De Belém ao Calvário
Hosper Le Galliene
De todos os que buscaram meu berço em Belém,
escutando uma voz e seguindo uma estrela,
Quantos me acompanharam ao Calvário?
Estava longe, em demasia.
A glória envolvia o menino da manjedoura,
e também a esperança dos homens que lutavam pelo perdido.
Mas essa esperança colmada lhes chegou através de minha coroa de espinhos
E através de minha cruz.
A verdade foi minha espada e a dor meu apoio,
que conferi àqueles que continuaram minha senda.
Um jumento ajaezado foi o corcel,
que escolhi para cavalgar.
Assim passou a glória de Belém,
e os dons dos Reis e dos Magos do Oriente;
assim passaram as multidões e apenas doze
estiveram no festim.
De humilde pão servido no aposento do alto
onde a triste taça passou de mão em mão,
como prova de meu amor por toda a humanidade
na terra.
Quando em Getsêmani orei em solidão,
rogando se apartasse o cálice mais amargo,
não puderam comigo velar uma hora sequer
até à Alvorada!
Muitos buscaram meu berço em Belém,
escutando uma voz e seguindo uma estrela,
porém, apenas Simão me seguiu até ao Calvário.
Estava longe, em demasia.