me das causas latentes das doenças - como a tuberculose, a sífilis e o câncer - inerentes ao indivíduo, à humanidade como um todo e também ao nosso planeta. Tracei as bases psicológicas das doenças e indiquei um campo praticamente novo onde as doenças - particularmente nas etapas iniciais - podem ser estudadas.

Quando a base psicológica da doença puder ser compreendida e sua natureza fatual admitida pelo médico ortodoxo, pelo cirurgião e pelo sacerdote, então todos trabalharão em conjunto nesta área de entendimento em desenvolvimento, e o que hoje é vagamente chamada “medicina preventiva” entrará em pleno vigor. Prefiro definir essa fase de aplicação médica como a organização daqueles métodos pelas quais a doença será evitada, e o desenvolvimento de técnicas pelas quais o correto treinamento psicológico será dado — a partir da juventude — e pela correta ênfase sobre o homem espiritual interno, certas condições e hábitos que hoje inevitavelmente levam à doença e eventualmente à morte, serão evitados.

Na afirmação acima, não me refiro a ciências especulativas, como a Ciência Cristã ou outras escolas que atribuem todas as doenças ao poder do pensamento. Estou tratando da imediata necessidade de correto treinamento psicológico baseado no conhecimento da constituição do homem, na ciência dos sete raios (as forças que condicionam o homem e fazem dele o que ele é); e na astrologia esotérica; estou me referindo à aplicação de conhecimentos até agora considerados peculiares e esotéricos, que lentamente estão conseguindo consideração geral, e que fizeram grande progresso durante os últimos vinte cinco anos. Não estou falando de abolir o tratamento médico, nem apoiando os novos modos de tratamento, os quais estão todos na etapa experimental e todos têm algo a contribuir para a ciência médica em geral. Da totalidade de contribuições surgirá uma abordagem médica mais rica e fluente.

O quadro que descrevi das bases psicológicas das doenças levará um longo tempo ainda até ser completado, e nesse ínterim a contribuição da medicina é indispensável. Apesar de seus equívocos, diagnósticos falhos e muitos erros, a humanidade não pode dispensar seus médicos, cirurgiões e hospitais, os quais são extremamente necessários agora como o serão ainda por muitos séculos. Esta declaração não deve desalentá-los. A humanidade não pode ser trazida a uma condição de perfeita saúde física imediatamente, embora um correto treinamento psicológico desde a infância muito fará no transcurso de algumas décadas. Condições errôneas se têm desenvolvido durante tão longo tempo! A moderna medicina precisa ter a mente mais aberta, mais pronta a endossar o que é novo - depois da devida comprovação profissional - o que é inovador e incomum. As barreiras erguidas pela medicina especializada precisam cair, e procuradas e investigadas as novas escolas, e finalmente, incluídas nas fileiras ortodoxas. As novas escolas, como as que lidam com a eletroterapia, as escolas quiropráticas, os dietistas que afirmam curar todas as doenças por meio da alimentação correta, e os um tanto excêntricos neuropatas, além de muitos outros cultos e escolas, precisam deixar de ser tão arrogantemente confiantes de que conhecem a história toda, de que sua abordagem é a única ou de que eles possuem a cura universal única e definitivamente segura. Esses grupos, particularmente os quiropráticos, têm prejudicado sua causa pela sua veementemente alardeada segurança - num campo ainda experimental - e o constante ataque à medicina ortodoxa. Esta, por sua vez, tem-se limitado a si mesma por não reconhecer o que é bom e correto nas escolas mais novas; tem sido antagonizada devido ao seu clamor por reconhecimento, e à falta de métodos científicos. O desejo da medicina ortodoxa é proteger o público. Isto tem que ser feito para evitar os desastres que seriam provocados por fanáticos e métodos ainda não testados, mas tem ido longe demais. A escola de pensamento que eu apoio nestas instruções também será desafiada por um longo tempo. Porém, os efeitos mentais e psicológicos da guerra mundial apressará grandemente o reconhecimento da base psicológica das doenças e de outros problemas. A medicina moderna, portanto, está diante de uma grande oportunidade.

Uma combinação de verdadeira ciência médica (como o homem produziu ao longo dos tempos, sob a inspiração de sua natureza divina), dos aspectos mais recentes de tratamento tais como formulados pelas muitas escolas de pensamento emergentes, de prática e experimentação, o reconhecimento de energias que condicionam o homem, trabalhando mediante os sete centros no seu corpo vital, e as influências astrológicas que igualmente o condicionam, por meio do homem interno, no devido tempo produzirão a nova abordagem médica que manterá o homem com boa saúde, que deterá a doença nas suas etapas iniciais, e que finalmente inaugurará aquele ciclo nos assuntos humanos quando a doença e a má saúde serão exceções e não a regra, como hoje é o caso, e quando a morte será olhada como uma feliz e designada libertação, e não, como sucede hoje, um temido inimigo.

A segunda questão está definidamente ligada aos processos da morte. Foi perguntando: Qual é a atitude do Tibetano a respeito da cremação e, sob que condições, deve ela ser seguida? Felizmente a cremação e cada vez mais adotada. Dentro de pouco tempo o enterro no solo será considerado ilegal e a cremação será forçada, o que é uma saudável medida sanitária. Aqueles lugares insalubres e psíquicos chamados cemitérios, desaparecerão, assim como a adoração dos ancestrais está desaparecendo tanto no Oriente - com o culto aos ancestrais - quanto no Ocidente - com o seu igualmente estúpido culto de posição hereditária.

Pelo uso do fogo, todas as formas são dissolvidas; quanto mais rapidamente o veículo físico é destruído, mais rapidamente é quebrado seu poder sobre a alma que se está retirando. Muitas tolices têm sido ditas na literatura teosófica corrente sobre a equação do tempo em relação à sequência da destruição dos corpos sutis. Deve dizer-se, contudo, que desde o momento em que a verdadeira morte tenha sido registrada cientificamente (pelo médico atendente) e certificado que não resta um lampejo de vida no corpo físico, a cremação é então possível. Esta completa ou verdadeira morte acontece quando o fio da consciência e o fio da vida foram totalmente retirados da cabeça e do coração. Ao mesmo tempo, uma atitude reverente, descansada, deverá ter lugar neste processo. A família do falecido necessita de algumas horas para se ajustar ao fato do iminente desaparecimento da forma externa geralmente tão amada; deve ser dada atenção também às formalidades exigidas pelo estado ou municipalidade. Este elemento tempo refere-se principalmente às pessoas que ficam, os vivos, e não aos mortos. A alegação de que o corpo etérico não deve ser precipitadamente cremado, e a crença de que ser deixado a perambular por vários dias, tão-pouco tem qualquer foro de verdade. Não existe necessidade etérica para a demora. Quando o homem interno se retira do seu veículo físico, ele simultaneamente se retira do corpo etérico. É verdade que o corpo etérico pode deixar-se ficar por um longo tempo no “campo de emanação” quando o corpo físico é enterrado, e frequentemente persistirá até a completa desintegração do corpo físico. O processo de mumificação, como o praticado no Egito, e de embalsamamento praticado no Ocidente, têm sido responsáveis pela perpetuação do corpo etérico, às vezes por séculos. Este é particularmente o caso quando a múmia ou a pessoa embalsamada teve, em vida, um mau caráter; o corpo etérico é então frequentemente “possuído” por uma entidade maligna ou uma força do mal. Esta é a causa de ataques e desastres que frequentemente perseguem aqueles que descobrem antigas tumbas e seus habitantes, velhas múmias, e as trazem - assim como suas possessões - à luz. Onde a cremação é praticada, há não somente a destruição do corpo físico e sua restituição à fonte da substância, mas também o corpo vital é prontamente dissolvido e suas forças são arrastadas pela corrente ígnea para o reservatório das energias vitais, do qual foi sempre uma parte inerente, seja na condição de uma forma ou sem forma. Depois da morte e da cremação, estas forças ainda existem, porém, são absorvidas em um todo análogo. Reflitam sobre esta afirmação, pois ela é a pista para o trabalho criativo do espírito humano. Se a demora for necessária devido aos sentimentos da família ou às exigências municipais, a cremação deve ser realizada dentro de trinta e seis horas; onde não existe razão para demora, a cremação pode realizar-se em doze horas. É prudente esperar-se doze horas para que esteja assegurada verdadeira morte.

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