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Alice Bailey - Diálogos com Estudantes da Escola Arcana


Sexta-feira, 24 de setembro de 1943

AAB: A nota-chave do que vou ler hoje em relação à Regra I é o trabalho grupal. Grande parte do que o Tibetano diz em relação a estas regras é contrário ao ensinamento dado pela Sociedade Teosófica em sua interpretação do que eram a iniciação e o discipulado. Quando a Sociedade Teosófica começou, tinham muito pouco ensinamento real sobre o significado da iniciação. A palavra «discípulo» era utilizada com muita frequência. Naqueles dias, os membros da Grã Bretanha e de Nova York eram cristãos, e todo o mundo que ia à igreja se considerava discípulo do Senhor. Isso significa que o critério que se usava para iniciações era muito inferior e mais simples do que o Tibetano nos dá.

Tomem os livros da Sra. Besant, O Átrio Externo e O Caminho do Discipulado. Poderia garantir que qualquer um nesta sala diria que estou procurando fazer precisamente o que eles descrevem. Mas somos iniciados? O termo utilizado com tanta frequência era purificação, e significava pureza, principalmente física - não fumar nem beber, vegetarianismo e coisas similares. Enfatizava-se a disciplina física e se ensinava muito pouco sobre a verdadeira preparação para a iniciação e sobre o que realmente significava o discipulado de provação. Todo o tema estava tão atenuado que não tinha muito significado. Isso não é iniciação; nem sequer é preparação para a iniciação; é somente viver decentemente e ter bondade de coração. Creio que vamos começar por redefinir com mais clareza, compreender o bê-á-bá da iniciação, as diferenças entre o probacionário, o discípulo e o iniciado. Vamos saber exatamente quais são essas diferenças. Portanto, vamos ser mais inteligentes em nosso trato com as pessoas que vêm a nós em busca de ajuda. Vamos estar regidos em nosso trabalho como trabalhadores da Escola por nossa capacidade de dizer «esta pessoa é apenas um probacionário e precisa aprender as regras do correto viver». Depois virá uma pessoa mais avançada e diremos, «esta pessoa é um discípulo e veio a nós porque necessita dos últimos toques que a converterão de discípulo em iniciado». Estas pessoas obterão de nós os toques finais que as farão passar de discípulos a iniciados.

Por que podemos fazer isto? Porque, como lhes disse na semana passada, a intensa preocupação durante anos e décadas de muitos de nós pelas coisas do espírito indica que, em algum momento, tomamos a primeira iniciação. Pode transcorrer um longo período de tempo, inclusive várias vidas, entre a primeira e a segunda iniciação. Mas passamos por uma experiência iniciática, o que se comprova pelo nosso interesse nos mistérios esotéricos e por nossa capacidade de compreender mais ou menos. Para a maioria de nós, trata-se de uma recuperação de um antigo conhecimento. E, portanto, quando lhes digo que estou pondo sobre vocês a responsabilidade da iniciação, lembrem-se de que há centenas e milhares de pessoas em todo o mundo que tomaram a primeira iniciação. Constituem dois grupos: 1) os que como nós decidiram assumir essa responsabilidade e 2) os que estão se esforçando por viver como Almas, mas não sabem porquê. Essa experiência ainda não se registrou em sua consciência.

Os Mestres não consideram a primeira e a segunda iniciação como iniciações, em absoluto. Para eles, a primeira iniciação real é a terceira. A primeira iniciação que tomamos tem como centro de enfoque o corpo físico e, através do plano físico, desse algo que chamamos de Alma; é o nascimento da vida crística em nossos corações, o resultado da purificação do corpo físico. Depois vem a segunda iniciação, que muitos dos estudantes avançados da Escola estão se preparando para tomar. É a mais difícil de todas, devido à potência da natureza emocional que foi aumentando até tal grau, que o que vocês estão tentando fazer realmente é romper com sua consciência atlante. É muito difícil fazer isso, porque é o foco da maioria de nossas vidas. Estamos sentindo continuamente. O Tibetano, creio, foi o primeiro a dizer que a terceira iniciação é a única que é tomada pela personalidade integrada, quando a pureza física, o controle emocional e a clareza mental foram alcançados. É por isso que nos é dito que só há cinco iniciações. Há sete iniciações do ponto de vista da consciência atlante; do ponto de vista da consciência ária, só há cinco iniciações reais, porque as duas primeiras estão relacionadas com a liberação da personalidade. É realmente muito importante captar isso ao estudarem as Quatorze Regras, porque estão baseadas nessas premissas, e nunca compreenderemos tudo sobre elas, a menos que tenhamos essa clareza em nossa consciência.

A segunda coisa que diz o Tibetano é que é possível tomar a iniciação juntos, como grupo. Isto requer uma profunda reflexão. Qual é o propósito esotérico de todos os pequenos grupos espirituais que estão sendo formados por todo o mundo? O propósito é que esses pequenos grupos e grupos como este, possam avançar juntos, se assim decidirem. Vocês só podem fazer isso determinando onde se encontram, descobrindo o que individualmente está dentro de vocês, em completo silêncio, e decidindo qual é para vocês o próximo grande passo. E então, sabendo onde se encontram na escala da evolução, tomar seu lugar no grupo e trabalhar desse ponto, lembrando que no grupo pode haver alguns que sabem mais que vocês e que podem elevá-los, e que no grupo há aqueles que sabem menos que vocês, e é sua função elevá-los.

Um grupo é uma organização muito interessante. É algo vivo. É um campo para a interação de forças, de energias, ideias e reações emocionais, todas indo e vindo entre todos nós, um campo de treinamento de enorme valor, no qual a fusão e a mistura são muito reais, um lugar em que podem acontecer grandes coisas dentro do grupo, porque elas acontecem simultaneamente dentro dos membros individuais do grupo. Vocês já pensaram alguma vez sobre isto - que em um Ashram de qualquer dos Mestres não há segredos nem assuntos privados? O maior sempre pode incluir em sua consciência o menor. Em um Ashram não há nada oculto; eles sabem o que vocês pensam, como se sentem, veem sua aura, seu conteúdo mental, quais são as suas reações emocionais. Tudo de seus condiscípulos está aberto. Suas motivações são vistas claramente pelos discípulos mais veteranos, e não há nada oculto para o Mestre se Ele decidir olhar para vocês desta maneira. Ele raramente o faz; vocês não são suficientemente importantes. Para a maioria de nós ainda não é possível fazer isso, porque estamos centrados muito egoisticamente. Não podemos suportar que nos critiquem publicamente nem que mostrem as nossas falhas. Queremos ser apreciados. Não se entra em um Ashram para ser apreciado ou para ser elogiado, mas para levar adiante o Plano e somente isso. Vocês têm uma oportunidade maravilhosa de se prepararem para ser membros do Ashram do Mestre, se já não são. Não se importem com o que se diga de vocês. Se não puderem suportar e se alguma vez chegar o momento de ter seu próprio grupo, passarão por um inferno, porque qualquer pessoa que tenha a coragem, não porque planejou isso, mas pelo magnetismo de sua vida espiritual, de reunir em torno de si um grupo, observará que se transforma no bode expiatório. Será posto no tronco, questionado e criticado, a menos que aprendam a não prestar atenção a estas coisas na interação grupal, vão ser triturados até o ponto em que deixem de dar importância ao que qualquer um diga ou pense. Falo do ponto de vista da dolorosa experiência. A esta altura já não me preocupa o que qualquer um de vocês pense, porque se são discípulos que trabalham no mundo, há certos valores que substituem os valores inferiores; são mais importantes do que o que vocês ou eu pensemos. Há um trabalho a ser feito, uma humanidade a ser ajudada, e há uma carga a tirar dos ombros do Mestre. E o melhor é que o Mestre nunca sabe nem presta a menor atenção.

Recebi uma carta de uma pessoa que me escreveu esta semana para me dizer que pensava que eu deveria saber que ela era um discípulo de um Mestre. Estava em uma grande angústia mental porque havia trabalhado com o Mestre por muitos anos, mas nem uma vez ele lhe havia dito uma palavra amável ou de reconhecimento. Podem vocês trabalhar dessa maneira? Assim é que terão que trabalhar se trabalham com um Mestre. Ele não tem tempo para lhes dar uma tapinha nas costas e ser amável com vocês. Aqui, em um grupo como este, podem aprender a trabalhar com pessoas, sem elogios, com todas as coisas conhecidas e expostas, com crítica. Quando tiverem aprendido a fazer isso, estarão liberados, então estarão livres para trabalhar, e esse é outro valor do grupo. O primeiro valor é que vocês podem avançar juntos como grupo; o segundo é que não têm nenhum segredo, mas que tudo é exposto à luz. Espero que isto aconteça a todos vocês, porque é um processo revelador, e estou terrivelmente ansiosa para que todos trabalhem no Ashram de um Mestre. É um caminho muito árduo. Significa que trabalham conscientemente vinte e quatro horas por dia, porque trabalham todo o dia para o Mestre, quatorze e dezesseis horas por dia, e também trabalham à noite fora do corpo. Isso quer dizer que o tempo não importa. Não há um horário fixo para o serviço do Mestre.


M: Não se chega ao ponto em que não se é consciente do tempo, não se pensa nisso, em que nada importa a não ser o trabalho?


AAB: É isso o que os grandes discípulos estão fazendo, independente do raio em que estejam - o raio da instrução, do governo ou da política. Churchill e Roosevelt não mantinham horários se havia coisas para fazer. Simplesmente iam e faziam. Algum dia aqui, na sede, teremos um grupo de pessoas como essas, e então atearemos fogo no mundo. Mas tem que ser uma coisa espontânea, não algo planejado, e o faremos inconscientemente. [Lendo]:

Regra I.

Que o grupo permaneça dentro do fogo da mente, enfocado na clara luz da cabeça. O solo ardente realizou seu trabalho. A clara e fria luz resplandece e, sendo fria, no entanto o calor - evocado pelo amor grupal - permite uma cálida exteriorização energética. Por trás do grupo fica o Portal. Ante ele se abre o Caminho. Juntos, que o grupo de irmãos siga adiante - fora do fogo, dentro do frio e para uma mais nova tensão. Os Raios e as Iniciações, pág. 27


AAB: O que me impressionou foi a forma tão sábia, sem nenhuma intenção, com que construímos a Escola Arcana em seus primeiros dias. A primeira coisa que enfatizamos foi a luz na cabeça. «A clara, fria luz» é a luz da mente iluminada pela Alma. A única maneira em que a Escola Arcana e este grupo podem avançar para uma nova tensão será por meio do calor do amor grupal e, a menos que nos amemos uns aos outros corretamente e permaneçamos juntos sem críticas, não haverá avanço energético. Quero o avanço energético porque isso é o que a Hierarquia quer. [Lendo]:

Que o grupo permaneça dentro do fogo da mente, enfocado na clara luz da cabeça.

Nesta frase temos a ideia de percepção intelectual e unidade enfocada. Percepção intelectual não é compreensão mental, na realidade é a razão fria e clara, o princípio búdico em ação e a enfocada atitude da Tríade espiritual em relação com a personalidade. Chamarei a atenção sobre as seguintes analogias:

Cabeça Mônada Atma Propósito
Coração Alma Budi Razão Pura
Base da coluna vertebral Personalidade Manas Atividade espiritual

Portanto, temos nestas palavras, a posição da personalidade indicada à medida que permanece no ponto de penetração do Antahkarana, quando estabelece contato com manas ou mente inferior, e assim é o agente do propósito da Mônada, atuando por meio da Tríade espiritual a qual - como bem sabem - o Antahkarana relaciona com a personalidade.

O coração, como aspecto da razão pura, requer uma cuidadosa consideração. Geralmente é considerado o órgão do amor puro, mas - do ângulo da ciência esotérica - o amor e a razão são termos sinônimos e gostaria que refletissem por que assim é. Amor é essencialmente uma palavra para definir a motivação subjacente na criação. No entanto, motivação pressupõe o propósito que conduz à ação, por isso, durante a tarefa, na vida grupal da Mônada encarnada, chega o momento em que a motivação (coração e alma) torna-se espiritualmente obsoleta, porque o propósito chegou a um ponto de realização e a atividade posta em movimento é tal, que o propósito não pode ser detido nem retardado. Os Raios e as Iniciações, idem.


AAB: Se vocês realmente substituírem a motivação, que é algo flutuante, e a substituírem pelo propósito indesviável, não precisarão falar de motivação; prosseguirão, porque o propósito não pode ser detido nem retardado.

O aspecto Vontade é o que finalmente domina. Isto é algo interessante. Eu me pergunto qual é meu propósito na vida, o que Roberto Assagioli costumava a chamar de «o programa interno». A esta altura de minha vida, não creio que deva ponderar sobre minhas motivações, mas o propósito é algo muito diferente. Tenho um propósito indesviável? Tudo o que acontece na minha vida contribui para esse propósito? Há algo que impeça a expressão desse propósito? Há algo mais que eu possa fazer para que o meu propósito individual possa avançar? Qual é o propósito deste grupo? O que há neste grupo que impeça a expressão desse propósito? Estão a vontade e o propósito dos indivíduos deste grupo subordinados inteiramente ao propósito grupal e, se assim é, qual é este propósito? O que há neste grupo que impeça a expressão do propósito da Hierarquia? Por que este grupo não é mais efetivo no mundo externo? Onde, o quê, quem é o impedimento? Todo este ensinamento não é útil para nós a menos, que o levemos primeiro a nós mesmos como indivíduos, depois como indivíduos do grupo, e em seguida ao grupo em relação com o que a Hierarquia quer fazer atualmente.


RK: Com relação à palavra «propósito» [purpose, em inglês] lembro que você disse que a raiz pur significa fogo.


AAB: Pur, ficar livre da limitação, o trabalho do solo ardente. Você cai no fato do solo ardente que subjaz em toda a evolução. Alguém como eu em quem recai a formação das pessoas para o discipulado, aceita um risco terrível, porque quando se tem pessoas que são guiadas por suas Almas e algo as dirige na Escola, e se as reconhece como um bom material para o desenvolvimento espiritual, o que se está fazendo é conduzi-las para o solo ardente. Não sei de nenhum caso em que não acontecesse algo na vida da pessoa que estivesse disposta a dar este passo. Às vezes é possível (e isso é bom que os trabalhadores se lembrem) que vocês sobre-estimem as pessoas e as conduzam ao solo ardente antes que estejam preparadas. Você espera demais dos aspirantes. O estudante quer dar o passo, mas não sabe o que tem por diante, não conhece as penas nem as recompensas do discipulado.


RK: Penso que frases como «Matar o desejo», «Matar isto ou aquilo» têm a intenção de espantar as pessoas que não estão preparadas.


AAB: Acho que isso é muito certo.


G: Não é muito difícil para nós esta substituição da motivação pelo propósito? A mim parece que se o propósito substitui a motivação antes que se esteja preparado, teria o efeito de tornar o indivíduo intolerante.


AAB: Creio que se possa demorar bastante na área das motivações; no mesmo instante em que podem atuar na Vontade Espiritual, podem trabalhar com o propósito. A motivação é a razão de quererem fazê-lo. O propósito é compreensão do Plano. No momento em que vocês estão completamente enfocados no Plano, a motivação não é mais necessária. A maioria de nós está absorta com motivações incidentais que não afetam a nossa tendência básica da vida. Não vejo muito problema com a tendência básica da vida; acho que todos estamos orientados corretamente. Vejo muito problema com nossa vontade. Ainda não estamos sob a vontade espiritual o suficiente para exigir de nós o limite do que temos para dar. Nós fazemos demasiadas concessões a nós mesmos. Fazemos o que podemos pelo trabalho, mas não é o maior e básico incentivo de cada ação, de todo o dia, de sempre.


RK: O Tibetano diz: «O propósito é a linha magnetizada ao longo da qual o fogo pode se deslocar». [Discipulado na Nova Era 2, p. 72]


AAB: No momento em que vocês põem seus pés no solo ardente, o fogo vem pela linha do propósito.


FB: Confundimos propósito espiritual com primeiríssimo propósito da personalidade, que é resultado das nossas elevadas e boas motivações e as circunstâncias de nosso treinamento, e seguimos fortalecendo o propósito da nossa personalidade para que nos leve adiante e depois se quebra. Não alcançamos o solo ardente em absoluto, mas nos desviamos. Não vejo nenhuma maneira de alcançar o propósito espiritual, a não ser pelo uso da mente concreta depois de ter obtido uma compreensão do mesmo.


AAB: É por isso que eles enfatizam a razão pura, Budi.


FB: O grande poder é o amor, o amor grupal.


G: Suponho que o Tibetano tinha em mente o perigo de deixar que o propósito pessoal nos dirija, em vez do propósito espiritual. Se o propósito espiritual está presente, então a motivação deixa de ter utilidade.


ES: Você poderia nos dar mais detalhes sobre a questão de qual é o propósito grupal?


AAB: É justo isso que estou lhes perguntando. O que vocês diriam que é o propósito grupal?


ES: Creio que poderíamos dizer que o propósito grupal é produzir o aparecimento daquilo que está constantemente diante de nós e do grupo de servidores do mundo.


FB: Como a cenoura e o burro.


AAB: Isso é um pouco vago. O que é o que vemos diante de nós?


B: A manifestação no mundo do reflexo da Hierarquia.


AAB: De alguma maneira esse é o objetivo do discípulo individual. Qual é a nossa motivação como grupo no novo ciclo mundial?


ES: Trabalhar com as pessoas de boa vontade como um projeto e com todas as suas ramificações.


AAB: Creio que isso é totalmente secundário.


HR: A primeira ideia que me vem é que fomos incumbidos de alguma coisa. Somos encarregados de algo. AAB: Qual é o principal propósito?


HR: Todo trabalho de boa vontade parece ser apenas uma expressão material daquilo de que somos guardiões, que deveríamos trazer uma revelação da Hierarquia para a humanidade.


FP: De um lado, criar um canal desobstruído para a afluência da Vontade Espiritual e, por outro, tratar de criar a vibração correta para ser capazes de receber e registrar essa Vontade, a fim de que possa se expressar em serviço.


AAB: Agora temos algo; creio que estamos encaminhados.


M: Vibração criativa.


AAB: O progresso do indivíduo no grupo não é de grande importância, embora o progresso seja um efeito da vida grupal. É possível para nós, como indivíduos, exercer tal pressão sobre nós mesmos a ponto de abrirmos caminho como indivíduos para o mundo do Mestre, mas não fazemos isso como indivíduos; fazemos isso porque somos parte de um grupo de discípulos que trabalha, e nosso próprio desenvolvimento e crescimento pessoal não têm importância. Mas não queremos frear o grupo e queremos ter algo a dar ao grupo e por isso pressionamos a nós mesmos e extraímos a última gota de nós mesmos e, ao fazer isso, elevamos todo o grupo. Suponhamos que cada um de nós que está nesta sala tivesse a força de vontade que nos fizesse avançar sem importar com o que esteja contra nós. Avançamos nos impulsionamos, e conseguimos abrir caminho e nos encontramos como parte de um Ashram. Quando vocês tiverem feito isso, liberarão um discípulo do Ashram para um trabalho superior. Quando um Mestre toma uma iniciação mais elevada, possibilita que um discípulo veterano tome a quinta iniciação. Há alguns anos o Mestre K.H. tomou a sexta iniciação, e imediatamente o Tibetano se tornou Mestre, e então alguém tomou o lugar do Tibetano como discípulo mais antigo de K.H. e houve um avanço geral, e alguém entrou no Ashram porque havia uma vaga. Não pode haver vaga em um Ashram. Quem preencherá a vaga? Um discípulo a ponto de se adiantar. Vocês se dão tapinhas nas costas e dizem, «Eu fiquei firme», quando na verdade deveriam estar sempre avançando.


B: Quando se avança, se tem problemas.


AAB: Só a um iniciado muito elevado é permitido permanecer como São Paulo, que disse: «Tendo feito tudo, permaneço». Esta etapa da vida, de alcançar o ponto em que se pode dizer: «Fiz tudo», é muito avançada. A técnica de permanecer, que é uma técnica espiritual, é algo que nenhum de nós tem direito de usar neste momento da história humana. O que se requer de nós é o avanço energético. Estas regras não se destinam a pessoas que ainda estão vivendo como Almas, mas para pessoas que vivem como possíveis iniciados.


FP: Permanecer não é uma questão de ritmo? A pessoa permanece, recapitula o que fez e depois avança novamente. Sempre haverá o ritmo entre movimento e permanência, mas o problema é que permanecemos demasiado. Parece que há encarnações, encarnações culminantes, e nelas se permanece.


AAB: A Hierarquia agora está permanecendo, e esse é seu dever neste momento. Detiveram seu próprio avanço; tendo feito tudo, eles permanecem. É para que possamos avançar. Nós mesmos somos o solo ardente. Creio que uma das coisas mais importantes, e gostaria que vocês pensassem nisso, é que o discípulo tem que ser dono de si mesmo. Na realidade não são donos de si mesmos porque são influenciados pelo que as pessoas dizem pelo que leem nos jornais, pela atitude dos amigos, seu ambiente cultural e suas tradições e pelas passadas tendências de vida. Não são donos de si mesmos porque, se realmente fossem, poderiam, se se sentassem e pensassem do ponto de vista da Alma, inverter completamente o que pensam atualmente.


RK: Creio que é extremamente importante e significativo que esse ser dono de si mesmo esteja implícito no que diz a Gita: «Sou o não-nascido» e isso sempre significa que não sou conduzido, não sou carregado, sou vida autodeterminada.


AAB: Nunca tive ideia do que significa ser dona de mim mesma até a uns cinco anos quando estive muito doente. Eu me levantei da cama para pegar algo e perdi a consciência até a noite. Quando voltei a ter consciência, me dei conta de repente de que não era dona de mim mesma, e me disse que nunca mais. Sou dona de mim mesma. Não farei algo que me despoje de mim mesma. Embora, claro, seja uma coisa diferente no caso de doença.

Por outro lado, significa que vocês estão sempre no trabalho, e não vão deixar que algo interfira nisso de ser dono de si mesmo, porque só em plena posse das próprias faculdades são capazes de servir adequadamente. Creio que isto é algo sobre o que têm que pensar. É um aspecto da vontade, a vontade de ser, o primeiro aspecto. Não sei muito sobre isso, mas é algo sobre o que venho pensando.

Este assunto da vontade que está emergindo é muito interessante. Creio que é o próximo passo para os discípulos. Teremos que desenvolver isso em alguma medida no Quarto Grau, à medida que o tempo vai passando. Um Mestre é dono de si mesmo e, no entanto, nada possui e, não possuindo nada, tudo possui.

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