A Não-Separatividade e Seus Fundamentos

O uso da imaginação criativa é válido aqui. Talvez ela não nos forneça um quadro verdadeiro de todos os pontos a tratar, mas nos transmitirá uma grande realidade. A realidade a que me refiro é que não há nenhuma separatividade possível em nossa vida planetária manifestada - nem em nenhum outro lugar para essa matéria, mesmo além de nosso círculo-não-se-passa planetário. O conceito de separatividade, de isolamento individual, é uma ilusão da mente humana não iluminada. Tudo (cada forma, todo organismo existente em cada forma, todos os aspectos da vida manifestada em cada reino da natureza) está intimamente relacionado entre si através do corpo etérico planetário (do qual todos os corpos etéricos são partes integrantes), que subjaz em tudo que existe. Por mais insignificante e inútil que possa parecer, a mesa na qual se escreve, a flor que se tem nas mãos, o cavalo no qual se cavalga, o homem com quem se conversa, todos estão compartilhando a vasta vida que circula no planeta, à medida que ela flui em, através de e fora de cada aspecto da natureza da forma. As únicas diferenças existentes residem na consciência, particularmente na consciência do homem e na Loja Negra. Há apenas UMA VIDA que flui através da multidão de formas que constituem, em sua totalidade, o planeta tal como o conhecemos.

Todas as formas encontram-se relacionadas, internadas e interdependentes; o corpo etérico planetário mantém-nas de tal modo ligadas que um Todo coeso, coerente e expressivo se apresenta aos olhos do homem ou, à percepção da Hierarquia, como uma grande consciência em expansão. Linhas de luz passam de uma forma a outra. Umas são brilhantes e outras foscas; algumas se movem ou circulam com rapidez, outras são letárgicas e lentas em sua interação; umas parecem circular com facilidade em algum reino particular da natureza e outras em outro; algumas vêm de uma direção diversa da de outras, mas todas estão em contínuo movimento, ou seja, numa circulação constante. Todas passam, penetram e atravessam cada forma e não há um só átomo no corpo que não seja receptor dessa energia viva e móvel; não há um único elemento que não "mantenha sua forma e existência" por este determinado fluxo e refluxo; por conseguinte, não há nenhuma parte do corpo de manifestação (parte integrante do veículo planetário do Senhor do Mundo) que não esteja em contato complexo, mas sim, completo com SUA divina intenção - mediante Seus três principais centros: Shambala, a Hierarquia e a Humanidade. Não é necessário que o Senhor do Mundo esteja em contato consciente com a multiplicidade de formas que compõem seu grande e complexo veículo. No entanto, isto seria possível, se Ele assim o desejasse, porém, não o beneficiaria, como não seria benéfico você pôr-se em contato consciente com algum átomo de determinado órgão do corpo físico. Ele trabalha, entretanto, através de Seus três principais centros: Shambala, o centro coronário planetário; a Hierarquia, o centro cardíaco planetário; e a Humanidade, o centro laríngeo planetário. A atuação dessas energias em outros lugares (controlados a partir desses três centros) é automática. O objetivo das energias circulantes - tal como parece a nós quando procuramos penetrar no propósito divino - consiste em vivificar todas as partes de Seu corpo, visando a aí promover o desenvolvimento da consciência.

Isso é fundamentalmente verdade sob o ângulo de Shambala "onde a Vontade de Deus é conhecida"; e é particularmente verdadeiro com respeito aos Membros da Hierarquia Que percebem o Propósito, formulam o Plano e depois o apresentam de um modo compreensível aos iniciados menores, aos discípulos e aspirantes. Esses dois grupos trabalham inteiramente do lado da consciência, que motiva e direciona (conforme necessário) as energias móveis e circulantes. Isso não é verdade quanto à grande maioria da humanidade, que só é consciente dentro de seu círculo-não-se-passa, estando, portanto, fundamentalmente separada por dar ênfase à forma tal como existe nos três mundos - os níveis físicos densos do plano físico cósmico. No mais inferior desses níveis a forma física externa reage e responde às energias circulantes através da energia etérica que procede do mais inferior dos quatro níveis do plano etérico.

Gradualmente, a consciência, dentro dessas formas, reage à natureza do veículo externo, à medida que este é impulsionado pelos níveis etéricos, o que leva a um desenvolvimento profundamente significativo. Esse desenvolvimento - falando de modo geral - enquadra-se em três categorias:

1. A forma externa muda sob o impacto das energias etéricas que entram e que passam através dela e desaparecem (incessantemente, eon após eon). A energia ali existente aparece e desaparece de modo instantâneo.

2. Esta incessante ação de energia varia no tempo e espaço e move-se lenta, rápida ou ritmicamente, de acordo com o tipo ou a natureza da forma através da qual passa em determinado momento.

3. A energia do plano etérico muda consideravelmente à medida que transcorrem os eons, segundo a direção ou a fonte de onde provém. A energia diretiva altera-se significativamente à medida que se processa a evolução.

Os estudantes têm falado do corpo etérico simplesmente como uma entidade integral e constituída unicamente de substância etérica, esquecendo-se de que este corpo é o meio empregado para transferir muitos tipos de energia. Esquecem-se eles também dos seguintes fatos:

1. Que o próprio corpo etérico é composto de quatro tipos de substância, cada um dos quais tendo uma definida especialidade e encontrado em um ou outro dos níveis etéricos.

2. Que essas substâncias, atuando de forma ativa num determinado corpo etérico, criam uma rede de canais e produzem tubos delgados (se é que posso usar termo tão inadequado) que tomam a forma geral da matéria densa ou a forma tangível com a qual possam estar associados. Essa forma subjaz a todas as partes do corpo físico e pode ser vista estendendo-se a uma certa distância, além da forma reconhecível. O corpo etérico não é, na realidade, um ovoide (como ensinam os livros ocultistas antigos), mas geralmente assume a forma ou o contorno geral do veículo físico com o qual está associado. No entanto, quando o centro coronário está desperto e ativo, então é mais frequente sua aparência ovoide.

3. Esses canais ou tubos - de acordo com o tipo de energia que conduzem - passam para certas áreas do corpo, através de três estações principais:

a. Os sete centros maiores, dos quais já ouviram falar tanto.

b. Os vinte e um centro menores, mencionados anteriormente.

c. Os quarenta e nove pontos focais, espalhados por todo o corpo.

4. Todos esses centros e pontos focais para a transmissão de energia estão conectados entre si por canais maiores que o conjunto de canais que constituem o corpo etérico em seu todo, porque muitos canais menores e linhas de força ou energia mesclam-se e fundem-se à medida que se aproximam de um centro ou ponto focal.

5. O conjunto de canais menores, ou tubos canalizadores de energia, criam, oportunamente, em todas as formas, essa correspondente camada de nervos ainda não reconhecida pela ciência médica, mas que é semelhante a uma malha ou rede intermediária. Ela relaciona todo o corpo etérico com todo o duplo sistema nervoso (cérebro-espinhal e autônomo) reconhecido pela ciência. É este sistema subjacente aos nervos que é o verdadeiro mecanismo de resposta que, através do cérebro, telegrafa a informação para a mente ou, através do cérebro e da mente, mantêm informada a alma. Esse sistema de nadis é o que é usado, em plena consciência, pelo iniciado que relacionou a Tríade Espiritual com a personalidade fundida com a alma e, por conseguinte, viu desaparecer totalmente o corpo da alma, corpo causal ou lótus egoico, por não ter mais importância alguma. Há uma relação especial e atualmente inexplicável entre esse sistema de nadis e o antahkarana, quando este está em processo de criação ou foi criado.

6. O corpo físico, portanto, como tantas coisas na natureza, é tríplice em sua formação. Temos:

a. o corpo etérico;
b. os nadis substanciais;
c. o corpo físico denso.

Eles formam uma unidade e, quando encarnados, são inseparáveis.

7. Todos os centros e os muitos pontos focais de contato existentes no corpo etérico são responsáveis pela criação e preservação do sistema glandular endócrino, seja de forma limitada e inadequada, ou totalmente adequada e representativa do homem espiritual. Os nadis, por sua vez, são responsáveis pela criação e precipitação do sistema nervoso duplo. Esse é um ponto que deve ser cuidadosamente lembrado e que é a chave para o problema da criatividade.

8. O tipo de substância etérica "que substancia" qualquer forma depende de dois fatores:

a. O reino da natureza implicado. Basicamente, os quatro extraem (cada um deles) sua vida prânica de um ou dos quatro níveis de substância etérica, contando do inferior para o superior:


1. O reino mineral é sustentado pelo plano 1.
2. O reino vegetal, pelo plano 2.
3. O reino animal, pelo plano 3.
4. O reino humano, pelo plano 4.

Essa era a condição original; mas, à medida que a evolução prosseguiu e que se estabeleceu uma emanação interativa entre todos os reinos, mudou automaticamente. Foi essa "mudança esotérica emanante" que, milênios atrás, produziu o homem-animal. Cito isso como ilustração e chave de um grande mistério.

b. De modo bastante curioso, no reino humano (e apenas nesse) o corpo etérico compõe-se atualmente dos quatro tipos de substância etérica. A razão para isso é que, oportunamente (quando a humanidade estiver espiritualmente desenvolvida), cada um desses quatro planos ou tipos de substância etérica responderá aos quatro níveis superiores do plano físico cósmico - os níveis etéricos denominados: logoico, monádico, átmico e búdico. Isso acontecerá como resultado do crescimento e da iniciação conscientes.

9. Também é preciso lembrar que a substância de que se compõem esses canais etéricos ou tubos canalizadores é constituída do prana planetário, energia doadora de vida e de saúde do próprio planeta. Através desses tubos, no entanto, podem fluir todas e qualquer uma das energias possíveis - emocional, mental, egoica, monádica, búdica ou átmica, de acordo com o grau de evolução a que chegou o homem. Isto sempre significa que muitas energias fluem através desses tubos, a menos que o grau de evolução seja excessivamente baixo ou que se esteja lidando com uma barreira; estas várias energias estão fundidas e combinadas, mas encontram seus próprios pontos focais no corpo etérico, quando entram diretamente no âmbito do corpo físico denso. O que se pode dizer da alma ou da Deidade também se pode dizer do corpo ou entidade etérica energética ou vital: "Tendo penetrado todo esse universo com um fragmento de mim mesmo, Eu aí permaneço."

A palavra "prana" também é, geralmente, tão mal interpretada como o são os termos "etérico" e "astral". É essa conotação vaga que é responsável pela incrível ignorância que prevalece nos círculos esotéricos.

O prana poderia ser definido como a essência de vida de cada plano na sétupla zona a que chamamos plano físico cósmico. É a VIDA do Logos planetário, reduzida dentro de limites, animando, vivificando e correlacionando todos os sete planos (na realidade, os sete subplanos do plano físico cósmico) e tudo que se encontra dentro deles e sobre eles. O sutratma cósmico, ou o fio de vida do Logos planetário inicia Sua manifestação no mais elevado de nossos planos (o logoico) e, através da instrumentalidade das Vidas que dão forma e que se acham em Shambala (que, convêm lembrar, não é o nome de um lugar) entra em contato ou passa a se relacionar com a matéria da qual os mundos manifestados são constituídos - amorfos, como nos planos etéricos cósmicos (nosso quatro planos superiores) ou tangíveis, objetivos, como nos três planos inferiores. O fato de chamarmos tangível somente o que se pode ver, tocar e contatar por meio dos cinco sentidos é completamente errado. Tudo que existe nos planos físico e astral e nos níveis da mente inferior é considerado como pertencente ao mundo da forma. Esse plano mental inferior a que me referi antes inclui o nível em que se encontra o corpo causal - o plano no qual "flutua o lótus do amor", como afirma o Antigo Comentário. Tudo que se acha acima disso nos níveis mentais e prossegue para além dos mais elevados dos planos físico-cósmicos e amorfo. Essas diferenças devem ser cuidadosamente levadas em conta.

Existe no corpo humano um maravilhoso símbolo que mostra a diferença entre os níveis etéricos superiores e os inferiores denominados físicos: o diafragma, que separa a parte do corpo que contêm o coração, a garganta e a cabeça, mais os pulmões, do resto dos órgãos do corpo. Todos eles são da maior Importância do ponto de vista da VIDA, e aquilo que é determinado na cabeça, impulsionado pelo coração, sustentado pela respiração e expresso através do aparato laríngeo determina o que o homem É.

Abaixo do diafragma encontram-se os órgãos cujo uso é muito mais objetivo, ainda que de grande importância; embora cada um desses órgãos inferiores tenha sua vida e propósito próprios, sua existência e funcionamento devem ser impulsionados, determinados e condicionados pela vida e pelo ritmo que emanam da parte superior do veículo. Não é fácil para o homem comum compreender isso, mas qualquer limitação séria ou doença física que ocorra acima do diafragma tem um efeito grave e compulsivo sobre tudo que se encontra abaixo do mesmo. O inverso não se dá na mesma proporção.

Isso simboliza a potência e a essencialidade do corpo etérico, tanto micro quanto macrocósmico, e a expressão macrocósmica da Vida quádrupla condiciona todas as formas vivas.

Cada um dos quatro éteres, como são designados às vezes, está fadado - no que concerne ao homem - a ser um canal de expressão dos quatro éteres cósmicos. Atualmente isto ainda não é assim e só o será realmente quando o antahkarana estiver construído e atuar, portanto, como um canal direto para os éteres cósmicos aos quais denominamos vida universal, intensidade monádica, propósito divino e razão pura. Reflitam sobre esses tipos de energia e imaginem, de modo criativo, o efeito que produzem, quando, no transcurso do tempo e do desenvolvimento espiritual, puderem fluir sem restrições no corpo etérico de um ser humano e através dele. Atualmente, o corpo etérico responde a energias provenientes:

1. do mundo físico. Não são princípios, mas, sim, alimentadoras e controladoras dos apetites animais;

2. do mundo astral. Determinam os desejos, emoções e aspirações que o homem expressará e buscará no plano físico;

3. do plano mental inferior, ou mente inferior, desenvolvendo a vontade própria, o egoísmo, a separatividade e a direção ou a tendência da vida no plano físico. É esse instinto diretivo que, quando voltado para as coisas superiores, abre, oportunamente, a porta para as energias etéricas cósmicas superiores;

4. da alma, o princípio do individualismo, o reflexo no microcosmos da intenção divina e que - falando simbolicamente - é, para a expressão monádica completa aquilo que "está no ponto intermediário", o instrumento da verdadeira sensibilidade, da capacidade de responder, a contraparte espiritual do centro do plexo solar, situada no ponto intermediário entre o que se acha acima do diafragma e o que está abaixo deste.

Quando o antahkarana está construído e os três superiores se acham diretamente relacionados com os três inferiores, a alma já não é necessária. Então, refletindo esse evento, os quatro níveis etéricos convertem-se simplesmente em transmissores da energia que emana dos quatro níveis etéricos cósmicos. O canal, então, é direto, completo e desimpedido; a rede etérica de luz resplandece e todos os centros do corpo despertam e atuam em uníssono e ritmicamente. Então, o centro coronário - correspondendo à Mônada e à Personalidade diretamente relacionadas - o lótus de mil pétalas, o brahmarandra, fica também diretamente relacionado com o centro da base da coluna vertebral. Estabelece-se, assim, o completo dualismo no lugar da anterior natureza tríplice da manifestação divina:

1. Mônada - Personalidade.
Com a tríplice alma não mais necessária.

2. Centro coronário - Centro da base da coluna vertebral.
Com os cinco centro intermediários não mais requeridos.

O Antigo Comentário diz, com relação a isso:

"Então os três que eram considerados como tudo que era, atuando como um e controlando os sete, já não existem. Os sete que responderam aos três, respondendo ao Uno, não mais escutam o tríplice chamado que determinou tudo que foi. Somente os dois permanecem para mostrar ao mundo a beleza do Deus vivo, a maravilha da Vontade para o Bem, o Amor que anima o Todo. Esses dois são Um, e assim o trabalho está completo. E então os "Anjos cantam".

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