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Livros de Alice Bailey

A Alma e Seus Mecanismos


Capítulo VIII
Apêndice

Nota I - (Referente ao Capítulo IV)

O que se segue foi extraído de uma recente publicação onde se expõe de outra maneira o tema da alma e, talvez, nos proporcione alguma ideia da tendência do pensamento ocidental moderno, com respeito a este tema.

A expressão visão religiosa é, em si, vaga. Não seria possível dar a essa frase um conteúdo definido sem nos afastarmos de uma atitude crítica? Seríamos ajudados na obtenção de tal definição se nos perguntássemos qual elemento se tem inclinado a se afastar da vida do homem moderno com o declínio das disciplinas tradicionais. De acordo com Walter Lippmann, a convicção que o homem moderno perdeu foi que “existe uma essência imortal que preside, acima de seus apetites, como um rei”. Mas por que atribuir a afirmação de tal essência ou vontade superior ao meramente tradicionalista? Por que não se pode afirmar essa essência, antes de tudo, como uma realidade psicológica, um dos dados imediatos da consciência, uma percepção tão primordial que, em comparação com as negações deterministas da liberdade moral do homem, constituem só um sonho metafísico? Desta maneira, estaríamos em posição de executar um movimento acompanhando os behavioristas? e outros psicólogos naturalistas, considerados atualmente como os piores inimigos da raça humana. Ao mesmo tempo, estaríamos bem encaminhados para o término do dilema moderno e nos converteríamos em modernos, completos e cabais.

Os filósofos têm debatido, frequentemente, a questão da prioridade da vontade ou do intelecto do homem. A qualidade da vontade a que me estou referindo e que bem merece ser considerada super-racional, tem estado, sem dúvida, associada ao cristianismo tradicional, não primariamente com a vontade do homem, mas com a Vontade de Deus, como graça. Os teólogos têm se dedicado a inúteis sutilezas a propósito da graça. De nenhuma maneira podemos prescindir, como tem sido a tendência moderna, da verdade psicológica da doutrina, conjuntamente com suas sutilezas. A Vontade superior deve ser aceita simplesmente como um mistério que pode ser estudado por seus efeitos práticos, mas que, em sua natureza última, não é possível definir. Por isso, a vontade superior não é peculiar. “Todas as coisas”, de acordo com a máxima escolástica, “terminam sendo um mistério”. O homem de ciência está cada vez mais disposto a aceitar que a realidade por trás do fenômeno que está estudando não só o ilude, mas que, pela natureza do caso, deverá sempre fugir dela. Por exemplo, já não sustenta, como o faziam seus antepassados mais dogmáticos do século XIX, que a hipótese mecanicista, por mais valiosa que tenha provado ser como uma técnica de laboratório, seja absolutamente verdadeira; e aceita que sua verdade é relativa e provisória.

A pessoa que se nega a aproveitar a vontade superior, enquanto não estiver segura de se ter compreendido sua real natureza, encontra-se no mesmo nível do homem que se nega a fazer uso prático da energia elétrica, enquanto não se formular uma teoria impecável da eletricidade; poder-se-á dizer, de forma contrária, que a vontade superior, sem incremento da atitude crítica, não é absolutamente um imperativo categórico, tampouco o orgânico e muito menos o mecânico e, por último, nem é “o ideal” no sentido comum deste termo. Positivamente, poder-se-ia definir o imediato superior, conhecido por sua relação com o imediato inferior o homem meramente temperamental, com suas impressões, emoções e desejos comunicativos como um poder de controle vital. Não exercitar este controle é indolência espiritual, que para o cristão e o budista não é só uma das origens principais, mas a principal origem do mal. Embora Aristóteles, baseando-se no modelo grego, não dê primazia à vontade, mas sim à mente, o poder a que me tenho referido, com toda segurança se relaciona à sua “energia da alma”, o tipo de atividade distinta da mera atuação externa, considerada por ele apropriada para a vida tranquila que propõe como meta de uma educação liberal... A energia da alma, que tem servido no nível humano para a mediação, aparece no nível religioso como meditação. A religião, logicamente, pode significar mais que meditação. Ao mesmo tempo, poder-se-ia dizer, de forma correta, que a mediação humana que tem o apoio da meditação, possui um fundo religioso. Afinal, a mediação e a meditação são somente etapas distintas do mesmo “caminho” ascendente e não deveriam ser arbitrariamente separadas.

Artigo: Humanism: An Essay on Defínition, por Irving Babbitt, pág. 39-41. Extraído de: Humanism and America: Essays on the Outlook of Modern Civilization, editado por Norman Foerster.

Nota II - (Referente ao Capítulo VII)

É interessante observar, na atualidade, a proliferação do hipertireoidismo e as diversas perturbações vinculadas com a glândula tiroide. Será que esta situação não corrobora a teoria oriental? Muitas pessoas obrigadas pelas circunstâncias e pelas difíceis condições econômicas, levam uma vida sexual anormal e praticam o celibato. Outras, por alguma ideia errônea sobre as demandas espirituais, rechaçam o matrimônio normal e se dedicam a uma vida de solteiro. Devido a estas condições, a força ascende ao centro que constitui sua meta e chega à laringe. Sendo anormal esta condição e, estando o homem ou mulher centrados emocionalmente, e o equipamento mental (tão necessário para o verdadeiro trabalho criativo) sendo relativamente medíocre, não há capacidade para utilizar este poder criador, de onde surge o superestímulo da glândula tiroide. Temos observado vários destes casos e parecem substanciar esta posição. Aqui, poder-se-ia aplicar a investigação e empregar-se o método científico de acumular evidência, que prove ou refute a hipótese. No conjunto dos casos e dos testemunhos, poder-se-á fazer luz nesta questão. Quando a transferência é normal e não prematura, resulta um trabalho criativo na literatura, no drama, na música e nas artes em geral.

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