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BHAGAVAD-GITA


CAPÍTULO VIII: Alcançando o Supremo

Pérola 42. O SENHOR DOS SACRIFÍCIOS (versos 1 a 4)

1. Arjuna perguntou: Ó meu Senhor, ó Pessoa Suprema, que é Brahman? Que é o eu? Que são atividades fruitivas? Que é esta manifestação material? E que são os semideuses? Por favor, explica-me isto.

2. Quem é o Senhor do sacrifício, e como Ele vive no corpo, ó Madhusudana? E como é que aqueles ocupados em serviço devocional podem conhecer-Te ao chegar a hora da morte?

3. Suprema Personalidade de Deus disse: A entidade viva transcendental e indestrutível chama-se Brahman, e sua natureza eterna chama-se adhyatma, o eu. A ação que desencadeia o desenvolvimento dos corpos materiais das entidades vivas chama-se karma, ou atividades fruitivas.

4. Ó melhor dos seres corporificados, a natureza física, que está constantemente mudando, chama-se adhibhuta (a manifestação material). A forma universal do Senhor, que inclui todos os semideuses, tais como o Sol e a Lua, chama-se adhidaiva. E Eu, o Senhor Supremo, representado como Superalma no coração de cada ser corporificado, sou chamado adhiyajña (o Senhor do sacrifício).

Ao se tentar obter conhecimento perfeito, é necessário colocar-se sob a orientação do mestre espiritual, como é exemplificado aqui por Arjuna, e demonstrar autêntico interesse nos temas espirituais, fazendo perguntas relevantes e submissas. As perguntas formuladas por Arjuna no início deste capítulo, portanto, têm caráter bastante filosófico e as explicações dadas pelo Senhor visam a fortalecer a convicção das pessoas em relação à posição suprema do serviço devocional.

A palavra brahman define o aspecto de percepção impessoal acerca da Verdade Suprema. No entanto, a alma individual também é conhecida como brahman, devido à sua natureza espiritual eterna. Embora sendo de natureza superior, a entidade viva eterna, ao interagir com a natureza material temporária, acaba se envolvendo em atividades temporárias e ilusórias e, por isso, se prende nas estritas leis do karma e é forçada a experimentar as reações de suas atividades. Desse modo, a natureza material força a entidade viva a aceitar um corpo em qualquer uma das 8.400.000 espécies de vida, submetendo-se a viver como semideus, ser humano, animal, ave, etc. Querendo melhorar seu karma, e se promover aos planetas celestiais onde o gozo dos sentidos é maior, tal entidade viva às vezes executa yajñas, ou sacrifícios. Assim, por um determinado período de tempo, ela pode desfrutar das delícias encontradas nos planetas celestiais, mas, expirando o prazo, tem de voltar à Terra sob a forma de ser humano. Nos Upanishads se explica que, quando se esgota o mérito concedido pelo sacrifício, a entidade viva desce à Terra sob a forma da chuva para depois assumir a forma de grãos. O grão é então ingerido pelo homem, transformado em sêmen e depositado no ventre de uma mulher para ser fecundado e, finalmente, voltará a nascer na forma de vida humana e, quem sabe, voltará a executar sacrifícios a semideuses e repetir o mesmo ciclo. Portanto, Arjuna pergunta aqui quem é o verdadeiro Senhor dos sacrifícios. Ele já havia entendido a imperfeição da simples execução de sacrifícios materiais. Como um estudante sincero e qualificado, Arjuna queria evitar tais sacrifícios fruitivos e queria preparar-se para retornar definitivamente ao Supremo. Como ficará ainda mais claro nos versos seguintes, este Senhor dos sacrifícios é a manifestação plenária do Senhor Krishna conhecida como Paramatma ou Superalma. Este Senhor dos sacrifícios situa-se juntamente com a alma individual nos corações de todos os seres vivos com o propósito de testemunhar as suas atividades neste mundo.

Pérola 43. LEMBRANDO-SE DO SENHOR NA HORA DA MORTE (versos 5 a 10)

5. E todo aquele que, no fim de sua vida, abandone seu corpo, lembrando-se unicamente de Mim, no mesmo instante alcança Minha natureza. Quanto a isto não há dúvidas.

6. Qualquer que seja o estado de existência de que alguém se lembre ao deixar o corpo, ó filho de Kunti, esse mesmo estado ele alcançará impreterivelmente.

7. Portanto, Arjuna, deves sempre pensar em Mim sob a forma de Krishna e ao mesmo tempo cumprir teu dever prescrito de lutar. Com tuas atividades dedicadas a Mim e tua mente e inteligência fixas em Mim, não há dúvida de que Me alcançarás.

8. Aquele que, meditando em Mim como a Suprema Personalidade de Deus, sempre ocupa sua mente em lembrar-se de Mim e não se desvia do caminho, ele, ó Partha, com certeza Me alcança.

9. Deve-se meditar na Pessoa Suprema como aquele que sabe tudo, como aquele que é o mais velho, que é o controlador, que é menor do que o menor, que é o mantenedor de tudo, que está além de toda a concepção material, que é inconcebível e que é sempre uma pessoa. Ele é luminoso como o Sol e é transcendental, situado além desta natureza material.

10. Aquele que, ao chegar a hora da morte, fixar seu ar vital entre as sobrancelhas e, pela força da yoga, com mente indesviável, ocupar-se em lembrar do Senhor Supremo com devoção plena, com certeza alcançará a Suprema Personalidade de Deus.

Aqui, o Senhor Krishna responde à pergunta de Arjuna sobre como aqueles que se ocupam em serviço devocional podem conhecê-lO ao chegar a hora da morte. Ele garante aqui que quem quer que abandone o corpo em consciência de Krishna será transferido à morada do Senhor. Na verdade, para se chegar a esta perfeição de, no momento derradeiro, estar pensando no Senhor Krishna, a pessoa precisa ter praticado a consciência de Krishna através do serviço devocional durante a sua vida. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu nos aconselhou a estarmos sempre ocupados em glorificar o Senhor Hari, especialmente através do cantar do maha-mantra Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare, Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare. Pensar constantemente no Senhor depende de pureza de mente e coração e o cantar dos santos nomes sem ofensas é justamente o agente purificador ideal especialmente para esta era que vivemos, a era das trevas, ou Kali-yuga. O cantar elimina as sementes de atividades pecaminosas que estão armazenadas no coração e desperta na pessoa que o pratica uma atitude devocional perante o serviço ao Senhor e somente quando a devoção surge numa pessoa é que a meditação no Senhor se torna naturalmente possível.

O momento da morte é um momento crítico, e o nível de consciência que a pessoa atingiu neste momento vai manifestar diferentes desejos específicos, os quais, por sua vez, irão criar uma nova condição de vida em um novo corpo. Em outras palavras, os corpos que as diferentes pessoas obtêm são simplesmente o resultado da bagagem trazida de outras vidas. Desta forma, é nesta vida que todos criam a próxima vida e terão de nascer numa família específica, com diferentes graus de saúde, beleza, inteligência e demais opulências. A consciência material se manifesta de três modos, a ignorância, a paixão e a bondade. Ao abandonar o corpo sob a influência da ignorância, a pessoa perde a valiosa vida humana e acaba nascendo no reino animal. Ao morrer sob a influência do modo da paixão, ela reencarnará entre os seres humanos no planeta Terra e, ao deixar o corpo na bondade, ela será promovida aos planetas celestiais e obterá um corpo de semideus. É importante entender, no entanto, que qualquer corpo material que possamos obter, quer seja em ignorância, paixão ou mesmo em bondade, estará fadado ao envelhecimento, doença e morte. Portanto, cumpre perfeitamente a meta da vida a pessoa que abandona seu corpo em consciência espiritual, pensando no Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus. Certamente, tal pessoa obterá um corpo espiritual completamente livre de toda espécie de miséria e terá associação direta com o Senhor. Para se chegar a este estágio perfeito, enquanto estiver neste mundo, a pessoa terá de se manter cumprindo seus deveres prescritos e, ao mesmo tempo, cultivar sua consciência de Krishna. Na verdade, essencialmente, a consciência é um elemento espiritual, cujas qualidades espirituais se encontram latentes. Portanto, a absorção completa no cantar dos santos nomes, enquanto se pratica a lembrança da forma, qualidades e passatempos do Senhor, é o método perfeito para reviver nossa consciência espiritual.

Pérola 44. OS DEVOTOS ALCANÇAM O SENHOR FACILMENTE (versos 11 a 16)

11. As pessoas que são versadas nos Vedas, que pronunciam o omkara e que são grandes sábios na ordem renunciada entram no Brahman. Desejando esta perfeição, deve-se praticar o celibato. Passarei então a explicar-te sucintamente este processo pelo qual alguém pode obter a salvação.

12. A yoga consiste no desapego de todas as ocupações sensuais. Para estabelecer-se em yoga deve-se fechar todas as portas dos sentidos e fixar a mente no coração e o ar vital no topo da cabeça.

13. Após situar-se nesta prática de yoga e vibrar a sílaba om, a suprema combinação de letras, se o yogi pensar na Suprema Personalidade de Deus e abandonar o corpo, com certeza alcançará os planetas espirituais.

14. Para alguém cuja lembrança é sempre fixa em Mim, Eu sou fácil de obter, ó filho de Pritha, por causa de sua constante ocupação em serviço devocional.

15. Após Me alcançarem, as grandes almas, que são yogis em devoção, jamais retornam a este mundo temporário, que é cheio de misérias, porque obtiveram a perfeição máxima.

16. Partindo do planeta mais elevado do mundo material e indo até o mais baixo, todos são lugares de miséria, onde ocorrem repetidos nascimentos e mortes. Mas quem alcança Minha morada, ó filho de Kunti, jamais volta a nascer.

Aqui, o Senhor Krishna explica a prática através da qual o estudante vive com o mestre espiritual e, sob seus cuidados, torna-se versado em conhecimento védico. Além disso, o estudante desde o início da vida pratica o celibato, pois se torna muito difícil avançar espiritualmente entregando-se a uma vida sexual ativa. Portanto, sendo treinado para se tornar sábio renunciado, ele pratica o processo que consiste em colocar o ar vital sobre as sobrancelhas enquanto vibra o omkara, a combinação suprema de letras. A meta é fixar a mente na Superalma dentro do coração e elevar a força vital até o topo da cabeça. Certamente, para se alcançar este sucesso é necessário eliminar todas as atividades dos sentidos. Mas, como foi mencionado anteriormente, este método não é nada prático para esta era, pois a constituição do mundo sofreu tantas mudanças que não existe a possibilidade de se praticar celibato desde o início da vida. Que dizer, então, de controlar os órgãos dos sentidos, não permitindo que eles se entreguem ao prazer? Certamente, o processo mais adequado e simples é adotar a consciência de Krishna, pois o mesmo transe que se obtinha em outras eras através da exigente prática de yoga mística torna-se possível se a pessoa é capaz de sempre fixar a mente em Krishna em serviço devocional. Os yogis que pronunciam o om estão também se referindo a Krishna, mas apenas a Seu aspecto impessoal. Por isso, os impersonalistas que se dedicam a vibrar o om podem unicamente alcançar o brilho espiritual que existe no mundo espiritual. Tal brilho espiritual é conhecido como brahmajyoti e está situado no céu espiritual entre os planetas Vaikuntha. Por outro lado, quando alguém canta o maha-mantra Hare Krishna, a vibração do omkara está também contida nele. Mas como o nome Krishna é uma referência pessoal à Suprema Personalidade de Deus, o resultado de se praticar constantemente esta vibração sonora é conseguir uma transferência para Goloka Vrindavana, o planeta de Krishna. Embora tal perfeição seja difícil de ser atingida, a ocupação constante no serviço devocional ao Senhor é tão purificante que torna tudo muito fácil. Na verdade, o devoto puro que se ocupa intensa e exclusivamente em serviço devocional o faz porque ele já não possui desejos materiais, tais como promoção aos planetas celestiais, conhecimento filosófico especulativo ou qualquer interesse egoísta. Ele se ocupa em serviço devocional com amor à Pessoa Suprema e nem sequer deseja salvar-se do enredamento material ou buscar unidade com o brahmajyoti do Senhor. Sua devoção é pura e inabalável. Portanto, embora seja muito difícil encontrar um verdadeiro devoto puro que esteja livre de desejos materiais, para ele a perfeição de absorver-se na lembrança do Senhor Krishna é fácil de ser alcançada, pois sua vida foi inteiramente dedicada a isto. Tal devoto puro nunca se deixa abater por impedimentos materiais e mantém-se fixo em seu serviço devocional e vive pensando em Krishna em qualquer tempo ou lugar. Esta plataforma elevada de consciência de Krishna pode ser obtida por aquele que segue as instruções do Senhor Chaitanya e sempre canta com bastante humildade o maha-mantra Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare, Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare.

Devemos compreender, portanto, que todos os processos de yoga, – karma, jñana, dhyana, etc. – não poderão livrar completamente uma pessoa das misérias materiais, a menos que o sentimento puro de bhakti esteja incluído. Os processos de yoga devem ser considerados meios para ajudar a pessoa a alcançar bhakti, pois somente através de bhakti é que pode-se ser promovido à morada suprema do Senhor. Enquanto se permanece no mundo material (mesmo em planetas superiores onde o grau de desfrute é inimaginável para nós) é preciso submeter-se a repetidos nascimentos e mortes. Dessa maneira, o bhakti-yogi é o yogi supremo. Ele reconhece o perigo que existe a cada passo neste mundo material, por isso, ele não deseja nada mais além da associação direta com a Pessoa Suprema, o Senhor Sri Krishna, em Sua própria morada transcendental eterna, onde não existe o menor vestígio de qualquer tipo de aflição material.

Pérola 45. A NATUREZA MANIFESTA E IMANIFESTA (versos 17 a 21)

17. Pelo cálculo humano, quando se soma um total de mil eras, obtém-se a duração de um dia de Brahma. E esta é também a duração de sua noite.

18. No início do dia de Brahma, todos os seres vivos se manifestam a partir do estado imanifesto, e depois, quando cai a noite, voltam a fundir-se no imanifesto.

19. Repetidas vezes, quando chega o dia de Brahma, todos os seres vivos passam a existir, e com a chegada de sua noite, eles são desamparadamente aniquilados.

20. Entretanto, há outra natureza imanifesta, que é eterna e transcendental a esta matéria manifesta e imanifesta. Ela é suprema e jamais é aniquilada. Quando todo este mundo é aniquilado, aquela região permanece inalterada.

21. Aquilo que os vedantistas descrevem como imanifesto e infalível, aquilo que é conhecido como o destino supremo, aquele lugar do qual jamais se retorna após alcançá-lo – essa é Minha morada suprema.

Mesmo Brahma, o ser mais elevado deste Universo, tem uma duração de vida limitada. Na verdade, existem inúmeros universos e em cada um deles existe um Brahma específico ajudando o Senhor a levar a cabo a criação material. Ele vive apenas cem anos, mas do nosso ponto de vista, seus anos são praticamente intermináveis. Um dia de Brahma, por exemplo, é conhecido por nós como uma kalpa, ou seja, mil ciclos de quatro eras: Satya, Treta, Dvapara e Kali. A era de Satya se caracteriza pela virtude e tem uma duração de 1.728.000 anos. Na era de Treta a virtude diminui e ela dura 1.296.000 anos. Na Era de Dvapara, além de diminuir a virtude, a religião se perde e os vícios se infiltram e esta era dura 864.000 anos. Na era que vivemos atualmente, a era de Kali, a desavença e irreligião predominam e sua duração diminui para 432.000 anos. Se somarmos os anos das quatro eras e as multiplicarmos por mil vezes, teremos uma kalpa, ou em outras palavras, um dia de Brahma, e este mesmo número irá corresponder à sua noite. Do nosso ponto de vista, portanto, os cem anos de Brahma representam 311 trilhões e 40 bilhões de anos terrestres. Assim como os seres vivos são criados no início da vida de Brahma, no final de sua vida, todos os seres são irremediavelmente aniquilados juntamente com a criação material e permanecem por um tempo num estado imanifesto. E somente quando um Brahma específico volta a nascer é que eles manifestam-se de novo. Uma pessoa inteligente não deve perder tempo executando atividades que irá mantê-la cativada pelo encanto desta energia material e a manterá em constantes renascimentos dentro deste mundo material. Ela deve despertar seu interesse pela morada de Deus, a qual é constituída de energia espiritual superior e nada tem a ver com a manifestação e aniquilação deste mundo que acontecem durante os dias e noites de Brahma. No texto védico Brahma-samhita há uma descrição vívida da morada pessoal do Senhor Krishna, onde se descreve que esta morada é conhecida como Cintamani-dhama, ou o lugar onde todos os desejos são completamente satisfeitos.

Pérola 46. AS SITUAÇÕES AO SE ABANDONAR O CORPO (versos 22 a 28)

22.A Suprema Personalidade de Deus, que é maior do que tudo, é alcançado pela devoção imaculada. Embora presente em Sua morada, Ele é onipenetrante, e tudo está situado dentro dEle.

23. Ó melhor dos Bharatas, passarei agora a explicar-te os diferentes momentos em que, partindo deste mundo, o yogi retorna ou não.

24. Aqueles que conhecem o Brahman Supremo alcançam este Supremo, partindo do mundo durante a influência do deus do fogo, na luz, num momento auspicioso do dia, durante a quinzena da lua crescente ou durante os seis meses em que o Sol viaja pelo Norte.

25. O místico que se vai deste mundo durante a fumaça, à noite, a quinzena da lua minguante ou os seis meses que o Sol passa para o Sul, alcança o planeta Lua, mas acaba voltando.

26. Segundo a opinião védica, há duas circunstâncias em que se pode partir deste mundo – na luz e na escuridão. Quando parte na luz, a pessoa não volta; mas quando parte na escuridão, ela retorna.

27. Embora conheçam estes caminhos, ó Arjuna, os devotos nunca se confundem. Portanto, fixa-te sempre na devoção.

28. Aquele que aceita o caminho do serviço devocional não se priva dos resultados obtidos por alguém que estuda os Vedas, executa sacrifícios austeros, dá caridade ou dedica-se a atividades filosóficas e fruitivas. Pelo simples fato de executar serviço devocional, ele consegue tudo isto, e por fim alcança a suprema morada eterna.

Como discutimos anteriormente, os devotos puros do Senhor são almas completamente rendidas e, por permanecerem constantemente absortos em pensar no Senhor, não precisam se preocupar com o momento ou o método adequado para abandonarem o corpo. Tal preocupação, entretanto, existe naqueles que praticam algum método diferente de bhakti. Desse modo, os praticantes de karma-yoga, jñana-yoga ou dhyana-yoga se preocupam em abandonar seus corpos nos momentos convenientes apresentados aqui pelo Senhor Krishna. Tais yogis precisam chegar ao ponto de desenvolverem a habilidade de partir deste mundo no momento auspicioso exato. Por isso, para alcançar o brahmajyoti, o místico perfeito pode abandonar o corpo durante a influência das deidades que presidem o fogo, a luz, o dia e a quinzena da lua crescente e, assim, eles não precisam retornar. Outros preferem abandonar este mundo sob a influência das deidades que presidem a fumaça, a noite, a quinzena da lua minguante e conseguem alcançar a Lua, onde poderão desfrutar por dez mil anos para, finalmente, acabarem retornando à Terra. O devoto puro do Senhor prefere deixar tudo nas Suas mãos enquanto ocupa seu tempo precioso em estabelecer-se cada vez mais em consciência de Krishna. Ele sabe que não precisa se preocupar com os diferentes caminhos, pois, vivendo em harmonia com o Senhor através do serviço devocional, ele irá ao reino espiritual por um caminho seguro e direto. O devoto puro pode entender claramente que os caminhos aqui apresentados são arriscados e problemáticos e prefere manter-se no caminho devocional, onde a passagem para o mundo espiritual é totalmente garantida.

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