Administração da Terra
Boa Vontade Mundial (Ciclo de Conferências)

No centro da visualização sobre a Administração da Terra, existe o reconhecimento de que durante esta primeira década do novo milênio as relações humanas com a Terra estão se aclarando. As pessoas de boa vontade em todo o mundo falam (na família, na escola, na igreja, no local de trabalho, etc.) sobre suas preocupações com o bem-estar do planeta. Este fermento na mente e nas emoções, que vem acompanhado do despertar da vontade e levado à ação num percentual significativo, proporciona o contexto humano, o entorno, dentro do qual acontece o nosso trabalho de visualização. É relevante não esquecermos a importância evolutiva dos seres humanos que despertam, em número relativamente grande, para este novo sentido de relação com a Terra.

É sabido que os desafios que temos pela frente são enormes e que a consciência das massas ainda tem um longo caminho a percorrer para estar suficientemente envolvida com os problemas da Terra e fazer os sacrifícios pessoais necessários para resolvê-los. Entretanto, num nível mais elevado, está emergindo um vago reconhecimento entre a população de que a atividade humana tem envenenado o meio ambiente a tal ponto que até o clima tornou-se afetado. Um número crescente de pessoas compartilha, também, um sentido de boa vontade para com a natureza e gostaria de fazer algo para ajudar a limpá-la. Num nível mais elevado existem pessoas e comunidades que, cada um à sua própria maneira, estão ativamente comprometidos na criação desta nova relação. Todos aqueles que fazem parte do projeto Ciclo de Conferências conhecem ou conhecerão indivíduos e grupos em sua comunidade local que estejam trabalhando (oferecendo tempo, dinheiro e habilidades) para acabar com os impactos prejudiciais na natureza e priorizar os modos responsáveis de viver.

Além disto, há pensadores profundos e intuitivos, incluindo aqueles de diferentes meios espirituais, meditando sobre a relação humana com a Terra. Entre os pensadores há escritores, artistas, eruditos e cientistas, cujo trabalho forma e informa as redes de ativistas. Nos governos, locais, nacionais, regionais e internacionais, existe uma inteligente energia criativa (discutindo, planejando, negociando, dialogando, legislando) que está sendo utilizada para reestruturar os assuntos humanos, a fim de ajustar positivamente nossas relações com a Terra. Certamente tudo isto é, com frequência, corrompido por aqueles motivados por interesses próprios e autobenefícios, mas, em geral há progresso. Um exemplo recente foi o Fórum Mundial da Água em Istambul, onde um acordo geral foi firmado sobre as medidas urgentes exigidas a respeito da gestão da água no mundo.

O conhecimento do impacto negativo que a intensa pressão da humanidade está exercendo sobre a Terra é uma das forças impulsionadoras do aparecimento de uma forma-pensamento que conduza a uma solução. Noutro nível está o sentido da universalidade e da crescente consciência da interdependência da vida que está despertando nas pessoas de boa vontade. Pela primeira vez a gente vê a vida em sua totalidade e se sente parte de um sistema de relações entrelaçadas. Na espiritualidade e na religião o sentido ético está sendo formado por este paradigma de integridade, o sentimento de um parentesco com TODA a Vida, incluindo as dimensões não vistas da alma e do espírito.

A revelação da Unidade conduz o ser humano (e uma comunidade humana) a desejar expressar essa Unidade em todas as áreas da relação. Esta é uma parte intrínseca da revelação. O desejo de expressar a Unidade amadurece com o tempo, como resposta aos desafios e às crises, convertendo-se numa vontade para atuar em harmonia com a visão da Unidade.

Martin Luther King chamou-o: uma rede iniludível de reciprocidade, compreensivelmente alinhada com uma oposição aos hábitos e apegos econômicos do consumidor, clarificando e compreendendo perfeitamente a emergente forma-pensamento na administração da Terra.

A visualização trabalha com estas transformações que acontecem na consciência, considerando-as em termos de despertar da vontade, mediante a utilização de imagens-semente da vontade, plantadas na mente e no coração coletivo e nos fluxos de energia da vontade. Imaginem a reorientação da humanidade para uma forma de pensar acorde com a administração da Terra, onde exista um desejo apregoado por atuar como administrador, atuando de uma maneira que expresse um sentimento de preocupação pelo bem-estar da Terra, seus animais e plantas, a terra, os minerais e a integridade geológica.

A política nos proporciona uma plataforma onde podemos observar a história do despertar e a formação da vontade para sermos administradores responsáveis da Terra. O entorno político internacional, especialmente agora com as negociações da conferência pós Kyoto/Copenhague sobre a Mudança Climática em dezembro, é uma cena culminante deste drama. Independentemente do resultado, em termos de acordos políticos alcançados nos objetivos da produção, dos sistemas comerciais, do financiamento do desenvolvimento sustentável e de uma Nova Economia da Energia, podemos visualizar a vontade por cuidar profundamente da Terra.

A visualização sobre a Administração da Terra convida à reflexão sobre o destino da humanidade e sua responsabilidade divina como intermediário amoroso e inteligente entre os elevados estados da consciência planetária e os reinos subumanos. Como espécie tendemos a nos preocupar com nossos próprios assuntos, ou por nossas relações com o intangível em nossas vidas, percebendo a Presença da divindade. O pensamento semente nos sugere refletir sobre a cultura e a civilização, menos centrados em nosso próprio desenvolvimento humano e no “progresso” e mais em nosso equilíbrio, em nosso papel mediador nas relações entre a Presença e as plantas, os animais e os minerais da Terra. Com o tempo, um conhecimento humano cada vez maior dos estados mais elevados da consciência planetária, provocará mudanças na perspectiva do mundo natural em sua totalidade. Os princípios da Responsabilidade universal acompanham qualquer movimento rumo a uma consciência maior, uma visão de síntese. Uma civilização global centrada neste princípio se harmonizará em torno dos processos evolutivos observados na natureza, a compreensão dos processos com uma medida de sabedoria. As comunidades se verão “afetadas”, “comovidas” e inspiradas pela Vida e as qualidades únicas de diferentes espécies de plantas e animais.

Há ainda outra coisa. À medida que mais seres humanos participam, em relação com os níveis mais elevados da consciência, irradiam algo da essência destes estados do ser. O entorno psíquico criado pela humanidade se verá afetado, e os animais, as plantas, os minerais e o solo da Terra notarão seguramente a mudança. Escrevendo no Diário do Ressurgimento, o artista indiano Shakti Maira descreve a desertificação do prazer estético na cultura popular impulsionada pelos consumidores, e se pergunta se a triste aridez na consciência humana não poderia ter um efeito depressivo sobre o prazer estético nas plantas e nos animais. Ao considerar o aumento no número de conferências celebradas ao redor do planeta sobre os temas da administração da Terra, deve também ser considerado o impacto que um modo de pensar mais universal, intuitivo e divinamente rico terá, não somente em nossa forma de interagir com a natureza, mas nas energias que irradiamos a estes mundos. Estamos nos dirigindo para uma época em que as radiações humanas trarão força espiritual à Terra. Uma administração responsável será uma das expressões destas radiações. (maio de 2009)

Início