Abril de 2022.

A Luz Suprema e a Formulação da Nova Religião Mundial

Estimado (a) condiscípulo (a)

Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Tibetano indicou a corrente geral do pensamento humano que iria "produzir e condicionar" a Nova Religião Mundial. Ele escreveu:

“...uma abordagem que, pela primeira vez na história, pode ser organizada em escala global e realizada conscientemente. Isso indica que devido à necessidade desesperada do homem e a crise que a humanidade passou e está passando, os homens e mulheres de visão e pensamento inclusivos, que pertencem às igrejas de todos os credos do mundo, porão um fim a suas diferenças doutrinais, concordarão nas verdades religiosas essenciais e, de forma unida e com certa uniformidade de cerimônia e ritual, aproximar-se-ão juntos do centro do poder espiritual. É pedir e esperar demais da humanidade neste momento de necessidade? Não poderiam os membros iluminados das atuais grandes religiões mundiais do Oriente e do Ocidente se unir e formular o plano de tal empreendimento invocador e inaugurar conjuntamente a forma de Abordagem espiritual que serve para unificar seus esforços e pelo menos lançar a semente da Nova Religião Mundial?

Infelizmente, essa oportunidade não foi aproveitada e quase oito décadas depois há pouco movimento nessa direção, sem mencionar as muitas organizações inspiradoras que trabalham para promover o respeito e o entendimento entre as diferentes religiões e crenças. Evidentemente o desafio permanece para descobrir “alguma uniformidade ritual e cerimonial para nos aproximar, juntos, do centro do poder espiritual”. Talvez seja discutível se isso é realista nos tempos atuais, apesar da crescente influência no plano físico do Sétimo Raio de Ordem Cerimonial e Ritual. Embora essa energia facilite a atividade organizada em muitas áreas do empreendimento humano, como telecomunicações, mídia social, comércio e finanças, ainda assim uma abordagem cooperativa e ritualística do Divino por parte dos “membros esclarecidos das grandes religiões mundiais na atualidade” parece remota.

Uma das razões para isso é, sem dúvida, a oportunidade perdida de rituais inter-religiosos após a guerra mundial, o que resultou em uma espiritualidade moderna que segue um caminho diferente e floresce fora das instituições religiosas. Para muitos, especialmente a geração mais jovem, o próprio termo 'religião' é sem vida e sem sentido. No início da década de 1990, o professor de religiões comparadas, William Cantwell Smith, (estudioso de religiões comparadas), defendia que a religião não representava mais a relação entre Deus e o ser humano: "um confronto vital e pessoal com o esplendor e o amor de Deus.” (2) Em vez disso, disse ele, a religião tornou-se um conceito estático, um sistema de práticas e crenças” que foi institucionalizado através de um processo de 'reificação'. (*) Em sua obra marcante, The Meaning and End of Religion: A New Approach to Humanity's Religious Traditions, (ele diz) argumenta que o termo religião deve ser deixado para trás e substituído por um conceito diferente: uma relação dinâmica entre tradição acumulativa (rituais, arte, música, teologias, etc.) e fé pessoal. (3)

Embora isso não tenha acontecido no primeiro quartel deste século, é justo salientar que a 'Espiritualidade' está florescendo em todos os lugares de várias maneiras, como foi dito no seminário sobre "Religião Viva e Espiritualidade" há alguns anos. Nesse documentário também pode ser vista uma das participantes, a Dra. Ana Sun, a explicar que mais de oitenta por cento da população da China pratica regularmente algum ritual, embora ao mesmo tempo não esteja inclinada a identificar-se com uma religião em particular. E no Ocidente, a espiritualidade cresceu dramaticamente de sua associação tradicional com a religião para abranger um amplo espectro de experiências. O rápido crescimento do "bem-estar espiritual" na cultura popular indica que um despertar geral está ocorrendo, embora essa energia nebulosa das massas não tenha o impulso religioso concentrado para se transformar em um poderoso chamado invocador dirigido ao "centro de poder espiritual".

Nesta última perspectiva, as instituições religiosas do mundo ainda parecem representar o maior reservatório de energia potencial para concentrar o poder de invocação dinâmica. A maioria da população mundial ainda se identifica com uma religião de acordo com a World Population Review e a Lista de Populações Religiosas, e se os atuais movimentos inter-religiosos surgissem em direção a alguma uniformidade de rituais e cerimônias, um contexto poderia ser fornecido a difundir uma percepção inteligente da Hierarquia Espiritual, do Plano Divino e do iminente retorno de um Instrutor Mundial. Sem um contexto religioso global, é difícil apresentar um exemplo inteligente dessas três grandes verdades, mas de alguma forma isso deve ser feito, porque o Tibetano afirmou claramente que “o método da Hierarquia é trabalhar através de indivíduos e grupos, a fim de estabelecer um amplo reconhecimento espiritual pelo qual... [as pessoas]... em todos os lugares aceitarão como fato o governo interno do planeta.” (4)

Como esse trabalho pode se desenvolver no clima global predominante nos dá muito que refletir. No entanto, existem algumas ideias nascentes encorajadoras sendo promovidas por educadores religiosos. Uma figura inspiradora é Marianne Moyaert, cuja promoção de rituais inter-religiosos ressoa fortemente com a visão do Tibetano. Em um artigo intitulado "O papel do ritual na educação inter-religiosa" (The role of ritual in interfaith education), ela escreve:

“Alguns estudantes chegam às minhas aulas com grandes preconceitos em relação à religião em geral: a religião promove conflitos e as crenças religiosas são retrógradas e inaceitáveis, ou a religião não se concilia com uma visão científica, esclarecida e crítica, e as crenças religiosas são superstições e coisas deste tipo. A aprendizagem inter-religiosa é aprender sobre as religiões dos outros... é aprender sobre diferentes religiões através de encontros recíprocos com pessoas que pertencem e se identificam com diferentes tradições... envolver-se, em vez de distanciar-se, faz parte do processo de aprendizagem, e esta atitude pessoal é o que é mais necessário para construir relacionamentos significativos entre as comunidades.

Outra maneira de se engajar no aprendizado inter-ritual é desafiar os estudantes a desenvolver uma oração/celebração multi/inter-religiosa. À medida que nossas sociedades se tornam cada vez mais plurais, muitos acreditam que nossos rituais devem mudar e que novos rituais mais inclusivos devem ser criados. Por exemplo, os alunos podem ser solicitados a oferecer uma oração por ocasião da abertura do ano acadêmico. Ao se envolver em um exercício de criatividade ritual, os alunos aprendem a fazer perguntas como: se oramos para expressar nossa gratidão, a quem oramos, a quem agradecemos? É importante que o significado do ritual realizado seja compartilhado por todos para que seja bem sucedido? Este é sempre o caso (mesmo em ambientes mono-religiosos)? O que é necessário para uma oração inter-religiosa bem-sucedida? Quando e por que falha? Esta tarefa é uma oportunidade direta de troca em que os alunos, em contato próximo com os outros, tomam consciência da importância da linguagem religiosa, dos símbolos e gestos religiosos. Como os símbolos que deveriam expressar inclusão e hospitalidade podem ser percebidos pelos outros como algo que gera violência contra sua própria compreensão?

Pequenas iniciativas nesse sentido podem se expandir rapidamente à luz do sétimo raio de cerimônia e ritual, e certamente há sinais de uma busca interior ocorrendo nas gerações mais jovens, e que pode levar a um grande reservatório de poder invocativo nas gerações mais jovens, de movimentos inter-religiosos e; há um impulso crescente para a atividade ritual compartilhada, pois “muitas pessoas acreditam que a interescrita é uma faceta importante para levar o diálogo a um nível mais profundo, mais afetivo e experiencial”. (5)

A nota-chave da Conferência da Escola Arcana deste ano proporciona um contexto maravilhoso para explorar ainda mais este tema em relação ao raio de Cerimônia e Ritual: Que a luz dos sete Raios se funda com a do sétimo Raio e que a Luz Suprema marque o início da nova civilização. Nesta época dos Três Festivais Espirituais, que o espírito da Nova Religião Mundial toque e inspire os pensadores iluminados em todos os lugares, para que todos nós possamos com "uniformidade de ritual e cerimônia... nos aproximarmos juntos do centro do poder espiritual".

Em iluminado companheirismo grupal.

Grupo da Sede
ARCANE SCHOOL
Escola Arcana

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1. A. Bailey, Problemas da Humanidade, págs. 161-2
2. William Cantwell-Smith. The Meaning and End of Religion, edição Kindle, pág 439.
3. Idem, 345.
4. A. Bailey, A Exteriorização da Hierarquia, pp 671-2
5. Marianne Moyaert e Joris Geldhof, Participação Ritual e Diálogo Inter-religioso, p. 1

(*) Reificação (do latim res: "coisa"; em alemão: Verdinglichung, literalmente: "transformar algo em coisa" ou Versachlichung, literalmente: "objetificação") ou coisificação é uma operação mental que consiste em transformar conceitos abstratos em objetos ou mesmo tratar seres humanos como objetos. No marxismo, o conceito designa uma forma particular de alienação, característica do modo de produção capitalista. Implica a coisificação das relações sociais, de modo que a sua natureza é expressa através de relações entre objetos de troca (ver fetichismo da mercadoria). O conceito está presente em Hegel e Feuerbach, mas foi desenvolvido em âmbito marxista por György Lukács e trabalhado pelos integrantes da Escola de Frankfurt. (Wikipédia)

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