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Livros de Alice Bailey

Cartas sobre Meditação Ocultista


Carta V
PERIGOS A SEREM EVITADOS NA MEDITAÇAO

1 - Perigos Inerentes à Personalidade.
2 - Perigos Oriundos do Carma.
3 - Perigos Oriundos das Forças Sutis.

22 de julho de 1920.

A Retenção da Informação

Chegamos agora a um ponto em que os alicerces do conhecimento foram colocados - aquele conhecimento que infunde no estudante prudente o desejo de se submeter às regras necessárias, de se conformar aos requisitos prescritos e de fazer, dos conceitos mentais assimilados, experiências práticas na vida diária. Este desejo é sábio e justo, e o objeto de tudo que: foi revelado; mas, a esta altura, é prudente emitir uma nota de advertência, destacando certas possibilidades perigosas e pondo o estudante de sobreaviso contra um entusiasmo que possa levá-lo por caminhos que retardarão o desenvolvimento e que podem provocar vibrações que, mais tarde, terão de ser contrabalançadas. Isso acarreta atraso e uma recapitulação no trabalho que (se realizado a tempo) poderia ser evitado.

Certas afirmações e instruções não podem ser feitas nem dadas por escrito aos estudantes, por três razões:

1 - Algumas instruções são sempre dadas oralmente, pois que apelam, para a intuição, e não são para à consideração e o raciocínio lógico da mente inferior; elas também contém elementos perigosos, se dadas aos despreparados.

2 - Algumas instruções são pertinentes aos segredos do Caminho e são aplicáveis, principalmente, os grupos aos quais o estudante está ligado; elas podem apenas ser dadas em instrução conjunta, quando fora do corpo físico: Dizem respeito ao corpo causal grupal, a certos segredos de raio e à Invocação da assistência dos devas superiores para produzir os resultados desejados. Os perigos ligados a isso são muito grandes para permitir que sejam transmitidos numa publicação exotérica. Os efeitos ocultistas da palavra falada e da palavra escrita são variados e interessantes. Até o momento em que tenhais entre vós um sábio Instrutor em pessoa, e até que Lhe seja possível reunir ao Seu redor Seus estudantes, podendo, assim, dar-lhes a proteção de Sua aura e sua estimulante vibração, e até que as condições mundiais permitam um certo período de relaxamento da tensão e da incerteza presentes, não será possível revelar padrões, invocações e mantras de caráter especifico; não será possível despertar os centros além do grau evolutivo necessário, exceto nuns poucos casos individuais em que certos alunos (talvez inconscientemente para eles mesmos) estejam sendo submetidos a processos definidos que resultem num grau de vibração grandemente aumentado. Isto está sendo feito somente para uns poucos em cada país, e diretamente sob as vistas de um Mestre que focaliza através de H. P. B.

3 - A informação sobre a invocação de davas na meditação não pode, entretanto, ser dada aos indivíduos, sem perigo, apesar de um começo estar sendo feito por grupos, tais como nos rituais dos Maçons e da Igreja. As fórmulas que colocam os devas inferiores sob o controle do homem não serão divulgados ainda. Aos seres humanos não pode ser confiado esse poder, pois a maioria está animada somente por desejos egoístas e faria mau uso dele para seus próprios fins. É opinião dos sábios Instrutores da raça - como penso haver mencionado antes - que os perigosos do conhecimento muito restrito são bastante menores que os perigos do conhecimento excessivo, e que a raça pode ser mais seriamente retardada pela má aplicação dos poderes ganhos por ocultistas incipientes, do que por uma falta de conhecimento, que não engendra resultados cármicos. Os poderes ganhos na meditação, as habilidades alcançadas pelo ajustamento dos corpos através da meditação, as faculdades desenvolvidas em cada veiculo por fórmulas exatas na meditação, a manipulação da matéria, que é uma das funções do ocultista (o resultado de veículos bem ajustados que respondam perfeitamente às condições do plano) e a aquisição da consciência causal - a consciência que traz consigo a habilidade de incluir em si mesmo todo o menor - são de caráter muito sério para serem displicentemente divulgados, e no treinamento do homem segundo essas linhas de conduta, somente aqueles que merecem confiança serão encorajados pelo instrutor. Dignos de confiança em que sentido? Dignos de confiança para pensar em termos de grupo e não em termos do eu, dignos de confiança para usar o conhecimento ganho, concernente aos corpos e ao carma dos associados vizinhos, somente para sua sábia assistência e não para fins egoístas, dignos de confiança para usar poderes ocultos para o progresso da evolução e para o desenvolvimento, em todos os planos, dos esquemas da evolução, tal como planejado pelos três Grandes Senhores.

Ilustrarei:

Uma das coisas que se consegue na meditação, quando seguida com regularidade e sob correta Instrução, é a transferência da consciência, do eu inferior para o superior. Isso traz consigo a capacidade de ver nos níveis causais, de intuitivamente reconhecer os fatos nas vidas dos outros, de prever acontecimentos e ocorrências e de conhecer o valor relativo da personalidade. Isto só pode ser permitido quando o estudante consegue ser silencioso, altruísta e estável. Quem, até agora, corresponde a tais requisitos?

Esforço-me para dar-vos uma ideia geral dos perigos que incidem no desenvolvimento prematuro dos poderes alcançados na meditação. Procuro fazer um lembrete - não de desencorajamento - mas de insistência sobre a pureza física, a estabilidade emocional e o equilíbrio mental, antes que o estudante passe para um conhecimento maior. Somente quando o canal se abre à intuição e se fecha à natureza animal, pode um homem prosseguir sabiamente com seu trabalho. Somente quando o coração aumente sua capacidade de sofrer com tudo que respira, de amar tudo com que entre em contato e de entender e se solidarizar com a menos desejável das criaturas de Deus, poderá o trabalho prosseguir como se deseja. Somente quando o desenvolvimento for uniforme, quando o intelecto não correr à frente do coração e a vibração mental não impedir a vibração mais alta do Espírito, poderá o estudante merecer confiança para adquirir poderes que, erroneamente usados, poderão resultar em desastre tanto para seu ambiente como para si mesmo. Somente quando não formular pensamentos, salvo aqueles que tenciona formular para ajudar o mundo, merecerá ele confiança para sabiamente manipular a matéria do pensamento. Somente quando não tiver mais desejos, salvo para descobrir os planos do Mestre e, então, auxiliar definitivamente a tornar esses planos, fatos em manifestação, poder-lhe-ão ser confiadas as fórmulas que trarão os devas de menor grau, ao seu controle. Os perigos são tão grandes e tantos os riscos que cercam o estudante incauto que, antes de prosseguir, busquei induzir cautela.

Especifiquemos e enumeremos agora certos perigos contra os quais necessita acautelar-se o homem que progride na meditação. Alguns deles são devidos a uma causa e alguns a outra causa, e teremos que especificar com exatidão.

1 - Perigos inerentes à Personalidade do aluno. Poderão, como é previsível, ser agrupados sob três títulos: - perigos físicos, perigos emocionais e perigos mentais.

2 - Perigos oriundos do carma do aluno e de seu ambiente. Esses também podem ser enumerados sob três divisões:

a) o carma da vida atual, seu "círculo-não-se-passa" individual, tal como representado por sua vida atual.

b) Sua hereditariedade e instintos nacionais como, por exemplo, se ele possui um tipo de corpo ocidental ou oriental.

c) Suas afiliações grupais, sejam exotéricas ou esotéricas.

3 - Perigos oriundos das forças sutis, às quais, por ignorância, chamais mal; tais perigos consistem no ataque, ao estudante, por entidades externas de algum plano. Essas entidades poderão ser, simplesmente, seres humanos desencarnados; poderão ser cidadãos dos outros planos que não os humanos; mais tarde, quando o estudante for de suficiente importância para atrair, atenção, o ataque poderá vir daqueles que lidam puramente com a matéria, para impedir o progresso espiritual - os magos negros, os irmãos negros, e outras forças que parecem destrutivas. Esta aparência só é assim quando vista do ângulo do tempo e nos nossos três mundos, e é apenas incidental ao fato de nosso Logos, Ele Próprio, estar também evoluindo e (do ponto de vista dos Seres infinitamente maiores Que O assistem no Seu desenvolvimento) ela depender de Suas imperfeições transitórias. As imperfeições da natureza - como as denominamos - são as imperfeições do Logos e serão, no final, transcendidas.

Esbocei esta manhã, para vós, o assunto que tenciono revelar durante os dias vindouros.

24 de julho de 1920.

Os perigos que envolvem o estudante de meditação são dependentes de muitos fatores e não será possível fazer mais do que indicar brevemente certas condições ameaçadoras, advertir contra certas possibilidades desastrosas, e prevenir o estudante contra resultados que decorrerão do esforço exagerado, por excesso de zelo e por uma concentração em um ponto que pode conduzir a um desenvolvimento desequilibrado. A concentração em um ponto é uma virtude, mas terá que ser uma concentração de objetivo e de finalidade, não aquela que se desenvolve numa só linha de método, com exclusão de todas as demais.

Os perigos da meditação são, largamente, os perigos de nossas virtudes, e nisso jaz muito da dificuldade. Eles são, em grande parte, os perigos de um conceito mental refinado que fica à frente da capacidade dos veículos inferiores, especialmente do físico denso. Aspiração, concentração, determinação, são virtudes necessárias, mas se usadas sem discriminação e sem senso de tempo na evolução, poderão conduzir à fragmentação do veículo físico, que retardará todo progresso por alguma vida especial. Tornei claro meu ponto de vista? Procuro somente acentuar a absoluta necessidade de o estudante ocultista ter como uma de suas qualidades básicas um agudo bom senso, unido a um feliz senso de proporção, que leve a uma adequada precaução e a uma aproximação do método necessário à necessidade imediata. Ao homem que; então, se dedique, de todo coração, ao processo da meditação ocultista, eu diria, com toda concisão:

a) Conhece-te a ti mesmo.
b) Prossegue lenta e cautelosamente.
c) Estuda os efeitos.
d) Cultiva a noção de que a eternidade é longa e o que é construído vagarosamente dura para sempre.
e) Visa à regularidade.
f) Conscientiza-te sempre de que os verdadeiros efeitos espirituais devem ser vistos na vida exotérica do serviço.
g) Lembra-te, também, de que os fenômenos psíquicos não são indicação de uma meditação bem sucedida. O mundo verá os efeitos e será um melhor juiz do que o próprio estudante. Acima de tudo, o Mestre saberá, pois os resultados nos níveis causais serão percebidos por Ele muito antes do próprio homem estar consciente de seu progresso.

Ocupemo-nos, agora, desses pontos em detalhe.

Perigos Inerentes à Personalidade

Consideremos, pois, primeiro, aqueles perigos relacionados mais de perto com a própria vida pessoal do homem e que dependem dos seus três corpos, de suas condições separadas e de sua inter-relação. Este assunto é tão vasto que não será possível senão indicar certos resultados devidos a certas condições; cada homem apresenta um problema diferente, cada corpo causa uma reação diversa, e cada totalidade, em sua natureza tríplice, é afetada por seu alinhamento ou por sua falta de alinhamento. Tomemos cada corpo separadamente, primeiro, e depois em sua tríplice totalidade. Dessa maneira alguns fatos específicos poderão ser revelados.

Princípio com o corpo mental, uma vez que, para o estudante de meditação, ele é o centro de seu esforço e o que controla os dois corpos interiores. O verdadeiro estudante procura desviar sua consciência, do seu corpo físico e de seu corpo emocional, para o reino do pensamento ou para o corpo mental inferior. Atingindo isso, ele procura, então, transcender essa mente inferior e tornar-se polarizado no corpo causal, usando o antahkarana como o canal de comunicação entre o superior e o inferior, sendo o cérebro físico, apenas, um receptor passivo do que é transmitido pelo Ego, ou Eu Superior, e mais tarde, pelo Espírito tríplice, a Triada. A tarefa a ser cumprida necessita de um trabalho da periferia para o interior e uma consequente centralização. Tendo alcançado essa centralização e focalizado aquele centro estável - com o plexo solar e o coração serenos - um ponto dentro da cabeça, um dos três principais centros da cabeça, torna-se o centro da consciência e o raio do ego do homem decidirá qual deverá ser esse centro. Esse é o método da maioria. Então, tendo sido alcançado esse ponto, um homem seguirá a meditação de seu raio, como vos foi antes explicado, em termos gerais, nestas cartas. Em cada caso, o corpo mental se torna o centro da consciência e, posteriormente - através da prática - torna-se o ponto de partida para a transferência da polarização para um corpo superior, primeiro no causal e depois na Triada.

Os perigos para o corpo mental são muito reais e precisam ser evitados. Eles são eminentemente dois, e deverão ser denominados os perigos da inibição e os devidos à atrofia do corpo.

a) Tomemos primeiro os perigos devidos à inibição. Algumas pessoas, por sua mera força de vontade, alcançam um ponto na meditação em que inibem diretamente os processos da mente inferior. Se imaginardes o corpo mental como um ovoide, circundando o corpo físico e estendendo-se mais além dele, e se perceberdes que, através desse ovoide, estão circulando constantemente várias espécies de pensamentos-forma (o conteúdo da mente do homem e os pensamentos de seus aliados vizinhos) de maneira que o ovo mental esteja colorido por atrações predominantes e diversificado por muitas formas geométricas, tudo num estado de fluxo ou circulação, podereis ter alguma ideia do que quero dizer. Quando um homem aquieta esse corpo mental pela inibição ou supressão de todo movimento, aprisionará esses pensamentos-forma no ovoide mental, deterá o fluxo e poderá produzir resultados de natureza séria. Esta inibição tem um efeito direto sobre o cérebro físico e é a causa de muita da fadiga de que reclama depois de um período de meditação.

Se se persistir, poderá levar ao desastre. Todos os principiantes fazem isso, mais ou menos, e até que aprendam a se defenderem disso, reduzirão seu progresso e retardarão o desenvolvimento. Os resultados poderão ser ainda mais sérios.

Quais serão os métodos certos para eliminação do pensamento? Como poderá a placidez da mente ser alcançada sem ser inibido o uso da vontade? As sugestões seguintes poderão ser úteis e proveitosas:

Tendo o estudante elevado sua consciência para o plano mental em algum ponto do cérebro, deve pronunciar, suavemente, a Palavra Sagrada por três vezes. Deverá imaginar a respiração como uma força clarificadora, expurgadora, que, no seu avanço, varre os pensamentos-forma que circulam no ovoide mental. Que ele perceba, então, ao final, que o corpo mental está livre e limpo dos pensamentos-forma.

Deve, agora, elevar sua vibração tanto quanto puder e, em seguida, procurar elevá-la, com o corpo mental liberto, até o causal, assim submetendo à ação direta do Ego os três veículos inferiores. Enquanto puder sustentar sua consciência alta e manter uma vibração que é a do Ego no seu próprio plano, o corpo mental será conservado num estado de equilíbrio. Não conservará nenhuma vibração inferior análoga aos pensamentos-forma que circulam em seu ambiente. A força do Ego circulará por todo o ovoide mental, não permitindo que unidades geométricas estranhas entrem, e os perigos da inibição terão sido afastados. Mais ainda será feito - a matéria mental, no decorrer do tempo, tornar-se-á tão afinada com a vibração superior que, no devido tempo, essa vibração se tornará estável e expelirá, automaticamente, tudo que seja inferior e indesejável.

b) Que quero dizer com os perigos da atrofia? Simplesmente isto: algumas naturezas se tornam tão polarizadas no plano mental que correm o risco de romper a conexão entre os dois veículos inferiores. Estes corpos inferiores existem com a finalidade de contato, para a apreensão do conhecimento dos planos inferiores e por razões de experiência, para que o conteúdo do corpo causal possa ser aumentado. Por isso, será evidente que, se a consciência interna não descer além do plano mental e se descuidar do corpo das emoções e do físico denso, duas coisas resultarão. Os veículos inferiores estarão negligenciados e inúteis, e fracassarão em seus fins, atrofiando-se e morrendo, do ponto de vista do Ego, enquanto o próprio corpo causal não será construído, como seria de desejar, e o tempo terá sido perdido. O corpo mental ficará da mesma maneira inutilizado e se tornará algo para contentamento egoísta, inútil no mundo e de pouco valor. Um sonhador cujos sonhos nunca se materializam, um construtor que armazena material que nunca emprega, um visionário cujas visões de nada servem, seja para os deuses, seja para os homens, é um estorvo no sistema universal. Ele estará sujeito a grande perigo de se atrofiar.

A meditação deverá ter o efeito de pôr os três corpos mais completamente sob controle do Ego, e levar a uma coordenação e a um alinhamento, a um completo arredondamento e desenvolvimento simétrico que farão, de um homem, um real valor para os Grandes Seres. Quando um homem perceber que talvez esteja muito centralizado no plano mental, deverá objetivar definitivamente fazer de todas as suas experiências mentais, aspirações e esforços, fatos positivos no plano físico, submetendo os dois veículos inferiores ao controle do mental e fazendo, deles, instrumentos de suas atividades e criações mentais.

Indiquei aqui dois dos perigos mais frequentemente encontrados, e aconselho todos os estudantes de ocultismo a se lembrarem que todos os três corpos são de Igual importância no desenvolvimento deste trabalho, tanto do ponto de vista egoico como do serviço à raça. Que eles visem a uma sábia coordenação de expressão para possibilitarem ao Deus interior manifestar-se na ajuda ao mundo.

25 de julho de 1920.

O corpo emocional é, atualmente, por diversas razões, o corpo mais importante na Personalidade. É uma unidade completa, diferente dos corpos físico e mental; é o centro de polarização para a maioria da família humana; é o corpo mais difícil de controlar e é, praticamente, o último corpo a ser completamente subjugado. A razão disso é o fato da vibração do desejo ter dominado, não só o reino humano, mas também o animal e o vegetal, num sentido menor, de modo que o homem interno em evolução tem que trabalhar contra tendências estabelecidas em três reinos. Antes de o espírito poder funcionar através das formas do quinto reino, ou espiritual, essa vibração do desejo tem de ser eliminada e a tendência egoísta transmutada em aspiração espiritual. O corpo emocional forma, praticamente, uma unidade com o corpo físico, pois o homem comum funciona quase inteiramente sob o incitamento do emocional - seu veículo mais inferior obedecendo automaticamente às determinações de um superior. É também o corpo que se conecta mais diretamente, como tem sido dito muitas vezes, com os níveis intuitivos, e um meio de consecução jaz nesse caminho. Na meditação, o corpo emocional deverá ser controlado do plano mental e, quando a polarização tiver sido transferida para o corpo mental pelas formas de meditação e pela intensidade de propósitos e da vontade, então o emocional se tornará tranquilo e receptivo.

Esta atitude, negativa em si mesma, se levada muito longe, abre a porta a sério perigo, sobre o qual me estenderei mais tarde, quando considerarmos o assunto da obsessão, divina algumas vezes, mas mais frequentemente o contrário. Uma condição negativa não é desejável em nenhum dos corpos, e é exatamente desta negatividade que os principiantes na meditação sofrem tão amiúde e, por isso, correm risco. A meta devia ser tornar o ovoide emocional positivo para tudo que é inferior e para seu ambiente, e somente receptivo para o Espírito, por intermédio do causal. Isto só pode ser conseguido pelo desenvolvimento da faculdade do controle consciente - aquele controle que até nos momentos de vibração e contato mais elevados permanece alerta para vigiar e proteger os veículos inferiores. "Vigiai e orai", disse o Grande Senhor, na última vez que esteve na Terra, e Ele falou em termos ocultistas, que ainda não receberam a devida atenção ou interpretação.

O que, então, precisa ser vigiado?

1 - A atitude do ovoide emocional e seu controle positivo-negativo.
2 - A estabilidade da matéria emocional e sua receptividade consciente.
3 - Seu alinhamento com os corpos mental e causal. Se este alinhamento for imperfeito (como é tão frequente) ocasiona imprecisão na recepção dos planos superiores, distorção nas verdades enviadas do alto por intermédio do Ego, e uma transferência de força, muito perigosa para centros indesejáveis. Esta falta de alinhamento é a causa do frequente desvio da pureza sexual de muitas pessoas aparentemente devotadas à espiritualidade. Elas podem alcançar os níveis intuitivos até certo ponto, o Ego pode parcialmente transmitir poder do alto, mas como o alinhamento é imperfeito, a força desses níveis superiores é desviada, os centros errados são super estimulados e resulta em desastre.

4 - Outro perigo contra o qual prevenir-se, é o da obsessão, mas nos pensamentos puros, nos Objetivos espirituais e na conduta fraternal altruísta, jazem os fundamentos da proteção. Se a essa essencialidade for acrescentado o bom senso na meditação e uma sábia aplicação das regras ocultistas, com a devida consideração de raio e carma, aqueles perigos desaparecerão.

28 de julho de 1920.

Alguns Pensamentos sobre o FOGO

Antes de começar a consideração do assunto em pauta, gostaria de destacar certo fato deveras interessante. A maior parte dos fenômenos psicológicos da Terra estão - como percebereis se pensardes claramente - sob o contato do Senhor Deva Agni, o primeiro grande Senhor do Fogo, o Regente do plano mental. O fogo cósmico forma a base de nossa evolução; o fogo do plano mental, seu controle e domínio interior e sua posse purificada, unidos aos efeitos refinadores, é a meta da evolução na nossa vida tríplice. Quando o fogo interno do plano mental e o fogo latente dos veículos inferiores amalgamam-se com o fogo sagrado da Triada, o trabalho se completa, e o homem se constitui adepto. A união foi feita e o trabalho de eons está completo. Tudo isso é produzido pela cooperação do Senhor Agni, os devas superiores do plano mental trabalhando com o Regente daquele plano e com o Senhor-Raja do segundo plano.

A evolução macrocósmica prossegue de maneira análoga à microcósmica. Os fogos internos do globo terrestre, bem no fundo do coração da nossa esfera terrena, fundir-se-ão com o fogo sagrado do Sol ao fim do ciclo maior, e o sistema solar terá, então, alcançado sua apoteose. Pouco a pouco, à medida que os eons transcorrerem e os ciclos menores seguirem seu curso, o fogo permeará os éteres e será, dia a dia, mais reconhecido e controlado, até que, finalmente, o fogo cósmico e o terrestre serão unificados (os corpos de todas as formas materiais adaptando-se às condições cambiantes) e a correspondência será demonstrada. Quando isso for percebido, os fenômenos da Terra - tais como, por exemplo, as perturbações sísmicas - poderão ser estudados com maior interesse. Mais tarde, quando mais for compreendido, os efeitos de tais perturbações serão compreendidos e, igualmente, suas reações nos filhos dos homens. Durante os meses de verão - à medida que esse grande ciclo se aproxima em diferentes lugares da Terra - os devas do fogo, os elementais do fogo e aquelas obscuras entidades, os "agni-chaitans" das fornalhas internas, entram em maior atividade, retornando a uma atividade menor à medida que o Sol se afasta. Tendes aqui uma correspondência entre os aspectos ígneos da economia da Terra, em sua relação com o Sol, semelhante aos aspectos aquáticos e sua conexão com a Lua. Dou- vos aqui um indício deveras ocultista. Gostaria de vos dar, aqui também, um breve fragmento que, apesar de oculto - poderá agora ser tornado público. Se meditado, levará o estudante a um alto plano e estimulará a vibração.

"O segredo do Fogo jaz escondido na segunda letra da Palavra Sagrada. O mistério da vida está oculto no coração. Quando aquele ponto inferior vibrar, quando o Triângulo Sagrado resplandecer, quando o ponto, o centro médio, e o vértice queimarem igualmente, então os dois triângulos - o maior e o menor - fundir-se-ão numa só flama que queimará o todo."

É nossa tarefa tratar brevemente dos perigos que acompanham a prática da meditação conforme se manifestam no corpo físico. Esses perigos - como tudo o mais no esquema Logóico - pressupõem uma natureza tríplice, atacando três departamentos do corpo físico.

Eles se mostram:

a) No cérebro.
b) No sistema nervoso,
c) Nos órgãos sexuais.

É desnecessário destacar agora a razão porque lidei primeiro com os perigos do corpo mental e emocional. Foi preciso fazer assim, pois muitas das ameaças que obstruem o veículo denso têm sua origem nos planos sutis e são apenas a manifestação exterior de males internos.

Cada ser humano entra na vida equipado com um corpo físico e um corpo etérico com certa composição, cujos constituintes são o produto de uma encarnação anterior; são, virtualmente, o corpo, reproduzido exatamente, que o homem deixou para trás quando a morte, por fim, apartou-o da existência no plano físico. A tarefa à frente de cada um é tomar esse corpo, identificar seus defeitos e exigências, e então, deliberadamente, aceitar e construir um novo corpo que se mostre mais adequado às necessidades do espírito interior. Essa é uma tarefa de enormes dimensões e envolve tempo, severa disciplina, renúncia e julgamento.

O homem que se dedica à prática da meditação ocultista, literalmente "brinca com fogo". Desejo enfatizar esta afirmativa, pois ela encarna uma verdade pouco compreendida. "Brincar com fogo" é uma velha verdade que perdeu seu significado pela leviana repetição; entretanto, é absoluta e inteiramente correta e não é um ensino simbólico, mas uma simples confirmação do fato. O fogo forma a base de tudo - o Ser é fogo, o intelecto é uma fase do fogo e, latente nos veículos físicos microcósmicos, jaz oculto um fogo verdadeiro que tanto pode ser uma força destrutiva, queimando o tecido do corpo e estimulando centros de um indesejável caráter como ser um fator vivificante, atuando como um agente estimulante e despertador. Quando dirigido ao longo de certos canais preparados, esse fogo poderá agir como purificador e o grande relacionador entre o eu inferior e o Eu Superior.

Na meditação, o estudante procura contatar a flama divina que é o seu Eu Superior e colocar-se igualmente em relação com o fogo do plano mental. Quando a meditação é forçada, ou buscada muito violentamente, antes que o alinhamento entre os corpos superior e inferior se complete por intermédio do emocional, este fogo pode atuar no fogo latente da base da coluna vertebral (aquele fogo chamado kundalini) e poderá levá-lo a circular muito cedo. Isso ocasionará ruptura e destruição, em vez de vivificação e estímulo dos centros superiores. Há um espiralamento geométrico apropriado que esse fogo deverá seguir, dependente do raio do estudante e da chave da vibração dos seus centros superiores. Esse fogo somente deveria poder circular sob a instrução direta do Mestre e conscienciosamente distribuído pelo próprio estudante, seguindo as instruções orais específicas do instrutor. Algumas vezes, o fogo pode ser levantado e espiralado com exatidão, sem que o estudante saiba o que está ocorrendo no plano físico; mas nos planos internos ele sabe, e apenas não conseguiu trazer o conhecimento ao plano da consciência física.

Tomemos, por um momento, os três perigos que cercam principalmente os veículos físicos. Gostaria de destacar que tratamos com o perigo no seu extremo e que há muitos estágios intermediários de risco e perigo que atacam o estudante descuidado.

Perigos para o Cérebro Físico

O cérebro sofre principalmente de duas maneiras:

Por congestão, da qual decorre uma pletora nos vasos sanguíneos e uma consequente tensão no delicado tecido do cérebro. Isso pode resultar num dano permanente e pode até mesmo causar a imbecilidade. Mostra-se nos estágios iniciais como torpor e fadiga, e se o estudante persistir na meditação quando essas condições são sentidas, o resultado será sério. Em todas as ocasiões deverá um estudante precaver-se contra o prosseguimento de sua meditação quando sentir qualquer fadiga, interrompendo-a às primeiras indicações de transtorno. Todos esses perigos podem ser prevenidos pelo uso do bom senso e por lembrar que o corpo precisa sempre ser treinado gradualmente e construído lentamente. No esquema dos Grandes Seres não há lugar para pressa.

Por loucura. Esse mal tem sido frequentemente visto em estudantes ansiosos que persistem em insensata pressão ou tentam, descuidadamente, despertar o fogo sagrado através de exercícios respiratórios e práticas semelhantes; o preço de sua precipitação é pago com a perda da razão. O fogo não prossegue na forma geométrica adequada, os triângulos necessários não são feitos, e o fluido elétrico abre caminho com velocidade sempre crescente e arde para cima e, literalmente, consome todo o tecido cerebral ou parte dele, causando a loucura e, algumas vezes, a morte.

Quando essas coisas forem mais amplamente compreendidas e reconhecidas abertamente, médicos e especialistas do cérebro estudarão com grande cuidado e precisão a condição elétrica da coluna vertebral e correlacionarão sua condição com a do cérebro. Bons resultados serão, assim, alcançados.

Perigos para o Sistema Nervoso

Os transtornos ligados ao sistema nervoso são mais frequentes do que os que agridem o cérebro, tais como a loucura e o rompimento do tecido cerebral. Quase todos os que empreendem a meditação são conscientes de um efeito no sistema nervoso; algumas vezes ele toma a forma de insônia, de excitabilidade, de uma energia desmedida e de uma inquietação que não permite descanso; de uma irritabilidade que tenha sido estranha, talvez, ao seu estado de ânimo, até que a meditação fosse seguida; de uma reação nervosa - tal como uma contração dos membros, dos dedos ou dos olhos - uma depressão ou um rebaixamento da vitalidade, e de muitas maneiras individuais de mostrar tensão e nervosismo, diferindo de acordo com a natureza e temperamento. Essa manifestação de nervosismo pode ser severa ou ligeira, mas procuro sinceramente destacar que é desnecessária, desde que o estudante adira às regras de bom-senso, que estude sabiamente seu próprio temperamento, e não prossiga cegamente com formas e métodos, mas insista em conhecer a razão de ser da ação instituída. Se os estudantes do ocultismo disciplinas - sem a vida mais sabiamente, se estudassem o problema da alimentação mais cuidadosamente, se usassem as horas necessárias de sono com mais determinação e se trabalhassem com lentidão cautelosa e não tanto por impulso (não importa quão alta a aspiração), resultados maiores seriam vistos e os Grandes Seres teriam auxiliares mais eficientes no trabalho de servir ao mundo.

Não é meu propósito nestas cartas me ocupar especificamente das doenças do cérebro e do sistema nervoso. Tenciono apenas dar indicações gerais e advertências, e (para vosso encorajamento) destacar que mais tarde, quando os sábios Instrutores se movimentarem entre os homens e ensinarem abertamente em escolas específicas, muitas formas de perturbações cerebrais e queixas dos nervos serão curadas pela meditação sabiamente ajustada à necessidade individual. Meditações apropriadas serão estabelecidas para estimular centros inativos, para levar o fogo interno aos canais apropriados, para distribuir o calor divino em disposição uniforme, para construir na matéria e para curar. Ainda não chegou esse tempo, apesar de não estar tão longe assim, como poderíeis imaginar.

Perigos para os Órgãos Sexuais

O perigo da superestimulação destes órgãos é bem reconhecido teoricamente e hoje não tenciono divagar grandemente sobre isso. Busco somente destacar que esse perigo é muito real. A razão, é que, na superestimulação desses centros, o fogo interno estará seguindo a linha de menor resistência, devido à polarização da raça como um todo. O trabalhe, então, que o estudante deverá fazer é duplo:

a) Ele terá de retirar sua consciência desses centros; essa não é uma tarefa fácil, pois significa trabalhar contra os resultados de um desenvolvimento prolongado,

b) Ele terá de dirigir a atenção do impulso criativo para o plano mental. Ao fazer isso, se bem sucedido, desviará a atividade do fogo divino para o centro da garganta e seu correspondente centro da cabeça, em vez de dirigi-lo para os órgãos inferiores da procriação. Assim, fica evidenciado porque - a menos que um homem seja muito avançado - não é prudente passar muito tempo em meditação durante os primeiros anos. Havia sabedoria na velha regra bramânica de que um homem deve dedicar seus primeiros anos para os cuidados da família, e somente quando tivesse preenchido sua função como um homem, podia dedicar-se à vida do devoto. Essa era a regra para o homem comum. Com os egos avançados, estudantes e discípulos, não é assim, e cada um tem que solucionar seu próprio problema individual.

Perigos Oriundos do Carma do estudante

Esses, como sabeis, podem ser agrupados sob três títulos, como se segue:

1 - Os incidentais ao carma de sua vida atual.
2 - Os baseados na hereditariedade nacional e no seu tipo de corpo.
3 - Os relativos às suas filiações grupais, seja no plano físico, e portanto exotérico, seja nos planos sutis e, por isso, esotéricos.

O que se quer dizer com "carma do estudante?" Usamos as palavras superficialmente e presumo que a resposta, impensada, seria de que e carma do estudante são os inevitáveis acontecimentos do presente ou do futuro, aos quais não poderá escapar. Isto é certo até certo ponto, mas é apenas um aspecto do todo. Vejamos o assunto primeiro de uma maneira ampla, pois frequentemente na simples apreensão dos grandes contornos vemos a compreensão dos pequenos.

Quando o nosso Logos fundou o sistema solar, Ele trouxe para dentro do círculo de manifestação, matéria suficiente para Seu projeto e material adequado para o objetivo que Ele tinha em vista. Ele não tinha em vista todos os objetivos possíveis para este sistema solar: tinha algum alvo específico que necessitava alguma vibração específica e requeria, por isso, certo material diferenciado. Esse círculo que denominamos "círculo-não-se-passa" selar, ou sistêmico, limita tudo o que acontece dentro do nosso sistema, e contém, em seus limites, nossa manifestação dual. Tudo, dentro desse círculo, vibra a certo diapasão e se ajusta a certas regras, visando à consecução daquele alvo específico e à obtenção de certo objetivo, conhecido no seu todo apenas pele Próprio Logos, Tudo, dentro desse círculo, está sujeito a regras específicas e é governado por uma medida-padrão, e deveria ser considerado como sujeito ao carma daquela periódica existência sétupla e ser produzido por causas prévias, anteriores ao estabelecimento daquele círculo, ligando, assim, nosso sistema ao seu precursor, e filiando-o com aquele que virá depois. Não somos uma unidade isolada, mas parte de um todo maior, governados em nossa totalidade pela lei cósmica e lutando (como um todo) por certas metas definidas.

Finalidade Microcósmica

Assim é com o Microcosmo. O Ego, no seu próprio plano, e em escala pequena, repete a ação do Logos. Para certos fins, ele constrói uma certa forma; ele reúne certo material e almeja uma perfeição definida que será o resultado daquele material reunido, vibrando a uma certa medida, governado numa determinada vida por certas regras e visando a algum objetivo específico - não todos os objetivos possíveis.

Cada Personalidade é para o Ego o que o sistema solar é para o Logos. É o seu campo de manifestação e o método pelo qual ele alcança um objetivo demonstrável. Esse objetivo pode ser a aquisição da virtude, pagando o preço do vício; pode ser o êxito nos negócios, na luta para prover as necessidades da vida; pode ser o desenvolvimento da sensibilidade pela revelação das crueldades da natureza; pode ser a edificação de devoção desinteressada, pela súplica de dependentes necessitados; ou pode ser a transmutação de desejo pelo método da meditação no caminho. Cabe a cada alma, fazer a descoberta. O que desejo assinalar é o fato de que há um certo perigo incidental a esse mesmo fator. Se for, por exemplo, a aquisição da capacidade mental para meditar, o estudante perderá aquilo mesmo que veio adquirir no corpo físico, e o resultado não será tanto um ganho, mas um desenvolvimento desigual e uma temporária perda de tempo.

Sejamos específicos e ilustremos: - Um Ego formou seu tríplice corpo de manifestação e estabeleceu seu "círculo-não-se-passa" com o propósito de construir, dentro de seu corpo causal, a faculdade de "apreensão mental dos fatos básicos da vida." O objetivo de tal encarnação é desenvolver a capacidade mental do estudante; ensinar-lhe fatos concretos e ciência, e ampliar, assim, o conteúdo de seu corpo mental, com vistas ao trabalho futuro. Ele pode estar superdesenvolvido no lado do coração, um devoto em excesso; ele pode ter levado muitas vidas arquitetando sonhos e tendo visões, e em meditação mística. Ser prático, cheio de bom senso, conhecer o currículo da Câmara do Conhecimento e usar objetivamente o conhecimento aprendido no plano físico, essas são a sua grande necessidade. Entretanto, mesmo que seu "círculo-não-se-passa" aparente interdite e limite suas tendências inerentes, e até mesmo que o estágio seja estabelecido de maneira a que pareça que ele devesse aprender as lições da vida prática no mundo, ele não aprende, mas segue o que é, para ele, a linha de menor resistência. Ele sonha seus sonhos, permanece desligado dos assuntos do mundo; deixa de cumprir o desejo de Ego e, em vez disso, perde a oportunidade; sofre muito e, na vida seguinte, necessita um estágio semelhante e uma solicitação mais forte, e um "círculo-não-se-passa" mais próximo, até que atenda ao desejo do seu Ego.

Para tal indivíduo a meditação não ajuda, antes, principalmente, perturba. Como já disse anteriormente, a meditação (para ser conduzida sabiamente) é para aqueles que alcançaram um ponto na evolução em que a completação do corpo causal está, de algum modo, amadurecida, e quando o estudante esteja em um dos degraus finais na Câmara do Conhecimento. É necessário lembrar que não me refiro aqui à meditação mística e sim, à meditação cientificamente ocultista. Os perigos são, por isso, praticamente, os da perda de tempo, de uma intensificação de vibração fora de proporção em relação com a chave das outras vibrações e de uma desigual completação, e uma construção assimétrica, que necessitará reconstrução em outras vidas.

30 de julho de 1920

Perigos baseados na hereditariedade nacional e no tipo de corpo

... Como bem podeis imaginar, não é meu propósito alargar-me sobre os perigos incidentais a um corpo imperfeito, exceto estabelecer, em termos gerais, a regra de que, onde houver enfermidade definida, desordem congênita, fraqueza mental de qualquer espécie, a meditação não significará prudência, mas servirá apenas para intensificar a desordem. Desejo ressaltar especificamente, para a orientação de futuros estudantes e como uma profética afirmação, que, em dias vindouros, quando a ciência da meditação for melhor compreendida, dois fatores serão sabiamente pesados e considerados antes da escolha de uma meditação. Esses fatores são:

a) As características da sub-raça do homem.
b) Seu tipo de corpo, se oriental ou ocidental.

Dessa maneira, certos desastres que são agora encontrados num grau maior ou menor, serão evitados, e certas desordens prevenidas, em cada grupo oculto.

É geralmente reconhecido que cada raça tem, como característica predominante, alguma qualidade notável do corpo emocional. Essa é a regra geral. Ao contrastar as diferenças raciais italiana e teutônica, aquelas diferenças são resumidas em nossas mentes em termos de corpo emocional. Pensamos no italiano como impetuoso, romântico, instável e brilhante; pensamos no teutônico como fleumático, prático, sentimental e impassível, logicamente inteligente. Tornar-se-á, assim, evidente que esses temperamentos diferentes carregam consigo seus próprios perigos e que, no seguimento insensato de meditações inadequadas, virtudes podem ser enfatizadas ate se aproximarem dos vícios, fraquezas temperamentais poderiam ser intensificadas até se tornarem ameaças e, consequentemente, resultariam em falta, em lugar daquela consecução de equilíbrio e daquela completação do corpo causal que é uma das metas em vista. Quando, então, o Instrutor sábio estiver entre os homens e Ele Mesmo distribuir a meditação, essas diferenças raciais serão pesadas e seus defeitos inerentes serão contrabalançados e não, intensifcados. O superdesenvolvimento e a aquisição desproporcional serão contornados pelos efeitos equilibradores da meditação ocultista.

A meditação seguida agora difere fundamentalmente da que foi seguida nos dias atlantes. Na quarta raça-raiz, foi feito um esforço para facilitar a consecução por intermédio do subplano atômico, desde o plano emocional até o intuitivo, da prática exclusão do mental. Seguiu-se a linha das emoções e houve um efeito definido sobre o corpo emocional. Trabalhou-se na direção ascendente, partindo do emocional, em lugar de, como agora, trabalhar nos níveis mentais e, desses níveis fazer-se o esforço para controlar os dois inferiores. Na raça-raiz ariana, está sendo feita a tentativa de cobrir a distância entre o superior e o inferior e, centrando a consciência na mente inferior, e mais tarde na causal, tocar o superior, até o fluxo desse superior tornar-se contínuo. Com a maioria dos estudantes avançados da atualidade, tudo que se sente são lampejos de iluminação, mas, mais tarde, será sentida uma firme irradiação. Ambos os métodos carregam seus próprios perigos. Nos dias atlantes, a meditação tendia para a superestimulação das emoções e, apesar de os homens terem alcançado grandes alturas, tocaram também grandes abismos.

A magia sexual era inacreditavelmente desenfreada. O plexo solar estava apto para ser super vitalizado, os triângulos não eram corretamente seguidos e os centros inferiores foram apanhados na reação do fogo, com deploráveis resultados.

Os perigos agora são diferentes. O desenvolvimento da mente carrega consigo os perigos do egoísmo, do orgulho, do cego esquecimento do superior, que é a meta a atingir do presente método. Se os adeptos do caminho das trevas alcançaram grandes poderes nos dias atlantes, eles são, agora, ainda mais perigosos. Seu controle é bem mais difundido. Daí a ênfase posta no serviço e no fortalecimento da mente, como essencial no homem que procura progredir e tornar-se um membro da Fraternidade da Luz.

O assunto sobre o qual procuro dar, agora, alguma instrução é de real importância para todos os estudantes sérios, neste tempo. O oriente é, para a raça evoluída de homens, o que o coração e para o corpo humano; é a fonte de luz, de vida, de calor e de vitalidade, O ocidente é, para a raça, o que o cérebro, ou atividade mental, é para o corpo - o fator organizador, diretor, o instrumento da mente inferior o acumulador de fatos. A diferença em toda a "caracterização" (como a denominais) do oriental e do europeu e americano é tão grande e tão bem reconhecida que, talvez, seja desnecessário deter-me nela.

O oriental é filósofo, naturalmente sonhador, treinado durante séculos a pensar em termos abstratos, amigo da dialética abstrusa, de temperamento letárgico e climaticamente lento. Séculos de pensamento metafísico, de alimentação vegetariana, de inércia climática e um rígido apego às formas e às mais rigorosas regras de viver criaram um produto exatamente oposto ao seu irmão ocidental.

O ocidental é prático, ocupado, dinâmico, rápido na ação, um escravo da organização (o que não é senão uma outra forma de cerimonial) submisso a uma mente assaz concreta, aquisitiva, crítica, e no seu melhor, quando os assuntos se movem rapidamente e se requeira pronta decisão mental. Ele detesta o pensamento abstrato, mas aprecia-o quando apreendido e quando pode tornar aqueles pensamentos, fatos no plano físico. Ele usa mais o centro da cabeça do que seu centro do coração, e o centro da garganta está apto para ser vitalizado. O oriental usa seu centro do coração mais do que a cabeça e necessariamente, os centros da cabeça correspondentes. O centro no topo da coluna vertebral, na base do crânio, funciona mais ativamente do que o da garganta.

O oriental progride retirando o centro da consciência para a cabeça, através de persistente meditação, Esse é o centro que ele precisa dominar; ele aprende pelo acertado uso de mantras, pelo retiro na solidão, pelo isolamento e pela obediência cuidadosa a formas específicas, por muitas horas diárias, durante muitos dias,

O ocidental tem em vista a retirada de sua consciência primeiro para o coração, pois já trabalha bastante com os centros da cabeça. Ele trabalha mais pelo uso de formas coletivas e não por mantras individuais; não trabalha tanto em isolamento como seu irmão oriental, mas tem que encontrar seu centro de consciência até mesmo no barulho e no turbilhão da vida de negócios, e nas multidões das grandes cidades. Ele emprega formas coletivas para alcançar seus fins e o despertar do centro do coração mostra-se no Serviço. Daí a ênfase posta, no ocidente, na meditação sobre o coração e a subsequente Vida de serviço.

Vereis, por isso, que quando o verdadeiro serviço ocultista tem início, o método pode diferir - e necessariamente diferirá - no oriente e no ocidente, mas o alvo será o mesmo. Dever-se-á ter em mente, por exemplo, que uma meditação capaz de auxiliar o desenvolvimento de um oriental poderia trazer perigo e desastre ao seu irmão ocidental. O inverso poderia, também, ser o caso. Mas o alvo será sempre o mesmo. As formas poderão ser individuais ou coletivas, os mantras poderão ser entoados por unidades ou por grupos, diferentes centros poderão ser o objeto de atenção especializada, mas os resultados serão idênticos. O perigo aparece quando o ocidental baseia seus esforços em regras satisfatórias para o oriental como já tem sido sabiamente destacado. Na sabedoria dos Grandes Seres, esse perigo está sendo contornado. Métodos diferentes para raças diferentes, formas variadas para as variadas nacionalidades, mas os mesmos sábios guias nos planos internos, a mesma grande Câmara da Sabedoria, o mesmo Portal da Iniciação, admitindo todos no santuário interior.

Concluindo este assunto, procuro dar-vos uma indicação: O Sétimo Raio, da Ordem ou da Lei Cerimonial (o raio que está assumindo o poder), provê ao ocidental o que tem sido, há multo, privilégio do oriental. Grande é o dia da oportunidade e, no arrebatamento progressivo desta sétima força, vem o ímpeto necessário que pode - se corretamente compreendido - levar o habitante do ocidente até os Pés do Senhor do Mundo.

Perigos Atinentes às Afiliações Grupais

Esta manhã procurarei ocupar-me, de maneira muito breve, com a questão dos perigos com os quais a meditação está envolvida, que incidem sobre as filiações grupais de um homem, quer exotéricas ou esotéricas. Não há muito que possa ser dito neste particular assunto, salvo indicações. Cada um dos vários assuntos de que me ocupei poderia justificar a redação de um volumoso tratado e, por isso, não tentarei cobrir o que poderia ser dito, mas destacar aspectos do assunto que (se ponderado com atenção) abrirá ao buscador sério da verdade muitas vias do saber. Todo, treinamento ocultista tem isso em vista - dar ao estudante algum pensamento-semente que (quando meditado no silêncio do seu próprio coração) produzirá muitos frutos de real valor e que o estudante poderá, então, conscientemente considerar como seus próprios. Tudo que conseguimos com luta e esforço árduo, permanece nosso para sempre e não se desfaz no esquecimento, como acontece com os pensamentos que entram pelos olhos da página escrita, ou pelos ouvidos, vindas dos lábios de algum instrutor, não importa quão reverenciado.

Algo frequentemente negligenciado pelo estudante, ao entrar no caminho probacionário e iniciar a meditação, é que a meta à sua frente não é primordialmente a completação de seu próprio desenvolvimento mas, sim, o equipar-se para o serviço à humanidade. Seu próprio crescimento e progresso serão necessariamente incidentais, mas não a meta. Seus objetivos no serviço deverão ser o seu ambiente imediato e seus associados mais chegados no plano físico e se no esforço para alcançar certas qualificações e habilidades, ele descuidar dos grupos aos quais esteja filiado e negligenciar no servir sabiamente e no ocupar-se lealmente a favor deles, corre o perigo da cristalização, cai sob o fascínio do orgulho pecaminoso e, talvez até mesmo dê os primeiros passos em direção ao caminho da esquerda. A não ser que o crescimento interno possa expressar-se no serviço grupal, o homem trilha uma estrada perigosa.

Três Tipos de Grupos Filiados

Talvez eu possa dar aqui algumas indicações dos grupos nos vários planos, para os quais um homem esteja designado. Esses grupos são muitos e diversos, e, em diferentes períodos na vida de um homem, podem mudar e diferir, conforme ele aja a partir do condicionamento do carma que governa as filiações. Lembremo-nos também de que, à medida que um homem amplia sua capacidade de servir, ele estende o tamanho e o número dos grupos que contata, até alcançar um ponto, em alguma encarnação posterior, em que o mundo mesmo seja a sua esfera de serviço e a multidão, aqueles a quem ele ajuda. Terá de servir de maneira tríplice, antes que lhe seja permitido mudar sua linha de ação e transferir-se para outro trabalho - planetário, sistêmico ou cósmico.

a) Serve primeiro através da atividade, pela aplicação de sua inteligência, usando as altas faculdades da mente e o produto de seu gênio para ajudar os filhos dos homens. Constrói, gradualmente, grandes poderes do intelecto e, na construção, vence a armadilha do orgulho. Ele toma, então, sua ativa inteligência e a deposita aos pés da humanidade, dando o melhor de si em benefício da raça.

b) Serve através do amor, tornando-se, com o transcorrer do tempo, um dos salvadores de homens, vivendo sua vida e dando tudo de si pelo perfeito amor de seus irmãos. Chega, então, uma vida em que o extremo sacrifício é feito e, por amor, ele morre para que outros possam viver.

c) Serve, então, através do poder. Provado na fornalha para não ter pensamentos senão o bem de tudo ao redor, é-lhe confiado o poder que segue ao amor ativo, inteligentemente aplicado. Ele trabalha com a lei e curva toda sua vontade para fazer o poder da lei sentido no tríplice reino da morte.

Nesses três ramos de serviço, percebereis que a faculdade de trabalhar com grupos é de suprema importância. Esses grupos são diversificados, como já disse antes, e variam nos diferentes planos. Enumeremo-los rapidamente:

1 - No plano físico. Serão encontrados os seguintes grupos:

a) Seu grupo familiar, ao qual está habitualmente filiado, por duas razões: uma, para exaurir o carma e reparar seus débitos; a segunda, para receber um certo tipo de veículo físico que o Ego precisa para expressão adequada.

b) Seus associados e amigos; as pessoas que seu ambiente força ao contato, seus associados nos negócios, suas ligações na igreja, seus conhecidos e amigos casuais, e as pessoas com quem se relaciona por um breve período e não mais as vê. Seu trabalho com esses é, novamente, duplo; primeiro, reparar uma dívida, caso tenha ocorrido; e segundo, testar seus poderes para influenciar para o bem aqueles que o cercam, reconhecer a responsabilidade e dirigir ou ajudar. Ao fazer isso, os Guias da raça averiguam as ações e reações de um homem, sua capacidade para o serviço e sua resposta a qualquer necessidade circundante.

c) Seu grupo associado de servidores, o grupo sob algum Grande Ser que esteja definidamente unido para um trabalho de natureza ocultista ou espiritual. Poderá ser um grupo de trabalhadores da igreja entre os ortodoxos (os principiantes são aí testados); poderá ser no trabalho social, tal como nos movimentos trabalhistas, ou na arena política; ou talvez, em movimentos mundiais, mais definidamente pioneiros, como a Sociedade Teosófica, o movimento da Ciência Cristã, os trabalhadores do Novo Pensamento e os Espíritas. Eu acrescentaria a isso, um ramo de esforço que poderá surpreender-vos - refiro-me ao movimento dos Sovietes, na Rússia, e todas as agressivas corporações radicais que, sinceramente, servem sob seus líderes (mesmo quando mal dirigidas e desequilibradas) para a melhoria da condição das massas.

Assim, no plano físico, há três grupos aos quais um homem pertence. Ele tem uma obrigação para com eles e tem que cumprir sua parte. Agora, por onde poderia o perigo penetrar através da meditação? Simplesmente nisto: enquanto o carma de um homem o prende a algum grupo em particular, o que ele deverá visar será desempenhar sua parte com perfeição, para que possa sair-se bem da obrigação cármica e avançar em direção à libertação definitiva; além disso, deve ele levar seu grupo consigo, adiante, a maiores alturas e proveito. Por essa razão, se pela meditação inadequada ele negligenciar sua própria obrigação, retardará o propósito de sua vida e, numa outra encarnação, terá que cumpri-Ia. Se ele construir no corpo causal daquele grupo (o produto total de diversas linhas) algo que não tenha aí seu lugar apropriado, obstrui em vez de ajudar e, novamente, isso encerra perigo. Ilustrarei, pois a clareza é necessária: Um estudante está filiado a um grupo que tem uma superpreponderância de devotos, e ele entrou com o propósito expresso de equilibrar aquela qualidade com um outro fator: o do sábio discernimento e do equilíbrio mental. Se ele se permitir ser vencido pelo pensamento-forma do grupo e tornar-se um devoto, seguindo uma meditação devocional e omitindo-se insensatamente de equilibrar o corpo causal daquele grupo, correrá perigo de ferir, não só a si mesmo, mas ao grupo ao qual ele pertença.

2 - No plano emocional: Aqui ele pertence a diversos grupos, tais como:

a) O grupo familiar do seu plano emocional, que é mais inteiramente seu próprio grupo do que a família na qual aconteça ter nascido no plano físico. Vereis isso demonstrado muitas vezes na vida quando membros de uma família do plano emocional entram em contato no plano físico. Sobrevém um reconhecimento instantâneo.

b) A classe, na Câmara do Conhecimento, à qual esteja designado e onde recebe muita instrução.

c) O grupo de Auxiliares Invisíveis com os quais possa estar trabalhando, e o grupo dos Servidores.

Todos esses grupos implicam obrigação e trabalho, e tudo deve ser permitido no estudo do sábio uso da meditação. A meditação deverá aumentar a capacidade de um homem para saldar seus débitos cármicos, produzindo visão clara, julgamento acertado e uma compreensão do trabalho do momento seguinte. Qualquer coisa que milite contra isto é perigoso.

3 - No plano mental: Os grupos aí encontrados podem ser enumerados da maneira seguinte:

a) Os grupos de estudantes de algum Mestre, a Quem ele possa estar ligado, e com Quem possa estar trabalhando. Esse, geralmente, somente é o caso, quando o homem esteja rapidamente saldando seu carma e se aproxime da entrada do Caminho. Sua meditação, por isso, deverá estar diretamente sob a orientação de seu Mestre, e qualquer fórmula seguida que não se ajuste às necessidades de um homem traz consigo elementos de perigo, pois as vibrações alojadas no plano mental, e as forças ar engendradas, são bem mais potentes do que nos planos inferiores.

b) O grupo egoico ao qual pertence. Isto é deveras importante, porque envolve a consideração do raio ao se proporcionar a um homem a meditação. Esse assunto já foi tratado, de certo modo.

Como vereis, não especifiquei certos perigos atacando algum corpo em particular. Não é possível cobrir esse assunto assim. Mais tarde, quando a meditação ocultista for melhor compreendida e a matéria cientificamente estudada, os estudantes prepararão os dados necessários e os tratados abrangendo todo o assunto, até o limite de sua possibilidade. Faço, entretanto, uma advertência: indico o caminho - os instrutores do lado interno raramente fazem mais. Almejamos o desenvolvimento dos pensadores e dos homens de clara visão, capazes de raciocínio lógico. Para fazer isso, ensinamos os homens a progredirem por si mesmos, a terem seus próprios pensamentos, a julgarem seus próprios problemas e a construírem seu próprio caráter. Tal é o Caminho...

3 de agosto de 1920.

Perigos que Surgem de Forças Sutis

... Temos para nosso tópico de hoje a seção final de nossa carta sobre os perigos ligados à meditação. Lidamos, de certa maneira, com perigos individuais inerentes aos três corpos; referimo-nos aos riscos que podem ocorrer quando o carma do estudante e dos filiados ao seu grupo é negligenciado. Hoje, o assunto envolve uma dificuldade real. Vamos tratar dos perigos que podem surgir de forças e pessoas, de entidades e grupos trabalhando nos planos sutis. A dificuldade surge de três maneiras:

1 - A ignorância do estudante comum quanto à natureza dessas forças e quanto às pessoas dos grupos nos planos mais sutis.
2 - O risco de se revelar mais do que seria prudente numa publicação exotérica.
3 - Um risco oculto que é pouco compreendido pelos não-iniciados: ele jaz no fato de que, na concentração do pensamento que necessariamente surge ao se discutirem esses problemas, ondas de pensamento são postas em ação, correntes são contatadas e pensamentos-forma postos em circulação, que atraem a atenção dos que discutem. Isso pode conduzir, por vezes, a resultados não desejados. Por isso, tocarei no assunto brevemente. Dos planos internos, vêm a luz e a proteção necessárias.

Três grupos de entidades:

Estes grupos de entidades podem ser diferenciados de maneira tríplice:

1 - Grupos de seres desencarnados, quer nos planos emocionais, quer nos mentais.
2 - Devas, sejam isoladamente ou em grupos.
3 - A Irmandade negra.

Vejamos cada divisão e consideremo-la cuidadosamente, primeiro estabelecendo a base do conhecimento, destacando que os perigos surgem de uma condição tríplice dos corpos do estudante, a qual pode, às vezes, ser o resultado da meditação. Essas condições são:

Uma condição negativa que torne todos os três corpos da personalidade receptivos e inativos, abertos, assim, ao ataque dos vigilantes cidadãos de outros planos.

Uma condição de ignorância ou teimosia que envolve o estudante com certos grupos de devas, ao tentar usar certas formas e mantras sem a permissão do Instrutor, levando-o a contatar os devas de planos emocionais ou mentais e tornando-o, assim (por sua ignorância), alvo de seu ataque e joguete de seus instintos destruidores.

Uma condição inversa da anterior, que torna um homem positivo e, dessa forma, um canal para a força ou poder. Quando este é o caso, o homem prossegue, sob a regra ou lei oculta, ajudado por seu Instrutor, até dominar o fluido elétrico dos planos internos. Torna-se, então, o centro da atenção daqueles que lutam contra os Irmãos da Luz.

As duas primeiras condições são todo o resultado da meditação imprudente e ignorantemente praticada; a última circunstância é, frequentemente, a recompensa do sucesso. Nas duas primeiras, o remédio está dentro do estudante mesmo e na sábia correção do tipo de meditação, no segui-Ia mais cuidadosamente; no terceiro caso, o remédio deve ser procurado nas várias maneiras que indicarei mais adiante.

Perigos de Obsessão

Os perigos das entidades desencarnadas são, francamente, os da obsessão, seja de natureza temporária e subsistindo por uns poucos momentos, seja mais duradoura e permanecendo por um período mais longo. Pode, até mesmo, ser permanente e durar toda uma vida. Escrevi antes uma carta, sobre esse assunto, que poderíeis incorporar a esta. Nunca duplicamos um esforço se pudermos evitá-lo. Procuro, primeiro, enfatizar o fato de que esta entrada a que chamamos obsessão é produzida grandemente pela atitude negativa assumida pela prática insensata de uma meditação inadequada. Na sua ansiedade em ser o recipiente da luz do alto, na sua determinação para forçar a si mesmo até um lugar onde possa contatar os instrutores, ou mesmo o Mestre, e no seu esforço para eliminar todo pensamento e vibrações inferiores, o estudante comete o erro de tornar receptiva toda sua personalidade inferior. Em vez de torná-la firmemente positiva aos fatores ambientais e a todos os contatos inferiores, - e em vez de deixar somente o "ápice da mente" (se posso usar um termo tão inusitado) receptivo e aberto à transmissão dos níveis causais, ou abstratos, e mesmo do intuitivo, o estudante permite uma recepção de todos os lados. Apenas um ponto no cérebro deveria ser receptivo, todo o resto da consciência deveria estar polarizado de maneira a não permitir a interferência externa. Isto se refere aos corpos emocional e mental, apesar de, para a maioria, nos dias de hoje, referir-se somente ao emocional. Neste período particular da história mundial, o plano emocional está tão densamente povoado e a resposta do físico ao emocional está se tornando, agora, tão perfeitamente sintonizada, que o perigo da obsessão é maior do que nunca. Mas, para vosso regozijo - o inverso também vale e a resposta ao divino e a rápida reação à inspiração superior nunca foram tão grandes. A Inspiração divina ou aquela "divina obsessão" que é privilégio de todas as almas evoluídas, será compreendida nos anos vindouros, como nunca antes, e será definitivamente um dos métodos usados pelo próximo Senhor e Seus Grandes Seres, na ajuda ao mundo.

O que deve ser lembrado é que, no caso de obsessão errada, o homem fica à mercê da entidade obsessora e é, inconsciente ou involuntariamente, um parceiro na transação. Na obsessão divina, o homem coopera consciente e voluntariamente com Aquele Que procura inspirar, ocupar, ou empregar seus veículos inferiores. O motivo será sempre um maior auxilio à raça. A obsessão não será, então o resultado de uma condição negativa, mas uma positiva colaboração, e prossegue sob a lei e por um período específico... Quanto mais a raça desenvolver a continuidade da consciência entre o físico e o emocional, e, mais tarde, o mental, mais este ato de transferência dos veículos será frequente e melhor compreendido.

9 de outubro de 1919.

Causas da Obsessão

Uma das atividades à frente do estudante ocultista é o estudo e a observação cientifica deste assunto. Foi-nos dito, em vários livros de ocultismo, que obsessão e insanidade são aliados muito próximos. A insanidade pode existir em todos os três corpos, sendo a menos, prejudicial a do corpo físico, enquanto a mais duradoura e mais difícil de curar é a do corpo mental. A insanidade do corpo mental é o pesado destino que recai sobre aqueles que, por muitas encarnações, seguiram o caminho da crueldade egoísta, usando a inteligência como um meio para servir a fins egoístas, astuciosamente, sabendo ser isso errado. Mas a insanidade desse tipo é um meio pelo qual o Ego, às vezes, interrompe o progresso de um homem em direção ao caminho da esquerda. Nesse sentido, é uma bênção disfarçada, Tratemos primeiro das causas da obsessão deixando o assunto da insanidade para outro dia. Essas são quatro e cada uma responde a um tratamento diferente:

1 - Uma causa é uma definida fraqueza do duplo etérico na trama divisória, a qual, como um pedaço de elástico frouxo, permite a entrada de uma entidade estranha do plano emocional. A porta de entrada formada por essa trama não está fechada firmemente, e a entrada pode ser efetuada de fora. Esta é uma causa do plano físico e resulta da desarrumação da matéria do plano físico. É o resultado do carma e é pré-natal, existindo desde o primeiro instante. Geralmente: o sofredor é fisicamente fraco e intelectualmente débil, mas possuidor de um poderoso corpo emocional, que sofre e luta e se debate para impedir a entrada. Os ataques são intermitentes e mais frequentemente atingem mulheres do que homens.

2 - Outra causa é devida a razões emocionais. Uma falta de coordenação existe entre o emocional e o físico, e quando o homem funciona no corpo emocional (como à noite), o momento de reentrada é conseguido com dificuldade e se apresenta a oportunidade para outros seres entrarem no veículo físico, evitando sua ocupação pelo Ego real. Essa é a forma mais comum de obsessão e afeta os que têm corpos físicos potentes e fortes vibrações astrais, mas corpos mentais fracos. Leva, na luta subsequente, às cenas violentas de lunáticos gritadores e aos paroxismos do epiléptico. Os homens são mais sujeitos a isso do que as mulheres, pois as mulheres são, geralmente, mais definidamente polarizadas no corpo emocional.

3 - Um caso mais raro de obsessão é o mental. Em dias vindouros, à medida que o corpo mental se desenvolver, poder-se-á, talvez, esperar ver mais disso. A obsessão mental envolve o deslocamento que ocorre nos níveis mentais - daí sua raridade. O corpo físico e o corpo emocional permanecem como uma unidade mas o Pensador é deixado no seu corpo mental, enquanto a entidade obsessora (revestida em matéria mental) penetra nos dois veículos inferiores. No caso de obsessão emocional, o Pensador é deixado com seu corpo emocional e com o corpo mental, mas sem o físico. Neste último caso, ele é deixado sem o emocional e sem o físico. A causa jaz no fato do superdesenvolvimento do mental e da relativa fraqueza dos corpos emocional e físico. O Pensador é demasiado poderoso para seus outros corpos e desdenha seu uso; está muito interessado no trabalho nos níveis mentais e dá, assim, oportunidade às entidades obsessoras para assumirem o controle. Isso, como já disse antes, é raro e é o resultado de desenvolvimento desequilibrado. Ataca homens e mulheres igualmente; mostra-se principalmente na infância e é difícil de curar.

4 - Um caso ainda mais raro de obsessão é, definidamente, o trabalho dos Irmãos negros. Toma a forma de interrupção da ligação magnética que prende o Ego ao corpo físico inferior, deixando-o nos seus corpos emocional e mental. Isso resultaria, normalmente, na morte do corpo físico, mas em tais casos, o Irmão negro que vai usar o corpo físico, entra e faz a conexão com seu próprio cordão. Esses casos não são comuns. Eles envolvem somente duas espécies de pessoas:

Aqueles que estão superiormente evoluídos e no Caminho, mas que, por alguma deliberada insuficiência, falham em alguma encarnação e, assim, ficam expostos à força do mal. O pecado (como vós o chamais) na Personalidade de um discípulo, leva a uma fraqueza em algum ponto, e isso é aproveitado. Este tipo de obsessão mostra-se na transformação que algumas vezes é vista, quando uma grande alma mergulha subitamente num caminho de descida aparente, muda toda a orientação de sua existência e macula um belo caráter com lama. Ela traz consigo sua própria punição, pois nos planos internos, o discípulo acompanha o processo e, agoniado, vê seu veículo inferior desonrando o nome impoluto de seu verdadeiro dono e fazendo com que se fale mal de uma causa amada.

O pouco evoluído, fracamente organizado e, por isso, incapaz de resistir.

As Espécies de Entidades Obsessoras

São essas muito numerosas para mencionar detalhadamente, mas Eu poderia enumerar umas tantas.

1 - Entidades desencarnadas, de uma ordem inferior, aguardando encarnação, e que veem, nos casos um e dois, sua desejada oportunidade.

2 - Suicidas, ansiosos por desfazer o que fizeram e para entrar em contato com a Terra outra vez.

3 - Espíritos bons ou maus confinados à Terra que, por ansiedade pelos que amam, por seus negócios, ou desejosos de fazer algo errado, ou desfazer algum mal, se precipitam e tomam posse dos casos um e dois.

4 - Os Irmãos. Negros, como dito antes, que se ocupam principalmente dos terceiro e quarto casos já citados. Eles necessitam de corpos superiormente desenvolvidos, pois não têm uso para corpos fracos, ou não refinados. No caso três, a fraqueza é inteiramente relativa, devido à superacentuação do veículo mental.

5 - Elementais e entidades sub-humanas, de natureza maliciosa, que se precipitam na mais ligeira oportunidade e onde a vibração afim possa ser sentida.

6 - Alguns devas inferiores, inofensivos, mas travessos, que, por mero capricho e divertimento, entram num outro corpo da mesma maneira que uma criança gosta de se fantasiar.

7 - Visitantes ocasionais de outros planetas que entram em certos corpos superiormente evoluídos, para seus próprios fins. Isto é muito, muito raro...

Dar-vos-ei agora alguns dos métodos que serão as primeiras tentativas para curar.

Nos casos do primeiro tipo, os devidos à fraqueza do plano físico, o trabalho da cura consistirá primeiro em construir um corpo físico forte em ambos os seus departamentos, embora especialmente o corpo etérico. Isso será feito, futuramente, com a ajuda direta dos devas das sombras (os devas violetas ou devas dos éteres). A consolidação da trama etérica será ajudada por meio da luz violeta, com seu som correspondente, administrada em tranquilos sanatórios. Coincidente com esse tratamento, estará a tentativa de fortalecer o corpo mental. Com o robustecimento do corpo físico, seguir-se-ão períodos cada vez mais longos de imunidade. Finalmente, os ataques cessarão por completo.

Quando a causa é a falta de coordenação entre os veículos físico e emocional, os primeiros métodos de cura serão o definido exorcismo, com a ajuda de mantras e do cerimonial (tal como o ritual religioso). Pessoas qualificadas usarão esses mantras à noite, quando se supõe que a entidade obsessora esteja ausente, durante as horas de sono. Esses mantras trarão de volta o verdadeiro dono, construirão uma parede protetora depois da reentrada e procurarão forçar o obsessor a ficar de fora. Quando o verdadeiro dono tiver voltado, o trabalho consistirá em mantê-lo aí. O trabalho educativo durante o dia e medidas protetoras à noite, por períodos mais longos ou mais curtos, eliminarão, gradualmente, o ocupante maléfico, ou indesejado e, com o correr do tempo, o sofredor continuará a procurar imunidade. Mais, relativamente a isso, poderá ser dado posteriormente.

O assunto se torna mais difícil onde a obsessão mental estiver envolvida. A maior parte das primeiras curas a serem conseguidas no futuro centrar-se-ão em torno dos dois primeiros grupos. A obsessão mental precisa esperar maior conhecimento, apesar de que a experimentação deva ser desde o começo tentada. O trabalho terá de ser feito principalmente a partir do plano mental, por aqueles que podem, aí, funcionar livremente e, assim, contatar o Pensador no seu corpo mental. A cooperação do Pensador precisa ser buscada e um ataque bem definido deve ser feito conjuntamente sobre os corpos físico e emocional obsedados. Durante a noite, muito do trabalho nos dois primeiros casos de cura será feito, mas, neste último caso, o Pensador tem que reaver tanto seu corpo físico como seu corpo emocional, daí a extraordinária dificuldade. A morte acontece nesses casos, frequentemente.

Quanto à separação do cordão magnético, nada pode ser feito ainda.

Perigos da evolução dévica.

Este segundo ponto é mais complexo. Estareis lembrados como foi dito anteriormente nestas cartas que o contato com os devas pode ser feito através de formas e mantras específicos e que, neste contato, há perigo para o incauto. Esse perigo é, agora, curiosamente real, devido às seguintes razões:

a) A entrada do raio violeta, o sétimo Raio, ou Cerimonial, tornou este contato mais fácil de obtenção do que até então. É, portanto, o raio no qual a aproximação é possível e, no uso do cerimonial e de formas preestabelecidas, juntamente com o movimento rítmico regulado, será achado um lugar de encontro para as duas evoluções associadas. No uso do ritual, isto se tornará aparente, e psíquicos já têm dado testemunho do fato de que tanto no ritual da Igreja como no da Maçonaria, isto ficou evidenciado. Mais e mais será esse o caso, e ele traz consigo certos riscos que, inevitavelmente, chegarão ao conhecimento comum e, assim, afetarão, de vários modos, os descuidados filhos dos homens. Como sabeis, um esforço definido está sendo feito, agora, pela Hierarquia Planetária, para comunicar aos devas sua parte no esquema, e a parte que a família humana deve, da mesma forma, desempenhar. O trabalho é lento e certos resultados são inevitáveis. Não é meu propósito mostrar-vos, nestas cartas, a parte que o ritual e as formas mântricas preestabelecidas desempenham na evolução dos devas e dos homens. Desejo, apenas, destacar que o perigo, para os seres humanos, jaz no insensato uso das formas para a invocação dos devas, no experimento com a Palavra Sagrada com o objetivo de contatar os Construtores que são grandemente afetados por ele, e no esforço para espreitar os segredos do ritual com seus auxiliares de cor e som. Mais tarde, quando o estudante tiver passado o portal da iniciação, esse conhecimento será seu, aliado à informação necessária que o ensinará a trabalhar com a lei. No cumprimento da lei, não há nenhum perigo.

b) A raça é possuída de uma forte determinação para penetrar através do véu e descobrir o que jaz no outro lado do desconhecido. Homens e mulheres em todos os lugares estão conscientes, dentro de si mesmo, de poderes em desenvolvimento, que a meditação faz crescer. Descobrem que, pelo cumprimento cuidadoso de certas regras, tornam-se mais sensíveis às visões e aos sons dos planos internos. Captam fugazes vislumbres do desconhecido; ocasionalmente, e a raros intervalos, o órgão da visão interior abre-se temporariamente e ouvem e veem no plano astral, ou no mental. Verão devas numa reunião em que o ritual estará sendo empregado; percebem um som ou uma voz que lhes fala de verdades que reconhecem reais. A tentação para forçar o resultado, para prolongar a meditação, para experimentar certos métodos que prometem intensificação da faculdade psíquica, é muito forte. Imprudentemente, forçam-se meios, e o fatal desastre ocorre. Dou aqui um indício. Na meditação é, literalmente, possível brincar com fogo. Os devas do plano mental manipulam os fogos latentes do sistema e, assim, incidentalmente, os fogos latentes do homem interno. É lamentavelmente possível ser um joguete de seu intento e perecer nas suas mãos. Digo aqui uma verdade: não dou ouvidos às interessantes quimeras de um cérebro fantasioso. Acautelai-vos de brincar com fogo.

c) Este período de transição é grandemente responsável por grande parte do perigo. O tipo certo de corpo para manter e manipular a força oculta ainda não foi construído e, no ínterim, os corpos agora em uso apenas forjam desastre para o estudante ambicioso. Quando um homem tenciona seguir o caminho da meditação ocultista, leva quase quatorze anos para reconstruir os corpos sutis e, incidentalmente, o físico. Durante todo esse período, não é seguro meter-se com o desconhecido, pois só o corpo físico muito fortemente refinado, o corpo emocional firmemente controlado e estabilizado e o corpo mental corretamente desenvolvido poderão entrar nos planos sutis e trabalhar, literalmente, com Fohat, pois é isso que faz o ocultista. Daí a ênfase posta por todos os sábios Instrutores, em toda parte, no Caminho da Purificação, que deve preceder o Caminho da Iluminação. Eles põem a ênfase na construção da faculdade espiritual antes que a faculdade psíquica possa ser permitida sem perigo; eles exigem serviço à raça, todos os dias, por toda a esfera de ação da vida, antes que possa ser permitido a um homem manipular as forças da natureza, dominar os elementais, cooperar com os devas e aprender as formas e cerimônias, os mantras e as palavras-chave que introduzirão aquelas forças no círculo de manifestação.

4 de agosto de 1920.

Perigo dos Irmãos Negros

Penso já haver dado praticamente tudo que, por enquanto, poderia revelar a respeito dos Irmãos das Trevas, como são, às vezes, chamados. Desejo apenas dar ênfase, a esta altura, ao fato de que nenhum perigo deve ser temido, pelo estudante comum, dessa fonte. É somente quando se se aproxima do discipulado e um homem sobressai adiante de seus companheiros como um instrumento da Irmandade Branca, que ele atrai a atenção daqueles que procuram se opor. Quando, através da aplicação da meditação, do poder e da atividade no serviço, um homem desenvolveu seus veículos até um ponto de verdadeira realização, então suas vibrações põem em movimento matéria de uma qualidade específica, e ele aprende a trabalhar com aquela matéria, a manipular os fluidos e a controlar os construtores. Ao fazer isso, ele se intromete no domínio daqueles que trabalham com as forças da involução e, assim, poderá provocar um ataque sobre si. Esse ataque poderá ser dirigido contra qualquer dos seus três veículos e pode ser de diferentes espécies. Mostrarei brevemente alguns dos métodos empregados contra um discípulo, que são aqueles que, sozinhos, dizem respeito ao estudante destas cartas:

a) Ataque definido ao corpo físico. Todos os meios são empregados para impedir a utilidade do discípulo, através da doença ou da mutilação do seu corpo físico. Nem todos os acidentes são resultado do carma, pois o discípulo terá geralmente superado uma grande quantidade daquele tipo de carma e está, assim, comparativamente livre dessa fonte de impedimento no trabalho ativo.

b) A fascinação é outro método usado, ou o lançamento, por sobre o discípulo, de uma nuvem de matéria emocional ou mental suficiente para esconder o real e para obscurecer, temporariamente, o que é verdadeiro. O estudo dos casos onde a fascinação tenha sido empregada é sumamente revelador e demonstra quão difícil é até mesmo para os discípulos mais adiantados, sempre discrimina; entre o real e o falso, o verdadeiro e o não verdadeiro. A fascinação pode ser tanto no nível emocional como no mental, mas é geralmente no primeiro. Uma forma usada é lançar no discípulo as sombras do pensamento de fraqueza, ou desencorajamento, ou crítica, às quais ele pode, a intervalos, dar ouvidos. Assim arremessadas, elas surgem em proporção exagerada e o discípulo desprevenido, sem perceber que está vendo apenas o contorno gigantesco de seus próprios pensamentos momentâneos e passageiros, dá ouvidos ao desencorajamento, admite mesmo o desespero e se torna de pouca valia para os Grandes Seres. Outra forma é jogar, na sua aura mental, sugestões e ideias, fazendo supor virem do seu próprio Mestre, mas que são sugestões sutis que obstaculizam e não ajudam. Um discípulo prudente sempre discrimina entre a voz de seu verdadeiro Instrutor e os falsos sussurros de um disfarce, e até mesmo altos iniciados foram temporariamente enganados.

Muitos e sutis são os meios usados para iludir e restringir, desse modo, o rendimento efetivo do trabalhador no campo do mundo. Sabiamente, por isso, tem sido prescrito a todos os aspirantes estudarem e trabalharem pelo desenvolvimento de viveka, ou aquela discriminação que salvaguarda da decepção. Se essa qualidade for laboriosamente construída e cultivada em todos os acontecimentos, pequenos e grandes, na vida diária, os riscos de ser desencaminhamento serão anulados.

c) Um terceiro método frequentemente empregado é envolver o discípulo numa densa nuvem de trevas, cercá-lo com uma noite impenetrável e cerração, nas quais ele tropeça e, muitas vezes, cai. Pode tomar a forma de uma escura nuvem de matéria emocional, de alguma obscura emoção que parece pôr em perigo toda vibração estável e mergulhe o desnorteado estudante num negro desespero; ele sente que tudo está se afastando dele; ele é presa de variadas e sombrias emoções; ele se imagina abandonado de todos; considera fútil todo esforço passado e nada resta senão morrer. Nessas ocasiões ele precisa muito do dom da viveka, e de ponderar seriamente e, calmamente, julgar o assunto. Deverá lembrar-se, nessas ocasiões, de que a treva não esconde nada do Deus interior, e de que o estável dentro da consciência permanece lá, sem ser atingido por coisa alguma que possa suceder. Deve perseverar até o fim - o fim de quê? O fim da nuvem envolvente, o ponto onde ele mesmo emergirá à luz do Sol; ele deverá atravessá-la em direção à luz do dia, conscientizando-se de que nada, em tempo algum, pode atingir e ferir a consciência interna. Deus está no interior, não importa o que se passe fora. Estamos bastante aptos a nos ocuparmos com as circunstâncias ambientais, sejam físicas, astrais ou mentais, e a esquecer que o recôndito centro do coração esconde nossos pontos de contato com o Logos Universal.

d) Finalmente (pois não posso abordar todos os métodos usados), o meio empregado pode ser o de lançar um obscurecimento mental sobre o discípulo. A treva pode ser intelectual e é, consequentemente, mais difícil de penetrar, uma vez que, neste caso, o poder do Ego precisa ser convocado, enquanto que no anterior, frequentemente, o calmo julgamento da mente inferior pode bastar para dissipar a perturbação. Aqui, neste caso específico, o discípulo será sábio se, em vez de apenas tentar chamar seu Ego ou Eu Superior para a dissipação da nuvem, invocar também seu Instrutor, ou mesmo seu Mestre, para a assistência que eles podem dar.

Há somente uns poucos perigos rodeando o aspirante, e aludo a eles unicamente com o propósito de aviso e orientação, não para alarmar. Podeis aqui interpolar a carta anterior com as regras que lá dou, para auxílio do discípulo.

25 de setembro de 1919.

A Fraternidade Negra

Procuro falar-vos, hoje, dos poderes da Fraternidade Negra. Certas leis que governam suas ações, certos métodos por eles empregados no trabalho precisam ser compreendidos, e certos métodos de proteção, apreendidos e utilizados. Como vos disse antes, o perigo passa ainda despercebido da maioria, mas, à medida que o tempo passa, mais e mais sentiremos a necessidade de ensinar-vos trabalhadores do plano físico, a vos protegerdes e vos defenderdes dos ataques.

Os Irmãos Negros - lembrai-vos sempre disso - são irmãos transviados e extraviados, mas ainda filhos daquele único Pai, apesar de perdendo-se longe, bem longe, a grandes distâncias. O caminho de volta será longo para eles, mas a misericórdia da evolução força- os, inevitavelmente, ao caminho do retorno, em ciclos bem distantes. Qualquer um que superestime a mente concreta e permita que ela, continuamente, impeça a entrada do superior, está em perigo de se extraviar no caminho da esquerda. Muitos assim se extraviam... mas voltam e, então, no futuro, evitam cometer os mesmos erros, da mesma maneira que uma criança evita o fogo depois de se ter queimado. Quem finalmente se torna um irmão das trevas é o homem que, apesar das admoestações e da dor, persiste. Energicamente luta o Ego, a princípio, para impedir que a personalidade se desenvolva desse modo, mas as deficiências do corpo causal (não vos esqueçais que nossos vícios são nossas virtudes mal usadas) dão como resultado um corpo causal desequilibrado, superdesenvolvido em alguma direção e cheio de abismos e hiatos onde deveriam estar as virtudes.

O irmão negro não reconhece nenhuma unidade com seus semelhantes, vendo neles, apenas, pessoas a serem exploradas em proveito próprio. Essa é, em pequena escala, a marca daqueles que estão sendo usados por eles, com ou sem intenção. Não respeitam ninguém, consideram todos os homens como belas presas, usam todos para conseguir forçar seu próprio caminho e, por bem ou por mal, procuram demolir toda oposição para adquirirem o que desejam para o seu eu pessoal.

O irmão negro não leva em consideração o sofrimento que possa causar; não lhe importa que desespero possa causar ao oponente; persiste em sua intenção e não desiste caso fira qualquer homem, mulher ou criança, contanto que, no processo, seus fins sejam alcançados. Não espereis nenhuma misericórdia dos oponentes da Fraternidade da Luz.

No plano físico e no plano emocional o irmão negro tem mais poder do que o Irmão da Luz - não mais poder em si mesmo, mas mais poder aparente, porque os Irmãos Brancos procuram não exercer Seu poder nesses dois planos, como o fazem os Irmãos Negros.

Poderiam exercer Sua autoridade, mas preferem conter-se, trabalhando com as forças da evolução e não com os da involução. As forças elementais a serem encontradas nesses dois planos são manipuladas por dois fatores:

a) As forças inerentes à evolução, que dirigem todos a uma perfeição final. Os Adeptos Brancos cooperam nisso.

b) Os Irmãos Negros que, ocasionalmente, empregam essas forças elementais para imporem sua vontade e vingarem-se dos oponentes. Sob seu controle trabalham, algumas vezes, os elementais do plano terrestre, os gnomos e a essência elemental, como encontrada na forma do mal, alguns duendes, as fadas de cor marrom, cinza e de sombrio- matiz. Eles não podem controlar os devas de desenvolvimento superior, nem as fadas de cor azul, verde e amarelo, embora algumas poucas fadas vermelhas possam ser levadas a trabalhar sob sua direção. Os elementais da água (embora não as sílfides) movimentam-se, às vezes, para ajudá-los e, no controle dessas forças da involução, eles, a intervalos, prejudicam o progresso do nosso trabalho.

Muito amiúde o Irmão Negro se disfarça como um agente da luz, repetidas vezes ele se faz passar como um mensageiro dos deuses, mas para vossa certeza diria que quem age sob a orientação do Ego terá uma visão clara e escapará da decepção.

Atualmente seu poder é, muitas vezes, poderoso. Por quê?

Porque muito existe, ainda, nas Personalidades de todos os homens, que responde à sua vibração e, assim, lhes é fácil afetar os corpos dos homens.
Pouquíssimos das raças, comparativamente falando, já construíram a vibração superior que responde à nota-chave da Fraternidade da Luz, e se movimentam quase inteiramente nos dois níveis mais elevados (ou subplanos atômicos e subatômicos) dos planos mental, emocional e físico.

Percebereis que eu disse que o poder da Fraternidade Negra aparentemente domina nos planos físico e emocional. Não é assim no mental, que é o plano no qual trabalham os Irmãos da Luz. Poderosos magos negros podem ser localizados nos níveis mentais inferiores, mas, no superior, a Loja Branca domina, sendo os três subplanos superiores os níveis que Eles pedem sejam buscados pelos filhos dos homens em evolução; é a Sua região, à qual todos devem procurar e aspirar. O Irmão Negro imprime sua vontade nos seres humanos (se existe vibração análoga) e nos reinos elementais da involução. Os Irmãos da Luz intercedem como intercedeu o Homem das Aflições por uma humanidade extraviada, para elevá-la rumo à luz. O Irmão Negro retarda o progresso e molda todos aos seus próprios fins; o Irmão da Luz envida qualquer esforço para a aceleração da evolução e - renunciando a tudo que poderia ser Seu como prêmio da realização - permanece em meio às nevoas, à luta, ao mal e ao ódio do período se, assim agindo, Ele puder, de todas as maneiras, ajudar alguns, e (elevando-o das trevas da terra) dirigir seus passos para o Monte e torná-los capazes de galgar a Cruz.

E agora, que métodos podem ser empregados para salvaguardar o trabalhador no campo do mundo? Que pode ser feito para assegurar sua segurança na presente luta e na luta maior dos séculos vindouros?

1 - Uma conscientização de que a pureza de todos os veículos é o primeiro fator essencial. Se um Irmão Negro ganhar controle sobre algum homem, isso apenas mostra que esse homem tem em sua vida algum ponto fraco. A porta por onde a entrada é efetuada precisa ser aberta pelo próprio homem; a abertura por onde a força maligna pode ser infiltrada deve ser causada pelo ocupante dos veículos. Daí a necessidade da limpeza escrupulosa do corpo físico, da pura emoção firme consentida no corpo emocional e da pureza de pensamento no corpo mental. Quando isso é assim, a coordenação estará presente nos veículos inferiores e o Pensador interno não permitirá entrada alguma.

2 - A eliminação de todo temor. As forças da evolução vibram mais rapidamente do que as da involução e nesse fato jaz uma reconhecível segurança. O temor causa fraqueza; a fraqueza causa desintegração; o ponto fraco se parte e uma brecha aparece e, através dessa brecha, a força do mal pode entrar. O fator da entrada é o temor do próprio homem que, assim, abre a porta.

3 - Uma posição firme e irremovível, não importa o que aconteça. Vossos pés podem estar mergulhados na lama da terra, mas vossa cabeça pode estar banhada na luz do Sol das regiões superiores. O reconhecimento da imundície da terra não envolve contaminação.

4 - Um reconhecimento do uso do bom senso e a aplicação desse bom senso ao material à mão. Dormi bastante e, dormindo, aprendei a manter o corpo positivo; mantende-vos ocupados no plano emocional e alcançai a calma interior. Nada façais para cansar demasiadamente o corpo físico e diverti-vos sempre que possível. Nas horas de relaxamento vem o ajustamento que evita a tensão posterior.

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