Cura Esotérica
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PARTE DOIS
Capítulo V
O ATO DE RESTITUIÇÃO
Ao considerar a consciência da alma que está partindo (observem a frase) quando ela inicia o ato de restituição, quero novamente destacar que estou tratando de um assunto do qual não há prova física tangível. Ocasionalmente os homens são novamente trazidos à existência no plano físico, no instante preciso em que se completa a restituição. Isto só pode ser feito desde que a entidade consciente esteja ainda ocupando o veículo etérico, embora, para todos os efeitos, o abandono do corpo físico tenha sido completado. Embora o corpo etérico interpenetre todo o corpo físico, ele é muito maior do que este, e o corpo astral e a natureza mental podem ainda permanecer etericamente polarizados, ainda que a morte do corpo físico - a cessação da atividade cardíaca e a concentração do foco etérico básico na região da cabeça, ou do coração, ou do plexo solar - se tenha efetuado e a retirada já esteja bem adiantada.
As forças etéricas são primeiramente retiradas para o interior da extensão circundante do círculo-não-se-passa, antes da dissipação final que deixa o homem livre para ficar dentro do círculo-não-se-passa do seu veículo astral. Eis aqui um aspeto um tanto novo do processo da morte. A retirada do corpo etérico da ocupação do corpo físico denso tem sido frequentemente apresentada. Mas mesmo quando isto foi realizado, a morte não está ainda completa; ela espera ainda uma atividade secundária da vontade da alma, atividade esta que resultará na dissolução de todas as forças etéricas na fonte emanadora que é o reservatório geral de forças. Não se esqueçam que o corpo etérico não tem vida distinta, própria. Ele é somente um amalgamado de todas as forças e energias que animam o corpo físico e que o galvanizam para a atividade durante o ciclo de vida exterior. Lembrem-se, também, que os cinco centros ao longo da coluna vertebral não estão no corpo físico, mas sim em pontos distintos da substância etérica, paralelamente ao corpo físico; eles estão - mesmo no caso do homem não evoluído e principalmente no caso do homem comum - no mínimo, a duas polegadas de distância da coluna física. Os três centros da cabeça estão igualmente fora do corpo físico denso. Lembrar disto facilitará compreender a afirmação de que o corpo físico está, em si, desocupado quando os que o estão observando supõem-no morto, mas que, não obstante, o homem pode não estar realmente morto. Quero lembrar também que isto é igualmente verdadeiro quanto aos centros menores tanto quanto aos maiores, com os quais estamos tão familiarizados.
Os últimos dos centros menores a “desaparecer no nada”, com o fim de resolver-se na totalidade da substância etérica, são dois encontrados na região dos pulmões e com eles estreitamente ligados. É sobre estes dois centros que a alma trabalha quando, por alguma razão, é chamada de volta. É quando eles voltam à atividade que o sopro da vida retorna à forma física. É o conhecimento inconsciente deste fato que constitui a causa do processo que normalmente é usado em todos os casos de asfixia ou afogamento. Quando um homem é presa da doença e está enfraquecido, esses exercícios de restauração não são possíveis e não devem ser empregados. Nos casos de morte súbita devida a acidentes, suicídio, assassínio, ataque cardíaco inesperado ou através dos processos da guerra, o choque é tal que o processo um tanto lento da retirada da alma é completamente comprometido e o esvaziamento do corpo físico e a completa dissolução do corpo etérico são praticamente simultâneos. Nos casos normais de morte por enfermidade, a retirada é lenta, e - quando a gravidade da doença não causou grande deterioração do organismo - há a possibilidade de retorno por um período curto ou mais longo de tempo. Isto acontece frequentemente, especialmente quando é forte a vontade de viver ou quando a tarefa da vida resta ainda incompleta ou concluída incorretamente.
Há um outro ponto que desejo mencionar e que tem relação com o eterno conflito sendo travado entre as dualidades do corpo físico denso e do veículo etérico. O elemental físico (nome dado à vida integrada do corpo físico) e a alma quando esta procura retirar-se e dissolver a soma total das energias combinadas do corpo etérico, estão em violento conflito e o processo é quase sempre feroz e demorado. É esta a batalha que está sendo travada durante o período longo ou curto do coma que caracteriza tantos leitos de morte. O coma, esotericamente falando, é de duas espécies: há o “coma de batalha” que precede a verdadeira morte; há também o “coma de restauração” que tem lugar quando a alma retirou o fio da consciência, mas não o fio da vida, num esforço para dar ao elemental físico tempo para recuperar o comando sobre o organismo e assim restaurar a saúde.
Por enquanto, a ciência moderna não reconhece a distinção entre esses dois aspetos do coma. Mais tarde, quando a visão etérica, ou clarividência, for mais comum, a qualidade do coma prevalecente será conhecida, e a esperança ou o desespero não mais controlarão. Os amigos e parentes da pessoa inconsciente saberão exatamente se estão observando uma grande e final retirada da presente encarnação ou simplesmente assistindo um processo restaurador. Neste último caso, a alma ainda mantém o controle sobre o corpo físico, através dos centros, mas está retendo temporariamente todos os processos energizadores. As exceções a esta retenção são o centro cardíaco, o baço e os dois centros menores relacionados ao aparelho respiratório. Estes permanecerão normalmente energizados, embora um tanto enfraquecidos em sua atividade, e através deles, o controle é mantido. Quando a verdadeira morte é a intenção da alma, então se estabelece primeiro o controle sobre o baço; depois, segue-se o controle dos dois centros menores e, finalmente, sobre o centro cardíaco e o homem morre.
O que foi dito acima dará uma ideia dos muitos pontos relacionados à morte que serão descobertos pela medicina ortodoxa, e que serão revelados à medida que a raça alcance uma maior sensibilidade.
Quero que se lembrem que em todas estas considerações estamos lidando com as reações e atividades da alma que está deliberadamente chamando de volta seu aspeto encarnado porque um ciclo de vida foi concluído. O período desse ciclo de vida pode ser longo ou curto, segundo os propósitos envolvidos; pode cobrir uns poucos anos ou um século. Antes do sétimo ano, a vitalidade do elemental físico constitui o fator determinante. A alma está então focalizada no corpo etérico, porém, não utiliza plenamente todos os centros; apenas exerce um suave controle pulsante e uma leve atividade impulsionadora - suficiente para preservar a consciência, para vitalizar os vários processos físicos, e iniciar a demonstração do caráter e da disposição. Estes tornam-se cada vez mais marcantes até os vinte um anos, quando se estabilizam no que chamamos personalidade. No caso dos discípulos, o controle da alma sobre os centros etéricos será mais potente desde o começo da existência física. Por volta dos quatorze anos, a qualidade e natureza da alma encarnada e sua idade aproximada ou experiência são determinadas, os elementais físicos, astrais e mentais estão sob controle, e a alma - o homem espiritual interno - já determina as tendências e escolhas da vida.
No caso do homem comum, quando a morte é determinada, a luta entre o elemental físico e a alma é um fator característico, ocultamente chamado “uma partida lemuriana”. No caso do homem médio, onde o foco da vida está na natureza do desejo, o conflito é entre o elemental astral e a alma, e a este se dá o nome de “a morte de um atlante”. No que diz respeito aos discípulos, o conflito será mais puramente mental e está frequentemente focalizado em torno da vontade de servir e na determinação de cumprir um particular aspeto do Plano, e da vontade de retornar com todas as forças ao centro ashrâmico. Quanto aos iniciados, não há conflito, apenas simplesmente uma retirada consciente e deliberada. Curiosamente, se parece haver um conflito, será entre as duas forças elementares que então permanecem na personalidade: o elemento físico e a vida mental. Não se acha qualquer elemental astral no equipamento de um iniciado de alto grau. O desejo foi completamente transcendido no que diz respeito à própria natureza do indivíduo.
Fatores Enfrentados Pela Alma ao Retirar-se
Na morte física, portanto, e no ato de restituição, a alma - ao retirar-se - tem que lidar com os seguintes fatores:
1. O elemental físico, a vida integrada e coordenada do corpo físico, que procura sempre manter-se unida sob as forças atrativas de todas as suas partes componentes e sua mútua interação. Estas forças atuam através de um certo número de centros menores.
2. O veículo etérico, que tem uma poderosamente coordenada vida própria, expressando-se através de sete centros maiores, os quais reagem sob a energia impulsora astral, mental e da alma. Trabalha também através de certos centros menores cuja função não é responder a esse aspeto do equipamento do homem, que H. P. B. afirma não ser um princípio - o mecanismo físico denso.
Os centros menores, portanto, existem em dois grupos: aqueles que respondem à vida da matéria densa, o aspeto mãe, e que estão definidamente no arco involutivo. Estes são uma herança do sistema solar anterior quando o homem todo era controlado por meio destes centros menores, com alguns centros maiores ligeiramente indicados no caso dos iniciados e discípulos avançados daquele tempo. Segundo, os centros que respondem às energias que lhes chegam através dos centros maiores, e que estão sob o controle do corpo astral e do equipamento mental. Consequentemente, vê-se porque, anteriormente neste tratado me referi aos centros menores. Seria interessante saber onde esses vinte um centros estão localizados:
1. Há dois diante das orelhas perto da junção dos ossos da mandíbula.
2. Dois logo acima das duas mamas.
3. Um na junção do externo junto à tireoide. Este e os dois das mamas formam um triângulo de força.
4. Um em cada palma das mãos.
5. Um em cada sola dos pés.
6. Dois atrás dos olhos.
7. Dois relacionados com as gônadas.
8. Um próximo ao fígado.
9. Um relacionado com o estômago, relacionado pois com o plexo solar, mas não idêntico a ele.
10. Dois são vinculados ao baço. Na realidade constituem um só centro, formado pela superposição de ambos.
11. Um atrás de cada joelho.
12. Um poderoso centro intimamente ligado ao nervo vago. É muito potente, e considerado em algumas escolas de ocultismo como um centro maior. Não está na coluna vertebral, mas sim a curta distância da glândula timo.
13. Um está próximo ao plexo solar, relacionando-o com o centro na base da espinha dorsal, formando assim um triângulo entre o centro sacro, o plexo solar e o centro na base da espinha.
Os dois triângulos citados nesta tabulação são de real importância - um está acima e o outro abaixo do diafragma.
Mais uma vez, o processo da morte pode ser visto como uma atividade dual, a qual primariamente diz respeito ao corpo etérico. Primeiro que tudo há a coleta e retirada da substância etérica, de modo que ela não mais interpenetra o organismo físico denso, e sua subsequente densificação - uma palavra que eu deliberadamente escolhi - na área do corpo etérico que circundava o veículo denso, mas sem interpenetrá-lo. Esta tem sido erroneamente chamada aura da saúde, e pode ser fotografada mais facilmente durante o processo da morte do que em qualquer outra ocasião devido à acumulação das' forças em retirada, de cerca de várias polegadas além do corpo tangível. É neste ponto da experiência da retirada da alma que a “palavra da morte” pode ser emitida, e é antes da emissão desta palavra que é possível um retorno à vida física e as forças etéricas retiradas podem novamente interpenetrar o corpo. A relação com todas as forças retiradas é, até este ponto, retida por meio da cabeça, do coração, do plexo solar ou por meio dos dois centros menores do tórax.
Durante todo este tempo, a consciência do moribundo está focalizada no corpo emocional (ou astral) ou no veículo mental, de acordo com o grau da evolução. Ele não está inconsciente como pode pensar quem o observa, mas tem total consciência, internamente, do que está ocorrendo. Se ele estiver fortemente focalizado na vida do plano físico, e se esse é o desejo dominante de que ele está mais consciente, ele pode então intensificar o conflito. Teremos então o elemental físico lutando furiosamente pela existência, a natureza do desejo lutando para retardar os processos da morte, e a alma empenhada em realizar o trabalho de abstração e de restituição. Isto pode ocasionar uma luta, e frequentemente o faz, que é perfeitamente evidente para os observadores. À medida que a raça progredir e se desenvolver, esta tríplice luta tornar-se-á muito mais rara; o desejo pela existência no plano físico não parecerá tão atrativo, e esta atividade do corpo astral desaparecerá.
Quisera que imaginassem, simbolicamente, um homem em plena encarnação, arraigado nesta fase de sua experiência, e outro que se está retirando dessa experiência. Isto implica uma repetição em pequena escala, dos grandes processos planetários de involução e evolução; implica aquelas atividades que produzem uma focalização ou polarização em uma de duas direções; assemelha-se ao que pode ser considerado como um processo de verter vida e luz num recipiente no plano físico, ou uma intensificação de radiação dessa vida e luz de natureza tão potente que, sob o poder evolutivo da alma, ambas são retiradas no centro de vida e luz de onde elas originalmente vieram. Dei-lhes aqui (pudessem vocês reconhecê-la!) uma definição de iniciação, ainda que num fraseado bastante incomum. Talvez algumas linhas do Manual da Morte encontrado nos arquivos hierárquicos pudessem ajudar a encontrar uma nova perspectiva sobre a morte. Este manual contém o que se chama “Fórmulas que precedem Pralaya”, as quais tratam da morte ou dos processos de abstração, cobrindo a morte de todas as formas, seja a forma de uma formiga, de um homem ou de um planeta. As formulas referem-se somente aos dois aspetos de vida e luz - o primeiro condicionado pelo Som e o segundo pela Palavra. Os escritos que tenho em mente dizem respeito à luz e à Palavra que a retirada da forma ou a focaliza na forma.
“Tem em mente, ó Chela, que dentro das esferas conhecidas nada existe a não ser luz que responde à PALAVRA. Sabe que essa luz desce e se concentra; sabe que do ponto focal escolhido, ela ilumina sua própria esfera; sabe também que essa luz ascende e deixa na escuridão aquilo que - no tempo e espaço - ela iluminou. A esta descida e ascensão os homens chamam vida, existência e morte; a isto, Nós Que trilhamos o Caminho Iluminado chamamos morte, experiência e vida.
A luz que desce ancora-se no plano da aparência temporária. Ele lança sete fios para fora e sete raios de luz pulsam ao longo desses fios. Vinte e um fios menores são irradiados deles, fazendo com que os quarenta e nove fogos brilhem e queimem. No plano da vida manifestada, ressoa a palavra: Eis! Nasce um homem.
À medida que a vida prossegue, aparece a qualidade da luz; tênue e sombria, pode ser ela, ou radiante, brilhante, cintilante. E assim, os pontos de luz dentro da Flama passam e repassam; vêm e vão. A isto os homens chamam vida; chamam-na verdadeira existência. Assim se iludem eles, e contudo, servem ao propósito de suas almas e se encaixam no Plano maior.
E então, ressoa uma Palavra. O radiante ponto de luz que descera, agora ascende em resposta à fracamente ouvida nota que o chama, atraído para sua fonte emanadora. A isto o homem chama morte, e a isto a alma chama vida.
A Palavra retém a luz na vida; a Palavra retira a luz, e somente
permanece Aquilo que é a Própria Palavra. Aquela Palavra é Luz. Aquela Luz
é Vida, e a Vida é Deus.”
A manifestação do corpo etérico, no tempo e espaço, tem em si o que
esotericamente tem sido chamado "dois momentos de fulgor”. São eles,
primeiro o momento que antecede a encarnação física, quando a luz
descendente que traz a vida é focalizada com toda intensidade ao redor do
corpo físico e entra em relação com a luz da própria matéria, que se
encontra em cada átomo da substância. Esta luz focalizadora concentra-se em
sete áreas do círculo-não-se-passa, criando assim os sete centros maiores
que controlarão sua expressão e existência no plano exterior, esotericamente
falando. Este é um momento de grande fulgor; é quase como se um ponto de luz
pulsante explodisse em chama, e como se, dentro dessa chama, sete pontos de
intensificada luz tomassem forma.
Este é um ponto alto na experiência de entrar em encarnação, e precede de
certo período de tempo o nascimento físico. É isto que determina a hora do
parto. A fase seguinte do processo, como o clarividente a vê, é a etapa da
interpenetração, durante a qual “os sete se tornam vinte um e, a seguir,
muitos”; a substância da luz, o aspeto energia da alma, começa a permear o
corpo físico, e o trabalho criativo do corpo etérico ou vital é completado.
O primeiro reconhecimento disto no plano físico é o “som” emitido pelo
recém-nascido, que é o clímax do processo. O ato de criação pela alma
está agora completo; uma nova luz brilha num lugar escuro.
O segundo momento de brilho produz-se inversamente e anuncia o período de restituição e abstração final, pela alma, de sua própria energia intrínseca. A prisão da carne é dissolvida pela retirada da luz e da vida. Os quarenta e nove fogos no interior do organismo físico se extinguem; seu calor e luz são absorvidos pelos menores vinte e um pontos de luz, os quais, por sua vez, são absorvidos pelos sete centros maiores de energia. Então a “Palavra de Retorno” é pronunciada, e o aspeto consciência, a natureza da qualidade, a luz e energia do homem encarnado, são retiradas para o corpo etérico. O princípio da vida é igualmente retirado do coração. Segue-se um brilhante fulgor de pura luz elétrica, e o "corpo de luz” quebra todo contato com o veículo físico denso, focaliza-se por um breve período no corpo vital, e então desaparece. O ato de restituição está terminado. Todo este processo de focalização, no corpo etérico, destes elementos espirituais com a subsequente abstração, seguida da dissipação do corpo etérico, seria grandemente acelerado pela substituição do enterro pela cremação.
Duas Principais Razões para a Cremação
Ocultamente falando, a cremação é necessária por duas principais razões. Ela acelera a libertação dos veículos sutis (que ainda envolvem a alma) do corpo etérico, produzindo assim a libertação em algumas horas, em vez de em alguns dias; é também um meio muito necessário para a purificação do plano astral e para impedir a tendência do desejo de “mover-se para baixo” que tão grandemente embaraça a alma encarnada. Ela não encontra nenhum ponto de focalização porque, essencialmente, o fogo repele o aspeto criador de formas que o desejo possui, além de ser uma grande expressão da divindade com a qual o plano astral não tem real relação, uma vez que foi inteiramente criado pela alma humana e não pela alma divina. “Nosso Deus é um fogo consumidor” é uma afirmação da Bíblia que se refere ao primeiro aspeto divino, o aspeto do destruidor, libertando a vida. “Deus é Amor” refere- se ao segundo aspecto e figura Deus como uma existência encarnada. “Deus é um Deus ciumento” é uma expressão que indica Deus como forma, circunscrito e limitado, autocentrado e não expansivo. O Som destruidor, a Palavra atrativa, a Fala individualizada!
No momento da morte, desaparece a fala à medida que a Palavra ressoa e a restituição se efetua; mais tarde, não mais se ouve a Palavra à medida que o Som a elimina ou absorve, e há então completa eliminação de tudo que interfere com o som. Então sobrevém o silêncio, e o próprio Som não mais se ouve; completa paz segue-se ao ato de integração final. Eis aqui descrito, em fraseologia esotérica, todo o processo da morte.
É importante notar que é sob a básica e fundamental Lei de Atração que a arte de morrer é levada a cabo, e que é o aspecto amor, o segundo aspecto da divindade, que exerce a atração. Estão excluídos aqui os casos de morte súbita, onde a atividade é o resultado do destruidor, ou primeiro aspecto divino. Ali a condição é diferente; a necessidade cármica individual poderá não estar envolvida de modo algum, e razões condicionantes grupais, grandemente obscuras, podem estar por trás de tal acontecimento. Nesta época, o assunto é tão obscuro que não tentarei elucidá-lo. Vocês não sabem o suficiente sobre a Lei do Carma, sobre envolvimentos cármicos grupais, ou sobre relacionamentos e obrigações estabelecidas em vidas passadas. Quando digo, por exemplo, que, às vezes, “a alma pode deixar aberta a porta de proteção para que as forças da própria morte - não encontrando um ponto focal atrás da porta - possam entrar novamente” a fim de “mais rapidamente eliminar devidas penalidades passadas”, vocês podem ver quão obscuro este assunto da morte pode ser.
Em tudo que estou escrevendo aqui, lido somente com os processos normais da morte - a morte que sobrevém como resultado de doença, de idade avançada ou da vontade imposta da alma que completou o ciclo de experiência determinado e está usando os canais normais para atingir os fins projetados. A morte, nestes casos, é normal, e isto a humanidade precisa apreender com maior paciência, entendimento e esperança.
Sob a Lei de Atração, a alma, ao término de um ciclo de vida, e com firme intenção, exerce seu poder atrativo de tal maneira que desestabiliza o poder de atração inerente à própria matéria. Esta é uma definição clara da causa básica da morte. Quando ainda não foi conscientemente estabelecido um contato com a alma, como é o caso da maioria das pessoas atualmente, a morte chega como um evento inesperado ou dolorosamente antecipado. Contudo, é uma verdadeira atividade da alma. Este é o primeiro grande conceito espiritual a ser proclamado à medida que o medo da morte é combatido. A morte é levada a efeito sob esta Lei de Atração, e consiste numa calma e científica abstração do corpo vital do corpo físico denso, conduzindo finalmente à eliminação do contato da alma nos três mundos.
Sequência de Eventos durante a Morte
Sinto que o melhor que posso fazer para esclarecer melhor este assunto, é descrever a sequência de eventos que acontecem no leito de morte, recordando-lhes que os pontos de abstração final são em número de três: a cabeça, para os discípulos e iniciados e também para os tipos mentais adiantados; o coração, para os aspirantes, para os homens de boa vontade, e para aqueles que alcançaram certa medida de integração da personalidade e estão procurando cumprir, até onde lhes é possível, a lei do amor; e o plexo solar, para as pessoas não desenvolvidas e emocionalmente polarizadas. Tudo que posso fazer é tabular as etapas do processo, deixando para vocês as aceitarem como possíveis e interessantes hipóteses à espera de verificação; acreditarem nelas sem questionamentos porque confiam no meu conhecimento, ou as rejeitarem, por considerá-las fantasiosas, inverificáveis e sem qualquer importância. Recomendo a primeira das três, pois ela lhes permitirá preservar sua integridade mental, indicará uma mente aberta e, ao mesmo tempo, os protegerá contra a credulidade e estreiteza mental. As etapas são as seguintes:
1. A partir do seu próprio plano, a alma faz soar uma “palavra de retirada”, e imediatamente, no interior do homem no plano físico, é evocado um processo interno de reação.
a. Certos acontecimentos fisiológicos têm lugar na sede da doença, vinculados ao coração, e afetando também os três grandes sistemas que de forma tão potente condicionam o homem físico: a corrente sanguínea, o sistema nervoso em suas várias expressões, e o sistema endócrino. Não tratarei desses efeitos. A patologia da morte é bem conhecida e, exotericamente, tem sido muito estudada. Há ainda muito a ser descoberto, e o será, mais tarde. O meu interesse é, acima de tudo, relacionado com as reações subjetivas que, em última análise, ocasionam a predisposição patológica à morte.
b. Uma vibração percorre os nadis. Os nadis são, como bem sabem, a contraparte etérica de todo o sistema nervoso, e subjazem a cada um dos nervos de todo o corpo físico. São, por excelência, os agentes dos impulsos direcionadores da alma, reagindo à atividade vibratória que emana da contraparte etérica do cérebro. Respondem à Palavra diretora, reagem à “pulsão” da alma, e então organizam-se para a abstração.
c. A corrente sanguínea é afetada de forma peculiarmente oculta. O “sangue é a vida”, assim nos dizem; ele é interiormente mudado como resultado das duas etapas anteriores, mas primariamente como resultado de uma atividade até agora não descoberta pela ciência moderna, pela qual o sistema glandular é responsável. As glândulas, em resposta ao chamado da morte, injetam na corrente sanguínea uma substância que, por sua vez, afeta o coração. Ai está ancorado o fio da vida, e esta substância no sangue é considerada como “condutora da morte” e é uma das causas básicas para o coma e a perda de consciência. Ela evoca, no cérebro, uma ação reflexa. Esta substância e seu efeito serão, por enquanto, questionados pela medicina ortodoxa, mas sua presença será reconhecida mais tarde.
d. Estabelece-se um tremor psíquico que tem o efeito de afrouxar ou romper a conexão entre os nadis e o sistema nervoso; assim o corpo etérico se desprende de seu envoltório denso, embora ainda interpenetrando cada uma de suas partes.
2. Neste ponto, há frequentemente uma pausa de curta ou longa duração. Isto é permitido para que o processo de desligamento seja realizado o mais suavemente possível e sem dor. Este afrouxamento dos nadis começa nos olhos. Este processo de afastamento frequentemente é indicado pelo relaxamento e ausência de medo que mostra o moribundo; evidencia uma condição de paz, e a vontade de ir-se, além da inabilidade de fazer um esforço mental. É como se o moribundo, ainda conservando sua consciência, reúna todos os seus recursos para a abstração final. Esta é a etapa na qual - o medo da morte tendo sido por completo removido da mente da raça - os amigos e parentes daquele que parte "celebrarão um festival” para ele e com ele se regozijarão porque ele está abandonando o corpo. Por enquanto, isto não é possível. A tristeza impera, e a etapa transcorre, irreconhecida e não utilizada, como o será um dia.
3. A seguir, o corpo etérico organizado, desprendido de qualquer relação nervosa por meio da ação dos nadis, começa a reunir-se de novo para a partida final. Retira-se das extremidades em direção à “porta de saída” e focaliza-se ao redor dessa porta para o “puxão” final da alma diretora. Até este ponto, tudo foi realizado sob a Lei de Atração - a vontade magnética, atrativa da alma. Agora, um novo “puxão” ou impulso atrativo se faz sentir. O corpo físico denso, a totalidade dos órgãos, células e átomos, está firmemente sendo libertada da potência integradora do corpo vital pela ação dos nadis; começa a responder ao chamado atrativo da própria matéria. Isto tem sido chamado o “puxão” da terra e é exercido por essa misteriosa entidade a que chamamos “espírito da terra”, entidade que está no arco involutivo, e é para o nosso planeta o que o elemental físico é para o corpo físico do homem. Esta força de vida do plano físico é essencialmente a vida e luz da substância atômica - a matéria da qual todas as formas são feitas. É para este reservatório de vida material e involutiva que a substância de todas as formas retorna. A restituição da matéria recrutada de forma ocupada pela alma durante o ciclo de vida consiste em devolver a este “César” do mundo involutivo o que a ele pertence, enquanto que a alma retorna para o Deus Que a enviara.
É evidente, portanto, que nesta etapa está sendo realizado um processo duplamente atrativo:
a. O corpo vital está sendo preparado para partir.
b. O corpo físico está respondendo à dissolução.
Podemos acrescentar que uma terceira atividade está também presente. É a atividade do homem consciente, retirando sua consciência, firme e gradualmente, para os veículos astral e mental, em preparação para a total abstração do corpo etérico no momento apropriado. O homem fica cada vez menos ligado ao plano físico e mais retirado para dentro de si mesmo. No caso de uma pessoa evoluída este processo é levado a efeito conscientemente, e o homem retém seus interesses vitais e a consciência de sua relação com os outros, mesmo enquanto está perdendo seu vínculo com a existência física. Na morte por velhice, este desapego pode ser mais facilmente notado do que na morte por doença, e com frequência pode ver-se a alma, ou o homem vivente interno perdendo seu domínio a realidade física e, portanto, ilusória.
4. Novamente segue-se uma pausa. Este é o ponto onde o elemental físico pode recuperar seu poder sobre o corpo etérico, se isto é considerado desejável pela alma, se a morte não é parte do plano interno, ou se o elemental físico é tão potente que pode prolongar o processo da morte. Esta vida elemental às vezes lutará uma batalha que pode durar dias e semanas. Quando, porém, a morte é inevitável, a pausa neste ponto será extremamente breve, às vezes, só uma questão de segundos. O elemental físico perdeu seu poder e o corpo etérico aguarda o “puxão” final da alma, agindo sob a Lei de Atração.
5. O corpo etérico emerge do corpo físico denso em etapas graduais e no ponto de saída escolhido. Quando este emergir se completa, o corpo vital então assume o vago contorno da forma por ele energizada, e isto sob a influência do pensamento-forma de si mesmo que o homem construiu ao longo dos anos. Este pensamento-forma existe no caso de cada ser humano, e precisa ser destruído antes que a segunda etapa da eliminação esteja finalmente completa. Tratarei disto mais tarde. Embora liberto da prisão do corpo físico, o corpo etérico não está ainda livre de sua influência. Há ainda uma leve ligação entre ambos e isto mantém o homem espiritual ainda próximo do corpo recém abandonado. Eis porque os clarividentes com frequência dizem ver o corpo etérico pairando ao redor do leito ou do esquife. Ainda interpenetrando o corpo etérico estão as energias integradas que chamamos corpo astral e veículo mental e, no centro, há um ponto de luz que indica a presença da alma.
6. O corpo etérico gradualmente se dispersa à medida que as energias que o compõem são reorganizadas e retiradas, deixando apenas a substância prânica que está identificada com o veículo etérico do próprio planeta. Este processo de dispersão é, como já disse antes, grandemente auxiliado pela cremação. No caso da pessoa não desenvolvida, o corpo etérico pode deixar-se ficar nas proximidades de sua forma em desintegração por um longo tempo, porque a atração da alma não é potente, enquanto a atração do aspeto matéria é. Quando a pessoa é evoluída e portanto seu pensamento é desapegado do plano físico, a dissolução de corpo vital pode ser extremamente rápida. Uma vez que isto se tenha realizado, o processo de restituição estará concluído; o homem está livre, temporariamente pelo menos, de toda reação ao “puxão” atrativo da matéria física; ele permanece nos seus corpos sutis, pronto para o grande ato ao qual podemos dar o nome de “Arte da Eliminação”.
Um pensamento emerge ao concluirmos esta inadequada consideração da morte do corpo físico em seus dois aspetos: a integridade do homem interno. Ele permanece sendo ele próprio. Ele permanece intocado e sem entraves; ele é um agente livre no que tange ao plano físico, e responde agora somente a três fatores predisponentes:
1. A qualidade de seu equipamento astral-emocional.
2. A condição mental na qual ele habitualmente vive.
3. A voz da alma, com frequência nada familiar, mas às vezes bem conhecida e amada.
A individualidade não é perdida; a mesma pessoa está ainda presente no planeta. Somente desapareceu aquilo que era uma parte integral da aparência tangível do nosso planeta. Aquele que foi amado ou odiado, que foi útil à humanidade ou um risco, que serviu à raça ou foi um membro inútil, ainda persiste, ainda está em contato com os processos qualitativos e mentais da existência, e permanecerá para sempre - individual, qualificado pelo tipo do seu raio, parte do reino das almas, e um alto iniciado por direito próprio.