Serviço: A Joia de Muitas Facetas
Boa Vontade Mundial
Há neste momento na história do mundo um crescente interesse e aspiração para a atividade de serviço de um tipo ou de outro. Um dilema enfrentado por muitas pessoas de boa vontade neste momento é a questão de como melhor servir, e qual a melhor forma de satisfazer essa evidente necessidade interior de participar na economia beneficente do Todo. Além disso, vimos ao longo dos últimos 150 anos o surgimento de uma nova e poderosa entidade na área de recuperação do mundo - o serviço grupal. Esses grupos abriram incontáveis avenidas para o serviço, tornando relativamente fácil para homens e mulheres de todas as práticas e meios adicionar o seu peso a alguma causa - tanto financeiramente como do ponto de vista prático. Este artigo procura oferecer uma visão ampla do campo dinâmico de serviço, nos tempos modernos, sob a influência das mudanças de condições e causas energéticas, enquanto busca trazer à tona o reconhecimento deste potente campo de serviço subjetivo - um campo de atividade acessível a todos - o que é, de acordo com a Sabedoria das Idades, a causa vivificante de todos os efeitos exteriores e objetivos da filantropia.
Na busca da causa e do impulso básicos por trás dessas ideias emergentes, devemos apenas reconhecer o fato de que a vida planetária está fazendo sua transição da Era de Peixes para a nova Era de Aquário - simbolizada pelo servidor, o homem carregando um cântaro de água sobre a sua cabeça - e duas de suas qualidades mais potentes se diz a ser o impulso para o serviço e cooperação grupal. A humanidade está sendo estimulada para a atividade como resultado dessas influências extraplanetárias, e talvez não seja nenhuma surpresa, então, que o serviço, e em particular o serviço grupal, esteja fazendo sentir a sua presença nos assuntos mundiais. Para ilustrar esta tendência, podemos apontar para o aumento exponencial do número de organizações não governamentais (ONGs) - a face popular do serviço grupal moderno - que têm surgido desde os primeiros dias da criação da Organização das Nações Unidas, embora certamente, um punhado de grupos de uma qualidade semelhante data do início de 1800. Não devemos, claro, cometer o erro de pensar que todos esses grupos sem fins lucrativos estão motivados pelos interesses do todo, já que alguns estão definitivamente mais focado sobre os interesses particulares de uma minoria discreta em detrimento do bem maior, embora no conjunto a ONG é claramente uma força para o bem no cenário mundial.
O conceito de serviço grupal facilmente evoca na mente de muitos o reconhecimento do grande e beneficente trabalho realizado por algumas das grandes organizações humanitárias, como a Cruz Vermelha, Oxfam, Save the Children e Médicos Sem Fronteiras, mas não devemos esquecer de incluir em nosso pensamento organismos do grupo experimental que estão misturados no próprio tecido de nossas vidas cotidianas. Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, Ferrovias Nacionais da Índia e Organização das Nações Unidas são apenas três exemplos notáveis e muitas vezes citados, não devido ao seu tamanho corporativo, mas pelos efeitos de suas atividades sobre as vidas de incontáveis milhões. O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, por exemplo, emprega espantosamente 1,7 milhões de pessoas, e as Ferrovias Nacionais da Índia 1,4 milhões, e é bastante notável testemunhar como tal multidão de trabalhadores pode ser reunida através do poder de uma ideia vitalizada ou forma-pensamento para estabelecer uma entidade viva e dinâmica, dedicada ao serviço do bem maior.
Também é decepcionante perceber que alguns desses grupos - ONGs, serviços públicos, organizações humanitárias, etc - têm acesso a recursos financeiros e a um grau de influência política que facilmente ultrapassa o que é disponível para muitos países pequenos. A pressão que esses grupos podem exercer sobre os governos, sobre as principais potências mundiais e elaboração de políticas nacionais e internacionais é, portanto, considerável e muitas vezes altamente eficaz. É importante reconhecer, contudo, que a grande maioria dos grupos que prestam serviço é relativamente pequena em termos de membros do grupo e finanças e tendem a trabalhar em níveis básicos da sociedade civil, embora coletivamente sejam influentes no mundo dos negócios e na formação da opinião pública.
É interessante considerar como esses grupos puderam surgir com tal proeminência no mundo, em um período relativamente curto de tempo - talvez insinuando uma atividade invisível e coordenada de algum tipo. Alice Bailey ofereceu uma explicação para este fenômeno notável, muito antes que a magnitude da rede de serviços tivesse realmente começado a se desenvolver no cenário mundial. Bailey sugeriu que por trás de toda atividade grupal externa e organizada - motivada para o bem do todo - havia um grupo subjetivo de trabalhadores que estavam ligados por um fio comum e desejo de participar da recuperação mundial. Este grupo ela se referiu como o Novo Grupo de Servidores do Mundo (NGSM), e indicou que sua atividade coordenada - de natureza subjetiva - seria cada vez mais reconhecida como uma potência mundial importante e condicionante nos eventos mundiais. A importância desta revelação não pode ser subestimada, especialmente porque aponta para duas possibilidades importantes (alguns diriam fatos), ou seja, que existe por trás dos acontecimentos mundiais um Plano básico de desenvolvimento e que a vida subjetiva da humanidade é eficaz para trazer esse plano à fruição ou sua manifestação externa.
A possibilidade de um reino dual de atividade na área de serviço - subjetivo e objetivo - abre para o servidor uma enorme esfera de investigação e potencialidade. Como já foi sugerido, o dilema para muitas pessoas é decidir onde exercer os seus esforços, e que grupo representa para elas o seu interesse particular, ou o mais alto ideal. Para alguns, isso é um processo relativamente fácil, e afiliações profissionais ou longas participações os levará facilmente em algum corpo de trabalhadores com ideais afins. Para outros, a jornada não é tão clara, e uma série de fatores limitantes, como a saúde física, restrições familiares, finanças e trabalho pode tornar mais difícil para eles cooperarem de forma tão eficaz como eles gostariam com um grupo externo ou outras organizações. Ao invés de ser uma barreira para o serviço, no entanto isto pode de fato apresentar uma oportunidade definitiva, sugerindo uma esfera de serviço que, embora pouco apreciada no momento, de modo crescente evocará seus colaboradores e demonstrará seus potentes efeitos. Para elaborar esta oportunidade pouco teremos de recorrer aos ensinamentos perenes da Sabedoria Antiga, esse acervo de conhecimento transmitido desde tempos imemoriais e enfatizado por uma linhagem de grandes e bem conhecidos filósofos. Esses ensinamentos sugerem que a vida subjetiva da humanidade - para a qual todos nós contribuímos para o bem ou para o mal - é o manancial de todos os efeitos externos e eventos do mundo. Sugerem ainda que essa atmosfera subjetiva pode ser modificada e purificada por aqueles que estão preparados para trabalhar nos bastidores com a vida emocional e mental da raça.
Este "novo grupo" funciona como uma atividade que é dependente em grande parte dos bens, faculdades e tendências destes trabalhadores que constituem a sua agremiação. Há uma compreensão básica de que a vida interior subjetiva de todos estes trabalhadores está viva e ativa em algum grau e motivada em grande parte por um amor à humanidade como um todo. Para alguns os aspectos práticos da vida exterior e a organização predominarão, e a eles é oferecida a responsabilidade da obra de construção exterior. Para outros a vida subjetiva é o principal campo de esforço e oportunidade. Alice Bailey sugere que este grupo interno de pensadores e meditadores têm a tarefa de fornecer os materiais básicos para a construção e constituem os "construtores sem mãos", que cada vez mais utilizam o mundo das ideias e inspiram os trabalhadores exteriores através da impressão direta nos níveis subjetivos. Embora a ideia de um grupo organizado de servidores tanto subjetivo como objetivo chamado Novo Grupo de Servidores do Mundo pode ser relativamente nova, a atividade subjetiva básica a que esses trabalhadores são chamados foi de fato levada à frente em todos os momentos por aqueles que estavam ajustados e inclinados a fazê-lo para o serviço aos seus semelhantes. As grandes ordens monásticas tanto no Oriente como no Ocidente, os grupos de contemplativos e pensadores, de místicos, ocultistas e filósofos de diferentes credos têm cumprido esta tarefa de semear a atmosfera subjetiva com as necessárias ideias e ideais. Ao mesmo tempo procuraram dissipar as distorções e equívocos - as ilusões que têm por períodos mais longos ou mais curtos de tempo dominado os planos subjetivos e mantido a humanidade uma prisioneira de sua própria criação.
Talvez possamos ver então a possibilidade de que o conceito de grupo emergente e cada vez mais a aparente vontade para servir tem suas raízes ou arquétipo nos reinos subjetivos. Somos, ao que parece, testemunhas de uma grande revelação e exteriorização.
O serviço é realmente uma joia de muitas facetas, e todas as pessoas de boa vontade devem ser capazes de identificar as formas em que possam participar neste processo de revelação espiritual.