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Alice Bailey - Diálogos com Estudantes da Escola Arcana


Sexta-feira, 1 de outubro de 1943

AAB: O que vamos enfatizar esta noite é que somos um grupo que está claramente em determinada fase dos ensinamentos. Trata-se de um ensinamento grupal; durante anos o Tibetano enfatizou este algo novo - grupos. Os grupos só existiram a partir da Idade Média. Começaram na época elisabetana - grupos de poetas e escritores - e floresceram até ser possível que um grupo atuasse de uma forma nova - não em torno de um líder, como até então, mas funcionando como um grupo. Este grupo, tal como outros grupos similares, pode atuar como um posto avançado do Ashram interno do Mestre.

Venho tratando da necessidade de corretas relações neste grupo. Esta noite vamos enfatizar outro ponto que talvez seja mais difícil de captar.

(Lendo):
Portanto, qual é a vontade grupal de qualquer Ashram ou grupo de um Mestre? Está presente de alguma forma suficientemente vital para condicionar as relações grupais e unir seus membros em um grupo de irmãos - que avançam para a luz? A vontade espiritual das personalidades individuais tem força suficiente para anular a relação da personalidade e levar ao reconhecimento, à interação e à relação espiritual? Somente levando em consideração estes efeitos fundamentais, de permanecer como grupo na «clara luz da cabeça», é permitido aos discípulos introduzir sensibilidades e pensamentos pessoais, e isto somente devido às temporárias limitações do grupo. Os Raios e as Iniciações, pág. 28


AAB: Aqui têm algo muito prático, porque todos somos personalidades trabalhando juntos. Somos todos terrivelmente pessoais, porque estamos todos no ponto de nosso desenvolvimento em que estamos integrados. Quanto mais integrada é a personalidade, maior é a dificuldade de que possa estar em um grupo, assim como também maior será a ajuda que pode brindar ao grupo, se a personalidade integrada atuar sempre na consciência de ser parte de um grupo espiritual interno. Se vocês e eu atuarmos como Almas, somente na medida em que nosso vínculo com a Alma seja forte, nos tornaremos verdadeiramente parte da Hierarquia, e é isso que temos que captar. Temos que trabalhar com plena consciência desta realidade. O Tibetano acentua em seu último folheto «Meu Trabalho», o fato de que temos que enfatizar sempre e em todo lugar que a Hierarquia existe. A única maneira em que podemos fazer isso é por nosso próprio conhecimento interno, por nossa própria capacidade interna de sustentar um reconhecimento. É esse reconhecimento sustentado que guia as vidas que fazem uma impressão no mundo.

(Lendo):
Todos desejam progredir e possuir uma forte vida espiritual interna - por isso busquei tempo para trabalhar com eles. Mas o antahkarana grupal ainda está incompleto e o aspecto razão pura e coração não controla. Em consequência, o poder evocador da Tríade espiritual não é adequado para manter a personalidade firme e o poder invocador da personalidade é inexistente. Idem, pág. 29


AAB: É um tema interessante, porque este grupo pode ser um grupo muito potente e poderoso se construirmos o vínculo correto com a Hierarquia e com o mundo no qual a Hierarquia se manifesta, que é o mundo da Tríade Espiritual. Pela primeira vez estamos dando ensinamento em relação com a Tríade e a personalidade. A única razão pela qual nos foi permitido apontar esta ideia foi que, supostamente, depois de todos estes anos, nos vinculamos definidamente com a nossa Alma e, se o fizemos, somos incontestavelmente parte da manifestação hierárquica. Este vínculo é um vínculo sustentador.

(Lendo):
(A Tríade Espiritual) chegará a ser potente se certas relações da personalidade forem reajustadas e a inércia for superada. Então, e somente então, «o grupo poderá permanecer». Idem, pág. 29


AAB: Sempre gostei de trabalhar com os paradoxos ocultos - nos é dito para desenvolver o avanço energético e depois nos é dito para permanecer.

Não compreendo o suficiente o que ele quer dizer na passagem «a vontade espiritual das personalidades individuais tem força suficiente para anular a relação da personalidade e levar ao reconhecimento, à interação e à relação espiritual? ...na clara luz da cabeça, é permitido aos discípulos introduzir sensibilidades e pensamentos pessoais, e isto somente devido às temporárias limitações do grupo».

A possibilidade do que se pode ganhar faz com que o risco valha a pena. Provavelmente significa isto: Se as nossas personalidades emergem à luz do grupo é uma lástima, mas é muito educativo e se deve ao fato de que estamos temporariamente limitados. Ainda não somos um grupo perfeito. Enfatizo, repetidamente, o fato de que em um grupo de discípulos não pode haver reservas, mas que deveria haver tal relação grupal entre todos os membros do grupo que nos conhecêssemos realmente uns aos outros. Deveria ser bem acolhida por nós uma demonstração das possibilidades do grupo, da fusão grupal, mas isso só pode ocorrer se o que sabemos sobre os demais não exercer efeito; se não houver reação emocional da personalidade de nenhum tipo. Tomemos um Ashram. O Mestre está no centro, e os iniciados de quarto, terceiro e segundo grau trabalham juntos. Estarão aqueles que acabaram de tomar a primeira iniciação, os discípulos e aqueles que estão apenas sendo preparados para o discipulado e, na periferia, os aspirantes que estão sendo avaliados para a iniciação. É um grupo de pessoas imperfeitas, cujas imperfeições ficam cada vez mais à mostra, por causa da perfeição dos que estão mais elevados. Os iniciados veteranos e o Mestre sabem exatamente o que está acontecendo se decidirem investigar. Como regra geral, não desejam isso; são muito ocupados. Mas um grupo de iniciantes está sendo submetido a um estímulo, porque estão sob a impressão e a influência de discípulos veteranos. A curiosidade e as reações da personalidade brotam o tempo todo. Um Ashram não é composto de pessoas perfeitas, mas isso não importa.


C: Nossa sinceridade se demonstra por nossa disposição de viver em uma casa de vidro.


AAB: Sim, sem ressentimentos.


JL: Supõe-se que um Ashram que funcione perfeitamente seja composto de pessoas com diferentes capacidades, de maneira que todas as capacidades possíveis estejam representadas?


AAB: Todos os raios são sub-raios do Segundo Raio e, portanto, não importa muito. Presumo que em um Ashram de Primeiro Raio haja mais discípulos de Primeiro Raio, porque em outra vida os membros podem ter desenvolvido muito do Primeiro Raio. Um Ashram é composto de pessoas devidamente integradas e também por outras não tão integradas. As pessoas que estão nos raios menores mudam para os raios maiores. É algo muito perturbador para o indivíduo e para o Ashram. Por exemplo, temos aqui um grupo de 18 ou 20 pessoas que trabalham juntas. Sabemos que podemos começar a trabalhar sobre nós mesmos seguindo o modelo de um Ashram, e se fizermos isso podemos chegar a ser parte de um. Então temos que começar a estudar os desenvolvimentos normais que se produzem como resultado de termos nos reunido como grupo. Isto produz resultados. Os resultados muitas vezes são desagradáveis porque tudo se intensifica nas nossas vidas e no nosso instrumental.

Há um tema muito interessante para debate nestas palavras do Tibetano: «O poder invocador da personalidade é inexistente em muitos discípulos». O quanto a sua vida é invocadora para invocar uma afluência do mundo das energias espirituais? Se a sua vida é invocadora, haverá uma reação automática do mundo espiritual.


M: O que é uma vida invocadora?


RK: Em Cartas sobre Meditação Ocultista o Tibetano, tratando a Lei do Suprimento, usa três palavras: usar, pedir e tomar. «Usar» é a invocação.


AAB: Creio que tem muita razão.


N: Há sete anos tive uma experiência. Estava muito doente com úlceras no estômago e surgiu a pergunta se deveria ir para o hospital. Disse a mim mesmo que tenho o poder divino que esteve comigo até agora, e que nele coloco toda a minha confiança. Fiquei em casa e descansei, e em quatro dias fui capaz de voltar ao trabalho; desde então não tive mais úlceras.


AAB: Não creio que essa seja uma ideia invocadora, porque a ideia deve se aplicar ao grupo. O grupo se torna invocador quando o que pode ser dito do indivíduo que está no grupo pode ser dito do grupo, que a vida é tão magnética em seu efeito, tão irradiatória de tudo o que tem de propósito, de vontade, de amor e de compreensão, que ele se torna um ponto focal de poder que atua em duas direções. Se vocês forem invocadores em sua vida atrairão normalmente as pessoas que podem ajudar e, ao mesmo tempo, reunirão em torno de vocês as pessoas que podem trabalhar com vocês. Essa potência que desenvolveram, esse algo invocador se torna tão grande que atrai o poder espiritual, a força e o conhecimento de fontes muito mais além do normal. A sua potência vai aumentando o tempo todo.


P: Pensamos que a invocação tem a ver com a questão da intenção, enquanto que a verdadeira invocação vem como o poder inconsciente do próprio estado de ser.


AAB: É possível ser invocador de várias maneiras. Você pode ser magnético de modo assombroso e ainda assim não fazer bem algum. Nós estamos tratando especificamente da invocação espiritual, do abrir uma porta e emitir tanto que a Vida superior seja vertida por ela, e você ser um canal direto e claro.


N: Quando estamos em nosso melhor momento, provavelmente todos nós experimentamos essas coisas acontecerem. Tive a curiosa experiência, pelo menos em mais de dez ocasiões nos últimos dez anos, de que algo estava acontecendo. Uma das coisas que procurei fazer em meu esforço espiritual foi não pedir nada para mim pessoalmente, exceto o mínimo para a realização do trabalho. Sempre senti que isso era legítimo, desde que sempre pusesse a vida grupal em primeiro lugar - não só a vida grupal, como aquela à qual o grupo serve.


AAB: Isso é o que necessitamos. Se pudermos construir um grupo que seja universal em sua perspectiva, então nosso grupo será tão invocador de força espiritual que todas as iniciativas da Escola Arcana serão algo extraordinário, não porque tenhamos planejado fazer isto ou aquilo, mas porque somos tão invocadores como grupo que os assuntos chegam a nós e os resolvemos automaticamente.


HR: Será esse o nosso propósito grupal.


AAB: Assim voltamos ao ponto com o qual começamos. Qual é a vontade deste grupo? Não sei. O que fazemos vindo aqui toda sexta-feira à tarde; qual é nosso propósito em vir; o que estamos gerando aqui?


HR: Sensibilidade grupal.


AAB: Para fazer o quê?


HR: Trabalhar ao longo de canais intuitivos.


AAB: E mais o quê?


HR: Mais luz sobre o que é o nosso propósito.


AAB: Está muito bem.


C: O que buscamos não é a integração?


AAB: Integração para que propósito? Por que estamos fazendo isso - para ativar as mentes uns dos outros, para desenvolver o propósito grupal?


M: Qual é o próximo passo para a humanidade?


AAB: Estamos há três meses trabalhando para descobrir.


C: Não é a não separatividade, realizar a união e a unicidade, o sentido de internacionalismo?


HR: Compartilhar?


AAB: Acho que você tem razão, mas essas palavras são usadas com muita frequência. Se formos capazes de estar de acordo sobre qual é nosso propósito - porque estamos fazendo o que fazemos - seremos um grupo terrivelmente potente.


P: Eu disse na semana passada: criar um canal sem obstruções para o influxo da vontade espiritual por um lado, e de outro procurar criar a vibração correta para poder receber e registrar essa Vontade de maneira que ela possa atuar em serviço.


ES: Alguém disse que o nosso propósito grupal deveria ser o de ser um canal para registrar e servir ao propósito da Hierarquia.


AAB: Essa é outra maneira de formular o mesmo.


P: A mim parece que deveríamos voltar à origem de todo o assunto. Estamos trabalhando para uma completa reorientação espiritual, a reorientação da consciência, a crença na vida interna do espírito como a fonte da que derivam todas as coisas, em oposição à atitude científica, material. Não vejo como podemos tornar o trabalho espiritual no mundo bem-sucedido, a não ser referindo a causa a uma fonte espiritual.


AAB: À Hierarquia.


P: Dizemos que fazemos, mas saímos e trabalhamos com efeitos físicos. Não há causa, exceto o que cresce de cima para baixo, a árvore invertida, que floresce aqui embaixo na manifestação física. As últimas palavras do Cristo na Terra foram: «Todo o poder nos céus e na Terra me foi dado; o compartilharei com vocês».


AAB: Ele inaugurou o período de compartilhar. HR disse que nosso propósito grupal era nos tornarmos sensíveis às impressões oriundas dos níveis espirituais elevados, e ES disse que era realizar o propósito da Hierarquia, tanto quanto o pudéssemos perceber, o que se encaixa perfeitamente na definição de HR. Eu diria que o propósito grupal é ser um canal, um agente para a Hierarquia, a fim de ajudar a humanidade a dar seu próximo passo.


HR: Devemos lembrar que somos uma escola e, portanto, temos que ser práticos sobre isto. A ideia principal que queremos fazer compreender é a importância do treinamento espiritual.


AAB: Neste grupo não estamos trabalhando como uma escola; estamos trabalhando aqui como discípulos e o trabalho da escola é um derivado da maior receptividade de cada um de nós à Hierarquia.


HR: Eu achava que você queria que nos considerássemos como tal, antes você chamou este grupo de Grupo da Sede e destacou a nossa relação com a Escola.


AAB: Não estou interessada em que as coisas da Escola se resolvam através deste grupo. Seria uma reação automática. Por que estamos trabalhando neste grupo?


C: Não é verdade que a humanidade como um todo não despertou para qual será o seu próximo passo? Não é nossa função ajudá-la a despertar?


AAB: Se este grupo, junto com outros grupos similares, tem um propósito, o que o grupo fará? Não estou falando do resultado que se produzirá. Estou falando da «nuvem de coisas cognoscíveis», do grupo sobrepairante da Hierarquia e no meio estão os discípulos do mundo, dos quais somos parte. Qual é o propósito grupal, visto que nos situamos num ponto intermediário entre a Hierarquia e a humanidade?


AD: Que o grupo trabalhe dentro do Ashram?


AAB: Somos o Ashram se percebemos corretamente e trabalhamos com propósito grupal.


RK: Incluir cada um e o grupo e os três aspectos que estão no mundo: Hierarquia, Discípulos, Humanidade. O Tibetano usa três palavras: energia, força, matéria. O trabalho da força é se tornar energia de maneira que possa energizar a matéria. Esse é nosso propósito. De certo ângulo é se tornar energia. De outro é converter a matéria em força, converter a humanidade em discípulos e nós mesmos nos tornarmos discípulos.


AAB: Não quero que este grupo se ocupe de planos para o trabalho, do que estamos fazendo na Escola, etc. Isto deveria ser resultado do que fazemos aqui semana após semana. Deveria haver tal aumento de sensibilidade, tal compreensão do propósito hierárquico, que automaticamente seríamos e faríamos o que devemos.


N: Alinhar a consciência da humanidade para que reconheça a realidade do ser espiritual.


AAB: Sim.


FB: Muitos de nós temos realmente algo desse grande desejo que creio deve estar no coração do Tibetano, ou do contrário não teríamos percorrido esta longa estrada juntos. A nossa função atual é florescer como grupo. A maioria de nós vem atuando no grupo por razões muito profundas. As nossas Almas nos trouxeram aqui; o nosso carma nos trouxe aqui; e sobre essa base nos foram dados os ensinamentos e o treinamento mais maravilhosos. A hora para o florescimento de todo esse processo, aquela árvore invertida, chegou, e podemos tomar consciência disso e do desejo que é nosso e vamos alcançá-lo. Se desejarmos muito ajudar, e se é nosso propósito que isso aconteça, acontecerá.


AAB: Sim.


RK: Não acham que é um processo que requer combustão? Se ardermos, haverá luz.


AAB:
(Lendo):
O solo ardente realizou seu trabalho.

Aqui podem surgir mal-entendidos. Para a maioria das pessoas, o solo ardente representa uma das duas coisas:

a. Que o fogo da mente consome todas as coisas da natureza inferior, das quais vai se dando conta.
b. O solo ardente do sofrimento, agonia, horror e dor, qualidade característica da vida nos três mundos, especialmente na atualidade.

O solo ardente a que se refere aqui é algo muito diferente. Quando a fulgurante luz do sol é enfocada em um vidro ou através dele, pode produzir ignição. Quando a fulgurante luz da Mônada se enfoca diretamente sobre a personalidade, por intermédio do antahkarana, mas não especificamente através da alma, produz um fogo intenso que consome, em constante e consecutivo processo, tudo que cria obstáculos. Em outras palavras, quando o aspecto vontade flui da Mônada e se enfoca através da vontade da personalidade (à medida que a mente a capta e compreende), destrói como se fosse um fogo todos os elementos da vontade pessoal. À medida que a energia de Shamballa flui e faz contato direto com a humanidade (sem ser transmitida através da Hierarquia, como foi até agora), temos o que se presenciou hoje no mundo, uma conflagração destruidora ou um solo ardente mundial. Quando o antahkarana de um grupo for construído corretamente, a vontade-grupal individualizada desaparecerá na plena consciência do propósito monádico, ou seja, a clara vontade dirigida. Os Raios e as Iniciações, pág. 29-30


AAB: «a clara vontade dirigida». É uma energia que enfocamos em determinada direção.


(Continuando a leitura):
O discípulo que se prepara para a iniciação deve considerar estes pontos à medida que se prepara para as iniciações superiores, pontos que qualquer grupo ou Ashram em preparação para a iniciação também tem que considerar.

O segredo das iniciações superiores reside no emprego treinado da vontade superior, não na purificação ou na autodisciplina nem nos meios empregados que serviram no passado de interceptantes. Todo o problema da Vontade de Shamballa está em processo de revelação e, oportunamente, alterará toda a abordagem do discípulo à iniciação na Nova Era. Os Raios e as Iniciações, pág. 30.


AAB: Não estamos acostumados a pensar em nós mesmos em termos de discipulado. A purificação e a preocupação nesse sentido seria um interceptante da verdade. A atenção de vocês seria desviada do essencial para o não essencial, mas isso é uma afirmação que não se pode dizer a um probacionário ou a um aspirante. Esta constante ênfase na autodisciplina é um interceptante da verdade. Vocês ficam tão preocupados com esses temas que não têm tempo para ser. Estão construindo formas-pensamento sobre a autodisciplina e a purificação em vez de usar a Vontade espiritual para cumprir o propósito da Hierarquia. «O poder expulsor e dinâmico de um novo e profundo afeto». Quando se interessarem muito pelo trabalho grupal, pela Hierarquia e seus propósitos, quando amarem o bastante a humanidade, isso automaticamente expulsará de sua vida toda obstrução. Estarão expulsando pelo poder dinâmico e expulsor de um novo e profundo afeto.


C: É um presente e não um trabalho.


AAB: É Vontade.


P: Creio que há que se trabalhar arduamente para chegar a isso.


AAB: Chegará um dia em que não teremos que trabalhar tão arduamente?


RK: Tal como o som de uma corda de violino é maravilhoso, mas primeiro a corda tem que ser esticada.


AAB: Provavelmente todos vocês já fizeram este trabalho. Creio que se pode ter um hábito de disciplina, e então chega um momento em que o hábito deve ser descartado e você simplesmente é.


P: Na psicologia moderna não se trata de eliminar as coisas combatendo-as, mas pondo as coisas em seus lugares. É fundamental.


AAB: Não resistir ao mal.


RK: Quando estamos tão ocupados nos disciplinando ou purificando, estamos asfixiando esse ser maior. Sou como o Logos Planetário; o que tenho a ver com RK?


M: Com isso não voltamos à orientação espiritual? Uma vez, quando AAB foi a Europa, falou a um pequeno grupo e disse: «Orientem-se espiritualmente e tudo mais entrará nos eixos». Tudo o mais pelo que nos esforçamos e nos estressamos ficará bem.


AAB: Se vocês estão alinhados, não têm que se preocupar; o canal está aí.


RK: De fato, também estamos nos unindo para nos integrarmos, porque se eu fosse o Mestre não poderia atuar a menos que tivesse vocês todos juntos. É por isso que o Tibetano está procurando construir triângulos.


AAB: Aqui temos um parágrafo muito prático:

(Lendo):
Durante muito tempo os aspirantes observaram e lhes foi ensinado sobre os efeitos da vontade sobre o corpo astral ou emocional. Trata-se de uma das primeiras e mais elementares tensões iniciais, ensinada no caminho probacionário. Como resultado de sua ação destruidora, leva à purificação e reorganização de toda a vida física e emocional.

Aos infantes da raça e aos iniciantes no Caminho de Retorno consciente, dizemos «que pensem», «que apliquem um pouco de vontade» e «que se lembrem que possuem uma mente». Pouco a pouco, o enfoque e a orientação se trasladarão da vida astral e do nível emocional de consciência para o mental e, em consequência, para o reflexo do mundo do propósito existente nos três mundos. Quando esta etapa estiver um tanto desenvolvida, segue-se, no Caminho do Discipulado e na preparação para a iniciação, um esforço por captar e compreender os aspectos superiores deste processo mental e o aspecto vontade da vida egoica começa a exercer influência sobre o discípulo. As «pétalas do sacrifício» se abrem e o aspecto do sacrifício sagrado da vida é revelado em toda sua beleza, pureza, simplicidade e em sua qualidade revolucionária.

No caminho da Iniciação, a vontade monádica (da qual a Vontade egoica é reflexo e a vontade pessoal individual é distorção) é transmitida por intermédio do antahkarana, gradual e diretamente ao homem no plano físico. Produz a analogia superior dessas qualidades de que o esoterista bem treinado, embora obtuso, tanto fala: transmutação e transformação. O resultado é assimilação da vontade egoica individual no propósito da Mônada, que é o propósito - indesviável e inalterável - d’Aquele em quem vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. É este o campo verdadeiramente ardente, pois nosso «Deus é um fogo consumidor». É a sarça ardente ou árvore ardente da vida do simbolismo bíblico. Os efeitos deste fogo superior a todos, deste solo ardente profundamente espiritual, até agora raras vezes reconhecido, estão resumidos na frase seguinte da Regra Um. Os Raios e as Iniciações, pág. 30-31


AAB: A vontade da personalidade, a Vontade da Alma, a Vontade espiritual. Eu me pergunto se sabemos qual está em nossas próprias vidas. Creio que uma das coisas que precisamos fazer é nos avaliarmos mais como Almas, mais do que fazemos. Perdemos muito tempo nos irritando com nossa própria pessoa, com nossos fracassos e faltas, e pensando nos fracassos das outras pessoas e em crítica, e todo o tempo essa irritação e ressentimento demonstram uma disposição interna.


HR: Temos que lembrar que estamos procurando fazer algo aqui, algo nos níveis da Alma, o mais elevado que somos capazes de produzir. Se tivermos isso em mente, nos dando conta de que vamos trabalhar neste grupo com a matéria mais pura que pudermos formar neste grupo, isso nos ajudará a pôr fim ao que estávamos falando.


AAB: Vocês ainda têm a ideia de dualidade. Aqui estou eu, aqui está o grupo. Queremos apresentar um grupo unificado à humanidade. Há uma vida neste grupo, mas o que isso vai gerar eu não sei. Mas não estou imaginando uma forma, quero apenas que ele seja.


HR: Você disse que era uma pena que não nos considerássemos mais como Almas. Devemos tratar de fazer isso como grupo.


AAB: É essa a ideia.


HR: Até o momento não uma ideia suficientemente elevada do que podemos fazer.


RK: Não estamos suficientemente descentralizados.


P: O Tibetano disse que não podemos dar um passo para a iniciação sem descentralização. Conheço muitas pessoas que não fizeram nada mais do que sublimar seu egoísmo.


AAB: KH diz em As Cartas dos Mahatmas que não pode fazer nada com um grupo devido à sua ambição.


FB: Deveríamos lutar pelo que HR estava dizendo e alcançarmos o auto esquecimento.


AAB: Temos que alcançar o ponto em que estejamos ocupados com o propósito Hierárquico e não com seus efeitos sobre nós.


W: Se procurarmos ser Almas e nos esquecermos da personalidade, poderemos ter alguma oportunidade de ser o que a Hierarquia quer. É essa a única maneira em que podemos ser agentes.


AAB: Sim, se não somos um grupo de agentes, o próprio grupo é um agente.


P: Quando falamos sobre atuar como Alma, não há «uma Alma» separada. Quando se está na consciência da Alma há apenas uma Alma. Eu nunca poderia fazê-lo; isso me faz consciente do eu. Tudo isso está falando sobre «uma Alma» e «a Alma» é um impedimento. No plano da Alma todas as Almas são uma só e, no entanto, todos nós estamos enfocados em nossas próprias Almas.


AAB: Você tem toda a razão; quando se desce para as palavras, você sofre impedimentos. O único instrumento com o qual podemos registrar a revelação e organizar é a mente, e é difícil trabalhar como Alma com a mente e ainda assim não trabalhar com a mente.


N: Creio que, em pequeno grau, estivemos trabalhando como mentes iluminadas. Se pudermos, iluminaremos o escuro labirinto da mente humana e despertaremos a humanidade para a realidade da Alma.


RK: Cada um é uma peça dessa mente, e se juntos pudéssemos armar o quebra-cabeça, seríamos essa mente iluminada.


AAB:
(Lendo):
A clara e fria luz resplandece e, sendo fria, no entanto o calor - evocado pelo amor grupal - permite uma cálida exteriorização energética.

Estas palavras contêm a chave da iniciação grupal. A luz das iniciações superiores pode afluir quando é evocada pelo amor grupal. Esta luz é clara e fria e, no entanto, gera o necessário «calor», palavra simbólica que muitos Textos Sagrados do mundo usam para expressar energia viva e espiritual. Disse «energia espiritual» e não força da alma, e nisso reside a diferença que vocês algum dia terão que captar.

O amor grupal se baseia no aspecto egoico da vontade, ao qual damos o nome de «amor sacrificial». Não significa relacionamento feliz entre os indivíduos do grupo. Talvez leve a uma interação externa infeliz e superficial, mas, basicamente, leva a uma inalterável e sólida lealdade, implícita na superfície da vida externa. A influência que o Mestre exerce ao procurar ajudar Seu discípulo sempre produz tumultos transitórios - transitórios do ângulo da alma, mas muitas vezes intimidantes do ângulo da personalidade. Da mesma maneira, a projeção da vida e da influência de qualquer discípulo mais adiantado para dentro da periferia ou aura de um aspirante ou discípulo menos avançado - no grau que esteja - também é perturbador e inquietante. Este ponto deve ser mantido na mente cuidadosamente, tanto com relação à própria reação e treinamento do discípulo como com relação a qualquer efeito que ele possa produzir na vida de um discípulo probacionário ou menos avançado que esteja na sua esfera de influência. Estas influências intrusivas - e os efeitos resultantes - que o Mestre exerce sobre um indivíduo ou grupo mais antigo normalmente são interpretadas geralmente em termos da personalidade e pouco compreendidas. No entanto, são aspectos da vontade superior de algum discípulo mais avançado que fazem impacto sobre a vontade da personalidade e evocam a vontade sacrificial do Ego, originando, assim, um período de mal-estar temporário. Por causa disso o aspirante e o discípulo inexperiente se ressentem e culpam as forças que as evocaram pelo desconforto, em vez de aprender a necessária lição de receber e controlar força. Os Raios e as Iniciações, p. 31-32


AAB: É bom que os trabalhadores captem isso. Se não produzimos efeito algum sobre os estudantes, se eles nunca ficam zangados com vocês, definitivamente há algo errado; sua influência é negativa. Quero dizer com isso que sua radiação, sua vontade espiritual deveria evocar neles a vontade sacrificial. Se vocês produzissem o efeito apropriado, eles saberiam que têm que mudar e ficariam ressentidos com vocês. Isso é muito interessante. O próprio Cristo produziu esse efeito, e foi por isso que o mataram. Incomodava-lhes esse ser perfeitamente silente. Ele apenas permaneceu ali, e O condenaram à morte. Vocês têm que produzir um efeito, se realmente vão significar alguma coisa.


B: Então o bom analista é o que tem um grupo de estudantes infelizes.


RK: Não se trata realmente de infelicidade, mas de divino descontentamento.


AAB: Vocês passam através de seu próprio solo ardente e proporcionam um solo ardente para outras pessoas.

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