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MAGIA ORGANIZADA PLANETÁRIA


Capítulo VI

A GEOMETRIA, SUPORTE MÁGICO DA IMAGINAÇÃO

Avançado em nosso estudo sobre a Magia Organizada em nosso mundo, vamos nos dando conta de que a verdade esotérica está contida na grande afirmação: "DEUS GEOMETRIZA", de Platão, o filósofo iniciado. Não sabemos até que ponto tem sido compreendido o caráter abrangente dessa afirmação, mas podemos assegurar, terminantemente, que sem essa compreensão mental é impossível introduzir-se muito profundamente na ciência esotérica da Magia.

Temos que partir da base de que a totalidade do nosso universo é molecular. Segundo nos foi ensinado ocultamente, nosso sistema solar, com seus planos, subplanos, planetas, raças e espécies, não é mais que uma gigantesca forma geométrica ou corpo molecular que o Senhor do Universo utiliza durante os imensos ciclos de Sua manifestação solar. O Logos, o Senhor do Sistema, utiliza todas e cada uma de Suas infinitas ideações para cumular de formas geométricas a totalidade do sistema universal que lhe serve de morada, de maneira que, de acordo com a lei de evolução, opera magicamente do princípio até o fim de Seu Mahamanvántara, ou ciclo de manifestação. Serve-se da Magia para criar e para distribuir tais formas geométricas por todos os confins de seu vasto sistema, e quando todo "Seu espaço vital" está pleno de formas, desde as mais sutis às mais densas, vem então o trabalho essencial de as agilizar, embelezar e sintetizar, criando, como fim em si mesmas, a glória inefável dos arquétipos de perfeição, que uma vez realizados marcarão "o círculo-não-se-passa" de Sua capacidade criadora. Não fica interstício algum entre as formas geométricas, que em sua totalidade constituem o universo. Todas estão harmoniosamente unidas entre si, constituindo um conjunto sintético e inclusivo, tanto se examinadas do ângulo dos planetas, quanto dos seres humanos e dos infinitos agrupamentos atômicos. Ali onde termina uma forma, começa outra, apoiando-se harmoniosa e potencialmente na forma anterior. Assim, o espaço que chamamos "vazio", visto ocultamente é percebido pleno de outras formas mais sutis, mas que, no entanto, se apoiam nas estruturas densas e mais substancialmente moleculares. Continua operando, em todo momento, o princípio geométrico da forma, que não reconhece barreira alguma na expressão de sua natureza impulsora e progressiva. Compreende-se, assim, a indescritível riqueza da geometria quando considerada em seu aspecto mais oculto e transcendente, como servindo de maravilhosa engrenagem entre planos, dimensões e compostos moleculares.

Nada mais belo e espetacular, sob o prisma esotérico, que observar o firmamento em uma noite estrelada utilizando a clarividência mental. Aparecerão, então, entre os pontos brilhantes criados pelas estrelas e planetas, novos e cada vez mais esplêndidos e rutilantes corpos celestes, constituindo maravilhosas e inenarráveis combinações geométricas, conjuntos poliédricos de cores indescritíveis e emitindo incompreensíveis e misteriosos sons. A percepção clarividente levará ainda mais longe caso se persista nas observações, pois será possível descobrir, como realidade objetiva e não como uma simples e interessante equação mental, que, no espaço e dentro de uma desconhecida e esplêndida rede geométrica espacial, deverá ser finalmente resolvida a grande incógnita do homem quanto à sua identidade, procedência e destino, já que é lendo o maravilhoso mapa dos céus que se aprende a grande verdade oculta de que o destino de tudo quanto existe no universo - seja qual for sua importância - acha-se escrito ali, no espaço infinito e dentro de qualquer das redes geométricas espaciais, berços do verdadeiro estudo esotérico da Magia. Desse ângulo de observação, o KARMA, quer se aplique a um sistema solar, a um esquema planetário ou a um simples ser humano, não é senão uma projeção geométrica procedente de uma ou outra dessas incompreensíveis redes espaciais criadas na ilimitada moldura do espaço por um tipo desconhecido de atividade criadora. Poderíamos supor, inclusive, que os ângulos de incidência dos pontos brilhantes do firmamento, constituindo determinadas formas geométricas, moldam misteriosamente o KARMA da Terra, e que a posição que qualquer ser humano ocupa no vigamento geométrico que constitui seu circulo social configurará também, sem sombra de dúvida, seu karma ou seu destino. Assim, quando astrologicamente se diz que "as estrelas marcam o destino do homem", deveria agregar-se "mediante a figura geométrica que as estrelas adotaram no momento do seu nascimento", de modo que a Astrologia e a Geometria são Ciências inseparáveis e consubstanciais, não se podendo dar movimento a uma sem que se mova a outra ao mesmo tempo.

Por isso, o Mago, seguindo as regras iniciáticas expostas por Platão, GEOMETRIZA utilizando sua vontade e sua imaginação. Que mova com ambas as redes espaciais, que tanja a lira de infinitas cordas do firmamento e de seus régios sons extraia a forma geométrica mais oportuna, a que mais adequadamente responda à sua intenção criadora. Assim, as redes espaciais jamais estão em repouso, mas constantemente vibrando, movendo-se e ampliando-se, fazendo eco em todos os momentos às necessidades que surgem de qualquer centro mágico ou criador.

As divinas medidas áureas dos grandes artistas do passado surgiram do descobrimento genial das proporções ideais implícitas nas primeiras redes espaciais com as quais Deus recobriu a nudez de Seu propósito universal, e, a Seu conjuro, surgiram as formas geométricas de tudo quanto existe em incríveis e dinâmicos desdobramentos de harmonia impossíveis de descrever. O Mago se limita a seguir, sem oferecer resistência alguma, a forma geométrica e o movimento que as estrelas lhe indicam, tratando de descobrir, dentre as redes espaciais que as unem entre si, aquelas que melhor respondem às suas intenções criadoras, sabendo que essas redes espaciais são os infinitos filamentos de comunicação estendidos entre todos os corpos celestes, impulsionadas por forças inteligentes dotadas do mais potente e eletrizante dinamismo. As combinações realizadas pelo Mago, seguindo seu inevitável impulso criador e apoiando-se em sua poderosa imaginação, criam novas redes espaciais dentro das redes criadas pelas estrelas esplendentes e astros rutilantes, e é assim, utilizando sua magia criadora, que pode destruir aquelas "redes malignas que, surgidas das leis da necessidade kármica, encheram de angústia e desespero a vida dos homens da Terra"(Livro dos Iniciados), pois a lei mágica por excelência vem expressa no axioma oculto... "os astros inclinam, mas não obrigam", que tanto deu o que pensar a filósofos, místicos e ocultistas de todos os tempos.

A mudança da posição geométrica de um astro no espaço, induzida pelas leis da necessidade kármica, alterará fundamentalmente a forma da rede espacial estendida sobre si, obrigando a consequentes e inevitáveis reajustes naqueles astros menores que faziam parte da rede primitiva. Às incessantes mudanças de posição e movimento dos astros no espaço e às diferentes formas, medidas e frequências vibratórias que se produzem nas redes espaciais que formam sua estrutura geométrica, atribui-se esotericamente o nome genérico de EVOLUÇÃO, constituindo, evidentemente, o que em termos muito ocultos poderíamos definir como "KARMA DOS DEUSES".

No dia em que a ciência geométrica alcançar o ponto culminante de síntese, aceitando o fato de que as redes espaciais estendidas entre os mundos constituem a raiz do KARMA, tanto o dos homens quanto o dos Deuses, terá culminado num elevado ponto de realização e poderá penetrar, então, em outras áreas mais sutis dentro do processo infinito de ESTRUTURAÇÃO DAS FORMAS, totalmente impossíveis de perceber, compreender e intuir pelos mais inteligentes e preclaros cientistas da Terra nos momentos atuais...

Quando analisamos o termo "Geometria Esotérica" ao nos referirmos à multiplicidade infinita de formas na vida da Natureza, adotamos a expressão justa, já que toda forma - seja qual for o seu grau de objetividade - constitui um mistério geométrico de criação em cuja estruturação tomam parte uma infinidade de forças invisíveis cuja lei, atividade e ordem vêm regidas por uma Vontade suprema que está além dos limites da nossa compreensão.

A forma geométrica é o princípio da manifestação universal, já que é através dela que deverão expressar-se as qualidades psicológicas da Deidade criadora, implícitas subjetivamente nos estados de consciência que todos e cada um dos seres da Natureza revelam, não importa o grau de integração interna que tenham alcançado dentro do processo geral da evolução planetária. Deveremos admitir, portanto, que existe uma filosofia da forma, da mesma maneira que há uma filosofia da vida, todas as formas existentes vindo dinamizadas por determinadas qualidades magnéticas de caráter interno ou subjetivo, as quais cristalizam nos elementos geométricos básicos conhecidos como o ponto, a reta, o plano e o volume.

A filosofia da forma, que é o ideal da Geometria Esotérica, tende à mais bela expressão da Arte e constitui o pensamento dos homens verdadeiramente universais, quer o expressem no sentido das próprias formas dotando-as de vida pelo poder da imaginação - como o fez Leonardo da Vinci - quer enriquecendo-as de amplíssimos conceitos filosóficos em cuja elaboração mágica vislumbram-se arquétipos de perfeição encarnando realidades geométricas, tal como sintetizou Platão em seu conhecido axioma "DEUS GEOMETRIZA". Mas, definitivamente, ambos os pontos de vista eram genuinamente universais porque representavam, mais que simples ideais estéticos, correntes de vida criadora, atuavam como verdadeiros geômetras esotéricos, seguindo um o rigoroso caminho da Arte e o outro o da mais sublime filosofia. A conclusão a que ambos chegaram era seguramente a mesma, ou seja, que o mistério da forma geométrica e o conteúdo subjetivo da mesma constituíam parte do mesmo segredo cósmico, potencial e latente dentro do ser humano, que devia forçosamente se revelar, o que evidentemente ambos fizeram, Da Vinci concretizando a filosofia interna na beleza externa e Platão revelando a beleza externa na filosofia interna. A busca da similaridade existente entre as estruturas psicológicas internas e a impressionante série de estruturas geométricas externas constitui o centro de investigação da Geometria Esotérica, do mesmo modo que a similaridade de propósitos criadores ou arquétipos no seio místico de cada forma na vida da Natureza constitui a maneira platônica de investigação da filosofia oculta e transcendente.

De acordo com as nossas investigações das leis ocultas da Magia, há duas maneiras de contemplar a Natureza: de fora, através das percepções sensoriais, vendo-a em seu extenso panorama externo; e de dentro, tentando descobrir o segredo que oculta o espaço geométrico, zelosamente guardado pelos "espíritos da Natureza". A segunda oferece uma percepção direta da verdade oculta do Espírito Criador que surge rapidamente do misterioso cadinho onde os grandes Devas dos Arquétipos forjam o destino final de todas as possíveis formas geométricas, moradas temporais de cada uma das unidades de vida e de consciência que povoam as incontáveis plêiades de humanidades dentro e fora do nosso sistema solar.

Como foi dito em um livro anterior (Los Angeles en la Vida Social Humana – Ed. Noguera, Barcelona), "a Geometria é o andaime da imaginação. A Arte e a Ciência se complementam geometricamente, ao ponto que nenhuma expressão artística digna desse nome carecerá de ciência ou de técnica, nem nenhuma Ciência carecerá de Arte; daí que todo conhecimento verdadeiro provém de um íntimo sentimento criador, não tendo a Magia da Criação outra meta distinta do que dar forma adequada à imaginação em virtude de uma série contínua de impulsos internos". Existe também, por pouco que o analisemos, um sentimento infinito de beleza matemática que tende a converter-se em harmonia das formas e dos números, uma elegância geométrica, poderíamos dizer, que tende a estruturar-se em forma matemática. Exemplo disso temos nas sublimes medidas áureas ou solares, que são uma constante universal na arte criadora, podendo se assegurar, inclusive do ângulo oculto, que uma equação matemática há de conter beleza artística, pois, se não for assim, a equação jamais chegará a ser perfeita. A Ciência dos Números é a Ciência da Forma, e não poderíamos falar de Magia nem de Geometria Esotérica sem nos referirmos previamente à harmonia existente entre ambas as Ciências.

Quanto à Geometria Esotérica, deve-se levar em conta, além disso, que todos os corpos estão sujeitos a uma série de reações de acordo com a posição que ocupam no Espaço em relação a outros corpos, estabelecendo-se, assim, aquelas linhas místicas de relação magnética que darão lugar a todos os fenômenos de perspectiva geométrica que criam, no espaço, os planetas, os universos, as constelações e as galáxias.

Indubitavelmente existe essa mística relação magnética entre os astros, já que tudo quanto percebemos, por onde quer que seja, é um fenômeno de perspectiva, embora o realmente importante, do ângulo do nosso estudo sobre a Magia, sejam as reações psíquicas que tais perspectivas produzem nos corpos celestes, obrigados pela posição que ocupam no vasto firmamento a criar determinadas figuras geométricas, contribuindo com isso na geração de imensos campos magnéticos que, sem dúvida, influirão na vida e nos acontecimentos de todos os seres viventes que, dentro de seus misteriosos esquemas planetários ou universais, "vivem, se movem e têm o ser", e aparentemente criam e perpetuam no tempo aquele fenômeno oculto que esotericamente chamamos KARMA.

Bem, essa ideia já foi analisada em páginas anteriores e talvez pecássemos por redundância insistindo sobre a mesma, mas seria oportuno assinalar que as formas geométricas a que aludimos sob a designação de "efeitos de perspectiva" têm uma contraparte etérica em distintos graus de sutileza que origina na infinita grandiosidade do Espaço gigantescas redes geométricas dentro das quais estão "misticamente encadeados os mundos", constituindo verdadeiras fronteiras cósmicas ou "círculos intransponíveis", mesmo para os próprios Logos criadores. Como iremos observando, à medida que certas zonas de observação intelectual vão sendo transcendidas, abrem-se ao investigador esotérico da Magia as maravilhosas e insondáveis regiões abstratas - não tão enganosas quanto as concretas ou intelectuais - iniciando-se então um fantástico percurso por umas áreas de luz realmente impressionantes. Percebem-se assim, as formas geométricas que criam entre si os inumeráveis astros, planetas e estrelas sob uma gama infinita de cores indescritíveis e de insuspeitas melodias que asseveram o conhecido axioma oculto que constitui a base mágica da Criação...: "Tudo no Universo é um Som que gera uma Cor e que finalmente se converte em uma Forma Geométrica". Impregnando esse axioma de conteúdo científico, poderíamos dizer que o campo supremo de investigação do Cosmos tem três importantes vertentes ou ângulos de observação:

a. a que tem a ver unicamente com a forma geométrica que determinados corpos celestes constituem entre si formando constelações, ou melhor, o fenômeno da perspectiva tal como aparece através do sentido da visão em seu aspecto físico ou tridimensional;

b. outra vertente a considerar do ângulo esotérico pertence à chamada quarta dimensão, utilizando para esse propósito a clarividência astral e observando o fenômeno da perspectiva através das impressões psíquicas ou emocionais que suscitam no ser interno;

c. a terceira vertente pertence à quinta dimensão do espaço, cuja expressão, vista do ângulo oculto, é o pensamento humano, embora liberado por completo das ordinárias ou habituais modificações mentais produzidas pela atividade emocional do homem, ou seja, daquela condição que esotericamente conhecemos sob o nome de KAMA-MANAS, a mente condicionada pelo desejo.

Cinco dimensões constituem, portanto, o campo de investigação esotérico da Magia organizada: as três que correspondem ao plano físico e as outras duas que correspondem aos níveis psíquico e mental. As três primeiras são eminentemente objetivas e o campo de suas percepções provém dos cinco sentidos atualizados no plano físico. A limitação desses sentidos é evidente quando se trata de perceber nas dimensões mais sutis, ou quando se trata de representar a objetividade geométrica das três dimensões, a qual aparecerá sempre como um plano ou como uma superfície, e não como um volume que, como sabemos, é a representação natural da terceira dimensão. Isso quer dizer que as perspectivas geométricas, sejam dos corpos celestes ou aplicadas a qualquer corpo na vida da Natureza, só podem ser registradas pela visão ou pelo cérebro em forma de plano ou superfície, ficando sempre oculta uma das três dimensões que constituem o Universo físico, pela limitação dos próprios sentidos corporais.

Para que essa terceira dimensão oculta apareça à vista do investigador esotérico, esse deverá ascender em consciência utilizando a clarividência astral para a quarta dimensão do Espaço, e de lá efetuar as oportunas e necessárias observações. Então o Espaço - como misticamente se diz - se esclarecerá e aparecerão volumes por todo o campo de percepção do observador, como se as formas objetivas fossem de cristal e pudessem ser vistas indistintamente por cima, por baixo, pelo centro, pela direita, pela esquerda etc., constituindo tal tipo de observação uma nova qualidade da consciência que perceberá então, com enorme exatidão, a parte subjetiva ou oculta de toda possível forma geométrica, sendo consciente da cor ou qualidade mística de cada uma, assim como do tipo de emoção - se podemos assim dizer - que cada qualidade ou cada cor suscita no ânimo dos seres humanos. É por esse motivo que a quarta dimensão, ou plano astral, é denominada também "o nível das emoções e dos sentimentos dos homens", sendo a beleza da cor e a fúlgida transparência das formas poliédricas observadas uma indicação eloquente da extraordinária sutileza dos níveis registrados.

A quinta dimensão do Espaço recebe esotericamente a denominação de "plano mental". Consta, também, de sete subplanos e cada um desses vem a ser como a sede ou o arquivo das qualidades infinitas do pensamento, podendo dizer-se que cada mente humana se move em um ou outro desses sete subníveis, possuindo uma capacidade de registro que lhe permite ser consciente naquele que, por lei de vibração, lhe corresponde. Poderíamos dizer, pois, de acordo com os ensinamentos esotéricos, que a quinta dimensão em sua totalidade é a integração de sete subdimensões, e que cada uma delas forma um centro de projeção, expansão e registro de pensamentos, os quais aparecem à observação do investigador esotérico como sons místicos, contendo cada um seu próprio e íntimo significado e manifestando-se sob a impressão de uma cálida melodia que irá se introduzindo no ânimo do observador e lhe preencherá de determinadas emoções, chegando finalmente ao cérebro físico sob uma forma geométrica definida... Podemos então afirmar, sob o ponto de vista da Magia, que toda forma é o resultado de uma emoção definida, que por sua vez parte da percepção íntima de um pensamento, incitando no sagrado destino do cósmico uma verdade geométrica que rege o mundo completo das formas, mas também uma verdade filosófica que surge vibrante do oceano de Vida do Espírito...

O KARMA, apreciado como um resultado da projeção magnética do cálido impulso das estrelas sobre o planeta ou sobre os indivíduos, parece indicar que as entidades criadoras que ocupam os núcleos vitais dos universos, dos planetas e das humanidades, estão fatalmente condenadas a sofrer o rigor do KARMA - seja bom ou mau - sem que a vontade criadora possa exercer seu poder volitivo e autoconsciente, ou seja, o de decidir por si mesma os fatos, acontecimentos e processos psicológicos que formam as bases do destino. Essa ideia parece negar por completo a veracidade do grande axioma esotérico "...Os astros inclinam mas não obrigam". Contudo, a grande tradição oculta que tem enriquecido através dos tempos as vidas e as mentes dos sábios, afirma também que "...O Espírito criador está acima de todas as coisas" e que, tal como dizia BUDA, "o homem liberto está mais além do destino dos mundos". Em ambas as afirmações, aplica-se a lei do Espírito acima da lei da Matéria, mesmo reconhecendo que esta constitui a base sobre a qual foram criadas as mais esplendentes estrelas.

Assim, quando falamos do significado oculto das redes geométricas espaciais que karmicamente aprisionam os mundos, teríamos que considerar também o aspecto geométrico das redes espaciais criadas pelo Espírito, e ver o KARMA ou destino, ao menos nos indivíduos dotados de grande percepção e dinamismo espiritual, não só como algo voluntariamente aceito, mas também como autoconscientemente dirigido, com o que pode ser compreendida a razão espiritual que assiste àqueles que lutam com fé e confiança contra o destino implacável das estrelas...

A ideia seria muito fácil de compreender se a visão do investigador da Magia Organizada do planeta pudesse se situar no plano do Espírito e observar dali o processo inicial que marca o destino do homem: a concepção, a gestação, o nascimento, a qualidade dos veículos de manifestação, os ambientes sociais onde deverá desenvolver suas atividades etc. Ver-se-ia, então, que não são as estrelas que obrigam a nascer, mas que é o Espírito que decide encarnar fisicamente, depois de perceber o curso cíclico das estrelas, sujeitando-se então voluntária e conscientemente às leis do renascimento. A decisão do Espírito marca sempre o destino dos homens superiores e é a que finalmente triunfa sobre as redes geométricas das formas, por belas e perfeitas que essas sejam.

Podemos afirmar, portanto, que a Geometria esotérica, que é a Geometria do Espírito, apoia-se em redes espaciais de indescritível diafaneidade e transparência, e sobre formas geométricas de inefável beleza. Nada do quanto dissemos anteriormente sobre as complexas e cada vez mais estilizadas redes geométricas espaciais está em contradição com o que estamos afirmando agora acerca da lei prevalecente do Espírito. Limitamo-nos, como bons investigadores esotéricos, a considerar um poder que está além da influência das estrelas, ainda que reconhecendo que nem todos os seres humanos conseguiram desenvolvê-lo. A maioria desses estão sujeitos à influência dos astros porque ainda não têm convenientemente desenvolvido seu Espírito criador. Nesse caso, o destino marcado pelas estrelas cumprir-se-á inexoravelmente. O KARMA angustiante da Terra é uma lei marcada pelo princípio de gravitação da Matéria, não é o resultado de um princípio espiritual previsto de um modo reto e inteligentemente manifestado.

Temos, portanto, e esta verdade será com o tempo o patrimônio natural dos investigadores científicos do futuro, um tipo de redes espaciais cuja expressão geométrica constitui o KARMA ou destino inapelável que gravita sobre a imensa maioria dos seres humanos, e outras redes espaciais que "têm sido prévia e inteligentemente eleitas" por aquele reduzido grupo de individualidades dentro da humanidade que desenvolveram convenientemente dentro de si a lei do Espírito. Evidentemente o destino de ambos os grupos será muito diferente, dado que as redes espaciais que envolvem o primeiro estão estruturadas sobre formas geométricas irregulares baseadas na figura do quadrado, enquanto que as redes espaciais dentro das quais evolui o segundo grupo são erguidas sobre formas geométricas cada vez mais regulares, baseadas no triângulo e no círculo (Vistas de uma quarta dimensão e apreciadas em seu aspecto volumétrico, as figuras do quadrado, do triângulo e do círculo são observadas como o hexaedro, a pirâmide de base retangular e a esfera).

Como conseguimos averiguar ocultamente, o quadrado, o triângulo e o círculo são as figuras geométricas de base utilizadas pelo Logos do nosso universo na construção de Seu vasto sistema solar, definindo as três etapas de desenvolvimento espiritual que, através da matéria organizada, criaram os aspectos ocultamente conhecidos como PERSONALIDADE, ALMA E ESPÍRITO na vida dos Homens Celestiais, ou Logos planetários, e na dos seres humanos.

Complementamos com essas ideias as nossas prévias informações esotéricas sobre o chamado Quaternário humano, a Personalidade psicológica formada pela mente, o corpo emocional, o veículo etérico e o corpo físico denso, e vamos considerar, desse ponto de vista, a constituição geométrica do veículo etérico dos seres humanos atuais, o qual, segundo revelam as observações clarividentes, está formado por uma densa rede de quadrados, a maior parte deles de tipo irregular, vistos sob o ângulo da forma geométrica.

Elevando a percepção clarividente ao corpo etérico dos indivíduos potentemente polarizados com a Alma, ou mente superior, vê-se esse corpo esplendidamente vitalizado por radiantes figuras geométricas baseadas na forma do triângulo, que surge aparentemente da divisão dos quadrados constituintes da rede anterior em quatro triângulos, os quais, à medida que a Alma vai adquirindo poder sobre a rede etérica proveniente do passado, tomarão a forma regular do triângulo equilátero, figura que, de acordo com a sabedoria oculta proporcionada pelos grandes Conhecedores planetários, constitui o Arquétipo sobre o qual se modela e estrutura a evolução deste sistema solar atual. Aplicando idêntico princípio de investigação aos grandes Adeptos e Iniciados planetários, deveremos supor, por analogia, que o veículo etérico que utilizam - no caso de se acharem em encarnação física - estará constituído por elementos geométricos circulares, surgidos aparentemente da incrível divisão dos triângulos equiláteros em uma infinita quantidade de triângulos cada vez mais reduzidos, até que, em uma subdivisão final, se convertam em círculos, os quais criarão na rede geométrica do veículo etérico uma nova forma de distribuição de energias procedentes das redes espaciais do Cosmos, majoritariamente conectadas com a aura planetária e com a vida espiritual dos gloriosos Adeptos planetários.

A Geometria aparece, assim, como o fundamento mágico da criação, pois não podemos descartar a ideia - ocultamente correta, de acordo com o princípio da analogia - de que as formas geométricas do quadrado, do triângulo e do círculo, que formam a trama mágica da Personalidade, da Alma e do Espírito, são projeções celestes das grandes Constelações unidas ao glorioso destino de nosso sistema solar, cujas redes espaciais ou veículos etéricos envolventes estão constituídas por aquelas formas geométricas de base. E ainda poderíamos falar - sempre fundamentando nossas observações na lei geométrica que regula a posição dos grandes astros no firmamento - do grau de evolução alcançado pelas supremas Entidades espirituais que das eternas alturas logoicas regem zonas siderais imensas e impressionantes no quadro do indescritível Mapa cósmico...

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