O Aspecto Vontade e a Criação e as condições doentias na atualidade
A vontade do Ego para o cérebro físico só pode ser transmitida nas pessoas que (devido ao desenvolvimento evolutivo) já estabeleceram a ligação entre o sutratma e o antahkarana, e cujos três centros físicos da cabeça já estão parcialmente despertos.
Nos demais casos, como o homem comum e o homem pouco evoluído, o propósito afetando o cérebro físico emanou dos níveis astral ou mental inferior, e era mais provavelmente o impulso de algum Senhor lunar, ainda que de uma ordem elevada, do que a divina vontade do Anjo solar, que é o verdadeiro homem.
a. A condição do Mago.
É importante lembrar que, quando os centros físicos da cabeça estão despertos (devido ao alinhamento dos centros etéricos), temos os aspectos mais inferiores da influência egoica. A partir destes três centros, o homem no Caminho Probacionário e até a terceira Iniciação, dirige e controla seu envoltório, e deles difunde essa iluminação que se irradiará na vida do plano físico. Quando a terceira Iniciação é alcançada, o triângulo interno encontra-se em pleno processo de transmissão circulatória, e a vida toda da Personalidade encontra-se submetida à vontade do Ego. “A Estrela absorve a luz da Lua, para que os raios do Sol possam refletir-se” é o modo ocultista de expressar a verdade relativamente a este ponto na evolução. É importante também indicar aqui a condição dos centros etéricos durante este processo de controle solar direto.
Antes do despertar dos três centros físicos da cabeça, o homem encontra-se grandemente sujeito à força que flui através dos quatro centros etéricos menores; posteriormente, os três centros principais – o coronário, o cardíaco, e o laríngeo - começam a vibrar, ampliando gradualmente sua atividade, até que sua energia tenda a anular a dos centros inferiores, a absorver sua vitalidade e a desviar sua direção, até que as três rodas superiores estejam em plena atividade quadrimensional. Enquanto isto tem lugar, os três centros físicos da cabeça começam a despertar de sua letargia e a entrar em atividade, com os efeitos seguintes:
a. Quando o principal centro da cabeça desperta, a glândula pineal começa a funcionar.
b. Quando o centro do coração se torna plenamente ativo, o corpo pituitário entra em atividade.
c. Quando o centro da garganta assume seu correto lugar no processo da evolução, o centro alta maior vibra adequadamente.
Quando o triângulo de força formado por esses três centros físicos se encontra em atividade circulatória pode ver-se também em atividade circulatória o triângulo maior; ele então converte-se numa “roda girando sobre si mesma.” Os centros etéricos principais estão em pleno funcionamento, e o homem está aproximando-se do momento da liberação.
No trabalho de criação, quando ocultamente realizado, estes três centros físicos têm de ser utilizados, e se estudarmos o assunto, torna-se evidente a necessidade de abordá-los nesta ordem.
Por meio da glândula pineal, o órgão da percepção espiritual, o homem comprova a vontade e propósito do Ego, e a partir dali extrai dos níveis superiores a necessária energia, via o centro da cabeça e o sutratma.
Por meio do corpo pituitário, o segundo elemento do desejo ou a energia construtora da forma, fica disponível, e sob a lei de atração, ele pode modelar a substância dévica e com ela construir as formas.
Quando o centro alta maior, a síntese daquilo que podemos chamar energia nervosa, está desperto, torna-se possível para o homem, então, materializar e ativar a desejada forma que, por meio da energia atrativa, ele está construindo.
Assim, ficará evidente porque razão tão poucas pessoas jamais constroem pensamentos-forma que sejam de duradouro e construtivo benefício para a humanidade, e também a razão porque os Grandes Seres (ao trabalhar por intermédio de Seus discípulos) são forçados a trabalhar com grupos, sendo raramente capazes de encontrar um homem ou uma mulher cujos três centros físicos da cabeça estejam simultaneamente ativos. Frequentemente têm de trabalhar com grandes grupos antes de conseguir obter a energia necessária para a realização de Seus fins.
Será óbvio, também, que o poder do discípulo para servir a humanidade depende grandemente de três coisas:
a. O estado de seus corpos e de seu alinhamento egoico.
b. A condição da atividade dos centros físicos da cabeça.
c. A ação circulatória da transmissão triangular de força.
Esses fatores, por sua vez, dependem uns dos outros, entre os quais podemos enumerar:
1. A habilidade do discípulo para meditar.
2. A capacidade que ele demonstra para captar com precisão nos níveis mais sutis dos planos e propósitos de que o Ego é conhecedor.
3. A pureza de seus motivos.
4. Seu poder de “manter o estado meditativo”, e enquanto se mantém nesse estado, começar a construir a forma para a sua ideia, e assim materializar o plano de seu Ego.
5. A quantidade de energia que ele for capaz de lançar depois sobre o seu pensamento-forma, prolongando assim o período de sua existência, ou seu pequeno “dia de Brahma.”
Por sua vez, estes fatores subsidiários dependem de:
a. Do lugar que o homem ocupa na escada da evolução.
b. Da condição de seus corpos.
c. De sua condição cármica.
d. Da tenuidade da teia etérica.
e. Da qualidade de seu corpo físico e seu relativo refinamento.
É necessário advertir o estudante para que não se prenda a regras rígidas a respeito da sequência do desenvolvimento dos centros físicos da cabeça ou da vitalização dos centros de força. Este processo depende de vários fatores, como por exemplo, o raio da Mônada e a natureza do desenvolvimento alcançado em encarnações passadas. A Natureza, em todos os departamentos de sua vida corporativa, equipara seus esforços e sobrepõe seus vários processos uns sobre os outros, de modo que é preciso ser um vidente de grande sabedoria e vasta experiência para dizer, com exatidão, em que etapa qualquer unidade da família humana possa estar. Aquele que é sábio sempre se abstém de afirmar alguma coisa até ter dela o conhecimento correto.
Vamos agora considerar
b. A construção, vitalização e atuação do pensamento-forma.
Uma vez tenha o Ego conseguido uma condição de receptividade, ou de reconhecimento no cérebro físico do homem, e obtido dele a necessária resposta, começa então o processo de construção.
Este processo de resposta no plano físico está baseado - como tudo mais na natureza - na relação existente entre os opostos polares. Os centros físicos são receptivos à influência positiva dos centros de força. Nas etapas evolutivas iniciais, o cérebro físico responde à influência positiva da natureza inferior, ou seja, às reações da substância dos invólucros, a impressão dos Senhores lunares. Nas etapas posteriores, responde à influência positiva do Ego, ou à impressão do Senhor solar.
Como é evidente, este processo de construção divide-se em três partes, que se sobrepõem umas às outras, o que as faz assumir uma aparência de simultaneidade. Quando o processo é inconsciente (que é o caso da maioria da família humana) isto é, produzido por ação reflexa e largamente baseada na satisfação do desejo, tudo se processa com grande rapidez e conduz a rápidos resultados, que podem ser efetivos ou não, dependendo da habilidade do homem para vitalizar e, manter em forma coesa sua ideia. A maioria dos pensamentos-forma criados pelo homem comum é apenas relativamente efetiva, dentro de grandes limitações, e têm um restrito raio de ação.
Quando o homem está aprendendo conscientemente a criar - o que ele faz através da organização do pensamento, concentração e meditação - ele procede mais vagarosamente, porque há duas coisas básicas a realizar antes que o processo criativo possa ser levado a cabo:
a. Estabelecer contato ou comunicar-se com o Ego ou Anjo solar.
b. Estudar o processo de criação e adaptá-lo passo a passo à lei natural da evolução.
O que está dito acima nada mais é do que outra maneira de definir meditação e seu objetivo.
Mais tarde, quando um homem é um perito em meditação, o trabalho de criação do pensamento realiza-se com rapidez sempre crescente, até que ele ultrapassa - numa volta superior da espiral - a atividade do período inconsciente anterior.
Portanto, começando com o reconhecimento, pelo cérebro físico, do propósito egoico, o homem passa a construir a forma para a sua ideia. Começa primeiro a organizar o material requerido no plano mental. É neste plano que o impulso toma para si sua forma primária. No plano do desejo ou plano astral, tem lugar por mais tempo o processo de vitalização, pois a duração da vida de qualquer pensamento-forma depende da persistência e da força do desejo.
Nos níveis etéricos do plano físico, tem lugar o processo de concreção física; quando o veículo físico assume as necessárias proporções, o pensamento-forma separa-se daquele que lhe deu a forma. Qualquer ideia suficientemente forte, inevitavelmente se materializará, na matéria física densa, porém, o principal trabalho de seu criador cessa depois que ele trabalhou com ela nos níveis mental, astral e etérico. A resposta do físico denso é automática e inevitável. Algumas das grandes, importantes ideias que têm surgido na consciência dos Guias da raça, somente alcançam plena manifestação por meio de numerosos agentes, e dos dinâmicos impulsos de muitas mentes. Quando este é o caso, uns poucos trabalham conscientemente para produzir a forma necessária; muitos mais são levados à atividade e emprestam sua ajuda por meio da própria negatividade de sua natureza; são “forçados” a interessar-se mesmo que não queiram, e se “juntam ao movimento”, não através de qualquer apreensão mental ou “desejo vital”, mas porque é o que devem fazer. Podemos ver aqui um exemplo da habilidade dos Grandes Seres para lançar mão de condições de aparente inércia e negatividade (devido ao pequeno desenvolvimento) e conseguir bons resultados.
Aqui só trataremos do homem que está aprendendo conscientemente a construir, e não trataremos do processo seguido pelo adepto, ou das caóticas tentativas dos homens pouco evoluídos. Tendo captado a ideia, e discriminado cuidadosamente o motivo subjacente a ela, avaliando seus propósitos utilitários, e seu valor para o grupo a serviço da humanidade, o homem tem certas coisas a fazer que - para torná-las claras - podemos resumir como se segue:
Primeiro que tudo, o homem tem que reter a ideia por um período de tempo suficiente para que ela possa ser facilmente registrada no cérebro físico. Frequentemente o Ego, “enviará” ao cérebro um conceito, um detalhe do plano, mas terá que repetir o processo continuamente por um longo período antes que a resposta física seja de molde a assegurar ao Anjo solar ter sido ela inteligentemente captada e registrada. Será desnecessário dizer que o processo é grandemente facilitado quando a “sombra”, ou o homem, pratica a meditação regularmente, e se todos os dias e a cada hora cultiva o hábito de recordar-se do Eu superior, e antes de dormir esforça-se para “reter a ideia” de que ao despertar se lembrará o mais possível de qualquer impressão egoica que tenha recebido. Quando a reação entre os dois fatores, o Ego e o cérebro físico receptivo, está estabelecida, a interação torna-se recíproca, os dois entram em sintonia, e começa então a segunda etapa: a concepção da ideia.
Segue-se um período de gestação, dividido em várias etapas. O homem remove a ideia; pondera sobre ela pondo em atividade a matéria mental, atraindo para o seu pensamento germinal o material necessário para revesti-lo. Ele imagina o contorno do pensamento-forma, dá-lhe cor e junta-lhe detalhes. Vê-se aqui o imenso valor da verdadeira imaginação e seu uso científico ordenado. A imaginação é de origem kama-manásica, não é só desejo ou apenas mente; é um produto exclusivamente humano, sendo substituído pela intuição no homem aperfeiçoado, e nas Inteligências superiores da Natureza.
Quando a sua vontade, ou o impulso inicial é suficientemente forte, e quando a imaginação, ou o poder de visualização é adequadamente vívido, entra-se no período de gestação e tem início a vitalização pelo desejo. A interação do impulso mental e do desejo produz o que podemos chamar uma pulsação na forma organizadora da ideia, e adquire vida.
Embora se mostre ainda nebulosa e muito tênue, veem-se sinais de organização, e o contorno de sua forma. É preciso que os estudantes se lembrem que todo este processo está sendo realizado no cérebro, existindo assim uma definida correspondência com o trabalho dos nove Sephiroth:
Os três primeiros correspondem ao impulso egoico.
O segundo grupo de Sephiroth tem sua analogia no trabalho empreendido na etapa correspondente a esta da qual estamos tratando, isto é, do impulso mente-desejo, emanando conscientemente do cérebro do homem.
O trabalho dos três últimos termina quando o pensamento-forma, tendo sido revestido de matéria mental e astral, passa à objetividade no plano físico.
Uma etapa posterior no período de gestação tem lugar, quando o pensamento-forma revestido de matéria mental e tendo sido vitalizado pelo desejo, toma para si uma camada de substância da matéria astral, o que consequentemente a torna capaz de funcionar tanto no plano astral, quanto no mental. Agora seu crescimento é rápido. É preciso ter em mente que o processo de construção na matéria mental prossegue simultaneamente, e que o desenvolvimento agora é duplo. Aqui, o construtor consciente precisa ter cuidado para manter o equilíbrio e não permitir que a imaginação assuma proporções indevidas. Os elementos manásico e kâmico precisam estar equitativamente proporcionados, pois caso contrário, teremos essa manifestação tão comum de uma ideia erroneamente concebida e alimentada, incapaz portanto de desempenhar o seu justo papel no plano evolutivo, sendo apenas uma grotesca distorção.
A ideia está agora chegando a uma etapa crítica, e precisa estar pronta para apropriar-se da matéria física e tomar para si mesmo uma forma etérica. Quando nos níveis etéricos, a ideia recebe aquele impulso final que a conduzirá ao que podemos qualificar como sua “atuação”, ou sua recepção daquele impulso motivador que a levará a dissociar-se do seu originador, e a assumir
1. Uma forma densa.
2. Uma existência separada.
É preciso lembrar que o pensamento-forma já deixou o plano mental, já se apropriou de um invólucro astral, e está também reunindo para si um corpo de matéria etérica. Quando esta etapa é alcançada, a vitalização acelera-se, e a hora de sua existência separada aproxima-se. Esta vitalização é conscientemente realizada pelo homem, o qual - de acordo com o intento original, ou impulso inicial - dirige algum tipo de energia para o pensamento-forma. Esta energia emana de um ou outro dos três centros superiores, de acordo com a qualidade da ideia corporificada e será vista fluindo desse determinado centro em direção à ideia que rapidamente se torna objetiva. É preciso não esquecer que estamos considerando o pensamento-forma de um construtor consciente. Os pensamentos-forma da maioria dos seres humanos não são energizados por fonte tão elevada; seu impulso ativador parte do plexo solar ou dos órgãos de procriação, que são ainda mais inferiores.
Esta constante corrente de energia emocional ou energia sexual é responsável pelas caóticas condições atuais, pois na interação entre as duas, o equilíbrio não é preservado, e consequentemente, as miríades de pensamentos-forma de ordem e vibração inferior são produzidas e estão criando uma condição tal que exigirá todos os esforços dos trabalhadores mentais para anular esses efeitos, contrabalançá-los e transmutá-los. Essas formas, que dificilmente merecem o prefixo “pensamento”, uma vez que são basicamente kâmicas com uma mistura de matéria mental de grau inferior, são responsáveis pelo pesado nevoeiro que envolve a família humana, e que produz grande parte do mal atual, da criminalidade e da letargia mental. Como sabemos, a grande maioria está polarizada no corpo astral, e os centros inferiores são os mais ativos; quando somamos a isto, uma atmosfera ou ambiente de pensamentos-forma de baixa vibração, e vitalizados pelas formas mais grosseiras de energia astral, torna-se evidente quão estupenda é a tarefa de erguer a humanidade para uma atmosfera melhor, mais clara e mais pura, e quão fácil é para os aspectos e apetites inferiores florescerem e crescerem.
À medida que a vitalização prossegue e a energia de um ou outro centro flui para o pensamento-forma, o construtor consciente começa a expandir esta influência visando afastá-la dele próprio para que ela execute sua missão, seja ela qual for, para torná-la ocultamente “radiante”, de modo que suas vibrações se façam sentir até se tornarem, por fim, magnéticas, para que algo no pensamento-forma obtenha resposta de outros pensamentos-forma ou das mentes com as quais ele possa entrar em contato.
Tendo alcançado esses três objetivos, a própria vida da forma é agora tão forte que pode seguir seu próprio pequeno ciclo de vida e executar seu trabalho, permanecendo somente ligada ao seu criador por um pequeno fio de substância radiante, correspondente ao sutratma. Todas as formas possuem um sutratma. Ele vincula os corpos do homem à Identidade interna, ou àquela corrente magnética que, emanando da verdadeira Identidade - o Logos Solar - estabelece a conexão entre o Criador do sistema solar com Seu grande pensamento-forma por uma corrente de energia emanando do Sol Espiritual Central para um ponto no centro do Sol físico.
Enquanto a atenção do criador de qualquer pensamento-forma, grande ou pequeno, estiver voltada para ele, esse elo magnético persiste, o pensamento-forma é vitalizado, e seu trabalho continua. Quando o trabalho está terminado, qualquer criador consciente ou inconscientemente volta sua atenção para outra coisa, e seu pensamento-forma se desintegra.
Encontramos aqui o significado ocultista de todos os processos envolvendo a visão. Enquanto o Criador não afasta Seu olhar daquilo que foi criado, Sua criação persistirá; porém, retire o Criador “a luz de Sua face” e seguir-se-á a morte dos pensamentos-formas, porque a vitalidade ou energia segue a linha do olho. Portanto, quando em meditação, o homem considera seu trabalho e constrói seus pensamentos-forma para servir, ocultamente ele está olhando e, consequentemente, energizando; ele está começando a usar o terceiro olho, em seu aspecto secundário. O terceiro olho ou olho espiritual tem várias funções. Entre outras, ele é o órgão da iluminação, o olho desvelado da alma, através do qual a luz e a iluminação penetram a mente, e assim toda a vida inferior é irradiada. É também o órgão através do qual flui a energia direcionadora que parte do adepto consciente e criador para os instrumentos de serviço, seus pensamentos-forma.
É claro que as pessoas pouco evoluídas não usam o terceiro olho para estimular seus pensamentos-forma. Na maioria dos casos, a energia usada origina-se no plexo solar, e trabalha em duas direções: via os órgãos de procriação ou através dos olhos físicos. Em muitas pessoas estes três pontos - os órgãos inferiores, e plexo solar, e os olhos físicos - formam um triângulo de força, ao redor do qual a corrente de energia flui antes de se dirigir ao pensamento-forma objetivado. Nos aspirantes, e no homem intelectual, o triângulo pode ser do plexo solar, para o centro da garganta, e daí para os olhos. Mais tarde, quando o aspirante cresce em conhecimento e pureza de motivo, o triângulo terá como ponto inferior o coração, em lugar do plexo solar, e o terceiro olho começará a realizar seu trabalho, embora ainda do modo muito imperfeito.
Enquanto o “Olho” estiver dirigido para a forma criada, a corrente de força lhe será transmitida, e quanto mais concentrado o homem se mantenha, mais centralizada e eficaz será esta energia. Grande parte da ineficácia das pessoas deve-se ao fato de que seus interesses não são centralizados; ao contrário, são muito difusos, e nada prende sua atenção. Dissipam sua energia na tentativa de satisfazer todo desejo que cruza seu caminho. Por isso, pensamento algum que essas pessoas pensam jamais assume uma forma apropriada, ou é jamais devidamente energizada. Em consequência, essas pessoas estão rodeadas por uma densa nuvem de pensamentos-forma semiformados em desintegração, e nuvens de matéria parcialmente energizada em processo de dissolução. Isto produz, ocultamente, uma condição similar à decomposição de uma forma física, sendo igualmente desagradável e enfermiço. Responde em grande parte pelas condições doentias da família humana na atualidade.
Uma das razões da ineficácia na criação do pensamento-forma é que as leis do pensamento não são ensinadas, e que os homens não sabem como criar - por meio da meditação - esses filhos de sua atividade para levar a cabo seu trabalho. No plano físico, obtemos resultados mais rapidamente, por intermédio da criação mental científica que emprega diretamente os meios do plano físico. Isto está sendo melhor compreendido, porém até que a raça alcance um ponto maior de pureza e altruísmo, será impossível darmos explicações mais detalhadas.
Uma outra razão para a ineficácia das criações mentais é que as correntes que emanam da maioria das pessoas são de ordem tão inferior que os pensamentos-forma jamais alcançam o ponto de ação independente, exceto por meio do trabalho grupal acumulativo. Até que a matéria dos três subplanos superiores dos planos astral e físico encontre seu lugar no pensamento-forma, este terá que ser energizado principalmente pela energia da massa, do povo. Quando a substância superior começar a entrar na composição da forma, então nós a veremos atuando de modo independente, uma vez que o Ego individual do homem em questão pode começar a trabalhar através da matéria - algo antes impossível. O Ego não pode trabalhar livremente na personalidade até que, em seus corpos, se encontre matéria do terceiro subplano; também aqui se aplica a analogia.
Uma vez que o pensamento-forma tenha sido vitalizado e sua forma etérica completada ou “selada”, como é chamada, ele pode adquirir a forma física densa, se assim desejar. Isto não significa que os pensamentos-forma de todos os homens tomem substância densa no etérico, mas sim que eles eventualmente se converterão em uma atividade no plano físico. Um homem, por exemplo, está tendo um pensamento bondoso; ele o constrói e o vitaliza e, para o clarividente que se encontra próximo ao homem, esse pensamento existe em matéria etérica e é algo objetivo, que portanto encontrará expressão seja por um ato de bondade ou uma carícia física. Realizado o ato, ou consumada a carícia, o interesse do homem por essa forma mental particular desaparece e, por conseguinte, a forma morre. O mesmo ocorre com um crime - o pensamento-forma foi construído e inevitavelmente encontrará sua expressão física em alguma ação positiva ou negativa. Qualquer tipo de ação é o resultado:
a. De pensamentos-forma construídos consciente ou inconscientemente.
b. De pensamentos-forma autoiniciados ou o efeito dos pensamentos-forma de outras pessoas.
c. De resposta aos próprios impulsos internos, ou resposta aos impulsos de outras pessoas e, portanto, resposta a pensamentos-forma grupais.
Torna-se evidente a importância desta matéria, e a necessidade de perceber até que ponto homens e mulheres são influenciados pelos seus próprios pensamentos, assim como pelas criações mentais dos demais seres humanos.
c. O significado oculto da fala.
Já o Antigo Testamento dizia: “Na multidão de palavras não falta transgressão (ou pecado), mas aquele que modera os seus lábios é prudente”. Ainda na torrente de palavras nesta etapa da evolução humana, muitas são proferidas sem qualquer propósito, ou por motivos que, quando analisados, mostram-se baseados exclusivamente na personalidade. Quanto maior é o progresso feito ao longo do caminho de aproximação aos mistérios, maior é o cuidado que o aspirante precisa ter, e isto devido a três razões:
Primeiro; devido à sua etapa na evolução, suas palavras têm um poder de execução que o surpreenderiam, caso ele possuísse a visão mental. Ele constrói com maior exatidão do que o homem comum; consequentemente seu pensamento-forma é mais fortemente vitalizado, e realiza com maior precisão a função para a qual foi enviado pelo “Som”, ou fala.
Segundo: qualquer palavra falada, e consequentemente, qualquer pensamento-forma construído (exceto no Caminho superior, e não baseado em impulsos da personalidade) pode erguer uma barreira de matéria mental entre o homem e sua meta. Esta matéria de separação terá de ser dissipada, ou seja, eliminada, antes que novo avanço possa ser alcançado. Este processo é cármico e inevitável.
Terceiro: a fala é essencialmente um meio de comunicação nos níveis físicos; nos níveis mais sutis, onde se encontra o trabalhador, e nas comunicações com seus companheiros de trabalho e colaboradores escolhidos, a fala terá um papel cada vez menor. O intercâmbio entre aspirantes e discípulos será caracterizado pela percepção intuitiva e a interação telepática, e quando isto for acompanhado de confiança plena, capacidade de partilhar e compreender o estado de espírito dos outros, e esforço unido para realizar o plano, teremos então uma formação onde o Mestre pode trabalhar, e através da qual Ele pode derramar Sua força. O Mestre trabalha através de grupos grandes ou pequenos, e o trabalho Lhes é facilitado se a interação entre as unidades do grupo for firme e ininterrupta. Uma das mais frequentes causas de dificuldade no trabalho grupal, e consequente suspensão do fluxo de força do Mestre temporariamente, baseia-se no impróprio uso da fala, que é o responsável por um bloqueio temporário no canal do plano mental.
Menciono estes três fatores porque a questão do trabalho grupal é de vital importância e muito se espera dele nestes dias. Se em qualquer organização no plano físico, os Mestres conseguirem formar um núcleo, mesmo que seja de três pessoas que interajam mutuamente (escolho esta palavra deliberadamente) e que desinteressadamente sigam o caminho do serviço, Eles poderão conseguir resultados mais definidos, num espaço de tempo mais curto, de que é possível com um numeroso e ativo grupo de pessoas que, embora possam ser sinceras e diligentes, desconhecem o significado do que seja contar com o outro, e cooperar uns com os outros, além de esquecer de manter a guarda no portão da fala.
Se um homem consegue compreender o significado da fala; se ele aprende como falar e quando falar; se aprende o que lucra com a fala, e o que acontece quando fala, ele já terá percorrido grande parte do caminho da conquista de sua meta. A pessoa que regula sua fala corretamente será aquela que fará o maior progresso, e este fato foi sempre reconhecido por todos os líderes dos movimentos ocultistas. A mais esotérica das ordens, a de Pitágoras em Crotona, e muitas outras escolas esotéricas na Europa e na Ásia, tinham como regra não permitir a neófitos e probacionários, depois de seu ingresso, falar durante dois anos, e só depois desse período lhes era dado o direito de falar, uma vez que haviam aprendido a se manterem reticentes.
Seria valioso aqui se os estudantes compreendessem que todo bom orador está realizando um dos mais ocultos trabalhos. Um bom conferencista, por exemplo, é alguém que está realizando um trabalho análogo, em pequena escala, àquele feito pelo Logos solar. O que fez o Logos? Ele pensou, Ele construiu, Ele vitalizou. Um conferencista, por sua vez, separa, isola, o material com o qual ele vai construir sua conferência, a qual ele irá vitalizar. Da matéria do pensamento do mundo ele extrai a substância que ele, individualmente, procura usar. A seguir, ele copia o trabalho do segundo Logos, dando forma inteligente a essa substância. Ele constrói a forma, e então, quando ela está construída, ele termina desempenhando a parte da primeira Pessoa da Trindade, introduzindo nela seu Espírito, vitalidade e força, de modo a torná-la uma manifestação viva e vibrante. Quando um conferencista ou orador de qualquer gênero pode realizar isso, ele sempre prende a atenção de seus ouvintes, os quais sempre aprenderão com ele; eles reconhecerão aquilo que o pensamento-forma estava destinado a transmitir.
Na vida diária, o estudante faz exatamente o mesmo ao falar, mas o problema surge, porque na sua fala ele constrói algo sem valor e o vitaliza com o tipo errôneo de energia, e a forma em vez de ser vital, construtiva e útil, torna-se uma força destrutiva no mundo. Se estudarmos as várias cosmologias do mundo, veremos que o processo de criação foi realizado por meio do som, palavra ou Verbo. Na Bíblia Cristã encontramos, “No princípio era o Verbo, e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.” Assim, de acordo com o ensinamento cristão, os mundos foram feitos pelo Verbo de Deus.
Nas Escrituras Hindus, encontramos que o Senhor Vishnu, Que representa a segunda Pessoa da Trindade, é chamado “A Voz.” Ele é o grande Cantor Que construiu os mundos e o universo por meio de Sua canção. Ele é o Revelador do pensamento de Deus Que construiu o universo de sistemas solares. Assim como os cristãos falam da grande Palavra, o Verbo de Deus, o Cristo, assim também os hindus falam de Vishnu, o grande Cantor, que cria por meio de Seu cantar.
No plano físico de manifestação, nós somos conhecidos por nosso modo de falar; somos conhecidos pelas coisas que dizemos e pelas coisas que omitimos e assim, somos julgados pela qualidade de nossa conversação. Nós julgamos as pessoas por aquilo que elas dizem, porque suas palavras revelam o tipo de matéria mental com que elas trabalham e a qualidade da energia ou vida que está por trás de suas palavras. Para os vários Logoi solares das vastas constelações que podemos observar quando perscrutamos os céus estrelados, a qualidade do Logos do nosso sistema solar é vista por meio do grande pensamento-forma que Ele construiu pelo poder de Sua Palavra, e que está energizado por Sua particular qualidade do amor. Quando Deus fala, os mundos são criados, e neste tempo presente, Ele continua somente nesse processo. Ele ainda não concluiu o que tem a dizer, e por isso a atual aparente imperfeição. Quando estiver terminada essa grande frase ou sentença divina que ocupa Seu pensamento, teremos um sistema solar perfeito, habitado por existências perfeitas.
Pela palavra, um pensamento é evocado e tornado presente; é extraído da abstração e de uma condição nebulosa, e materializado no plano físico, produzindo assim (se tivermos olhos de ver) algo bastante definido nos níveis etéricos. A manifestação objetiva é produzida, porque “As coisas são aquilo que a Palavra as torna ao lhes dar nomes." A linguagem é literalmente uma grande força mágica, e os adeptos ou magos brancos, pelo conhecimento das forças e do poder do silêncio e da fala, podem produzir efeitos no plano físico. Como bem sabemos, há um ramo de trabalho mágico que consiste na utilização deste conhecimento na forma de Palavras de Poder e de mantras, e fórmulas que põem em movimento as energias ocultas da natureza, e convocam os devas a realizar seu trabalho.
A fala é uma das chaves que abre as portas de comunicação entre os homens e os seres mais sutis. Permite descobrir aquelas entidades que podemos contatar do outro lado do véu. Porém, somente aquele que aprendeu a manter o silêncio e alcançou o conhecimento de quando falar, pode atravessar o véu e estabelecer certos contactos esotéricos. Na Doutrina Secreta, dizem-nos que a magia consiste em dirigirmo-nos aos Deuses em Sua própria língua, portanto, a língua do homem comum não consegue alcançá-Los.
Assim sendo, aqueles que buscam aprender a linguagem oculta, os que anseiam tornar-se conhecedores das palavras que penetrarão os ouvidos daqueles que se encontram do outro lado, e aqueles que procuram utilizar-se de fórmulas e frases que lhes darão poder sobre os Construtores, terão que esquecer o seu antigo uso das palavras e seu modo de falar. Então a nova linguagem será deles, e as novas expressões, palavras, mantrams e fórmulas lhes serão confiadas.
As leis da linguagem são as leis da matéria, e os estudantes podem aplicar as leis que governam a substância do plano físico para o uso das palavras, pois isso diz respeito à manipulação da matéria em outros níveis. A fala é o grande meio pelo qual tornamos aparente a natureza do pequeno sistema que estamos construindo - aquele sistema em que cada unidade humana constitui o sol central, pois, segundo a Lei de Atração, ele atrai para si aquilo que necessita.