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Alice Bailey - Diálogos com Estudantes da Escola Arcana


Sexta-feira, 26 de novembro de 1943

AAB: Agora tomaremos a segunda frase da Regra II [Lendo de Os Raios e as Iniciações, pág. 59-60]:

Que não retire o pedido. Não poderia, se quisesse, mas acrescente a ele três grandes demandas e siga adiante.

[Continua lendo] Essas palavras são um comando vivo que o condicionarão [o discípulo], queira ele ou não. A incapacidade de se retirar da posição tomada é um dos primeiros resultados reais que se produz ao ouvir a Palavra pronunciada depois de passar pelas duas provas. A inevitabilidade de ter de viver a vida do Espírito é ao mesmo tempo seu horror e sua alegria. É exatamente isso que quero dizer. O símbolo ou primeira expressão disto (para os que vivem nos três mundos nada mais é do que o símbolo de uma realidade interna) é o impulso de melhorar, característica relevante do animal humano. Passa de descontentamento a descontentamento, impelido por algo interno que constantemente lhe revela uma sedutora visão de algo mais desejável do que o seu atual estado e experiência. De início ele o interpreta em termos de bem-estar material; em seguida, este divino descontentamento o impele para uma fase de luta de natureza emocional; anseia pela satisfação emocional e, posteriormente, por realizações intelectuais. Em todo momento luta por alcançar o que sempre está mais adiante e cria os instrumentos para atingi-los, aperfeiçoando-os gradualmente, até que a tríplice personalidade esteja preparada para obter a visão da Alma. Desse ponto de tensão, o ímpeto e a luta recrudescem, até que ele entende a Regra Um para Aspirantes e entra no Caminho.

No momento em que é um discípulo aceito e tenha empreendido efetivamente o trabalho de preparação para a iniciação, não há mais volta para ele. Não poderia, mesmo que quisesse e o Ashram o protege.

Nesta Regra para discípulos aceitos e iniciados, estamos diante de uma condição similar em uma volta superior da espiral, mas com uma diferença (que dificilmente poderão captar, a não ser que se encontrem no ponto em que a Palavra apareça para vocês): o iniciado permanece sozinho em “unidade isolada”, ciente de sua misteriosa unidade com tudo que existe. O impulso que caracterizou seu progresso para chegar à fusão Alma-personalidade se transmuta em intenção fixa, na capacidade de seguir adiante para a clara e fria luz da razão não ofuscada, livre de todo espelhismo e ilusão e tendo agora o poder de verbalizar as três demandas, o que agora pode fazer conscientemente e pelo emprego da vontade dinâmica, em vez de “apresentar o pedido em forma tríplice” como fez antes. Esta diferença é vital e significativa de um enorme crescimento e desenvolvimento.


AAB: Parece-me que há três pontos que seria interessante tratar: 1) «o Ashram o protege», 2) a capacidade de seguir adiante com intenção fixa, e 3) a verbalização das três demandas conscientemente e pelo emprego da Vontade. Acho que vale a pena considerar esses pontos, e creio que seria proveitoso para nós debatê-los.

De que maneira o Ashram os protege? São vocês parte do Ashram? Por que deveria protegê-los? O que fizeram para merecer esta proteção? Onde está a proteção e de que são protegidos? Protege sua vida no plano físico, ou sobre o quê incide esta proteção? Pessoalmente nunca senti que o Ashram me protegesse de nenhuma maneira, mesmo o meu Mestre sendo um Chohan. E também, o que é capacidade de seguir adiante, e estão vocês seguindo adiante? Quais são essas três demandas que podem ser implementadas conscientemente pelo uso da Vontade?


AP: Creio que o Ashram só protege uma pessoa de cujo serviço eles necessitem que seja mantido aqui, a fim de dar continuidade ao seu trabalho.


AAB: Como pode o neófito, que não é tão útil, ser protegido?


M: Pode ser protegido de voltar atrás.


AAB: Não creio que se obtenha proteção até que a pessoa tenha ultrapassado a possibilidade de retroceder. Qualquer proteção concedida por meio de um Mestre significa um enorme gasto de força.


N: Creio que a proteção é das forças do mal quando o discípulo está procurando fazer o trabalho.


AAB: Acho que isso é verdade em relação aos discípulos avançados, não aos principiantes. O discípulo avançado justifica a ajuda. A menos que você seja muito importante, a Loja Negra, que não possui tanta equipe como a Loja Branca e é menor, nunca o atacará. No momento em que o faz, evoca-se um contra poder da Loja Branca, mas é preciso ser um iniciado muito avançado para justificar esse tipo de atividade.


R: Vocês estão falando de uma coisa automática. Têm certa quantidade de consciência grupal e somente são capazes de absorver e usar força em formação grupal; portanto, é inevitável que o grupo os proteja. De outro modo não poderiam suportar o impacto.


AAB: O Tibetano fez uma distinção entre grupo e Ashram.


R: Sim, quero dizer o Ashram.


AAB: Creio que quando obtemos proteção é do nosso próprio espelhismo e das nossas próprias asneiras quando o que estamos pensando e fazendo é um prejuízo para o grupo. Não o obtemos para nos proteger do perigo, mas sim para proteger o grupo.


B: Poderia ser uma proteção para que não ocorram mais desastres?


AAB: Nunca nada físico. É um paradoxo curioso. Um iniciado de grau muito elevado pode ser protegido de algo físico se está suficientemente avançado, mas o principiante, nunca. É melhor para nós tratar destes temas em termos de principiantes.


R: Em certo sentido, é o Caminho que é protegido, e você só está protegido na medida em que estiver no Caminho.


AAB: O próprio Caminho os protege; creio que isso é muito bom. O segundo ponto que merece nossa consideração é «a capacidade de avançar na clara e fria luz da razão não ofuscada». Vocês olham para frente na clara e fria luz da razão não ofuscada? Ela simplesmente não deixa nada na sombra, nada sem expor, não há desculpas. É simplesmente a clara revelação, e a clara revelação é terrivelmente difícil de enfrentar. É a primeira indicação de que você avançou. É nesse ponto que desce sobre você aquele complexo de inferioridade espiritual que é o germe da «noite escura da Alma». Vocês se dão conta de que não haveria noite escura da Alma se a pessoa que está passando por ela fosse perfeita? Digo isso, embora eu saiba que o Cristo passou pela noite escura da Alma. Como ele passou, isso foi uma indicação de que Ele ainda não havia cumprido todas as condições que lhe deram direito de experimentar plenamente a Sexta Iniciação. Por isso necessitamos cultivar a capacidade de avançar na verdade - mas não da maneira em que atualmente se usa essa frase. Recebi uma carta de uma mulher na qual dizia que vivia na verdade todo o tempo. Simplesmente não é assim. Se estiverem vivendo na verdade viveriam na clara luz da razão não ofuscada.


R: Talvez ela estivesse vivendo na luz do que para ela era a verdade nesse momento.


AAB: Era só conversa fiada sentimental. Não significava nada. Se vocês e eu realmente quisermos viver e avançar, teremos que “suportar os golpes”. Isso manterá os olhos abertos e veremos coisas novas. Certamente é algo muito difícil de aguentar.

O terceiro ponto era a verbalização das três demandas conscientemente e pelo uso da vontade dinâmica. O que significa para vocês fazer algo conscientemente? Vocês se veem fazendo aquilo, ou, enquanto estão fazendo, estão conscientemente sabedores do seu objetivo e do que está envolvido? Recebemos muitos ensinamentos do Tibetano nas leituras prévias relacionadas ao uso da vontade dinâmica. Pessoalmente não sei o que é a vontade dinâmica. Sei perfeitamente bem o que é uma vontade fixa, aquela de que nada me faz desviar. Não creio que eu saiba alguma coisa da vontade dinâmica. Sei que desde que tinha dezesseis anos nada destruiu minha vontade, meu propósito, mas não tenho a mais remota ideia do que seja a vontade dinâmica. Sendo uma personalidade de Primeiro Raio, sei o que deveria ser uma vontade pessoal dinâmica, mas não o que seria uma Vontade dinâmica da Alma. Sei o que significaria uma constante arremetida para a frente por entre toda obstrução, mas não como atravessá-la. Foster dirá, “destroce-a”! Não posso destroçá-la. Posso bater nela repetidamente, mas não quebrá-la. Não sei o que a vontade dinâmica é, mas talvez algum dia saberei. Conscientemente, com o uso da vontade dinâmica, fazemos as três demandas. Faço as três demandas e afirmo que vão se materializar. Não posso fazê-las dinamicamente, portanto, vou fazê-las sequencialmente.


AP: Segundo a sua própria descrição, por que não é a vontade criadora? «Que se faça a luz», o fiat foi emitido «e se fez luz». Creio que a vontade dinâmica é a vontade que provoca a precipitação imediata.


AAB: Disse isso por meio do Primeiro Logos e depois o cumpriu por meio do Segundo e depois por meio do Terceiro.


R: Muitas pessoas altamente criativas podem fazer o que AP falou. Creio que o foco do qual emana é um ponto na mente superior.


AAB: Acho que sequer é a mente superior. A criatividade, na maioria dos casos, é uma expressão da personalidade integrada que está se tornando expansiva e produzindo algo que o mundo necessita. A mente superior é mais elevada que a Alma. É a expressão mais baixa da Tríade Espiritual.


AP: Não me refiro a algo que um gênio criativo faz; refiro-me à palavra fiat. Quando a vontade dinâmica emite um fiat, aquilo se faz imediatamente. Não tem nada que ver com habilidade criativa.


AAB: Será que isso não acontece somente quando se atua como Mônada? Creio que quando atuamos como Mônadas diremos que se faça a luz e se fará luz. Creio que isso é a vontade dinâmica, mas ainda não a temos.


AP: É a maravilha disso, o fiat da grande vontade criativa. No momento em que se pensa uma coisa, aquilo é.


AAB: Quando Deus criou o universo, era um organismo em evolução. Em Sua consciência, Deus estava pensando em nome de todos nós e de tempo e espaço. Nisso temos a chave da evolução.


JL: Em um dos últimos textos sobre o Antahkarana há uma descrição da realização da vontade para todos os sete raios. O iniciado de Primeiro Raio adquire a vontade dinâmica e, aparentemente, os outros não, eles avançam para a vontade de diferentes maneiras. Lendo isso, soou como se houvesse um aspecto da vontade em cada raio.


AAB: Não acham que, com o tempo, todos os raios têm que adquirir o poder da Mônada, que é vontade dinâmica? [Continua lendo, pág. 63-64]:

Não me é possível fazê-los compreender explicitamente a natureza dessas demandas, só posso formular certas frases simbólicas que, interpretadas intuitivamente, proporcionarão uma chave.

Só é possível formular a primeira demanda porque “a vida do deserto ficou para trás”; ele floresceu e frutificou, depois veio a seca e o homem se retirou. Aquilo que tinha nutrido e sustentado a sua vida se tornou terra árida, ficando só osso, pó e uma insaciável sede que nada à vista poderia aplacar”. Entretanto, para a consciência do iniciado, claro está que é preciso fazer o deserto florescer de novo como uma rosa e que sua tarefa consiste em restaurar (pela distribuição das águas da vida) a sua prístina beleza, não a beleza de seu falso florescimento. Portanto, sobre a nota do aspecto inferior da personalidade (estou falando em termos simbólicos) ele reivindica que o florescimento aconteça de acordo com o Plano. De sua parte, isto envolve uma visão desse Plano, a identificação com o propósito subjacente e a habilidade de atuar - por intermédio da mente superior que é o aspecto inferior da Tríade espiritual - no mundo das ideias e de criar as formas-pensamento que o ajudarão a materializar o Plano em conformidade com o Propósito. Este é o trabalho criativo da construção de formas- pensamento, por isso se diz que a primeira grande demanda “se pronuncia dentro do mundo das ideias de Deus e se dirige para o deserto, que há muito tempo ficou para trás. Por essa grande demanda, o iniciado consagrado à prestação de serviço no mundo retorna ao deserto, levando com ele a semente e a água pelas quais o deserto clama.”


AAB: É dito que eliminemos o desejo do plano físico e os desejos animais. Isto é um indício do fanatismo dos monges pelo vegetarianismo entre os ocultistas e para todos esses fanáticos que enfatizam as disciplinas físicas. Têm que demonstrar a si mesmos o controle e a disciplina no plano físico. Depois seguem adiante e, oportunamente, retrocedem ao plano físico e o fazem florescer como uma rosa. Aleister Crowley sustentava que nada é tão mau que não possamos fazê-lo bom, fazendo-o. Isto é o extremo oposto do fanatismo dos adeptos do celibato e vegetarianos. O iniciado ocupa o ponto do meio entre os dois extremos. Foi a única coisa que valia a pena aprender do que São Paulo ensinou. Creio que ele fez mau uso dos ensinamentos cristãos, mas ensinou a beleza do caminho do meio, da temperança. Creio que todos têm que passar pela fase que o Tibetano descreve, «que aquilo que nutriu e sustentou sua vida se converteu em terra árida». Acredito que isso foi uma das coisas que a igreja cristã distorceu. A igreja da Idade Média ensinava que tudo físico era pecaminoso, e isto viabilizou a violenta reação de outro lado. É um ponto que me parece interessante. São Paulo, por exemplo, ensinou que as mulheres não eram boas. Semeou a semente que se expressou na Idade Média na humilde posição das mulheres. São Pedro, suponho, foi a pessoa que se esforçou por revelar que havia um caminho do meio. Teve uma visão de uma folha caída do céu na qual havia todo tipo de coisas rastejantes e formigantes, e ouviu uma voz que dizia, «Levanta-te e come». Ele disse, «Nunca nada impuro tocou meus lábios» e uma voz replicou, «O que Deus purificou não é impuro».

[Continua lendo, pág. 64-65]:

A segunda demanda tem relação com o clamor anterior do discípulo, emitido “sobre os mares”. Refere-se ao mundo do espelhismo no qual se debate a humanidade, e ao mundo emocional no qual a humanidade está submersa, como se afogando no oceano. Diz a Bíblia - e este conceito se baseia em informações existentes nos Arquivos dos Mestres - que “não haverá mais mar”; eu disse a vocês que chega uma hora em que o iniciado vai saber que o plano astral não existe mais, pois se desvaneceu e desapareceu para sempre. Mas, quando o iniciado tiver se liberado do reino da ilusão, das névoas, das brumas e do espelhismo, e permanecer na “clara e fria luz” do plano búdico, o intuicional (o segundo aspecto ou aspecto do meio da Tríade espiritual), ele chega a um grande e fundamental entendimento. Ele sabe que deve retornar (se esta palavra tão superficial é suficiente) aos “mares” que deixou para trás e ali dissipar o espelhismo. Mas agora ele está atuando “no ar acima e à plena luz do dia”. Ele não se debate nas ondas nem se afoga nas águas profundas. Ele paira acima do mar, dentro do oceano de luz, e verte essa luz nas profundezas. Assim ele leva as águas ao deserto, e a luz divina ao mundo das brumas.

No entanto, ele nunca abandona o lugar da identificação, e tudo o que agora faz é implementado dos níveis alcançados em determinada iniciação específica. Tudo que faz “no deserto e sobre os mares” é empreendido pelo poder do pensamento, o qual direciona a necessária energia e certas forças destinadas e escolhidas, de maneira que o Plano (permitam que eu me repita), possa se desenvolver de acordo com o propósito divino pelo poder da dinâmica vontade espiritual. Quando puderem compreender que o iniciado de alto grau atua com energia monádica e não com força da Alma, entenderão porque ele acha necessário atuar sempre por trás das cenas. Ele atua com o aspecto Alma e por meio do poder da energia monádica, usando o Antahkarana como agente distribuidor. Os discípulos e iniciados dos primeiros dois graus atuam com força da Alma e por meio dos centros. A personalidade atua com forças.


AAB: Isto diz respeito à relação do discípulo aceito, que tomou a primeira iniciação, com o trabalho do plano astral. Esta demanda tem mais conexão com o nosso trabalho aqui na Escola que a primeira ou a terceira. Já emitimos a primeira demanda, o que significa que o plano físico já não exerce nenhum controle sobre nós. O primeiro plano é, para a maioria de nós, uma terra árida. Mas, quando se trata da demanda que soa através dos mares, aí está o nosso problema, tal como eu vejo. O espelhismo é uma coisa muito singular.


JL: As três demandas são feitas ao mesmo tempo ou uma em cada iniciação?


AAB: Não diz. Cabe a você. Quando se observa o mundo de hoje e se vê o panorama mundial como um todo, se pode ver a humanidade emitindo um clamor através do deserto. O mundo é hoje uma terra árida.


JL: A Carta do Atlântico foi firmada sobre a água.


AAB: Creio que aí tem alguma coisa. Essa é a grande demanda. Creio que é a segunda demanda e é pronunciada pelas pessoas que deixaram o deserto para trás. A humanidade como um todo não deixou o deserto para trás, mas está soando a demanda através do deserto. Para nós aqui, nosso problema não é o deserto; nosso problema é a natureza emocional como parte do somatório do mar.


AP: «Um pé na terra e um pé no mar e nunca nada constante». É possível que alguns de nós ainda estejamos um pouco no deserto.


R: Todas essas operações anfíbias.


AAB: Sempre o grupo de ligação em todas as partes. Creio que realmente significa que não deveríamos escolher a vida do deserto deliberada e conscientemente. Passamos de descontentamento a descontentamento.


RK: A palavra “descontentamento” significa falta de contentamento. Não estão satisfeitos com o conteúdo [N. do T.: há um jogo de palavras, já que em inglês a palavra “content” significa “contente” e “conteúdo”].


AAB: Isso é interessante.


AR: Quais são algumas das maneiras pelas quais você pode saber que está avançando?


AAB: Julgando por mim mesma, por uma progressiva habilidade de compreender e servir.


B: É satisfatório para o nosso sentido de lógica admitir para nós mesmos que o plano astral não existe?


AAB: Nem no mais mínimo. Temos que ser verdadeiros e não podemos dizer que não existe até que realmente não exista. Não estamos satisfeitos com isso; nos dá muitas inquietações. Vamos de descontentamento a descontentamento. A emoção é uma sensitividade exagerada, é egocentrismo. É uma gigantesca desculpa para tudo que pensamos e sentimos. Muitas vidas são necessárias para destacarmos o plano astral.


G: Mas a emoção às vezes não pode ser positiva?


AAB: O controle emocional vem do plano da Alma, e nas primeiras etapas do plano mental. Pode ser positiva. Mas o amor tem que ocupar o lugar da emoção. As pessoas emocionais jamais compreenderão isso.


G: Usamos o termo emoção querendo dizer emoção negativa. Um sentimento de síntese, de compreensão, de utilidade, um desejo de servir - não chamariam isso de emoções?


AAB: Creio que são as primeiras indicações de amor e que estão começando a expulsar a emoção. Oportunamente suplantarão a emoção.


N: Acho que é muito profundo quando você diz que o amor eliminará as formas de emoção. Há uma pessoa muito conhecida, de idade avançada, com fases de depressão emocional nas quais nada parece lhe importar. Vou vê-lo cerca de uma vez por semana. Agora há vezes em que, antes de eu ir embora, essa pessoa se elevou para o nível de alegria e luz.


AAB: Isso poderia ser seu poder sobre essa pessoa.


N: Realmente, ele tem uma mente poderosa.


AAB: Provavelmente você o estimula o bastante para que ele possa fazer contato com a Alma e contato com o conhecimento da Alma.


JL: Não se pode eliminar o plano astral ou se romperá toda a força do cosmo.


AAB: O Tibetano diz que não existe o plano astral, a não ser na imaginação. Não existe o plano físico a não ser em nossa imaginação. Não existe nada a não ser o espírito porque o espírito em seu ponto mais baixo é a matéria. Não existem planos em absoluto, apenas estados mentais. Mas vocês estão falando em termos de espaço e lugar.


RK: Patanjali responde a este ponto quando diz que uma das maneiras de alcançá-lo é por meio da solidariedade, da compaixão e da ternura. Suplantam a emoção.


AAB: Sim, é isso mesmo.


W: Isso significa que quando estivermos liberados da emoção, estaremos mais ou menos enfocados na nossa natureza amorosa.


AD: O que aconteceu quando Jesus chorou sobre Jerusalém?


AAB: Foi o efeito do amor potente fluindo através dele.


RK: Compaixão.


AP: Platão disse: «Antes de entrar em algum argumento, defina os seus termos e esclareça os seus conceitos».

Não há duas pessoas na sala que tenham o mesmo conceito da palavra “emoção”. Para distinguir entre emoção e sentimento é preciso estabelecer algumas definições.


AAB: Quando se entra no âmbito da Alma, as definições não contam.


RK: Não se pode definir porque não se pode limitar.


AP: Não acho que possamos pensar claramente; não estamos no reino da Alma.


AD: A natureza astral atua por meio do plexo solar; o amor atua por meio do coração.


AAB: Sempre tenho que me perguntar se minhas reações são reações do plexo solar ou respostas do coração. É preciso ser um ocultista muito avançado para saber a diferença.


H: Emoção significa mover-se para. Implica em apego a algo, ou sair para algo que se deseja. Esta sensitividade pessoal para estímulo externo ou apego a algo fora de nós é sentimento.


AAB: A Alma e a personalidade são sensíveis de dois modos diferentes. A personalidade é sensível egoisticamente.


RK: Vocês não acham que também é válido para as pessoas em grupos que há um egoísmo grupal?


AD: Estamos falando sobre emoções ou de se libertar do plano astral? O astralismo nem sempre é emocional.


AAB: O psiquismo inferior e o astral estão no plano da reação sensível ao que está em seu ambiente. Enquanto houver personalidade, há emoção. Quando deixa de ser pessoal, é amor.


AP: Torna-se impessoal em objetivo e motivação.


AAB: A diferença é muito sutil. Em geral, na recapitulação vespertina, só encontramos motivações pessoais.


AP: Diz-se que uma pessoa que se detém para ajudar um animal mutilado muitas vezes o faz porque vê-lo lhe produz mal-estar e quer se livrar disso. Isso é uma forma sutil de motivação pessoal. Mas ainda assim acho que é um passo para frente, porque se é uma pessoa em quem dói o sofrimento de outros, ela está avançando.


N: Compaixão.


LM: O plano astral reflete Budi.


AAB: Sim, quando se eliminou a emoção. No momento em que o plano astral foi posto sob completo controle espiritual, não sabemos mais o que é a emoção. Não há movimento para frente ou para trás.


LM: O plano astral não é um obstáculo para que um indivíduo contate Budi.


AAB: Uma vez que esteja completamente aquietado. É por isso que muitas vezes os Mestres são tidos como inumanos. É porque eles não têm emoções em absoluto no que diz respeito à humanidade, porque sabem que a destruição da forma não importa. O que lhes interessa é que desta destruição virá algo muito melhor e que estaremos em caminho para uma relativa perfeição.


AP: Há uma bela correlação na ciência. Um galho imerso na água sempre parece curvado. Tudo que passa através das emoções se distorce. Temos um pensamento, nós o passamos através das emoções e ele se distorce.


G: O que realmente desejo saber é isto: pode um adepto usar um veículo astral?


AAB: Sim, os Mestres são chamados de Senhores de Compaixão. Não precisam usá-lo, mas criam um para eles mesmos porque o plano astral não existe do ângulo do iniciado de alto grau. Os veículos de Budi foram sendo construídos de encarnação em encarnação e preservados para que, quando o Cristo vier, haja um corpo astral para Ele usar, a fim de fazer contato com aqueles que estão no astral. O Cristo e outros grandes instrutores têm que ter algum veículo com o qual possam fazer contato conosco. O plano astral não existe para eles, por isso o corpo astral mais perfeito que foi utilizado pelos avatares do mundo foi preservado para eles. O último que o usou foi o Buda e será utilizado pelo Cristo. Para eles o astral não existe - eles não têm átomo astral permanente.


N: Quando o Senhor Buda era muito jovem seu pai tentou mantê-lo afastado de todo conhecimento de sofrimento e dor, mas ele finalmente viu e decidiu sair para o mundo e encontrar a luz para que pudéssemos eliminar esta ilusão astral de sofrimento.


AAB: [Continua lendo, pág. 65-66]:

A terceira grande demanda contém diversas implicações e é dito que é emitida “através dos fogos”. No sistema solar atual é possível escapar do fogo. Ele está presente em todos os níveis da expressão divina, como bem sabemos pelo estudo dos três fogos - o fogo por fricção, o fogo solar e o fogo elétrico, com suas diferenciações, os quarenta e nove fogos - dos sete planos. Portanto, se o clamor ou a demanda provém do discípulo ou do iniciado, o Som é sempre emitido “através do fogo”, “para o fogo” e “do fogo”. Pouco posso dizer sobre a técnica que subjaz na potente demanda. A demanda é emitida do plano mais elevado da vontade espiritual, tecnicamente denominado “plano átmico”, e produz resultados nos níveis mentais, assim como as duas anteriores demandas atuaram nos níveis físico e astral. Gostaria de intercalar aqui a observação de que, embora o plano astral não exista, do ângulo do Mestre, milhares de milhões o reconhecem e também trabalham dentro de sua esfera ilusória, ajudados pelos discípulos iniciados que atuam dos níveis elevados correspondentes. Isto é válido para todo o trabalho planetário, quer realizado pelos iniciados e Mestres, atuando diretamente nos três mundos, ou de níveis mais elevados, como fazem os Nirmanakayas (os Contemplativos Criativos do planeta), ou de Shamballa, da Câmara do Concílio do Senhor do Mundo. Todos os esforços da Hierarquia ou das “Vidas Condicionantes” (como às vezes são chamadas) de Shamballa, dedicam-se a desenvolver o Plano evolutivo que, afinal, corporificará o propósito divino. Insisto em acentuar deliberadamente esta distinção entre plano e propósito, porque indica a fase seguinte do desenvolvimento da vontade inteligente na consciência da humanidade.

Nada mais posso indicar sobre estas demandas. Muito lhes disse, caso tenham a intuição desperta para ler o significado de alguns dos meus comentários. Referidas demandas não só dizem respeito à evolução da humanidade como a todas as formas de vida dentro da consciência do Logos Planetário. A mente direcionadora do iniciado indica a meta a realizar dentro dos três mundos.


AAB: «Através do fogo, para o fogo, e do fogo» - temos aí novamente a invocação e a evocação. Este quinto volume dos Sete Raios será o mais esotérico de todos eles. A primeira demanda e a terceira demanda não nos afetam realmente tanto como a segunda demanda. Com esta e sobre esta temos que trabalhar.


H: Parece-me que a segunda demanda tem muito que ver com a segunda iniciação.


AAB: Quando tivermos realmente emitido corretamente a demanda, a resposta será a segunda iniciação.


RK: Há uma nota de rodapé pronunciada por Krishna na página 28 de A Voz do Silêncio: «Quando este caminho é percebido [...] quer se dirija para as magnificências do Oriente ou para as câmaras do Ocidente, sem se mover, oh tu que empunhas o arco, é assim que se viaja ao longo deste caminho. Neste caminho, onde quer que se queira ir, aquele lugar se converte no próprio eu de si mesmo».


AAB: Nunca se move realmente a partir do centro. A Mônada sempre permanece no centro.


B: É apenas a expansão de consciência.


AAB: É mais do que isso. É muito mais mudança do que uma expansão.


RK: Um progresso sequencial é elementar. Um simultâneo é iniciação. A simultaneidade requer tensão.


JL: Eu me perguntava se essas três demandas são a meta final. Antes de que se trabalhe sequencialmente, é preciso trabalhar em todas as direções ao mesmo tempo.


AAB: Um discípulo é uma pessoa que progride nos três níveis ao mesmo tempo.


JL: Na primeira e segunda iniciação se toma um nível por vez, mas a terceira iniciação é a que realmente conta. R: É a consumação das outras duas.

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