Dezembro 2021.

"O Reino Angélico"

Estimado condiscípulo (a):

É muito difícil pensar como os anjos do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, junto com suas contrapartes orientais - os devas do hinduísmo e do budismo - poderiam se encaixar na estrutura das ciências naturais. Na cultura popular, os anjos são frequentemente retratados tocando harpas e trombetas antes de eventos e anúncios importantes, ou cantando canções de louvor a Deus, nenhuma das quais se encaixa facilmente com as leis científicas como são entendidas hoje. No entanto, uma ponte entre as visões de mundo religiosas e científicas pode ser encontrada no mistério da eletricidade, junto com a promessa futura de novos paradigmas estimulantes na consciência humana.

O Tibetano descreve os anjos ou devas como "fogo ardente, matéria elétrica radiante", afirmando que "é absolutamente essencial que os estudantes tenham em mente que estamos estudando o mistério da eletricidade". (1) Ele prossegue dizendo que os devas ou anjos maiores são o aspecto positivo dos fenômenos elétricos, enquanto as vidas menores são o aspecto negativo, e "sua interação e troca produz a Luz ou o sistema solar manifestado". E embora estejamos todos familiarizados com o poder selvagem e destrutivo da eletricidade, conforme demonstrado em relâmpagos e outros tipos de descargas elétricas, o Tibetano nos informa que a eletricidade também tem um poder de coordenação e integração que os cientistas descobrirão em breve. Este poder de construção não só dá origem a todas as várias formas que vemos na natureza e no cosmos, mas também sustenta a vida dentro delas durante o seu ciclo de existência manifestada. (2)

Levando tudo isso em consideração e pensando nos reinos angélicos ou dévicos em termos de eletricidade, pode ser que os escritos de alguns dos grandes pensadores religiosos do passado adquiram um novo significado para nós. Por exemplo, Tomás de Aquino, o Santo Católico Romano, escreveu sobre a relação dos Anjos com o espaço, postulando que o Anjo pode, em certos aspectos, estar presente em um lugar físico direcionando seu poder para esse espaço, um ser não físico que por meio de seu poder entra em contato com algo físico, o sustenta e não é sustentado por ele. Portanto, diz-se que o Anjo reside em um lugar físico como um ser sustentador, não como um ser sustentado. O anjo não é circunscrito pelo espaço, mas o envolve. (3)

É bem possível interpretar em termos elétricos o poder desses Anjos maiores de sustentar e configurar uma área do espaço e tudo dentro dela. Um exemplo disso é o relato do Profeta Muhammad (Maomé NT) quando o Anjo Gabriel o abraçou com força várias vezes antes que ele recebesse a primeira revelação do que viria a se tornar o Alcorão. (4, 5) Embora os estudiosos geralmente o interpretem como um aviso ao Profeta de que ele estava prestes a receber uma tarefa gigantesca e que "palavras profundas seriam reveladas a ele", outra perspectiva poderia ser que Muhammad foi eletricamente carregado e alinhado pelo arcanjo Gabriel, para trazê-lo a um estado de ressonância com a frequência da verdade que ele estava prestes a transmitir. Dessa perspectiva, o "forte abraço" de Gabriel lembra o poder de compenetrar da eletricidade. Esta é a capacidade da eletricidade de induzir a contração muscular, conforme documentado nos casos em que um choque elétrico no braço faz com que a mão segure involuntariamente a fonte da corrente ou, no caso de um choque mais poderoso, faz a maior parte dos músculos do corpo contrair imediatamente, fazendo com que a vítima voe pela sala.

Podemos então entender por que o contato com os anjos é mais seguro nos níveis búdicos, onde os reinos humano e angelical ressoam um com o outro de maneira bastante natural. Isso ainda requer o cultivo de um alto nível de pureza nos invólucros da personalidade, conforme demonstrado nos estilos de vida ascéticos dos grandes místicos do passado. Mas, mais do que isso, requer treinamento em pensamento racional e filosófico para interpretar corretamente esses contatos e relacioná-los com o que vivemos no mundo. O sábio persa Suhrawardi abraçou o espírito dessa abordagem em sua Escola de Iluminação, que se traduz como "Sabedoria da Luz Ascendente". Esta é uma bela descrição da jornada do discípulo na consciência ao plano búdico no qual a intuição tem plena influência. Suhrawardi descreveu esse estado de consciência como "conhecimento por meio da presença". De uma perspectiva elétrica, poderíamos chamá-lo de "conhecimento vivo": apreensão direta nos campos elétricos superiores do corpo logoico.

Suhrawardi ensinou que cada alma existe no reino angelical antes de descer para a "prisão do corpo"; e poderíamos igualá-lo ao ensino sobre o Anjo Solar nos escritos de Alice Bailey. Na verdade, o princípio da autoconsciência que define o ser humano é dado a ele por este grande Anjo. Por sua vez, o ser humano está destinado a tornar-se um Deles e, “em um ciclo distante, fazer pela humanidade dessa época o que os Pitris Solares [Anjos Solares] fizeram por ele, possibilitando assim a expressão autoconsciente”. (6) Este dom de autoconsciência do Reino Angélico é narrado simbolicamente em uma das histórias de Suhrawardi, "The Sound of Gabriel's Wing", em que a asa direita de Gabriel é pura luz e aponta para a PALAVRA de Deus, enquanto a asa esquerda aponta para baixo e tem manchas escuras a partir das quais os espíritos humanos são criados. Quando questionado, o narrador também comenta: “A maior parte das coisas que seus sentidos percebem vêm do som da asa de Gabriel... Você é um dos sons da asa de Gabriel”. (7)

Esta história pode estar relacionada com a descoberta prevista do poder integrativo da eletricidade exercido pelo reino angelical para ordenar e reunir formas de todos os tipos. Mencionamos isso na carta da Escola de agosto de 2020 com referência ao projeto SAFIRE {ver este assunto}, que acumulou evidências esmagadoras de novas propriedades da eletricidade. O cineasta Ben Ged Low, que está documentando o andamento deste projeto, relaciona o experimento a um fenômeno de áudio que ele descobriu, descrevendo-o assim:

“Passei décadas da minha vida em estúdios de gravação, produzindo música. Antes da chegada dos sons sintetizados havia um truque que costumávamos fazer: colocávamos um tijolo no pedal de ressonância, ou de ‘sustentação’, de um piano de cauda, abríamos a parte superior do piano e depois, com uma flauta, tocávamos uma única nota através das cordas abertas. As cordas começavam a ressoar em simpatia com harmônicos que apareciam... e obtínhamos trilhas sonoras semelhantes às de acordes. Eram inesperadas, imprevisíveis e absolutamente lindas. E, curiosamente, logo éramos capazes de reproduzir esses sons de forma previsível, uma e outra vez."

Relacionando-o com suas observações atuais no laboratório SAFIRE, ele escreve: "Monty, Yano e eu paramos ao redor da redoma de cristal. Monty e Yano ajustaram vários parâmetros: pressão da câmara, voltagem, corrente e tipo de gás. A câmara estava escura. O ânodo era apenas um pedaço de ferro. Nada estava acontecendo. De repente, em um instante tudo ganhou vida e estávamos vendo uma esfera maravilhosa de luz pulsante. Em alguns momentos era estável e contínua. Os olhos de Monty dançavam entre o ânode e as leituras dos diferentes aparelhos de medição: as frequências eletromagnéticas e de rádio do plasma. De repente, com um toque de admiração na voz, ele exclamou: "Há um ritmo. É como uma batida de coração!” Então, alguns momentos depois, ele acrescentou: “É como se o universo estivesse cantando”. (8)

Este belo relato do experimento contém elementos do "Som da Asa de Gabriel", ou "Reverberações da Asa de Gabriel", conforme interpretado por um estudioso. Mostra como todos os atos de criação no universo ocorrem por meio de ressonância, e este é um pensamento que podemos levar conosco para o próximo webinar Lucis Trust "Despertar os Anjos" que acontecerá no domingo, 19 de dezembro. Esperamos que você se junte a nós nesse dia.

Em iluminado companheirismo grupal.

Grupo da Sede
ARCANE SCHOOL
Escola Arcana

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1. A.A. Bailey, Um Tratado sobre o Fogo Cósmico, p. 612
2. A.A. Bailey, Psicologia Esotérica, Vol I, pp 373-4
3. Tomás de Aquino, Suma Teológica, Primera parte, 1.52.1
4. Darul Ifta Birmingham, Institute of Islamic Jurisprudence Why did Angel Jibreel Squeeze the Prophet Mohammed.
5. Islamweb.net: First revealed verses of Quran
6. A.A. Bailey, Um Tratado sobre o Fogo Cósmico, p. 836
7. Ref: Mohammed Rustom, Story-Telling as Philosophical Pedagogy: The Case of Suhrawardi
8. Ben Ged Low, SAFIRE: A Filmmaker's Observations

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