Fundamentos de uma nova filosofia mundial
Fevereiro 2023

Estimado (a) condiscípulo (a):

Em nossa contínua exploração da Vontade, passamos de um grande departamento do Plano a outro, da Psicologia à Filosofia [Caderno 5 A Serviço do Plano - Filosofia]. Abraçando o verdadeiro significado de filosofia: "o amor à sabedoria", buscaremos pontes entre o pensamento ocidental e o pensamento oriental para conectá-los com a filosofia esotérica. Isso nos dará uma ideia de como a filosofia precisa se desenvolver no século 21 para alinhar a humanidade com o Plano Divino. O Tibetano salientou que as atuais escolas de filosofia têm quase cumprido o seu propósito, e isso reflete no declínio da visão da filosofia como "a mãe de todo conhecimento" e como "guardiã da razão", e no transtorno para as humanidades. No entanto, isso não é uma coisa ruim, e é encorajador que existam muitas faculdades de educação em Humanidades que estudam as religiões, culturas e filosofias do mundo. No entanto, quando se trata da Filosofia em si, a maioria dos departamentos de filosofia nas universidades Ocidentais tem uma abordagem um tanto rígida centrada na filosofia derivada da Europa e do mundo de língua inglesa.

Recentemente, em um livro intitulado Taking back Philosophy: A Multicultural Manifesto (1) (Restaurando a Filosofia: Um Manifesto Multicultural), de Bryan Van Norden, esse problema foi destacado. O livro seguiu vários artigos que ele havia escrito com seu colega, Jay Garfield, que sugeriam que os departamentos de filosofia deveriam ampliar seus currículos para incluir filosofia de fora do mundo anglo-europeu, ou renomear-se "Departamentos de filosofia europeia e norte-americana”. Os autores disseram que não estavam preparados para as reações amplamente hostis e superficiais que receberam, especialmente porque a filosofia é uma disciplina que se orgulha do rigor de seus argumentos. No entanto, tal resposta não surpreende quando se questiona um ponto de vista tradicionalmente estabelecido.

Claro, existem diferenças evidentes entre a filosofia ocidental e oriental, cada uma das quais é uma maneira de pensar adequada ao seu ambiente cultural único. A filosofia oriental é muito mais antiga do que sua contraparte ocidental, pois originalmente inspirou pessoas que ainda se sentiam conectadas com sua fonte interior, que tinham menos senso de separação entre o eu e o seu ambiente. Como disse Rudolf Steiner em uma palestra, a filosofia da época estimulava um tipo de pensamento que se fundia com sentimentos puros e religiosos (2). Em contraste com isso, a filosofia ocidental, que começou na Grécia antiga, ajudou a desenvolver o intelecto autoconsciente da quinta raça-raiz, antes do desenvolvimento da intuição e da consciência grupal. Um momento culminante em sua história ocorreu quando Descartes proclamou: "Penso, logo existo." O simbolismo dessa declaração é profundo, pois somente quando o ser humano 'pensante' puder fazer essa declaração com entendimento, o retorno ao espírito poderá começar a sério. A partir de então, o estado de consciência "Eu Sou", ou personalidade autoconsciente, pode reunir-se constantemente com o todo, conforme expresso pela nota-chave do discípulo em Leão: Eu sou Aquele e Aquele eu sou.

Agora chegou a hora da filosofia esotérica se tornar mais amplamente conhecida se o estado de consciência "Eu Sou" for compreendido. A filosofia tem que se expandir para os reinos mais sutis da alma para entender as causas por trás dos efeitos percebidos no mundo fenomênico. E por meio dessa ampliação espiritual do campo de relacionamentos, a consciência do "Eu Sou" ganhará uma perspectiva mais verdadeira do seu lugar no esquema das coisas, como "um ponto de luz dentro de uma Luz maior... a corrente amorosa do Amor divino... um ponto de fogo sacrificial focalizado na ígnea Vontade de Deus.”

Este mantra afirma que o indivíduo faz parte de uma corrente universal de energia elétrica da Vontade, que leva amor a todas as partes do sistema e ilumina (em maior ou menor grau) cada unidade de consciência por onde passa. Isso lembra os escritos de Arthur Schopenhauer, um filósofo que conectou a filosofia ocidental e oriental, baseando-se em aspectos de Platão, Kant e os Upanishads. Schopenhauer concordava com os textos orientais que dizem que a vida nos três mundos é inseparável do sofrimento e que, portanto, deve-se renunciar ao desejo. Apesar do espírito agnóstico de suas obras, que muitos consideram pessimista, a verdade é que Schopenhauer “através de formas artísticas, morais e ascéticas de consciência, advogava caminhos para superar uma condição humana frustrante e fundamentalmente dolorosa”. Seu pensamento foi mantido em um espírito de perene reflexão filosófica que considera que “se olharmos profundamente dentro de nós mesmos, descobriremos não apenas nossa própria essência, mas também a essência do universo. Como fazemos parte do universo, assim como todo o resto, as energias básicas do universo fluem através de nós como fluem através de todo o resto. Por essa razão, acredita-se que podemos entrar em contato com a natureza do universo se entrarmos em contato substancial com nosso ser interior último” (3).

A obra central de Schopenhauer é O Mundo como Vontade e Representação, e Helena Blavatsky expressou o valor dessa filosofia, reinterpretada em termos do divino:

“Nossos cientistas de pesquisa podem se beneficiar da consulta de seus trabalhos. Eles encontrarão muitas hipóteses únicas baseadas em velhas ideias... e se salvarão do trabalho inútil de inventar novas teorias... As ousadas teorias e opiniões expressas nas obras de Schopenhauer diferem amplamente daquelas da maioria de nossos cientistas ortodoxos. ‘Na realidade’, ele aponta, especulando corajosamente, ‘não há nem matéria nem espírito... Portanto, a divisão cartesiana de todas as coisas em matéria e espírito não é filosoficamente exata; e convém diferenciá-la em vontade e manifestação... cuja forma de divisão nada tem a ver com a anterior, porque espiritualiza tudo: tudo aquilo, que em primeira instância é real e objetivo, corpo e matéria, transforma em uma representação, e cada manifestação em vontade'. Chamem os fenômenos de força, energia, eletricidade ou magnetismo, vontade ou poder espiritual, eles sempre serão a manifestação parcial da alma, seja incorpórea ou aprisionada por um tempo em um corpo, de uma porção dessa VONTADE inteligente, onipotente e individual, impregnando toda a natureza, e conhecido apesar da insuficiência da linguagem humana para expressar corretamente imagens psicológicas, como: DEUS..." (4).

A divisão de Schopenhauer de todas as coisas em vontade e representação traz muito discernimento sobre a tônica da palestra da Escola Arcana deste ano: Que o grupo afirme a Vontade como uma expressão da Lei do Sacrifício. O objetivo do treinamento esotérico é tornar-se um mediador entre os reinos superior e inferior da natureza. Através da Sublimação do desejo pessoal, a vontade para o bem pode ser exercida como "uma parte dessa VONTADE inteligente, onipotente e individual, que permeia toda a natureza" para restaurar o Plano Divino na Terra. Como nos lembra o Tibetano: “O iniciado, em sua pequena escala, deve aprender a... expressar a Lei do Sacrifício através da vontade desenvolvida, pura e racional, e não simplesmente através do amor impulsivo e sua atividade. O sacrifício não consiste em “livrar-se de tudo”, mas em “tomar conta” (5).

Uma compreensão do universo em termos da vontade elétrica da Divindade fornece uma visão sobre uma potencial nova filosofia mundial {ver este assunto}. Os recém-descobertos filamentos que unem as galáxias em uma enorme teia cósmica são, na verdade, o sistema nervoso da Divindade cósmica, e através deles vibra a vontade elétrica do propósito cósmico. A ciência continuará a revelar isso constantemente, e a filosofia buscará seu significado: porque o Tibetano nos diz que o lugar das atuais escolas filosóficas acabará sendo substituído por "aqueles que forem de fato e na verdade cosmologistas... Os estudantes voltados para a filosofia tentarão simultaneamente ligar essas duas escolas de pensamento, e demonstrar o fator da adaptação inteligente dos fenômenos elétricos que chamamos matéria - daquele energizado e ativo material que chamamos substância - com o propósito de um Ser cósmico. (7)

Em companheirismo grupal iluminado,

Grupo da Sede
ARCANE SCHOOL
Escola Arcana

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1. Resenha de Restaurando a Filosofia na revista Philosopher's, de Julian Baggini.
2. Rudolf Steiner, Contrasting World-Conceptions of East and West.
3. Arthur Schopenhauer, Stanford Encyclopaedia of Philosophy.
4. H.P. Blavatsky, Isis Unveiled (Ísis sem Véu), pp 85-7. Edição Kindle.
5. A.A. Bailey, Discipulado na Nova Era, Vol. II, p. 286.
6. A seção Electric Bridge do site Lucis Trust.
7. A.A. Bailey, Um Tratado sobre Magia Branca, p. 339 e Um Tratado sobre o Fogo Cósmico, pág. 430.

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