Focalizando a Vontade Elétrica Divina

“O que é a VONTADE? A “ciência exata” pode dizê-lo? Qual é a natureza desse algo inteligente, intangível e poderoso que reina soberanamente sobre toda matéria inerte? A grande Ideia Universal desejou, e o Cosmos veio à existência. Eu quero, e meus membros obedecem.” (1) Helena Blavatsky

Caro amigo:

Em Ísis sem Véu, Helena Blavatsky escreve sobre um asceta sufi que, segundo suas palavras, "tornou-se purificado a tal ponto onde o Espírito quase completamente livre de sua prisão, podia fazer verdadeiras maravilhas. Sua vontade e mesmo seu mero desejo eram uma força criadora capaz de governar os elementos e as forças da natureza. O corpo não era mais para ele um impedimento para falar de "espírito para espírito" e respirar de "vida para vida". Apenas estendendo as mãos, ele instantaneamente germinou uma semente, da qual brotou uma planta que se enraizou na terra... Foi um milagre? De jeito nenhum... O Faquir, vindo em auxílio da natureza com sua vontade poderosa e espírito purificado do contato com a matéria, condensa, por assim dizer, a essência vital da planta em seu germe, forçado a amadurecer prematuramente. Este princípio de vida é uma força cega e submissa à sua vontade, e obedece-lhe servilmente...". (2)

Madame Blavatsky descreveu “Vontade” como o “único princípio do MOVIMENTO abstrato e eterno, ou sua essência animadora... “A vontade cria”, disse ela, “porque a vontade em movimento é força, e a força produz a matéria”. (3) Estas palavras profundas não só desmistificam alguns dos fenômenos mágicos relatados na religião e no mito, mas sim eles também apontam para a ciência do futuro. Assim como o mundo de hoje teria parecido um lugar mágico para nossos ancestrais distantes, é assim também que o mundo dos séculos vindouros nos aparecerá. Definitivamente, a humanidade descobrirá mais segredos da natureza que permitirão mudanças surpreendentes na qualidade e estrutura do planeta. Nesse momento, a humanidade não mais buscará explorar a Natureza, mas contribuirá para isso, em harmonia com a energia da Vontade divina que vibra em todo o cosmos. O potencial para tal transformação está em cada um de nós, que é eloquentemente descrito no mantra intitulado "A Afirmação do Discípulo":

Sou um ponto de luz dentro de uma Luz maior.
Sou um fio de energia amorosa na corrente do Amor divino.
Sou um ponto de Fogo sacrificial focalizado na ardente Vontade de Deus.

Essas palavras afirmam que o indivíduo faz parte de uma corrente de energia universal de Vontade, elétrica por essência, que leva o amor a todas as partes do sistema e ilumina (em maior ou menor grau) cada unidade de consciência pela qual passa. A ciência está próxima a descobrir novas leis elétricas da natureza que ajudarão a humanidade para entender isso em termos da vontade elétrica da Divindade. Por exemplo, alguns pensadores intuitivos estão apontando que filamentos recém-descobertos ligando galáxias em uma enorme rede nos céus se parecem com o sistema nervoso de um grande Ser. E como as constantes descobertas científicas revelam mais evidências disso, a filosofia considerará as implicações em termos de propósito e significado humano; de fato, os escritos de Alice Bailey preveem que as atuais escolas filosóficas acabarão sendo substituídas por "aqueles que são prática e verdadeiramente cosmólogos... Os estudantes de filosofia tentarão ligar simultaneamente as escolas [científicas e religiosas] de pensamento, revelando a adaptação inteligente de fenômenos e dispositivos elétricos chamados matéria... para o propósito vital de um Ser cósmico.” (4)

É verdade que esta visão inspiradora pode parecer remota considerando levar em conta a atual divisão entre ciência e religião. Porém, uma descoberta iminente que irá avançar este estado de coisas é o fenômeno da “transmutação biológica”. A evidência sugere que no metabolismo dos organismos vivos, os elementos químicos deles, podem ser transmutados em outros elementos. Apesar de uma longa história de experimentos que demonstram esse fenômeno, a teoria científica atual sustenta que a criação e transmutação de elementos só podem acontecer em temperaturas colossais e pressões que se acredita serem geradas no núcleo das estrelas. Na verdade, físicos nucleares de todo o mundo estão colaborando para emular tal processo através da construção de enormes reatores de fusão nuclear como JET e ITER. O objetivo desses reatores é forçar a união dos núcleos dos átomos e liberar enormes quantidades de energia atômica com este processo para satisfazer as necessidades energéticas das civilizações modernas. Em contraste com isso, um pequeno número de pensadores científicos acredita que as reações de fusão nuclear de baixa energia ocorrem silenciosamente através dos processos metabólicos de todos os seres vivos.

Se a transmutação biológica puder ser comprovada, isso apoiaria a visão que o universo está vivo e consciente: suas forças de construção constantemente criam e transmutam a matéria de acordo com alguns propósito majestoso. Tal entendimento também poderia oferecer a pensadores religiosos novas perspectivas sobre o tema da redenção: como e por que a jornada da alma em direção ao Divino requer constante refinamento de sua forma de expressão. Aqui vemos perspectivas de colaboração entre ciência e religião no processo redentor; enquanto a nova religião mundial estará preocupada com a invocação e evocação das qualidades energéticas que estimulam o crescimento da consciência humana em direção ao Divino, a nova ciência estará preocupada com a transmutação das formas em que isso ocorre.

Isso está descrito no livro Discipulado na Nova Era, onde lemos:

“...Eles [o grupo semente de cientistas] revelarão...[que]... relacionará a ciência e a religião, e trará à luz a glória de Deus por meio de Seu mundo tangível e Suas obras. Têm uma função muito interessante, mas que não será evidente por um longo período de tempo – não até que as forças de construção do universo sejam melhor compreendidas. Isto irá coincidir com o desenvolvimento da visão etérica. Este grupo irá funcionar como um canal de comunicação ou intermediário entre as energias que constituem
as forças que constroem as formas e elaboram a vestidura externa da Divindade e dos espíritos humanos.” (5)

Embora o desenvolvimento da visão etérica mencionado nesta passagem pode ocorrer mais tarde no tempo, para aqueles que desenvolvem uma compreensão esotérica da forma como o universo evolui, está claro que um fator chave para cooperar com a Vontade Divina é a “visão”. Isso é indicado pela ideia de FOCO na Afirmação do Discípulo: “Sou um ponto de Fogo sacrificial focalizado na ardente Vontade de Deus.” A abordagem diz respeito à visão interna e à transmissão externa através do Olho de Shiva que tudo vê. Através do despertar deste “terceiro olho” a verdadeira visão interna torna-se possível. Através deste olho, o iniciado olha para dentro para contemplar o Plano Divino, e então, olhando para fora, direciona a energia da Vontade para guiar as atividades das vidas dos devas que são os agentes de construção no planeta. Através deste olho, as estruturas de pensamento são direcionadas ao seu caminho de serviço previsto; e através deste olho, são transmitidas correntes de energia específicas para auxiliar e estimular o trabalho do Novo Grupo de Servidores do Mundo.

O Olho de Shiva está começando a despertar em todos os que praticam a meditação porque, assim como o olho físico foi formado em resposta ao impacto dos raios do Sol, da mesma forma este olho é despertado pela luz estimulante da Alma. O olho de Shiva forma um triângulo de força com os dois olhos físicos através dos quais as energias do Plano podem ser conscientemente dirigidas pelo esoterista treinado. Neste sentido, é encorajador saber que a ciência confirmou a crença de Platão de que os olhos físicos transmitem a luz e a recebem. Nas palavras do astrofísico Michael Clarage:

“A vida emite luz... Temos luz saindo de nossos olhos... Agora temos a prova de que nossos olhos emitem luz. Para um físico, essa sempre foi uma possibilidade óbvia, pois todos os receptores também são transmissores. Uma antena de rádio pode enviar um sinal ou receber o mesmo sinal, ela tem que funcionar nos dois sentidos... Quando as correntes elétricas mudam, a luz é produzida. Quando a luz é absorvida, as correntes elétricas mudam. A luz e as correntes elétricas são dois lados da mesma moeda. Temos dentro de nós nossas antenas [DNA] cujo comprimento combinado é exatamente do tamanho certo para ressoar com todo o corpo do sol, os planetas, todos os cometas, mesmo fora da heliopausa. Quem teria imaginado tal coisa? Que havia uma conexão entre a vida de uma pessoa e todo o sistema solar? Se algum de nós pode receber conscientemente esses sinais ou transmiti-los intencionalmente para todo o sistema solar é uma boa pergunta. Atrevo-me a dizer que é uma questão muito importante.” (6)

Michael Clarage continua descrevendo um experimento no qual alguém é colocado em um quarto escuro. Um detector de fótons é colocado contra a área do córtex visual e uma leitura de linha de base é feita. Se você pede à pessoa para imaginar uma luz brilhante, a contagem de fótons é disparada imediatamente. “Seu cérebro”, diz ele, “emite mais luz quando imagina a luz!” Juntando tudo isso, temos a base científica para todo o trabalho esotérico. Na meditação, a luz se acumula na consciência, luz que pode ser esculpida pela imaginação e transmitida ao mundo numa corrente de Vontade elétrica divina.

Como afirmou o químico e fisiologista Jan Baptist van Helmont: “A vontade é o primeiro de todos os poderes... A vontade é propriedade de todos os seres espirituais e se mostra neles tanto mais ativamente quanto mais livres eles estão da matéria.” À medida que avançamos em direção aos três festivais espirituais, a luz que entra se intensifica e a oportunidade aumenta; portanto, que possamos todos renovar nossos esforços para superar o desejo pessoal e, com um compromisso renovado, trabalhemos de acordo com a grande verdade esotérica: O olho dirige, a vontade flui, a matéria obedece.

No companheirismo do Trabalho Uno,
Lucis Trust

___________

1 - H. P. Blavatsky, Isis Unveiled, Volume I, p.144
2 - Idem, pp.139 –140
3 - https://theosophy.wiki/en/Will
4 - A. A. Bailey, Um Tratado sobre Magia Branca, p.339 e Um Tratado sobre o Fogo Cósmico, p.430
5 - A. A. Bailey, Discipulado na Nova Era, T. I, p.39
6 - Michael Clarage, A Luz da Vida, https://www.thunderbolts.info/wp/2022/05/14/michael-clarage-the-light-of-life-thunderbolts/

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