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A Alma: a qualidade da vida


A Alma: a qualidade da vida
Conteúdo 41 a 45

41. A NATUREZA CRIADORA DA ALMA

1. O desenvolvimento da natureza criadora do homem espiritual e consciente... Desenvolve-se por meio do correto uso da mente, com seu poder de intuir ideias, responder aos impactos, interpretar, analisar e construir formas a fim de revelá-las. Assim, a alma do homem cria. Este processo criador pode ser descrito, no que diz respeito às suas etapas, da seguinte maneira:

a. A alma cria seu corpo físico, sua aparência fenomênica, sua forma externa.
b. A alma cria, no tempo e no espaço, de acordo com seus desejos. Assim vem à existência o mundo secundário das coisas fenomênicas, e a nossa civilização moderna é resultado desta atividade criadora da natureza de desejos da alma, limitada pela forma. Reflitam sobre isto.
c. A alma cria diretamente através da mente inferior, daí o surgimento do mundo dos símbolos, que enche nossas vidas unidas de interesse, conceitos, ideias e beleza, mediante a palavra falada e escrita e as artes criativas. É o resultado do pensamento dos pensadores da raça.

O objetivo da verdadeira educação é dirigir de maneira correta esta tendência já desenvolvida. A natureza das ideias, as maneiras de intuí-las e as leis que deveriam reger todo trabalho criador são suas metas e objetivos. (A Educação na Nova Era)

2. Em seu próprio plano, a alma não conhece separação, e o fator síntese rege todas as relações da alma. A alma não somente se ocupa da forma que a visão do seu objetivo pode adotar, como da qualidade e do significado que essa visão vela ou oculta. A alma conhece o Plano, sua forma, seu delineamento, seus métodos e seu objetivo. Pelo uso da imaginação criadora, a alma cria, constrói formas-pensamento no plano mental e dá um caráter objetivo ao desejo no plano astral. Em seguida exterioriza seu pensamento e seus desejos no plano físico mediante a força aplicada e ativada criadoramente pela imaginação do veículo etérico ou vital. Mas como a alma é inteligência animada pelo amor, pode (dentro da síntese alcançada que rege suas atividades) analisar, discriminar e dividir. Do mesmo modo, a alma aspira alcançar aquilo que é ainda maior que si mesma, e penetrar no mundo das ideias divinas ocupando uma posição intermediária entre o mundo da ideação e o mundo das formas. É esta a sua dificuldade e a sua oportunidade. (Psicologia Esotérica Volume II)

3. Muito se fala hoje da Nova Era, da revelação futura, do iminente salto para o reconhecimento intuitivo do que até agora foi confusamente percebido pelos místicos, pelo vedor, pelo poeta inspirado, pelo cientista intuitivo e pelo investigador ocultista, aos quais não interessam os tecnicismos nem as atividades acadêmicas da mente inferior. Mas muitas vezes, ante a grande expectativa, esquece-se de algo. Não é necessário fazer um esforço demasiado árduo nem uma intensa investigação externa, empregando termos que podem ser captados por um ponto de vista limitado e comum. Tudo o que deve ser revelado está dentro e em torno de nós. É a significação de tudo o que está incorporado na forma, o significado por trás da aparência, a realidade velada pelo símbolo, a verdade expressada na substância.

Somente duas coisas permitirão ao homem penetrar neste reino interno de causas e de revelação, e são:

Primeiro, o esforço constante, baseado em um impulso subjetivo para criar as formas que expressarão alguma verdade percebida; mediante o esforço e por seu intermédio, a ênfase muda constantemente do mundo externo aparente para o aspecto interno fenomênico. Por este conduto produz-se um enfoque na consciência que oportunamente se afirma e se afasta da sua atual e intensa exteriorização. Um iniciado é, essencialmente, um indivíduo cujo sentido de percepção se ocupa dos contatos e impactos subjetivos e não se preocupa predominantemente com o mundo das percepções sensórias externas. Este interesse, cultivado no mundo interno de significados, não somente exercerá um pronunciado efeito sobre o buscador espiritual, como também, com o tempo, dará importância, já reconhecida na consciência cerebral da raça, ao mundo de significados como único mundo real para a humanidade...

Segundo, o contínuo esforço por se tornar sensível ao mundo das realidades significativas e, portanto, criar as formas no plano externo que serão a cópia fiel dos impulsos ocultos, o que se efetuará cultivando a imaginação criadora. Até agora, a humanidade pouco sabe sobre esta faculdade, latente em todos os homens. Um clarão de luz irrompe na mente que aspira; um sentimento de esplendor desvelado penetra por um instante através do aspirante, na tensão da espera pela revelação; a súbita compreensão de cor, beleza, sabedoria e uma glória indescritíveis, abrem-se ante a consciência sintonizada do artista, em um elevado momento de dedicada atenção e, por um segundo, a vida é vista como essencialmente é. Mas a visão desaparece, o fervor se desvanece e a beleza se dissipa. O homem fica com um sentimento de privação, de perda e, no entanto, possui a certeza de um conhecimento e um desejo de expressar, como nunca antes experimentara, aquilo com que entrou em contato. Deve recuperar o que viu e revelar àqueles que não experimentaram esse momento secreto de revelação; de algum modo deve expressá-lo e revelar a outros a significação que existe por trás da aparência fenomênica. Como fazê-lo? Como recuperar o que uma vez foi seu e parece ter desaparecido, retirando-se do campo da sua consciência? Deve compreender que aquilo que viu e com o que fez contato ainda está ali e contém a realidade; foi ele que se afastou e não a visão. A dor que se sofre nos momentos intensos há que passá-la, vivê-la uma e outra vez, até que o mecanismo de contato se acostume à vibração elevada e possa não somente sentir e perceber, como também reter e fazer contato à vontade com esse mundo oculto de beleza. O cultivo deste poder de penetrar, reter e transmitir, depende de três coisas:

1. A vontade de suportar a dor da revelação.

2. O poder de manter um ponto elevado de consciência no qual chegue a revelação.

3. A centralização da faculdade imaginativa sobre a revelação ou sobre tudo o que a consciência cerebral pode trazer à área iluminada do conhecimento externo. É a imaginação ou a faculdade de criar imagens, que vincula a mente com o cérebro e produz a exteriorização do esplendor velado.

Se o artista criador refletir sobre estes três requisitos – resistência, meditação e imaginação – desenvolverá em si mesmo o poder de responder a esta quarta regra para alcançar o controle pela alma e saberá, oportunamente, que a alma é o segredo da persistência, a reveladora das recompensas da contemplação e a criadora de todas as formas no plano físico. (Psicologia Esotérica, Volume II)


42. NATUREZA RÍTMICA DOS IMPULSOS DA ALMA

1. A meditação é de natureza rítmica e cíclica, como tudo no cosmo. A Alma respira e, por isso, a sua forma vive”. A natureza rítmica da meditação da alma não deve ser passada por alto na vida do aspirante. Há um fluxo e refluxo em toda a natureza, e nas marés oceânicas temos a maravilhosa representação de uma lei eterna. À medida que o aspirante se ajusta às marés da vida da alma, começa a se dar conta de que existe um constante fluxo, vitalização e estimulação, seguidos de um refluxo tão certo e inevitável como as imutáveis leis da força. Referido fluxo e refluxo podem ser vistos em plena atuação nos processos da morte e da reencarnação. Também podem ser vistos no processo das vidas do homem, porque algumas vidas são aparentemente passivas e sem ocorrências especiais, lentas e inertes do ângulo da experiência da alma, enquanto outras são vibrantes, cheias de experiência e desenvolvimento. É preciso que todos os trabalhadores tenham isso em conta quando procuram ajudar outros indivíduos a viverem corretamente. Estão eles no refluxo ou submetidos à afluência da energia da alma? Estão passando por um período de passividade temporária, preparatório para um maior impulso e esforço, no qual o trabalho a realizar consiste no fortalecimento e na estabilização, com o objetivo de se capacitar para poder “permanecer no ser espiritual”, ou estão submetidos a um influxo cíclico de forças? Em tal caso o trabalha-dor deve ajudar a dirigir e utilizar a energia, a qual, se estiver mal dirigida, terminará arruinando vidas, mas se for utilizada sabiamente produzirá um serviço pleno e proveitoso.

Quem estuda a humanidade também pode aplicar esses pensamentos aos grandes ciclos raciais, e assim descobrirá muitas coisas de grande interesse. E, de importância ainda mais vital para nós, os impulsos cíclicos são também mais frequentes, rápidos e fortes na vida do discípulo do que na vida do homem comum. Eles se alternam com penosa rapidez. A conhecida experiência do místico na montanha e no vale é só uma forma de expressar este fluxo e refluxo. Às vezes o discípulo caminha na luz do sol e outras na escuridão; algumas vezes conhece a alegria da plena comunhão e em outras tudo é escuro e estéril; algumas vezes seu serviço é uma experiência satisfatória e proveitosa, e crê que realmente pode ajudar, mas em outros momentos sente que não tem nada a dar e que seu serviço é infecundo e sem resultados. Há dias em que vê tudo claro e tem a sensação de estar no alto da montanha, contemplando uma paisagem banhada pelo sol, onde tudo se apresenta com clareza à sua vista. Sabe e sente que é um filho de Deus; contudo, depois descem as nuvens, perde toda a segurança e tem a convicção de que não sabe nada. Caminha à luz do sol e praticamente subjugado pela luminosidade e calor dos raios solares, pergunta-se quanto tempo durará esta experiência desigual e este violento alternar de opostos.

No entanto, uma vez que capte o fato de que está observando o efeito dos impulsos cíclicos e o efeito da meditação da alma sobre a sua natureza-forma, o significado fica mais claro e ele compreende que o aspecto forma falha em responder e que reage à energia de maneira desigual. Aprende então que quando puder viver na consciência da alma e alcançar, à vontade, aquela “altitude elevada” (se for possível expressar assim), as flutuações da vida forma deixarão de afetá-lo. Deste modo percebe o estreito caminho do fio da navalha que conduz do plano da vida física ao reino da alma, e descobre que quando puder percorrer o caminho com firmeza, será conduzido para fora do mutável mundo dos sentidos, para a clara luz do dia e para o mundo da realidade.

O lado forma da vida se converte então para ele em campo de serviço e não no campo da percepção sensível. Que o estudante reflita sobre essa última frase e que procure viver como alma. Ele então passa a conhecer os impulsos cíclicos que emanam da alma como os impulsos pelos quais ele mesmo é responsável e que ele exalou; então conhece a si mesmo como a causa iniciadora e deixa de estar sujeito aos efeitos. (Tratado sobre Magia Branca)

2. Que haja um constante e pleno fluir de forças cíclicas, do reino do espírito, sobre cada um de nós, chamando-nos ao reino da luz, do amor e do serviço e, em cada um, evocando uma resposta cíclica! Que haja um constante intercâmbio entre aqueles que ensinam e o discípulo que busca instrução! (Tratado sobre Magia Branca)

3. Do momento que um homem põe a mão no arado e começa a abrir o sulco, a partir desse momento até terminar a tarefa, mantém-se internamente livre, mas externamente vinculado. Assim deve ser sempre para os servidores em nosso trabalho.

Mas os momentos culminantes são significativos e seguir um curso nivelado não é normalmente bom para um discípulo se este prolongar em excesso As crises da alma são expansões registradas pela afluência de amor e luz. Mentalmente são reconhecidas como crises de inclusividade, que nos levam e preparam para expansões posteriores mais vastas, chamadas iniciações. (Discipulado na Nova Era, Volume I)

4. Uma constante sucessão de esclarecimentos espirituais e uma sintonização incessante para alcançar contatos elevados a certa altura debilitariam o instrumento, de modo que os verdadeiros reconhecimentos se desvaneceriam. Reflita sobre isto, irmão, e seja grato pelos deveres que terá em dias futuros, de vida reservada, de firme orientação para a luz, de silenciosa comunicação com sua alma, de estudo e reflexão. (Discipulado na Nova Era, Volume I)

5. Toda vida é cíclica e os discípulos tendem a se esquecer desse ponto e a ignorá-lo, desanimando quando a intensidade do sentimento os abandona. O iniciado anda sempre em curso reto entre os pares de opostos, sereno e sem medo. (Discipulado na Nova Era, Volume I)


43. A VISÃO

1. Os que percebem uma visão, vedada aos que carecem do instrumental necessário para captá-la, são considerados fantasiosos e duvidosos. Quando muitos a percebem, a possibilidade é aceita, mas quando a própria humanidade tiver despertado e aberto os olhos, a visão já não será enfatizada, pois será um fato afirmado e uma lei enunciada. Tal foi a história no passado e assim será o processo no futuro. (Tratado sobre Magia Branca)

2. O verdadeiro discípulo vê a visão. Em seguida procura se manter tão estreitamente em contato com a alma que pode permanecer firme enquanto procura tornar esta visão realidade; aspira alcançar aquilo que, do ponto de vista do mundo, parece impossível, sabendo que a visão não se materializa por conveniência, ou adaptação indevida das ideias sugeridas por conselheiros mundanos e intelectuais. (Tratado sobre Magia Branca)

3. A visão é uma maneira simbólica de experimentar a revelação. O desenvolvimento gradual de cada um dos cinco sentidos implica em uma crescente revelação do mundo de Deus e uma visão que se amplia constantemente. O desenvolvimento da vista produz uma atitude sintética para enfocar os resultados obtidos das visões menores reveladas pelos outros quatro sentidos. Depois vem a visão revelada pelo “bom senso” da mente. Apresenta-se em seu estado mais desenvolvido como percepção mundial no que diz respeito aos assuntos humanos e, frequentemente, produz os vastos planos pessoais dos líderes mundiais nos distintos campos de atividade humana. Porém, a visão de que devem se ocupar é a de se tornar conscientes do que a alma sabe e o que a alma vê, empregando a chave que leva à visão da alma: a intuição. Esta chave só pode ser usada de maneira inteligente e consciente somente quando os assuntos da personalidade estiverem sob o umbral da consciência.

Um discípulo se torna discípulo aceito quando começa a ascender para a visão, para o topo da montanha, e quando já pode registrar conscientemente o que vê e começa a fazer algo construtivo para materializá-lo. Muitos já começaram a fazer isto. Um homem se torna um Discípulo Mundial, no sentido técnico, quando a visão é para ele um fator importante e determinante em sua consciência, ao qual estão subordinados todos os seus esforços diários. Não necessita que alguém lhe revele o Plano. Ele sabe. Ajusta seu senso de proporção à revelação, e sua vida é dedicada a tornar real a visão, em colaboração com seu grupo.

Trata-se, portanto, de um processo que se desenvolve gradualmente, até chegar a certa etapa, depois da qual a visão deixa de ser o fator dominante, e se torna o campo de experiência, de serviço e de realização. Reflitam sobre isto. (Discipulado na Nova Era-Volume I).

4. O órgão visual é o mais desenvolvido neste período mundial, em que o Logos procura levar os reinos subumanos à etapa em que possuirão a visão humana; a humanidade, ao ponto em que possa desenvolver a visão espiritual e, a visão interna hierárquica sendo a qualidade normal da visão iniciática, levar os membros da Hierarquia à etapa em que adquiram a percepção universal. Portanto, pode-se dizer que, através do portal:

1. Da individualização, os reinos subumanos obtêm a visão humana, que conduz ao contato mental e à impressão inteligente.

2. Da iniciação, a humanidade obtém a visão espiritual, que conduz ao contato com a alma e à impressão espiritual.

3. Da identificação, a Hierarquia obtém a visão universal, que conduz ao contato monádico e à impressão extraplanetária. (Telepatia e o Veículo Etérico)

Consulte também: Tratado sobre Magia Branca.


44. O OLHO DA ALMA

Como resultado do pensamento enfocado “no coração”, o olho espiritual se abre e se torna o agente diretor, empregado conscientemente pelo iniciado... Qual o significado das palavras “no coração”? A alma é o coração do sistema do homem espiritual; é o suporte da vida e da consciência que animam a personalidade, e é a potência motivadora em cada encarnação, de acordo com a experiência que condiciona a expressão do homem espiritual em determinado renascimento. Nas primeiras etapas da experiência, referido “olho” permanece fechado; não há capacidade para refletir, nem habilidade para pensar no coração, isto é, a partir dos níveis da alma. À medida que o intelecto se desenvolve e o poder de se enfocar no plano mental aumenta, a realidade da existência da alma começa a ser conhecida e o objetivo da atenção muda. Segue-se a habilidade de se enfocar na consciência da alma e assim de fusionar a alma e a mente, de tal modo que ocorre a unificação e o homem pode então começar a pensar “no seu coração”. Depois, também o “olho da alma” se abre e a energia dos níveis da alma, usada de maneira inteligente, se direciona desses níveis e se precipita no que agora ambiguamente se denomina de “terceiro olho”. Imediatamente, a personalidade nos três mundos começa a se expressar como alma no plano físico, e a vontade, o propósito e o amor, começam a controlar.

Ampliarei mais o conceito, lembrando a vocês a frase usada com tanta frequência, “O Olho que Tudo Vê”. Refere-se ao poder que o Logos planetário tem de ver em todas as partes, aspectos e fases (em tempo e espaço) do Seu veículo planetário, que é o Seu corpo físico e de identificar a Si Mesmo com todas as reações e sensibilidades do Seu mundo criado e participar com pleno conhecimento em todos os eventos e acontecimentos. De que meio se vale, em Seus próprios níveis elevados, para fazê-lo? Através de que mecanismo “vê”? Qual é o Seu órgão de visão? Qual é a natureza da vista que emprega para entrar em contato com os sete planos do Seu universo manifestado? Que órgão emprega e qual é a analogia com o terceiro olho no homem? A resposta é a seguinte: a Mônada está para o Logos Planetário como o terceiro olho está para o homem; isto ficará mais claro se levarem em conta que os nossos sete planos são somente sete subplanos do plano físico cósmico. O mundo monádico – assim chamado – é Seu órgão de visão; é também Seu agente diretor para a vida e a luz que devem ser vertidas no mundo fenomênico. Da mesma maneira é a Mônada para a personalidade nos três mundos, também a fonte de sua vida e luz.

Portanto, há três órgãos de revelação, no que diz respeito ao homem espiritual:

1. O olho humano, que dá a “visão interna” no mundo fenomênico, deixando entrar a luz e trazendo revelação do ambiente.

2. O olho da alma, que traz a revelação da natureza dos mundos internos, do reino de Deus e do Plano divino.

3. O centro dentro da Vida Una denominado pela palavra sem significado “Mônada”, a centelha dentro da Chama Una. Nas etapas finais da iniciação, a Mônada se torna a reveladora do propósito de Deus, da vontade de Logos planetário e da porta que conduz ao Caminho da Evolução Superior, caminho que leva ao homem do plano físico cósmico para o plano astral cósmico e, portanto, para o mundo da sensibilidade divina, do qual não há para nós uma compreensão possível, mas para o qual o desenvolvimento da consciência nos proporcionou os passos iniciais.

O homem aprendeu a usar o olho físico e por seu intermédio a percorrer seu caminho em torno e através do seu ambiente. A etapa da evolução humana em que aprendeu primeiro a “ver” já ficou muito para trás, mas quando o homem viu e foi capaz de focalizar e direcionar seu curso pela visão, isso marcou um desenvolvimento enorme, sendo sua primeira entrada real no Caminho da Luz. Reflitam sobre isto. Também tem repercussões internas e foi efetivamente o resultado de uma interação invocadora entre os centros internos de poder e a criatura que tateava pelo mundo fenomênico.

Agora o homem está aprendendo a usar o olho da alma, e com isso ele leva sua analogia na cabeça à atividade; isto produz fusão e identificação e põe a glândula pineal em ação. O principal resultado, porém, é habilitar o discípulo a se tornar consciente, estando em corpo físico, de um novo campo de contatos e de percepções. Isto marca uma crise em seu desenvolvimento, de natureza tão drástica e importante como foi a obtenção da visão física e o uso do olho físico no desenvolvimento daquela estranha criatura que precedeu o homem animal mais primitivo. Hoje as coisas desconhecidas podem ser sentidas, procuradas e, finalmente, vistas; evidencia-se um novo mundo do ser, que sempre esteve presente, embora nunca antes conhecido; a vida, a natureza, a qualidade e os fenômenos do reino das almas, ou da Hierarquia, tornam-se tão patentes à sua visão e tão reais como é o mundo dos cinco sentidos físicos.

Posteriormente, no Caminho da Iniciação, o iniciado desenvolve sua ínfima analogia com o planetário “Olho que Tudo Vê”. Ele desenvolve os poderes da Mônada, relacionados com o propósito divino e com o mundo no qual Sanat Kumara atua e que denominamos Shamballa. Expliquei em outra parte que o estado de ser da Mônada nada tem a ver com o que chamamos consciência; analogamente, nada existe no mundo de Shamballa que seja de igual natureza que o mundo fenomênico do homem nos três mundos, nem sequer no mundo da alma. É um mundo de energia pura, de luz e de força dirigida; pode ser visto como correntes e centros de forças, todos formando um desenho de completa beleza, potentemente invocativa do mundo da alma e do mundo dos fenômenos, constituindo, portanto, em um sentido muito real, o mundo das causas e da iniciação.

À medida que o homem, ser humano, o homem, discípulo e o homem, iniciado, avança gradualmente na corrente da vida, a revelação chega paulatinamente, passando de um grande ponto de enfoque para outro, até que nada mais reste a ser revelado.

Em todos estes pontos espirituais de crise ou de oportunidade para alcançar a visão, nova visão interna espiritual e revelação (pois é o que são em realidade), o pensamento de luta é o primeiro que chama a atenção. A este respeito, usei as palavras “etapa de penetração”; o conceito que isto transmite ao entendimento do iniciado significa uma ampliação da luta que o neófito trava a fim de obter o controle interno e, em seguida, usar a mente como farol para penetrar em novos campos de percepção e de reconhecimento. Lembrem-se de que o reconhecimento implica na correta interpretação e na correta relação com o que se vê e se entra em contato. Em toda revelação entra o conceito de “visão total” ou de síntese de percepção e em seguida vem o reconhecimento do que se visiona e percebe. É a mente (o bom senso, como se diz) que usa os sentidos físicos de percepção e, por meio de sua contribuição unida obtêm uma “visão total” e uma síntese de percepção do mundo fenomênico, de acordo com o ponto de desenvolvimento do homem, sua capacidade mental de reconhecer, interpretar e relacionar corretamente o que lhe foi transmitido pela atividade dos cinco sentidos. Isto é o que queremos dizer quando usamos a frase “o olho da mente”, e a humanidade possui em comum esta capacidade em diversos graus de praticabilidade.

Mais tarde, o homem usa o “olho da alma”, como observamos acima, revelando a ele um mundo de fenômenos mais sutis, o reino de Deus ou o mundo das almas. Então a luz da intuição aflui, trazendo o poder de reconhecer e de interpretar e relacionar corretamente.

À medida que o discípulo e o iniciado progridem etapa após etapa de revelação, fica cada vez mais difícil esclarecer não somente o que é revelado, como também os processos da revelação e os métodos usados para produzir a etapa de revelação. A vasta maioria da humanidade no mundo não tem uma ideia clara sobre a função da mente como órgão de visão iluminado pela alma; poucos ainda, apenas os discípulos e iniciados, estão aptos a vislumbrar o propósito do olho espiritual e seu funcionamento à luz da intuição. Portanto, quando chegamos ao grande órgão de revelação universal, o principio monádico, que atua por meio de uma luz extraplanetária, entramos em reinos indefiníveis, para os quais não foi criada nenhuma terminologia e que apenas iniciados de grau superior ao terceiro são capazes de contemplar. (Discipulado na Nova Era, Volume II).


45. O TERCEIRO OLHO

1. Nenhum homem pode ser um mago ou trabalhador em magia branca até que o terceiro olho esteja aberto ou em processo de se abrir, pois por meio desse olho se energiza, dirige e controla a forma-pensamento e os construtores ou forças menores são impulsionados a realizar qualquer tipo específico de atividade. O “Olho de Shiva” situa-se no centro da testa entre os dois olhos físicos. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

2. É o olho da visão interna e quem o tiver aberto pode dirigir e controlar a energia da matéria, ver todas as coisas no Eterno Agora, e assim estar mais em contato com as causas que com os efeitos, ler os arquivos akáshicos e ver clarividentemente. Portanto, quem o possui pode controlar os construtores de grau inferior. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

3. Com a prática do poder da visualização desenvolve-se o terceiro olho. As formas visualizadas e as ideias e abstrações que, durante o processo, forem revestidas e veiculadas, são retratadas a pouca distância do terceiro olho. Quando o iogue oriental fala de se concentrar na ponta do nariz, está se referindo a este processo. Por trás dessa frase equivocada, há uma grande verdade velada. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

4. O centro entre as sobrancelhas, normalmente chamado de terceiro olho, tem uma função específica e característica. ...Os estudantes não devem confundir a glândula pineal com o terceiro olho, eles se relacionam, mas não são o mesmo. ... O terceiro olho se manifesta como resultado da interação vibratória entre as forças da alma, atuando através da glândula pineal e as forças da personalidade, atuando através do corpo pituitário. Estas forças negativas e positivas interagem e, quando atingem determinada potência, produzem a luz na cabeça. Da mesma maneira como o olho físico veio à existência como reação à luz do sol, assim também o olho espiritual vem à existência como reação à luz do sol espiritual. À medida que o aspirante se desenvolve, também se torna consciente da luz. Refiro-me à luz em todas as formas, velada por todas as envolturas e expressões da vida divina, e não apenas à luz do aspirante em si. À medida que a sua percepção desta luz aumenta, também o aparelho da visão se desenvolve e, no corpo etérico, vem à existência o mecanismo pelo qual ele pode ver as coisas à luz espiritual.

Trata-se do olho de Shiva, que só é plenamente utilizado no trabalho mágico quando o aspecto monádico, o aspecto vontade, está no controle.

A alma empreende três atividades por meio do terceiro olho:

1. Ele é o olho da visão. Por intermédio dele, o homem espiritual vê por trás das formas de todos os aspectos da expressão divina. Ele se torna consciente da luz do mundo e entra em contato com a alma dentro de todas as formas. Tal como o olho físico registra as formas, da mesma maneira o olho espiritual registra a iluminação dentro das formas, “iluminação” essa que indica um estado de ser específico. O mundo da irradiação se abre.

2. É o fator controlador do trabalho mágico. Todo o trabalho de magia branca é empreendido com um objetivo de fundamento construtivo, possibilitado pelo uso da vontade inteligente. Em outras palavras, a alma conhece o plano e quando o alinhamento e a atitude são corretos, o aspecto vontade do homem divino pode funcionar e produzir resultados nos três mundos. O órgão usado é o terceiro olho. Temos uma analogia no poder do olho humano, muitas vezes observado, quando domina outros seres humanos e animais através do olhar e, com um olhar fixo, é capaz de atuar magneticamente. A força flui através do olho humano enfocado. A força flui através do terceiro olho enfocado.

3. Tem um aspecto destruidor e a energia que flui através do terceiro olho pode ter um efeito desintegrador e destruidor. Mediante a atenção enfocada, dirigida pela vontade inteligente, é capaz de expulsar matéria física. É o agente da alma no trabalho purificador. (Tratado sobre Magia Branca)

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