Cura Esotérica
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PARTE DOIS
OS REQUISITOS BÁSICOS PARA A CURA
Estamos agora começando uma nova seção de nossa discussão sobre os Raios e Doenças, que é essencialmente de alcance muito mais prático do que a seção altamente especulativa (especulativa para todos vocês) que acabamos de concluir. Grande parte do que lhes disse é, para vocês, uma verdade de natureza questionável (usando a palavra “questionável” no seu real sentido, isto é, no sentido de suscitar questões, indagações). Para os mais intuitivos entre vocês, terá sido, quando muito, uma hipótese “possivelmente exata”. Quero que observem este fraseado aparentemente paradoxal. Vocês não dispõem de meios diretos para saber quão verdadeira ele possa ser. Uma grande parte do mistério da vida e do viver será elucidada à medida que mais e mais aspirantes no mundo comecem a funcionar conscientemente no reino das causas. Não há questionamento na Hierarquia, exceto sobre os assuntos que dizem respeito à imprevisível natureza das reações humanas. Mesmo em relação às incertas atividades da humanidade, os Mestres podem geralmente estimar o que irá ocorrer, porém esotericamente, Eles se recusam a “ponderar sobre as energias liberadas no plano do viver terreno, temendo que contra-energias emitidas do Centro onde Eles habitam possa invalidar a verdade do livre arbítrio do homem”. Estou citando o que disse um dos Mestres numa conferência realizada em 1725.
O que eu lhes disse na seção anterior é, para mim, uma verdade inquestionável e efetivamente provada; para vocês, pode ser uma hipótese adequada ou uma questionável e inaceitável interpretação das causas subjacentes da doença.
Para trás da humanidade estende-se um antiquíssimo passado, onde os chamados pecados e erros, más ações e atitudes errôneas se acumularam num pesadíssimo carma que (felizmente para a raça dos homens!) está sendo agora rapidamente saldado. O imenso interesse na doença evidenciado hoje, a focalização de todos os recursos da ciência médica e cirúrgica a serviço das forças combatentes - recursos que mais tarde serão mobilizados para o auxílio das populações civis dos países devastados nos dois hemisférios - a ampla pesquisa que está sendo realizada em nossos hospitais e centros de treinamento, e as rápidas descobertas da ciência, mais a firme tendência para uma necessária simplificação, trarão em breve importantes mudanças na abordagem à doença. Isto levará à erradicação de muitas das terríveis doenças hereditárias.
A inspiração e o influxo do conhecimento ocuitista, via discípulos e iniciados do mundo, trarão muitas alterações na técnica; a futura revelação das novas, e contudo simples leis da saúde, e a combinação que inevitavelmente virá de medicina ortodoxa, psicologia e métodos espirituais de cura, trará uma abordagem inteiramente nova ao assunto; o crescente uso do fogo como meio de purificação muito fará, tanto em relação ao solo do planeta quanto à estrutura humana. A partir desta idéia, a técnica de provocar febre como meio de curar certas formas de doença, e o método (frequentemente empregado pela natureza) de submeter largas áreas do solo ao impacto do fogo, serão desenvolvidos numa nova e utilíssima ciência. Isto, todavia, acontecerá mais tarde. Estou apenas indicando leves tendências nessa direção. O homem está, em todos os campos do conhecimento, atingindo um ponto de clímax; isto tem sido causado pelo rápido desenvolvimento da consciência humana, e faz prever uma grande expansão da compreensão e uma nova visão das causas condicionantes responsáveis por grande parte daquilo que hoje afeta o corpo físico do homem.
O novo aprendizado e o conhecimento vindouro surgirão como resultado do despertar da intuição, da presença na terra de um enorme número de almas adiantadas e desenvolvidas, e de uma relação mais estreita entre a Hierarquia e a Humanidade. A combinação que lentamente se está processando entre esses dois centros planetários ocasionará importantes mudanças e desdobramentos, e isto não apenas nas faculdades perceptivas do homem, mas também no seu mecanismo físico. Haverá uma resistência muito maior às doenças inatas e herdadas e uma real habilidade para resistir às infecções, o que eliminará muita dor e sofrimento. A redução da soma do carma humano através da experiência desta guerra planetária (1914-1945) capacitará as almas que buscam a encarnação para criar corpos livres de tendências a desenvolvimentos doentios. Os Mestres estão totalmente livres de doenças porque já superaram o carma dos três mundos e estão liberados.
A capacidade - desenvolvida durante os últimos cinquenta anos - de enfrentar a doença planetária da tuberculose, quando for estendida às áreas densamente populosas do Oriente e a distritos até agora sem atendimento médico adequado, levará à sua total erradicação. As doenças de origem sifilítica já começam a ser controladas por meio do uso de drogas recentemente descobertas, embora os Mestres as considerem meros paliativos superficiais no tempo e espaço. Estas doenças serão lenta e corretamente totalmente erradicadas à medida que a humanidade transferir sua consciência para o plano mental, mantendo-a afastada do campo astral e do desejo sexual cuja ação se reflete no corpo físico automático e responsivo. A terceira grande doença planetária, câncer, é basicamente ainda incontrolável, e a relativa simplicidade da cirurgia parece no momento o único meio possível de cura. (Nota: esta obra foi escrita na década de 40). O modo de prevenir a ocorrência do câncer, e a natureza de sua causa são ainda desconhecidos, e o campo inteiro é grandemente especulativo e ainda sujeito a infinita pesquisa e investigação. Ver-se-á que muitas outras doenças menores, infecções e uma enorme variedade de males físicos afins remontam a uma ou outra destas três doenças, as quais, por sua vez, estão relacionadas ao explícito mau uso da energia dos três raios maiores. Podemos dizer que:
1. As doenças de origem sifilítica são o resultado do mau uso da energia do 3º raio, o raio da inteligência criativa da energia da própria substância.
2. A tuberculose é o resultado do mau uso da energia do 2° raio.
3. O câncer é um sutil e misteriosa reação à energia do 1º raio, a vontade-de-viver, que é um dos aspetos deste raio. Resulta, pois, numa superatividade e crescimento das células do corpo, cuja vontade-de-viver se torna destrutiva para o organismo no qual se encontram.
Dei-lhes aqui apenas uma indicação, e mesmo isto não é de grande utilidade atualmente. Resta ainda uma grande pesquisa ocultista a ser feita segundo estas indicações, o que somente será possível quando a Ciência dos Raios for melhor compreendida e a evidência consubstanciando a presença de cinco energias básicas em cada ser humano - as energias dos 5 raios condicionantes - possa ser determinada; algum dia os homens saberão determinar facilmente o tipo de seu raio, e os raios que governam sua tripla personalidade.
Em todas as linhas do entendimento humano sempre em expansão, torna-se cada vez mais evidente a oportunidade para admitir e controlar aquilo que é novo. A porta da aventura (no seu mais elevado sentido) permanece inteiramente aberta e nada jamais impediu a humanidade de atravessar essa porta; no transcurso das eras o homem tem cruzado os portais e penetrado em novos e profícuos reinos de investigação, de descoberta e de subsequente aplicação prática.
Hoje, a porta que se está abrindo introduzirá o homem a um mundo de significados - um mundo que é a antecâmara do mundo das causas. Efeito; Significado; Causa. Nestas três palavras temos a chave para o crescimento da consciência do homem. A maioria dos homens vive hoje no mundo dos efeitos, e não têm a menor ideia de que eles são efeitos. Alguns poucos estão agora começando a viver no mundo do significado, enquanto que os discípulos e aqueles que funcionam no mundo da Hierarquia estão conscientes, ou tornando-se progressivamente conscientes das causas que produzem os efeitos que o significado revela. É por esta razão que podemos agora começar a considerar os requisitos básicos a serem satisfeitos antes que o homem possa mover-se ao longo do caminho da iluminação futura. Esta iluminação necessariamente removerá todo o medo da morte e tratará desse assunto que há tão longo tempo tem levado a humanidade às profundezas do desespero e do medo. Refiro-me também às atitudes exigidas daqueles que procuram a superação da doença e a cura dos males físicos, atitudes essas que precisam ser conscientizadas e trabalhadas, principalmente segundo linhas mentais. Estes requisitos evocarão a atenção mental tanto do agente curador quanto do paciente. Eles referem-se também ao homem como um todo.
De um modo geral tem-se presumido que o principal pré-requisito à arte da cura é a fé, porém não é assim. A fé nada tem a ver com isso. A cura depende de certos fatores vitais básicos nos quais não entra a fé. O esforço do paciente para alcançar a fé com frequência prejudica muito a sua libertação das dificuldades que se interpõem à sua completa recuperação. Quando Cristo tão frequentemente enfatizou a fé - ou melhor, a qualidade que é traduzida como fé nas Escrituras Ocidentais - na realidade Ele referia-se à aceitação da lei, ao reconhecimento do carma acima de tudo, e ao conhecimento do destino divino. Isto - se for compreendido - resultará numa nova atitude tanto em relação a Deus quanto às circunstâncias. Os pré-requisitos que desejo enfatizar podem ser assim enumerados:
1. O reconhecimento da grande Lei de Causa e Efeito, se possível.
2. O correto diagnóstico da doença por um médico competente, e a seguir por um clarividente espiritual, quando esta capacidade estiver desenvolvida pelo curador iniciado.
3. A crença na lei do carma imediato, isto é, a habilidade do paciente ou do curador para saber se é o destino do paciente ser curado ou, ao contrário, ser ajudado a fazer a grande transição.
4. Determinação para reconhecer que a cura poderia ser prejudicial e basicamente indesejável sob o ponto de vista da alma. Pessoas são, às vezes, curadas pelo poder do curador quando não é seu destino continuarem na vida ativa do plano físico.
5. A ativa cooperação entre curador e paciente - cooperação essa baseada em mútuo entendimento.
6. Determinada aquiescência por parte do paciente em aceitar qualquer que seja a vontade da alma. Pode-se chamar a isto uma expressão de divina indiferença.
7. Esforço, tanto do curador quanto do paciente, para expressar total inofensividade. Uma cuidadosa reflexão indicará o valor deste quesito, que basicamente se refere à relação dos dois lados com seus associados.
8. Esforço do paciente (a menos que esteja doente demais) para ajustar e direcionar corretamente aqueles aspetos da natureza e aquelas características que possam militar contra a correta percepção espiritual. Este é um dos significados ocultos na frase “o trabalho de restituição”, embora não seja o significado mais importante.
9. Eliminação deliberada de qualidades, linhas de pensamento e desejos que possam impedir o influxo de força espiritual - uma força que poderia integrar mais estreitamente a alma com o corpo nos três mundos e inaugurar uma renovada expressão de vida, ou que poderia integrar a alma com a sua fonte imanente e iniciar vida renovada nos níveis da alma. Isto, portanto, afeta a relação do paciente com sua alma.
10. Capacidade do curador e do paciente integrarem-se na alma do grupo ao qual estão subjetivamente filiados; para integrar, em outros casos, a personalidade e a alma, e, se estiverem ambos no necessário ponto de desenvolvimento, integrarem- se mais intimamente no grupo ashramico do Mestre.
Estes dez requisitos podem parecer simples, mas estão muito longo disso. Superficialmente, pode parecer que eles tratam de caráter, e qualidade, e capacidade; fundamentalmente, dizem respeito à relação entre alma e corpo, e tratam da integração ou abstração. O objetivo neles subjacente em todo o caso é estabelecer uma comunicação ininterrupta entre o curador ou grupo de cura e o paciente que está recebendo a atenção científica do agente de cura - seja ele um grupo ou um indivíduo.
Uma das primeiras coisas que um agente curador terá que fazer será redigir instruções simples que devem governar a atitude daquele a ser curado. Essas instruções têm que ser simples, porque quando a doença é grave o paciente não terá possibilidade de realizar mesmo esforços físicos simples para instituir qualquer mudança de atitude. Com frequência isto é esquecido.
Há uma ou duas coisas que gostaria de tornar claras e que vocês precisam, por sua vez, tornar claras para o paciente.
1. Não há como garantir a cura. Os pacientes precisam compreender que a continuação da vida no corpo físico não é a meta mais elevada. Poderá ser se o serviço a ser prestado é de real importância, se existem obrigações que ainda precisam ser cumpridas, e se há ainda outras lições a serem aprendidas. A existência corpórea não é, contudo, o supra sumo da existência. Liberdade das limitações do corpo físico é de real beneficência. Os pacientes precisam aprender a reconhecer e aceitar a Lei do Carma.
2. O medo é desnecessário. Um dos primeiros objetivos do agente curador deve ser auxiliar o paciente a alcançar uma visão de feliz e saudável expectativa sobre seu futuro - não importa o que o futuro possa trazer.
É óbvio também que diante de vocês se apresenta a oportunidade de trazer uma nova atitude para o problema da doença e da cura, e para treinar a humanidade para encontrar um melhor senso de proporção no que diz respeito à doença e à saúde.
É também obvio que a palavra "restituição” refere-se à arte de restaurar no paciente aquilo que ele precisa para corretamente, enfrentar a vida, seja ela a vida no corpo físico e no plano físico, ou a continuidade da vida em outros níveis - invisíveis para o homem comum e considerados problemáticos e intangíveis. A restituição pode envolver também a correção de erros, pelo paciente, antes de receber o que ele considerará um tratamento bem sucedido; porém, isto refere-se primariamente ao efeito do grupo de cura quando ele estabelece o primeiro contato com o paciente a ser curado. Este ponto não pode ser esquecido.
Às vezes, quando indicado pelo carma do paciente, a vontade-de-viver deve ser-lhe restaurada; em outros casos, a rejeição do medo (medo da vida ou medo da morte) precisa ser induzida, o que trará a restauração da coragem; a restauração de uma atitude afirmativa em todas as circunstâncias pode ser a qualidade necessária, trazendo com ela a restituição da disposição de aceitar, com alegria e compreensão, seja o que for que o destino trouxer; pode também envolver a restituição de relações harmoniosas com o meio do paciente, com familiares e amigos, e o consequente resultado do ajustamento corretamente renovados, o surgimento do espírito de amor e a negação de pensamentos errôneos que possam estar profundamente arraigados.
Torna-se claro, portanto, que o processo de seguir um ritual de cura é somente uma fase do trabalho a ser feito, e que a relação curador- paciente é basicamente educativa; tem que ser uma educação definida pela condição física do paciente. Vocês verão, ao seguirem estas instruções, que será necessário apresentar breves exposições do trabalho a ser feito, das restituições que o paciente deve estar preparado para fazer com o objetivo de facilitar o influxo da força curadora. Ele terá que ser induzido a “apagar a lousa” (se me permitem o uso desta simbologia) para que o trabalho de cura seja bem sucedido sob a Lei do Carma.
Esta fase de trabalho preparatório não é fácil. Com pacientes gravemente doentes, pode até não ser possível. Todos os agentes de cura comprovarão que, ao trabalharem com pacientes de inclinação espiritualista e com aqueles cujas vidas, por muito tempo, foram baseados num esforço correto de “dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, esse trabalho de cura será grandemente acelerado ou, por outro lado, a tarefa de aplainar o terreno através dos portões da morte será grandemente simplificada. Afinal de contas, a morte é em si mesma um trabalho de restituição. Ela envolve o trabalho de devolução da substância aos três mundos de substância e fazer isso de boa vontade e com alegria; envolve também a restauração da alma humana à Alma de onde ela emanou, e fazer isto no regozijo da reabsorção. Vocês precisam aprender a olhar para a morte como um ato de restituição; quando vocês puderem fazer isto, ela aparecerá sob nova luz e real significado e tornar-se-á uma parte integral - reconhecida e desejada - de um constante processo de vida.
Se me pedissem para dizer qual é a principal tarefa de todos os grupos de cura, tal como a Hierarquia procura vê-los trabalhando no futuro, diria que é preparar os seres humanos para aquilo que devemos considerar como o aspeto restaurador da morte, e assim dar a este, até agora, temido inimigo da humanidade um novo e mais feliz significado. Vocês descobrirão que se trabalharem ao longo das linhas de pensamentos indicadas, o tema inteiro da morte será uma constante e que isto resultará em novas atitudes diante da morte e em incutir no paciente um sentimento de feliz expectativa quando esse evento tão familiar vier a ocorrer. Os grupos de cura precisam preparar-se para lidar com esta condição básica de toda a vida, e a maior parte de seu trabalho será a elucidação do princípio da morte. A alma, assim nos dizem, deve retornar àquela que a deu. Até esta data, essa tem sido uma restituição forçada e temida, algo gerador de medo e que leva homens e mulheres em toda a parte a clamar pela cura do corpo físico, superenfatizando sua importância e fazendo-os considerar o prolongamento da existência terrena como o mais importante fator em suas vidas. Durante o ciclo vindouro, será preciso que estas atitudes equivocadas tenham um fim; a morte tornar-se-á um processo compreendido e normal - tão normal quanto o processo de nascimento, embora evocando menos dor e medo. Este meu comentário tem a natureza de uma profecia, e assim deve ser encarado.
Gostaria, portanto, que fixassem como elementar, o fato de que qualquer grupo de cura procurando trabalhar segundo estas linhas precisa (como esforço preliminar) procurar entender alguma coisa sobre o fator da morte, a qual é designada como “o grande processo restaurador” ou “a grande restituição”. Isto diz respeito à arte de - sábia e corretamente e no momento devido - devolver o corpo à fonte de seus elementos constitutivos e de restituir a alma à fonte de seu ser essencial. Estou escolhendo as palavras cuidadosamente porque estou tentando fazê-los refletir o mais cuidadosamente possível sobre o chamado enigma da morte - um enigma para o homem, mas não um enigma para os discípulos e os conhecedores da sabedoria.
Grupos de cura e curadores individuais acharão necessário, às vezes, confrontar seus pacientes com o fato da morte; uma das incumbências dos discípulos no meu Ashram e no Ashram do Mestre K. H. é interpor o tema da morte em suas conversas com outros buscadores da verdade, em seus pensamentos e em suas discussões uns com os outros, e particularmente com os que eles procuram curar. Não será algo fácil e não pode ser feito de modo precipitado, porém é um assunto que não pode e não deve ser evitado ou tratado de modo evasivo. Grupos de cura trabalhando a partir de um Ashram não dão ênfase à cura corporal, e sim ao momento oportuno e aos ciclos de trabalho ou da vida no plano físico, e aos ciclos de restituição ou de morte no plano físico.
Toda esta seção com a qual estamos agora ocupados, Os Requisitos Básicos, refere-se na realidade aos processos de morrer, às condições do mundo material ou dos três mundos de serviço durante a encarnação. A restituição do corpo ao reservatório geral da substância, ou ao serviço no mundo exterior da vida física diária, a restauração da alma à sua fonte, a alma no seu próprio plano ou - o inverso - à plena responsabilidade dentro do corpo, são abordadas neste primeiro ponto. A eliminação do princípio da vida e o aspeto da consciência são tratados no segundo ponto, e o tema não é o da construção do caráter, como alguns poderão supor. Mencionei as qualidades pessoais e o caráter, nos meus comentários iniciais nesta seção, porque toda a verdadeira compreensão dos princípios básicos da morte e da vida é facilitada pela ação correta, baseada no reto pensar, o que resulta em correta construção do caráter. Não tenho a intenção, todavia, de deter-me sobre estes elementares pré-requisitos. Os processos de integração que desejo abordar aqui dizem respeito à integração da alma no corpo triplo, se assim o carma decidir, ou no reino das almas, se o carma decretar que o que nós chamamos morte estende-se diante do homem.
Estamos, pois, considerando, nesta segunda seção, o problema da morte ou da arte de morrer. Isto é algo que aqueles que estão gravemente enfermos têm que inevitavelmente enfrentar, e para o que as pessoas saudáveis devem preparar-se através de um modo de pensar correto de sensata antecipação. A atitude mórbida da maioria dos homens diante do tema da morte, e a recusa em pensar nela enquanto gozam de boa saúde, é algo que precisa ser deliberadamente mudado. O Cristo demonstrou aos Seus discípulos a correta atitude, quando se referiu à Sua própria morte imediata pelas mãos de Seus inimigos; Ele os censurou por demonstrarem pesar, lembrando-os de que Ele estava a caminho do Pai. Sendo um iniciado de alto grau, Suas palavras tinham o significado oculto de que estava “fazendo a restituição à Mônada”; as pessoas comuns e as que estão abaixo de um iniciado de 3º grau fazem “restituição à alma”. O medo e a morbidez que o assunto da morte normalmente evoca e a má vontade em encará-la com entendimento deve-se à ênfase dada ao fato do corpo físico e à facilidade com que as pessoas se identificam com ele; baseia-se no medo inato da solidão e da perda de tudo que lhes é familiar. No entanto, a solidão sentida depois da morte, quando o homem se vê sem o veículo físico, nada é quando comparada à solidão do nascimento. Ao nascer, a alma encontra- se num novo ambiente e imersa num corpo que, a princípio, é totalmente incompetente para cuidar de si mesmo ou estabelecer contato inteligente com as condições que o cercam, durante um longo período de tempo.
O homem chega à encarnação sem lembrança da sua identidade ou do significado que tem, para ele, o grupo de almas nos corpos com os quais ele se encontra em relacionamento; esta solidão só desaparece, gradualmente, à medida que ele faz seus próprios contatos como personalidade, descobre aqueles que lhe são compatíveis e, eventualmente reúne ao seu redor aqueles que ele chama de amigos. Não é assim depois da morte, pois o homem encontra do outro lado do véu, aqueles que ele conhece e com os quais se relacionou no plano físico da vida, e ele jamais está só, não como os homens entendem a solidão; ele está consciente também daqueles que ainda estão em corpos físicos; pode vê-los, pode sintonizar-se com suas emoções e seus pensamentos, porque o cérebro físico - agora inexistente - não mais constitui um impedimento. Se ao menos as pessoas tivessem maiores conhecimentos, elas temeriam a experiência do nascimento, e não a morte, pois o nascimento estabelece a alma na sua verdadeira prisão, enquanto que a morte física é só o primeiro passo para a liberação.
Outro medo que leva os homens a considerar a morte uma calamidade é o que lhes foi inculcado pela religião teológica, particularmente a dos protestantes fundamentalistas e a da igreja católica romana - o medo do inferno, a imposição de penalidades, geralmente desproporcionais aos erros de uma vida, e o terror imposto por um Deus irado. Dizem-lhes que a isto têm que submeter-se, que não há como escapar, exceto através da expiação vicária. Não existe, como bem sabemos, nenhum Deus iracundo, não existe inferno, assim como não existe expiação vicária. Existe somente o grande princípio de amor animando todo o universo; existe a Presença do Cristo, indicando à humanidade o fato da alma e que nós somos salvos pela vivência dessa alma; e a único inferno existente é a própria terra, onde aprendemos a trabalhar pela nossa própria salvação acionados pelo princípio do amor e luz, e incentivos pelo exemplo do Cristo e o anseio interno de nossas próprias almas.
Este ensinamento a respeito do inferno é um resquício da sádica forma que foi dada ao pensamento da Igreja Cristã na Idade Média, e ao equivocado ensinamento que se encontra no Velho Testamento sobre Jeová, o Deus tribal dos judeus. Jeová não é Deus, o Logos planetário, o Eterno Coração de Amor que o Cristo revelou. À proporção que estas ideias equivocadas forem desaparecendo, o conceito de inferno se desvanecerá da memória dos homens e seu lugar será tomado pelo entendimento da lei que faz cada homem trabalhar pela sua própria salvação no plano físico, que o levará a corrigir os erros que possa ter cometido em suas vidas na Terra, e que, finalmente, lhe permitirá ‘‘limpar sua própria lousa”.
Não desejo aqui impor-lhes uma discussão teológica. Procuro apenas acentuar que o atual medo da morte dará lugar à compreensão inteligente da realidade e a um conceito de continuidade que rejeitará qualquer perturbação e enfatizará a ideia de uma só vida e de uma só Entidade consciente em muitos corpos de experimentação.
Para resumir minha proposição geral, pode dizer-se que o medo e horror à morte fundamenta-se no amor à forma - à nossa própria forma, às formas daqueles que amamos e à forma de nossas cercanias e meio ambiente. Todavia, este tipo de amor opõe-se frontalmente a todo o nosso ensinamento acerca das realidades espirituais. A esperança do futuro e a esperança de nos livrarmos deste infundado medo, reside em passarmos a enfatizar o fato da alma eterna e a necessidade dessa alma viver espiritualmente, construtivamente e divinamente dentro dos veículos materiais. Neste conceito entra novamente a ideia da restituição. Conceitos errôneos são então esquecidos; entra também a ideia de eliminação de modo que o foco correto é alcançado. A integração precisa ser considerada, de modo que a absorção na vida da alma venha a substituir a absorção na vida do corpo. Pesar, solidão, infelicidade, decadência, perda - são ideias que precisam desaparecer quando a reação comum ao fato da morte também se desvanecer. À medida que os homens aprenderem a viver conscientemente como almas, e aprenderem também a focalizar-se nos níveis da alma e começarem a vera forma ou formas como simples meios de expressão, todas as velhas e lamentosas ideias sobre a morte desaparecerão gradualmente e uma nova e mais prazerosa visão dessa grande experiência tomará o seu lugar.
Quero que notem que as expressões designando os requisitos básicos foram deliberadamente escolhidas pelo seu significado específico:
1. O Trabalho de Restituição significa o retorno da forma ao reservatório básico da substância; ou o retorno da alma, a energia espiritual divina, à sua fonte - seja no nível da alma ou no nível monádico, de acordo com o ponto de evolução. Esta restituição é predominantemente o trabalho da alma humana dentro do corpo físico e envolve os centros do coração e da cabeça.
2. A Arte de Eliminação refere-se a duas atividades do homem espiritual interior: a eliminação de todo o controle exercido pelo homem triplo inferior, e o processo de refocalizar-se nos níveis concretos do plano mental como um ponto de luz radiante. Isto diz respeito primariamente à alma humana.
3.Os Processos de Integração dizem respeito ao trabalho do homem espiritual liberado quando ele se mescla com a alma (a superalma) nos níveis superiores do plano mental. A parte retorna ao todo, e o homem compreende o verdadeiro significado das palavras de Krishna, “Tendo permeado todo o universo com um fragmento de mim mesmo, Eu permaneço”. Também ele, o fragmento consciente experimentador que permeou o pequeno universo da forma nos três mundos, ainda permanece. Ele próprio sabe que é uma parte do todo.
Estes três processos são a Morte.
É óbvio que quando a humanidade atingir esta visão do fato da morte ou arte de morrer, toda a atitude da raça dos homens sofrerá uma benéfica mudança. Com o passar do tempo, isto será acompanhado por um contato entre os homens nos níveis telepáticos; os homens estarão crescendo firmemente em inteligência e a humanidade estará focalizada, cada vez mais, nos níveis mentais. Este contato telepático será um fenômeno comum garantido pelo espiritualismo moderno, embora a distorção (muito séria) grandemente se baseie no pensamento colorido pelo desejo, com muito pouca telepatia envolvida. A telepatia que existe hoje entre o médium (em transe ou não) e o parente ou amigo consternados não é entre aquele que passou pela experiência da libertação da morte e aquele que ainda está encarnado. Isto é algo que deve ser lembrado. Quando a mente não é ainda telepática, pode haver - embora isto suceda muito raramente - a interposição de mediunidade baseada na clarividência e clariaudiência, porém não no transe. Este ainda necessitará de um contato através de um terceiro elemento, e será inteiramente astral, e, portanto, cheio de miragens e erros. Será, todavia, um passo à frente das atuações mediúnicas atuais que simplesmente ignoram aquele que está morto e dão ao consulente somente aquilo que o médium lê na sua aura - a aparência do morto, as recordações significativas armazenadas na consciência do consulente, e a criação ilusória sobre a necessidade de conselhos por acreditar que aquele que está morto tem que ser mais sábio do que era antes. Quando, por vezes, o médium consegue estabelecer real comunicação, é porque o consulente e o morto são tipos mentais, havendo por isso real comunicação telepática entre eles, a qual é interceptada pelo médium.
A raça está progredindo, desenvolvendo-se e tornando-se cada vez mais mental. A relação entre os mortos e os vivos deverá necessariamente ser em níveis mentais, antes dos processos de integração; o verdadeiro rompimento da comunicação virá quando a alma humana for reabsorvida na superalma, antes de novamente reencarnar. Até esse momento, contudo, o fato da comunicação destruirá completamente o medo da morte. No caso de discípulos que trabalham no Ashram de um Mestre, até mesmo este processo de integração deixará de constituir uma barreira. Em algumas das páginas que se seguem darei algum ensinamento sobre o que pode ser chamado a arte de morrer, expandindo assim o que disse no Tratado sobre Magia Branca.
AS ATITUDES ATUAIS DIANTE DA MORTE
Eu me comprometi a rever com vocês os processos de morrer e a discutir mais profundamente o fator da morte - a experiência mais familiar na vida da entidade reencarnante ou alma (pudesse o cérebro fisico dela lembrar-se e compreendê-la). Permitam-me tecer alguns comentários a respeito da atitude do homem diante da experiência da “restituição”, uma palavras peculiar ao ocultismo, largamente usada pelos iniciados ao falar da morte.
A atitude associada à morte que mais se destaca atualmente, é de medo - medo que se baseia na incerteza quanto ao fato da imortalidade. Além do fato provado de alguma forma de sobrevivência, estabelecido pelos grupos de pesquisa psíquica, a imortalidade ou existência permanente daquilo a que geralmente nos referimos como “eu” permanece ainda no reino do desejo de que assim fosse, ou da crença. Esta crença pode estar fundamentada em premissas cristãs, em afirmação religiosa baseada na racionalização do assunto, e na abordagem mais científica que argumenta que a necessidade econômica requer que aquilo que leva tanto tempo em desenvolvimento e que resulta na culminância do processo evolutivo, não pode ser perdido.
É interessante notar que não existe evidência no nosso planeta de qualquer outro produto evolucionário superior ao do reino humano. Mesmo para o pensador materialista, a singularidade do homem é encontrada em seus vários graus de consciência e na sua capacidade de apresentar á investigação todos os graus de consciência, desde a do selvagem iletrado, passando por todos os graus de eficiência mental, até os mais avançados pensadores e gênios, capazes de criatividade artística, de descobertas científicas e de percepção espiritual.
Em termos muito simples, a pergunta que o tema da morte suscita é: Onde está o “eu”, o ocupante do corpo, quando esse corpo é abandonado e se desintegra? Existe, em última análise, um ocupante?
A história da humanidade registra uma infindável busca de provas sobre este assunto; uma busca que culmina hoje nas inúmeras sociedades que se ocupam com a tentativa de provar a imortalidade e penetrar naquelas “fortalezas” do espírito que aparentemente dão guarida a esse “Eu” que foi o ator no plano físico e que até agora tem frustrado o mais diligente buscador. O incentivo do medo está por trás desta busca frenética, e é lamentável que, à exceção de uns poucos cientistas esclarecidos e buscadores inteligentes, a maioria das pessoas envolvidas nas geralmente questionáveis técnicas das sessões mediúnicas, sejam do tipo emocional que facilmente se deixam convencer e aceitam como evidência coisas que um buscador mais inteligente repudiaria de imediato.
Deixem-me tornar clara minha posição a respeito do grande movimento espírita que tanto fez no passado, para provar o fato da sobrevivência após a morte, mas que também em certas fases, tanto contribuiu para seduzir e enganar a humanidade. Sob este termo geral, classifico também os grupos de pesquisa psíquica, com exceção de todo e qualquer trabalho científico sincero. Nenhum desses grupos conseguiu ainda provar suas alegações. O mistério e a insensatez da maioria das sessões, e o trabalho dos médiuns apesar de tudo demonstraram a presença de um fator inexplicável; os laboratórios do pesquisador científico nem isso chegam a provar.
Para cada caso, realmente aceitável, do aparecimento de uma pessoa desencarnada, há milhares de casos que podem ser explicados em termos de credulidade, de empatia telepática com a pessoa presente e não com alguém desencarnado, de visão de pensamentos-forma pelo clarividente e a audição de vozes pelo clariaudiente, e também em termos de fraude. Observem que me refiro à “aparição aceitável” de alguém desencarnado. Há evidências suficientes para assegurar a crença na sobrevivência e para provar sua natureza factual. Baseado nos inexplicáveis fenômenos de contato com os supostamente mortos que têm sido notados, investigados e provados, e ainda baseados no caráter do homem que testemunha o fato desses fenômenos, podemos afirmar que algo sobrevive à “restituição” do corpo material ao reservatório da substância eterna. É baseados nesta premissa que nós prosseguimos.
Hoje, o fenômeno da morte torna-se cada vez mais familiar. A guerra mundial levou milhões de homens e mulheres - civis e militares das forças armadas de todas as nações - para aquele mundo desconhecido que recebe todos os que deixam a forma física. As condições atuais são de tal sorte que, apesar do velho e profundamente arraigado medo da morte, começa a emergir na consciência da humanidade a percepção de que há muitas coisas piores do que a morte. Os homens descobriram que a fome, a mutilação, a incapacidade física permanente, as perturbações mentais resultantes da guerra e da tensão da guerra, a observação da dor e agonia que não podem ser aliviadas, são realmente piores do que a morte; também muitos sabem e acreditam - pois tal é a glória do espírito humano - que abandonar os valores pelos quais os homens têm lutado e morrido ao longo das idades e que são considerados essenciais para a vida do espírito humano liberto tem um significado muito maior do que o processo da morte. Esta atitude, característica das pessoas sensíveis e de reto pensar atualmente, está surgindo em larga escala. Isto significa o reconhecimento, paralelo ao antigo medo, de uma esperança inquebrantável de encontrar melhores condições em outro lugar, e isto não é necessariamente um desejo esperançoso, mas uma indicação de um conhecimento subjetivo latente, que lentamente brota à superfície. Algo está a caminho como resultado do sofrimento humano e do pensamento - hoje isto é sentido, mais tarde será um fato demonstrado. Em oposição a esta confiança interna e percepção subjetiva estão os velhos hábitos de pensamento, a desenvolvida atitude materialista atual, o medo da fraude, e o antagonismo entre os cientistas de um lado e as pessoas religiosas ou clérigos de outro. Aquele, inflexivelmente recusa-se a acreditar em algo que ainda não foi provado e que não parece suscetível a provas, enquanto os grupos e organizações religiosas não confiam em qualquer apresentação da verdade que não tenha sido formulada em seus próprios termos. Isto dá à crença uma importância desmedida e desestimula qualquer investigação. Virá do povo a descoberta do fato da imortalidade, o qual finalmente será aceito pelas igrejas e provado pela ciência, porém, não até que as consequências da guerra se desfaçam e esta perturbação planetária tenha amainado.
É desnecessário dizer que o problema da morte fundamenta- se no amor à vida, que é o mais profundo instinto da natureza humana. A determinação, de que nada é perdido sob a lei divina, é reconhecida pela ciência; a eterna persistência sob esta ou aquela forma é universalmente considerada uma verdade. Do caldeamento das teorias, três grandes soluções foram propostas, as quais são do conhecimento de todas as pessoas pensantes. São elas:
1. A solução estritamente materialista, que admite a experiência e expressão de vida consciente enquanto a forma física, tangível, existe e persiste, mas ensina também que depois da morte e da subsequente desintegração do corpo não mais existe qualquer ser consciente funcionante e auto identificado. O sentido do “eu”, da percepção de ser uma personalidade em contraposição a todas as demais personalidades, desvanece-se com o desaparecimento da forma. A personalidade é considerada como a soma total da consciência das células do corpo. Esta teoria relega o homem ao mesmo estado de quaisquer outras formas nos três reinos da natureza; baseia-se na ausência de sensibilidade do ser humano comum à vida retirada de um veículo tangível; ignora qualquer evidência em contrário e diz que, porque não podemos ver visualmente) e provar (tangivelmente) a persistência do “eu" ou da entidade imortal depois da morte, ela não existe. Esta teoria não é apoiada por tantos quanto o foi em tempos passados, particularmente na materialista época vitoriana.
2. A teoria da imortalidade condicional. Esta teoria é ainda sustentada por certas escolas fundamentalistas e de teologia tacanha e também por alguns dos membros da intelligentsia, primordialmente os de tendências egoístas. Postulam que somente aqueles que alcançaram um determinado estágio de percepção espiritual, ou que aceitam um particular conjunto de pronunciamentos teológicos, podem receber o dom da imortalidade pessoal. As pessoas altamente intelectualizadas também argumentam às vezes que a coroa de glória da humanidade é uma mente desenvolvida e culta, e que os que possuem essas qualidades ficam igualmente dotados de eterna permanência.
Uma escola relega aqueles considerados espiritualmente recalcitrantes à imposição de suas certezas teológicas particulares, seja à aniquilação definitiva, como na solução materialista, ou a um processo de eterna punição, assim ao mesmo tempo admitindo certa forma de imortalidade. Devido à inata bondade do coração humano, poucas pessoas são tão vingativas ou irracionais a ponto de aceitar esta apresentação, e entre elas temos que incluir as pessoas que não refletem e se entregam à crença cega em pronunciamentos teológicos. A interpretação cristã oferecida pelas escolas ortodoxas e fundamentalistas mostra-se indefensável quando submetida à razão clara; entre os argumentos que negam sua correção está o fato de que o cristianismo propõe um longo futuro, mas nenhum passado; além do que, é um futuro que depende do atual episódio de vida e não explica de forma alguma as distinções e diferenças que distinguem a humanidade. Sustenta-se apenas sobre a teoria de uma Deidade antropomórfica Cuja vontade - tal como se manifesta na prática - dá um presente que não tem passado, mas somente um futuro; tal injustiça é largamente reconhecida, porém, a inescrutável vontade de Deus não pode ser questionada. Milhões estão ainda presos a esta crença, mas não tão fortemente quanto há cem anos.
3. A teoria da reencarnação, tão familiar a todos os meus leitores, torna-se cada vez mais popular no Ocidente. Foi sempre aceita no Oriente, ainda que com muitas tolas adições e interpretações. Este ensinamento, assim como os ensinamentos do Cristo ou do Buda ou de Shri Krishna, tem sido grandemente distorcido pelos seus teólogos de curta visão e mente limitada. Os fatos básicos de uma origem espiritual, da descida à matéria, da ascensão por meio de constantes encarnações na forma até que essas formas se tornem expressões perfeitas da consciência espiritual que os habita, e de uma série de iniciações ao final do ciclo de encarnação, estão sendo mais rapidamente aceitos e admitidos do que jamais o foram antes.
Tais são as principais soluções dos problemas da imortalidade e a da persistência da alma humana. Elas procuram dar resposta ao eterno questionamento do coração humano quanto ao De onde? Por quê? e Para onde? Somente a última destas soluções propostas oferece de fato uma resposta racional a essas perguntas. Sua aceitação tem demorado porque, desde a época de H. P. Blavatsky, que formulou, no final do século dezenove, esta antiga verdade para o mundo moderno, ela tem sido apresentada de modo pouco inteligente. Foi prejudicada pelo fato de que as raças orientais sempre acreditaram nessa verdade, e - sob o ponto de vista ocidental - elas são pagãs e os pagãos “em sua cegueira inclinam-se diante de madeira e pedra”, para citar um de vossos hinos fundamentalistas. Quão curioso é verificar que, para os homens de países orientais, as pessoas religiosas do ocidente fazem o mesmo, e podemos vê-las de joelhos diante dos altares cristãos que ostentam imagens do Cristo, da Virgem Maria e dos Apóstolos.
Os ocultistas do mundo, através das sociedades teosóficas e outras organizações ditas secretas, têm prejudicado grandemente a apresentação da verdade sobre a reencarnação devido a detalhes desnecessários, sem importância, inexatos e puramente especulativos que são apresentados como verdades sobre os processo da morte e as circunstâncias do homem após a morte. Estes detalhes estão grandemente na dependência da visão clarividente de destacados psíquicos astrais da Sociedade Teosófica. Contudo, nas Escrituras do mundo esses detalhes não são dados, e H. P. B. na Doutrina Secreta tão pouco mencionou algum. Vemos um exemplo desta inexata e tola tentativa de lançar luz sobre a teoria do renascimento nos limites de tempo impostos às almas humanas entre uma encarnação e outra no plano físico - certo número de anos de ausência é indicado dependendo da idade da alma que partiu e seu lugar na escala da evolução. Dizem que, se a alma é muito adiantada, a ausência do plano físico é prolongada, e vice-versa. Almas adiantadas e aquelas cuja capacidade intelectual está em rápido desenvolvimento, retornam com grande rapidez, devido à sua resposta sensível ao chamado de obrigações, interesses e responsabilidades já estabelecidas no plano físico. As pessoas tendem a esquecer que o tempo é a sequência de acontecimentos e de estados de consciência como registrados pelo cérebro físico. Onde não há cérebro físico, aquilo que a humanidade entende como tempo é inexistente.
A remoção das barreiras da forma, etapa por etapa, traz uma crescente compreensão do Eterno Agora. No caso daqueles que atravessaram os portões da morte e que ainda continuam a pensar em termos de tempo, isso deve-se à miragem e à persistência de um potente pensamento-forma, o que indica uma polarização no plano astral. Este é o plano onde têm trabalhado destacados escritores e sensitivos teosofistas, e onde basearam suas obras. Eles são sinceros no que dizem, porém não reconhecem a natureza ilusória das suas descobertas, todas baseadas na clarividência astral.
O reconhecimento de um pronunciado fator tempo, e a constante ênfase dada à escolha do momento oportuno, são características de todas as pessoas encarnadas altamente desenvolvidas e das que possuem uma potente mente concreta. As crianças e as raças infantis, por um lado, e as pessoas altamente avançadas cuja mente abstrata está em funcionamento (através da mente inferior interpretativa), não têm, de modo geral, noção do tempo. O iniciado usa o fator tempo em seus relacionamentos com os que estão vivendo no plano físico, porém, internamente está inteiramente afastado do tempo em qualquer outra parte do universo.
Portanto, o uso do termo “imortalidade'' pressupõe infinitude e nos ensina que esta infinitude existe para aquilo que não é perecível ou condicionado pelo tempo. Esta afirmação exige ser cuidadosamente estudada. Não existe pressão de tempo para que o homem reencarne. Ele o faz sob os ditames da obrigação cármica, sob o chamado daquilo que ele, como alma, iniciou, e por causa da necessidade que ele sente de cumprir as obrigações estabelecidas; encarna também, devido ao senso de responsabilidade e para responder por violações anteriores das leis que governam as corretas relações humanas. Quando estes condições, as necessidades da alma, as experiências e as responsabilidades tiverem sido todas satisfeitas, ele penetra permanentemente “na clara e fria luz do amor e da vida” e não mais precisa - no que lhe diz respeito - do estágio infantil de experiência da alma na terra. Ele está livre de imposições cármicas nos três mundos, porém está ainda sob o impulso da necessidade cármica que extrai dele a última gota de serviço que ele está em condições de prestar àqueles que ainda se encontram sob a Lei da Obrigação Cármica. Temos, portanto, três aspetos da Lei do Carma, no que diz respeito ao princípio do renascimento:
1. A Lei da Obrigação Cármica, que governa a vida nos três mundos da evolução humana, e que termina completamente na quarta iniciação.
2. A Lei da Necessidade Cármica. Esta lei governa a vida do discípulo adiantado e do iniciado a partir da segunda iniciação e até uma certa iniciação acima da quarta. Estas iniciações os capacitam a passar para o Caminho da Evolução Superior.
3. A Lei da Transformação Cármica, uma designação misteriosa que governa os processos sofridos no Caminho Superior, os quais permitem que o iniciado saia completamente do plano físico cósmico e passe a funcionar no plano mental cósmico. Diz respeito à libertação de seres como Sanat Kumara e Seus Associados no Conselho da Câmara em Shambala, da imposição do desejo cósmico que se demonstra no plano físico cósmico como vontade espiritual. Para vocês, este deve ser um pensamento desafiador, porém é claro que pouco poderia dizer sobre este assunto. Não possuo ainda o conhecimento que ele envolve.
Voltemo-nos agora para um outro aspeto do nosso tema. Falando num sentido mais geral, há três principais episódios da morte.
Há, primeiramente, a constante repetição do fato da morte física. Isto é familiar a todos nós devido a sua extrema frequência; caso pudéssemos reconhecer isso, o atual medo da morte seria rapidamente eliminado. A seguir, há a segunda morte de que fala a Bíblia, a qual no atual ciclo planetário está associada à morte do controle astral sobre o ser humano. Num sentido mais lato, esta segunda morte é consumada na quarta iniciação, quando morre até mesmo a aspiração espiritual, por não ser mais necessária; a Vontade do iniciado é agora fixa e imovível, e a sensibilidade astral não mais é necessária.
Há uma curiosa contraparte a esta experiência, num nível bem mais inferior, na morte de toda emoção astral que acontece ao aspirante individual no momento da segunda iniciação, que é, então, um episódio completo que é conscientemente registrado. Entre a segunda e terceira iniciações, o discípulo tem que demonstrar continuidade de indiferença à miragem e à emocionalidade. A segunda morte a que me refiro aqui, diz respeito à morte ou desaparecimento do corpo causal quando da quarta iniciação, a qual assinala o término da construção do antahkarana e a instituição de uma relação direta, desimpedida e contínua entre a Mônada e a personalidade.
A terceira morte tem lugar quando o iniciado deixa para trás - finalmente e sem possibilidade de retorno - toda e qualquer relação com o plano físico cósmico. Esta morte, necessariamente, está muito distante para todos na Hierarquia e atualmente é apenas possível e permitida a alguns poucos membros da Câmara do Conselho em Shambala. Não é, todavia, um processo pelo qual Sanat Kumara passará. Ele passou por esta “transformação” há muitos eons, durante o grande cataclismo que inaugurou a Era Lemuriana, e que foi provocado pela Sua experiência cósmica e a necessidade de um influxo de energia emanada de Seres extraplanetários.
Dei esta breve explanação para aumentar o entendimento geral daquilo que os Mestres chamam “a extensão da morte no espaço”. Contudo, nas páginas seguintes, ficaremos restritos ao tema da morte do corpo físico e dos corpos mais sutis nos três mundos; trataremos também dos processos que ocasionam a reabsorção da alma humana pela alma espiritual em seu próprio plano, o plano mental superior; consideraremos a reassimilação da substância e a apropriação da matéria para novamente reencarnar.
Consideraremos, pois, os três principais processos a que antes me referi, os quais abrangem três períodos e conduzem, finalmente, a outros processos sob a Lei do Renascimento. São eles:
1. O Processo de Restituição, que governa o período da retirada da alma do plano físico e dos seus dois aspetos fenomênicos, o corpo físico denso e o corpo etérico. Isto refere-se à Arte de Morrer.
2. O Processo de Eliminação. Este processo governa aquele período da vida da alma humana depois da morte e nos dois outros mundos da evolução humana. Concerne à eliminação do corpo astral-mental pela alma, para que esta fique pronta para “permanecer livre em seu próprio lugar”.
3. O Processo de Integração, que trata do período em
que a alma, novamente liberta, se torna consciente de si mesma como Anjo da
Presença, e é reabsorvida no mundo das almas, e entra assim num estado de
reflexão. Mais tarde, sob o impacto da Lei de Necessidade Cármica, a alma
novamente se prepara para descer à forma.
O campo de experiência (na qual a morte está incluída como é do
conhecimento geral) compõe-se dos três mundos da evolução humana - o mundo
físico, o mundo da emoção e desejo, e o plano mental. Este mundo é, em
última análise, duplo sob o ângulo da morte, e daí a expressão “segunda
morte”. Esta expressão já foi aplicada anteriormente à morte ou
destruição do corpo causal, no qual a alma espiritual funcionava até então.
Todavia, ela pode ser aplicada num sentido mais literal, podendo referir-se à
segunda fase do processo da morte nos três mundos. Neste caso diz respeito
apenas à forma, e está relacionada aos veículos de expressão que se
encontram abaixo dos níveis sem forma do plano físico cósmico. Os níveis da
forma são (como todos vocês sabem, pois este conhecimento constitui o a b c
da teoria ocultista) os níveis nos quais a mente concreta inferior funciona, a
natureza emocional reage ao chamado plano astral, e o plano físico dual. O
corpo físico consiste do corpo físico denso e do veículo etérico.
Consequentemente, ao considerarmos a morte de um ser humano, temos que empregar
a palavra morte em relação a duas fases nas quais ela funciona:
Fase Um: A morte do corpo físico-etérico. Esta fase processa-se em duas etapas:
a. Aquela em que os átomos que constituem o corpo físico são devolvidos à fonte de onde vieram. Esta fonte é a soma total de toda a matéria do planeta, constituindo o corpo físico denso da Vida planetária.
b. Aquela em que o veículo etérico, composto de um agregado de forças, devolve essas forças ao reservatório geral de energia. Esta fase dual cobre o Processo de Restituição.
Fase Dois: A “rejeição” (assim chamada às vezes) dos veículos mental- emocional.
Estes veículos, na realidade, formam apenas um corpo, ao qual os primitivos teosofistas corretamente deram o nome de “corpo kama-manásico” ou veículo do desejo-mente. Já disse alhures que não existe tal coisa como plano astral ou corpo astral. Assim como o corpo físico é formado de matéria que não é considerada um princípio, também o corpo astral - no que concerne à natureza da mente - está na mesma categoria. Este é um assunto difícil para vocês, porque o desejo e a emoção são tão reais e tão devastadoramente importantes. Porém - literalmente falando - sob o ângulo do plano mental, o corpo astral é “uma ficção da imaginação", não é um princípio. O uso maciço da imaginação a serviço do desejo, construiu um mundo ilusório e fascinante, o mundo do plano astral. Durante a encarnação física, e quando o homem não está no Caminho do Discipulado, o mundo astral é muito real, com vitalidade e vida próprias. Depois da primeira morte (a morte do corpo físico), ele ainda permanece igualmente real, porém vai lentamente perdendo a potência; o homem mental percebe então seu verdadeiro estado de consciência (seja desenvolvido ou não-desenvolvido), e então a segunda morte se torna possível. Esta fase abrange o Processo de Eliminação.
Quando estas duas fases da Arte de Morrer terminam, a alma desencarnada fica livre do controle da matéria; está purificada (temporariamente pelas fases de Restituição e Eliminação) de qualquer contaminação pela substância. Isto é alcançado, não através de qualquer atividade da alma na forma, a alma humana, mas como resultado da atividade da alma em seu próprio plano, abstraindo a fração de si mesma que nós chamamos alma humana. É primariamente o trabalho da superalma que afeta isto; é realizado pela alma na personalidade. A alma humana, durante este período, apenas responde ao chamado ou força atrativa da alma espiritual quando esta - propositada e deliberadamente - retira a alma humana dos envoltórios que a aprisionam. Mais tarde, à medida que transcorre o processo evolutivo, e a alma exerce maior controle sobre a personalidade, será a alma dentro dos invólucros aprisionantes que provocará - de forma consciente e intencional - as fases da morte. Nos primeiros estágios, esta libertação será provocada com o auxílio da superalma espiritual. Mais adiante, quando o homem estiver vivendo no plano físico como uma alma, ele próprio realizará - com plena continuidade de consciência - os processos de abstração, e então (com propósito determinado) “ascenderá ao lugar de onde veio”. Isto é o reflexo, nos três mundos, da divina ascensão de um perfeito Filho de Deus.
Poder-se-ia juntar aqui algumas das informações já dadas sobre a morte em minhas outras obras. Esta sugestão tem um propósito. A morte ronda todos vocês atualmente'; a necessidade que o espírito humano tem de luz sobre este assunto alcançou um ponto crítico, e está evocando na Hierarquia uma resposta inevitável. Tenho esperança também que os estudantes envidarão todos os esforços para ajudar a lançar luz sobre os processos da morte - esclarecimento esse de que muito carece a humanidade.
SOBRE A MORTE
Extratos de Outras Obras
“Por que este cego poder? Por que a morte? Por que esta degradação da forma? Por que a negação do poder de conservar? Por que a morte, ó Poderoso Filho de Deus?”
Fracamente vem a resposta: “Eu sustento as chaves da vida e da morte. Eu amarro e solto outra vez. Eu, o Destruidor, sou”. Um Tratado sobre os Sete Raios. vol. I pág. 63
“O intento do Senhor do Primeiro Raio é permanecer por trás dos outros Aspetos divinos, e quando Eles tiverem alcançado Seus propósitos, destruir as formas que Eles construíram.
Ele é o controlador do drama da morte em todos os reinos - uma destruição de formas que traz a libertação do poder e permite “a entrgda para a luz através do portão da morte”, (pág. 64)
a. “Detém tua mão até chegar a hora. Depois dá o dom da morte, ó Abridor da Porta”, (pág. 65)
b. “Separa o manto daquilo que se esconde por trás de suas múltiplas dobras. Remove os revestimentos que ocultam. Deixa que Deus seja visto. Retira o Cristo da Cruz”, (pág. 69)
O primeiro passo para consubstanciar o fato da alma é estabelecer o fato da sobrevivência, embora isso possa não ser necessariamente uma aprova do fato da imortalidade... Que algo sobrevive ao processo da morte e que alguma coisa persiste depois da desintegração do corpo físico, está sendo firmemente provado. Se não fora assim, então nós estaremos sendo vítimas de uma alucinação coletiva, e o cérebro e mente de milhares de pessoas serão falsos e enganadores, doentios e distorcidos. Uma insanidade coletiva assim gigantesca é mais difícil de aceitar do que a alternativa de uma consciência expandida, (págs. 98-99)
a. O crescimento da visão etérica e o número de clarividentes e ciariaudientes está constantemente revelando a existência do plano astral e da contraparte etérica do mundo físico. Cada vez um maior número de pessoas tomam consciência deste reino subjetivo: vêem pessoas ao redor que estão “mortas” ou que, durante o sono, abandonam seu invólucro físico, (pág. 98)
b. Os próximos duzentos anos verão a abolição da morte, como compreendemos agora essa grande transição, e o estabelecimento da existência da alma. A alma será conhecida como uma entidade, como o impulso motivador e o centro espiritual por trás de todas as formas manifestadas... A nossa imortalidade essencial será demonstrada e entendida como um fato na natureza, (pág. 96)
Dentro de poucos anos, o fato da persistência e da eternidade da existência terá ultrapassado o campo do questionamento e entrado para o campo das certezas... Não haverá dúvida na mente de pessoa alguma de que ao descartar-se do corpo físico o homem ainda permanecerá uma entidade viva e consciente. Saber-se-á que sua existência está sendo perpetuada num reino por trás do físico. Saber-se-á que ele ainda está vivo, desperto e consciente. Isto será o resultado do seguinte:
a. O desenvolvimento de um poder no olho físico do ser humano... revelará o corpo etérico... ver-se-á o homem ocupando esse corpo.
b. O aumento no número de pessoas que têm o poder de “re-acordar o terceiro olho “demonstrará a imortalidade, pois elas verão com facilidade o homem que descartou o corpo etérico assim como o corpo físico.
c. Uma descoberta no campo da fotografia provará a sobrevivência.
d. Através do uso do rádio por aqueles já desencarnada, será finalmente estabelecida a comunicação e reduzida a uma verdadeira ciência.
e. O homem finalmente elevar-se-á a uma percepção e contato
que lhe permitirá “ver através”, o que revelará a natureza da quarta
dimensão, e fundirá os mundos subjetivo e objetivo em um novo mundo. A morte
perderá seus terrores e o medo de morte terá chegado ao fim. (pág. 183)
Devem Ter sempre em mente que a consciência permanece a mesma, quer em
encarnação física quer fora dela, e que quando o desenvolvimento pode
prosseguir ainda mais facilmente do que quando limitado e condicionado pela
consciência cerebral. (Discipulado na Nova Era, Vol. I, pág. 81)
A Lei do Sacrifício e Morte é o fator controlador no plano físico. A destruição da forma, para que a vida em evolução possa progredir, é um dos métodos fundamentais na evolução. (Um Tratado sobre o Fogo Cósmico, pág. 569)
a. A Lei da Desintegração é um aspeto da Lei da Morte. É a lei que governa a destruição da forma para que a vida que nela habita possa brilharem todo o seu esplendor... Esta lei fragmenta as formas e a Lei da Atração puxa de volta às fontes primais o material dessas formas, (pág. 580)
b. A Lei da Morte controla os três mundos, (pág. 596)
c. A Lei do Sacrifício é a Lei da Morte nos corpos sutis, enquanto que aquilo que chamamos morte é sua analogia no corpo físico, (pág. 596)
d. A Lei da Morte e do Sacrifício governa a gradual desintegração das formas concretas e seu sacrifício à vida em evolução... (pág. 596)
e. Quando todas as unidades ou células no corpo do Logos planetário tiverem alcançado a meta, também Ele é liberado da manifestação densa e morre fisicamente, (pág. 509)
Sob o ponto de vista ocultista, a MORTE processa-se do seguinte modo:
a. A primeira etapa é a da retirada, do corpo físico denso, da força da vida no veículo etérico e sua consequente “queda na corrupção” e “se tornando espalhado aos elementos". O homem objetivo desaparece e não mais é visível ao olho físico, embora ainda no seu corpo etérico. Quando a visão etérica estiver desenvolvida, a ideia da morte assumirá proporções muito diferentes. Quando for possível à maioria da raça ver um homem funcionando no seu corpo físico etérico, o abandonar o corpo denso será considerado apenas um alívio.
b. A segunda etapa é a retirada da força da vida do corpo
etérico, e sua desvitalização...
c. A terceira etapa é a retirada da força da vida da forma astral ou emocional para que ela se desintegre também e a vida se centralize em outro lugar. Ela ganhou um aumento de vitalidade através da existência no plano físico e acrescentou cor através da experiência emocional.
d. A etapa final para o ser humano está em sua retirada do veículo mental. As forças da vida, após esta quadrupla abstração, ficam inteiramente centralizadas na alma... (pág. 735-7)
A Lei de Atração rompe as formas e arrasta de volta à fontes de origem o material dessas formas, antes de novamente as reconstruir. No caminho da evolução os efeitos desta lei são bem conhecidos, não apenas na destruição dos veículos descartados, mas no rompimento das formas nas quais grandes ideais estão corporificados... Sob esta lei tudo, no devido tempo, é destruído.
Seu funcionamento é mais aparente à mente do homem comum, em suas manifestações atuais no plano físico. Nós podemos acompanhar a conexão entre o plano átmico (o plano espiritual) e o físico - demonstrando-se no plano inferior como a Lei do Sacrifício e da Morte - mas seus efeitos podem ser vistos também em todos os cinco planos. É a lei que destrói o invólucro final que separa a alma aperfeiçoada, (pág. 581)
Quando a “vontade de viver" se esvai, então os “Filhos da Necessidade” deixam de manifestar-se objetivamente... Quando o Pensador no seu próprio plano afasta a atenção do seu pequeno sistema nos três mundos e reúne dentro de si mesmo todas as suas forças, então a existência no plano físico chega ao fim e tudo retorna para o interior de sua consciência causal... Isto demonstra-se no plano físico na retirada pelo alto da cabeça do radiante corpo etérico e a consequente desintegração do físico. A estrutura se vai e a forma física densa se desintegra, (pág. 85)
a. O corpo etérico é na realidade uma rede de finos canais que são as partes componentes de um fino cordão entrelaçado - uma porção deste cordão sendo o elo magnético que une os corpos físico e astral e que é quebrado depois da retirada do corpo etérico do corpo físico denso no momento da morte. (Vide Ecc. XII 6) (pág. 98)
b. Futuramente seguir-se-ão “métodos definidos demonstrando o fato de que a vida persiste depois da morte do corpo físico e o corpo etérico será reconhecido como um fator no caso", (pág. 429)
A morte é “iniciação, ou a entrada num estado de libertação”. Um Tratado dos Sete Raios, Vol. I, pág. 197
A MORTE E O CORPO ETÉRICO
Não é nosso propósito dar fatos para verificação pela ciência, ou mesmo indicar o caminho para o próximo passo à frente para pesquisadores científicos; fazer isso será puramente incidental e secundário. O que procuramos principalmente é dar indicações do desenvolvimento e correspondência do tríplice todo que faz do sistema solar o que ele é - o veículo através do qual uma grande ENTIDADE cósmica, o Logos solar, manifesta inteligência ativa tendo em vista o propósito de demonstrar perfeitamente o lado amor de Sua natureza. Por trás deste desígnio está um propósito ainda mais esotérico e ulterior, oculto na Consciência da Vontade do Ser Supremo, o qual será forçosamente demonstrado mais tarde, quando o atual objetivo for atingido. A alternação dual da manifestação objetiva e do obscurecimento subjetivo, a periódica expiração seguida pela inspiração de tudo o que foi levado adiante através da evolução, personifica no sistema uma das vibrações cósmicas básicas, e a nota chave daquela ENTIDADE cósmica cujo corpo somos nós. As batidas do coração do Logos (se nos é permitido uma expressão tão inadequada) são a fonte da evolução cíclica, e por isso a importância atribuída a esse aspeto do desenvolvimento chamado “coração” ou “aspeto amor", e o interesse que é despertado pelo estudo do ritmo. Isto é verdadeiro, não apenas cósmica e macrocosmicamente, mas igualmente no estudo da unidade humana. Por trás de todo o sentido físico ligado ao ritmo, vibração, ciclos e batimentos cardíacos, estão suas analogias subjetivas - amor, sentimento, emoção, desejo, harmonia, síntese e sequência ordenada - e por trás dessas analogias está a fonte de tudo, a identidade daquele Ser Supremo Que assim Se expressa.
Portanto, o estudo de pralaya, ou a retirada da vida do veículo l etérico, será o mesmo caso se estude a retirada do duplo etérico humano, a retirada do duplo etérico planetário, ou a retirada do duplo etérico do sistema solar. O efeito é o mesmo e as consequências similares.
Qual é o resultado desta retirada, ou melhor, o que ocasiona esse algo que nós chamamos morte ou pralaya? Uma vez que estamos estritamente seguindo neste tratado o estilo de livro-texto, continuaremos com nosso método de tabulação. A retirada do duplo etérico de um homem, um planeta, e um sistema é provocada pelas seguintes causas:
a. A cessação do desejo. Isto deverá ser o resultado de todo o processo evolutivo. A verdadeira morte, sob a lei, é provocada pela consecução do objetivo, e, portanto pelo cessar da aspiração. Isto, à medida que um ciclo aperfeiçoado se aproxime do final, será verdade para o ser humano individual, para o Homem Celestial e para o Próprio Logos.
b. Pela diminuição e o cessar gradual do ritmo cíclico, a vibração adequada é alcançada e o trabalho realizado. Quando a vibração ou nota é perfeitamente sentida ou soada, ela causa (no ponto de síntese com outras vibrações) o completo esfacelamento das formas.
Como sabem, o movimento caracteriza-se por três qualidades:
1. Inércia
2. Mobilidade
3. Ritmo
As três são experienciadas exatamente na sequência acima e pressupõem um período de atividade lenta, seguida por outro de movimento extremo. Este período do meio produz incidentalmente (à medida que a nota real e a velocidade são procuradas) ciclos de caos, de experimentação, de experiência e de compreensão. Seguindo-se a esses dois graus de movimento (que são característicos do átomo, do Homem, do Homem Celestial ou grupo, e do Logos ou da Totalidade) vem um período de ritmo e estabilização onde o ponto de equilíbrio é alcançado. Pela força do equilíbrio dos pares de opostos, e assim produzindo equilibrium, pralya é a consequência inevitável.
c. Pelo desligamento do físico do corpo mais sutil nos planos internos, através do rompimento da teia. Isto tem um tríplice efeito:
Primeiro. A vida que antes animara a forma física (tanto a densa quanto a etérica) e que tivera seu ponto de partida no átomo permanente e a partir do qual “permeara o que se move e o que está imóvel’’ (em Deus, no Homem Celestial, e no ser humano, assim como no átomo da matéria), é retirada inteiramente para o interior do átomo no plano da abstração. Este “plano da abstração” é diferente para as entidades envolvidas:
a. Para o átomo físico permanente, é o nível atômico.
b. Para o homem, é o veículo causal.
c. Para o Homem Celestial, é o segundo plano da vida monádica, Seu habitat.
d. Para o Logos, é o plano de Adi.
Todos estes marcam os pontos do desaparecimento em pralaya da unidade. Precisamos aqui recordar que é sempre pralaya quando visto de baixo. A partir da visão superior que vê o mais sutil continuamente dominando o denso quando não em manifestação objetiva, pralaya é simplesmente subjetividade, e não é aquilo “que não existe”, mas simplesmente aquilo que é esotérico.
Segundo. O duplo etérico de um homem, de um Logos planetário, e de um Logos solar, ao ser fragmentado, perde a polarização em relação ao seu morador interno, e permite portanto a saída. Em outras palavras, ele não é mais uma fonte de atração, nem um efetivo ponto magnético. Torna-se não-magnético, e a grande Lei da Atração deixa de controlá-lo; por isso segue-se a condição da desintegração da forma. O Ego cessa de ser atraído pela sua forma no plano físico, e prosseguindo na sua inalação, retira sua vida daquele revestimento. O ciclo aproxima-se do final, o experimento foi feito, o objetivo atingido (um objetivo relativo de vida para vida e de encarnação a encarnação), e nada mais resta para desejar; o Ego, ou a entidade pensante, perde, pois, o interesse pela forma e volta sua atenção para o interior. Sua polarização muda, e o físico é finalmente abandonado.
De modo semelhante, o Logos planetário em seu ciclo maior (a síntese ou o agregado dos pequeninos ciclos das células do Seu corpo) segue o mesmo curso; Ele deixa de ser atraído para baixo ou para fora, e volve Seu olhar para dentro; Ele reúne interiormente o agregado das vidas menores dentro de Seu corpo - o planeta - e corta a conexão. A atração externa cessa, e tudo gravita em direção ao centro em lugar de se espalhar para a periferia de Seu corpo.
No sistema, o mesmo processo é seguido pelo Logos solar; do Seu alto lugar de abstração, Ele cessa de ser atraído pelo Seu corpo de manifestação. Ele retira Seu interesse e os pares de opostos, o espírito e a matéria do veículo, se dissociam. Com esta dissociação, o sistema solar - aquele “Filho da Necessidade”, ou do desejo - deixa de existir, saí da existência objetiva.
Terceiro. Isto leva finalmente, à dispersão dos átomos do corpo etérico de volta à sua condição primordial. A vida subjetiva, a síntese da vontade e amor tomando forma ativa, é retirada. A parceria é dissolvida. A forma então desfaz-se; o magnetismo que a mantinha coesa não está mais presente, e a dissipação é completa. A matéria persiste, mas não a forma.
O trabalho do Segundo Logos termina, e a divina encarnação do Filho está concluída. Porém, a faculdade ou qualidade inerente da matéria também persiste, e ao fim de cada período de manifestação, a matéria (embora distribuída novamente à sua forma primordial) é matéria inteligente ativa mais o ganho da objetividade, e o aumento de radiação e atividade latente que ganhou através da experiência. Ilustremos: a matéria do sistema solar, quando indiferenciada, era matéria inteligente ativa, e isso é tudo que lhe podia ser atribuído. Esta matéria inteligente ativa foi matéria qualificada por uma experiência anterior, e colorida por uma encarnação anterior. Agora esta matéria está na forma, o sistema solar não está em pralaya, mas em objetividade - objetividade esta que tem em vista a adição de uma outra qualidade ao conteúdo logóico, a qualidade de amor e sabedoria. Portanto, no próximo pralaya solar, ao final de cem anos de Brahma, a matéria do sistema solar estará colorida pela inteligência ativa e pelo amor ativo. Isto significa literalmente que o agregado da matéria atômica solar vibrará no devido tempo numa tônica diferente daquela do primeiro alvorecer da manifestação.
Podemos seguir a mesma linha de raciocínio em relação ao Logos planetário e à unidade humana porque a analogia é possível. Temos uma correspondência numa pequenina escala no fato de que cada período de vida humana vê o homem tomando um corpo físico mais evoluído, de maior responsabilidade, sintonizado numa nota superior, mais adequadamente refinado e vibrando numa medida diferente. Nestes três pensamentos há grande informação, se eles forem estudados com cuidado e desenvolvidos logicamente.
d. Pela transmutação do violeta em azul. Não podemos desenvolver esta ideia. Simplesmente fazemos a apresentação e deixamos o seu desenvolvimento para aqueles estudantes cujo carma o permita e cuja intuição baste.
e. Pela retirada da vida, a forma deve gradualmente dissipar-se. É interessante notar aqui a ação reflexa, pois os Construtores e Devas maiores que são os agentes ativos durante a manifestação, e que mantêm a forma coesa, transmutando, aplicando e circulando as emanações prânicas, igualmente perdem a atração pela matéria da forma, e voltam sua atenção para outro lugar. No caminho da exalação (seja humana, planetária ou logóica) estes devas construtores (no mesmo Raio das unidades buscando a manifestação, ou num Raio complementar) são atraídos pela sua vontade e desejo, e executam o trabalho de construção. No caminho da inalação (seja humana, planetária ou logoica), eles não mais são atraídos, e a forma começa a dissipar-se. Eles retiram seu interesse, e as forças (igualmente entidades) que são os agentes de destruição, levam avante o necessário trabalho de desfazer a forma; eles espalham-na - segundo a expressão ocultista - “aos quatro ventos do Céu”, ou às regiões das quatro respirações - uma separação e distribuição quádrupla. Eis aqui uma pista a ser cuidadosamente considerada.
Embora sem a apresentação de quadros com cenas em leito da morte ou da dramática saída do corpo etérico palpitante através do centro da cabeça, como poderiam esperar, ainda assim foram mencionadas algumas das regras e propósitos que governam esta retirada. Vimos como o objetivo de cada vida (seja humana, planetária ou logoica) deve ser a execução de um propósito definido. Este propósito é o desenvolvimento de uma forma mais adequada para uso do espírito; e quando este propósito é alcançado, então o morador interno retira dela sua atenção e a forma - tendo servido à sua necessidade - desintegra-se. Nem sempre é assim em cada vida humana, nem mesmo em cada ciclo planetário. O mistério da lua é o mistério deste fracasso. Quando compreendido, isto leva a uma vida de dignidade e oferece um objetivo digno de nossos melhores esforços. Quando este ângulo da verdade for universalmente reconhecido, como será quando a inteligência da raça for suficiente, então a evolução prosseguirá indescutivelmente, e os fracassos serão menos numerosos. Um Tratado sobre o Fogo Cósmico, págs. 128-133.
Todo rompimento de elos produz severas reações. Contudo - pudessem vocês perceber isto - o rompimento dos elos do plano físico exterior é o menos severo e o mais impermanente de tais eventos. A morte em si mesma é uma parte da grande ilusão e existe apenas devido aos véus que pusemos ao nosso redor. Todos nós, como trabalhadores no campo da miragem (o novo campo no qual a humanidade precisa aprender a trabalhar conscientemente), fomos distinguidos e em nós depositada esperança. A morte chega para todos, mas para os discípulos não deverá haver miragem e pesar. Eu diria a vocês, não olhem para o passado. Nessa direção estão a miragem e o pesar. É a direção usual e a linha de menor resistência para a maioria. Mas este não é o caminho para vocês. Não procurem a revelação ou o conforto ilusório dado por aqueles que pairam sobre a linha divisória entre o visível e o invisível. Mais uma vez, este não é o caminho para vocês. Vocês não são um angustiado e desolado discípulo olhando ansiosamente para um véu separador na esperança de que algum sinal venha convencê-lo de que tudo está bem...
Tentem alcançar as alturas da alma, e tendo procurado e encontrado esse pináculo de paz e essa altitude de alegria onde a alma permanece imovível, então investiguem o mundo dos homens vivos - um mundo triplo no qual todos os homens - encarnados ou desencarnados - se encontram. Encontrem lá aquilo que a alma pode certamente reconhecer. As miragens de sua própria tristeza, a maya do passado, destorcem sempre o seu ponto de vista. Somente a alma permanece livre da ilusão, e somente a alma vê as coisas como elas são. Portanto, elevem-se até à alma. Discipulado na Nova Era, Vol. I, pág. 463.