Navegação

DIÁRIO SECRETO DE UM DISCÍPULO


Diário Secreto de um Discípulo - Vicente Beltrán Anglada

CAPÍTULO XLI

AS DUAS INICIAÇÕES MENORES

Todos os Irmãos componentes do Ashram tivemos que nos submeter a estas duas iniciações preparatórias antes de poder resistir em consciência e em cada corpo à tremenda irradiação do Cetro Hierárquico e, mais adiante, à potentíssima tensão ígnea que emana do Diamante Flamígero do Senhor do Mundo.

A cada aumento da tensão elétrica dos Cetros precede um período mais ou menos longo de preparação dos veículos e, principalmente, dos "chacras" envolvidos em determinada Iniciação.

A preparação do discípulo para a primeira Iniciação hierárquica se inicia nas etapas de aspirante espiritual, na Aula de ensinamento denominada de Aprendizagem, pois neste período o aspirante começa a penetrar pelo menos levemente nos Mistérios do Reino. Quando, em razão do próprio esforço, consegue ser introduzido em um Ashram "após um longo tempo de observação” por parte de alguns discípulos adiantados, a etapa de experiência começa na Aula do Conhecimento e certas fases prévias de treinamento místico são facilitadas. Quando finalizam, são outorgadas a ele, sucessivamente, as duas iniciações, chamadas "menores" ou preparatórias para a primeira Iniciação hierárquica, mediante a qual fica estreitamente vinculado com a Grande Fraternidade Branca, ou Hierarquia espiritual que guia os destinos do nosso planeta.

Estas duas iniciações preparatórias são outorgadas no próprio Ashram e é o próprio Mestre ou, às vezes, um Chohan de Raio que utiliza o Cetro de Poder hierárquico cedido em tais ocasiões pelo Bodhisattva. Em geral são administradas em grupo e, embora ainda não seja exigido nenhum juramento aos candidatos, exige-se, sim, formalmente, a promessa de que o seu comportamento social esteja sempre de acordo com os santos Desígnios da Loja oculta.

Estas duas iniciações preparatórias são absolutamente necessárias, como em sua época foram absolutamente necessárias as duas primeiras Raças raízes, a Polar e a Hiperbórea, cujas qualidades etérica e semietérica foram descritas em páginas anteriores.

O mais interessante das iniciações preparatórias é a relação com as duas primeiras Raças humanas, cujo processo histórico os candidatos devem seguir para poder aproveitar devidamente a experiência psicológica que as mesmas vertem. Na primeira iniciação preparatória mostra-se ao candidato o processo histórico que se estende da primeira Sub-raça da Raça Polar até a sétima, constituindo este trajeto do caminho das Raças uma preparação necessária, que abre ao candidato o estímulo vital para o conhecimento superior.

Na segunda iniciação preparatória, o candidato - ou grupo de candidatos - percebe o período histórico que vai da primeira Sub-raça da Raça Hiperbórea e pode contemplar em síntese este período histórico, aprendendo entre outras muitas coisas o processo absolutamente científico que por um maravilhoso sistema de "condensação do éter", utilizado por certas Hierarquias dévicas, o éter primordial dos primeiros Subplanos etéricos do Plano Físico é submetido a um processo de condensação que o converte em matéria gasosa, mais adiante líquida e, finalmente, em substância densa.

Os detalhes destas duas iniciações são muito simples e são dados em grupo. Os candidatos formam um semicírculo em torno do Hierofante, o Qual - como dissemos anteriormente - pode ser um Adepto, um Mestre de Compaixão e Sabedoria ou, seguindo os impulsos cíclicos do momento da Iniciação, um Chohan, ou seja, um Adepto que recebeu a sexta Iniciação hierárquica, que corresponde à terceira iniciação solar e à primeira iniciação cósmica.

O Hierofante ocupa o centro da congregação iniciática e em cada um dos extremos se situa um Iniciado que deve ter adquirido pelo menos a terceira Iniciação e cuja missão é servir de elemento de proteção dos corpos sutis dos candidatos, diminuindo ao grau justo e necessário as energias ígneas de altíssima voltagem que surgirão do Cetro hierárquico que empunha o Hierofante.

Como dizia anteriormente, não se exige juramento algum a estes candidatos para que vinculem a alma aos destinos da Grande Fraternidade, mas apenas a formulação de uma promessa, que cada um vai repetindo, em seu respectivo idioma, conforme o Hierofante vai pronunciando na composição mística e tradicional. Em síntese, a composição idiomática desta promessa é a seguinte:

"Irmãos, vos congregastes aqui seguindo o luminoso fio da vossa alma anelante. Cansados de vagar na alma do mundo, haveis compreendido de forma clara e abrangente que o vosso propósito espiritual não está no mundo, embora façais parte do mundo, mas naquelas silentes regiões do entendimento onde a luz brilha por cima de todas as coisas e onde se divisam perspectivas imortais.

Aqui chegados, nas asas dos vossos nobres impulsos, resta-me somente perguntar-vos se estais dispostos a vos acercar daquelas metas imortais e se haveis compreendido que chegar ali pressupõe abandonar a vossa natureza inferior, praticar a inofensividade em todos os momentos e viver mais atentos ao serviço aos demais que às vossas próprias necessidades pessoais".

O grupo inteiro, sem vacilação alguma, responde afirmativamente, cada qual em seu próprio idioma, à pergunta e sugestão do Hierofante.

"Então - pergunta de novo o Hierofante - PROMETEIS vos comportar corretamente na vida, cumprir os nobres propósitos da vossa alma e vos acercar nobremente do ideal espiritual mediante o autoesquecimento, praticando a inofensividade e pronunciando somente palavras corretas?" O grupo - todos a uma voz - e de acordo com as palavras do Hierofante dizem: "PROMETEMOS”.

"Bem - conclui o Mestre - em virtude desta promessa lhes será permitido penetrar em alguns segredos da Natureza e em certos níveis psíquicos onde podereis determinar sem imposição alguma, as chaves da história da nossa humanidade terrestre".

Empunha então o Cetro hierárquico e o aplica da direita para a esquerda sobre a congregação iniciática. Os padrinhos, ou seja, os iniciados que ocupam os extremos, fazem circular a energia ígnea procedente do Cetro da esquerda para a direita do grupo reunido. Vê-se então flutuar acima do Hierofante a estrela mística de cinco pontas do Bodhisattva, o Qual, com a Sua presença, sancionou a autoridade do Hierofante e faz sentir a Sua energia de Amor no coração de cada um dos candidatos.

Assim é, em síntese, a primeira iniciação preparatória, que corresponde ao estado de consciência dos aspirantes espirituais que se submetem à mesma. 

A segunda iniciação menor ou preparatória não difere muito do ato iniciático da primeira, salvo que a potência mágica do fogo ígneo que surge do Cetro é muito maior e que o Hierofante deverá ser um Chohan de Raio, e os padrinhos dois Adeptos ou Mestres de Compaixão e Sabedoria.

Estas iniciações menores ou preparatórias são necessárias para o correto desenvolvimento das capacidades intelectuais e morais, tal como as duas primeiras Raças-raiz, a Polar e a Hiperbórea, foram absolutamente necessárias para que as demais Raças pudessem se desenvolver e chegar ao augusto cumprimento. É preciso observar a todo momento o grande princípio hermético da analogia, cuja compreensão e sábia aplicação constituem a estrutura básica do conhecimento interno, esotérico, oculto ou espiritual.


CAPÍTULO XLII

UMA SINCERA ADVERTÊNCIA

Como o leitor terá observado, este "Diário Secreto de um Discípulo” nada tem a ver com uma autobiografia, pois entendo que a vida pessoal de qualquer pessoa nunca será tão importante como a "sua obra”. Este livro apenas relata fatos temporais relativos a acontecimentos de ordem espiritual, já que não é possível dissociá-los, pois inevitavelmente um depende do outro.

Tive muita precaução para não misturar neste estudo sobre o discipulado consciente, a profusão de fatos ou incidentes sobre minha vida cármica, que embora interessantes do ângulo dos eventos, considero-os como algo muito particular que não é necessário submeter à análise alheia.

Daí que este Diário, embora às vezes reflita fatos físicos ou históricos, a sua orientação é nitidamente espiritual e o que se pretende no mesmo é orientar os aspirantes espirituais para a senda de luz do discipulado, esclarecendo as suas mentes e orientando os seus propósitos de vida espiritual.

Com respeito ao meu Ashram e à minha posição espiritual dentro do mesmo - como alguns me perguntaram - isto para mim carece de importância, pois desde sempre considerei que a OBRA é sempre mais importante que o GRAU. Daí que nunca, quer seja em público ou em privado, discutirei sobre este ponto. Mas se vocês examinarem a obra, prescindindo do grau, terão um vislumbre intuitivo das razões íntimas e propósitos internos que guiam meu trabalho no mundo, seja como autor de livros esotéricos ou como conferencista sobre temas ocultos. Se a obra, como o fruto da árvore, é excelente, lógico será pensar que o propósito, como a Árvore, está qualificado para dar bons frutos. 

Considero útil e necessária essa argumentação para a consideração dos meus leitores. A única intenção neste Diário, como disse no início do livro, é a de ser "um instrutivo recordatório da vida de um discípulo" para estímulo dos aspirantes espirituais; é apresentar o mais claramente possível as incidências internas da vida de um discípulo da Nova Era, citando fatos e contatos estabelecidos com Entidades espirituais e elevados Devas que, embora do ângulo da visão impessoal, constituem relatos íntimos realmente interessantes que, se destituídos de dúvidas, instilarão aspiração superior e anseios pela "vida mais abundante" nas consciências dos aspirantes espirituais da nossa época. Não é outro, confesso honestamente, o meu propósito ao escrever este "Diário Secreto de um Discípulo".


EPÍLOGO

Tudo o que foi dito neste "Diário Secreto de um Discípulo" é parte do grande processo histórico, psicológico e místico a que os discípulos espirituais das humanidades de todos os tempos se submeteram através das eras. Embora o ensinamento transmitido e o tipo de treinamento espiritual variem segundo as épocas e as condições cíclicas da humanidade, o objetivo final é somente um: "Levar o discípulo das trevas para a Luz, do irreal para o Real e da morte para a Imortalidade". A Iniciação parte deste objetivo único e cada nova Iniciação confere mais Luz, mais Verdade e mais experiência da Imortalidade, até que o discípulo, inteiramente "desnudo" e livre de Si mesmo e de toda mácula de matéria, se apresenta ante o Iniciador Único, se prostra aos Seus divinos pés, se sente iluminado pelo fulgor da Sua radiante estrela e pronuncia o "Mantra" que foi seu sustento durante todo o processo de inversão das leis temporais: "Não eu, Pai, mas Tu em mim!". A resposta sempre será a mesma: "Este é meu Filho muito amado no qual ponho todo o meu contentamento!".

O Discípulo se converte então em um Adepto, em um Mestre de Compaixão e de Sabedoria.

Neste "Diário Secreto de um Discípulo" procurei apresentar à inteligente consideração dos leitores uma ampla gama de situações psicológicas e experiências místicas que estão plenamente identificadas desde o início com as etapas transcendentes que convertem o discípulo em um Iniciado e o Iniciado em um Arauto da Boa Lei, no Portador de valores ocultos para toda a humanidade. Espero de coração que esta intenção tenha sido amplamente reconhecida e corretamente assimilada.

Como disse no capítulo anterior, este "Diário Secreto" não visa de maneira alguma se assemelhar a uma autobiografia, mas apenas estimular espiritualmente a alma de todos os aspirantes e pessoas inteligentes e de boa vontade do mundo. 

Deve ser lido e meditado cuidadosamente, procurando perder de vista o autor e considerando atentamente o alcance da sua obra e das suas experiências. A transcendência de algumas delas pode inclinar o ânimo dos leitores para a admissão sem reservas ou para a objeção absoluta. Aconselho em todos os casos a dúvida justa e a ajuda da intuição. Sempre há dentro do coração um oceano de harmonia que não pode ser alterado pela confusão dos conceitos nem pelas mil equações mentais e que afirma ou nega, admite ou repele tudo o que penetra em seu absoluto campo de percepção sem outra ajuda - tal como há de ser no caso dos verdadeiros investigadores do mundo oculto - a não ser a da voz silente da intuição.

Não espero que o "Diário Secreto de um Discípulo” seja recebido de maneira privilegiada, mas que seja estudado de acordo com as leis ocultas, observando-se o princípio hermético da analogia, da total impessoalidade e do correto critério...

Vicente Beltrán Sob o signo de Touro de 1988

Início