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Livros de Alice Bailey

Cura Esotérica

Índice Geral das Matérias

PARTE UM

Capítulo I

AS CAUSAS BÁSICAS DA DOENÇA

Este é o problema com o qual a prática médica se tem debatido ao longo das eras. Na nossa atual era mecanicista, vagamos à deriva pela superfície das coisas, distanciando-nos do ponto de vista parcialmente verdadeiro de eras passadas, que remontavam a origem da doença dos “maus humores” originários e infeccionados na vida interna subjetiva do paciente. Na evolução generalizada do conhecimento, chegamos agora à superfície das coisas (notem que não usei a palavra “superficial”), e soou a hora em que o conhecimento pode novamente entrar no reino do subjetivo e transmutar-se em sabedoria. Nas melhores mentes da profissão médica e profissões afins, começa hoje a despertar um reconhecimento de que nas atitudes ocultas e subjetivas da mente e da natureza emocional, e na vida da expressão sexual inibida ou excessiva, é que devem ser buscadas as causas de todas as doenças.

Desde o começo de nossos estudos, gostaria de destacar que a causa última da doença, mesmo se eu a conhecesse, não seria compreendida por vocês. A causa remonta ao passado distante da história de nosso planeta, na carreira (ocultamente compreendida) da Vida planetária, e que tem suas raízes no que é largamente designado como “mal cósmico”. Esta expressão nada significa, mas descreve simbolicamente uma condição na consciência que é a de certos daqueles “Deuses imperfeitos”. Partindo da premissa inicial que a própria Deidade está trabalhando para uma perfeição que está além de nossa compreensão, pode-se deduzir que pode existir para os Próprios Deuses e para DEUS (como a VIDA do sistema solar), certas limitações e certas áreas ou estados de consciência ainda a ser conquistados. Essas limitações e relativas imperfeições podem causar efeitos definidos nos Seus corpos de manifestação -os vários planetas como expressões de Vidas, e o sistema solar como expressão de uma VIDA. Partindo também da hipótese de que esses corpos externos de divindade, os planetas, são as formas por meio das quais certas Deidades Se expressam, pode ser uma dedução verdadeira e lógica que todas as vidas e formas dentro desses corpos possam estar necessariamente também sujeitos a essas limitações, e às imperfeições provenientes dessas áreas inconquistadas da consciência, até agora não percebidas pelas Deidades encarnadas na forma planetária e solar. Partindo do postulado de que cada forma é uma parte de uma forma ainda maior, e de que nós realmente “vivemos, nos movemos e temos o nosso ser” dentro do corpo de Deus (como o expressou São Paulo), nós, como partes integrantes do quarto reino da natureza, partilhamos desta limitação e imperfeição geral.

Apreender e expressar mais do que esta premissa geral está além de nossos poderes, pois o equipamento mental do aspirante comum e do discípulo é inadequado para a tarefa. Termos como “mal cósmico, imperfeição divina, áreas limitadas de consciência, a liberdade do puro espírito, mente divina”, que são usados à vontade pelos místicos e pensadores ocultistas de nossa época: Que significam eles realmente? As afirmações de muitas escolas de cura quanto à perfeição última divina, e a formulação de suas crenças na verdadeira libertação da humanidade dos males comuns da carne, não serão frequentemente expressões altissonantes corporificando um ideal muitas vezes baseado no desejo egoísta? Não constituem elas frases totalmente sem sentido em suas implicações místicas? De que outro modo poderão ser consideradas, quando somente o homem perfeito tem alguma ideia verdadeira do que constitui a divindade?

É certamente melhor que nós admitamos que não é possível ao homem compreender as causas profundamente arraigadas daquilo que pode ser visto emergindo na evolução da forma da vida. Não será mais sábio considerar os problemas e os fatos tal como eles existem para a nossa atual percepção, e compreender que, assim como o homem pode penetrar de forma mais inteligente na mente de Deus do que pode a mente mais inferior do animal, assim também poderão existir outras Mentes maiores funcionando em outros e mais elevados reinos da natureza, as quais seguramente verão a vida de forma mais real e acurada do que a humanidade? É possível -ou não? -que o objetivo da evolução tal como delineado e enfatizado pelo homem possa ser, em última análise, apenas aquele fragmento parcial de um objetivo maior do que ele próprio, com sua finita compreensão, pode perceber. O propósito todo, tal como ele existe na mente de Deus, pode ser muito diferente do que o homem possa conceber hoje, e o mal e o bem cósmicos, reduzidos a terminologias, podem perder por completo a sua significância e ser vistos apenas através da miragem e da ilusão com que o homem envolve todas as coisas. As melhores mentes desta era estão apenas começando a ver o primeiro e pálido raio de luz que está perfurando esta miragem, e servindo principalmente para revelar o fato da ilusão. Através da luz assim lançada, a seguinte verdade pode revelar-se àqueles que têm a atitude expectante e a mente aberta: a própria Deidade está no caminho da perfeição. São muitas as implicações desta afirmação.

Ao lidarmos com as causas das doenças, tomaremos a posição de que a causa cósmica última e fundamental está além de nossa compreensão, e que somente à proporção em que o reino de Deus for revelado na Terra conseguiremos alguma compreensão real para a enfermidade que se encontra espalhada no planeta em todos os quatro reinos da natureza. Algumas afirmações básicas podem ser feitas, contudo, que eventualmente também se aplicarão num sentido macrocósmico, e que já podem ser demostradas como verdadeiras no que tange ao microcosmo inteligentemente considerado.

1. Toda enfermidade (e isto é um lugar comum) é causada pela falta de harmonia -uma desarmonia existente entre o aspeto forma e o aspeto vida. Aquilo que junta a forma e a vida, ou melhor, aquilo que é o resultado desta planejada união, nós chamamos a alma, o eu, no que diz respeito à humanidade, e o princípio de integração, no que se refere aos reinos subumanos. A doença aparece onde há falta de alinhamento entre este vários fatores, a alma e a forma, a vida e sua expressão, as realidades subjetiva e objetiva. Consequentemente, espírito e matéria não se relacionam livremente entre si. Este é um modo de interpretar a Lei I, e a tese toda destina-se a ser uma exposição dessa Lei,

2. Esta falta de harmonia, produzindo o que nós chamamos doença, perpassa todos os quatro reinos da natureza, e causa aquelas condições que produzem dor (onde a sensibilidade é apurada e desenvolvida), e por toda a parte congestão, corrupção e morte. Reflitam sobre estas palavras: Desarmonia, Dor, Congestão, Corrupção, Morte, pois elas descrevem a condição geral que governa a vida consciente de todas as formas macrocósmicas e microcósmicas. Elas não são causas.

3. Todas essas condições, contudo, podem ser consideradas purificatórias em seus efeitos, e devem ser assim consideradas pela humanidade se quisermos assumir a correta atitude em relação à doença. Isto é frequentemente esquecido pelo curador fanático e pelo expoente radical de uma ideia, finitamente percebida e, na maioria dos casos, somente parte de uma ideia maior.

4. Métodos de cura e técnicas paliativas são peculiares à humanidade e o resultado da atividade mental do homem. Elas indicam seu poder latente como um criador e como alguém que avança no caminho da libertação. Indicam sua habilidade de discriminação para perceber a perfeição, para visualizar sua meta, e por isso trabalhar pela libertação final. Seu erro, atualmente, consiste em:

a. Sua inabilidade em ver os verdadeiros usos da dor.
b. Seu ressentimento diante do sofrimento.
c. Sua má interpretação sobre a lei da não-resistência.
d. Sua exagerada ênfase sobre a natureza da forma.
e. Sua atitude a respeito da morte, e seu sentimento de que o desaparecimento da vida, com a retirada da sua percepção visual através da forma, e a consequente desintegração dessa mesma forma, indica desastre.

5. Quando o pensamento humano inverter as costumeiras ideias sobre a doença, e aceitá-la como um fato da natureza, o homem começará a trabalhar com a lei da libertação, com o pensamento correto, conducente à não-resistência. Atualmente, pelo poder de seu pensamento direcionado e seu intenso antagonismo à doença, ele somente tende a energizar a dificuldade. Quando ele reorientar seu pensamento para a verdade e a alma, os males do plano físico começarão a desaparecer. Isto tornar-se- á aparente quando estudarmos mais adiante o método de erradicação. A doença existe. As formas de todos os reinos estão cheias de desarmonia e fora de alinhamento com a vida que mora internamente. A doença, a corrupção e a tendência à dissolução são encontradas em toda parte. Estou escolhendo minhas palavras cuidadosamente.

6. A doença não é, pois, o resultado do pensamento humano incorreto. Ela existia entre as muitas formas de vida muito antes da família humana aparecer na Terra. Se vocês procurarem uma verbalização, e se quiserem falar dentro dos limites da mente humana, poderão dizer, com alguma precisão: Deus, a Deidade planetária, é culpada de pensamento incorreto. Porém, vocês não estarão expressando a verdade, mas somente uma minúscula fração da causa, tal como ela aparece às suas mentes finitas, através do mundo generalizado de miragem e ilusão.

7. Por um ângulo, a doença é um processo de libertação, e a inimiga de tudo que está estático e cristalizado. Não pensem -a partir do que eu disse -que, portanto, a doença deve ser benvinda, e que o processo da morte deve ser acalentado,. Se assim fosse, cultivaríamos a doença e premiaríamos o suicídio. Felizmente para a humanidade, toda a tendência da vida é contra a doença, e a reação da vida da forma sobre o pensamento do homem fomenta o medo da morte. E assim tem sido apropriadamente, pois o instinto de autopreservação e a preservação da integridade da forma é um princípio vital na matéria, e a tendência à autoperpetuação da vida dentro da forma é uma das maiores capacidades dadas por Deus e persistirão. Mas, na família humana, isto tem que eventualmente dar lugar ao uso da morte como um processo libertador, organizado, para conservar a força e dar à alma um melhor instrumento de manifestação. Para esta liberdade de ação, a humanidade, como um todo, ainda não está pronta. Os discípulos e aspirantes do mundo devem, contudo, começar a perceber estes mais novos princípios da existência. O instinto de autopreservação governa a relação de espírito e matéria, de vida e forma enquanto a Própria Deidade desejar encarnar dentro do Seu corpo de manifestação -um planeta ou um sistema solar. Nas declarações acima dei-lhes uma pista quanto a uma das causas básicas da doença, e quanto à infindável luta entre o espírito aprisionado e a forma aprisionadora. Esta luta utiliza como método aquela qualidade inata que se expressa como o impulso para preservar e o impulso para perpetuar -não só a forma, mas a espécie.

8. A lei de causa e efeito, no Oriente chamada Carma, governa tudo isto. Na realidade, o Carma deve ser considerado como o efeito (na vida da forma do nosso planeta) de causas profundamente enraigadas e ocultas na mente de Deus. As causas, cuja origem pode ser traçada em relação à doença e à morte, são na realidade o resultado de certos princípios básicos que governam -acertada ou erroneamente, quem poderá dizê-lo? -a vida de Deus na forma, e deverão sempre permanecer incompreensíveis para o homem até o dia em que ele passar pela grande iniciação para nós simbolizada pela Transfiguração. Ao longo de nossos estudos, estaremos lidando com as causas secundárias e seus efeitos, com os resultados fenomênicos desses efeitos subjetivos que emanam de causas por demais distanciadas de nós para que possamos apreendê-las. Isto tem que ser compreendido e admitido. Isto é o máximo que o homem pode fazer com o seu presente aparelho mental. Quando a sua intuição raramente funciona e a mente é raramente iluminada, por que deveria o homem arrogantemente esperar entender tudo? Que ele trabalhe no desenvolvimento de sua intuição e para conquistar a iluminação. Então a compreensão poderá chegar. Ele terá ganho o direito ao conhecimento divino. Mas o reconhecimento mencionado acima bastará para o nosso trabalho e nos capacitará a estabelecer aquelas leis e princípios que indicarão como a humanidade pode obter a libertação da consciência da forma e a consequente imunidade da vitória da morte e aquelas condições ligadas à doença que governam hoje a nossa manifestação planetária.
Nós dividiremos nossa consideração sobre as causas da doença em três partes, eliminando de nossa busca da verdade o desejo -tão compreensível quanto fútil -de apreender a mente de Deus.

I. As causas psicológicas.
II. Causas que emanam da vida grupal.
III. Nossas dívidas cármicas, as causas cármicas

Em tudo isto apenas obteremos uma ideia geral (tudo que é possível agora) quanto à presença da doença na família humana, e daquilo que é encontrado também, em parte, no reino animal. Quando esta ideia geral for apreendida, nós teremos uma melhor compreensão de nosso problema e poderemos então prosseguir com nossa consideração dos métodos que nos permitirão lidar com os indesejáveis efeitos com maior facilidade. Os estudantes da Arte da Cura devem lembrar-se igualmente que há três modos que podem realizar a cura, e que os três têm seu lugar e valor, dependendo do ponto de evolução do sujeito sendo curado.

Primeiro, há a aplicação daqueles métodos paliativos que gradualmente curam a doença e eliminam condições indesejáveis; eles firmam a vida da forma e fomentam a vitalidade, de modo que a doença possa ser eliminada. Bons expoentes desses métodos são as escolas alopática e homeopática, as várias escolas osteopáticas e quiropráticas, e outras escolas terapêuticas. Elas têm prestado bons serviços e a dívida da humanidade para com a sabedoria, a habilidade e a devotada atenção dos médicos é grande. Eles estão lidando o tempo todo com situações de emergência e perigosos efeitos cujas causas não aparecem à superfície. Sob esses métodos o paciente está nas mãos de um grupo externo, e deve ficar passivo, quiescente e negativo.

Segundo, há o aparecimento do trabalho e métodos do psicólogo moderno, que procura lidar com as condições subjetivas e corrigir aquelas atitudes incorretas da mente, aquelas inibições, psicoses e complexos que ocasionam os estados exteriores da doença, as condições mórbidas e neuróticas e desastres mentais. Sob este método, o paciente é ensinado a cooperar tanto quanto possa com o psicólogo, de modo que possa chegar a uma apropriada compreensão de si mesmo, e aprender a erradicar aquelas situações impulsionadoras responsáveis pelos resultados exteriores. Ele é treinado para se tornar positivo e ativo, e isto é um grande passo na direção correta. A tendência para combinar a psicologia com o tratamento físico exterior é saudável e correta.

Terceiro, o mais elevado e novo método é o de trazer à atividade positiva a própria alma do homem. A futura e verdadeira cura é produzida quando a vida da alma pode fluir sem qualquer impedimento e obstáculo por todos os aspetos da natureza da forma. Ela pode então vitalizá-los com sua potência, e pode também eliminar aquelas congestões e obstruções que são uma fonte tão fértil de doenças.

Aqui há muito material para reflexão. Se caminhamos lentamente quanto à aplicação prática de técnicas e métodos, é porque procuro lançar bases seguras para aquilo que mais tarde comunicarei.

O TREINAMENTO DO CURADOR

No que diz respeito ao treinamento do curador, darei de quando em vez as seis regras que governam (ou deveriam governar) sua atividade. Elas resumem a história do curador: MAGNETISMO e RADIAÇÃO. Eles são diferentes em seus efeitos, como veremos mais tarde.

REGRA UM

O curador precisa unir sua alma, seu coração e suas mãos. Assim poderá derramar a força vital sobre o seu paciente. Este é o trabalho magnético. Ele cura doenças, ou pode aumentar o estado ruim, segundo o conhecimento do curador.

O curador tem que procurar unir sua alma, seu cérebro, seu coração e emanação áurica. Desse modo sua presença pode alimentar a vida da alma do paciente. Este é o trabalho de radiação. As mãos não são necessárias. A alma manifesta seu poder. A alma do paciente responde, através da resposta de sua aura, à radiação da aura do curador inundada com a energia da alma.

Ao considerarmos as Causas da Doença, acho necessário dizer algumas palavras a respeito das condições -externas e internas. Ficará aparente, mesmo para o pensador ocasional, que muitas doenças e muitas causas de morte são devidas às condições ambientais, pelas quais ele de modo algum é responsável. Estas vão desde ocorrências puramente externas a predisposições hereditárias. Podemos listá-las assim:

1- Acidentes, que podem ser atribuídos à negligência pessoal, acontecimentos grupais, imprudência de outras pessoas e resultado de lutas, como greves e guerras. Podem também ser provocados por ataques do mundo animal, envenenamento acidental e muitas outras causas.

2. Infecções de causas externas e não como resultado de condição peculiar do seu próprio sangue. Estas infecções são as várias doenças chamadas infecciosas e contagiosas, e predominantemente epidêmicas. O homem pode contrai-las devido a seu tipo de trabalho, através de contatos diários ou porque a doença está espalhada no seu meio ambiente.

3. Doenças devidas à subnutrição, particularmente quando durante a infância. Este estado de subnutrição predispõe o corpo à doença, diminui a resistência e a vitalidade, e opõe-se aos “poderes de luta” do homem, levando-o à morte prematura.

4. Hereditariedade. Há, como sabem, certas formas de fraquezas hereditárias que, ou predispõem a pessoa a certas doenças e consequente morte, ou produzem nele aquelas condições que levam a um contínuo enfraquecimento do seu desejo de viver; há também aquelas tendências que constituem uma forma de perigosos apetites, que levam a hábitos indesejáveis, ao afrouxamento da moral, e são perigosos para a vontade da pessoa, tornando-a impotente para lutar contra essas predisposições. Ele sucumbe a elas e paga o preço de tais hábitos: a doença e a morte.

Estes quatro tipos de doença e causas de morte respondem por muito do que vemos acontecer à nossa volta na vida das pessoas, mas não devem de forma alguma ser classificados entre quaisquer das causas psicológicas de doença, e serão apenas considerados muito sucintamente na seção que trata da vida grupal e suas causas predisponentes da doença. Lá serão discutidas as doenças infecciosas, mas as situações criadas por acidentes automobilísticos ou ferroviários, por exemplo, não serão consideradas como causas produtoras de doença. Que o trabalho do curador está envolvido nesses casos é bem verdade, porém o trabalho a ser feito é de certo modo diferente do que é realizado quando lidamos com aquelas doenças que têm sua raiz num ou noutro corpo sutil, ou nos resultados de doenças grupais, etc. Os males provenientes da subnutrição ou da alimentação errônea da vida e civilização modernas não serão considerados aqui. Por esses males nenhuma criança é individualmente responsável. Eu estou discutindo as doenças originadas de condições internas danosas.

A responsabilidade de uma criança por suas condições de vida é praticamente nula, a menos que admitamos o carma como fator predisponente, e seu poder de produzir aqueles reajustamentos que emergem do passado e afetam o presente. Tratarei disto mais detalhadamente quando considerarmos nossas dívidas cármicas. Aqui, direi somente que, todo o assunto da doença poderia ser tratado sob ângulo do carma e ser definido e conclusivo no seu valor, se o ensinamento sobre este abstruso assunto tivesse sido corretamente dado ao Ocidente. Mas a verdade que nos veio do Oriente tem sido tão distorcida pela teologia oriental, quanto as doutrinas da Expiação e da Virgem Mãe têm sido erroneamente interpretadas e ensinadas pela teologia ocidental. Nossas formulações modernas parecem-se muito pouco com a verdade real. Por isso, fico seriamente limitado ao lidar com o assunto da doença sob o ângulo do carma, É difícil para mim transmitir a vocês seja o que for da verdade como ela realmente existe, devido às ideias preconcebidas que vocês forçosamente têm sobre a Lei de Causa e Efeito. Se eu lhes disser que a doutrina da Evolução Emergente e as modernas teorias da ação de um catalisador sobre duas substâncias que -quando postas em relação uma com a outra sob o efeito do catalisador produzem uma terceira e diferente substância -trazem em si muito da verdade sobre o carma, vocês compreenderiam? Duvido. Se lhes disser que a ênfase dada à Lei do Carma ao explicar as aparentes injustiças e acentuar sempre o aparecimento da dor, da doença e do sofrimento é somente uma apresentação parcial da verdade cósmica básica, tornará as coisas mais claras em suas mentes? Se eu lhes disser que a Lei do Carma, corretamente compreendida e corretamente manejada, pode trazer felicidade, coisas boas, e libertação da dor mais facilmente do que trazer dor, com sua cadeia de consequências, sentem-se capazes de apreender o sentido do que eu estou dizendo?

O mundo da miragem é, atualmente, tão forte e o sentido da ilusão tão potente e vital que nós não conseguimos ver o real significado destas leis básicas.

A Lei do Carma não é a Lei de Retribuição, como se poderia supor ao ler os livros correntes sobre o assunto; esse é apenas um aspeto da ação da Lei do Carma. A Lei de Causa e Efeito não deve ser compreendida como nós atualmente a interpretamos. Há, para ilustrar, uma lei chamada Lei da Gravitação, a qual há muito foi aceita pela mente dos homens. Essa lei existe, mas é somente um aspeto de uma lei maior, e seu poder pode ser, como sabemos, relativamente compensado, pois cada vez que vemos um aeroplano erguendo-se nos ares, estamos assistindo a uma demonstração da compensação desta lei por meios mecânicos, simbolizando a facilidade com que ela pode ser superada pelos seres humanos. Se ao menos puderem se dar conta disso, eles estão aprendendo a secular técnica da qual o poder de levitar é um dos mais fáceis e simples exercícios iniciais.

A Lei das Consequências não é aquela coisa inevitável e determinada que o pensamento moderno supõe, mas está muito mais intimamente relacionada às Leis do Pensamento do que se acredita; a ciência mental está dando os primeiros e tateantes passos para este entendimento. Sua orientação e propósitos estão corretos e podemos esperar bons resultados; suas conclusões e modos de trabalhar atuais são lamentavelmente falhos e enganosos.

Referi-me a esta errônea compreensão da Lei do Carma porque estou ansioso por vê-los iniciar este estudo das Leis da Cura com a mente o mais livre e aberta possível, tendo em mente que sua compreensão destas leis é limitada por:

1. Velhas teologias, com seus pontos de vista estáticos, distorcidos e errôneos. O ensinamento da teologia é extremamente enganoso, mas é, ai de nós, geralmente aceito.

2. O pensamento mundial, fortemente colorido pelo elemento desejo, e muito pouco de pensamento verdadeiro. Os homens interpretam estas leis, fracamente sentidas, em termos de finalidade e a partir do seu pequeno ponto de vista. A ideia da retribuição está muito presente no ensinamento sobre o carma, por exemplo, porque os homens procuram uma explicação plausível das coisas como elas parecem ser, e eles próprios gostam de dispensar retribuição. Contudo, há, em geral, muito mais carma bom do que mau do que vocês possam imaginar quando imersos num período como o atual.

3. A ilusão e miragem mundiais, que impedem que o homem comum e ignorante veja a vida como ela realmente é. Mesmo o homem avançado e os discípulos estão apenas começando a ter um fugaz e inadequado vislumbre de uma gloriosa realidade.

4. As mentes sem controle e as células cerebrais não liberadas e não despertas também impedem a correta compreensão do homem. Este fato é frequentemente ignorado. O aparelho do conhecimento é ainda inadequado. Este ponto precisa ser enfatizado.

5. O temperamento nacional e racial, com seus traços predisponentes e seus preconceitos. Estes fatores também impedem uma justa apreciação dessas realidades.

Dei aqui material suficiente para indicar-lhes a futilidade de tentar afirmar que vocês entendem estas leis que tateando procuram compreender. Em nenhuma outra área do pensamento humano é maior a escuridão do que nesta relacionada com as leis referentes à doença e à morte.

É necessário, portanto, entender desde o começo que, em tudo que eu disser sob o título As Causas Psicológicas da Doença, não estarei lidando com aquelas enfermidades ou predisposições à doença oriundas do meio ambiente, ou com aquelas afecções herdadas dos pais que as traziam em seus corpos e transmitiram aos filhos germes de doenças que, por sua vez, possam ter herdado de seus pais. Gostaria de destacar aqui que essas doenças herdadas são muito menos frequentes do que atualmente se supõe; entre elas, a predisposição à tuberculose, à sífilis e ao câncer são as mais importantes no que diz respeito à nossa atual humanidade; elas são herdadas, mas também podem ser contraídas por contato. Estas serão abordadas quando chegarmos ao segundo em importância tema das doenças que emanam do grupo.

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