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CONVERSAÇÕES ESOTÉRICAS


Capítulo VI

O MISTÉRIO DOS SETE RAIOS

Como anunciei em uma das nossas conversações anteriores, hoje vamos iniciar o estudo do interessante e profundo assunto dos Sete Raios, tentando descobrir, conjuntamente, Sua procedência, significado e augusta finalidade em relação ao processo de evolução do nosso Universo.

Aceita como lógica a ideia de uma Hierarquia Espiritual Planetária diretora da evolução da humanidade, a representação do Quinto Reino da Natureza, o das Almas Liberadas, tomava corpo e consistência objetiva em nossas mentes e nos convidava a penetrar no estudo dos Mistérios Espirituais que constituem aquele Centro infinito de redenção do gênero humano. Não vamos repetir agora o que já dissemos numa conversação anterior sobre a instauração, funções e finalidade do Quinto Reino, ou a Grande Fraternidade Branca como é chamado esotericamente, mas nos será útil insistir no fato de que o Centro total de evolução do nosso planeta é aquele Ser conhecido ocultamente sob o nome de Sanat Kumara, Que rege os destinos do mundo e de tudo que nele "vive, se move e tem seu ser", auxiliado por outras seis grandes Entidades Espirituais de elevadíssima transcendência, a Quem a tradição esotérica denomina Budas esotéricos ou Budas exotéricos, segundo o caráter interno ou externo de Seu Trabalho em relação à evolução planetária. A ideia desse grupo central constituído por Sanat Kumara, o Senhor do Mundo, e os seis Budas antes descritos, nos introduzirá no estudo dos Sete Raios, que iniciamos hoje, já que cada um desses Seres Excelsos encarna alguma das Sete Qualidades distintivas do Logos do nosso Sistema solar, cujas correntes de energia constituem precisamente os Sete Raios, que são, em sua totalidade, a Vida do nosso planeta.

Feita essa pequena introdução, vamos agora tentar esclarecer o sentido dos Raios Cósmicos que condicionam a Vida Solar. Para isso, será necessário que remontemos às causas motivadoras do nosso Universo, pois, sem uma concepção objetiva ou intelectual das raízes cósmicas do mesmo, resultaria pouco menos que impossível compreender a origem dos Sete Raios, tal como se manifestam em nosso Sistema Solar e, muito concretamente, em nosso planeta.

A. Genealogia do Universo

Lendo nos anais esotéricos e místicos do passado, refletidos nas páginas dos antiquíssimos Livros da Hierarquia, encontramos essa curiosa e, ao mesmo tempo, instrutiva ideia acerca do princípio do nosso Universo: "...Os Sete grandes Rishis da Ursa Maior tomaram, como esposas, as Sete graciosas Virgens das Plêiades”. Aparentemente, e como se reflete em nosso entendimento, essa é a origem mística do termo "casamento celeste", a partir do qual se iniciou o processo cósmico que deu vida ao nosso Universo. Mais adiante, pode ser lido: "Sirius, a rutilante estrela que inundava com sua Luz os grandes ermos cósmicos, de sua elevada e misteriosa Torre de Vigia, aprovou aquela união indescritível e imaculada e enviou, para santificá-la, um de seus Filhos muito amados, que ali era Mestre dos mestres e Digníssimo em Amor e Sacrifício”. Não poderia ser descrito de maneira mais poética e gráfica o Mistério da Encarnação, realizado nos elevados níveis cósmicos através desse Ser, "de Quem nada se pode dizer", que é o Senhor do nosso Universo e que, aparentemente, procede da estrela Sirius, da Constelação Cão Maior.

Analisando essas ideias do ponto de vista esotérico da analogia, poderíamos chegar às seguintes conclusões:

a. a constelação setenária da Ursa Maior é de ordem positiva e de caráter masculino;

b. a constelação das Plêiades, também setenária, é de ordem negativa (em relação à Ursa Maior) e de caráter feminino;

c. a conjunção magnética de ambas as constelações, ou o "Casamento celeste", aproveitando planos ótimos de incidência cósmica, determinou uma resposta de Sirius. É a concepção física do nosso Sistema Solar e a encarnação do Logos do nosso Universo.

Desse Mistério triplo que a maior parte dos chamados "Livros Sagrados da Humanidade" se refere sutil e misticamente, deriva-se a concepção, estrutura física e expressão psicológica deste Universo, de cujo conteúdo espiritual fazemos parte. Como veem, trata-se de dar uma explicação o mais racional possível a tudo quanto, em relação ao nosso Universo, foi encoberto pelos véus secretos de um elevado Mistério espiritual. Não esqueçam que estamos vivendo hoje em dia sob a tremenda pressão dos grandes avanços científicos e tecnológicos e que as verdades esotéricas devem ser analisadas muito objetiva e analiticamente pelos investigadores das verdades ocultas da Natureza. Portanto, em nossa conversação de hoje, trataremos de dar consistência científica às ideias esotéricas que nos foram transmitidas através das alegorias poéticas e místicas dos Livros Sagrados, que salvaguardam a grande tradição hermética da Sabedoria.

Na verdade, não poderíamos dar uma explicação intelectual ou racional, ou seja, compreensível, à expressão setenária da Natureza sem antes remontarmos às elevadas Fontes místicas que encobrem as altas verdades espirituais e foram causa e motivo da Constituição Sétupla e expressão universal. Rogo-lhes, portanto, que meditem atentamente sobre o que foi dito até aqui quanto às origens do nosso Universo. Apliquem a analogia e, sem forçar a mente, já que uma mente sujeita ao esforço dificilmente pode compreender o alcance de qualquer verdade possível, sigam atentamente o processo. Sem dúvida, assim aparecerá ante a sua visão um extenso quadro de valores psicológicos realmente insuspeitados, que possibilitará que, a partir daquela primeira "Grande Concepção Universal Setenária" realizada nos níveis cósmicos, possamos começar a falar psicologicamente dos Sete Raios e a ver um pouco mais claramente, através da tradição esotérica e mística quanto nos comunicaram os livros de teosofia e de concepção filosófica elevada.

A estrutura espiritual e física do nosso Universo se fundamenta nas duas grandes correntes de vida setenária que fluem através das constelações Ursa Maior e Plêiades. A organização dessas correntes de vida e energia e sua distribuição num sistema de densidades, se podemos dizer assim, determina a criação dos Sete Planos do Sistema Solar, dos quais emanam as energias que determinam os Sete Esquemas Terrestres, as Sete Cadeias Planetárias, as Sete Rondas de cada Cadeia, os Sete Planetas de cada Ronda, os Sete Reinos da Natureza, as Sete Raças Humanas, cada qual com suas Sete Sub-raças correspondentes, as Sete Modificações do Éter, as Sete Qualidades da Luz, ou sete cores do espectro solar, as Sete Notas fundamentais do Som e, no que diz respeito à humanidade, os Sete Tipos psicológicos, os Sete grandes Centros Etéricos de distribuição da energia, tecnicamente chamados Chacras, cada qual com sua glândula endócrina correspondente etc., etc. Como veem e a analogia nos demonstra, o Macrocosmo e o microcosmo se complementam neste denominador comum que é chamado nos estudos esotéricos Os Sete Raios. A partir desse momento, deveremos apenas concretizar detalhes na impressionante majestade do conjunto que iremos estudando e tratando de dar validade científica ao acontecimento psicológico do homem como um Setenário que reflete em sua vida tudo que ocorre nos vastos oceanos do Cósmico, já que, segundo dizem todas as religiões do mundo, "o homem é feito à imagem e semelhança da Divindade".

B. Os Planos do Sistema Solar

De acordo com os estudos esotéricos, estes são os Planos ou níveis de onde se projetam e onde se distribuem as energias dos Sete Raios:

1º Raio Plano Ádico   (o da própria Divindade)
2º Raio Plano Monádico   (ou Espiritual)
3º Raio Plano Átmico    
4º Raio Plano Búdico   (Tríade Espiritual)
5º Raio Plano Mental abstrato
concreto
(O Anjo Solar)
6º Raio Plano Emocional    
7º Raio Plano Físico etérico
denso
(A Personalidade Humana)

Sempre de acordo com tudo que temos aprendido nos livros ocultistas, é preciso indicar algo que talvez os senhores já saibam, ou seja, que os Planos Átmico, Búdico e Mental constituem a Tríade Espiritual, ou expressão monádica, assim como se expressa por meio do Anjo Solar, no terceiro subplano do Plano Mental. Também deve ser salientado que o aspecto concreto da Mônada, ou Manas inferior, constitui o intelecto humano que, unido aos componentes cármicos invocados dos níveis emocionais e físicos, forma a entidade psicológica que definimos tecnicamente como "Personalidade Humana".

Hoje, nada vamos dizer sobre as expressões particulares de um Esquema Terrestre. Bastará indicar que cada Logos Planetário é responsável por Seu próprio Esquema de evolução perante o Logos Solar, de Quem emana toda forma de vida e todo fluxo de energia. Só diremos, simplesmente como matéria informativa, que um Esquema Terrestre consta de Sete Cadeias de Mundos, que cada uma dessas Cadeias tem Sete Rondas ou processos de encarnação, que cada Ronda engloba a evolução de Sete planetas, solidários entre si e unidos carmicamente, se podemos dizer assim, durante o processo de manifestação de uma Ronda Planetária que, segundo nos é dito ocultamente, é a projeção evolutiva do aspecto pessoal do Logos de um Esquema Terrestre. Assim sendo, é interessante saber, em relação ao nosso estudo, que cada planeta em evolução dentro do ciclo correspondente à sua Quarta Ronda (ou encarnação física do Logos Planetário) desenvolve e coloca em atividade Sete grandes Raças Raízes e que cada uma dessas Sete grandes Raças se subdivide em outras tantas sub-raças, cada uma com suas características e qualidades peculiares e correspondentes.

Sabemos também, induzidos pelo princípio hermético da analogia, que evoluem na Natureza planetária Sete Reinos, dos quais só conhecemos os quatro primeiros, a saber: mineral, vegetal, animal e humano, ainda que comecemos a ver a grandeza do Quinto Reino, o Espiritual, ficando ante nossa perspectiva, como uma grande incógnita para o futuro, a evolução de outros dois Reinos, para cuja identificação a nossa mente não tem, absolutamente, qualidades. Deve-se distinguir em cada Plano também, sempre num esquema de densidades de vibrações, os sete elementos naturais constituintes do mesmo com raiz no Éter, a substância universal de criação, dos quais conhecemos somente cinco, os mais próximos ao nosso presente estado de evolução, por estarem na Natureza do plano físico, ou seja, a terra, a água, o fogo, o ar e o primeiro éter, oficialmente reconhecido pela Ciência atual, mas que ainda precisa dos necessários aparatos técnicos para ser detectado objetivamente. Ficam, ainda, outros dois éteres sutis que entram na composição do corpo etérico do ser humano e completam a maravilhosa organização física do Universo. A grandiosa complexidade da estrutura universal determina, assim, que Sete elementos químicos básicos, seguindo um sistema crescente de sutilidade e de sensibilidade, constituam a base orgânica dos corpos em todos os níveis onde a Forma de que se reveste o Alento Espiritual da Divindade precise ainda de uma certa densidade objetiva, como acontece nos baixos níveis emocionais e no nível mental concreto, mas, a partir daí, o Alento Espiritual Divino utiliza um tipo particular de Éter, em cuja composição entram elementos realmente imponderáveis sob o ponto de vista da percepção humana. Somente quando a alma se liberta da substância grosseira de seus corpos de maior densidade e entra na mágica corrente da Iniciação, começa a ser consciente desses níveis de sutilidade. Portanto, não podemos levá-los em consideração nas nossas conversações, mesmo quando, e de acordo com o princípio da analogia, damos por "suposta" a existência desses elementos imponderáveis, que são os agentes coesivos do nosso Sistema Solar.

Os Planetas Sagrados

De acordo com a sabedoria esotérica, são chamados "Planetas Sagrados" aqueles cujo Logos Regente possui a "Quinta Iniciação Solar", sendo, portanto, um Adepto Cósmico. Estes são os planetas sagrados do nosso Universo e os tipos de Raio que os qualificam:

RAIO PLANETA
Vulcano
Júpiter
Saturno
Mercúrio
Vênus
Netuno
Urano

Deve ser considerado que Raio indica, indistintamente, Qualidade e Energia, e que, de acordo com a sabedoria esotérica, estas são as qualidades expressivas de cada Raio:

RAIO PLANETA
Vontade Dinâmica
Amor Inclusivo
Inteligência Criadora
Harmonia e Beleza
Ciência Concreta
Devoção e Idealismo
Ordem, Magia, Cerimonial e Cumprimento

Extremando os detalhes, poderíamos estabelecer, por analogia, um novo quadro de relações entre Raios, centros etéricos e glândulas endócrinas, como se manifestam no ser humano:

RAIO CENTRO GLÂNDULA
Coronário Pineal
Frontal Pituitária
Laríngeo Tireóides
Cardíaco Timo
Solar Pâncreas
Sacro Gônadas
Raiz Suprarrenais

Se fizerem uma nova tabulação, de acordo com os dados fornecidos nesta conversação de hoje, terão uma ideia mais elaborada das relações harmônicas que podem ser estabelecidas a partir do Centro do nosso Sistema Solar e através dos planetas sagrados, até convergir no ser humano. Essas correspondências analógicas, fáceis de serem estabelecidas, como poderão comprovar, lhes ajudarão a ter uma ideia mais completa da nossa constituição humano-divina, iluminando criadoramente aquelas zonas habitualmente obscuras ou confusas que vão do nosso coração ao Coração Universal. Essa é a nossa intenção nesse estudo dos Sete Raios iniciado hoje. Para que nosso estudo seja genuinamente prático, interessa-nos primeiramente, que extraiamos dos Raios qualidades psicológicas facilmente adaptáveis à condição particular de cada um. Quanto mais concreto e positivo for esse exame de qualidades incorporativas à nossa conduta e quanto mais ativa, dinâmica e conscientemente possamos nos integrar em determinado tipo de Raio, aquele a que pertencemos, maior será o conhecimento que poderemos ter de nós mesmos. Todos nós podemos nos incluir em um ou outro Raio, apenas observando atentamente nossas reações psicológicas, mentais, emocionais ou físicas aos impactos dos acontecimentos que sucedem dentro e fora de nós no transcorrer da nossa existência quotidiana. Deve ser levado em conta que, quanto mais perfeita for essa observação, mais concreta e definida será nossa orientação para a própria vida de Raio e esclarecida com maior profundidade, a nossa linha de atividade psicológica e espiritual. Se assim não fosse, de que serviria um estudo sobre os Raios?

Sua comprovação científica nos dará uma imagem das grandes causas que criaram as diferentes civilizações do passado e as que condicionam o presente, como também as incidências raciais e cármicas que, através dos tempos, configuraram o destino da humanidade durante os períodos cíclicos da evolução. Na verdade, nada nos tornará mais amorosamente compreensivos com os demais que o reconhecimento das energias dos Raios incidindo sobre suas vidas e lhes dotando de sua singularidade e expressão particulares. É com este espírito de intenção justa que iniciaremos nossa habitual conversa que, como sempre, extrairá de nossas mentes e corações a luz dos comentários mais elevados.

Pergunta: O senhor disse que Raio implica energia e qualidade psicológica indistintamente. Poderia esclarecer essa ideia?

Resposta: Com muito prazer. Um Raio é uma corrente de energia que vem do Coração da Divindade através de um planeta, seja ele sagrado ou não. Podemos dizer que qualidade é o tom ou cor desse Raio, expressando, em forma de energia, um estado de consciência da Divindade. O senhor compreenderá que não podemos separar energia de qualidade, como não podemos separar a atividade do sistema nervoso da do sistema sanguíneo no organismo físico. Empregando a analogia, base do conhecimento esotérico, e nos examinando sob o ângulo psicológico, vemos que somos almas que utilizam um mecanismo físico, emocional ou mental para manifestar diferentes qualidades que, em forma de fluxos de energia, são a característica do nosso ser. A qualidade ou sutilidade das energias dependerão dos níveis de onde provêm. Assim, existem energias mentais, emocionais e etérico-físicas que caracterizam o ser psicológico completo, tecnicamente conhecido como Personalidade Humana, mas existem, também, ainda que não sejam tão comuns e estejam praticamente fora do alcance do ser humano, as energias búdicas, átmicas e monádicas que caracterizam o "Homem Espiritual". Considerando-se que, em cada nível da Natureza ou Plano do Sistema Solar, expressa-se uma determinada qualidade ou tipo de Raio, saberemos determinar, pelo caráter dos fatos, acontecimentos ou estados de consciência que sejamos capazes de exteriorizar, a característica peculiar dos Raios que entram em jogo ou concorrem na expressão dos mesmos. Energia, qualidade e estado psicológico, que determinam a expressão de qualquer acontecimento individual, são um fenômeno conexo de Raio, assim como as qualidades e energias que concorrem na manifestação de qualquer processo de vida na Natureza, marcando-o com um selo característico, singular e original. É uma forma de aplicar as conhecidas palavras de Cristo: "Por seus frutos, os conhecereis”. Nesse caso, a árvore é o símbolo perfeito de um Raio, as energias e qualidades que dele emanam sendo os frutos pelos quais a árvore pode ser identificada e reconhecida.

Pergunta: Segundo a sua opinião, o conhecimento dos Raios pode constituir a ciência de nossa vida. De que modo poderíamos objetivamente entender essa ideia?

Resposta: De acordo com o que foi dito anteriormente, a Alma Universal, o Raio, as qualidades espirituais, as energias em atividade e, inclusive, as aparências fenomenológicas e objetivas procedem da mesma Fonte Cósmica. A primeira ciência de nossa vida consiste em reconhecer esse fato indiscutível. Em princípio, trata-se de um conhecimento concreto. Quando esse conhecimento pode ser aplicado na ação, converte-se em ciência de vida, considerando-se que todo o cabedal de conhecimentos, através dos quais nossa mente existe e tem o ser, é apenas um pequeno indício do poder dos Raios. A aplicação concreta desses conhecimentos permitirá a conversão de nossa existência psicológica em um canal ativo e livre para a expressão dos Raios. Se sabemos que nosso ser espiritual, ou Alma Solar, está ligado com determinado tipo de Raio, o segundo, por exemplo, mas que nossa mente é puramente investigadora e científica, demonstrando a qualidade do quinto Raio, teremos que nos esforçar para infundir muito amor na nossa mente, para que esta não se torne inerte, fria, excessivamente calculista. Certamente o senhor dirá que já fazemos isso espontaneamente, mesmo quando não possuímos conhecimento algum sobre os Raios que participam na expressão da nossa vida psicológica. Contudo, insisto no fato de que, a menos que tenhamos uma certa visão espiritual acerca dos Raios, nos será muito difícil introduzir mudanças fundamentais em nossas mentes e nossas condutas. Quando estas se produzem, sempre será um indício de que, "intuitivamente", encontramos o caminho de algum dos nossos Raios condicionantes, utilizando a centelha ou rastro de luz que sua projeção ou sua energia deixou em nossos corações em algum momento culminante da existência. Ao insistir na utilização das energias do processo expansivo de um Raio descoberto, suas qualidades penetram na nossa existência pessoal e sua atividade pode ser convenientemente dirigida e controlada. Como o senhor vê, a Ciência do Conhecimento Intuitivo se traduz progressivamente em Ciência de Impressão e de Contato, fechando-se, assim, um pequeno ciclo dentro do imenso período cíclico coberto pela força expansiva de um Raio.

Pergunta: Como podemos saber qual é o Raio da Mente ou o Raio da Alma?

Resposta: Eu diria que vivendo em observação constante e serena de todos os acontecimentos que ocorrem em nossa volta e de nossa reação psicológica a eles. Habitualmente, não observamos as coisas com a atenção devida e necessária; por isso, nossos juízos carecem de profundidade e integridade psicológica, fechando-nos, assim, o caminho dos Raios que condicionam a nossa vida pessoal e espiritual. E, se não sabemos os nossos Raios, que são essencialmente nossa própria vida, como poderemos estabelecer dentro de nós os nobres Caminhos da alta espiritualidade, ou expressar de forma racional e científica as energias que vêm daquelas Fontes? É preciso dar-se conta de que os Raios destilam energia e substância psicológica que flutuam, por assim dizer, pelo ambiente psíquico onde desenvolvemos nossas atividades quotidianas. Esse conglomerado de energias mentais, emocionais e etéricas nos condiciona quase que completamente e nos impede de "sermos conscientes" das próprias e particulares energias que constituem a expressão ou qualidade característica do nosso verdadeiro Eu Espiritual. Assim, para conhecermos exatamente a índole dos Raios que nos são próprios, devemos viver profundamente atentos ao curso incessante dos acontecimentos e situações ambientais e, particularmente, às nossas reações psicológicas aos mesmos. Essa atenção, atuando como um potente ímã, nos tornará progressivamente conscientes dos Raios que condicionam a nossa vida.

Pergunta: Acho plausível a ideia que acaba de expor e devo confessar que ela amplia consideravelmente o conhecimento que eu tinha sobre o termo místico Senda. Sendo assim, minha pergunta é esta: o conhecimento dos Raios pode, realmente, fazer com que me depare com oportunidades mais abrangentes ao longo da própria Senda?

Resposta: Naturalmente que sim, porquanto o termo Raio significa, indistintamente, vida, qualidade e aparência, assim como a relação entre si desses três aspectos constituintes do ser humano por meio de uma energia unificadora de Raio, que poderíamos chamar monádica ou de síntese. Quero dizer, voltando ao que foi anteriormente dito, que, em uma etapa avançada de nossa vida, essa "energia sintetizadora" surgirá espontaneamente, ou melhor, que, através da nossa atenção dedicada e uma grande série de análises profundas, chegaremos a descobrir um dia que nossa Senda Espiritual corresponde à linha de luz e energia de determinado tipo de Raio. Chegamos a saber isso, com toda segurança e absoluta certeza, em um determinado estágio da nossa evolução. Então saberemos, de modo consciente e contínuo e não devido a lampejos esporádicos da intuição, qual deve ser nossa atitude e nossas atividades físicas, emocionais e mentais para que respondam limpa, ativa e dinamicamente às influências do Raio causal de nossa vida, o da nossa Alma superior, que constitui de fato a verdadeira Senda para o Coração do Logos Planetário, através do qual aquela energia característica ou determinada de Raio se manifesta. O senhor compreende o processo? Quando esotericamente falamos do aspirante espiritual, das diversas etapas do discipulado, do Iniciado ou do Mestre, estamos nos referindo a que, dentro da linha expressiva dos Raios, vão se evidenciando etapas e vão se desenvolvendo atividades, qualidades e propósitos dentro do processo liberador da vida humana, que culminam na realização perfeita de um determinado Arquétipo de Raio. Por isso, sabemos que existem Mestres de Compaixão e Sabedoria em todos os Raios e que, em cada Raio de manifestação cíclica, podemos identificar pessoas comuns, aspirantes espirituais, discípulos e Iniciados. Dentro dessa imensa "Escada de Jacó" da evolução planetária, construída com a substância criadora dos raios, encontraremos todo tipo de seres humanos, toda Hierarquia de Hostes Angélicas e todas as unidades de consciência em evolução em todos os Reinos da Natureza. Como disse no começo dessa conversação, o conhecimento dos Raios é de natureza cósmica e constitui, fundamentalmente, um campo necessário de investigação não só para os ocultistas, místicos e filósofos, mas também, e muito particularmente, para os cientistas do nosso mundo, que tantas e tão valiosas conquistas e descobertas têm obtido na área técnica. Ao longo das próximas conversações, continuaremos estudando o assunto dos Raios, tratando de constantemente ampliar nossas ideias a fim de ter uma imagem dos mesmos o mais clara, concreta e positiva possível.

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