O Centro Ajna e o Processo Criativo Universal
Novembro 2025
Estimado (a) companheiro (a) estudante.
Esta carta adota um tom e formato ligeiramente diferentes das anteriores. Em nossa reflexão sobre o centro ajna, tanto em nível humano quanto planetário, chegamos ao ponto em que uma compreensão mais detalhada da forma e da função desse centro pode aprofundar nossa apreciação do processo criativo universal. Para explicar nossa abordagem a este tema, recorremos a uma passagem do livro Cartas sobre Meditação Ocultista:
“O místico lida com Deus internamente; o ocultista, com Deus na manifestação exterior. O místico trabalha do centro para a periferia; o ocultista inverte o processo. O místico ascende pela aspiração e pela mais intensa devoção ao Deus interno e ao Mestre, a Quem reconhece; o ocultista ascende pelo reconhecimento da lei em operação e pelo manejo da lei que prende a matéria e ajusta-a às necessidades da vida interior. Dessa maneira, o ocultista chega àquelas Inteligências Que trabalham com a lei, até que alcance a Própria Inteligência fundamental.” (1)
Adotando a abordagem ocultista descrita acima, observamos que, nos seres humanos, o centro ajna está localizado logo acima e entre os dois olhos físicos, e que às vezes é reconhecido como uma correspondência inferior ao Olho de Shiva. Como as investigações ocultas começam com “Deus em manifestação externa”, nosso ponto de partida diz respeito necessariamente à estrutura do olho físico.
A superfície da parte colorida do olho, a íris, é formada por longas fibras radiais chamadas estroma da íris. Estas se conectam a um músculo circular que contrai a pupila e a um conjunto de músculos dilatadores que tracionam a íris radialmente para dilatar a pupila. Controlar o diâmetro da pupila dessa maneira regula a quantidade de luz que atinge a parte posterior do olho e a retina. E é por meio de um processo relacionado de contração e expansão elétrica que o olho interior da alma, o Olho de Shiva, responde à luz dos mundos interiores e pode ser usado para transmitir essa luz ao mundo exterior através do centro ajna.
Como mencionado anteriormente, o centro ajna possui uma forma diferente de todos os outros: “Este centro, tendo somente duas pétalas, não é um verdadeiro lótus, no mesmo sentido que os demais centros. Suas pétalas são compostas de 96 pétalas menores ou unidades de força (48 + 48 = 96) que, contudo, não assumem a forma de flor como os outros lótus. Elas se espraiam como as asas de um avião à direita e à esquerda da cabeça, e simbolizam o caminho da mão direita e o caminho da mão esquerda, o caminho da matéria e o caminho do espírito.” (2) Através deste centro, a “energia luminosa” do espírito e da matéria pode se unir no trabalho da evolução planetária.
À medida que a evolução humana se desenrola, a energia dos centros abaixo do centro ajna é constantemente transferida para seus correspondentes centros superiores no centro da cabeça. Para simbolizar o estado de consciência que isso confere, os centros inferiores podem ser removidos do diagrama (canto inferior esquerdo), restando apenas o centro da coroa, o centro ajna e uma linha de força que desce às profundezas da vida nos mundos inferiores. Isso nos lembra o símbolo da “Cruz como Expressão da Vida Vertical e Horizontal” (3) (canto inferior direito). No contexto desta carta, poderíamos usar esse símbolo de forma diferente para abordar nossa reflexão sobre o centro ajna. Localizado no topo do fluxo vertical de energia está o centro da coroa, “a sede da consciência do discípulo”. E cruzando o fluxo descendente de energia está o centro ajna, que representa “a energia da personalidade integrada”, o lugar onde a luz da Vontade Divina e a luz da matéria se fundem e se misturam.
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“Neste símbolo… o ponto focal secundário é onde todas as linhas se encontram e se cruzam. Este ponto representa a personalidade do discípulo, para a qual a radiação superior deve fluir e da qual as energias espirituais se estendem por toda parte. ” (4) Pode ser interpretado como o centro ajna que “atua como uma tela para a beleza radiante e a glória do homem espiritual”.… “Corresponde ao sol físico e é a expressão da personalidade, integrada e funcional.” (5) Este centro torna-se, finalmente, “o agente direto da alma.” (6) A cruz, como um todo, simboliza um estado de consciência no qual a liberdade espiritual foi alcançada por meio da identificação com a raiz do próprio ser, que é a Vontade pura. A consciência do iniciado está agora completamente absorvida na aplicação da energia da Vontade no serviço criativo do Todo: o centro ajna concentra a intenção de criar.
No espírito do grande aforismo hermético, “Assim como em cima, é embaixo”, uma correspondência desse processo criativo no homem deveria ser detectada nos céus, e de fato, esse é o caso na estrutura das nebulosas, especialmente as nebulosas bipolares. Essas são áreas luminescentes do meio interestelar, compostas de hidrogênio ionizado, neutro ou molecular, bem como poeira cósmica, o bloco de construção a partir do qual estrelas e planetas são formados. A teoria do Universo Elétrico descreve um processo criativo que ocorre nessas nebulosas, que compartilha muitas características com aquele que ocorre através do centro ajna no homem.
Nebulosa de jato duplo
Centro entre as sobrancelhas.
Ajna. Personalidade integrada.
Consciência da personalidade.
Para estudantes interessados em ciência esotérica, a estrutura de outras duas nebulosas é mostrada nesta imagem que se relaciona com o funcionamento do centro ajna e do olho físico. Esses processos e capacidades criativas no cosmos e no homem, embora não idênticos, demonstram o mesmo princípio: o aspecto integrador da eletricidade através do qual todas as formas são construídas, que o Tibetano previu que seria descoberto em breve. Astrofísicos com formação em eletricidade já sabem disso, e pensadores de destaque em outras áreas da ciência e tecnologia elétrica também estão descobrindo as mesmas leis da criação em outras linhas de pesquisa.
Dorje Vajra tibetano
Um exemplo interessante desses pensadores é o engenheiro e inventor Malcolm Bendal, cujas teorias se alinham com a ciência esotérica da eletricidade que destacamos em julho, onde discutimos o simbolismo de Thor, o Deus do Trovão na mitologia nórdica, com Helena Blavatsky descrevendo Thor como o “Deus da eletricidade ativa” e Mjolnir como seu “Martelo da Criação” (Ver este assunto). No hinduísmo, budismo e jainismo, encontramos o equivalente de Thor no Senhor Indra. Ele é a divindade mais frequentemente mencionada no Rigveda, e as ilustrações muitas vezes o retratam empunhando um Vajra, uma ferramenta ritual lendária que simboliza o poder irresistível do raio e a indestrutibilidade do diamante. Malcolm Bendal apresenta uma palestra interessante sobre o Vajra como um instrumento de energia elétrica, conhecido por algumas civilizações antigas. Curiosamente, ele então discute uma versão contemporânea do Vajra que ele projetou: o gerador de Tempestades. [* vídeo 1]. A empresa de engenharia Rockpecker está prestes a iniciar a produção em massa deste gerador, e uma discussão sobre os planos de produção pode ser encontrada neste link. [**vídeo 2]
A semelhança na forma e função compartilhada pelo vajra e pelo centro ajna não é surpreendente, visto que ambos são instrumentos para a fusão e canalização de forças subjetivas de um tipo ou de outro. Como a contraparte inferior do Olho de Shiva, o centro ajna é o meio pelo qual os poderes do Plano Divino se concentram em um modelo espiritual para se materializarem no mundo externo. O requisito primordial para este trabalho visionário é o FOCO, um fator chave na colaboração com a Vontade Divina e declarado como tal na Afirmação do Discípulo: “Eu sou um ponto de Fogo sacrificial, focado na ardente Vontade de Deus”. Foco refere-se à visão interior e à transmissão exterior como o caminho abrangente e absorvente da vida esotérica. É o estágio de realização no qual meditações “semente” guiam constantemente o esoterista em treinamento: passo a passo, os véus se dissipam até que finalmente ocorre uma transfiguração e o vidente se torna “pura visão”. Como afirma Charles Johnson em uma tradução de um dos Yoga Sutras de Patanjali: “O vidente é pura visão. Embora puro, ele observa através da vestimenta da mente. ” (7)
E no comentário de Alice Bailey sobre o Sutra 46, Livro 1:
“A mente do homem não é em si mesma, constituída de modo a apreender as coisas do espírito. À medida que ele passa de um estágio de meditação "com semente" a outro, aproxima-se cada vez mais da sede de todo conhecimento e finalmente entrará em contato com aquilo sobre o que vem meditando. Então a natureza do próprio pensador, como puro espírito, será apreendida e os degraus, estágios, objetos, sementes, órgãos, formas (grosseiras ou sutis) serão perdidos de vista e apenas o espírito será conhecido. Tanto o sentimento quanto a mente serão então transcendidos e apenas o Próprio Deus será visto; não mais serão sentidas as vibrações inferiores; a cor não mais será vista; conhecer-se-á apenas a luz; perder-se-á de vista a visão e se ouvirá apenas o som ou a palavra. O "olho de Shiva" será deixado e com ele o vidente se identificará. ” (7)
Em iluminado companheirismo grupal,
Grupo da Sede
ARCANE SCHOOL
Escola Arcana
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1. Cartas sobre Meditação Ocultista, p. 147.
2. Cura Esotérica, p. 149.
3. Discipulado na Nova Era II, p. 191.
4. Ibid., p. 193.
5. Cura Esotérica, p. 147.
6. Ibid., p. 168.
7. A Luz da Alma, p. 160.
8. Ibid., pp. 100-101.
* - Vídeo 1 - shttps://www.youtube.com/watch?v=wTHiDcSg73o&t=1291s
** - Vídeo 2 - https://www.youtube.com/watch?v=Frk_DWdKi28&t=7s

