A realidade da miragem mundial e sua transição para a luz divina
Estimado(a) condiscípulo(a)
O início do novo ano é um momento para novas esperanças e novas imaginações; ambas estão associadas ao quarto raio da Harmonia através do Conflito que temos explorado nos últimos meses. Uma imaginação espiritual, carregada de esperança e expectativa, é fundamental na prática do discipulado; na verdade, é uma das leis para obter o controle da alma. Esta lei é expressa da seguinte forma:
“O impulso para viver uma vida criativa, por meio da faculdade divina da imaginação... está estreitamente ligado ao quarto Raio de Harmonia, produzindo unidade e beleza, através do conflito... É o resultado... da consciência interna, em revelar a medida de controle do Plano e a sua resposta a uma intenção mais vasta. Atualmente os membros da Hierarquia dependem desta resposta, enquanto se esforçam para pôr em evidência o significado oculto na consciência do homem.” (1)
A imaginação é uma ferramenta poderosa, tanto para acessar quanto para expressar a realidade superior, desde que esteja sob a orientação da mente racional. Sem esse agente controlador, a imaginação pode ser uma geradora de ilusão e miragem igualmente prolífica. Daí o uso de pensamentos-semente na meditação para que a mente racional possa guiar a imaginação para a realidade superior. Somente quando a facilidade de realizar esta prática é alcançada, um pensamento-semente pode ser dispensado e o estágio mais avançado de contemplação é alcançado.
Nas palavras de Jeremy Taylor, citadas no livro Do Intelecto à Intuição, esta é “uma transição da meditação intensa para essa contemplação que chega à visão das maravilhas de Deus, à medida que a alma humana entra no reino da luz divina” (2)
A visão no "reino da luz divina" não é uma atividade passiva. 'Ver', em qualquer plano, implica a transmissão de energia do órgão de visão e uma interação entre o observador e o observado. Qualquer pessoa que já experimentou a sensação peculiar de ser olhado sabe que isso é verdade no que diz respeito à visão do plano físico, e o mesmo se aplica à visão interior. No estágio de contemplação, a interação visual com um aspecto da realidade superior é um processo gerador que dá origem a uma ideia. A fim de trazer esta joia de energia para a terra, o vidente deve usar sua imaginação na direção oposta daquela que ele usou anteriormente. Em vez de criar imagens em torno de um pensamento-semente para elevar a consciência para a realidade superior, a imaginação agora é empregada a fim de criar uma imagem para a ideia habitar e ser expressa na realidade inferior.
Muitas ideias relacionadas ao Plano Divino estão sendo expressas com imaginação pelo Novo Grupo de Servidores do Mundo neste momento. No entanto, é difícil criar uma impressão em uma consciência pública que está constantemente sendo impressionada de todas as direções pela máquina de geração de imagens de nossa sociedade moderna. Chiara Bottici (*), uma filósofa conhecida por seu trabalho sobre o papel das imagens e da imaginação na esfera sociopolítica, explica:
"Estamos tão saturados de imagens que é cada vez mais difícil criar imagens radicalmente novas. Isso, por sua vez, é consequência de uma mudança tanto na quantidade quanto na qualidade das imagens produzidas em nossa era global."
Este comentário é parte da contribuição de Bottici para uma série de ensaios, On Public Imagination, por um grupo de pensadores criativos. Ela continua:
“... As imagens são muitas e aparentemente proliferam sem nenhuma lógica seletiva. O público, em vez disso, fornece o filtro: apenas as imagens que conseguem captar a atenção das pessoas se elevam acima do que é corrente (o mainstream ou a corrente de pensamento mais comum ou generalizada no contexto de determinada cultura. NT) Daqui o predomínio do espetáculo... Essa transformação imagética explica também o paradoxo com que começamos: um mundo político cheio de imagens, mas privado de imaginação, porque estamos saturados por um dilúvio de imagens e elas se tornam ainda mais cínicas por sua crescente espetaculosidade e virtualidade, temos mais dificuldade em criar imagens radicalmente alternativas da nossa vida política presente e futura. É neste espaço imagético que se prolifera o apelo ao renascimento dos sentimentos nacionalistas. Mas é também neste espaço que devemos agir se queremos criar visões alternativas de nosso futuro ". (3)
O espaço imagético definido por Bottici precisa ser limpo da miragem para que uma visão clara do Plano possa ser mantida diante dos olhos da humanidade. Só então as ideias criativas que descem do reino do Plano Divino a esse espaço podem atrair a atenção que merecem. O livro Miragem: Um Problema Mundial descreve as técnicas que podem servir para erradicar essas miragens e redirecionar a imaginação do público para essas ideias iluminadas. Isso também requer uma análise penetrante de nossas miragens individuais e o esforço de abordá-las por meio da orientação correta da imaginação pela mente racional. O treinamento é exigente e longo, mas com o tempo a mente é constantemente elevada até que o estágio de contemplação seja alcançado, conforme descrito por Jeremy Taylor.
A 'razão pura' que emana do plano búdico então assume o controle: a majestade das relações divinas é percebida diretamente, e a luz que elas emitem produz “completa liberdade da miragem” (4)
Este objetivo está refletido na nota chave da conferência da Escola Arcana deste ano:
"Que a energia iluminadora da razão pura produza a completa liberdade da miragem e revele o amor da relação divina."
Como sempre, a nota chave é desafiadora e o processo delineado é um dos resultados da Iniciação da Transfiguração. Mas se aplicarmos a técnica "Como Se" que é usada para alcançar um bom efeito em todos os graus da Escola Arcana, isso pode trazer a todos nós, como discípulos em treinamento, um passo mais perto na tarefa de substituir as imagens pela realidade.
Em companheirismo iluminado,
Grupo da Sede
ARCANE SCHOOL
Escola Arcana
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(1) Psicologia Esotérica Vol II, págs. 222-223
(2) Do Intelecto à Intuição, p. 139
(3) On Public Imagination, A Political and Ethical Imperative, pp
15-16
(4) Os Raios e as Iniciações, p. 599
(*) Introdução ao livro de Bottici, Imaginal Politics.