DA ERA DE PEIXES À ERA DE AQUÁRIO
A transição da Era de Peixes à Era de Aquário é uma das razões principais da atual agitação mundial.
O fim da Era de Peixes, que trouxe ao ponto de cristalização (e, portanto, de morte) todas aquelas formas através das quais os ideais pisceanos foram moldados. Serviram ao seu fim e realizaram um trabalho grande e necessário. Poderá ser indagado aqui: quais são os maiores ideais pisceanos?
A – A ideia de autoridade. Isto levou à imposição das diferentes formas de paternalismo sobre a raça – paternalismo político, social e religioso. Pode ser tanto o paternalismo benevolente da classe privilegiada para minorar a condição de seus dependentes (e houve muito disso); como o paternalismo das igrejas, das religiões do mundo, expressando-se como autoridade eclesiástica; ou o paternalismo de um processo educacional.
B – A ideia do valor do sofrimento e da dor. No processo de ensinar à raça a imprescindível qualidade do desapego, para que seu desejo e seus planos não mais fossem orientados para a forma vivente, os Guias da raça enfatizaram as virtudes do sofrimento e o valor educativo da dor. Essas virtudes são reais, mas a ênfase foi exagerada pelos orientadores menores da raça, de maneira que a atitude da raça hoje é de sofrida e dolorosa expectativa e uma débil esperança de que alguma recompensa (numa forma geralmente material e cheia de desejo, tal como o céu das várias religiões mundiais) possa acontecer depois da morte e compensar tudo que tenha sido suportado durante a vida. As raças hoje estão embebidas em miséria e numa aquiescência psicológica infeliz, em sofrimento e dor. A clara luz do amor deve varrer tudo isso e a alegria será a nota-chave da vindoura nova era.
C – Ao acima exposto precisa ser associada a ideia de autossacrifício. Esta ideia foi ultimamente transferida do indivíduo e de seu sacrifício para a apresentação grupal. O bem do todo é agora teoricamente considerado de tal suprema importância que o grupo precisa, de boa mente, sacrificar o indivíduo ou grupo de indivíduos. Tais idealistas estão inclinados a esquecer que o único verdadeiro sacrifício é o autoiniciado e de que quando o sacrifício é forçado (imposto, em última análise) a coerção do indivíduo e sua forçada submissão a uma vontade mais forte.
D – A ideia da satisfação do desejo. Acima de tudo, a Era de Peixes foi a era da produção material e da expansão comercial, do vendedor dos produtos da habilidade humana que o público em geral aprendeu a acreditar serem essenciais para a felicidade. A velha simplicidade e os verdadeiros valores foram temporariamente relegados a segundo plano. Foi permitido que isso continuasse sem interrupção por um longo período de tempo porque a Hierarquia Espiritual, em sua Sabedoria, procurava trazer o povo ao ponto de saturação. A situação mundial é indicativa de que a posse e a multiplicação dos bens materiais constituem um empecilho e não são indicação de que a humanidade tenha encontrado a verdadeira rota da felicidade. A lição está sendo aprendida muito rapidamente e a reviravolta em direção à simplicidade está rapidamente ganhando terreno. O espírito do qual o mercantilismo é indicativo está condenado, apesar de não findo ainda. Este espírito de posse e de apropriação agressiva do que é desejado, mostrou-se amplamente inclusivo e caracteriza a atitude das nações e das raças bem como dos indivíduos. A agressão para possuir tem sido a nota-chave de nossa civilização durante os últimos mil e quinhentos anos.
A vinda à manifestação da Era de Aquário deveria prover as bases para um otimismo convicto e profundo; nada pode impedir o efeito – crescente, estabilizante e final – das novas influências vindouras. Isto condicionará inevitavelmente o futuro, determinará o tipo de cultura e civilização, indicará a forma de governo e produzirá um efeito sobre a humanidade, como o fez a Era de Peixes, ou Cristã, ou o período anterior governado por Áries, o Carneiro ou Capricórnio. A Hierarquia seguramente conta com estas firmes influências emergentes, e os discípulos do mundo devem aprender, da mesma maneira, a apoiar-se nelas. A conscientização do relacionamento universal, da integração subjetiva e da unidade vivenciada e provada serão o tom dominante do período à nossa frente.
No estado mundial vindouro, o cidadão como indivíduo – alegre e deliberadamente, em plena consciência de tudo que está fazendo – subordinará sua personalidade ao bem do todo. O crescimento de irmandades e fraternidades organizadas, de partidos e de grupos, dedicados a alguma causa ou ideia, é outra indicação da atividade das forças vindouras. Algo interessante a observar é que são todas mais expressivas de alguma ideia aprendida do que do plano imposto e determinado por alguma pessoa específica. O homem do tipo pisceano é um idealista na linha de desenvolvimento humano. O tipo aquariano tomará dos novos ideais e das ideias emergentes – em atividade grupal – e as materializará. É com este conceito que a educação do futuro trabalhará. O idealismo do tipo pisceano e sua vida no plano físico foram como duas expressões separadas do homem. Eles estavam, com frequência, enormemente separados e poucas vezes unidos e harmonizados. O homem aquariano trará à manifestação grandes ideais, porque o canal de contato entre a alma e o cérebro, através da mente, será firmemente estabelecido através da compreensão correta, e a mente será usada de modo crescente na sua atividade dual – como um penetrador no mundo das ideias e como um iluminador da vida no plano físico. Isto produzirá finalmente uma síntese do esforço humano e uma expressão dos verdadeiros valores e das realidades espirituais, como o mundo jamais viu. Tal é, uma vez mais, a meta da educação do futuro.
Qual a síntese a ser produzida mais tarde? Enumeremos alguns fatores sem complexidades:
1 – A fusão das aspirações espirituais diferenciadas do homem, até agora expressas em muitas religiões mundiais, na nova religião mundial. Esta nova religião tomará a forma de uma abordagem grupal, unificada e consciente, dos valores espirituais mundiais, evocando, por sua vez, ação recíproca Daqueles Que são os cidadãos daquele mundo – a Hierarquia planetária e os grupos filiados.
2 – A fusão de um grande número de homens em vários grupos idealistas. Isto acontecerá em todos os reinos do pensamento humano e eles, por sua vez, serão gradualmente absorvidos numa síntese ainda mais ampla. É preciso chamar a atenção para o fato de que se os vários grupos educacionais encontrados hoje no mundo, em todos os países, fossem arrolados, certas tendências subjacentes e análogas apareceriam: sua larga diversificação, sua fundamentação básica em alguma ideia do aprimoramento humano e sua unidade de propósito. Suas muitas ramificações e grupos subsidiários constituem uma vasta rede interligada por todo mundo, e são indicativas de duas coisas:
A – O firme poder crescente do homem comum para pensar em termos de ideais baseados em certas ideias, que foram postas em evidência por algum grande intuitivo.
B – A gradual elevação da consciência aspiracional do homem por essas ideias, seu reconhecimento do idealismo de seus companheiros e seu treinamento consequente, no espírito de inclusividade.
Esta tendência crescente em direção ao idealismo e à inclusividade é, em última análise, uma tendência ao amor-sabedoria. O fato de estarem os homens, hoje em dia, aplicando mal esses ideais, rebaixando a visão e distorcendo a verdadeira imagem da meta desejada – e prostituindo o antigo sentido de beleza à satisfação do desejo egoísta, não deveria impedir a percepção de que o espírito de idealismo esteja crescendo no mundo e não esteja, como no passado, confinado a uns poucos grupos adiantados ou a um ou dois grandes intuitivos. Isto costuma ser esquecido e gostaria ponderar em suas implicações, e indagar sobre qual será o resultado final desta agora difundida habilidade da mente humana em pensar em termos do Todo maior e não apenas em termos de interesse pessoal, e aplicar fórmulas de filosofia idealista à vida do dia-a-dia. Hoje, o homem tanto faz uma coisa quanto a outra.
O que, portanto, isto indica? Significa uma tendência, na consciência da humanidade, para a fusão do indivíduo com o todo, sem que perca, ao mesmo tempo, seu senso de individualidade. Faça ele parte de um partido político, ou apoie alguma forma de serviço social, ou se una a algum dos muitos grupos ocupados com formas de filosofia esotérica, ou se torne membro de algum ismo ou culto predominante, estará cada vez mais consciente de uma expansão de consciência e um desejo de identificar seus interesses pessoais com os do grupo que tem como seu objetivo básico a materialização de algum ideal. Através deste processo acredita-se que as condições de vida do ser humano melhorem ou alguma necessidade seja satisfeita.
Este processo prossegue em todas as nações e em todas as partes do mundo, e um senso dos grupos educacionais e dos religiosos mundiais (para mencionar apenas duas das muitas categorias possíveis) mostrará o oscilante número de tais corporações ou filiações. Indicará a diferenciação de pensamento e, ao mesmo tempo, substanciará conclusão de que os homens estão se voltando, em toda parte, para a síntese, a fusão, a combinação e a cooperação mútua para certos fins visualizados e específicos. É, para a humanidade, um novo campo de expressão e empreendimento.
Daí os frequentes maus usos das verdades mais novas, a distorção dos valores aceitos e a perversão da verdade para ajustá-la a objetivos e finalidades individuais. Mas, à medida que o homem tateie seu caminho nesse sentido, e à medida que as muitas ideias e as várias ideologias apresentem-lhe alternativas e indiquem os padrões emergentes de vivência e de relacionamento, ele aprenderá pouco a pouco a pensar com mais clareza, a reconhecer os diferenciados aspectos da verdade como expressões da realidade subjetiva básica e – sem abandonar nenhum aspecto da verdade que o tenha libertado, ou ao seu grupo – aprenderá a incluir também a verdade de seu irmão ao lado da sua própria.
(Adaptação de “Educação na Nova Era”, de Alice A. Bailey)